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Disciplina: Geotecnia Ambiental • Área contaminada local onde é comprovada a poluição causada pela introdução de quaisquer substâncias, de uma forma planejada, natural ou acidental. • Contaminação é a presença de substâncias químicas ou biológicas em concentrações tais que restrinjam a utilização desse serviço ambiental para os usos atual e/ou futuro. • Origem das áreas contaminadas relacionada ao desconhecimento no passado de procedimentos seguros para o manejo de substâncias perigosas, tendo como consequência a ocorrência de acidentes ou vazamentos durante os processos produtivos, de transporte ou de armazenamento; • Esses contaminantes podem ser transportados, propagando- se pelo ar, solo, águas subterrâneas e superficiais, alterando as características naturais e determinando impactos negativos. • O solo tem sido utilizado para disposição dos resíduos gerados, tendo certa capacidade de atenuar e depurar a maior parte dos mesmos. • Entretanto, a capacidade do solo em reter os poluentes tem sido ultrapassada. • As águas subterrâneas podem ser poluídas ou contaminadas quando os poluentes atravessam a porção não saturada do solo. • Ideia de que o solo seria um receptor infinito de resíduos, e a falta de uma regulação ambiental disposição inadequada de resíduos. • A área contaminada era negligenciada quando o dano não era tão visível aos olhos da sociedade e dos órgãos de fiscalização e controle. • Após diversos incidentes entendeu-se que a utilização de determinadas substâncias, e a geração e disposição inadequada de resíduos configuravam-se como fatores de risco à qualidade ambiental. • Evolução processos de gestão de riscos, gerenciamento de resíduos e da utilização e disposição de substâncias perigosas. • Evolução da legislação ambiental desenvolvimento de competências para a gestão e gerenciamento, principalmente no que diz respeito ao estabelecimento de valores de referência e avaliação de impacto. • Danos ou riscos à saúde humana e ao meio ambiente; • Restrição ao uso dos recursos hídricos (águas subterrâneas e superficiais); • Restrições ao uso do solo; • Danos ao patrimônio público e privado (desvalorização das propriedades). • O relatório do U.S. Office of Technology Assessment (OTA) listou 33 tipos de fontes potenciais de contaminação de solo e de água subterrânea: • Categoria I – Fontes que são intencionalmente designadas para descarregar substâncias no meio ambiente - fossas sépticas, poços de injeção e áreas de disposição. • Categoria II – Fontes dimensionadas para armazenar, tratar e distribuir substâncias. Exemplo: aterro sanitário, tanques de armazenamento superficial e subterrâneo. • Categoria III – Fontes designadas para reter substâncias durante o transporte e transmissão, como as canalizações e tubulações. • Categoria IV – Fontes resultantes de atividades planejadas. Práticas agrícolas, aplicação de pesticidas e fertilizantes, operação de alimentação de animais - estábulos, escoamento urbano, mineração. • Categoria V – Fontes de descargas induzidas por fluxos alterados, como poços de produção de água, de óleo, poços de monitoramento, construções e escavações. • Categoria VI – Fontes de ocorrência natural. As interações entre águas superficiais e subterrâneas, intrusão salina, lixiviação natural. • O Potencial de poluição da água subterrânea depende: • Das características, da quantidade e da forma de lançamento do poluente no solo. • Quanto maior a persistência ou menor capacidade de degradação e maior sua mobilidade no meio, maior o potencial. • Da vulnerabilidade intrínseca do aquífero. • A vulnerabilidade de um aquífero pode ser entendida como o conjunto de características que determinam o quanto ele poderá ser afetado pela carga de poluentes. • São considerados aspectos fundamentais da vulnerabilidade: • Tipo de aquífero (livre a confinado); • Profundidade do nível d'água; • Características dos estratos acima da zona saturada, em termos de grau de consolidação e litologia (argila a cascalho). • Características do contaminante (solubilidade, densidade, concentração e etc.); • Características do solo pelo qual ele percola (granulometria, permeabilidade, matéria orgânica, etc.); • Características do ambiente (tempo de exposição do solo ao contaminante, presença de MO, condições hidrogeológicas, condições aeróbicas/anaeróbicas e temperatura). • As águas subterrâneas demandam um elevado dispêndio de recursos financeiros e humanos para sua remediação; • Devem ser tomadas medidas preventivas para sua proteção, definindo-se critérios de qualidade iniciando-se pelo estabelecimento de valores orientadores. • A fim de executar esta atribuição, os Órgãos Ambientais utilizam os seguintes instrumentos: • Licenciamento ambiental e fiscalização de fontes potenciais de poluição; • Monitoramento da qualidade para subsidiar as ações de proteção e controle; • Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; • Mapeamento da vulnerabilidade ao risco de poluição das águas subterrâneas; • Zoneamento ambiental por meio da delimitação de áreas de proteção de zonas de recarga de aquíferos, áreas de restrição e controle do uso da água e de perímetros proteção de poços; • Planos de Recursos Hídricos; • Classificação e enquadramento das águas subterrâneas; • Controle da contaminação de solo e águas subterrâneas. • O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) publicou em 2009 uma resolução estabelecendo critérios e valores orientadores referentes à presença de substâncias químicas no solo e fornecendo diretrizes e procedimentos para o gerenciamento de áreas contaminadas, a Resolução CONAMA nº 420/09. • Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH nº 02, de 08 de setembro de 2010 - Institui o Programa Estadual de Gestão de Áreas Contaminadas, que estabelece as diretrizes e procedimentos para a proteção da qualidade do solo e gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por substâncias químicas. • Deliberação Normativa COPAM nº 116, de 27/06/2008 – Dispõe sobre a declaração de informações relativas à identificação de áreas suspeitas de contaminação e contaminadas por substâncias químicas no Estado de Minas Gerais. • O gerenciamento de áreas contaminadas é o conjunto de medidas tomadas com o intuito de minimizar o risco proveniente da existência de áreas contaminadas, proporcionando os instrumentos necessários à tomada de decisão quanto às formas de intervenção mais adequadas (FEAM, 2008); • O Programa Estadual de Gestão de Áreas Contaminadas estabelece os princípios, instrumentos, procedimentos e critérios técnicos para o gerenciamento de áreas contaminadas no Estado de Minas Gerais. • Dentre os instrumentos instituídos estão os valores orientadores, a declaração de áreas suspeitas de contaminação e contaminadas e o Inventário Estadual de áreas suspeitas de contaminação e contaminadas. • Conforme este programa, as áreas serão classificadas pelo órgão competente da seguinte forma: • Área com potencial de contaminação (Ap): aquela em que ocorre atividades que possam acumular quantidades ou concentrações de substâncias químicas em condiçõesde ocasionar contaminação do solo e das águas subterrâneas. • Área suspeita de contaminação (As): aquela em que, mediante avaliação preliminar, for comprovada a existência de um ou mais indícios de contaminação relacionados: • disposição diretamente no solo, sem proteção; • acidente com derrame no solo; • vazamento, infiltração ou acidente em tubulações, tanques e equipamentos; • detectada a presença de substância química, identificada por meio da presença física na superfície ou sub-superfície do solo; • outras evidências de contaminação do solo ou das águas subterrâneas. • Área contaminada sob investigação (Ai): aquela em que for comprovadamente constatada, mediante Investigação Confirmatória, a contaminação com concentrações de substâncias químicas acima dos Valores de Investigação (VI); • Área contaminada sob intervenção (Aci ): aquela em que for comprovada a existência de risco à saúde humana, após investigação detalhada e avaliação de risco. • Área em processo de monitoramento para Reabilitação (AmR): aquela em que: • for atingida a redução do risco aos níveis toleráveis, de acordo com as metas estipuladas na avaliação de risco; • não for caracterizada situação de perigo e não for verificada situação de risco à saúde humana. • Área Reabilitada para o uso declarado (AR): aquela em que, após período de monitoramento para reabilitação, seja confirmada a eliminação do perigo ou a redução dos riscos a níveis toleráveis para o uso declarado. • A verificação da respectiva área que se quer avaliar é composta por algumas ações que são divididas em duas fases: • Avaliação Preliminar e • Investigação Confirmatória. • FASE 1 - Avaliação Preliminar: • Levantamento do histórico da utilização da área (documentação, dados internos e externos) • Inspeção de campo e entrevistas • Análise dos dados e resultado desta 1ª fase • FASE 2 – Investigação Confirmatória: • Sondagem e amostragem do solo e água subterrânea • Realização de análise química • Análise dos resultados • Consiste na análise visual da área a ser avaliada e da área vizinha: • Inspeção de campo; • Levantamento histórico da utilização do imóvel; • Evita despesas desnecessárias com sondagens aleatórias e análises em locais onde a análise preliminar poderá descartar a possibilidade de contaminação. • Verifica se há necessidade de adoção de medidas emergenciais e possibilita a classificação da área como área suspeita (AS), caso já haja indícios de contaminação. • Análise das informações, avaliando assim a possibilidade da existência ou não de contaminação; • Caso sejam encontrados sinais de potencial contaminação, a análise deverá prosseguir, só que agora mais aprofundadamente, dando início à investigação confirmatória; • Além do início imediato da investigação confirmatória, o responsável pela área deverá realizar a Declaração de Áreas Suspeitas de Contaminação ou Contaminadas. • Tem como objetivo principal confirmar ou não a existência de contaminantes de origem antrópica nas áreas suspeitas, em concentrações acima dos Valores de Investigação (VI). • Esta fase é constituída por análises aprofundadas baseadas no mapeamento das áreas de risco definidas na Fase 1. • As principais análises a serem realizadas são as seguintes: • Sondagem de solos e coleta de amostras para avaliar contaminações nos locais identificados na fase 1; • Coleta de amostra de água, à jusante e a montante da empresa, seguindo o fluxo de escoamento do aquífero subterrâneo; • Coleta de amostra de água de aquíferos superficiais; • Análises das amostras de solo e água subterrânea. • E se a contaminação foi confirmada? • Após as análises, confirmando-se a contaminação, o proprietário da empresa deverá comunicar a situação ao órgão ambiental e iniciar o processo de reabilitação da área contaminada. • A primeira etapa do processo de reabilitação da área contaminada consistirá nos estudos de investigação detalhada e de avaliação de risco. • A investigação detalhada devem ser avaliadas as características da fonte de contaminação e do meio afetado, visando obter dados para execução da avaliação de risco e definição do projeto de reabilitação da área contaminada. • Avaliação de risco • auxilia na determinação da necessidade de remediação em função do uso atual ou proposto da área; • estabelecimento de níveis de remediação aceitáveis para a condição de uso e ocupação do solo; • melhores técnicas de remediação para cada caso. • Comprovada a existência de contaminação elaborar e submeter ao órgão ambiental um Plano de Reabilitação de Área Contaminada (PRAC); • Medidas de intervenção devem ser implementadas visando atender as metas propostas no PRAC; • A escolha da metodologia de remediação a ser utilizada vai depender do tipo de contaminação identificada. • Medidas de controle ou eliminação das fontes de contaminação; • Caracterização do uso do solo atual e futuro da área; • Resultados da avaliação de risco à saúde humana; • Avaliação técnica e econômica das alternativas de intervenção; • Projeto da alternativa de intervenção selecionada; • Programa de monitoramento das ações executadas; • Necessidade de medidas de restrição quanto ao uso. • O Plano de Monitoramento para Reabilitação: • realizado por no mínimo dois anos; • periodicidade mínima semestral; • objetivo de avaliar a manutenção das concentrações de contaminantes abaixo das metas de intervenção definidas para a área; • Após o período de monitoramento, caso seja confirmada a eliminação do perigo, a área será declarada pelo órgão ambiental como “Reabilitada para o Uso Declarado”, e assim estará encerrada a reabilitação da área para o uso pretendido. • A remediação de áreas comprovadamente contaminadas visam retirar e/ou atenuar a concentração do contaminante em solo ou água subterrânea, a partir de diversos métodos, para que a concentração fique abaixo do limite determinado em lei ou norma aplicável. • Existem inúmeras técnicas disponíveis; • A seleção da técnica apropriada envolve considerações detalhadas das características do local e do poluente, e um estudo da viabilidade técnico-econômica; • In situ: Tratamento do contaminante no próprio solo (sem sua movimentação); • São preferíveis, pois não envolvem deslocamento de material contaminado • Ex situ: Remoção do material contaminado (escavação do solo e bombeamento de água subterrânea). • Dentre os métodos de remediação podemos citar: • Biorremediação; • Escavação, Remoção e Destinação do solo; • Trincheiras de Interceptação; • Bombeamento e Tratamento das água subterrânea (Pump and Treat); • Extração Multifásica (Biosplurping e MPE); • Extração de Vapores do Solo; • Injeção de Ar (Air Sparging); • Barreiras Reativas Permeáveis (PRB's); • Estabilização; • Tecnologias Térmicas (Thermal Enhanced); • Oxidação Química, entre outras. • Pump and Treat - bombeamento da água contaminada e tratamento em superfície. • Trincheiras de Interceptação – trincheiras preenchidas com material mais permeável captam o fluxo contaminado, que é bombeado por poços em série. • Barreiras Reativas – tratamento in situ, no qual o fluxo é dirigido para barreiras reativas que contém um elemento com poder de atenuação (reator). Um exemplo clássicoé o uso de reator com ferro metálico para remoção de solventes clorados. • Biorremediação - Utilização de microrganismos na degradação de contaminantes em solo e água subterrânea. Microrganismos estes que podem ser adicionados ao meio ou estimulados ao crescimento por meio de adição de nutrientes; • Estabilização - Utiliza a adição de compostos químicos ao solo e água subterrânea que por meio de reações químicas estabilizam ou modificam quimicamente os contaminantes tornando-os menos perigosos a saúde humana. • Extração Multifásica - Utiliza sistema de extração a vácuo que capta as fases: líquida, vapor e dissolvida presentes no solo e água subterrânea. • Mais utilizada na remediação de hidrocarbonetos do petróleo. • Promove a extração simultânea dos combustíveis (gasolina, diesel e etc.), dos vapores orgânicos voláteis (VOC's) presentes na zona não saturada do solo e também da fase dissolvida nas águas subterrâneas. Extração Multifásica • Injeção de Ar (Air Sparging) • Utiliza o insuflamento de ar ou oxigênio na zona saturada do solo com o objetivo de promover uma espécie de "stripping" na água subterrânea e desprendendo os compostos orgânicos voláteis a serem captados em superfície geralmente por sistema de Extração de Vapor; • Oxidação Química - Utiliza compostos químicos altamente oxidantes, como Peróxido de Hidrogênio, que promove reação química de oxirredução dos composto orgânicos transformando-os em água, gás carbônico e sais; • Escavação, Remoção e Destinação do solo - Consiste na substituição de solo contaminado por solo limpo, que é escavado e destinado para tratamento adequado. • ATENUAÇÃO NATURAL • A atenuação natural é uma estratégia de gerenciamento que baseia- se em mecanismos naturais de atenuação para remediar contaminantes dissolvidos na água. • A atenuação natural refere-se aos processos físicos, químicos e biológicos que facilitam a remediação natural. • Dados de campo de vários pesquisadores tem comprovado que a atenuação natural limita bastante o deslocamento dos contaminantes e portanto reduz a extensão da contaminação ao meio ambiente. • ATENUAÇÃO NATURAL • A remediação natural não é uma alternativa de "nenhuma ação de tratamento", mas uma forma de minimizar os riscos para a saúde humana e para o meio ambiente, monitorando-se o deslocamento da pluma e assegurando-se que os pontos receptores (poços de abastecimento de água, rios, lagos, etc) não serão contaminados. • Após a contaminação do lençol freático, a pluma irá se deslocar e será atenuada por diluição, dispersão, adsorção, volatilização e biodegradação, que é o único destes mecanismos que transforma os contaminantes em compostos inócuos a saúde.
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