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Princípios institucionais da defensoria publica - instituto formula

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Coordenação: 
Equipe Pedagógica 
Instituto Fórmula 
 
 
 
 
CURSO DE PRINCÍPIOS 
INSTITUCIONAIS DA 
DEFENSORIA PÚBLICA. 
(Prof. Igor Roque - Defensor Público Federal) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA FOCO NA CF/88 
E NA LEI COMPLEMENTAR 80 DE 1994 
 
 
1. CUIDADO! Confusão Entre Nomenclaturas: 
 
a) Justiça gratuita – Lei 1.060/50 e NPCP (arts. 98 ao 102): é o direito 
que o cidadão tem de acessar a justiça sem pagar despesas, 
custas e honorários, desde que para isso não tenha condições. 
Existe para viabilizar o acesso à justiça das pessoas menos 
favorecidas. Para as pessoas físicas, basta a mera alegação de 
insuficiência, cabendo à parte contrária impugnar o pedido e 
provar o contrário. 
 
➢ Pessoa jurídica: com ou sem fins lucrativos, a pessoa jurídica 
possui direito à justiça gratuita, devendo, para isso, 
comprovar sua impossibilidade de arcar com as despesas do 
processo. 
 
Súm. 481/STJ: Faz jus ao benefício da justiça 
gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos 
que demonstrar sua impossibilidade de arcar com 
os encargos processuais. 
 
 
 
3 
b) Assistência judiciária: é a assistência que ocorre única e 
exclusivamente em processos judiciais. 
 
c) Assistência jurídica: abrange tanto a esfera judicial quanto a 
extrajudicial. É a assistência ampla prestada pela Defensoria 
Pública, que abrange a assistência judicial, extrajudicial, 
consultiva e integral. 
 
 
2. Modelos de Prestação da Assistência Jurídica 
 
a) Pro bono (munus honorificum) – Advogado particular, por 
altruísmo, aceita prestar a assistência sem qualquer 
remuneração do Estado. Não é o sistema adotado no Brasil. 
 
b) Judicare – Advogados dativos. Após credenciamento, são 
nomeados e remunerados pelo Estado, para prestar a assistência 
nos locais onde a Defensoria Pública não se encontra 
materialmente habilitada. Não é o sistema adotado no Brasil. 
 
 
c) Sistema Público (Salaried Staff) – É o modelo em vigor no Brasil. 
O poder público contrata agentes para atuar especificamente em 
 
 
 
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prol dos hipossuficientes. Este modelo se configura pela 
obrigação do Estado de instituir uma política pública de acesso da 
população à assistência jurídica. Este modelo permite a 
contratação de advogados dativos nos locais em que a Defensoria 
Pública não esteja estruturada. Onde a Defensoria estiver 
presente, o particular deverá por ela ser assistido, não podendo 
optar pelo advogado dativo. 
 
d) Modelo Misto: este quarto modelo, citado pela doutrina, mescla 
o sistema público com o sistema Judicare. No entanto, diferencia-
se do sistema público por não cobrar do estado a assistência 
jurídica como política pública. Neste modelo, o cidadão poderia 
optar entre a defensoria pública e o advogado dativo. 
 
 
2.1 Jurisprudência: 
 
EMENTA: Art. 104 da constituição do Estado de Santa Catarina. Lei 
complementar estadual 155/1997. Convênio com a seccional da 
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SC) para prestação de serviço 
de “defensoria pública dativa”. Inexistência, no Estado de Santa 
Catarina, de órgão estatal destinado à orientação jurídica e à defesa 
dos necessitados. Situação institucional que configura severo ataque 
à dignidade do ser humano. Violação do inc. LXXIV do art. 5º e do art. 
134, caput, da redação originária da Constituição de 1988. Ações 
 
 
 
5 
diretas julgadas procedentes para declarar a inconstitucionalidade do 
art. 104 da constituição do Estado de Santa Catarina e da lei 
complementar estadual 155/1997 e admitir a continuidade dos 
serviços atualmente prestados pelo Estado de Santa Catarina 
mediante convênio com a OAB/SC pelo prazo máximo de 1 (um) ano 
da data do julgamento da presente ação, ao fim do qual deverá estar 
em funcionamento órgão estadual de defensoria pública estruturado de 
acordo com a Constituição de 1988 e em estrita observância à legislação 
complementar nacional (LC 80/1994). (ADI 4.270 SANTA CATARINA) 
 
 
 
3. Acesso à Justiça como Direito Humano: 
 
Direitos humanos X Direitos fundamentais: diferenciam-se 
conforme o local em que estejam previsto. Ambos são direitos básicos, 
sem os quais nenhum outro direito poderá ser exercido. Ex: direito à 
moradia, à alimentação, ao acesso à justiça, etc. 
Os Direitos Humanos estão previstos nos tratados e 
convenções internacionais. 
Os Direitos Fundamentais estão previstos na órbita interna, 
na ordem interna de cada Estado. 
O acesso à justiça é um direito humano, pois está previsto nos 
seguintes tratados: 
 
 
 
6 
➢ Declaração dos Direitos dos Homens e do Cidadão – 1789; 
➢ Declaração Universal dos Direitos Humanos – 1948; 
➢ Convenção Interamericana de Direitos Humanos (Pacto San 
José da Costa Rica) – 1969. 
 
No Brasil, também é um direito fundamental, pois está 
previsto na Constituição Federal. 
 
 
4. Evolução da Prestação da Assistência Jurídica do Brasil: 
 
➢ Constituição de 1934 – surgimento da assistência JUDICIÁRIA. 
Obrigação da União e dos Estados, com previsão de criação 
de Órgão específico para este fim; 
 
➢ Constituição de 1937 – suprimiu a previsão da Constituição 
anterior (relativizado pelo CPC de 1939); 
 
➢ Constituição de 1946 – ressurgimento da assistência 
JUDICIÁRIA, sem previsão de criação de Órgão para tanto 
(formato à critério do legislador infraconstitucional); 
 
 
 
 
7 
➢ Constituição de 1967/69 – não inovou, praticamente 
repetindo a previsão da Constituição anterior. 
 
 
4.1 Defensoria Pública na Constituição Federal de 1988: 
 
Direito fundamental: 
 
Art. 5º, LXXIV: o Estado prestará assistência jurídica 
integral e gratuita aos que comprovarem 
insuficiência de recursos. 
 
 
 
4.2 Especial atenção à evolução constitucional da Defensoria Pública: 
 
EC 45/04 – autonomia às Defensorias Públicas dos Estados; 
EC 69/12 – autonomia à Defensoria Pública do Distrito Federal; 
EC 74/13 – autonomia à Defensoria Pública da União; 
EC 80/14 – similaridade com o regime jurídico da Magistratura. 
 
 
 
8 
 
4.3 Emenda Constitucional nº 45 de 2004 
 
Essa emenda foi batizada como “a reforma do Poder 
Judiciário” e a Defensoria Pública, por integrar o sistema de justiça (não 
integra o Poder Judiciário), também foi objeto de reformulação. 
Por meio dessa emenda, foi instituída a autonomia funcional 
e administrativa às Defensorias Públicas dos Estados, bem como 
conferiu iniciativa legislativa orçamentária anual ao Defensor Chefe/ 
Defensor Público Geral. Dessa forma, observando a LDO (Lei de 
Diretrizes Orçamentárias), a Defensoria apresenta a sua própria 
proposta orçamentária ao Poder Executivo. 
 
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são 
asseguradas autonomia funcional e administrativa 
e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro 
dos limites estabelecidos na lei de diretrizes 
orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 
99, § 2º. 
 
Também ficou instituída, por meio dessa emenda, a 
obrigação de o Poder Executivo repassar mensalmente o duodécimo 
(1/12) do recurso orçamentário cabível à Defensoria Pública. 
 
 
 
 
9 
 
Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações 
orçamentárias, compreendidos os créditos 
suplementares e especiais, destinados aos órgãos 
dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério 
Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão 
entregues até o dia 20 de cada mês, emduodécimos, na forma da lei complementar a que 
se refere o art. 165, § 9º. 
 
Jurisprudência: 
 
 ADPF 339/PI 
Ementa: ARGUIÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO 
FUNDAMENTAL. ATO DO GOVERNADOR DO ESTADO DO PIAUÍ 
CONSISTENTE NO NÃO REPASSE DE DUODÉCIMOS ORÇAMENTÁRIOS À 
DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL. AÇÃO PROPOSTA PELA ASSOCIAÇÃO 
NACIONAL DE DEFENSORES PÚBLICOS – ANADEP. ART. 103, IX, DA 
CRFB/88. LEGITIMIDADE ATIVA. PERTINÊNCIA TEMÁTICA 
CARACTERIZADA. PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE ATENDIDO. 
PRECEDENTES. CABIMENTO DA AÇÃO. DEFENSORIA PÚBLICA. 
AUTONOMIA FUNCIONAL, ADMINISTRATIVA E ORÇAMENTÁRIA. ART. 
134, § 2º, DA CRFB/88. REPASSES ORÇAMENTÁRIOS QUE DEVEM SE 
DAR PELO CHEFE DO PODER EXECUTIVO SOB A FORMA DE 
DUODÉCIMOS E ATÉ O DIA VINTE DE CADA MÊS. ART. 168 DA 
 
 
 
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CRFB/88. IMPOSSIBILIDADE DE RETENÇÃO, PELO GOVERNADOR DE 
ESTADO, DE PARCELAS DAS DOTAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS 
DESTINADAS À DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL, ASSIM TAMBÉM AO 
PODER JUDICIÁRIO, AO PODER LEGISLATIVO E AO MINISTÉRIO 
PÚBLICO. DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUDAMENTAL 
CARACTERIZADO. ARGUIÇÃO JULGADA PROCEDENTE PARA A FIXAÇÃO 
DE TESE. 
(...) 
2. O repasse dos recursos correspondentes destinados à Defensoria 
Pública, ao Poder Judiciário, ao Poder Legislativo e ao Ministério 
Público sob a forma de duodécimos e até o dia 20 de cada mês (art. 
168 da CRFB/88) é imposição constitucional; atuando o Executivo 
apenas como órgão arrecadador dos recursos orçamentários, os quais, 
todavia, a ele não pertencem. 
(...) 
6. Arguição por descumprimento de preceito fundamental julgada 
procedente, para fixar a seguinte tese: “É dever constitucional do 
Poder Executivo o repasse, sob a forma de duodécimos e até o dia 20 
de cada mês (art. 168 da CRFB/88), da integralidade dos recursos 
orçamentários destinados a outros Poderes e órgãos 
constitucionalmente autônomos, como o Ministério Público e a 
Defensoria Pública, conforme previsão da respectiva Lei Orçamentária 
Anual.” Rel. Min. LUIZ FUX, julgamento em 18/05/2016 
 
 
 
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4.4 Emenda Constitucional nº 69 de 2012 
A emenda n° 45 atribuiu autonomia apenas às Defensorias 
Estaduais, deixando de fora a DPDF e a DPU. Na EC n° 69, estendeu-se 
essa autonomia à DPDF: 
 
Art. 2º da EC n° 69: Sem prejuízo dos preceitos 
estabelecidos na Lei Orgânica do Distrito Federal, 
aplicam-se à Defensoria Pública do Distrito Federal 
os mesmos princípios e regras que, nos termos da 
Constituição Federal, regem as Defensorias 
Públicas dos Estados. 
 
A seguir, as alterações feitas pela EC n° 69 na Constituição 
Federal: 
 
Art. 21. Compete à União: 
 
XIII – organizar e manter o Poder Judiciário, o 
Ministério Público do Distrito Federal e dos 
Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; 
 
 
 
 
12 
 
 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar 
sobre: 
XVII - organização judiciária, do Ministério Público 
do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria 
Pública dos Territórios, bem como organização 
administrativa destes; 
 
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção 
do Presidente da República, não exigida esta para o 
especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre 
todas as matérias de competência da União, 
especialmente sobre: 
IX - organização administrativa, judiciária, do 
Ministério Público e da Defensoria Pública da União 
e dos Territórios e organização judiciária e do 
Ministério Público do Distrito Federal; 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
4.5 Emenda Constitucional nº 74 de 2013 
 
Foi a emenda constitucional que, finalmente, conferiu 
autonomia à Defensoria Pública da União. 
 
Art. 134, §3º, CF: Aplica-se o disposto no § 2º às 
Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal. 
 
 
➢ IMPORTANTE! ADI 5.296/DF – levantou a discussão acerca da 
suposta usurpação de competência do Presidente da República: 
 
Art. 61. 
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da 
República as leis que: 
(...) 
II - disponham sobre: 
(...) 
 
 
 
14 
c) servidores públicos da União e Territórios, seu 
regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade 
e aposentadoria; 
 
ADI 5.296 MC – Decisão cautelar, mérito ainda não apreciado. 
 
EMENTA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA 
CAUTELAR. ART. 134, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA, INCLUÍDO 
PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 74/2013. EXTENSÃO, ÀS 
DEFENSORIAS PÚBLICAS DA UNIÃO E DO DISTRITO FEDERAL, DA 
AUTONOMIA FUNCIONAL E ADMINISTRATIVA E DA INICIATIVA DE SUA 
PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA, JÁ ASSEGURADAS ÀS DEFENSORIAS 
PÚBLICAS DOS ESTADOS PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/2004. 
EMENDA CONSTITUCIONAL RESULTANTE DE PROPOSTA DE 
INICIATIVA PARLAMENTAR. ALEGADA OFENSA AO ART. 61, § 1º, II, “c”, 
DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. USURPAÇÃO DA RESERVA DE 
INICIATIVA DO PODER EXECUTIVO. INOCORRÊNCIA. ALEGADA 
OFENSA AOS ARTS. 2º E 60, § 4º, III, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. 
SEPARAÇÃO DE PODERES. INOCORRÊNCIA. FUMUS BONI JURIS E 
PERICULUM IN MORA NÃO DEMONSTRADOS. 
1. No plano federal, o poder constituinte derivado submete-se aos 
limites formais e materiais fixados no art. 60 da Constituição da 
República, a ele não extensível a cláusula de reserva de iniciativa do 
Chefe do Poder Executivo, prevista de modo expresso no art. 61, § 1º, 
apenas para o poder legislativo complementar e ordinário – poderes 
constituídos. 
 
 
 
15 
 
2. Impertinente a aplicação, às propostas de emenda à Constituição da 
República, da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal quanto à 
inconstitucionalidade de emendas às constituições estaduais sem 
 
observância da reserva de iniciativa do Chefe do Poder Executivo, 
fundada na sujeição do poder constituinte estadual, enquanto poder 
constituído de fato, aos limites do ordenamento constitucional federal. 
3. O conteúdo da Emenda Constitucional nº 74/2013 não se mostra 
assimilável às matérias do art. 61, § 1º, II, “c”, da Constituição da 
República, considerado o seu objeto: a posição institucional da 
Defensoria Pública da União, e não o regime jurídico dos respectivos 
integrantes. 
(...) 
5. Ao reconhecimento da legitimidade, à luz da separação dos Poderes 
(art. 60, § 4º, III, da Lei Maior), de emenda constitucional assegurando 
autonomia funcional e administrativa à Defensoria Pública da União não 
se desconsidera a natureza das suas atribuições, que não guardam 
vinculação direta à essência da atividade executiva. Fumus boni juris 
não evidenciado. 
6. Alegado risco de lesão aos cofres públicos sem relação direta com a 
vigência da norma impugnada, e sim com atos normativos 
supervenientes, supostamente nela calcados, é insuficiente para 
demonstrar a existência de fundado receio de dano irreparável ou de 
difícil reparação, requisito da concessão de medida cautelar em ação 
 
 
 
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direta de inconstitucionalidade. Eventual exegese equivocada ou 
abusiva não conduz à inconstitucionalidade da emenda constitucional, 
somente inquinando de vício o ato do mau intérprete. Periculum in 
mora não demonstrado. 
 
4.6 Emenda Constitucional nº 80 de 2014 
 
Redação original: 
 
Art. 134 - Art. 134. A Defensoria Pública é 
instituição essencial à função jurisdicional do 
Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a 
defesa, em todos os graus, dos necessitados, na 
forma do art. 5º, LXXIV. 
 
Após EC 80: 
 
Art. 134 – A Defensoria Pública é instituição permanente, 
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe,como expressão e instrumento do regime democrático, 
fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos 
direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e 
extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma 
integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso 
LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. 
 
 
 
17 
 
 
➢ Instituição permanente – Defensoria Pública como cláusula 
pétrea; 
 
➢ Expressão e instrumento do regime democrático – Defensor 
como agente de transformação social; 
 
➢ Orientação jurídica – judicial e extrajudicial; 
 
➢ Promoção dos direitos humanos – Ombudsman: é um órgão 
autônomo criado pelo Estado para fiscalizar o próprio Estado, 
protegendo o respeito aos direitos humanos. 
 
➢ Defesa dos direitos individuais e coletivos – atuação coletiva: 
a defensoria pública possui a legitimidade de propor ações 
que tutelem direitos individuais e coletivos (Ação Civil 
Pública). 
 
Conceito de “necessitados” 
 
Este conceito vem sendo cada vez mais flexibilizado, 
passando da concepção unicamente econômica financeira para a visão 
 
 
 
18 
atual, mais ampla, que abrange a hipossuficiência jurídica e 
organizacional. 
A EC 80 também inseriu o seguinte dispositivo: 
 
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria 
Pública a unidade, a indivisibilidade e a 
independência funcional, aplicando-se também, no 
que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do 
art. 96 desta Constituição Federal. 
 
Por conta deste parágrafo, hoje está assegurada a paridade 
de tratamento entre a Magistratura e o Ministério Público. Por conta 
deste dispositivo, também se passou a exigir os 3 anos de prática 
jurídica para a Defensoria. Da mesma forma, a fixação do subsídio deve 
observar o escalonamento de 5 a 10%, conforme art. 93, V. 
Já o art. 96, inciso II, conferiu iniciativa legislativa à 
Defensoria, na pessoa do Defensor Público Geral, de enviar ao 
Congresso Nacional projetos de Lei das matérias citadas em suas 
alíneas. 
Por fim, a EC 80 determinou que, em oito anos, todas as 
unidades jurisdicionais deverão contar com defensores públicos. 
 
Art. 98. O número de defensores públicos na 
unidade jurisdicional será proporcional à efetiva 
 
 
 
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demanda pelo serviço da Defensoria Pública e à 
respectiva população. 
 
§ 1º No prazo de 8 (oito) anos, a União, os Estados 
e o Distrito Federal deverão contar com 
defensores públicos em todas as unidades 
jurisdicionais, observado o disposto no caput deste 
artigo. 
 
§ 2º Durante o decurso do prazo previsto no § 1º 
deste artigo, a lotação dos defensores públicos 
ocorrerá, prioritariamente, atendendo as regiões 
com maiores índices de exclusão social e 
adensamento populacional. 
 
 
 
Exemplos de ações propostas no Supremo Tribunal Federal 
que discutem a AUTONOMIA FUNCIONAL E ADMINISTRATIVA E 
INICIATIVA DE LEI ORÇAMENTÁRIA: 
 
➢ ADI’s 3.569/PE; 3.965/MG; 4.056/MA (Vinculação de DPE a 
Secretaria de Estado); 
 
 
 
 
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➢ ADI 5.296/DF (EC 74/13 – Autonomia DPU); 
 
➢ ADI 5.286/AP – (provimento de cargos e punições pelo Chefe do 
Executivo); 
 
➢ ADI 5.287/PB –Questiona a atuação do poder Executivo de 
efetuar cortes orçamentários nas propostas orçamentárias 
enviadas pela DPU ao Congresso; 
 
➢ ADPF 339/PI – não repasse dos duodécimos (art. 168 CF/88). 
 
Diante da autonomia conferida às Defensorias, como fica a 
aplicação da Súmula 421 do STJ? 
 
Súm 421: Os honorários advocatícios não são 
devidos à Defensoria Pública quando ela atua 
contra a pessoa jurídica de direito público à qual 
pertença. 
 
Qualquer pessoa jurídica que litigue contra parte patrocinada 
pela Defensoria Pública deverá arcar com os honorários advocatícios. 
 
 
 
 
 
21 
 
Autonomia e LC 132/09 
 
Art. 4º - São funções institucionais da Defensoria 
Pública, dentre outras: 
[...] XXI – executar e receber as verbas 
sucumbenciais decorrentes de sua atuação, 
inclusive quando devidas por quaisquer entes 
públicos, destinando-as a fundos geridos pela 
Defensoria Pública e destinados, exclusivamente, 
ao aparelhamento da Defensoria Pública e à 
capacitação profissional de seus membros e 
servidores; 
 
 
Ainda sobre honorários... 
 
Medida Cautelar na Reclamação 25.236/SP (Overruling) 
 
Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. MEDIDA 
CAUTELAR EM RECLAMAÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 
DEFENSORIA PÚBLICA QUE LITIGA CONTRA O ENTE A QUE É 
 
 
 
22 
VINCULADA. AUTONOMIA. POSSÍVEL REVISÃO DA JURISPRUDÊNCIA 
FIRMADA EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL. 
 
1. Embora reconhecendo o caráter constitucional da controvérsia, o 
Supremo Tribunal Federal negou repercussão geral à discussão sobre a 
possibilidade de condenar ente federativo a pagar honorários 
advocatícios à Defensoria Pública que o integra (RE 592.730, Rel. Min. 
Menezes Direito, j. 06.11.2008). Essa conclusão tem impedido a subida 
a esta Corte de novos recursos extraordinários sobre o tema. 2. A 
superveniência das Emendas Constitucionais nº 74/2013 e 80/2014, 
aliada à observação das dificuldades comumente enfrentadas pelas 
Defensorias Públicas para o exercício de sua autonomia 
constitucionalmente assegurada, convida a revisitar as premissas 
daquele julgamento. 3. Medida liminar deferida, para determinar a 
suspensão dos efeitos da decisão que negou trâmite ao recurso 
extraordinário e remessa dos respectivos autos ao STF. 
 
Atenção: Em provas objetivas, ao ser cobrada a literalidade da súmula 
421, a afirmativa deve ser considerada correta. No entanto, em provas 
subjetivas e orais, deve-se fazer a argumentação completa acerca da 
necessidade de superação da súmula. 
 
 
Bons Estudos!

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