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A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO NOS DIAS ATUAIS
Nesta aula, veremos os esforços feitos pelo Estado e pela sociedade na preservação de seu patrimônio histórico. Analisaremos também qual o alcance das medidas realizadas em prol da preservação.
Qual a primeira coisa em que você pensa quando a palavra “patrimônio” é mencionada?
Quando falamos sobre patrimônio, imediatamente pensamos em casas, monumentos, marcos que estão intrinsecamente ligados a uma herança histórica. 
Essa noção de patrimônio não é recente, mas as políticas de preservação patrimonial no Brasil são.
Patrimônio acabou virando sinônimo de antiguidade, resquício histórico. 
Dessa forma, é mais fácil compreender porque monumentos da antiguidade clássica, como os encontrados na Grécia, Atenas e Egito sempre foram fonte de preocupações, enquanto o riquíssimo acervo patrimonial da América ficou relegado a segundo plano.
Os próprios estados latinos demoraram a adquirir a noção de preservação, em parte porque tampouco os consideravam dignos de serem preservados.
Em grande parte, isso ocorre porque, historicamente, as nações latinas são jovens e suas trajetórias como países independentes possuem pouco mais de dois séculos, algo muito recente se compararmos com as construções europeias que datam do período do Império Romano, como a Muralha de Adriano, na Inglaterra, ou a Muralha da China, construída antes de Cristo.
Outro fator importante foi o longo percurso percorrido até que reconhecermos as culturas pré-colombianas da América Espanhola e indígena, no Brasil, como culturalmente ricas e significativas.
A nossa tradição histórica é eurocêntrica, ou seja, tendemos a olhar estas culturas a partir dos olhos dos colonizadores europeus. Por muito tempo, estas civilizações foram consideradas bárbaras e seus legados, destruídos.
Um pouco mais sobre esse olhar eurocêntrico
Quando os países latinos se tornaram estados nacionais, buscaram formar uma identidade própria, mas o modelo adotado ainda era o Europeu. 
A França, sobretudo, era considerada o berço da civilização ocidental moderna e muitos de seus princípios, tanto filosóficos quanto arquitetônicos foram adotados nestes novos países.
Mas, se a América Espanhola possui um tesouro patrimonial inestimável, legado das civilizações pré-colombianas, o mesmo podemos dizer com relação ao Brasil. 
Embora não tenha havido cidades como as grandes capitais inca e asteca, o Brasil passou, ao longo de sua colonização, por diversos momentos importantes, como a invasão holandesa, no Nordeste, no século XVII.
Recife e Olinda guardam, dessa época, seus casarões, palácios e igrejas. Hoje, há uma tentativa constante de preservação. As obras dos holandeses eram tão impressionantes que mesmo durante a colônia elas provocavam um interesse preservacionista. ( Porém, mais uma vez, a influencia é europeia).
O Palácio das Duas Torres
O príncipe holandês Mauricio de Nassau, que governou a região durante os anos em que a Holanda esteve no Nordeste, urbanizou estas cidades e fez diversas melhorias e obras públicas. 
Dentre velas está à construção de sua residência e sede do governo, conhecido como palácio das Duas Torres. 
Vejamos sua descrição:
“Era conhecido pelo povo como Palácio das Torres, devido a sua arquitetura. Possuía duas torres altas, quadrangulares, com cinco pavimentos, ligadas por um passadiço coberto, dando-lhe o aspecto de igreja. As torres, além de embelezarem o palácio, serviam como marco para os navegantes, que podiam avistá-las a uma distância superior a sete milhas. Uma delas era utilizada como farol e a outra como observatório astronômico, o primeiro fundado na América.”
O palácio possuía salões luxuosos. Nassau era um admirador das artes e nas paredes havia quadros de diversos pintores, como Albert Eckout e Frans Post, além de tapeçarias e mobiliários, feitos de madeiras nobres do Brasil. Este palácio em nada deixava a dever as residências dos reis europeus e em seus jardins havia diversos exemplares da fauna e da flora nativas.
Um pouco mais sobre os holandeses no Brasil
Os holandeses foram expulsos em 1654, mas as obras que aqui fizeram, permaneceu. 
No século XVIII, D. André de Melo e Castro, conde de Galveias e vice-rei do Brasil escreveu uma carta a D. Luís Pereira Freire de Andrade, governador da capitania de Pernambuco.
O vice-rei demonstrava sua preocupação na utilização do palácio como quartel. 
A carta de D. André, escrita em 1742, é considerada um dos primeiros documentos brasileiros que expressa uma preocupação com a preservação patrimonial.
Será mais útil fabricar-se quartéis novos, do que bulir no Palácio das duas Torres, porque tenho por certo que, por mais que se trabalhe em atalhar as despesas, em bulir a obra, sempre ficará coberta de remendos.
Trecho da Carta do Conde das Galveias ao Governador de Pernambuco, 1742.
Ruy Barbosa e os documentos da escravidão
O fim da colonização e o estabelecimento do império não trouxeram melhor sorte à preservação do patrimônio brasileiro. Tampouco o fez os primeiros anos da república no Brasil. 
 Um dos casos mais emblemáticos, ocorridos na República Velha, foi a ordem dada pelo então Ministro da Fazenda, Ruy Barbosa, para que centenas de documentos referentes a escravidão fossem queimados em praça pública. Essa enorme fogueira foi acesa em 13 de maio de 1891. Ruy Barbosa dizia querer apagar do Brasil a mancha da escravidão, mas a grande queima tinha motivos mais específicos.
Após a abolição, os senhores de escravos exigiram do Estado uma indenização por aquilo que julgavam a perda de suas propriedades. A queima dos documentos impediu que estes senhores provassem a posse destes escravos e, portanto, não pudessem ser indenizados.
Embora importante para o momento, à perda desta documentação inestimável provocou um enorme prejuízo para a recuperação de uma história da escravidão.
O Bota Abaixo & a Capoeira
Podemos concluir que não havia a noção de preservação patrimonial, ou antes, que esta estava submetida às mudanças consideradas necessárias para a ordem urbana. 
A reforma de Pereira Passos, ainda que tenha trazido benefícios para a cidade, era também uma medida de ordenação social, que expulsava do coração da cidade as classes populares. 
No Brasil, a cultura popular não era reconhecida ou valorizada, sendo entendida como algo feito por vadios e que, em casos como a capoeira, deveria ser coibida pela lei.
O Morro do Castelo
A reforma de Pereira Passos não foi a única a alterar a cidade e privá-la de parte de seu patrimônio arquitetônico. Na década de 1920, ocorreu o desmonte do Morro do Castelo, no governo do prefeito César Sampaio. 
Francisco Pereira Passos foi um engenheiro brasileiro e prefeito da cidade do Rio de Janeiro entre 1902 e 1906, nomeado pelo presidente Rodrigues Alves.
O Morro do Castelo abrigou algumas das primeiras estruturas administrativas do século XVI, além da primeira igreja da Sé da cidade do Rio de janeiro, que continha o marco da fundação da cidade e os restos mortais de seu fundador, Estácio de Sá.
Sua importância histórica não impediu sua completa destruição, levando junto as habitações pobres da população que nelas viviam.
A Era Vargas
As reformas no Rio de Janeiro, então capital da República, evidenciam a imagem que o Estado republicano desejava construir, de progresso e civilização. 
Somente com o fim da República Velha e o início da Era Vargas, entre 1930 e 1945, que o estado brasileiro começou, de fato, a pensar uma legislação que contemplasse as práticas de preservação patrimonial.
“O texto da primeira constituição da Era Vargas de 1934, dispõe que...” – clique aqui para ler.
Art. 10. Trata da competência concorrente à 
União e aos Estados:
(...);
III – proteger as belezas naturais e os monumentos de valor histórico ou artístico, podendo impedir a evasão de obras de arte.
(...)
Art. 148. Estabelece que cabe à União, aos Estados e municípios favorecer e animar o desenvolvimento das ciências, das artes, das letras e da culturaem geral, proteger os objetos de interesse histórico e patrimônio artístico do país, bem como prestar assistência ao trabalho intelectual (Constituição de 1934).
Dentre as diversas transformações trazidas pela Era Vargas, com a ruptura econômica com o modelo estritamente agroexportador e o investimento na indústria de base, a legislação trabalhista e as mudanças operadas na política e nas relações sociais entre cidadão e Estado, a preservação patrimonial se tornava, pela primeira vez, parte da politica nacional. 
 O governo Vargas ocupou-se do estabelecimento de uma nova identidade nacional, que pode ser vista nas obras deste governo, além do fomento a determinadas manifestações culturais e na criação de órgãos responsável pela imprensa e pela propaganda varguista.
Neste contexto, o patrimônio histórico nacional torna-se peça fundamental para estabelecer parte dos fundamentos dessa nova identidade nacional.
O Estado Novo
Em 1937, ocorre o golpe do Estado Novo, que inaugura uma nova fase da Era Vargas. O documento de 1934 é substituído por uma nova Constituição, deste mesmo ano, que reafirma o que havia sido disposto em 1934.
 (Art. 134 - os monumentos históricos, artísticos ou naturais, assim como as paisagens ou os locais particularmente dotados pela natureza, gozam de proteção e dos cuidados especiais da Nação, do estado e dos municípios. Os atentados contra eles cometidos são equiparados aos cometidos contra o patrimônio nacional.) (Constituição de 1937)
 Na prática, os artigos constitucionais permitem ao Estado interferir na propriedade privada, a fim de preservá-la se for constatado seu interesse como patrimônio.
Essas medidas permitiram ao recém-criado SPHAN – Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -, que passaria a se chamar IPHAN - Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –, dar início ao processo de tombamento, como hoje conhecemos. Leia mais!
Por que tanta destruição?
Em finais do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, era comum que diversos países do mundo fizessem grandes eventos comemorativos, reunindo os representantes das mais diversas nações. 
 Nestes eventos, os pavilhões que representariam os países não eram feitos como vemos hoje, nas feiras e exposições, pequenas divisórias de madeira ou material plástico. Eram erguidos grandes prédios.
Um exemplo disso é o prédio da Academia Brasileira de Letras, que foi, originalmente construído para abrigar o “Pavilhão da França”, na Exposição Internacional comemorativa do Centenário da Independência do Brasil, no Rio de Janeiro, em 1922.
Ao fim da exposição, os prédios eram geralmente, demolidos. Este sobreviveu, pois, o governo francês o doou à academia para que servisse como sua sede. 
A Torre Eiffel, hoje símbolo nacional da França, foi construída em 1889, para a Exposição Universal ocorrida em Paris. Os parisienses, por sua vez, acharam aquele monumento, que servia como porta de entrada para a exposição uma monstruosidade.
Seguindo a linha dos grandes eventos internacionais, a Exposição Universal de 1904 ocorreria em Saint Louis, Estados Unidos. 
Para representar o pavilhão do Brasil, foi encomendado ao Coronel Francisco Marcelino de Sousa Aguiar a construção de um prédio, com uma condição: este prédio deveria, depois de terminada a exposição, ser desmontado pedra por pedra e ser reconstruído no Brasil.
Surgiu assim o Palácio Saint Louis, que depois passou a ser chamado de Palácio Monroe, em homenagem ao presidente norte-americano, James Monroe.
Quando terminou a exposição, o prédio, um palacete impressionante, foi remontado no centro do Rio de Janeiro e teve varias funções: Câmara dos Deputados, Senado Federal, Tribunal Superior Eleitoral e Sede das Forças Armadas. Apesar de ser um patrimônio estadual, o governo militar, no período da ditadura, não o considerava um patrimônio nacional e não efetivou seu tombamento. Sob a alegação de que o palácio prejudicava o fluxo do trânsito no centro carioca, ele foi demolido em 1976.

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