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Autor:Bruno do Nascimento Teixeira MED UEPA Exame físico do abdome No exame do abdome a semiotécnica é ordenada na sequência: inspeção, ausculta, percussão e palpação do abdome. Nesse exame, é preferível que a ausculta se realize antes da palpação e da percussão, pois estas etapas, caso realizadas previamente, podem atrapalhar a ausculta devido alterações na motilidade intestinal, encobrindo, por exemplo, hipoatividade dos ruídos hidroaéreos. Regiões topográficas e pontos de referência do abdome Os pontos de referência anatômicos são os rebordos costais, a apófise xifoide, a cicatriz umbilical, as espinhas e as cristas ilíacas anteriores. Existe a divisão em nove regiões, sendo traçadas duas linhas verticais (linhas hemiclaviculares) e duas horizontais (a superior traçada no final do rebordo costal e a inferior acima da crista ilíaca), formando-se assim as nove zonas: hipocôndrio direito; epigástrio; hipocôndrio esquerdo; flanco direito; mesogástrio; flanco esquerdo; fossa ilíaca direita; hipogástrio; fossa ilíaca esquerda. O abdome também pode ser dividido em quatro quadrantes passando duas linhas perpendiculares, onde o ponto de interseção entre elas está localizado sobre a cicatriz umbilical, formando assim: o quadrante superior direito, quadrante superior esquerdo, quadrante inferior direito e o quadrante inferior esquerdo. Além dessas regiões, também é comum no meio médico designar andar superior e andar inferior do abdome, que incluem regiões acima e abaixo da linha horizontal que passa pela cicatriz umbilical; hemiabdome esquerdo e hemiabdome direito, que são metades do abdome definidas pela linha vertical que passa pela cicatriz umbilical; baixo ventre, correspondente ao hipogastro e suas imediações. 1-Inspeção a. Inspeção estática Primeiramente apresentar-se, dizer o que irá fazer antes de qualquer procedimento e lavar as mãos. O paciente deve estar com o abdome desnudo e ficar deitado em decúbito dorsal com os braços mantidos ao lado do corpo ou cruzados sobre o tórax, estando o médico a direita do paciente. De forma geral, o abdome deve ser avaliado a fim de definir o tipo de abdome, a presença de cicatrizes ou lesões elementares, abaulamentos ou retrações na parede abdominal, herniações, massas visíveis, presença de circulação colateral e cicatriz umbilical. Tipos de abdome -Abdome plano/normal/atípico: formato normal do abdômen, simétrico. -Abdome globoso/protuberante: abdômen aumentado de maneira global com predomínio na região anteroposterior sobre o transversal. Observado na ascite e na distensão gasosa. -Abdome em ventre de batráquio: abdômen aumentado com predomínio transversal (semelhante à barriga de um sapo). Ocorre nos pacientes que estão em fase de regressão da ascite, no qual o líquido exerce uma força nas paredes laterais da cavidade abdominal. -Abdome em avental: a parede abdominal cai sobre as pernas do paciente, semelhante a um avental, comum em obesos de grau elevado e melhor observado com o paciente em pé. -Abdome pendular/ptótico: ocorre quando apenas a porção inferior do abdome protrui com o aumento do volume abdominal, devido uma pressão das vísceras na parte inferior. Sua causa mais comum é a flacidez puerperal (pós-parto). -Abdome escavado: a parede abdominal está nitidamente retraída, aspecto visto nas pessoas muito emagrecidas. Cicatrizes, abaulamentos, retrações e tumorações O abdome possui uma forma regular e simétrica, contudo este se torna irregular quando uma determinada região possui um abaulamento ou retração, cujo dado semiológico principal é a localização, por isso é necessário conhecer a projeção das vísceras na parede abdominal. Dentre as principais causas tem-se a hepatomegalia, esplenomegalia, tumores pancreáticos. Ver se há cicatrizes de cirurgias e suas localizações, indicando cirurgias anteriores. Pele, estrias, circulação colateral, lesões elementares, contorno da cicatriz umbilical Inspecione o abdome, mantendo-se à direita do paciente. Observe a pele e sua coloração, inclusive a presença de estrias (cicatrizes que se formam quando há destruição de fibras elásticas e colágenas na pele, normalmente causada por um estiramento da pele), lesões elementares, circulação colateral (veias dilatadas). Verifique o contorno e a localização do umbigo, o qual deve ser plano e levemente retraído. Protusão da cicatriz umbilical geralmente indica hérnia ou acúmulo de líquidos. b. Inspeção dinâmica A inspeção dinâmica se atém a observar os movimentos abdominais como o movimento peristáltico, a movimentação respiratória e a pulsação aórtica abdominal. Circulação colateral Estrias Movimentos respiratórios Durante a inspeção dinâmica, é importante observar a movimentação da parede abdominal com a respiração. Em indivíduos do sexo masculino predomina a respiração no andar superior do abdome (Respiração toracoabdominal) e nas mulheres a respiração predominantemente torácica. Nos processos inflamatórios agudos, intraperitoneais, pode haver contratura muscular, fazendo com que cessem os movimentos respiratórios abdominais. Pulsações epigástricas A pulsação aórtica abdominal é visível na região do epigastro em pessoa bem magras. O aneurisma de aorta e a hipertrofia do ventrículo esquerdo pode causar pulsação epigástrica patológica. Peristaltismo visíveis O peristaltismo fisiológico pode ser visível em pessoas muito magras. Movimentos peristálticos patológicos podem indicam obstrução em algum segmento digestivo. Soluções de continuidade (manobra expiração forçada –Manobra de Valsalva) Deve-se pesquisar a eventual existência de soluções de continuidade da parede, representadas pela diástase dos músculos retos anteriores do abdome e pelas hérnias. Ambos, diástase dos músculos retos anteriores do abdome e hérnias podem ser evidenciados quando o paciente contrai a musculatura abdominal e uma maneira de evidencia-los e a partir da manobra de Valsalva, que consiste em uma expiração forçada com a glote fechada. O Examinador pede para o paciente soprar em sua mão fechada de maneira a não deixar o ar escapar e isso causa uma contração abdominal que podem revelar essas patologias. 2. Ausculta a. Ruídos hidroaéreos Em condições normais, ocorrem ruídos imprevisíveis de timbre agudo e localização variável, decorrente da movimentação de líquidos e gases no trato gastrointestinal. Posicione suavemente o diafragma do estetoscópio no abdome do paciente. Para realização desta técnica utiliza-se a divisão do abdome em quadrantes, devendo-se realizar a ausculta em um único ponto durante três minutos em cada área auscultada, porém se auscultar o ruído hidroaéreo antes dos 3 minutos, então pode passar para o próximo quadrante. Ausculte os ruídos intestinais observando a sua frequência e características. Na patologia esses ruídos estão diminuídos (peritonite) ou ausentes (silêncio abdominal causado pelo íleo paralítico) ou aumentados (oclusão intestinal e diarreia). b. Artérias abdominais Com relação à ausculta vascular, realiza-se a pesquisa auscultando os pontos da artéria aorta abdominal, das artérias renais, das artérias ilíacas e das artérias femorais. Tais pontos necessitam ser auscultados para evidenciar possível presença patológica de sopros (estreitamentos daluz de vasos como a artéria renal ou a aorta abdominal). 3. Percussão A percussão digital do abdome deve ser feita com o paciente em decúbito dorsal. A percussão ajuda a avaliar a intensidade e a distribuição dos gases no abdome, além de identificar possíveis massas sólidas ou preenchidas por líquido (cujo som será mais maciço), pontos dolorosos ou se há mais ar do que o esperado (hipertimpânismo). O som timpânico indica a presença de ar dentro de uma víscera oca, por isso, devido à grande predominância de alças de intestino, o som timpânico é percebido em quase todo o abdome, sendo ainda mais nítido na área de projeção do fundo do estômago (espaço de Traube). Menor quantidade de ar ou superposição de uma víscera maciça sobre uma alça intestinal origina o som submaciço. A ausência de ar origina som maciço, portanto, a região do hipocôndrio direito não apresenta timpanismo, onde o som é maciço devido ao fígado. Todo o abdome deve ser percutido com 3 a 4 grupos de golpes, por quadrante a ser examinado. A: ausculta do quadrante superior direito; B: ausculta do quadrante inferior direito; C: ausculta do quadrante superior esquerdo; D: ausculta do quadrante inferior esquerdo. 4. Palpação A palpação do abdome é dividida em superficial e profunda; e antes de realizar deve sempre explicar ao paciente como será feito o exame e perguntar se sente dor em algum ponto. Em caso de dor, pede-se ao paciente para que aponte o local e então o examinador realiza a palpação primeiramente em zonas não dolorosas e por última na zona dolorosa. O examinador deve realizar a palpação superficial e profunda pela divisão do abdome em zonas. a) Superficial A palpação superficial compreende o estudo da parede abdominal e das vísceras que podem alcançar a parede. É a palpação suave do abdome, feita utilizando uma das mãos, põe-se a palma desta um pouco inclinada, e com a face ventral dos dedos e as polpas digitais provoca- se um impulso leve, delicado e circular de aprofundamento na parede, retornando os dedos na posição inicial sem afrouxar a compressão da parede abdominal. Na palpação superficial investigam-se a temperatura, a sensibilidade (Pontos dolorosos), a resistência da parede (tensão), a continuidade da parede abdominal, as pulsações, massas superficiais palpáveis e o reflexo cutâneo-abdominal. Com o dorso da mão verifica a temperatura em cada quadrante, após, faz-se a palpação de cada zona, procurando avaliar a sensibilidade, cuja palpação pode gerar dor, indicando hiperestesia cutânea, ou se houver dor à compressão em determinados pontos específicos, é indicativo de comprometimento do órgão ali projetado. Observa-se a resistência da parede, pois se houver uma inflamação do peritônio (peritonite), ocorre um estímulo visceromotor de contração muscular involuntária da parede abdominal, chamada de defesa da parede abdominal. Procura-se também continuidade da parede abdominal (diástases e hérnias), massas superficiais palpáveis e a sensação tátil de pulsações, que representam a transmissão de fenômenos vasculares intra-abdominais. Para o reflexo cutâneo-abdominal, o examinador utiliza um objeto de ponta romba e faz uma leve pressão rápida no sentido transversal da periferia para o centro na linha Alba do abdome (sentido lateral-medial). Pesquisa-se tanto à direita quanto à esquerda do abdome, na região superior (abaixo da borda costal), médio (na altura do umbigo) e inferior (acima da espinha ilíaca). O esperado é uma contração visível dos músculos abdominais, porém algumas situações podem negativar esses reflexos, como: apendicites e gastroenterites agudas. b) Profunda Por meio da palpação profunda investigam-se os órgãos contidos na cavidade abdominal e eventuais “Massas palpáveis” ou “tumorações”. Utiliza-se a técnica bimanual, com uma mão sobre a outra, para dar mais força e alcançar regiões mais profundas do abdome. Se encontrar massas registre localização, tamanho, formato, consistência, sensibilidade, pulsatilidade e mobilidade. Exame físico do abdome (manobras especiais) 1.Exame físico especial do fígado a. Percussão- Hepatimetria Através da percussão podemos avaliar as dimensões e limítes hepáticos (hepatimetria). Com o paciente deitado percute-se o hemitórax direito, na linha hemiclavicular, iniciando no 2º espaço intercostal, de cima para baixo, até se verificar a mudança do som claro pulmonar para submaciço (normalmente ao nível do 5º ou 6º espaço intercostal), que corresponde ao limite superior do lobo direito do fígado. Continua-se a percussão para verificar toda a extensão da região na qual há predomínio do som maciço no hipocôndrio/flanco direito, correspondendo a macicez hepática, até perceber mudança do som maciço para o som timpânico, delimitando a borda inferior do lobo hepático direito. O tamanho do fígado normalmente entre 6 e 12 cm. Faz-se, da mesma forma, a delimitação do lobo hepático esquerdo, percutindo-se na linha média esternal, logo abaixo do apêndice xifoide (borda superior) até perceber a mudança de som maciço para timpânico e assim delimitar a borda inferior do lobo hepático esquerdo. A dimensão do lobo hepático esquerdo varia de 4 a 8 cm. O sinal de Jobert caracteriza-se pela presença de timpanismo na região hemiclavicular direita, ao nível do 6º ou 7º espaço intercostal até o rebordo costal, onde deveria se ter a macicez hepática, o que pode indicar um quadro de pneumoperitônio. Ao exame radiológico observa- se uma camada de ar interposta entre o fígado e o diafragma. b. Palpação Método simples Realizada com o paciente em decúbito dorsal e o avaliador à direita. Objetivo fundamental é palpar a borda hepática, coordenando-a com os movimentos respiratórios. A técnica de palpação do fígado consiste em palpar desde o umbigo até a reborda costal no trajeto da linha hemiclavicular direita (passando pela crista ilíaca direita, flanco direito e hipocôndrio direito). No hipocôndrio direito o examinador ajustar a mão junto a reborda da parede abdominal direita na expiração, porém sem fazer compressão ou movimento. Então se pede ao paciente para inspirar profundamente e ao mesmo tempo que comprime, movimenta para cima, buscando encontrar a borda hepática. A palpação do fígado é útil para verificar a sua textura, que normalmente é ser lisa, mas pode ser arredondada em fígados congestos, ser granulosa no caso da cirrose ou apresentar algumas massas ou nodulações no caso de neoplasias. Também se analisa a sensibilidade à palpação. Expiração do paciente -Posicionar a mão -Não comprimir, nem movimentar Inspiração do paciente -Comprimir e movimentar para cima Método de Lemos- Torres É semelhante ao método simples, a diferença é que associa-se a utilização da outra mão para aproximar o fígado da parede abdominal anterior. Com o paciente em decúbito dorsal e o examinador à direita do mesmo, este, coloca sua mão esquerda na região dorsal direita do paciente (nível da loja renal direita) e faz uma tração anterior, facilitando a palpação do fígado, a mão direita é colocada sobre o abdome, iniciando-se a palpação com movimentos ondulantes, desde a crista ilíaca direita até a borda inferior hepática direita. Pode ser realizada tanto com a ponta dos dedos quanto com a borda lateral radial do dedo indicador. Fisiologicamente, a borda hepática é lisa, de consistência fibroelástica e fina. Método de Mathieu-Cardarelli O examinador deve se posicionar à direita do tórax com as costas das mãos voltadas para a face do paciente; posicionando-as paralelas e com as extremidades dos dedos fletidos, formando uma garra e faz-se a busca da borda hepática desde a crista ilíaca direita em direção ao rebordo costal no hipocôndriodireito. Em seguida coordena-se a palpação com os movimentos respiratórios do paciente. Tenta-se palpar a borda hepática com as falanges distais dos dedos indicador e médio durante a inspiração profunda, que é quando o órgão se desloca para baixo e os dedos tentam entrar por baixo do rebordo costal. 2.Semiologia da vesícula biliar a. Sinal de Murphy A vesícula biliar normalmente não é identificada pela palpação e somente torna-se palpável em condições patológicas, contudo, apesar de não ser palpável, é frequente o paciente acusar dor quando se faz compressão sob a reborda costal direita, durante a inspiração profunda, constituindo o sinal de Murphy. A maneira de pesquisar este sinal é a seguinte: o examinador, à direita do paciente em decúbito dorsal, coloca sua mão direita no ponto cístico (ponto coincidente da linha hemiclavicular com o rebordo costal direito) de modo que a ponta dos dedos se insinuem sob o rebordo costal direito, enquanto a face palmar da mão apoia-se sobre o flanco. Sem afrouxar a pressão exercida pela mão, solicita-se que o paciente inspire e expire, posicionando os dedos “abaixo do rebordo costal direito” durante a expiração. Pede-se novamente que o paciente faça uma inspiração profunda e então aprofundam-se os dedos. Em caso de dor, o paciente interrompe o movimento respiratório ao mesmo tempo em que reclama da sensação dolorosa, o que indica inflamação da vesícula biliar. 3.Exame físico especial do baço a. Percussão O baço encontra-se protegido pelo gradil costal, em torno da 9ª, 10ª e 11ª costelas. Sua localização é, em grande parte, posterior à linha axilar média esquerda. Normalmente o baço não é percutível. Percute-se toda a região das linhas axilares, no sentido postero-anterior (da linha axilar posterior até a linha axilar anterior) e também toda a parte inferior da parede torácica, na altura da 10ª costela. Na percussão do espaço intercostal mais baixo até a linha axilar anterior é detectado um som timpânico que deve permanecer mesmo quando se solicita ao paciente que respire profundamente. Se o tamanho do baço estivar normal, o som permanecerá timpânico. Se o baço for percutível, ou seja, for detectado o som maciço do baço entre a linha axilar posterior e a média, é um indicativo que este está aumentado de volume (esplenomegalia). b. Palpação- Posição de Schuster Lemos-Torres O exame é realizado da mesma maneira que no fígado, só que as regiões examinadas são as linhas axilares e parte do hipocôndrio/flanco esquerdo. Outro método empregado para facilitar a palpação do baço é fazer a palpação com o paciente na posição de Schuster. Essa posição consiste no decúbito lateral direito, com a perna direita estendida e a coxa esquerda fletida; o ombro esquerdo deve ser elevado, colocando o braço corespondente sobre a cabeça. Com o paciente nessa posição, faz-se a palpação: o examinador posiciona-se diante do paciente, pousando sua mão esquerda sobre a área de projeção do baço e tracionando-a para baixo. Enquanto isso a mão direita executa a palpação, coordenando-a com os movimentos respiratórios do paciente, de tal modo que, durante a inspiração, o examinador avança sua mão da crista ilíaca direita em direção ao rebordo costal esquerdo em encontro ao baço. Em geral, palpar este órgão significa que seu volume está aumentado, ou seja, há esplenomegalia. Método Mathieu-Cardarelli Semelhante ao do fígado, só que as regiões examinadas são as linhas axilares e parte do hipocôndrio/flanco esquerdo, sendo mais bem pesquisado na posição de Schuster. Com a mão em garra seue do hipocôndrio direito até o rebordo costal esquerdo aprofundando a mão ao movimento inspiratório do paciente. 4. Semiologia da Ascite A percussão é o método mais seguro para o reconhecimento da ascite e este leva em consideração a quantidade de volume, sendo classificada em grandes, pequenos e médios volumes. a. Pequenos volumes- Macicez móvel dos flancos Como o liquido está livre na cavidade peritoneal, este se acumula nas áreas mais declives, e quando o paciente se coloca em um dos decúbitos laterais, a massa liquida se dirigirá para aquele lado. Primeiramente percute-se todo o abdome do paciente em decúbito dorsal, percebendo que há macicez nos flancos e timpanismo na parte média do abdome, o que levanta a suspeita de líquido na cavidade peritoneal, pois o liquido ascítico ali acumulado propicia um som maciço. Posiciona-se o paciente em decúbito lateral direito e percute-se todo o abdome; havendo ascite, encontra-se macicez no flanco direito e timpanismo no flanco esquerdo. Em seguida o paciente, então, vira-se e coloca-se em decúbito lateral esquerdo, e percute-se de novo todo o abdome, e caso haja ascite o resultado será o oposto ao anterior, havendo macicez no flanco esquerdo e timpanismo no direito. Isso ocorre porque a mudança de posição também muda a posição do líquido na cavidade, que tende, pela gravidade, ir para regiões mais baixas. Posição de Schuster b. Moderados volumes-Semicírculo de Skoda Com o paciente em decúbito dorsal ou em pé, se houver ascite o líquido tende a se alojar na parte inferior do abdome e nos flancos. Percute-se o abdome a partir do epigastro em direção aos limites do abdome, no sentido medial-lateral e crânio-caudal. Observa-se que a percussão delimita uma área semicircular (com concavidade voltada para cima) pela variação sonora do timpanismo à submacicez e, posteriormente, para a macicez. c. Grandes volumes – Sinal de piparote Devido a grande quantidade de líquido o abdome apresenta aspecto globoso, aumento da resistência da parede abdominal e cicatriz umbilical plana ou protusa e seu dado semiótico pode ser obtido pela percussão por piparote, que consiste no paciente em decúbito dorsal e este, ou um auxiliar colocar a lateral da mão sobre a linha mediana do abdome, exercendo uma ligeira pressão, enquanto que o examinador com uma das mãos golpeia o abdome com piparotes (petelecos), e com a outra, espalmada na região contralateral, procura captar ondas líquidas chocando-se contra a parede abdominal. Líquido Ascítico 5. Sinal de irritação peritoneal a. Manobra da descompressão brusca positiva (Sinal de Blumberg) Para se realizar a manobra de descompressão súbita ou sinal de Blumberg, comprime-se vagarosa e progressivamente um determinado local do abdome que, durante a palpação mostrou-se doloroso (ou no caso específico do apêndice, no ponto de McBurney, para evidenciar apendicite). Ao fazer-se a compressão, a dor é exacerbada. Para avaliar a alteração da intensidade da dor, deve-se perguntar ao paciente e observar sua expressão facial. A manobra é positiva quando o paciente apresentar nítida exarcebação da dor no momento em que se faz a descompressão. É um importante sinal de peritonite. b. Manobra de Rovsing O sinal de Rovsing é um sinal médico de apendicite. Se a palpação do quadrante inferior esquerdo do abdômen do paciente resultar em dor no quadrante inferior direito, diz-se que o paciente é positivo para o sinal de Rovsing. Essa palpação é realizada com a mão executando forte e contínua pressão, procurando-se transmitir esta pressão pelo intestino grosso, a partir do sigmóide, retrogradamente, em direção ao cólon descendente, transverso e finalmente ascendente, onde o acúmulo de gases e/ou fezes gera a distensão do ceco, onde se encontra o apêndice e se este estiver inflamado, será relatada dor. O sinal pode ser pesquisado também usando-se como técnica os punhos cerrados. 6. Exame físico especial para os rins Esses dois tipos de percussão são usados no exame físico dos rins. Os golpessão dados na área de projeção deste órgão (regiões lombares), e a dor é sugestiva de lesões inflamatórias das vias urinárias altas (pielonefrite/infecção urinária). a. Punho percussão de Murphy Mantendo-se a mão fechada, golpeia-se com a face interna a região em estudo e averigua-se se a manobra desperta sensação dolorosa. b. Sinal de Giordano Percussão com a borda da mão: os dedos ficam estendidos e unidos, golpeando-se as regiões lombares em 3 pontos com a borda ulnar da mão, procurando observar se a manobra provoca alguma sensação dolorosa.
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