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ITPAC HAM IV PED ABDOME ABRIL/2020 Roteiro para aula prática - Profa. Joyce Lisboa Freitas ANAMNESE - Escuta atenta; Não interromper quando paciente ou acompanhante falam; Encorajá-los a falar; Fazer contato com os olhos; Postura amistosa e polida; Fazer perguntas abertas (como posso ajudá-lo? Fale-me a respeito… Descreva-me o que aconteceu…); Interrompê-los de modo adequado quando necessário. - Etapas da anamnese: 1) Apresentação e identificação do paciente: chamar pelo nome o paciente e acompanhantes; anotar dados de idade, procedência e naturalidade. Página de 1 10 ITPAC HAM IV PED ABDOME ABRIL/2020 2) Queixa principal e história atual: anotar com as palavras do paciente ou acompanhante. Caracterizar duração, frequência, intensidade, fatores de melhora ou piora, se ocorre diante o sono e terapêutica já empregada. 3) Antecedentes pessoais: gestação (sofrimento fetal, liquido meconial, ruptura de bolsa); perinatais (peso, altura, apgar, icterícia com seus detalhes, patologia, cor das fezes; alimentação (amamentação, desmame, introdução de outros alimentos, de leite, de gluten); história médica e cirurgia prévia; vacinação; alergias em geral; história social (habitação, profissão dos pais, escolaridade); crescimento e desen- volvimento; interrogatório de sistemas. 4) Antecedentes familiares: consanguinidade, saúde dos pais, avós, irmãos, doença do trato digestório, fígado e pâncreas; causas de morte na família. EXAME FÍSICO - Lavar as mãos; - Olhar geral para saber se o caso é grave (experiência do médico); - Privacidade das crianças maiores; brinquedos para as menores; conexão com a criança e distração da mesma; demonstrar o exame nos pais antes; explicar sem- pre o que vai fazer; responder as perguntas com vocabulário adequado; pode-se al- terar a sequencia do exame; aquecer as mãos e estetoscópio para examinar; - Aspecto geral: nível de consciência, fácies, fala, estado mental, mobilidade, posição no leito, marcha, atitude, avaliação nutricional (eutrófico, desnutrido ou obe- so). O paciente pode estar em bom estado geral (BEG), regular estado geral (REG) ou mau estado geral (MEG). - Sinais vitais: FC, FR, PA, diurese, situação de O2, peso e altura. - Exame físico segmentar completo: pele e anexos, linfonodos, cabeça, olhos, nariz, ouvidos, boca, orofaringe, pescoço, tórax, aparelho respiratório e cardiovascu- lar, abdome, genitália, extremidades e sistema nervoso. - Pele e mucosas: icterícia, anemia, telangectasias, eritema palmar, fragilidade unguel, púrpuras ou petéquias e avaliar distribuição de pêlos e gordura; Orofaringe: estomatites. - Avaliar doença aguda x crônica; requer cuidados de urgência ou emergência. - Não esquecer que muitos sintomas relativos aos órgãos abdominais se po- dem referir ao tórax e vice-e-versa. EXAME DO ABDOME - Paciência e delicadeza; se a criança chorar muito pode ser impossível naque- le momento; - Mantenha as mãos e o estetoscópio aquecidos e as unhas cortadas. Friccio- ne as mãos para ajudar a aquecê-las; o paciente não deve estar com a bexiga cheia; antes da palpação, peça ao paciente para indicar as regiões dolorosas ou hipersen- síveis, e deixe para examiná-las por último; monitorize seu exame, pesquisando si- nais de desconforto na expressão do paciente. DIVISÃO DO ABDOME - Em 4 quadrantes: formados por duas linhas que atravessam a cicatriz umbili- cal longitudinalmente e transversalmente, gerando assim quatro setores com dois andares, sendo eles denominados de andar superior (quadrante superior direito e quadrante superior esquerdo) e de andar inferior (quadrante inferior esquerdo e qua- drante inferior direito). Página de 2 10 ITPAC HAM IV PED ABDOME ABRIL/2020 - Em 9 quadrantes: utiliza como referência dois planos que atravessam os pon- tos medioclaviculares (ponto médio da clavícula – linhas hemiclaviculares) de cada lado e dois planos transversos, sendo que um deles é denominado plano subcostal (uma linha horizantal abaixo da 10o costela) e o outro de plano intertubercular (uma linha que liga os tubérculos ilíacos – o topo do osso da bacia). Isso permite a divisão em três andares com três regiões cada, sendo elas: abdômen superior (hipocôndrio direito, epigástrio e hipocôndrio esquerdo), abdômen médio (flanco direito, meso- gástrio e flanco esquerdo) e abdômen inferior (fossa ilíaca esquerda, hipogástrio, fossa ilíaca direita). Essa divisão é importante para localizar a anormalidade e corre- laciona-la com o possível órgão acometido. 1) INSPEÇÃO: - Paciente em decúbito dorsal horizontal, relaxado, com braços ao longo do corpo ou no colo da mãe. - Detectar distensão, deformidade, circulação colateral venosa, movimentos peristálticos, lesões, distribuição anormal de pêlos, estrias, cicatrizes, cicatriz umbili- cal que pode estar revertida em caso de ascite ou hérnias, etc. - Na presença de irritação peritoneal, a criança tende a ficar imóvel e muitas vezes a respiração é restringida pela dor; - Parede abdominal: gastrosquise e onfalocele; Síndrome de prune belly ou Ea- gle-Barret (ausência de musculatura abdominal), equimoses resultante de hemorra- gia interna; mancha periumbilical - pancreatite; estrias - após gestação, síndrome de Cushing ou rápido ganho de peso; hérnias (umbilical, inguinais, incisionais); diastase de reto abdominal (normal); cicatriz umbilical: hérnia, granuloma, onfalite e persis- tência do úraco (saída de secreção). - Inspeção estática x dinâmica (pulsos e herniações - manobra de Valsalva); - Formato do abdome: • Plano: formato normal do abdômen; • Globoso: abdômen aumentado de maneira uniforme com predomínio na região anterior. • Batráquio: abdômen aumentado com predomínio transversal (parece barri- ga de sapo). Ocorre nos pacientes que tem ascite (presença de líquido na cavidade abdominal). • Avental: parede abdominal cai sobre as pernas do paciente, comum em obesos. • Escavado ou escafóide: aspecto visto nas pessoas muito emagrecidas ou nos recém-nascidos com hérnia diafragmática. 2) AUSCULTA: - Ausculte o abdome antes de percutí-lo e palpá-lo, pois essas manobras po- dem alterar a frequência dos ruídos abdominais ao estimular o peristaltismo. - Na ausculta, deseja-se avaliar a motilidade intestinal principalmente e identifi- car sopros vasculares na aorta. Os sons intestinais normais são denominados de ruídos hidroaéreos e são caracterizados por estalidos e gorgolejos (sons de água) e, para a sua averiguação, deve ser feita a ausculta em ambos os hemiabdomes (qua- tro quadrantes) por 1-3 minutos em cada região. Os sons intestinais podem ser alte- rados quando há mudanças na motilidade intestinal. - 1 RHA a cada 10-30 segundos; Página de 3 10 ITPAC HAM IV PED ABDOME ABRIL/2020 - Descrição da peristalse: normal; diminuída ou hipoperistalse (íleo paralítico, abd agudo inflamatório), aumentada ou hiperperistalse (diarreia, abd agudo obstru- tivo); abolida ou aperistalse (peritonite, hemorragia); RHA metálicos: obstrução in- testinal. - Os sopros abdominais podem ser pesquisados seguindo-se a trajetória da aorta, lembrando-se que ela gera transversalmente as duas renais na altura do um- bigo e se bifurca um centímetro abaixo da cicatriz umbilical, gerando as ilíacas ex- ternas. Esses sopros são similares aos cardíacos e predominam na sístole. - A presença de sopro: tumores hepáticos, coarctação de aorta ou estenose da artéria renal. 3) PERCUSSÃO: - Em geral é timpânico; e o timpanismo aumenta na obstrução, no íleo e na ae- rofagia. Pode-se avaliar: massas abdominais, bexigoma, ascite, tamanho do fígado. - Quatro tipos de sons podem ser encontrados na percussão abdominal: tim- pânico, hipertimpânico, maciço e submaciço. - A percussão também auxilia na definição dos limites do fígado e do baço, ao se verificar a extensão da região na qual há predomínio do som maciço no hipocôn- drio/flanco direito, sendo o tamanho do fígado (hepatimetria) normalmente entre 6 e 12 cm(em média, começa a partir do 5o espaço intercostal direito e termina no re- bordo costal). - O baço, devido à sua localização (na porção posterior do abdome, protegido pelo gradeado costal), normalmente não é percutível. Quando ele aumenta de tama- nho (crescendo da esquerda para a direita e de cima para baixo), porém, ele se torna percutível e ocupa uma região designada espaço de Traube, área de formato semilu- nar, abaixo do diafragma, entre o lobo esquerdo do fígado e a linha axilar anterior esquerda e acima do rebordo costal esquerdo. Esse espaço é normalmente livre, ou seja, seu som é timpânico, e o achado de submacicez/macicez à percussão deste espaço é indicativo de esplenomegalia (aumento das dimensões do baço). - O som hipertimpânico é obtido quando o conteúdo aéreo do aparelho gas- trointestinal está aumentado (meteorismo, obstrução intestinal, pneumoperitônio, etc.). A submacicez é encontrada em áreas de menor conteúdo gasoso ou na pre- sença de um órgão maciço, como ocorre na zona do hipocôndrio direito onde se lo- caliza o fígado. A percussão sobre área sólida nos mostra um som tipicamente ma- ciço. - Observe regiões de macicez que possam indicar aumento do órgão. Esta ob- servação orientará sua palpação. - Percuta suscintamente a borda ântero – inferior do tórax, entre os pulmões e o rebordo costal. À direita, em geral é detectada a macicez hepática e, à esquerda, o timpanismo sobre a câmara de ar do estômago e a flexura esplênica do cólon. 4) PALPAÇÃO: - A palpação tem como objetivos determinar se há alguma resistência na pare- de abdominal, determinar as condições físicas das vísceras abdominais e explorar a sensibilidade dolorosa do abdômen. Dividida em duas: superficial ou profunda. - Converse um pouco com a criança para ganhar sua confiança; distração é fundamental; a flexão das pernas e a colocação de um travesseiro fino sob a cabeça podem ajudar a relaxar o abdome; antes de realizar deve sempre explicar ao pacien- te como será feito o exame e perguntar se sente dor em algum ponto. Em caso de Página de 4 10 ITPAC HAM IV PED ABDOME ABRIL/2020 dor, pede-se ao paciente para que aponte o local e então o examinador realiza a palpação primeiramente em zonas não dolorosas e por última na zona dolorosa. A expressão facial da criança indica áreas mais dolorosas, e o paciente com dor pode parar de falar, fazer caretas ou chorar abruptamente. - A fim de que o exame seja realizado de forma completa, orienta-se que o examinador realize a palpação superficial e profunda pela divisão do abdome em zonas, pela maior precisão da localização de um achado clínico, seguindo o sentido horário: fossa ilíaca direita, seguida do flanco direito, hipocôndrio direito, epigástrio, hipocôndrio esquerdo, flanco esquerdo, fossa ilíaca esquerda, hipogástrio e por fim o mesogástrio. PALPAÇÃO SUPERFICIAL - Muito útil para identificar pontos dolorosos, consistência da parede abdomi- nal, massas superficiais palpáveis, a presença de lesões de continuidade da parede abdominal e a temperatura local. - Antes de iniciar a palpação, verifica a temperatura local com o dorso da mão nos quatro quadrantes abdominais; - Na superficial há pouca pressão exercida e é realizado empurrando suave- mente, com uma mão apenas, a parede abdominal em movimentos circulares ou di- gitiformes ao longo de todos os quadrantes. PALPAÇÃO PROFUNDA - Já a profunda, é muito similar à primeira, mas deve ser realizada com as duas mãos sobrepostas e com uma maior pressão sobre a parede do abdome. - Verifique a presença de massas e registre localização, tamanho, formato, con- sistência, sensibilidade, pulsatilidade e mobilidade. - Não se deve esquecer de palpar as regiões inguinais e femorais a procura de hérnias (sinal da seda de Gross), linfonodos e avaliar o pulso femoral. - Não esquecer que excepcionalmente pode-se estar diante de um paciente com situs inversos ou má rotação. MANOBRAS ESPECIAIS 1) Exame do fígado: - Inclui inspeção de sinais periféricos de hepatopatia - Dimensão do fígado pela percussão. Dimensão do fígado: - Através da percussão podemos avaliar as dimensões hepáticas (hepatimetria). Percute-se na linha hemiclavicular direita, iniciando-se do segundo espaço intercos- tal direito em sentido podálico até que se delimite a borda superior do lobo hepático direito, percebida na percussão pela mudança do som claro pulmonar para maciço, delimitando assim, a localização desta borda. Depois, faz-se a percussão desde a crista ilíaca direita em sentido cefálico até que se delimite a borda inferior do lobo hepático direito, percebida na percussão pela mudança do som timpânico para o som maciço. - Em crianças: 5 cm por volta dos 6 meses; 7cm aos 3 anos; 8 a 10cm aos 10 anos; 9 a 12cm no adolescente. Página de 5 10 ITPAC HAM IV PED ABDOME ABRIL/2020 - Faz-se, da mesma forma, a delimitação do lobo hepático esquerdo, percutin- do-se desde a cicatriz umbilical, na linha média esternal, em sentido cefálico até que se delimite a borda inferior do lobo hepático esquerdo, percebida na percussão pela mudança do som timpânico para o som maciço. A borda superior do lobo hepático direito está localizada logo abaixo do apêndice xifóide. Palpação Hepática - Manobra de Lemos – Torres: Pretende- se com esta manobra determinar as características da borda hepática, quanto a sua consistência, regularidade de sua parede e forma de sua borda, presença de pontos dolorosos e determinação de massas palpáveis. Com o paciente em decúbito dorsal e o examinador à direita do mesmo, este, coloca sua mão esquerda na região dorsal direita do paciente e faz uma tração anterior desta, a mão direita é colocada sobre o abdome, iniciando-se a palpação com movimentos ondulantes, desde a crista ilíaca direita até a borda infe- rior hepática direita. Fisiologicamente, a borda hepática é lisa, de consistência fibro- elástica e fina. - Manobra de Mathiew: Outra técnica utilizada para palpação do fígado. Nesta, o examinador posiciona-se para à direita e de frente para os pés do paciente, estan- do este em decúbito dorsal. Com as mãos em garra faz-se a busca da borda hepáti- ca desde a crista ilíaca direita em direção ao rebordo costal direito, os dedos tentam entrar por baixo do rebordo costal (Imagem 27). Também nesta manobra, procura-se determinar as características da borda hepática citadas anteriormente. 2) Exame do baço: - Fisiologicamente, o baço não é palpável. Em alguns Rn e lactentes, o baço pode ser palpável 1 a 2cm do rebordo costal esquerdo. - Palpação bimanual do baço bimanual: com o paciente em decúbito dorsal, o examinador localizado a direita do paciente, posiciona sua mão esquerda na região lombar esquerda do paciente, de modo a promover um rechaço do baço para frente, em direção à parede abdominal e, com a sua mão direita palpa-se da crista ilíaca esquerda até o rebordo costal esquerdo em busca do baço. Pode-se solicitar ao pa- ciente que respire profundamente. - Palpação do baço na posição de Shuster: Posiciona-se o paciente em decú- bito lateral direito, com a perna direita estendida e a esquerda flexionada sobre a perna direita estando o joelho encostado na maca, e a mão esquerda sobre a ca- beça. O examinador posiciona-se à esquerda do paciente. Inicia-se a palpação, com as mãos em garra, da crista ilíaca direita em direção ao rebordo costal esquerdo em encontro ao baço. - Quando ocorre o aumento do baço, deve-se determinar o grau de espleno- megalia. Para isso usa-se a classificação de Boyd: - I – Baço palpável sob o rebordo costal, - II – Baço palpável logo abaixo do rebordo costal, entre o rebordo costal e a cicatriz umbilical; - III – Baço palpável até o plano horizontal ao nível da cicatriz umbilical; - IV – Baço palpável abaixo do plano horizontal ao nível da cicatriz umbilical. 3) Espaço de Traube - Espaço semilunar que vai do sexto ao décimo primeiro espaço intercostal es- querdo. Seus limites são: gradil costal,baço, pâncreas, parte do cólon descendente, Página de 6 10 ITPAC HAM IV PED ABDOME ABRIL/2020 rim esquerdo e estômago. Normalmente apresenta timpanismo à percussão. A pre- sença de som maciço neste local é indicativo de esplenomegalia. 3) Sinal de Jobert: O sinal de Jobert é positivo na presença de timpanismo à percussão na região da linha axilar anterior direita até a linha mediana, abaixo apêndice xifóide, onde nor- malmente encontramos macicez hepática, sendo sugestivo de pneumoperitônio. MANOBRAS DOLOROSAS DO ABDOME FÍGADO - Sinal de Torres-Homem Realiza-se percussão plexor-plexímetro na região da loja hepática, entre o quinto espaço intercostal direito na linha hemiclavicular até o rebordo costal direito; e entre a cicatriz umbilical e o apêndice xifoide. Qualquer sinal de dor relatado pelo paciente ca- racteriza a presença de abscesso inflamatório hepático. VESÍCULA BILIAR - Sinal de Murphy O examinador posiciona-se a direita do paciente, com este em decúbito dorsal, e coloca os dedos indicador e médio da mão direita sob o ponto cístico (entre a junção do rebordo costal direito com a borda lateral do músculo reto abdominal). Pede-se ao paciente que inspire e expire, posicionado os dedos “abaixo do rebordo costal direito” durante a expiração. Pede-se novamente que o paciente faça uma inspiração profunda comprimindo- se o ponto, na qual a vesícula descerá impelida pelo diafragma. Se esti- ver inflamada, a pressão exercida provocará dor aguda, levando o paciente a interrom- per a inspiração ou relatar dor intensa, sendo indicativo de Colecistite aguda. O Sinal de Murphy é considerado positivo neste caso. APÊNDICE CECAL - Em casos suspeitos de apendicite aguda, a dor provocada nos pontos apendi- culares ou mediante a execução de manobras apendiculares, é útil como contribuição diagnóstica. A dor da apendicite classicamente começa perto do umbigo e, em segui- da, desloca-se para o quadrante inferior direito, onde aumenta com a tosse. - A positividade das manobras apendiculares sugere comprometimento infla- matório circunscrito do peritônio. - Geralmente não se pesquisa descompressão brusca em crianças pois a mai- oria será positiva já que esse exame assusta as crianças. Procura-se por área de DEFESA ABDOMINAL INVOLUNTÁRIA. - Sinal de Rovising Consiste em forçar movimento antiperistáltico de camada gasosa dos cólons, desde o sigmóide até a região ileocecal, com a finalidade do ar, sob pressão, distender o ceco, acarretando a dor no apêndice inflamado. A mão executa forte e contínua pressão, movimentando em sentido retrógrado, acompanhando o trajeto dos cólons. O sinal pode ser pesquisado usando-se como técnica os punhos cerrados, e por último pressionando-se inicialmente a fossa ilíaca esquerda, depois flanco esquer- do e por o o epigástrio, promovendo o deslocamento de ar em direção ao ceco, dis- tendendo-o, o que irá ser doloroso se houver inflamação do apêndice. Sendo sugesti- vo de Peritonite (irritação peritoneal). Página de 7 10 ITPAC HAM IV PED ABDOME ABRIL/2020 Mantendo-se a pressão sobre o epigástrio, pergunta-se ao paciente onde está doendo, se a resposta for na fossa ilíaca direita, o sinal é positivo, caso a dor for referi- da onde a mão está pressionando, é negativa. A pressão deve ser contínua para que se evite o refluxo dos gases mobilizados. - Sinal do Psoas Com o paciente em decúbito lateral esquerdo faz-se a extensão forçada da coxa direita do paciente, provocando assim, o estiramento do músculo psoas. Quando o paciente relata dor durante a manobra, o Sinal do Psoas é considerado positivo, e su- gere processo inflamatório adjacente ao músculo psoas. Sendo, então, sugestivo de Peritonite (irritação peritoneal). - Sinal do Obturador Com o paciente em decúbito dorsal, estende-se a perna esquerda e flexiona-se a coxa direita do paciente na altura do quadril, com o joelho fletido, fazendo-se uma rotação interna do quadril. Essa manobra estira o músculo obturador interno. Caso o paciente refira dor no hipogástrio, a pesquisa do sinal é considerada positiva. Sugerin- do processo inflamatório adjacente ao músculo obturador. Sendo sugestivo de Perito- nite (irritação peritoneal). - Sinal de Lapinsky Com o paciente em decúbito dorsal, o examinador pressiona profundamente a fossa ilíaca direita do paciente, elevando a perna direita estendida. Caso o paciente re- late dor durante a manobra ou se o paciente responder flexionando a perna para mini- mizar a dor, o sinal será considerado positivo. Sendo sugestivo de Peritonite (irritação peritoneal). MANOBRAS DE ASCITE Ascite é o nome dado ao derrame de líquido livre na cavidade abdominal. Esse acúmulo pode ter muitas causas, as quais podem fazer variar o volume, a aparência, a natureza e a composição do líquido. A presença de hérnia umbilical é um dos achados frequentes nas grandes ascites. Os principais sinais que diagnosticam a presença de ascite por meio da percussão do abdômen são: - Semicírculo de Skoda Com o paciente em decúbito dorsal ou em pé, o líquido ascístico coleta-se nas partes mais declives, ou seja, flancos e andar inferior do abdômen. Sendo assim, a percussão, feita desde o andar superior, delimitará uma linha semicircular na transição entre o timpanismo e a macicez ou submacicez das áreas correspondentes às porções mais declives. A concavidade da linha semicircular estará voltada para a região epigás- trica. Esse sinal poderá fazer o diagnóstico diferencial entre ascite e cisto gigante de ovário. - Macicez móvel O líquido livre se acumula nas porções mais declives na cavidade peritoneal, quando o paciente se coloca em um dos decúbitos laterais, para aquele lado o líquido se dirigirá. Uma primeira percussão será feita no flanco direito em direção ao esquerdo, com o paciente em decúbito lateral esquerdo, o líquido ascítico ali acumulado propicia- rá a mudança do som timpânico para o som maciço ou submaciço. Página de 8 10 ITPAC HAM IV PED ABDOME ABRIL/2020 O paciente, então, vira-se e coloca-se em decúbito lateral direito, mantido o dedo de percussão no mesmo local em que se verificou a macicez. A segunda percus- são, efetuada no mesmo ponto em que foi feita a primeira, vai produzir som timpânico. O líquido e a sua correspondente macicez sempre se movem para as partes mais de- clives da cavidade abdominal. - Sinal do Piparote A face palmar de uma das mãos é posicionada em um dos flancos; a seguir, a ponta do dedo médio, dobrado, apoiado e em estado de tensão contra a face palmar do polegar é disparada contra o outro flanco. O abalo produzido pelo piparote produz pequenas ondas de choque no líquido ascítico, perceptíveis na palma da mão, coloca- do no flanco oposto. O choque pode ser percebido em caso de edema na parede ab- dominal. Nesse caso, um assistente coloca a borda cubital de sua mão sobre a linha mediana, no abdômen central, exercendo um pouco de pressão, a fim de interceptar ondas de transmitidas pela parede, mas não impedindo a passagem da onda de cho- que do líquido ascítico. Esse sinal é próprio das grandes ascites, não sendo efetivo para ascites de médio ou pequeno volume. RINS - Inspeção: quando os rins estão aumentados é possível percebê-los na ins- peção, principalmente se o aumento foi considerável. Nestes casos, percebe-se um abaulamento do flanco. É necessário realizar a inspeção do abdome, flancos e cos- tas, estando o paciente sentado. - Percussão: deve ser realizada a Punho-percussão de Murphy direta no ângulo costo-vertebral, formado pela borda inferior da 12a costela e processos transversais das vértebras lombares superiores; ou a Punho-percussão de Giordano nas regiões lombares. - A Punho-percussão de Murphy direta é realizada com pequenos golpes com a face interna da mão. A indireta percute-se uma das mãos que estará espalmada no ângulo costo-vertebral. - A Percussão de Giordano é realizada através da percussão das regiões lom- bares em três pontos utilizandoa borda ulnar da mão. Todas elas podem produzir uma reação dolorosa, profundamente localizada, uni ou bilateral, nos casos de pie- lonefrite aguda, obstrução urinária ou inflamação perinefrética. O aparecimento da dor ou de reação exuberante do paciente durante a punho-percussão (o paciente emite grito ou pula), denota Sinal de Giordano positivo. - Palpação: dificilmente será palpável em crianças. Possível em casos de lac- tentes jovens ou recém nascidos com hidronefrose volumosa. É realizada com o pa- ciente em decúbito dorsal da seguinte maneira: com a mão não-dominante por trás do flanco do paciente deitado, devemos anteriorizar a loja renal; durante a inspiração do paciente, tentamos palpar o pólo inferior do rim com a mão dominante espalma- da. Esta manobra é descrita como método de Guyon. - Durante a palpação dos rins, deve-se avaliar a sensibilidade renal. Muitas ve- zes a compressão com as pontas do dedo pode ser suficiente para despertar dor. As características normais do rim são: órgãos duros, superfícies lisas, borda inferior ní- tida e não doloroso. Outras manobras dificilmente utilizadas em crianças: manobra de Israel (decúbi- to lateral oposto ao rim que se deseja palpar); manobra de Trousseau (decúbito dorsal); manobra de Glenard (decúbito dorsal); manobra de Bellington (posição ortostática). Página de 9 10 ITPAC HAM IV PED ABDOME ABRIL/2020 REGIÃO PERIANAL E TOQUE RETAL - Sempre explicar o que será e como será feito. Avisar que é um exame des- confortável, mas não doloroso. - Posição de Sims, ou lateral ou genupeitoral. Em bebês, decúbito dorsal com as pernas fletidas. - Inicia-se o exame inspecionando as nádegas e o sulco interglúteo (massas, fístulas, abscessos, lesões e localização do ânus). Pesquisar prolapso retal ou protu- sões tipo pólipos, hemorroidas, condilomas, oxiúris, cândida, piodermites ou evi- dência de abuso sexual. - Toque retal: usar luvas, lubrificação abundante; avaliar tônus do esfíncter - es- fincter hipotônico sugere abuso sexual ou lesão da medula espinhal (mielomeningo- cele) e esfíncter hipertônico, sugere estenose; avaliar presença de pólipo ou tumora- ção, fístula ou imperfuração anal; além de avaliar dor a palpação no fundo de saco (indica processo inflamatório pélvico - apendicite?). REFERÊNCIAS: - Experiência pessoal. - Silva, Luciana Rodrigues. Diagnóstico em Pediatria / Luciana Rodrigues Silva. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. - Gill, Denis. Simplificando a semiologia pediátrica - Dicas práticas / Denis Gill & Niall O`Brien; tradução de Viviane Lanzelotte - 6. Ed. - Rio de Janeiro - RJ: Thieme Revinter Publicações, 2019. - Apostila de propedêutica, Extensão Médica Acadêmica da FMUSP, 2014. - Manual Teórico de Semiotécnica Médica. Trabalho desenvolvido no Programa de Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental como um dos produ- tos da tese da pós-graduanda Dr.a Ana Paula Santos Oliveira Brito, sob orientação do Prof. Dr. Marcus Vinicius Henriques Brito. 2016. Universidade do Estado do Pará. Página de 10 10
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