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TÉCNICAS EM PESQUISA 
E CONSTRUÇÃO DE 
TEXTOS CIENTÍFICOS 
 
 
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Sumário 
 
MÓDULO 1 - Introdução à Metodologia Científica 
1.1 Conhecimento: o desejo do universo 
1.2 Os tipos de Conhecimento 
1.2.1 Conhecimento Popular/Empírico 
1.2.2 Conhecimento Religioso/Teológico 
1.2.3 Conhecimento Filosófico 
1.2.4 Conhecimento Científico 
1.2.5 Conhecimento Estético/Artístico 
1.2.6 Conhecimento Técnico. 
1.3 O Conhecimento Científico e sua correlação com o conhecimento 
popular 
1.4 Considerações finais 
 
 
MÓDULO 2 - Metodologias de pesquisa científica 
2.1 Conceito de Método 
2.2 Principais Métodos 
2.2.1 Método Indutivo 
2.2.2 Método Dedutivo 
2.2.3 Método Hipotético-Dedutivo 
2.2.4 Método Dialético 
2.2.5 Métodos específicos das Ciências Sociais 
 
 
 
 
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Módulo 3 - A organização dos Estudos na Universidade 
3.1 A Universidade e seus instrumentos de trabalho 
3.2 A documentação como método de estudo pessoal 
 
3.2.1 A documentação temática: o encontro com o pano de fundo 
3.2.2 A documentação bibliográfica: o encontro com o arquivo 
3.2.3 A documentação geral: o encontro com a história 
3.3 Diretrizes para leitura, estudo, análise e interpretação de textos 
3.3.1 Análise textual 
3.3.2 Análise temática 
3.3.3 Análise interpretativa 
3.3.4 Problematização 
3.3.5 Síntese Pessoal 
3.4 Considerações finais 
 
MÓDULO 4 - A Pesquisa Científica 
4.1 Indicações relevantes sobre a produção do texto 
4.1.1Elaboração de monografia: recomendações 
4.1.2 Elaboração de artigos científicos: recomendações 
4.1.3 Tipos e exemplos de citação 
4.1.4 Recomendações essenciais para evitar o plágio 
4.2.3 Quadro-síntese: formas de citação dos autores no texto de 
pesquisa 
4.2.4 Notas de rodapé 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO 5 – Redação e apresentação do trabalho científico 
6.1 Monografia 
 6.1.2 Elementos pré-textuais 
 a. Capa 
 b. Lombada 
 c. Folha de rosto 
 d. Ficha catalográfica 
 e. Errata 
 f. Dedicatória 
 g. Agradecimentos 
 h. Epígrafe 
 i. Resumo em língua estrangeira 
 k. Lista de ilustrações 
 l. Lista de tabelas 
 m. Sumário 
 6.1.3 Elementos textuais 
 a. Introdução 
 b. Revisão da Literatura 
 c. Metodologia 
 d. Resultados 
 e. Conclusão 
 6.1.4 Elementos pós-textuais 
 a. Referências 
 b. Glossário 
 c. Apêndices 
 d. Anexos 
6.2 Artigo Científico 
 6.2.1 A linguagem do artigo científico 
 6.2.2 Estrutura: 
 a. Introdução 
 b. Resumo 
 c. Resumo em língua estrangeira 
 
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 d. Palavras-chave 
 e. Desenvolvimento 
 f. Conclusão 
 g. Referências Bibliográficas 
 
MÓDULO 6 - Estrutura do artigo científico 
6.1 Linguagem do artigo 
6.1.1 Introdução 
6.1.2 Resumo 
6.1.2 Resumo em língua estrangeira 
6.1.3 Palavras-chave 
6.2 ARTIGO: corpo 
6.2.1 Introdução 
6.2.3 Desenvolvimento 
6.2.4 Considerações Finais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Apresentação 
 
 
 MÓDULO 1 – Introdução à Metodologia Científica 
 
 
Patrícia Helena Ferreira 
 
Disciplina: Técnicas em Pesquisa e Construção de Textos 
Científicos. 
Módulo 1 – Introdução à Metodologia Científica - Faculdade 
Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2016. 
Guia de Estudos – Módulo 1 – Introdução à Metodologia 
Científica. 
1. Conhecimento 2. Ciência 3. Metodologia 
 
Faculdade Campos Elíseos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Conversa Inicial 
 
Caro (a) aluno (a), 
 
Bem-vindo à disciplina Técnicas em Pesquisa e Construção de Textos 
Científicos. No primeiro módulo, Introdução à Metodologia Científica, 
discutiremos sobre o significado de conhecimento e suas diversas vertentes. 
Para tanto, no primeiro momento estudaremos as compreensões sobre o termo 
conhecimento e a necessidade de sistematização de uma disciplina que estuda 
as relações do homem com o conhecimento: a epistemologia. Na segunda parte 
do módulo destacaremos os principais tipos de conhecimento, a saber: 
conhecimento popular/empírico, conhecimento religioso/teológico, conhecimento 
filosófico; conhecimento científico, conhecimento estético/artístico e 
conhecimento técnico. Por fim, faremos uma breve correlação entre 
conhecimento empírico e conhecimento científico e terminaremos com algumas 
considerações sobre o “uso” da ciência. 
Agora com a descrição de toda a trajetória, podemos iniciar a nossa jornada de 
estudos. 
 
Ótimo aprendizado! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 1.1 Conhecimento: o desejo do universo 
 
Vivemos em um mundo onde “conhecimento” parece ser uma das 
palavras mais utilizadas e valorizadas atualmente. No excerto acima, o físico 
Stephen Hawkingi assevera que, desde o início do que se pode chamar de 
espécie humana, os homens têm o desejo de conhecer a ordem do mundo e 
também sobre si mesmos. 
Podemos então ir mais além e fazermo-nos mais algumas perguntas: 
 - O que significa conhecer? 
 - A capacidade de conhecer é inerente à espécie humana? 
 - O que nos diferencia dos diversos seres vivos que habitam nosso 
planeta? 
 - Como conhecemos? 
 - De que forma o conhecimento faz parte de nossas vidas? 
 
Desde a aurora da civilização as pessoas não se dão por satisfeitas com a 
noção de que os eventos são desconectados e inexplicáveis. Sempre 
ansiamos por compreender a ordem subjacente do mundo. Hoje, ainda 
almejamos saber por que estamos aqui e de onde viemos. O desejo 
profundo da humanidade pelo conhecimento é justificativa suficiente para 
nossa busca contínua. 
Stephen Hawking 
 
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Para aprofundarmos um pouco mais essa discussão, necessitamos buscar 
mais elementos que possam contribuir sobre o entendimento que temos 
atualmente sobre a própria ideia de conhecimento. 
A palavra “conhecimento” tem sua origem no latim. Ela provém do vocábulo 
COGNOSCERE, traduzido como “conhecer” ou “saber”. Este termo latino écomposto por: 
COM - “junto” + GNOSCERE - “obter conhecimento” 
 
Conhecer implica uma relação entre aquele que será o sujeito que 
conhece e o objeto a ser conhecido. Segundo Aranha e Martins (2002, p. 21), “a 
apropriação intelectual do objeto supõe que haja regularidade nos 
acontecimentos do mundo; caso contrário, a consciência cognoscível nunca 
poderia superar o caos”. 
Todos os dias “conhecemos”, isto é, entramos em contato/relação com os 
acontecimentos e coisas. Dessa forma, nos apropriamos desse conhecimento 
em prol de novos conhecimentos, mesmo quando não temos consciência de tal 
fato. Por exemplo, ao conhecermos uma nova “palavra” mobilizaremos nossas 
funções cognitivas para que essa seja aplicada em diversas situações da nossa 
vida cotidiana, desde as mais pessoais até as que estão relacionadas à atuação 
na sociedade, como profissionalmente ou em um contexto acadêmico. Podemos 
concluir então que conhecer é construir significados sobre algo que nos é 
apresentado. 
 De forma geral, entende-se que o conhecimento pode tanto designar o ato 
de conhecer, como abordado acima (relação entre sujeito cognoscente e objeto), 
quanto referir-se ao produto, a sistematização, o conhecimento acumulado pelo 
homem historicamente. O conhecimento, nesta última acepção, deixa de ser 
uma questão do ponto de vista individual para ser tratado como um patrimônio 
da humanidade. Em nossa disciplina abordaremos mais a concepção de 
 
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conhecimento a partir da segunda compreensão, ou seja, conhecimento como 
construção histórica. 
Embora tratemos do conhecimento como tal conjunto de saberes 
acumulados, não podemos deixar de considerar que a apreensão que fazemos 
mundo não é sempre tematizada, sendo inicialmente pré-reflexiva, mais no nível 
da intuição e da experiência (ARANHA; MARTINS, 2002). 
Pelo esforço constante do questionamento podemos sair desse grau de 
apreensão do mundo para nos aproximarmos de um pensamento cada vez mais 
complexo, que questiona as suas próprias bases. 
Desta forma, conforme as autoras supracitadas, podemos sintetizar que 
nossa relação de apreensão com o real (conhecimento) pode se dar de duas 
formas: 
• Pela intuição – forma de conhecimento imediato, feito sem intermediários. A 
intuição é uma visão súbita, o ponto de partida do conhecimento e está ligada à 
questão da inventividade. Pode ser classificada em: 
• Intuição sensível – ligada ao conhecimento imediato dos órgãos do sentido. Por 
exemplo, as sensações de frio e de calor. 
• Intuição inventiva – é da ordem do súbito. Está ligada aos sábios, cientistas e 
artistas, além de também transitar na vida cotidiana. 
• Intuição intelectual – representa o esforço para captar a essência do objeto. 
Como exemplo temos o cogito, de Descartes. 
• Pelo Conhecimento Discursivo – O conhecimento discursivo se dá por meio 
de conceitos, operando por etapas. Nesse modo de apreensão do real a razão 
(faculdade de julgar) necessita fazer abstrações (a abstração é o processo de 
pensamento em que as ideias são distanciadas dos objetos, usando a estratégia 
de simplificação). Podemos exemplificar: quando abstraímos a ideia de “casa”, 
conseguimos isolar e simplificá-la a tal ponto que a representação intelectual da 
casa independe dos diversos tipos de habitação. 
 Aranha e Martins (2002), por fim, discorrem que que tanto a intuição 
quanto o conhecimento discursivo são importantes, pois o conhecimento 
necessita transitar entre essas duas formas de apreensão do real, entre o vivido 
e o teorizado, entre o concreto e o abstrato. 
 
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Epistemologia: a teoria do conhecimento 
Chamamos de epistemologia ou gnosiologia o ramo da filosofia que se 
ocupa do conhecimento humano, especialmente nas relações que se 
estabelecem entre o sujeito e o objeto do conhecimento, pelo que também é 
designada de “teoria do conhecimento”. Em sentido mais restrito, a 
epistemologia refere-se às condições sob as quais se pode produzir o 
conhecimento científico e dos modos para alcançá-lo, avaliando a 
consistência lógica de teorias. Nesse caso, identifica-se com a filosofia da 
ciência. 
A epistemologia surge como disciplina autônoma na Idade Moderna, 
quando os filósofos começam a se preocupar sistematicamente com as 
questões de origem, essência e certeza do conhecimento humano e até hoje 
continua a estudar os fundamentos e as implicações ético-políticas do mesmo. 
 
 Síntese 
 
 
 
A palavra conhecimento provém do vocábulo COGNOSCERE, traduzido como 
“conhecer” ou “saber”. O termo conhecimento possui várias acepções, podendo 
ser destacadas: 
- ato de conhecer - relação entre o sujeito cognoscente e objeto); 
- o conjunto de saberes acumulados pelo homem historicamente. 
A epistemologia estuda a origem, a estrutura, os métodos e a validade do 
conhecimento. Também é conhecida como teoria do conhecimento e relaciona-
se com a metafísica, a lógica e a filosofia da ciência 
 
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 1.2 Os tipos de conhecimento 
 
Embora a disciplina de metodologia científica esteja preocupada com o 
conhecimento científico, não podemos deixar de considerar que este não é o 
único existente. Ao longo de toda sua existência o homem vem acumulando 
conhecimentos desde o seu nascimento, conhecimentos vitais e 
necessários para a sua sobrevivência. 
 Podemos distinguir, a partir dos principais livros e compêndios sobre 
metodologia científica, quatro tipos principais de conhecimento: o conhecimento 
popular ou senso comum, o conhecimento teológico/religioso, o conhecimento 
filosófico e o conhecimento científico. Acrescentaríamos a esta lista o 
conhecimento técnico e o conhecimento estético/artístico. Cada um deles 
presenta características próprias e específicas, mas não podemos referenciar 
uma ordem de importância entre eles. Não existe um conhecimento que seja 
melhor do que outro; cada um deles, dentro de seu escopo, possui o mesmo 
objetivo: responder às nossas dúvidas atuais e criar novas dúvidas. Apesar de o 
conhecimento científico ser o mais sistematizado, podemos afirmar que a ciência 
não é o único caminho que leva à verdade. 
 A seguir, analisaremos cada um deles. 
 
1.2.1 Conhecimento Popular/Empírico 
 
 Leia o texto a seguir com atenção. 
 O excerto abaixo demonstra que a dona de casa que necessita fazer 
compras para a família realizou várias operações mentais para saber adequar a 
quantia de dinheiro que possuía com o preço das mercadorias, os gostos de 
cada membro e até os benefícios de cada alimento. 
 
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Nesse trecho temos um exemplo concreto de conhecimentos que são 
ativados/mobilizados no dia-a-dia por todos nós, sem que muitas vezes o 
percebamos. 
 
 
Embora saibamos que a Sra. “X”, como escolhemos denominá-la, 
recorreu a saberes advindos dos mais variados campos, que tipo de 
conhecimento ela mais mobilizou em suas escolhas? 
O conhecimento popular, empírico ou do senso comum, é aquele que se 
se adquireno trato direto com as coisas e os seres humanos. As informações 
são assimiladas pela tradição e por meio de experiências causais e 
assistemáticas. Tem como objetivo primeiro a resolução dos problemas 
Ela é uma dona de casa. Pega o dinheiro e vai à feira. Não se formou em coisa 
alguma. Uma pessoa comum, como milhares de outras. Vamos pensar como ela 
funciona, lá na feira, de barraca em barraca. Seu senso comum trabalha com 
problemas econômicos: como adequar os recursos que dispõe, em dinheiro, às 
necessidades de sua família, em comida. E para isso ela tem de processar uma série 
de informações. Os alimentos oferecidos são classificados em indispensáveis, 
desejáveis e supérfluos. Os preços são comparados. A estação dos produtos é 
verificada: produtos fora de estação são mais caros. Seu senso econômico, por sua 
vez, está acoplado às outras ciências. Ciências humanas, por exemplo. Ela sabe que 
os alimentos não são apenas alimentos. Sem nunca ter lido Veblen ou Lévi-Strauss, 
ela sabe do valor simbólico dos alimentos. Uma refeição é uma dádiva da dona de 
casa, um presente. Com a refeição ela diz algo. Oferecer chouriço para um marido de 
religião adventista, ou feijoada para uma sogra que tem úlceras, é romper claramente 
com uma política de coexistência pacífica. A escolha dos alimentos, aqui, não está 
regulada apenas por fatores econômicos, mas por fatores simbólicos, sociais e 
políticos. Além disso, a economia e a política devem dar lugar ao estético: o gostoso, 
o cheiroso, o bonito. E para o dietético. Assim, ela ajunta o bom para comprar, o bom 
para dar, com o bom para ver, cheirar e comer, com o bom para viver. 
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 
19. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2015. 
 
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cotidianos. Nossas crenças, tradições e saberes populares são exemplos nítidos 
dessa forma de conhecer. 
Segundo Trujillo (1974, Apud MARCONI; LAKATOS, 2004), o 
conhecimento popular possui as seguintes características: 
• É valorativo – fundamenta-se numa seleção com base em estados de 
ânimo e sensações. Os valores do sujeito contribuem para a construção do 
objeto de conhecimento; 
• É reflexivo – faz análise de um determinado objeto, mas a mesma está 
limitada à familiaridade com o elemento, não podendo ser reduzido a uma 
formulação geral; 
• É assistemático – casual, baseia-se na organização particular própria do 
sujeito e não na sistematização de ideias. 
• É verificável – confirmado dentro da sua especificidade, que é a vida 
cotidiana. 
• É falível e inexato – pelas suas características de assistematicidade e 
informalidade. Tal tipo de conhecimento não permite a formulação de hipóteses. 
 
1.2.2 Conhecimento Religioso/Teológico 
 
 O conhecimento religioso é aquele adquirido a partir da aceitação de 
axiomasii da fé teológica, é fruto da revelação da divindade, por meio de 
indivíduos inspirados que apresentam respostas aos mistérios que permeiam a 
mente humana. O conhecimento teológico ou religioso preocupa-se com 
verdades absolutas, verdades correlacionadas à fé. O sagrado é explicado por si 
só. Há, nesse tipo de conhecimento, uma tentativa mítica ou mágica de 
explicação do mundo. 
Embora considerado como religioso, não está ligado diretamente a uma fé 
específica, mas sim a uma relação com o sagrado e com explicações 
ritualísticas e mágicas do mundo. 
Vejamos o exemplo abaixo: 
 
 
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Tal como em outras narrativas religiosas, a narrativa indígena acerca da 
criação do mundo, segundo o ritual do Kuarup, tem como objetivo oferecer uma 
verdade acerca da ordem terrena, a partir de lógicas que não podem ser 
explicadas sistematicamente, somente podem ser aceitas e interiorizadas. O fiel 
não está à procura da evidência lógica dos fatos, mas sim da causa primeira, ou 
seja, a revelação divina. 
 Sintetizando, podemos dizer que o conhecimento teológico possui as 
seguintes características (TRUJILLO, 1974, Apud MARCONI; LAKATOS, 2004): 
• É valorativo – suas doutrinas são inspiradas em proposições sagradas; 
• É inspiracional – sua verdade provém da revelação da palavra; 
 
Morená: a praia sagrada 
O largo e comprido rio Xingu não tem nascente própria. O encontro de três rios, dois 
largos, Kuluene e Ronuru, e um estreito, Batovi, é que forma o grande rio. Nessa 
confluência, esses três rios formam também uma praia extensa e muito bonita que os 
índios chamam de Morená. 
Essa praia é muito importante na vida de muitas aldeias da região. Foi ali que o 
criador Mavutsinin criou os índios. No cerimonial do Kuarup, os índios fazem uma 
verdadeira representação do ato de criação. 
- Pai, como é que a gente apareceu no mundo? – perguntou Acanai. 
- Mavutsinin criou todos nós – respondeu o pai, Cuiparé. 
- Quem é esse? Não é aquele que na festa do Kuarup canta a noite inteira e de 
madrugada chora? – indagou o menino. 
- Os nossos Aramoên contavam que Mavutsinin cortou alguns toros de madeira e 
transformou, lá no Morená, todos em gente. 
(...) 
- Quando o dia estava clareando Mavutsinin começou a cantar e chorar. Daí o sol 
apareceu e, com o seu calor, os toros tomaram vida. Foi assim que Mavutsinin criou 
todo o pessoal – explicou Cuiaparé. 
In: VILLAS BOAS, Cláudio e Orlando. Histórias do Xingu. São Paulo: Companhia das 
Letrinhas, 2013. 
 
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• É Infalível e exato – indiscutível e preciso. Não há do quê duvidar; 
• É sistemático – apresenta uma explicação causal e organizada do mundo; 
• Não é verificável – Sendo obra do criador divino, suas evidências não podem 
ser verificáveis. Tais evidências provêm de uma relação com o sobrenatural; 
 
1.2.3 Conhecimento Filosófico 
 
 A Filosofia e Ciência podiam ser consideradas como um só corpo de 
conhecimento até o final do século XIX, quando houve uma cisão mais definitiva 
entre as duas devido ao Positivismoiii. Ambas têm como objetivo a busca da 
verdade. Ambas buscam uma sistematização do conhecimento. 
 Mas o que diferencia a Filosofia da Ciência e dos demais tipos de 
conhecimento? 
 Vejamos como Bertrand Russel, conhecido filósofo do século XX, discorre 
a respeito de algumas das proposições da Filosofia. 
 
 
 
 
 
Em si, a filosofia não pretende resolver as nossas 
dificuldades nem salvar as nossas almas. Como dizem os gregos, é uma 
espécie de aventura turística que se empreende por gosto. Portanto, em 
princípio, não há nenhuma questão de dogma, nem de ritos, nem de entidades 
sagradas de qualquer tipo, ainda que os filósofos, individualmente, possam ser 
obstinadamente dogmáticos. 
RUSSELL, Bertrand. História do pensamento ocidental: a aventura dos pré-
socráticos à Wittgenstein. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. 
 
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O conhecimento filosófico, segundo Marconi e Lakatos (2004), 
caracteriza-se pelo esforço da razão em questionar os problemas humanos, 
recorrendo à razão. O objeto de análise da filosofia são as ideias, as relações 
conceituais, a existênciaenfim. Dessa forma, não há como reduzir tais 
questionamentos à verificação e à comprovação por meio da experiência. 
 Para Aranha e Martins (2002), enquanto que a ciência tende a 
especificidade, a filosofia considera seu objeto de estudo do ponto de vista da 
totalidade. Sua visão é de conjunto, tentando superar a fragmentação do real. 
Ainda, a filosofia não elabora juízos de realidade, como a ciência, mas juízos de 
valor, procurando dar sentido à experiência. Por fim, continuam as autoras, por 
meio da reflexão filosófica que o homem sai da dimensão puramente prática e 
toma o distanciamento necessário para a avaliação dos fundamentos dos atos 
humanos. 
 
Sintetizando, de acordo com Trujillo (1974, Apud MARCONI; LAKATOS, 
2004), o conhecimento filosófico pode ser considerado como: 
 
• Valorativo – suas hipóteses não podem ser submetidas à observação. 
• Não verificável – os resultados dessas hipóteses não podem ser 
confirmados, nem refutados; 
• Racional – pois está configurado a partir de um conjunto de enunciados 
logicamente correlacionados; 
• Sistemático – pois visa a uma compreensão coerente da realidade, com 
objetivo de apreendê-la; 
• Infalível e exato – seus postulados não são submetidos à observação. 
 Por fim, adentraremos na discussão do conhecimento científico, o qual, para fins 
da elaboração de trabalhos de conclusão de curso e monografias, é o que se 
apresenta como referência por apresentar características que objetivam a 
sistematização, a racionalização e a generalização do saber. 
 
 
 
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Na primeira metade do século XX, Einstein descreveu a trama do espaço e do 
tempo coma teoria da relatividade, enquanto Bohr e seus jovens amigos 
capturaram em equações a estranha natureza quântica da matéria. Na 
segunda metade do século XX, os físicos trabalharam a partir desses 
fundamentos, aplicando as duas novas teorias aos mais variados domínios da 
natureza: do macrocosmo da estrutura do universo ao microcosmo das 
partículas elementares. 
...... 
A ciência, antes de ser um conjunto de experimentos, medições, matemáticas 
e deduções rigorosas, constitui-se principalmente de visões. O pensamento 
científico se nutre da capacidade de “ver” as coisas de modo diferente de 
como elas eram vistas antes. 
ROVELLI, Carlo. Sete breves lições de física. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015. 
 
Conhecimento Científico 
 
Há diversas tentativas de definição de Ciência. Etimologicamente, o vocábulo 
procede do latim SCIENTIA, “conhecimento”, de SCIRE, “conhecer, saber”, que 
provavelmente no seu início significava “distinguir, separar coisas” e também de 
uma raiz Indoeuropeia SKEI, “cortar, separar”. 
 Nos dicionários, dentre outros significados mais gerais, o vocábulo ciência 
costuma ser designado por um “conjunto organizado de conhecimentos 
relacionados a uma determinada área do saber, obtidos por meio da observação 
e método experimental para formulr leis gerais e que expliquem os fenômenos 
ou fatos estudados” (BECHARA, 2011, p. 414). 
 Para Marconi e Lakatos (2004), a ciência está relacionada a uma 
sistematização dos conhecimentos, por meio de um conjunto de proposições 
logicamente relacionadas sobre um fenômeno que se quer estudar. Essas 
proposições são passíveis de verificação. Pode-se dizer também que existem 
critérios comuns que compõem a ciência: a confiabilidade do seu corpo de 
 
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conhecimentos, sua organização e seu método. Embora saibamos que o 
conceito de ciência ultrapassou a área das chamadas ciências físicas e 
biológica, incorporando nesse entendimento também as ciências humanas, 
ainda há grande divergência acerca dos pressupostos apontados acima, 
principalmente no que diz respeito à área das humanidades. 
 O que não se pode discordar é que o conhecimento científico traz 
consigo, desde o seu nascimento, nas raízes da modernidade, um novo modo 
de apreender as coisas, não de maneira ocasional, mas a partir da correlação 
causa-efeito, buscando a organização de leis explicativas a partir desta 
correlação. 
Segundo Ander-Egg (1978, Apud MARCONI; LAKATOS, 2004), a ciência 
é um tipo de conhecimento racional, certo ou provável, obtido 
metodicamente, sistemático e verificável, que está relacionado a objetos da 
mesma natureza. 
Complementando, Trujillo (1974, Apud MARCONI; LAKATOS, 2004), sisntetiza 
as principais características do conhecimento científico: 
• É contingente – suas proposições são submetidas à verificação por meio da 
experimentação; 
• É sistemático – é uma saber logicamente ordenado, formado por um sistema de 
ideias; 
• É verificável – suas hipóteses são testadas e comprovadas; 
• É falível – em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final; 
• É aproximadamente exato – pois está sempre em reformulação. 
 
Síntese 
 Após tomarmos contato com os principais tipos de conhecimento 
apontados por diversos autores, façamos um quadro comparativo das principais 
características dos principais tipos de conhecimento: 
 
 
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CONHECIMENTO 
POPULAR/EMPÍRICO 
CONHECIMENTO 
CIENTÍFICO 
CONHECIMENTO 
FILOSÓFICO 
CONHECIMENTO 
TEOLÓGICO 
Valorativo 
Reflexivo 
Assistemático 
Verificável 
Falível 
Inexato 
 
Real (factual) 
Contingente 
Sistemático 
Verificável 
Falível 
Aproximadamente 
exato 
Valorativo 
Racional 
Sistemático 
Não verificável 
Infalível 
Exato 
Valorativo 
Inspiracional 
Sistemático 
Não verificável 
Infalível 
Exato 
 
* MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. 
São Paulo: Atlas, 2004. 
 
1.2.5 Conhecimento Estético/Artístico 
 
 
 
 
 
 
 René Magritte – Les Deux Mystères, 1966. 
 
 
 - O que esse quadro de René Magritte representa? 
 - Por que podemos caracterizá-lo como uma obra de arte? 
 - Quais sensações essa obra nos causa que entram em contato com a 
mesma? 
 - Que relações podemos estabelecer entre tal obra e nossas formas de 
conhecer o mundo? 
 
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 Para Martins, Picosque e Guerra (1998), a relação que o homem 
estabelece com a realidade é mediada por diferentes linguagens e sistemas 
simbólicos. O mundo tem o significado que construímos para ele. A arte é uma 
forma privilegiada de conhecimento porque prescinde das certezas da ciência. 
 Segundo Aranha e Martins (2002), assim como a ciência e o mito são um 
tipo de organização da experiência humana, a arte é um caso de entendimento 
intuitivo do mundo, uma forma de expressão. 
 O conhecimento estético/artístico não tem como objetivo recriar a 
natureza ou descrevê-la, mas criar símbolos que são as obras de arte, objetos 
sensíveis, individuais que expressam a vitalidade da relação do homem com o 
mundo. A arte tem por uma de suas funções o alargamento da experiência 
humana com o sensível. 
Em suas diversas manifestações, na pintura, desenho,música, dança, 
teatro e outras formas de expressão, o conhecimento artístico é uma das formas 
privilegiadas de contato do homem com o mundo, daí sua entrada na 
classificação dos tipos de conhecimentos aqui apresentada. 
 
1.2.6 Conhecimento Técnico 
 
 O termo grego tecné corresponde ao nosso saber fazer, o know how. 
Este tipo de conhecimento requer a intervenção da razão, a qual que 
estabelece regras de procedimentos para a execução de diferentes atividades 
ou tarefas. A técnica é o conhecimento do “como” fazer algo e dos meios que 
podem ser utilizados para a realização de tarefas. 
 Utiliza-se o conhecimento técnico como aplicação de formas e métodos 
para resolução de problemas, tendo como objetivo o domínio do mundo e da 
natureza. Por fim, trata-se de um saber que auxilia o homem na sua relação com 
o mundo, pelo modo como orienta, sistematiza e procedimentaliza os saberes. 
Frequentemente, o conhecimento técnico está na base da profissionalização. 
 
 
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Agora que tomamos contato com os diferentes tipos de conhecimento e 
concluímos que a coexistência entre os mesmos não se dá de uma forma 
hierarquizada, embora o pareça, faremos uma breve análise de uma relação por 
muitas vezes debatida, principalmente no meio educativo: a do conhecimento 
popular versus conhecimento científico. 
 
 
1.3 O Conhecimento Científico e sua correlação com o conhecimento 
popular 
 
 
Nos últimos tempos, o conhecimento científico e a ciência começaram a 
ocupar um patamar na vida da sociedade que nos leva, muitas vezes, à 
compreensão de que só este tipo de relação com o mundo e com o saber é tido 
como válido. As imagens sobre a ciência e os cientistas os transformaram em 
objetos quase divinos e por vezes sacralizados. Alves (2015, p. 10) adverte-nos 
sobre esse perigo: “o cientista virou um mito. E todo o mito é perigoso, porque 
induz o comportamento e inibe o pensamento. Esse é um dos resultados 
engraçados (e trágicos) da ciência”. O propósito dessa seção é, de certa forma, 
dar a importância devida ao conhecimento científico, mas, ao mesmo tempo 
dessacralizá-lo. 
A admiração é filha da ignorância, porque ninguém se admira senão das 
coisas que ignora principalmente se são grandes; e mãe da ciência, porque 
admirados os homens das coisas que ignoram, inquirem e investigam as 
causas delas até as alcançarem, e isto é o que se chama ciência. (Padre 
Antônio Vieira). 
 
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Desde a Antiguidade o homem, em sua relação com o mundo, constrói 
uma série de conhecimentos que permitem sua sobrevivência e adaptação aos 
diferentes meios em que vive. Desde um simples processo de plantio e colheita 
de hortaliças, legumes e tubérculos até um sofisticado procedimento de 
confecção de alimentos industrializados e sintetizados. Os dois processos 
convivem até hoje e não são excludentes entre si. 
Conforme Marconi e Lakatos (2004) o que difere o conhecimento popular 
do científico não é nem a veracidade, nem a natureza do objeto conhecido. A 
diferença reside na forma, modo ou método e os instrumentos de conhecer. 
 Isso faz com que cheguemos à seguinte conclusão: 
• A ciência não é a única forma de conhecimento; 
• Pode-se analisar um mesmo fenômeno ou objeto sob o ponto de vista do 
homem “comum” ou da ciência. 
 Tanto o senso comum quanto a ciência buscam a coerência e a 
objetividade, buscam a ordem. Para Alves (2015), a ciência não é uma forma de 
conhecimento diferente do senso comum. Fazendo uma analogia com os órgãos 
do corpo humano, o autor argumenta que a ciência é uma hipertrofia e 
especialização de um desses órgãos, de uma forma mais sistemática. Ambos 
(senso comum e ciência) partem de um problema e vão, a partir de sua 
observação e análise, tentar resolvê-lo. O que difere é a forma, o controle e a 
sistematização dos modos de resolução. 
 
O conhecimento popular ou do senso comum talvez seja a primeira forma 
de conhecimento a ter surgido sobre a face da Terra. Tal forma de conhecimento 
da realidade é extremamente importante. Sem ele não poderíamos resolver os 
problemas mais simples do nosso dia-a-dia, pois nos defrontamos diretamente e 
a todo o momento com fenômenos os quais exigem respostas rápidas. Não há, 
entretanto, nesse tipo de relação com o mundo uma preocupação com o 
método, com a organização e sistematização do conhecimento, nem com uma 
formulação teórica generalizante do que ali se apreendeu. 
 
 
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Já a ciência se distingue por ser um tipo de conhecimento que se 
caracteriza como racional, analítico, sistemático, cumulativo, explicativo, 
preditivo e generalizante. Essa configuração o diferencia do conhecimento 
popular/empírico e dos demais estudados no presente módulo, mas não lhe 
assegura o status de “sagrado”, até porque, como já visto anteriormente, ele é 
falível e está em constante renovação. 
 
Um último ponto necessita aqui ser destacado. O “poder” da ciência deve 
ser objeto de constante vigília do pensamento, pois a mesma pode estar a 
serviço do homem ou contra o mesmo. Não há, embora muitos o digam, a 
neutralidade da ciência. Ela está sempre imersa no debate ético e político das 
sociedades. Todos nós, com lugar especial dado aos cientistas e aos governos, 
temos responsabilidade pelos rumos que são dados a partir das inúmeras 
descobertas que nos assolam diuturnamente. Temos que constantemente nos 
perguntar: o que estamos fazendo de nós e dos outros, como já diria Michel 
Foucault, importante pensador do século XX. 
 
 Considerações Finais 
 
 Chegamos ao fim do Módulo 1, “Introdução à metodologia científica”. 
Neste segmento iniciamos nossa conversa com questões que perpassarão sua 
vida enquanto estudante de pós-graduação, das quais destacamos a definição 
do que é conhecimento, os diferentes tipos de conhecimento e a correlação 
entre conhecimento popular ou empírico e o conhecimento científico. 
 Esperamos que esse início sirva como plataforma para os módulos 
posteriores, os quais afunilarão as questões abordadas aqui e desembocarão 
em orientações para escrita dos trabalhos acadêmicos. 
 
 
 
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 Não se esqueçam de aprofundarem seus estudos consultando as 
referências bibliográficas e a indicação de leitura suplementar. 
 Por fim, lançaremos modos de conversa com todos alunos a partir do 
nosso fórum e também por meio de algumas questões sobre o tema abordado 
neste módulo. 
Até o próximo encontro!! 
 
 
NOTAS EXPLICATIVAS 
 
Stephen William Hawking é um físico teórico e cosmólogo britânico e um dos 
mais consagrados cientistas da atualidade. Atualmente, é diretor de pesquisa do 
Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica (DAMTP) e fundador do 
Centro de Cosmologia Teórica (CTC) da Universidade de Cambridge. Publicou 
diversos livros, dentre eles “Uma breve história do tempo”, best seller 
internacional que sintetiza suas pesquisas no campo da cosmologia. 
 
1 Proposição que se admite como verdadeirae que serve de fundamento a uma 
teoria; postulado; princípio ou afirmação sancionada pela experiência e tida pela 
generalidade das pessoas como clara e evidente. 
1 O positivismo é uma corrente filosófica que surgiu na França no começo do 
século XIX, tendo como principais defensores Augusto Comte e John Stuart Mill. 
O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma 
de conhecimento verdadeiro e que somente podemos afirmar que uma teoria é 
válida se for passível de comprovação por meio de métodos científicos válidos. 
Fonte: http://www.suapesquisa.com/o_que_e/positivismo.htm 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Apresentação 
 
 
 
MÓDULO 2 - Metodologias de pesquisa científica 
 
 
Cláudia Ribeiro Calixto 
 
Técnicas em Pesquisa e Construção de Textos Científicos. 
Módulo 2 – Métodos Científicos – Faculdade Campos 
Elíseos (FCE) – São Paulo – 2016. 
Guia de Estudos – Módulo 2 – Métodos Científicos. 
1. Metodologia 2. Métodos Científicos 3. 
 
Faculdade Campos Elíseos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Conversa Inicial 
 
Caro (a) aluno (a), 
 
No primeiro módulo, percorremos as bases epistemológicas do conhecimento – 
origem, estrutura, métodos e processos de validação do conhecimento. No 
trajeto, destacamos os diferentes tipos de conhecimentos (popular, teológico, 
filosófico, científico, estético, técnico). Retomamos nossa jornada de estudos 
nesse segundo módulo, tematizando uma questão de relevância no trajeto de 
uma pesquisa: a metodologia de investigação. Aportaremos no tema métodos 
científicos e nos ateremos ao modo como, sob o paradigma científico, o homem 
produziu, e vem produzindo, uma forma específica de acesso ao conhecimento, 
e que prevê procedimentos próprios de acesso à realidade e estabelecimento de 
conhecimentos – científicos. Disporemos os principais métodos constantes de 
literatura acadêmica, suas características e o contexto histórico de sua 
produção. 
 
Retomemos, então, nossa jornada de estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 A atividade de investigação no campo de qualquer saber que se intitule 
científico pressupõe o emprego de um caminho que permita ao pesquisador uma 
afirmação assertiva acerca de um fenômeno físico, biológico, matemático, 
químico ou social. Ao final de uma pesquisa afirma-se ou se nega uma resposta 
a um problema. Essa resposta, sempre provisória, comporá um corpus1 de 
conhecimento de determinada área de saber. 
Historicamente constituído, o método científico pressupõe um modo de 
aproximação e tratamento do objeto de pesquisa que se pretende interrogar. É o 
que veremos a seguir. 
 
 2.1 Conceito de Método 
Etimologicamente, a palavra método deriva do vocábulo méthodos do 
latim tardio (meta) e da palavra grega hodós (vida, caminho). Como conceitua 
Antônio Geraldo da Cunha (2010, p.424) a palavra refere-se à “ordem que se 
segue na investigação da verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar 
um fim determinado”. 
O método científico é, por sua vez, “um conjunto de procedimentos por 
intermédio dos quais (a) se propõe os problemas científicos e (b) colocam-se à 
prova as hipóteses científicas” (BUNGE apud LAKATOS e MARCONI, 2004, 
 
11 Do latim cörpus (CUNHA, 2010, p.182), o termo remete à coletânea ou conjunto de documentos, de 
pesquisas científicas, acerca de determinado tema. 
Uma prática de pesquisa é um modo de pensar, sentir, 
desejar, amar, odiar, uma forma de interrogar, de suscitar acontecimentos, 
de exercitar a capacidade de resistência e de submissão ao controle 
(CORAZZA, 2002, p.124). 
 
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p.45). Assim, conforme asseveram Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade 
Marconi (ibidem), o método constitui-se das atividades sistemáticas e racionais 
que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo, qual seja, o 
conhecimento considerado válido e verdadeiro. O método permite traçar um 
caminho a ser seguido e, por um emprego sistemático de procedimentos, 
possibilita a detecção de erros e orienta as decisões do pesquisador. 
Sob a égide desse paradigma epistemológico, o conhecimento científico, 
para ser validado como tal, deveria ser passado por dados procedimentos 
(LAKATOS e MARCONI, 2004): 
 
• a experimentação, a qual pressupõe a observação, o registro 
sistemático e experimentos acerca de dado problema de pesquisa; 
• a formulação de hipóteses, as quais procuraram estabelecer 
relações de causa e efeito implicados e determinantes no 
fenômeno estudado; 
• a repetição, ou seja, uma experimento deve obter os mesmos 
resultados sob condições diferentes de ambiente e sob realização 
de outros cientistas; 
• a testagem das hipóteses, por meio da qual busca-se novos 
dados, elementos, variáveis e evidências que a confirmem; 
• a formulação de generalizações e leis, fundamentadas nas 
evidências constadas, generalizando suas explicações para os 
fenômenos da mesma natureza. 
 A título de localização teórica, façamos um brevíssimo recuo histórico do 
método científico. 
Suas disposições originam-se em investigações acerca dos fenômenos 
físicos e da natureza efetivadas no alvorecer da Modernidade, no século XVII, 
com destaque às pesquisas e formulações de Galileu Galilei (1564-1642), cuja 
teoria heliocêntrica, dentre outras, veio a abalar as crenças, a alterar 
radicalmente percepção do homem sobre o mundo e sobre si mesmo, bem como 
ensejou o desenvolvimento de procedimentos inaugurais de indagação e 
investigação dos fenômenos e estabelecimento de conhecimentos validados 
 
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como verdadeiros. A partir desse período da história da humanidade, a ciência 
ganhou proeminência nas narrativas sobre o mundo e sobre o homem: surge o 
indivíduo moderno. 
A partir do século XIX, os métodos de investigação científica são 
reivindicados às ciências sociais, que almejam o estatuto de saber científico. 
Assentados em procedimentos originários das chamadas ciências “duras” (física, 
matemática, astronomia etc.) são migrados para o estudo em diferenciados 
campos de saber, como a educação e a psicologia, por exemplo. 
 2.2 Principais Métodos 
Convém destacarmos, a essa altura de nosso estudo, que a emergência 
de uma pesquisa provém de uma inquietação com alguma pergunta, com um 
problema a ser investigado e o trabalho de investigação está crivado de 
decisões importantes, dentre as quais: O que, por que e para que investigar? 
Que passos seguir? Em quais fontes pesquisar? 
Tais perguntas estão impregnadas de implicações ético-políticas e 
metodológicas, dentre as quais a escolha do método. Hora, pois, de o 
pesquisador,uma vez definido o objeto, a finalidade e a abordagem teórica que 
orientará o estudo, debruçar-se sobre o caminho que permitirá a melhor 
abordagem ao seu problema de pesquisa. Nesse momento, então, nos 
deparamos com uma questão crucial e importante, a saber: Qual o melhor 
método para o objeto que se pretende investigar? 
Todo método está inserido em dada tradição epistemológica, ou seja, ele 
pressupõe um conjunto de crenças e apostas acerca do conhecimento e das 
formas de conhecer. 
Seguiremos, agora, com uma disposição dos principais métodos de 
pesquisa científica constantes da literatura acadêmica e que historicamente 
foram inseridos como procedimentos de investigação dos fenômenos na 
empreitada do homem na busca pelo conhecimento. 
 
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2.2.1 Método Indutivo 
 
“A melhor prova é a experiência”. 
Francis Bacon 
No início do século XVII, período da chamada Revolução Científica, sob 
impacto das pesquisas e formulações acerca do mundo, então desenvolvidas, 
em especial as teorias de Galileu e Newton, Francis Bacon (1561-1626), 
cientista e filósofo britânico, estabeleceu um novo sistema de investigação, 
definindo o método indutivo para conduzir as experiências científicas 
(BUCKNGHAM, 2011). Lembremos que, até esse momento da história, a visão 
de mundo vigente na Europa Ocidental era teocêntrica e o conhecimento era 
efeito de uma revelação externa, a palavra de Deus, não passando pelo crivo 
das percepções ou da razão humanas. 
Para Bacon, a boa ciência, o bom conhecimento, deveria gerar uma 
produção. De orientação utilitária e pragmática, emerge uma percepção de que 
os frutos da prática científica deveriam produzir efeitos positivos para maioria 
das pessoas. Tem-se aqui o nascimento da metodologia científica moderna e da 
tradição da pesquisa científica voltada à intervenção na natureza. 
O método indutivo firmou-se como procedimento do Empirismo2, sendo 
que a fonte e a base do conhecimento dar-se-iam pela experiência empírica, ou 
seja, passariam necessariamente pela experiência sensível, em que os sentidos 
seriam fatores decisivos na apreensão do verdadeiro. Por essa lógica, um fato 
 
2 Trata-se de uma teoria do conhecimento segundo a qual a fonte do conhecimento provém da 
experiência empírica, ou seja, só é passível de conhecimento aquilo que for passível pela experiência e 
pela sensação (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006).São alinhados a essa doutrina além de Francis Bacon, Locke 
e Hume. 
 
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ou fenômeno só existe e é explicável se percebido pelos sentidos. Aqui, os 
dados apreendidos da experimentação, da observação, pelos sentidos, seriam 
sistematizados pela razão, a qual permitiria, então, chegar-se a uma lei geral e 
ao estabelecimento de relações de causa e efeito. 
Vejamos alguns exemplos (LAKATOS e MARCONI, 2004, p.53-54): 
O corvo 1 é negro. 
O corvo 2 é negro. 
O corvo 3 é negro. 
O corvo n é negro. 
Conclusão: (todo) corvo é negro. 
 
Cobre conduz energia. 
Zinco conduz energia. 
Cobalto conduz energia. 
Ora, Cobre, zinco e cobalto são metais. 
Logo (todo) metal conduz energia 
 
O homem Pedro é mortal. 
O homem José é mortal. 
O homem João é mortal. 
Conclusão: (todo) homem é mortal. 
 
Como podemos observar no exemplo supracitado, a indução parte de 
fatos, fenômenos particulares, dados singulares, os quais passam pelo 
tratamento do método científico, deles infere-se uma verdade geral ou universal. 
A parte analisada isoladamente não dá conta da explicação de um fenômeno ou 
categoria, o que não permitiria extrair-lhe, isoladamente, uma lei geral. É a 
análise de um conjunto de elementos ou partes que se poderá chegar a uma 
generalização e extrair relações causais aos fenômenos analisados. 
No emprego desse método de pesquisa, uma premissa acertada 
conduzirá a um resultado válido: se uma premissa é verdadeira, a conclusão que 
se chegará será verdadeira. 
 
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Na indução, o caminho de raciocínio e de definição do conhecimento vai, 
pois, do específico ao geral, do particular ao universal, dos indivíduos às 
espécies, das espécies ao gênero, dos fatos às leis. Ela se realiza em três 
etapas: 
• observação dos fenômenos; 
• estabelecimento da relação entre eles (hipótese); 
• generalização dessa relação. 
Conforme destacam Lakatos e Marconi (2004), a utilização da indução 
como procedimento implica ao pesquisador, no momento de sua decisão 
metodológica, o levantamento de pelo menos duas perguntas fundamentais: 
 
Síntese 
 
O método indutivo vai da análise dos elementos e das partes para alcançar uma 
lei geral ou universal. Seu procedimento se apoia na experiência e os sentidos 
desempenham um papel essencial: um fenômeno ou objeto só são apreensíveis 
à medida que passam pela experiência sensorial. Trata-se da síntese como 
método. 
 
 
 
 
Qual a justificativa para as inferências indutivas? 
Qual a justificativa para a crença de que o futuro será como o 
passado? 
 
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2.2.2 Método Dedutivo 
 
 
 
“É necessário que ao menos uma vez na vida você duvide, tanto 
quanto possível, de todas as coisas .” 
René Descartes 
 
O método dedutivo foi investido pelos pensadores alinhados ao 
Racionalismo3, dentre os quais seu mais proeminente representante: René 
Descartes (1596-1650). Em meio à Revolução Científica do século XVII, o 
filósofo francês deslocou o paradigma do entendimento humano sobre o homem 
e os objetos, fundando o pensamento moderno, o qual alicerça uma forma de 
compreender o mundo e a forma de conhecimento por meio da lógica racional. 
Descartes com sua obra “Discurso sobre o método” questiona a lógica da 
indução. Para o filósofo, os sentidos são falhos e podem nos induzir ao erro. 
Quem garante que o que vejo ou percebo são de fato reais ou são fruto de uma 
ilusão, de um sonho? – pergunta-se. 
Nessa linha de raciocínio, Descartes defende a dúvida como método. 
Uma vez que os sentidos podem induzir ao erro, é necessário pautar-se na 
razão. Para ele, a radicalidade da dúvida geraria a radicalidade da primeira 
certeza. Por meio da célebre frase “Penso, logo existo” (DESCARTES, 2016, 
p.24) defendeu que a razão é o único meio seguro e infalível de se chegar ao 
 
3 Trata-se de uma escola de pensamento que apregoa a supremacia da razão sobre todas as faculdades 
humanas, bastando o juízo racional para a elaboração de preceitos considerados verdadeiros. A razão 
constitui o fundamento de todo o conhecimento possível (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006). São filiados a 
essa doutrina, além de Descartes, Espinoza, Leibniz e Kant. 
 
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conhecimento verdadeiro. Podemos duvidar de tudo o que existe, mas ao 
duvidar estamosfazendo uso da razão. No próprio ato de duvidar temos o 
entendimento que estamos duvidando – e disso não podemos duvidar. 
Assim, para o filósofo, existem verdades universais que somente podem 
ser acessadas pelo uso eficiente da razão. Ele desenvolve uma teoria inatista do 
conhecimento, defendendo que os conhecimentos já existiriam dentro de cada 
um de nós, e pela razão, e apenas por meio dela, seria possível acessá-lo e 
produzir, a partir dele, outros conhecimentos. 
A dedução constitui o cerne do método cartesiano. Trata-se de uma forma 
de raciocínio por meio da qual se chega a conclusões a partir de uma suposição 
geral, de um princípio ou de uma proposição; parte-se de verdades 
estabelecidas para a análise dos fatos e fenômenos particulares, verificando sua 
adequação à teoria, usando-os para comprová-la. Opera, pois, uma lógica 
inversa ao indutivo: vai da lei geral para a particular, do todo para a parte, por 
meio de análise. 
Vejamos um exemplo (LAKATOS e MARCONI, 2004, p.63): 
Todo mamífero tem um coração. 
Ora, todos os cães são mamíferos. 
Logo, todos os cães têm um coração. 
 Nos argumentos dedutivos pode-se perceber que as informações 
constantes da conclusão já estavam, ainda que implicitamente, nas premissas 
(SALMON apud LAKATOS e MARCONI, 2004, p.53-54). Para que a conclusão 
fosse falsa, bastaria que uma das duas premissas fosse falsa: se nem todos os 
cães fossem mamíferos, nem todos teriam um coração; se nem todos os 
mamíferos tivessem um coração, não necessariamente todos os cães teriam um 
coração. 
O modelo cartesiano acabou por postar uma percepção dicotômica da 
realidade, separando corpo e alma, sujeito de objeto de conhecimento, 
instaurando no pensamento moderno a primazia da razão. 
 
 
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Síntese 
O método dedutivo, na lógica inversa do indutivo, vai da lei 
geral ou universal às partes. Seu procedimento se apoia na 
razão refutando-se a importância das experiências 
sensoriais no acesso ao conhecimento. Trata-se de um 
método analítico. 
 
 
2.2.3 Método Hipotético-Dedutivo 
 
 
 
“Toda solução para um problema cria novos problemas não 
solucionados.” 
Karl Popper 
 
Do século XVII ao XIX, operou-se com uma ideia de que competiria à 
ciência provar as verdades sobre o mundo, fosse pela vida da indução, fosse 
pela via da dedução. Uma boa teoria científica seria capaz de provar 
conclusivamente ser verdadeira. No século XX, Karl Raimund Pooper (1902-
1994) posta uma nova questão ao fazer científico: “o que constitui uma teoria 
científica é que ela seja capaz de ser falsificada ou demonstrada como errônea 
pela experiência” (BUCKINGHAM, 2011). 
 
 
 
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O filósofo austríaco defende a ideia de que toda intervenção experimental 
altera a realidade que havia antes, trazendo novas questões e alterando as 
condições ou realidade de um fenômeno. Caberia à ciência, e, portanto, ao 
pesquisador, “descobrir problemas novos, mais profundos e mais gerais e 
sujeitar suas respostas sempre a testes provisórios, sempre renovados e sempre 
mais rigorosos (POPPER apud LAKATOS; MARCONI, p. 73) 
Para Popper, o único método de fato científico seria o hipotético-dedutivo, 
pois permitiria, por meio de tentativas e erros, demonstrar seu grau de 
falibilidade e falseamento. Segundo o filósofo, o conhecimento científico opera 
por indução, ou seja, parte de observações particulares em direção a princípios 
gerais. Observemos um exemplo: 
Todo cisne que vejo é branco. 
Todos os cisnes são brancos. 
 
Diferentemente dos racionalistas, para o filósofo, esses princípios não 
poderiam ser comprovados, mas refutados, pela observação, por exemplo, de 
um cisne negro (BUCKINGHAM, 2011). 
Analisa Popper que toda pesquisa principia com um “problema para o 
qual se procura uma solução, por meio de tentativas (conjecturas, hipóteses, 
teorias) e eliminação de erros” (LAKATOS; MARCONI, 2004, p.73). O papel da 
metodologia de investigação, nesse sentido, seria de um instrumento de busca 
aos problemas e detecção e eliminação de erros. Assim, toda teoria deve passar 
pelo crivo da falseabilidade de modo a cercear as conclusões de possíveis 
contradições ou lacunas que induzam ao erro nas conclusivas. 
 Popper destaca a importância da escolha de problemas: “eu tenho 
tentado desenvolver a tese de que o método científico consiste na escolha de 
problemas interessantes e na crítica de nossas permanentes tentativas 
experimentais e provisórias de solucioná-los” (POPPER apud LAKATOS; 
MARCONI, 2004, p.74). 
 
 
 
 
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 O método hipotético-dedutivo prevê as seguintes etapas: 
✓ Expectativas ou conhecimento prévio. 
✓ Lacuna, contradição ou problema. 
✓ Conjecturas, soluções ou hipóteses. 
✓ Consequências falseáveis, enunciados deduzidos. 
✓ Técnicas de falseabilidade. 
✓ Testagem. 
✓ Análise dos resultados. 
✓ Avaliação das conjecturas, soluções ou hipóteses. 
✓ Rejeição com retorno às hipóteses/ validação das hipóteses – nova teoria. 
✓ Nova lacuna, contradição ou problema desdobrando-se novas pesquisas. 
 
 
Síntese 
O método hipotético-dedutivo prevê um movimento de 
análise e síntese, que visa, por meio de um procedimento 
de tentativa e erro, passar o objeto de estudo e o próprio 
método ao teste de falseamento, como atitude crítica de 
investigação, refutando o caráter de objetividade 
geralmente atribuído aos métodos científicos. 
 
 
 
 
 
 
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2.2.4 Método Dialético 
 
 
 
“As ideias dominantes de cada época sempre foram as 
ideias de sua classe dominante.” 
Karl Marx 
 
A dialética moderna tem em Hegel, Marx e Engels seus nomes mais 
proeminentes e entende a realidade não como um estado de coisas, mas como 
um processo contínuo de mudança. Essa perspectiva contrapõe a ideia 
instaurada pelo pensamento cartesiano de separação entre o sujeito e o objeto 
do conhecimento. Aqui, é o sistema no seu conjunto que importa mais do que o 
individual (RUSSEL, 2015). 
É atribuído a Karl Marx (1818-1883) o termo materialismo histórico o qual 
prevê a dialética como método. Como afirma Pedro Demo (2005, p.12), “a 
dialética considera a realidade intrinsecamente contraditória porque sua 
dinâmica é tipicamente contrária”. Mais do que desvendar o mundo e seu 
funcionamento, o materialismo dialético propõe uma transformação da realidade: 
 “Os filósofos não fizeram mais do que interpretar o mundo de diversas 
maneiras; a verdadeira tarefa é transformá-lo” (MARX apud RUSSEL, 2015, 
p.353). 
A perspectiva dialética considera que todos os aspectos da realidade, 
seja da natureza ou da sociedade, prendem-se por laços necessários e 
recíprocos (ibidem), não podendo ser, portanto, analisados e investigados como 
 
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se determinadoevento, fenômeno estivesse apartado do contexto e do ambiente 
circundante, isoladamente. 
Vejamos um exemplo (POLITZER et alii apud LAKATOS; MARCONI, 
2004): 
Uma simples mola de metal não pode ser considerada à parte do universo que a 
rodeia: ela foi produzida pelo homem com material extraído da natureza. Ainda 
que em repouso, a mola não está independente do ambiente: sobre ela atuam o 
calor, a oxidação, a gravidade etc. Tais condições podem alterar tanto a posição 
quanto a natureza da mola (ferrugem). Imaginemos que um pedaço de chumbo 
seja suspenso na mola: sobre ela será exercida uma força, distendendo-a até 
seu ponto de resistência. Assim, o peso age sobre a mola que age sobre o peso. 
Mola e peso formam um todo em que há interação e conexão recíproca. 
A dialética, como procedimento de investigação científica, propõe como 
etapas: 
 Análise objetiva e crítica da realidade, para aprofundar o seu 
conhecimento com vistas à transformação. 
 Reflexão a respeito da relação sujeito e objeto, confrontando as variáveis 
e sua contradições para chegar a uma síntese, uma vez que nada está 
isolado, tudo é movimento e mudança, tudo depende de tudo. 
Assim, constituem seus passos: 
 Elaboração da tese – afirmação inicial; 
 Elaboração da antítese – oposição à tese; 
 Elaboração da síntese – do conflito resultante da análise da tese e da 
antítese surge a síntese que, por sua vez, transforma-se em tese pra um 
novo ciclo, com interposição de nova antítese, resultando em nova 
síntese e assim por diante. 
 
 
 
 
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Síntese 
 
O método dialético considera que a realidade deve ser 
analisada como um todo de partes interdependentes e 
interpenetráveis. Traz como etapas a elaboração da tese, 
da antítese e síntese. 
 
2.2.5 Métodos Específicos das Ciências Sociais 
São muitas as possibilidades metodológicas e vários são os tipos de 
pesquisas investidos no campo das ciências sociais. Considerando os métodos 
mais veiculados na literatura pedagógica, tomaremos por base aqui a 
compilação feita por Lakatos e Marconi (2004), o que nos possibilitará vislumbrar 
e inspirar algumas dessas possibilidades a partir do que se tem investido 
metodologicamente: 
Método histórico – esse método se ramifica em algumas abordagens, 
dentre as quais destacaremos duas de maior relevância. 
 
a. abordagem histórica clássica – Parte da noção de que as atuais 
formas organização social, as instituições, os fenômenos sociais do 
presente, encontram origem no passado. Tal investigação busca o 
estabelecimento de relações causais ao longo de um período 
histórico de modo a justificar e explicar a ocorrência do objeto 
investigado. 
b. abordagem genealógica. Refuta a ideia de origem, para pensar os 
fenômenos do presente como produções contingenciais. Essa 
perspectiva investiga as condições de possibilidade em que, em 
determinada contingência histórica, certo fenômeno, certa forma de 
 
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pensar, certa prática ou organização social se instituiu. Tal proposta 
almeja evidenciar o caráter arbitrário, não natural das produções 
sociais humanas, desnaturalizando sua ocorrência. 
 
Método comparativo – considera-se aqui que o estudo das semelhanças 
e diferenças entre diversos tipos de grupos, sociedades ou povos contribui para 
uma melhor compreensão do comportamento humano, desdobrando-se uma 
explicação dos fenômenos, pela dedução dos elementos constantes, abstratos, 
gerais. 
Método monográfico – consiste no estudo de determinados indivíduos, 
instituições, grupos, com objetivo de extrair generalizações. 
 
Método estatístico – consiste na redução de fenômenos sociológicos, 
políticos, econômicos, educacionais etc. a termos quantitativos. Pelo manejo dos 
dados estatísticos estabelece-se e busca-se a comprovação de relações dos 
fenômenos entre si e a obtenção de generalizações sobre sua natureza, 
ocorrência ou significado. 
Método tipológico – esse procedimento metodológico foi o empregado 
pelo sociólogo Max Weber (1864-1920). Por meio da classificação e comparação 
de fenômenos, organizações etc. extrai-se uma tipologia qualitativa, criando-se 
tipos ou modelos ideais a partir dos aspectos do fenômeno considerados 
essenciais pela análise do pesquisador. 
 
Método funcionalista – trata-se mais de um método de interpretação. 
Toma-se o objeto de estudo a partir da função de suas unidades, considerando-
se o fenômeno como parte de um sistema organizado de atividades. 
 
Método estruturalista – Inaugurado por Lévi-Strauss, parte de um 
fenômeno concreto para alcançar um nível abstrato, por meio da produção de 
um modelo que represente o objeto do estudo, retornando, ao final, ao concreto, 
 
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tomando-se então como uma realidade estruturada e relacionada com a 
experiência do sujeito social. 
 
 Para finalizar o módulo, cabe-nos citar uma importante reflexão de Gaston 
Bachelard (1884- 1962) acerca do método: 
A aplicação de um bom método de pesquisa é, no início, sempre 
fecunda. (...) Cada método é destinado a cair em desuso e a caducar. a 
metodologia científica é obrigada a seguir a ciência em sua evolução e 
seus progressos. Cristalizar a metodologia numa forma fixa equivale a 
comprometer o futuro e a paralisar o espírito de iniciativa (2004, p.65). 
 
Acompanhando essa reflexão do filósofo e poeta francês, destacamos 
que a metodologia constitui um caminho. O que definirá esse caminho é uma 
inquietação daquele que pesquisa, o objeto e a abordagem teórica que irá 
eleger. Aqui, advertências são cabíveis quanto aos cuidados e a 
responsabilidade daquele que pesquisa: é preciso ter em mente que, como 
mencionado no módulo 1, a ciência não é neutra – seus resultados produzem 
efeitos. 
Síntese 
Conforme anunciamos no início do módulo, a questão do 
método num processo investigativo é fundamental e sua 
escolha não deve ser aleatória. Um método se coloca a 
serviço de uma pergunta, de um objeto de investigação – 
nem todos os caminhos levam a Roma! 
 
 
 
 
 
 
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 Considerações Finais 
 
No módulo 2, “Métodos Científicos”, percorremos os principais métodos de 
pesquisa científica e destacamos suas características e caminhos, situando, ainda e 
brevemente, a contextualização histórica de seus surgimentos. 
Vimos que duas formas de raciocínio originaram dois métodos de investigação 
científica já no início da Modernidade: o indutivo (que vai do particular ao geral – 
síntese) e o dedutivo (que parte da lei geral para a parte – análise). Ambos 
preconizavam, ainda que por via inversa, o estabelecimento de leis gerais, de verdades 
universais. Vimos, ainda, o método hipotético-dedutivo e o dialético, e, ao final, alguns 
métodos específicos das ciências sociais, dentre os quais o método histórico, o 
tipológico, funcionalista e o estruturalista. 
Esperamos que esse breve percurso lhe tenha ajudado a identificar os 
pressupostos de uma metodologia científica e a vislumbrar possibilidadesmetodológicas em seu caminho de pesquisa. 
Advertimos que nenhum método está isento de críticas ou de ser posto à prova a 
qualquer momento, bem como o resultado de uma pesquisa qualquer. A pesquisa é 
uma aventura do pensamento e seus caminhos são traçados tendo em vista um 
problema que se mira enfrentar com as ferramentas metodológicas e teóricas e que 
possam colocar em xeque primados anteriormente estabelecidos ou lançar novas 
perguntas para o próprio objeto de pesquisa. 
Na sequência adentraremos a normatização e aspectos formais da escrita 
acadêmica – o jogo da pesquisa e suas regras. Por ora, dê prosseguimento a seus 
estudos no tema do módulo pela indicação de leitura suplementar e consulte a 
indicação bibliográfica. 
Não se esqueça de participar do fórum de debate e responder as questões ao 
final. Até o próximo!! 
 
 
 
 
 
 
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 Apresentação 
 
 
 Módulo 3 – A ORGANIZAÇÃO DOS ESTUDOS NA UNIVERSIDADE 
 
 
Patrícia Helena Ferreira 
 
Técnicas em Pesquisa e Construção de Textos Científicos. 
Módulo 3 – A organização dos estudos na Universidade - 
Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2016. 
Guia de Estudos – Módulo 3 – A organização dos estudos 
na Universidade. 
1. Universidade 2. Documentação 3. Metodologia da 
Pesquisa 
 
Faculdade Campos Elíseos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Conversa Inicial 
 
 
Caro (a) aluno (a), 
 
Chegamos ao terceiro módulo da Disciplina Técnicas em Pesquisa e 
Construção de Textos Científicos. Neste módulo, “A organização dos estudos 
na Universidade”, discutiremos sobre o papel das universidades na formação do 
indivíduo, fazendo um breve recuo na história das universidades. Após essa 
breve introdução, adentraremos na discussão dos principais instrumentos de 
estudo que o aluno deve se valer na sua passagem acadêmica. Destacaremos 
a importância da documentação como método de estudo pessoal, enfatizando a 
documentação temática, a documentação bibliográfica e a documentação geral. 
Por fim, conheceremos algumas diretrizes para leitura, análise e estudo de 
textos na universidade, a partir da contribuição de pesquisadores como Severino 
e Marconi e Lakatos, dando ênfase às análises textual, temática e interpretativa, 
para podermos chegar à problematização dos textos estudados. 
 
Desejamos ótimos encontros nesse percurso! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 3.1 A Universidade e seus instrumentos de trabalho 
 
 Para início de conversa 
 
 
 
 
A universidade existe para produzir conhecimento, gerar pensamento crítico, 
organizar e articular os saberes, formar cidadãos, profissionais e lideranças 
intelectuais. O desempenho dessas nobres e decisivas funções, porém, não é 
algo que se resolva no plano abstrato. Do mesmo modo que as demais 
instituições, a universidade está sempre historicamente determinada. Pode 
funcionar bem ou mal, cumprir com maior ou menor efetividade suas atribuições, 
ser mais ou menos admirada e respeitada. Ela não é perfeita nem inquestionável. 
Não está acima da sociedade nem desconectada dela. As próprias circunstâncias 
internas da instituição - seu corpo docente, sua estrutura administrativa, seus 
dirigentes, estatutos e tradições - incidem sobre sua imagem e seu desempenho. 
Em certa medida, cada época, cada sociedade e cada Estado têm a universidade 
que podem ter, por mais que a instituição universitária, por sua própria natureza, 
tenha luz própria e possa, justamente por isso, operar com alguma liberdade em 
relação às circunstâncias histórico-sociais que lhe estão na base. Não se trata de 
dependência ou limitação, mas de determinação. 
Marco Aurélio Nogueira 
 
 
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 No Brasil do século XXI assistimos à expansão do ensino superior. Essa 
expansão, em dados numéricos, superou em muito qualquer outro índice já 
atingido anteriormente. Se tal expansão, em termos quantitativos, pode 
representar um aumento do nível de escolaridade da população, em termos 
qualitativos, traz em seu bojo a discussão da função da universidade e o papel 
do estudante do ensino superior. 
 Nossa intenção, no presente módulo, não é fazermos uma discussão das 
atuais condições da universidade na sociedade atual, mas sim, ao nos 
depararmos com a especificidade de tal instituição, oferecermos alguns 
instrumentos importantes para o prosseguimento na vida acadêmica. Para tal, 
iniciaremos com uma rápida abordagem histórica do ensino Universitário. 
 A palavra universidade origina-se do latim Universitas. Ela está 
relacionada à própria noção de universalidade, companhia, corporação, colégio, 
associação. Historicamente, o vocábulo advém do século XIV, porém a ideia de 
Universidade aparece desde o século IV A.C., na Grécia, por meio da 
Academia de Platão, a qual buscava o conhecimento e a especulação 
desinteressada e indagadora (SILVA; DAVEL, 2005). 
 Na Idade Média a universidade desenvolveu muitas de suas 
características que prevalecem até hoje: um nome e uma localização central, 
mestres com nível de autonomia, estudantes, sistema baseado em aulas, 
procedimentos avaliativos e até uma estrutura administrativa com suas 
faculdades. Não podemos nos esquecer, porém, que em tal momento esses 
espaços tinham natureza confessional e voltavam-se a atender as necessidades 
do feudalismo (BARROS; LEHFELD, 2000). 
 Mais tarde, com o Renascimento científico e cultural, as universidades 
desviam do seu foco o ensino confessional e começam a ser guiadas pela 
pesquisa empírica. 
 
 
 
 
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Com a implementação da pesquisa ou da investigação científica na 
França, Inglaterra, Alemanha, as universidades vão se reestruturando 
através de respostas substanciais às reformas solicitadas para o 
desenvolvimento, ora mais utilitário, através do paradigma 
epistemológico da racionalidade e do experimentalismo, ora voltado 
para o conhecimento das questões socioeconômicas da sociedade, 
como forma de superação de seus problemas (BARROS; LEHFELD, 
2000, p. 8). 
 
 No Brasil, as primeiras instituições de ensino superior foram criadas a 
partir da vinda da família real portuguesa e sua corte, no início do século XIX. A 
expansão das Universidades deu-se, porém, a partir da segunda metade do 
século XX, culminando com a publicação da Lei 5.540, de 28 de novembro de 
1968, a qual fixava normas de organização e funcionamento do ensino superior 
e sua articulação com a escola média. Tal lei conferiu ao ensino superior no 
Brasil uma organicidade nunca vista anteriormente. A lei da reforma universitária 
foi modificada quando da promulgação da atual Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional. 
 A Lei Federal número 9.394, de 20 de dezembrode 1996, destaca, dentre 
as principais finalidades do ensino superior, as que seguem abaixo: 
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito 
científico e do pensamento reflexivo; 
II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, 
aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e 
colaborar na sua formação contínua; 
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, 
visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da 
criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o 
entendimento do homem e do meio em que vive; 
IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade 
e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de 
outras formas de comunicação; 
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e 
profissional e possibilitar a correspondente concretização, 
integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa 
estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada 
geração; 
 
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VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo 
presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços 
especializados à comunidade e estabelecer com esta uma 
relação de reciprocidade; 
VII - promover a extensão, aberta à participação da população, 
visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da 
criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na 
instituição. 
VIII - atuar em favor da universalização e do aprimoramento da 
educação básica, mediante a formação e a capacitação de 
profissionais, a realização de pesquisas pedagógicas e o 
desenvolvimento de atividades de extensão que aproximem os 
dois níveis escolares (BRASIL, 1996). 
 
 Se nos voltarmos à ideia de ensino superior como um espaço de estudo, 
criação expansão do ensino científico, tal fórum deve estar alicerçado no 
exercício de pensamento crítico e endereçado à pesquisa como um todo. Para 
tal, exige do aluno mudança na sua postura de estudante, baseada 
principalmente numa “maior autonomia para efetivação da aprendizagem, maior 
independência em relação aos subsídios da estrutura do ensino e dos recursos 
institucionais” (SEVERINO, 2002, p.23). O aluno deverá, então, tomado de tal 
espírito, utilizar-se de diversos instrumentos de trabalho com o fim de organizar 
sua vida de estudos. 
 
 Antes de adentrar as atividades práticas, de laboratório ou de campo, é 
necessário que o aluno obtenha embasamento teórico da área de estudo que 
escolheu para sua formação. Tal embasamento não poderá ser feito somente 
nas aulas presenciais, nem também com a simples leitura das apostilas da 
Educação à Distância – EAD. Segundo Antônio Joaquim Severino (2002) os 
instrumentos de trabalho na universidade são principalmente bibliográficos, 
podendo ser destacados: 
 
 
 
 
 
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• Obras de referência geral – textos básicos para estudo de sua área 
específica: um dicionário da área, um texto introdutório à área, algum 
texto de história da área, um tratado mais amplo, revistas especializadas 
e até mesmo algumas monografias. Tais textos têm a função de iniciar o 
aluno no estudo de sua área, fornecer um vocabulário básico e os 
principais conceitos da área, além de complementar as aulas presenciais; 
• Textos especializados – à medida que o aluno adquire o conhecimento 
básico da sua área, buscará textos mais específicos, estudos 
monográficos e continuará buscando informações nas revistas 
especializadas. As revistas publicam as pesquisas recentes da área e 
tornam públicos os repertórios bibliográficos da sua ciência e das ciências 
afins; 
• Participação em simpósios, congressos, seminários – tais eventos 
são espaços de socialização das pesquisas da área e são fonte de 
material para publicação das revistas e periódicos especializados. O 
aluno pode inicialmente participar como ouvinte e posteriormente já iniciar 
a publicização de sua pesquisa. 
• Recursos tecnológicos gerados pela tecnologia educacional – as 
próprias revistas e periódicos estão, em sua grande maioria, 
disponibilizados em meio digital, o que facilita a consulta do aluno. 
Existem alguns sites que reúnem publicações importantes decorrentes 
das pesquisas acadêmicas, dentre os quais podemos citar: 
i. Scielo – Scientific Eletronic Library Online: Coleção de revistas e 
artigos científicos. Possui uma grande variedade de temas 
relacionados à filosofia, com artigos completos disponíveis para 
download. www.scielo.org/ 
ii. Portal de Periódicos da CAPES: oferece acesso aos textos 
completos de artigos selecionados de mais de 21.500 revistas 
internacionais, nacionais e estrangeiras. 
 www.periodicos.capes.gov.br/ 
 
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Síntese 
 
 
 3.2 A documentação como método de estudo pessoal 
 
O vocábulo universidade provém do latim universitas e, atualmente, podemos 
relacioná-lo a uma associação de docentes e alunos que objetiva fomentar o ensino, a 
pesquisa e a formação profissional. 
No ensino superior o aluno deve munir-se de vários instrumentos para se apropriar da 
metodologia de trabalho própria dessa etapa da educação, dentre eles: obras de 
referência geral, revistas especializadas, periódicos, participação em congressos e 
outros eventos e sites especializados da internet. 
Sou um visual. O que na memória trago, trago-o visualmente, se susceptível é de 
assim ser trazido. Mesmo ao querer evocar em mim uma qualquer voz, um perfume 
qualquer, não evito que antes que ela ou ele me vislumbre no horizonte do espírito, 
me apareça à visão rememorativa a pessoa que fala, a coisa donde o perfume 
partiu. Não dou isto por absolutamente certo; pode ser que, radicada em mim de 
vez a persuasão de que sou um visual, no lugar final do sofisma que é a escuridão 
íntima do ser me fosse desde então impossível evitar que a ideia de que sou um 
visual não levantasse imediatamente uma imagem falsamente inspiradora. Seja 
como for, o menos que sou, é um visual predominantemente. Vejo, e vendo, vivo. 
Fernando Pessoa 
 
 
 
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Após qualquer atividade de aula ou de leitura de material bibliográfico é 
necessário que o aluno do ensino superior passe a uma fase muito importante 
da vida acadêmica: a documentação. Muitos se perguntam sobre a necessidade 
de documentar o processo de estudos, que vai desde a simples documentação 
das aulas até a sistematização de livros, artigos e outros textos referentes às 
disciplinas que fazem parte do currículo da área. 
O processo de documentar reúne fontes de informação diversas, 
anotações pessoais e registros impressos e digitais que podem contribuir para o 
aprimoramento da vida acadêmica. O processo de produzir fichas, anotações, 
resumos, em diversos meios (fichas de cartolina, folhas organizadas em pastas, 
arquivos virtuais etc) contribui para aprimorar a disciplina de estudos e formar 
um arquivo intelectual preciosopara vida estudantil. 
Não se trata de decorar, memorizar e sim de proceder a um processo de 
estudos que leve o aluno ao exercício da reflexão e pesquisa, por meio da 
análise, comparação e exercício da escrita sistemática de anotações. A memória 
visual, tal como descrita por Fernando Pessoa, ajuda o estudante/pesquisador 
Vale lembrarmos que estudar, na universidade é um ato “consciente e 
volitivo determinado” (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 16). Há, nesse processo, 
uma passagem gradativa de conceitos frouxos para um quadro de elaboração e 
de formulação de juízos sistematizados, que auxilia o aluno na construção da 
sua vida acadêmica e nos seus encaminhamentos profissionais posteriores. 
Antônio Joaquim Severino nos lembra que o ato de sistematizar nossos 
estudos envolve alguns passos importantes, como a própria participação em 
aula e o estudo em casa (o qual envolve a reorganização da matéria estudada e 
a elaboração de fichamentos, relatórios e exercícios). Abaixo o fluxograma da 
vida de estudos indicado pelo autor: 
 
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(SEVERINO, 2002, p. 31) 
 Diante do fluxograma descrito acima, o qual envolve várias fases do 
processo de estudo e da nossa vida enquanto estudantes de graduação/pós-
graduação, podemos nos fazer algumas perguntas: 
 
 
- Quais foram as suas decisões, tomadas em prol de um ato de estudar voltado 
para a efetiva aprendizagem? 
- Quais elementos contribuíram para uma melhor organização de estudos? 
- Como sua rotina de estudos está organizada? Tal rotina inclui momentos para 
a documentação das aulas e das fontes bibliográficas? 
 Se a resposta à terceira questão não inclui momentos para documentação 
do material de aula e do acervo bibliográfico, a primeira recomendação é que se 
dê, de imiediato, o início de tal procedimento. 
 
 
 
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 O fichamento, técnica que se iniciou com a prática de registros em fichas 
de cartolina e evoluiu até os mais sofisticados meios digitais, é uma ferramenta 
muito importante para todo aluno e pesquisador. Tal documento condensa 
informações do autor, indicações bibliográficas, citações diretas e indiretas, além 
de comentários pessoais que facilitam a organização pessoal e o encadeamento 
de ideias. Há várias formas de documentar, de acordo com regras estabelecidas 
por cada autor. Escolhemos apresentar neste material os tipos de documentação 
apresentados por Antônio Joaquim Severino, em seu livro Metodologia do 
Trabalho Científico (SEVERINO, 2002): 
 
3.2.1 A documentação temática: o encontro com o pano de fundo 
 
 Tal como próprio nome já designa, a documentação temática tem como 
objetivo reunir elementos importantes para o estudo em geral ou para a 
realização de um trabalho sob um tema específico da área de trabalho escolhida 
pelo estudante. 
 
 Os temas podem ainda ser divididos em subtemas, conforme a 
complexificação ou extensão do mesmo. Toda reunião de material deve ser feita 
a partir desse tema e as fontes podem ser diversas: informações das aulas, 
artigos científicos, livros, periódicos, dicionários, participação em congressos etc. 
 
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Exemplo de ficha de documentação temática 
 
SOCIOLOGIA 
Conceituação 
 
 Segundo o dicionário eletrônico Aurélio, a sociologia é o “estudo científico 
das sociedades humanas e dos fatos sociais”. 
 https://dicionariodoaurelio.com/sociologia 
 Para Durkheim, “ela [a Sociologia] tem um objeto claramente definido e um 
método para estudá-lo. O objeto são os fatos sociais; o método e a observação e 
a experimentação indireta, em outros termos, o método comparativo. O que falta 
atualmente é traçar os quadros gerais da ciência e assinalar suas divisões 
essenciais. (...) Uma ciência não se constitui verdadeiramente senão quando é 
dividida e subdividida, quando compreende um certo número de problemas 
diferentes e solidários entre si” “ 
DURKHEIM, 1953, p. 100 
“Weber compreendeu a possibilidade de uma sociologia que, mediante rigorosos 
estudos históricos e comparativos, lograsse separar as fronteiras entre as 
situações históricas e fenômenos específicos, e por meio da identificação das 
forças causais relevantes extraísse conclusões sobre as circunstâncias em que 
ocorre a mudança social, o desenvolvimento da ação orientada a valores e a 
formação do sentido subjetivo” 
(KALBERG, 2010, p. 27) 
 Dentre os vários ramos da sociologia podemos destacar a sociologia da 
religião, a sociologia da educação, a sociologia do trabalho e a sociologia do 
direito (anotações em classe). 
 
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3.2.2 A documentação bibliográfica: o encontro com o arquivo 
 
 De posse das informações sobre o tema a ser estudado, há a 
necessidade de complementação do estudo da questão, explorando referências 
bibliográficas que aprofundem o tratamento do tema. É o momento de recorrer 
aos livros, aos artigos e às monografias que discorrem sobre o tema. 
 
 Para Severino (2002) a documentação bibliográfica deve ser feita 
paulatinamente e iniciar com uma leitura um pouco mais superficial do texto 
(sumário, orelhas, introdução, prefácio, considerações finais). Cabe também 
procurar em revistas especializadas as resenhas e resumos sobre o livro. Após 
esse primeiro contato, caberá uma leitura mais aprofundada do texto. 
 
 Cabe ainda lembrar que não é necessário complementar as informações 
da ficha bibliográfica de uma só vez, podendo ser acrescentados elementos à 
medida que novas leituras forem feitas e novas informações forem apreendidas. 
 
 Para facilitar a visualização é necessário que sigamos alguns 
procedimentos de organização, como, por exemplo, definir no alto, à esquerda, a 
citação bibliográfica completa do texto e à direita o tema e eventuais subtítulos. 
 
 Com intuito de exemplificar tal tipo de documentação apresentaremos um 
tipo possível de ficha bibliográfica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Exemplo de Ficha de Documentação Bibliográfica 
 
 
SOCIOLOGIA 
DURKHEIM, Emile. 
As regras do Método Sociológico 
São Paulo, Martins Fontes, 3. Ed., 2007, 165 p. 
 
O livro, publicado inicialmente em 1895, teve duas novas edições com algumas 
alterações. A estrutura do livro está assim delineada: 
Prefácio 
Introdução 
I. O que é um fato social? 
II. Regras relativas à observação dos fatos sociais 
III. Regras relativas à distinção entre normal e patológico 
IV. Regras relativas à constituição dos tipos sociais 
V. Regras relativas à explicação dos fatos sociais 
VI. Regras relativas à administração da prova 
Conclusão 
Notas 
 
“O objetivo de Durkheim é demonstrar que pode e deve existir uma sociologia 
objetiva e científica, tendo por objeto o fato social. Para que haja tal sociologia, duas 
coisassão necessárias: que seu objeto seja específico, distinguindo-se do objeto 
das outras ciências, e que possa ser observado e explicado de modo semelhante ao 
que acontece com os fatos observados pelas outras ciências. Esta dupla exigência 
leva às duas fórmulas que servem de fundamento para a metodologia de 
Durkheim: é preciso considerar os fatos sociais como coisas; a característica 
do fato social é que ele exerce uma coerção sobre os indivíduos” 
http://resumodaobra.com/raymond-aron-emile-durkheim-geracao-passagem-seculo-
regras-metodo-sociologico/ 
 
 
 
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3.2.3 A documentação geral: o encontro com a memória 
 A documentação geral, segundo Severino (2002) é aquela que provém de 
fontes perecíveis (recortes de jornais, cópias de revistas, apostilas, documentos 
pessoais etc) cuja fonte não foi meio de digitalização à época. 
 
Os documentos acima descritos podem ser arquivados em pastas e até mesmos 
digitalizados, formando um material que poderá ser utilizado pelo estudante à 
medida que as questões de sua pesquisa forem surgindo, sendo importante 
fonte de dados para a mesma. 
 
Exemplos de Documentação geral 
 
 
 
 
 
 
Jornal Correio de São Paulo, 16 de junho de 1932. 
 http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2012/09/jornais-e-revistas-antigos-sao-digitalizados-
pela-biblioteca-nacional 
 
 
 
 
 
Carta do Beatle, Paul McCartner, escrita em 1962. 
http://www.thebeatles.com.br/new/carta-de-paul-mccartney-foi-vendida-por-97-mil/ 
 
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Síntese 
 
 3.3 Diretrizes para leitura, estudo, análise e interpretação de 
textos 
 
 
O processo de documentar reúne fontes de informação diversas, anotações 
pessoais e registros impressos e digitais que podem contribuir para o 
aprimoramento da vida acadêmica, para a disciplina de estudos e para 
formar um arquivo intelectual precioso para vida estudantil. 
Dentre os vários tipos de documentação podemos citar a classificação de 
Antônio Joaquim Severino, a saber: a documentação temática, a 
documentação bibliográfica e a documentação geral. 
Estudar seriamente um texto é estudar o estudo de quem, estudando, o 
escreveu. É perceber o condicionamento histórico-sociológico do 
conhecimento. É buscar as relações entre o conteúdo em estudo e outras 
dimensões do conhecimento. Estudar é uma forma de uma forma de 
reinventar, de recriar, de reescrever – tarefa de sujeito e não de objeto. Desta 
maneira, não é possível a quem estuda, numa tal perspectiva, alienar-se ao 
texto, renunciando assim à sua atitude crítica em face dele. 
Paulo Freire 
 
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 Paulo Freire, importante educador brasileiro, em seus vários escritos, 
denunciava a importância dos atos de ler e de estudar como correlatos de um 
processo de formação de um indivíduo crítico e reflexivo. Não podemos deixar 
de considerar, então, na especificidade da disciplina Metodologia Científica, 
algumas questões acerca do ler e do estudar, coadunadas com o objetivo de 
inserir o aluno no domínio da pesquisa e da ciência. 
 De acordo com Barros e Lehfeld (2000) o estudo pós-aula é benéfico 
porque pode levar o aluno a compreender detalhes da mesma, memorizar 
conceitos imprescindíveis à disciplina, complementar o conteúdo das aulas com 
leituras afins, conhecer novas terminologias e o vocabulário afeito à disciplina e 
proceder a análises gerais e temáticas a partir dos estudos feitos. 
 O estudo está intimamente relacionado à leitura. A leitura é a porta de 
entrada para o estudo. O ato de ler envolve conhecimento, interpretação e 
escolhas e constitui-se como “um dos fatores decisivos do estudo e 
imprescindível em qualquer tipo de investigação científica. Favorece a obtenção 
de informações já existentes, poupando o trabalho da pesquisa de campo ou 
experimental” (MARCONI; LAKATOS, 2001, p. 15). 
 Para as referidas autoras há três espécies de leitura, segundo suas 
finalidades: 
a. A leitura de Entretenimento ou Distração – sem nenhuma destinação 
de sistematização, a não ser o próprio prazer do ato de ler; 
b. A leitura de Cultura Geral ou Informativa – tem como objetivo fazer 
uma apreensão mais panorâmica do mundo, mas sem grandes 
aprofundamentos; 
c. A leitura de Aproveitamento ou Formativa – é aquela que se destina a 
aprofundar determinada questão e vai exigir do leitor concentração e 
atenção. Este tipo de leitura é o que será base para construção de 
análises dos textos dos cursos de graduação e pós-graduação. 
 
 Antes de procedermos à leitura e estudo de qualquer obra é necessário 
que façamos a identificação da mesma, a qual consiste na leitura básica do 
título, da data de publicação (incluindo suas edições e reimpressões), da ficha 
 
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catalográfica (a qual reúne as informações básicas do livro e do autor), da orelha 
e da contracapa (para que possamos ter uma primeira apreciação da obra), do 
índice ou sumário, da introdução ou prefácio e da bibliografia. Este contato inicial 
nos apresenta a obra e seu contexto geral. 
 Faz-se necessário, posteriormente, no caso de uma leitura formativa, 
procedermos a uma delimitação da unidade de leitura, ou setor de determinado 
texto escolhido para leitura que configure uma totalidade de sentido 
(SEVERINO, 2002). Ao término de cada unidade o leitor terá a possibilidade de 
retomá-la e fazer as considerações gerais e específicas. Não é recomendável a 
leitura de um livro inteiro sem delimitar os tópicos principais, pois a leitura por 
etapas é muito mais proveitosa. 
 Por fim, não podemos deixar de considerar que toda leitura envolve três 
elementos: o emissor (aquele que escreve, emite a mensagem), a mensagem 
(o texto em si) e o receptor (o leitor, o qual terá a tarefa de ler, decodificar e 
compreender a mensagem). Complementando, podemos falar ainda do código, 
ou linguagem e dos canais de comunicação. Neste processo há a 
interferência de vários fatores que poderão contribuir para facilitação ou 
dificultação do entendimento da mensagem, fatores esses que podem estar 
localizados no próprio emissor e no seu processo de construção da mensagem, 
quanto no receptor e seu contexto sociocultural. Tal advertência reafirma a 
necessidade de organização de procedimentos básicos de análise com objetivo 
de evitar distorções e garantir maior objetividade à leitura e à análise. 
 
O Processo de Comunicação: 
 
 
 
 
 
Fonte: 
https://sites.google.com/site/revolucaodosmeio
sdecomunicacao/o-processo-de-comunicacao 
 
 
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3.3.1 Análise textual 
 
 A análise textual é, segundo Severino (2002), a primeira abordagem do 
texto com vistas à preparação da leitura. No início, faz-se uma leitura “seguida e 
completa da unidade do texto em estudo” (SEVERINO, 2002, p.51). Essa leituranão tem como objetivo esgotar toda análise do texto, mas sim ter uma visão 
panorâmica do mesmo. 
 
 Neste momento deverão ser feitos alguns esclarecimentos em relação: 
a. Ao autor – resumo de sua vida, obra e pensamento, detendo-se mais ao 
último; 
b. Ao vocabulário – iniciar um levantamento dos conceitos fundamentais do 
texto e fazer uma sistematização dos mesmos; 
c. Aos fatos históricos, doutrinas e outros autores – realizar pesquisa 
sobre todos esses itens, de modo a clarificar a compreensão do texto. 
 
 A análise textual tem vital importância para se ter um conhecimento amplo 
e prévio do texto e pode ser encerrada com a elaboração de um esquema do 
mesmo. 
 O esquema permite uma visualização global do texto e ainda é uma 
tentativa de sistematização mais simplificada do mesmo. Ele pode ser dividido 
em três momentos: introdução, desenvolvimento e conclusão. Segundo Barros 
e Lehfeld, o esquema pode “ser expresso através de ideias centrais do texto; é a 
representação gráfica do que se leu” (2000, p. 22). Ainda, possui como 
características a fidelidade ao texto original, a estrutura lógica e a flexibilidade e 
funcionalidade. 
 
Exemplo de esquema: 
 
 
 
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Adaptado de http://slideplayer.com.br/slide/2900259/ 
 
3.3.2 Análise temática 
 Nesta fase o leitor passará à compreensão da mensagem do autor, sem 
intervir no conteúdo da sua mensagem. Para isso, o estudante ficará atento aos 
seguintes tópicos: 
a. O tema – o qual não está expresso necessariamente no título da obra. É 
preciso ir mais além para inferir sobre o tema do texto, tentando captar as 
diversas relações que o autor faz entre os diferentes elementos; 
b. A problematização do tema – qual foi a questão que provocou o autor? 
Como o assunto foi problematizado?; 
c. A tese – qual é a ideia central que o autor quis defender com a escrita do 
texto? Essa tese pode ser apresentada logo no início do texto ou pode 
estar diluída nos capítulos/incisos. É importante notar, neste momento, o 
raciocínio do autor no desenvolvimento do problema; 
d. As ideias secundárias – que podem ser consideradas subtemas ou 
subteses do texto. Isso ocorre em textos mais longos. 
A ciberdependência 
I – Introdução: 
1. Tema: a ciberdependência; 
2. Uma realidade social que pode tornar-se preocupante. 
II – Desenvolvimento: 
1. Comparação do uso da web a uma doença ou vício; 
2. Público mais influenciável; 
3. Aspectos positivos e negativos do uso da web. 
III – Conclusão: 
1. Retomada do Tema; 
2. Considerações acerca da importância da leitura. 
 
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 A análise temática dá condições para que o aluno realize o resumo ou a 
síntese do texto. Este resumo deverá demonstrar como foi a construção do 
raciocínio do autor na elaboração do texto. Para Barros e Lehfeld (2000), o 
resumo é a condensação das ideias principais do texto, com coerência à 
mensagem do autor. O resumo compõe-se das seguintes fases: 
▪ Leitura atenta do texto; 
▪ Levantamento da ideia-chave de cada parágrafo; 
▪ Ordenação das ideias dos parágrafos em geral, num encadeamento 
lógico; 
▪ Escrita da síntese em que conte as ideias principais do texto; 
▪ Retomada da escrita, para confronto com as ideias do autor; 
▪ Escrita final, respeitando as ideias do autor, mas utilizando de linguagem 
própria. 
 Por fim, a análise temática permite a elaboração de roteiros de leitura e de 
organogramas (descrição geometrizada do raciocínio). 
Exemplo de uma possível formatação para um 
organograma
 
Fonte: http://www.miniwebcursos.com.br/curso_aprender/modulos/aula_3/sintetizar.html 
3.3.3 Análise interpretativa 
 A interpretação é a fase que decorre das duas primeiras análises, pois, 
neste momento, após a compreensão das ideias do autor, o estudante toma uma 
posição pessoal a respeito do texto e inicia um diálogo com o mesmo. Neste 
momento devem ser observadas algumas etapas (SEVERINO, 2002): 
 
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a. Delimitação do pensamento desenvolvido pelo autor; 
b. Delimitação do pensamento do autor no contexto mais amplo da cultura 
epistêmica geral – quais são suas posições diante das várias orientações 
existentes; 
c. Delimitação dos pressupostos do texto – princípios que justificam a 
posição assumida pelo autor; 
d. Aproximação e associação das ideias expostas no texto com outras ideias 
semelhantes; 
e. Crítica – formulação de um juízo crítico, ou seja, de uma tomada de 
posição. Dessa forma, o texto pode ser analisado: 
 
i. Do ponto de vista da sua coerência interna; 
ii. Do ponto de vista da sua originalidade, alcance, validade e 
contribuição. 
3.3.4 Problematização 
 A problematização tem por objetivo o levantamento de problemas para 
discussão, a qual pode ser feita individualmente ou em grupo. A mesma pode 
ser feita nos mesmos níveis citados anteriormente: 
▪ A problematização textual; 
▪ A problematização temática; 
▪ A problematização interpretativa; 
 É importante distinguirmos essa fase de problematização do texto, a qual 
será feita pelo leitor, a partir da análise sistemática do mesmo, da análise do 
problema do texto (estabelecido pelo autor), feita na análise temática. A 
problematização aqui aludida diz respeito às questões gerais que o texto gerou 
nos leitores, isto é, é a crítica fundamentada do leitor para com os argumentos 
do autor. 
 
 
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3.3.5 Síntese pessoal 
 A síntese pessoal é a finalização de todo processo de análise textual. É o 
momento em que o aluno elabora uma redação final que dê conta de todas as 
análises feitas até então. Segundo Marconi e Lakatos (2001, p. 29), a síntese é 
uma operação mental que “permite conhecer as relações determinantes da 
unidade do objeto em estudo, dando-lhe um sentido global”. 
Síntese 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Analisar significa estudar, decompor, dissecar, interpretar e criticar. Consiste no 
estudo extenso de uma obra ou de parte dela, para tentar captar o todo e suas partes 
constitutivas. O seu fim conduz a uma visão crítica e coerente das ideias do autor e 
num exercício de síntese e disciplina intelectual do leitor. 
Para Severino (2000) existe a possibilidade de fazermos uma análise de uma obra 
sob os pontos de vista: textual, temático e interpretativo. Ainda, é necessário proceder 
à problematização e à síntese pessoal. 
 
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 Considerações Finais 
 
 Chegamos ao fim do Módulo 3, “A organização dos estudos na 
Universidade”. Neste segmento aprofundamos nossa conversa dos módulos 
anteriores, trazendo à baila a questão do papel da universidade e da importância 
do estudo como balizador da vida acadêmica. Neste módulo também 
conhecemos algumas formas de documentar e de proceder à análise de textosacadêmicos. 
 Lembramos que a consulta às referências bibliográficas e as indicações 
de leitura complementam toda discussão aqui apresentadas. 
 Por fim, para socializarmos algumas ideias e partilharmos dúvidas e 
inquietações conversaremos por meio do nosso fórum e lançaremos algumas 
questões para verificação da sua aprendizagem. 
 Fique ligado!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Apresentação 
 
 MÓDULO 4 - Redação e apresentação do trabalho científico 
 
 
 
Cláudia Ribeiro Calixto 
 
Técnicas em Pesquisa e Construção de Textos Científicos. 
Módulo 4 – A Pesquisa Científica – Faculdade Campos 
Elíseos (FCE) – São Paulo – 2016. 
Guia de Estudos – Módulo 4 – A Pesquisa Científica. 
1. Metodologia. 2. Métodos Científicos. 3. Pesquisa. 
 
Faculdade Campos Elíseos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Conversa Inicial 
 
 
Caro (a) aluno (a), 
 
Nos módulos anteriores vimos os tipos de conhecimentos, métodos científicos 
de investigação, técnicas de pesquisa e construção de textos científicos. A essa 
altura do nosso estudo, nos deparamos com questões que remetem ao nosso 
exercício direto de pesquisa, tais como: Que tema será investigado? Qual o 
objeto e o problema da pesquisa? Como e onde serão coletados os dados? Que 
tipo de dados? Que tipos de fontes serão explorados? Quais autores e teorias 
servirão de arcabouço teórico? Que métodos serão escolhidos? Chegou o 
momento, então, de adentrarmos a estruturação de um projeto de pesquisa. Pois 
bem, neste módulo, A pesquisa científica, trataremos do desenvolvimento do 
projeto. Inicialmente, disporemos os conceitos e tipologia que são apontados na 
literatura sobre projetos de pesquisa. Destacaremos as dimensões éticas que 
implicam a escolha e o caminho da pesquisa, a questão da “neutralidade”, a 
relevância e função social de um estudo. Veremos os tópicos relevantes, a forma 
de estruturação de um projeto, algumas possibilidades de caminhos de 
investigação. Destacaremos os itens que devem conter um projeto, 
procedimentos possíveis e algumas precauções. Percorreremos as etapas de 
uma pesquisa: definição do tema e objeto/problema, justificativa, objetivos, 
levantamento bibliográfico, metodologia, coleta e apresentação de dados, 
análise e conclusão. Esperamos que ao final você possa visualizar um passo a 
passo possível para pensar começar a estruturar seu projeto. 
Bom estudo! 
 
 
 
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 4.1 A pesquisa 
 
4.1.1 Conceitos 
A pesquisa constitui uma procura, fruto de uma inquietação, de um 
incômodo, de uma dúvida; é uma vontade e um trabalho laborioso, tão 
apreensível por outrem quanto passível de ser questionável a qualquer tempo. 
Assim, podemos dizer que é aventura e risco. 
 
 
 
Para viabilizar uma pesquisa é preciso cadenciar o pensamento, garantir 
um caminho lógico e sistematizado. É preciso, então, escolher uma metodologia. 
A palavra método vem do grego e significa caminho; o verbete lógica 
também de origem grega, estudo. Ainda no campo da etimologia, o termo 
pesquisa é empregado já no século XVI e se refere à “busca com investigação” 
(CUNHA, 2010, p.493) e o verbo investigar significa “seguir os vestígios de, 
indagar, pesquisar” (p.364). Eis, então, uma tarefa fundamental que nos 
colocamos na pós-graduação: aventurarmo-nos em um trabalho de investigação. 
 
Questionar é desejar saber uma coisa. 
Roland Barthes 
 
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Uma pesquisa não é uma reposição de conhecimentos já disponíveis ou 
presumidos de antemão. Como conceitua Pedro Demo (2005), constitui um 
procedimento de fabricação do conhecimento, havendo nele um processo 
reconstrutivo e produtivo de conhecimentos, sempre provisórios, parciais e 
prontos a serem questionados. 
Para que as conclusões de um estudo sejam incorporadas ao conjunto de 
saberes acadêmicos, para que lhe seja conferida credibilidade, confiabilidade e 
validade, é necessário que os dados e a análise passem por uma metodologia 
científica, qual pudemos estudar no segundo módulo. 
Segundo Umberto Eco (2016), para um trabalho merecer ser denominado 
científico, deverá atender aos seguintes requisitos: debruçar-se sobre um objeto 
reconhecível e definido de tal forma que seja reconhecível por outros, dizer algo 
que ainda não foi dito sobre o objeto e ser útil aos demais. Em complementação 
às afirmações de Eco, Pedro Demo (2005) destaca que uma pesquisa científica 
deve atender aos critérios de coerência, sistematicidade, consistência, 
originalidade, objetivação e discutibilidade e Gilberto de A. Martins e Carlos 
R. Theóphilo (2016) apontam que o estudo deverá ser, ao mesmo tempo, 
importante, original e viável. 
Ao final, a pesquisa se materializará numa escritura: o texto! No ensino 
superior tomará a forma de um trabalho acadêmico: uma monografia, uma 
dissertação de mestrado ou uma tese de doutorado. Nesse texto, o estudante 
contará a história da própria pesquisa; a história de sua escrita. Ou seja, ali se 
disporá além do objeto da investigação, o próprio caminho levado a cabo, pelo 
pesquisador, mediante um problema definido, os dados levantados, seu 
tratamento teórico-metodológico efetivado num percurso de raciocínio e suas 
conclusões. Exporá, pois, tanto os procedimentos de investigação, como os 
conceitos e a fundamentação teórica que informou a análise dos dados 
levantados no decorrer do estudo. Esse registro permitirá a reconstituição de um 
caminho e suas escolhas, remontar, desmontar e refazer a análise que foi 
produzida quando de possíveis questionamentos acerca das assertivas 
concluídas pelo pesquisador e do modo da pesquisa que foi por ele procedido. 
 
 
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4.1.2 Tipos de pesquisa 
Na atualidade, muitas são as abordagens teórico-metodológicas e tipos 
de pesquisa em produção no meio acadêmico. 
As pesquisas podem ser classificadas de variadas formas, de acordo com 
diferentes critérios, dentre os quais, conforme dispõe Elisa Pereira Gonçalves 
(2003): em função dos objetivos a que se propõe (explorar, descrever, explicar 
um fenômeno, bibliográfica, participativa, documental), segundo os 
procedimentos de investigação que emprega (experimental, levantamento, 
estudo de caso etc.), em função das fontes de informação que lançará mão 
(laboratório, campo, bibliografia, documentos), segundo a natureza dos dados 
(quantitativos ou qualitativos). 
Para que você possa visualizar alguns caminhos possíveis, destacamos, 
a seguir, tipos de acordo com algumas classificações. 
Em relação à forma de abordagem do problema (SEVERINO, 2002): 
a) Quantitativa: esse tipo de pesquisa intenta medir em quantidade os 
dados coletados acerca de um fenômeno.Aqui, busca-se dispor sua 
constância, a variação ou mesmo a raridade de sua ocorrência. Por 
exemplo, quando se pretende levantar o perfil econômico e/ou cultural 
e/ou de consumo e/ou de ideias e suposições sobre um assunto e/ou 
critérios de avaliações e decisões de determinada comunidade. Os dados 
são expressos em números e lança-se mão de instrumental estatístico 
para tratamento do material empírico4: dados, cálculos numéricos, 
emprego de gráficos e tabelas. Nesse tipo, é frequente o emprego de 
entrevistas com questões fechadas e de questionários com perguntas de 
múltipla escolha. 
 
b) Qualitativa – nesse tipo, objetiva-se atribuir um significado aos 
fatos/fenômenos. Caracteriza-se, pois, pelo tratamento qualitativo dos dados 
empíricos. A defesa desse tipo de método advoga que a qualidade é menos 
questão de extensão do que de intensidade (DEMO, 2005, p.34). Poderão se 
 
4 Material empírico remete ao conjunto de informações acerca do objeto que se pretende investigar que 
serão retirados 
 
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constituir material de análise fotos, filmagens, observação direta, dentre outros. 
Também questionários e entrevistas com questões abertas são, mormente, 
utilizados. 
Em relação aos objetivos (SEVERINO, 2002), ao que intenta a 
pesquisa, podemos classificar: 
a) Exploratória – esse tipo de pesquisa visa estudar em profundidade um 
assunto. Não é estatística e sua análise explora com vagar os dados coletados. 
Por exemplo, levantamento e análise das impressões e narrativas de 
determinados grupo de alunos e/ou professores acerca de seu processo 
avaliativo e resultados aprendizagem. Podem envolver levantamento 
bibliográfico, entrevistas, experimentos práticos, estudos de caso, análise de 
exemplos; 
b) Descritiva – esse tipo busca descrever as características o fenômeno 
ou da população investigada, estabelecendo relações entre variáveis: estas se 
pautam em dados coletados por meio de métodos padronizados de coleta. 
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, as pesquisas podem ser 
categorizadas em, de acordo com Gil (1994): 
a) Bibliográfica ou “pesquisa de ideias” – esse tipo de pesquisa é 
eminentemente teórico: os “dados” são as próprias teorias e autores 
(DEMO, 2005). Assim poderia ser uma pesquisa sobre o conceito de 
biopolítica em Michel Foucault e sua atualidade para os estudos sociais. 
b) Documental – esse tipo de pesquisa toma por fontes, documentos ainda 
não analisados por outras pesquisas. Esses documentos podem ser de 
outro(s) período(s) histórico(s) ou da atualidade. 
 
c) Experimentais 
 
✓ levantamento – este tipo envolve o questionamento direto das 
pessoas cujo comportamento se deseja conhecer; 
✓ experimental – este tipo de pesquisa, majoritariamente utilizado 
nas pesquisa sobre fenômenos físicos e biológicos, pressupõe a 
seleção de variáveis que influenciam o fenômeno, define formas de 
 
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controle e observação dos efeitos que as mesmas exercem sobre o 
mesmo. 
✓ ex-post-facto – aqui a análise recai sobre fatos já acontecidos, nos 
quais não há como fazer qualquer intervenção. A análise de muitos 
fenômenos naturais enquadram-se neste tipo, como por exemplo, a 
ocorrência de um furacão. 
✓ estudos de caso – esse tipo de pesquisa destaca uma 
determinada experiência que tenha se dado para analisar seu 
contexto e as variáveis. Nesse tipo, busca-se um estudo minucioso 
e focado; 
✓ Etnografia – constitui, segundo Lakatos e Marconi (2004), uma 
forma específica de investigação qualitativa e refere-se ao estudo 
da cultura. Pressupõe a hipótese da existência de um mundo 
cultural desconhecido, a necessidade de descrever o modo de vida 
dos povos tendo em vista a compreender seu significado e 
entender o funcionamento da sociedade de grupos, e ainda, prevê 
a participação ativa na vida da comunidade, com o fito de conhecê-
la melhor (LAKATOS;MARCONI, 2004). 
 Destacamos, aqui, outra possibilidade de agrupar tipos de pesquisa, esta 
apontada por Pedro Demo (2005), a qual, podemos dizer, está relacionada à 
natureza do objeto do estudo. 
a) Teórica – busca “reconstruir teorias, conceitos, ideias, ideologias, 
polêmicas (...) – suas polêmicas, seus acordos, os conteúdos implícitos e 
explícitos” (DEMO, 2005, p.22), para depois, com condições mais 
adequadas poder até se contrapor, se assim lhe convier a análise. Trata-
se de, ao final, desconstruir teorias para reconstruí-las em outro patamar 
e momento; 
b) Metodológica – visa “inquirir métodos e procedimentos a serviço da 
cientificidade, polêmicas e paradigmas metodológicos; seu uso e abuso, 
tanto em âmbito epistemológico quanto no do controle empírico” (DEMO, 
2005, p.22). Podemos dizer que ao se posicionar com essa 
 
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intencionalidade esse tipo de pesquisa parte da problematização que põe 
em xeque os modos de fazer; 
c) Empírica – empenha-se em “tratar a face empírica e fatual de uma 
realidade preferencialmente mensurável; produz e analisa dados, 
procedendo sempre pela vida do controle empírico e fatual” (DEMO, 
2005, p.23); 
d) Prática – liga-se “à práxis, ou seja, à prática histórica em termos de usar 
conhecimento científico para fins explícitos de intervenção” (DEMO, 2005, 
23). Aqui se posicionam alguns métodos identificados como qualitativos 
como a pesquisa participante e a pesquisa-ação. 
 
✓ pesquisa participante – neste tipo de pesquisa, há uma interação 
entre pesquisadores e pessoas envolvidas nas situações 
investigadas (GIL, 1994). 
✓ pesquisa ação – aqui pesquisador e participantes da situação ou 
problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. 
Neste tipo de pesquisa, após um diagnóstico inicial do problema, 
propõe-se uma forma de intervenção, a qual é vivenciada, 
registrada e os resultados serão analisados pelo pesquisador. 
Disposto esse panorama com alguns tipos de pesquisa possíveis, 
destacamos que, conforme alerta Pedro Demo (2005), para que você avalie seu 
procedimento, é importante que você considere as seguintes questões: 
➢ “quais são, dentro dos conhecimentos que possuo, os que me 
ajudam a escolher meu problema e de que ordem são estes 
conhecimentos? 
➢ são apenas fatuais ou possuem bases conceituais e teóricas? 
➢ meus valores e minha visão de mundo orientaram minha escolha 
do problemas?” (DEMO, 2005, 126). 
 
 
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Síntese 
 
Como acabamos de ver, as pesquisas podem ser 
classificadas de acordo com seu objetivo, com os 
procedimentos de investigação que foram adotados, 
com a natureza de seu objeto, com a forma de 
abordagem etc. Assim, uma mesma pesquisa pode ser 
classificada como qualitativa, como prática, como 
experimental, dependendo do critério que se tome como 
referência. O importante é ter em mente que ao se 
propor uma pesquisa, deve-se ter clareza do que se 
quer, do objeto que se pretende investigar, para melhor 
pensar o modode fazê-la. 
 
 
 4.2. O projeto de Pesquisa 
 
Antes de ser efetivada, a pesquisa precisa ser planejada. Aqui, veremos 
um caminho possível, seguindo alguns passos que poderão nortear sua 
trajetória, percurso esse apontado pela maioria dos textos que tematizam a 
construção de um projeto de pesquisa científica. 
Antes de adentrarmos na disposição formal do projeto, enfatizamos que a 
escritura da pesquisa também deverá explicitar o percurso de investigação e de 
pensamento do pesquisador. 
 
 
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 Alguém cujos trabalhos são, grosso modo, e apesar de 
tudo, trabalhos de história, alguém que pretende enunciar discursos 
relativamente objetivos, que pensa que seus discursos têm certa relação com a 
verdade, esse alguém tem realmente o direito de contar assim a história de sua 
escrita, de comprometer assim a verdade a que pretende com uma série de 
impressões, de lembranças, de experiências que são profundamente subjetivas? 
Michel Foucault 
 
No questionamento acima, Michel Foucault, importante pesquisador 
francês, versa sobre a importância de desfiar, percorrer a desordem primeira do 
pensamento que se estrutura em trabalho de pesquisa e se organiza 
racionalmente em forma de comunicação escrita. 
No momento da idealização do projeto, o pensamento pode apresentar 
certa desorganização e um emaranhado, por vezes, confuso e caótico de ideias. 
Para planificar e organizar essas ideias é importante que elaboremos o esboço 
de um roteiro que possa orientar e organizar tanto o pensamento quanto as 
ações que serão necessárias para a investigação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 4.2.1 Desenvolvimento do projeto 
Como apontamos no segundo módulo, para que a conclusões de uma 
pesquisa entrem no jogo dos conhecimentos validados, é necessário que se 
observem algumas exigências. É preciso que a pesquisa se justifique no campo, 
apresente rigor e apuro metodológico e teórico. O pesquisador necessita, para 
tanto, ter muito claras as questões que seguem: 
O que, por que, para que e como pesquisar? Que passos seguir? 
E agora, por onde ir? 
O projeto de pesquisa constitui um rascunho inicial, um esboço em que o 
estudante apresentará o interesse temático, o problema que o inquieta, o 
caminho que incialmente visualiza, as ideias/autores teóricos com os quais 
conversará e que hipóteses iniciais formula sobre o fenômeno. 
A seguir, veremos alguns tópicos fundamentais que lhe poderão ajudar 
nesse momento de planificação de seu projeto. 
 
a. Tópicos relevantes na estrutura de um projeto de pesquisa 
 
Um projeto, em linhas gerais, se compõe de algumas partes principais 
(DEMO, 2005): definição do tema, objeto e hipóteses de trabalho, avanço do 
referencial teórico, possível base empírica ou fatual, alicerces metodológicos, 
resultados esperados ou realização da hipótese e conclusão. 
É necessário que se elaborem hipóteses acerca do fenômeno que se 
pretende investigar. Mas também é fato que, se pensamos ter as respostas e 
explicações sobre o problema, não estaremos propondo uma pesquisa e não 
haverá vigor analítico, pois não haverá, de fato, uma pergunta. Assim, cabe a 
advertência que uma pesquisa não deve ter por objetivo panfletar uma ideia, 
 
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advogar um ponto de vista ou um modo de investigação. É preciso um não-saber 
do próprio pesquisador para se definir um projeto. 
 
b. Projeto de estudo e plano de pesquisa 
Um projeto de pesquisa constitui, antes de qualquer coisa, um exercício 
de análise. Trata-se de um trabalho que demanda a aplicação de uma 
metodologia de investigação e de uma forma de abordagem teórica que permita 
a discussão do problema. O projeto é provisório, delineia um roteiro, um caminho 
e é disparado pelas informações primeiras do pesquisador e por sua afetação 
intelectual por determinado tema. Ele trará as linhas mestras do trabalho de 
investigação, uma construção lógica e a coordenação de ideias e etapas do 
percurso. 
Muitas são as decisões e ações que envolvem um estudo, bem como 
amplas são as possibilidades de problematização e recorte de um tema, afinal, 
como observa Alfredo Veiga-Neto (2002), infinitos recortes e combinações 
compõem o mundo. É preciso que o pesquisador estabeleça uma rotina 
organizativa. Assim, para que o processo aconteça com certa economia de 
tempo e de esforços, cadência, concentração e objetivação na pesquisa, é 
importante que o estudante elabore um plano de trabalho e de estudo. Neste 
plano, deverão ser previstas as etapas da investigação, consideradas as fases 
que devem ser contempladas, no período cronológico em que se deverá dar 
conta de todo o processo, ou seja, até a data-fim prevista no seu programa de 
pós-graduação. A elaboração do plano possibilitará que você evite repetições 
desnecessárias de tarefas. 
Sua elaboração envolve um trabalho prévio que, conforme apontam 
Lakatos e Marconi (2004, p.264), três aspectos: a orientação geral sobre a 
matéria; o conhecimento de uma bibliografia pertinente; a reunião, seleção e 
ordenação do material levantado. 
 Ainda, é preciso planificar as atividades de leitura e de constituição do 
arquivo para a pesquisa (fichamentos, resenhas) e pensar os passos que serão 
dados até o final do estudo, perspectivando-as no tempo – quando cada ação 
 
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deverá estar concluída. Evidente que se trata de um plano que será 
redimensionado no processo e que os resultados de cada ação vão se 
entremeando, mas tê-lo elaborado o ajudará a percorrer o trajeto com mais 
tranquilidade e de forma organizada. 
 
c. A “neutralidade” do pesquisador 
Já nos módulos anteriores, destacamos que o conhecimento científico 
não é neutro. Ainda que se persiga um grau de objetividade, há um consenso na 
literatura acerca da metodologia de pesquisa que tanto pela forma de 
aproximação e tratamento do objeto, pela metodologia, quanto por sua entrada 
no campo das produções de qualquer área, não há neutralidade na disposição e 
produção de conhecimentos. Como afirma Eagleton (apud DEMO, 2005, p.27), 
“Não vemos a realidade de modo neutro, mas postados em algum lugar da 
sociedade. Tendo, por trás de nós, história que já passou e à frente de nós, 
história que está por vir”. 
Nem mesmo a metodologia pode ser descrita como neutra: tanto os 
métodos de investigação quanto a linguagem já constituem a rede de 
conhecimentos no quais nos vemos, ou seja, já conduzem o nosso olhar e 
dispõe aquilo que conseguimos ver e pensar. Alfredo Veiga-Neto (2002, p.36) 
aponta haver: 
“total impossibilidade do distanciamento e da assepsia metodológica ao 
lançar nossos olhares sobre o mundo. Isso não significa falta de rigor 
mas significa que devermos ter sempre presente que somos 
irremediavelmente parte daquilo que analisamos e que, tantas vezes, 
queremos modificar”. 
 
Atente, contudo, que não é papel de um pesquisador posicionar-se a 
favor, defender, panfletar acerca de qualquer objeto, ideia ou forma. É preciso 
garantirna pesquisa o rigor e vigor investigativo e analítico. O posicionamento 
ético-político do pesquisador deve assentar-se na atitude crítica que assume ao 
questionar-se acerca do lugar público de sua pesquisa. Segundo Pedro Demo 
(2005), as metodologias a serem utilizadas não devem produzir um discurso 
 
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marcado pela justificação, como o é o discurso ideológico, não devendo se 
constituir na postulação de meras especulações. 
d. Função social da pesquisa 
Segundo Wayne C Booth, Gregory G. Colomb e Joseph M. Williams 
(2005) a pesquisa é uma atividade inteiramente social e deve almejar o benefício 
de todos os envolvidos por ela e da coletividade como um todo. 
Uma pesquisa precisa dizer a que veio. Não é possível defini-la e pensá-
la apenas do ponto de vista formal. É necessário que um estudo explicite as 
contribuições que podem advir de suas conclusões tanto para o campo quanto 
para a sociedade e para o seu tempo. Suas contribuições poderão ser desde um 
novo foco, uma nova perspectiva ou um novo caminho de investigação. Ela pode 
pôr em xeque primados anteriormente estabelecidos ou, ainda, lançar novas 
perguntas para um mesmo problema. 
Lembremos que o conhecimento científico tem sua emergência no século 
XVII e trazia como promessa a “descoberta de verdades universais”, pregava 
uma suposta objetividade, certeza e neutralidade à ciência: seus métodos, 
resultados e aplicações. Ao lado das inquestionáveis contribuições às formas de 
produção, terapêuticas à saúde dentre outras, as trágicas experiências que 
vimos a partir do século passado (tecnologias de guerra, genocídios, devastação 
do meio natural etc.), envolvendo o uso dos saberes científicos, desmontaram 
tais crenças e colocaram aos pesquisadores questões inquietantes, bem como 
colocaram em xeque os paradigmas do conhecimento científico (KUHN, 2011). 
Como alerta Pedro Demo (2005, p.39), “torna-se problema candente o abuso do 
conhecimento científico par fins eticamente escusos, a começar por tipo de 
crescimento econômico deletério ao meio ambiente, além de espoliativo das 
maiorias”. Não raro, vimos emergir “teorias científicas” produzidas para afirmar, 
justificar e naturalizar diferenças que foram historicamente construídas (raças, 
etnias, gêneros, classes etc.) estabelecendo relações de superioridade-
inferioridade. 
 
 
 
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No plano metodológico podemos afirmar que existe certo relativismo 
epistemológico, contudo, conforme assevera Veiga-Neto (2002), o mesmo não 
deve ser confundido com relativismo ético. Isso significa que noções tais como 
solidariedade, justiça social e igualdade de direitos devem balizar nosso 
trabalho. 
 
e. Levantamento bibliográfico 
 
Tendo em vista garantir a coerência e consistência à pesquisa, é 
necessário fazer um levantamento das produções teóricas e dos autores 
considerados importantes no campo temático da pesquisa. 
Podemos dividir o levantamento bibliográfico em dois campos: um 
referente à metodologia e à abordagem teórica que informará a análise do 
pesquisador; e outro referente à literatura existente sobre o objeto de estudo 
– aquilo que se dispõe no campo e que possa interessar à pesquisa; aquilo que 
já se sabe, que já se investigou e sob quais perspectivas teóricas e 
metodológicas. 
Uma teoria, ou um conjunto teórico-metodológico o ajudará a pensar o 
problema e pesquisar o seu objeto e o auxiliará no seu exercício de 
argumentação. Lembre-se, contudo, que uma pesquisa não deve repor o já dito. 
Destaque-se que o pesquisador irá fazer a sua leitura e sua própria interpretação 
do fenômeno. Há que se ter certa infidelidade aos autores que nos convocam a 
pensar. Mais que suas conclusões e postulações acerca de um objeto/tempo 
deve nos interessar seu modo de investigação. O modo de melhor reverenciá-lo 
é, no mais das vezes, sendo-lhe infiel. Nossos referenciais teóricos não devem, 
pois, nos aprisionar no pensamento. A forma de investigação, os caminhos 
metodológicos já trilhados por outros podem nos interessar, inspirar, inquietar e 
até nos orientar. O conteúdo deve nos desafiar. 
 
 
 
 
 
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“Lemos autores para nos tornamos autores, não vassalos.” 
(Pedro Demo). 
Síntese 
Uma pesquisa deve atender aos critérios de coerência, 
sistematicidade, consistência, originalidade, objetivação e 
discutibilidade. Traz para o campo de saber no qual se 
insere não somente questões formais, mas também 
políticas. Não há assepsia possível no campo da produção 
do conhecimento. Uma pesquisa precisa dizer ao que veio 
e seu projeto deve explicitar quais as contribuições que ela 
pode trazer ao campo, bem como suas contribuições de 
ordem social. 
4.2.1 A pesquisa científica: Etapas 
Veremos um passo-a-passo que poderá lhe orientar no desenvolvimento 
do seu estudo, dispondo os aspectos formais, os quais seu projeto deverá 
contemplar. Atentem, pois, aos itens que se seguem: 
 
 
 
 
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a. Definição do Tema 
Segundo Martins e Theóphilo (2016, p.7), “o processo de escolha de um 
tema assemelha-se à elaboração de um roteiro para iluminação de uma peça 
teatral”. Com criatividade e engenhosidade, é preciso escolher onde se deve 
jogar luz, dar o zoom. Trata-se de buscar e engendrar uma perspectiva, um 
ângulo que possibilite dizer algo que ainda não foi dito, ou rever, sob outra 
perspectiva, o que já foi dito sobre o assunto. 
 O tema constitui, pois, o principal assunto que a pesquisa abordará. Ele 
anuncia um horizonte vasto de possibilidades de recortes de fenômenos e 
problemas, como, por exemplo: direito civil, avaliação da aprendizagem, 
administração escolar, planejamento operacional, história da arte, políticas de 
saúde pública, sucesso e fracasso escolar etc. 
O tema deve ser um assunto de interesse do estudante, algo que de 
alguma forma o intriga, o inquieta, o convoca a pensar e o desafia a investigar. 
Tendo em vista tornar o trabalho mais interessante e eficiente, convém que o 
tema tenha alguma relação com a área de atuação profissional do pesquisador, 
ou que faça parte de sua experiência pessoal. Nessas condições, o pesquisador 
já possui conhecimento prévio que poderá facilitar sua entrada no tema, a 
interpretação dos textos, ideias e jargões da área, orientando na busca de 
bibliografia e consulta a profissionais especializados (MARTINS; THEÓPHILO, 
2016). 
Nessa decisão, contudo, deve-se observar a relevância desse tema e 
dessa investigação. Para tanto, é fundamental fazer um contato prévio com a 
bibliografia que existe disponível sobre o tema – as controvérsias, a insuficiência 
de informações ou abordagens. É necessário ler, fichar, planificar informações 
de estudos já realizados. Aqui os instrumentos apontados no módulo 3 o 
ajudarão. Convém iniciar por trabalhos mais gerais, para, após, abordar estudos 
mais especializados (LAKATOS; MARCONI, 2004). Costuma-se desenvolver 
temas da atualidade – eventos, fenômenosem ocorrência no tempo presente 
 
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(Currículo na Educação Infantil, na atualidade, por exemplo) ou temas históricos 
(a escravidão no Brasil no século XVIII, por exemplo). 
É importante, ainda nesse momento, definir o período de tempo que 
será investigado (marco temporal), o espaço, a população e o tipo de 
amostragem de onde se extrairão os dados (marco empírico). Assim, deverá o 
pesquisador “fixar as circunstâncias, sobretudo de tempo, espaço e sob que 
ponto de vista ou perspectiva o tema será focalizado” (MARTINS; THEÓPHILO, 
2016, p.7). 
 Nas palavras de Antônio Joaquim Severino (2002, p.76), o 
desdobramento de um trabalho de pesquisa pode se dar em três fases: 
(...) há o momento da invenção, da intuição, da descoberta, da 
formulação de hipóteses, fase eminentemente lógica em que o 
pensamento é provocador, o espírito é atuante; logo após, parte 
para a pesquisa positiva, seja experimental, seja de campo ou 
bibliográfica. 
 Para Severino, nesse momento, o pesquisador é posto diante dos fatos, 
de outras analíticas já desenvolvidas acerca do objeto. É do confronto com essa 
produção que ideias poderão ser abandonadas, outras poderão surgir e algumas 
ainda poderão ser reformuladas. 
b. Formulação do problema, hipóteses e proposições 
Definido o tema, deverá o pesquisador fazer um corte e definir, então, o 
objeto de estudo, ou seja, o centro da atenção e a pergunta que irá perseguir. 
Como apontam Gilberto de Andrade Martins, um tema precisa ser 
problematizado. Aqui, o estudante irá delimitar aquele assunto – o tema – e 
especificar o problema que irá investigar: deverá formular com clareza e 
precisão um problema concreto a ser estudado. Deve-se cuidar para que o 
problema seja genérico demais ou restrito demais, cujo solução se aproxime de 
resultados óbvios, com alertam Martins e Theóphilo (2016). 
A formulação do problema é um momento crucial – constitui uma 
delimitação fundamental a qual norteará o caminho da investigação. O tema, o 
qual remete a um assunto geral, amplo, precisa ser problematizado pelo 
 
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pesquisador. Essa etapa constitui, pois, no exercício de delimitar o problema 
dentro do espectro vasto que é o tema. Assim, define-se um objeto que será 
convertido em pergunta orientadora. 
Para Martins e Theóphilo, nessa primeira etapa do processo de pesquisa, 
o investigador deverá responder com clareza e precisão às questões: O que 
fazer? Por que fazer? Ao responder essas perguntas, o pesquisador estará 
caracterizando o seu objeto de estudo. 
O problema de pesquisa deve estabelecer relações entre duas ou mais 
variáveis, ser formulado em forma de questão de forma clara, objetiva, concisa e 
deve ser passível de comprovação. 
Vejamos um exemplo: 
TEMA: Sucesso e fracasso escolar 
OBJETO: Relações entre aproveitamento escolar e identidade de gênero 
e raça no ensino fundamental 
PROBLEMA: É possível estabelecer entre sucesso/fracasso escolar no 
ensino fundamental e identidade de gênero e raça? Como se distribui e 
funciona o processo de produção do fracasso escolar entre meninos e 
meninas/raça? 
Destacamos que a definição de um problema de pesquisa é determinado 
pela abordagem teórica do pesquisador. No exemplo acima, o tema foi 
problematizado por uma abordagem teórica pós-crítica, trazendo à baila 
variáveis como gênero e raça, por uma perspectiva que problematiza as 
relações de poder que (se) produzem socialmente. O mesmo tema definido no 
exemplo acima poderia ser problematizado por várias outras perspectivas 
teóricas, levantando questões diferentes. Numa outra perspectiva teórica, por 
exemplo, poderia definir-se como problema: como surgiu a problematização da 
relação entre fracasso/sucesso escolar e gênero? Como se deu a emergência e 
a proveniência da noção de gênero? 
 
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Como analisa Sandra Mara Corazza (2002, p.115), “as questões feitas 
àquilo que chamamos de realidade são constituídas pela(s) perspectiva(s) 
teórica(s) de onde olhamos e pensamos esta mesma realidade”. Para a 
pesquisadora, um problema não existe em si mesmo, mas é engendrado por 
nós. Defende, ainda que: 
(...) constituir um problema de pesquisa é começar a suspeitar de todo e 
qualquer sentido consensual, de toda e qualquer concepção partilhada, 
como os quais estamos habituadas/os; indagar se aquele elemento do 
mundo – da realidade, das coisas, das práticas, do real – é assim tão 
natural nas significações que lhe são próprias; duvidar dos sentidos 
cristalizados, dos significados que são transcendentais e que possuem 
estatuto de verdade (...) é virar a própria mesa, rachando os conceitos e 
fazendo ranger as articulações das teorias (CORAZZA, 2002, p.118). 
Muito possivelmente, no desenvolvimento da pesquisa um problema 
inicial poderá remeter o pesquisador a outro problema e, até, a outro objeto. 
Destacamos que a definição clara do problema permitirá o 
desdobramento da(s) hipótese(s) que orientará (ão) o tratamento analítico e o 
encaminhamento lógico do raciocínio. Detenha-se a essa tarefa com atenção. 
 
c. Justificativa do estudo 
Nesse momento, o pesquisador apresentará a proposta de sua pesquisa: 
relatará a forma como se aproximou do tema e suas inquietações e 
problematizações acerca do objeto, justificando a pertinência desse estudo, 
expondo a relevância para o campo, para a área do tema a ser estudado. A 
justificativa deverá informar ao leitor o porquê do projeto de pesquisa proposto, 
ou seja, o seu foco de atenção, a pergunta central do estudo e a 
problematização do tema. 
Destacamos a importância de ser apontada a relevância social da 
pesquisa. Sem assumir uma intenção utilitarista, uma pesquisa deve dispor um 
exercício crítico das práticas. Implicam-se aqui algumas questões de relevância 
ética: A que serve essa pesquisa? O bem comum, questão tanto destacada na 
filosofia, não pode estar ausente nos momentos de propositura, escolha de 
caminhos e análise do investigador. 
 
 
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d. Definição dos objetivos – geral e específico 
O objetivo geral indicará a extensão do estudo, explicitará até onde se 
deseja chegar e deve ser amplo e possível de ser desdobrado em objetivos 
específicos. Assim, para o tema e objeto citados no exemplo, citamos os 
objetivos proposto por Marília Pinto de Carvalho (2004, p.247): “conhecer os 
processos através dos quais se produz, no ensino fundamental, o fracasso 
escolar mais acentuado entre crianças negras do sexo masculino, conforme vêm 
indicando as estatísticas educacionais brasileiras há algumas décadas”. 
Os objetivos específicos expressam o que se pretende fazer tendo em 
vista responder ao problema proposto pela pesquisa. Desdobrados do objetivo 
geral, apresentam as ações que precisam ser efetivadas, tendo em vista a 
consecução do objetivo geral. Devem ser alcançáveis. Do exemplo citado como 
objetivo geral, poderíamos desdobrar, também a título de exemplo, alguns 
inventariar as variáveis que são mobilizadas na literatura acadêmica quando se 
analisaa questão do fracasso escolar; 
➢ levantar o conceito de raça em circulação no meio acadêmico; 
➢ identificar se e quando a identificação racial passou a compor o discurso 
acadêmico e/ou as estatísticas estatais e/ou os discursos docente e discente; 
➢ planificar os resultados do aproveitamento escolar nos quartos anos do ensino 
fundamental de uma escola estadual de São Paulo; 
➢ realizar entrevistas com alunos, professores e pais acerca das expectativas 
escolares e representação racial dos alunos – pertencimento étnico-racial; 
➢ observar e analisar o contexto cotidiano de uma turma de 4º ano na escola 
estudada; 
➢ realizar entrevistas com os professores dos alunos dessa turma – aula regular e 
recuperação paralela – sobre a percepção das causas da diferença no 
desempenho escolar entre meninos e meninas; 
➢ investigar os critérios de avaliação dos professores e suas ideias sobre as 
relações raciais (CARVALHO, 2004, P.268). 
 
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Note-se que os objetivos devem ser enunciados a partir de um verbo no 
infinitivo: analisar, investigar, comparar, especificar, estabelecer etc. 
e. Revisão da Literatura/ levantamento da bibliografia 
Nesta etapa, mapeamos o terreno, ou seja, levantaremos o que já existe 
pesquisado sobre o tema/objeto. É importante fazer uma compilação do conjunto 
de produções já em circulação na área de modo a garantir a consistência e 
pertinência da pesquisa. Esse é o trabalho de levantamento do “estado da arte”, 
ou seja, o levantamento do que já existe de produção no campo: investiga-se o 
que já foi pesquisado sobre o tema, que abordagens são circuladas na literatura 
sobre o problema que se quer perseguir, que tratamentos teórico-metodológicos 
e conexões e articulações temáticas e conceituais já foram produzidas, para, 
então, rever o próprio problema: que perguntas e contribuições ele pode trazer à 
área e a esse debate? 
Aqui, deparamos com o excesso ou a escassez de pesquisas e 
produções sobre o tema e, em especial, sobre o objeto que se pretende 
investigar: o que se tem problematizado, que informações e dados se tem 
(insuficientes, abundantes, excessivos, insatisfatórios, inexistentes). Isso para 
evitar repetições, reiterações ou vícios analíticos. É importante que se proponha, 
na pesquisa, um tratamento diferenciado do objeto ou uma nova 
problematização sobre o mesmo. 
Esse momento constitui-se, pois, de procedimentos para localização e 
busca criteriosa de documentos que tangenciam e podem interessar ao tema do 
projeto (SEVERINO, 2002). Do compêndio de documentos passíveis de consulta 
e escrutínio destacam-se livros, artigos científicos, dissertações e teses. 
Lembramos que esse levantamento e sua leitura deverão ser realizados 
com uma atitude crítica – ou seja, localizando aquela produção no contexto em 
que foi produzida, a escola de pensamento que assenta a análise daquela 
produção, sob que motivações e justificativas o estudo foi realizado e, se for o 
caso, quais efeitos ele produz sobre o fenômeno e o papel que desempenha no 
meio acadêmico – as reverberações de determinadas teorias e abordagens 
sobre um fenômeno. 
 
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f. Metodologia de pesquisa 
Os métodos de pesquisa remetem às forma de raciocínio que orientarão a 
análise do pesquisador. No segundo módulo desta disciplina, destacamos os 
métodos de investigação mais referenciados, dentre os quais, o indutivo, o 
dedutivo, o hipotético-dedutivo e o dialético. Indução, dedução dialética referem-
se modos de raciocínio aos quais lançamos mão para dar o devido tratamento 
ao objeto. 
Os métodos de pesquisa são muitos, assim como os tipos de pesquisa, 
conforme citamos na primeira parte deste módulo. Como aponta Demo (2005, 
p.24) “nenhum tipo de pesquisa é autossuficiente”. Na prática, mesclamos 
diferentes métodos, “apenas dando ênfase a um tipo” (DEMO, 2005, p.24). Para 
a escolha do método, ou da composição metodológica, deveremos investigar as 
ferramentas da área e pensar qual o tipo será enfatizado, levando-se em 
consideração os objetivos, a natureza de do objeto, o campo teórico em que se 
movimentará. Como alerta Eco (2016), ao definir a metodologia, o caminho de 
investigação, é necessário avaliar se o quadro metodológico está ao alcance da 
experiência do pesquisador, tendo em vista garantir o percurso e a efetivação da 
pesquisa. 
Destaque-se que um estudo pode ser orientado por diferentes 
procedimentos metodológicos ou por uma combinação de dois ou mais (DEMO, 
2005). 
g. Coleta de dados 
Trata-se aqui da obtenção de informações. Nesse momento, o 
pesquisador disporá a forma e os lugares (fontes) onde irá coletar dados para 
informar a análise do problema a que se propõe e levantar informações acerca 
do acontecimento, do fenômeno. Conforme aponta Eco (2016), para se elaborar 
um projeto de pesquisa exequível necessário definir fontes de consulta que 
sejam acessíveis e manejáveis. 
 
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Vários podem ser os lugares onde buscar os dados: arquivos públicos 
(bibliotecas, banco de dados de órgãos governamentais e não governamentais), 
arquivos particulares, coleções particulares etc. 
Conforme destaca Eco (2016, p. 45), uma pesquisa científica “estuda uma 
objeto por meio de determinados instrumentos. Muitas vezes o objeto é um livro 
e os instrumentos, outros livros”. Quando a pesquisa utiliza os escritos de 
determinado pensador, dizemos que estamos lidando com fontes primárias. 
Quando se analisa os textos sobre esse pensador, estamos lidando com fontes 
secundárias. 
Os dados de um estudo podem ser coletados de documentos 
historiográficos (textos, documentos oficiais, jurídicos, fotos, filmes, mapas etc.), 
de entrevistas e de questionários, dentre outros. 
No caso da entrevista e do questionário, o pesquisador deve estar atento 
à formulação das perguntas e do roteiro. Os espectros de informações que 
podem ser levantadas são incontáveis. Assim, mais uma vez, destacamos que o 
objeto e o problema da pesquisa é que deverão orientar o planejamento e 
elaboração desses instrumentos. 
No caso do questionário, convém destacar que se trata de um 
instrumento que pode ser aplicado a várias pessoas, em diferentes localidades 
ao mesmo tempo ou não. Assim, convém que o mesmo seja acompanhado de 
um texto introdutório em que sejam explicitados os objetivos e intenções da 
pesquisa. As questões devem ser claras de modo a não deixarem dúvida em 
relação às opções de respostas possíveis e devem seguir uma lógica de acordo 
com o tema, das mais simples às mais complexas. Deve-se levar em conta o 
público alvo da pesquisa, adequando-lhe a linguagem. 
Idas a campo são outras formas de observação direta para obtenção de 
dados cujo emprego depende das intenções da pesquisa e da natureza do 
objeto. Para esse procedimento é importante que o pesquisador elabore um 
cronograma com data, horário, atividade, objetivo e observações tendo em vista 
a organização e orientação do trabalho, com a devida atenção aos prazos. 
 
 
 
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h. Tabulação e apresentação dos dados 
Nesta parte, será organizado e apresentado o compêndio dos dados 
coletados na pesquisa. Aqui, o material empírico deverá ser apresentado de 
forma objetiva e clara. 
Os dados quantitativos podem ser dispostos em gráficos de diversos tipos 
(em barras, em colunas, em pizza, em linhas, em áreas etc.) e/ou tabelas etc. 
Nesse caso, então, é interessante que os dados sejam visualmente 
apresentados. 
Os dados levantados por pesquisas de foco mais qualitativo podem ser 
categorizados, perfilados em tabelas e, normalmente, são descritos em textos 
que vão dispondo as informações em acordo com o roteiro e com os itens 
importantes para a construção da análise e do argumento – a próxima fase dos 
procedimentos da pesquisa. 
 
Análise e discussão dos resultados 
Recolhidos e organizados os dados, chegou o momento de encará-los 
com acuidade, atenção e criticidade. Na análise e discussão dos resultados 
entrarão em jogo e, em certa medida, em confronto, o arcabouço teórico do 
pesquisador e os dados coletados. Deve-se atentar ao critério da consistência e 
coerência no tratamento dos dados coletados na pesquisa. É necessário “saber 
orquestrar os componentes do caminho percorrido, de modo que realizem 
convergência consistente nessa parte” (DEMO, 2005, p.150). 
Será feita, nessa parte, a discussão e interpretação dos resultados. Serão 
estabelecidas as relações lógicas, os dados serão comparados e analisados à 
luz das teorias e abordagem circulantes acerca do objeto/fenômeno, 
anteriormente levantadas. Desse exercício emergirá uma possível generalização 
de princípios e da análise. Aqui serão refutadas ou confirmadas as hipóteses 
iniciais, devendo haver uma amarração entre dados, teoria e metodologia. 
 
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Então, é hora de tecer os argumentos. Do confronto entre dados, teorias, 
hipótese, confirmar ou rechaçar as hipóteses iniciais e construir uma analítica 
sobre o objeto de pesquisa, já de posse dos dados coletados – isso é o que 
podemos chamar de tratamento analítico dos dados. 
Destacamos que, conforme dispõe Demo (2005, p150), uma das 
qualidades centrais de uma tese é “saber orquestrar os componentes do 
caminho percorrido, de modo que realizem convergência consistente” na 
realização da hipótese. É importante que se faça uma amarração teórica e 
metodológica. 
 
i. Conclusões. 
Aqui, efetiva-se um recolhimento sintético do que se produziu na 
pesquisa. Trata-se da mensagem final. Dedica-se em média nessa parte uma 
página ou pouco mais. Deve, pois, ser breve e conciso (DEMO, 2005). 
Ao final, deverá o pesquisador apontar sugestões para pesquisas 
posteriores ao estudo então apresentado. Lembramos que os resultados de 
qualquer pesquisa são provisórios e que o conhecimento está sempre em 
movimento. 
 
A ciência é edifício bastante frágil: o melhor que pode alcançar é a oferta de 
apreciações continuamente cambiantes de como as coisas funcionam. Nosso 
conhecimento científico é sempre atacável e provisório. Cada nova teoria 
científica está condenada a ser objetada sempre pela seguinte. 
HOROWITZ e JANIS, 1994, p.151 apud DEMO, 2005, p. 60. 
 
 
 
 
 
 
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Síntese 
 
O processo de uma investigação científica passa por 
algumas etapas. Cada parte do processo influencia as 
outras. A escolha e delimitação do tema e objeto de 
pesquisa são fundamentais para as decisões e ações 
subsequentes. Um tema precisa ser problematizado. É 
necessário levantar hipóteses iniciais, os objetivos gerais e 
específicos, realizar um estudo bibliográfico acerca do que 
já existe sobre o tema, definir tempo e espaço de 
investigação, tipos de dados e fontes e escolher a 
metodologia de investigação. Do confronto entre o que já 
existe pesquisado sobre o tema, os dados coletados, pelo 
tratamento analítico do pesquisador, chegar-se-á às 
conclusões do estudo, com a confirmação ou negação das 
hipóteses do estudo. Ao final, o investigador deverá indicar 
possibilidades futuras de pesquisa a partir dos resultados 
de seus estudos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Considerações Finais 
 
Roland Barthes em um de seus cursos no Collége de France, no ano de 
1979, comparou a aula e o livro a um filme. Tomemos de empréstimo essa 
analogia do filósofo francês: a pesquisa pode ser comparada a uma obra fílmica: 
o pesquisador escolhe o assunto, compõe o enredo, define os ângulos das 
tomadas, realiza os cortes, a edição, os focos de luz e define a trilha sonora. Ao 
final dá-lhe um título. Podemos dizer que ao idealizar, planejar e efetivar uma 
pesquisa que, ao final, resultará numa comunicação na forma de texto, estamos 
realizando a roteirização e direção de um filme. 
Esperamos que esse breve percurso lhe tenha ajudado a identificar os 
principais tópicos de uma pesquisa e que, ao dispor as etapas de uma pesquisa, 
lhe oriente em seu percurso e que, concluído o caminho, resulte um “filme” 
analiticamente consistente, que apresente para o campo de estudo o ar da 
atitude crítica trazendo boas perguntas. 
Dê prosseguimento a seus estudos no tema do módulo pela indicação de 
leitura suplementar e consulte a indicação bibliográfica. E não se esqueça de 
participar do fórum. Por fim, verifique seus conhecimentos nas questões ao final. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Apresentação 
 
 
 MÓDULO 5 – Redação e apresentação do trabalho científico 
 
 
Patrícia Helena Ferreira 
 
Técnicas em Pesquisa e Construção de Textos Científicos. 
Módulo 5 – Redação e apresentação do trabalho científico 
(FCE) – São Paulo – 2016. 
Guia de Estudos – Módulo 5 – Redação e apresentação do 
trabalho científico. 
1. Trabalho científico 2. Produção textual 3. 
Metodologia da Pesquisa 
 
Faculdade Campos Elíseos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Conversa Inicial 
 
 
Caro (a) aluno(a), 
 
Eis-nos caminhando rumo ao quinto módulo da disciplina Técnicas em Pesquisa e 
Construção de Textos Científicos. Neste trajeto, intitulado “Redação e apresentação 
do trabalho científico”, iniciaremos nossos trabalhos refletindo sobre o papel social da 
pesquisa e o momento de apresentação de todo trabalho desenvolvido no decorrer dos 
estudos na universidade. Posteriormente, adentraremos à algumas questões relevantes 
na escritura do texto, tanto do ponto de vista do léxico, quanto das regras de 
textualização. Destacaremos algumas características das monografias e dos artigos 
científicos, dois dos principais gêneros utilizados na escrita acadêmica. A temática da 
ética e o plágio também farão parte da presente discussão, por se trataremde questões 
cruciais quando pensamos na questão da finalidade da pesquisa e no seu devido 
exercício autoral. Por fim, conheceremos algumas diretrizes básicas para a utilização 
das citações, notas de rodapé e referências. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Para início de conversa 
 
Como diria Sandra Corazza (2002), em seu texto Labirintos da pesquisa, 
diante dos ferrolhos, é chegada a hora dos estudantes comunicarem sua 
pesquisa, decorrente de anos de estudo, sistematização de saberes e 
investigações teóricas e empíricas. 
 Esse momento é a finalização de todo um processo, que pode continuar 
em novas perguntas e, por consequência, novas pesquisas. Todavia, a 
comunicação desse percurso utiliza-se de uma linguagem específica para tal e 
está formatada dentro de uma ordem do discursoiv, como nos diria o pensador 
francês Michel Foucault. 
Então, é como se o nosso próprio fazer de pesquisadoras/es colocasse um ponto 
de basta, onde é necessário parar e pensar: Afinal, como é mesmo que venho 
fazendo meu movimento de pesquisa? Até para que se possa estabelecer suas 
principais coordenadas; desenhar suas curvas de visibilidade e de enunciação; 
reconhecer suas linhas de sedimentação e também de fraturas; reordenar os 
percursos e manter os cursos; direcionar as luzes em outra direção e conservar 
alguns focos lá onde já estavam; em poucas palavras, mapear o terreno e a 
cartografar as linhas do trabalho nele realizado. Assim é que vimos emergir 
condições atuais de nosso percurso intelectual, das quais é chegada a hora de 
prestar contas às/aos outras/os, que também investigam e pensam territórios 
teóricos, para que a interlocução se estabeleça com os materiais aproveitáveis, e 
também se processe sobre os resíduos a serem dejetados. 
CORAZZA, 2002, p. 106. 
 
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Caberia a todo estudante a formulação de algumas questões: 
- Por que pesquisar? 
- Qual a necessidade de comunicar a pesquisa realizada de uma maneira 
formal? 
- De que maneira é feita essa comunicação? 
- Quais os procedimentos básicos a serem seguidos? 
- Como demonstrar autoria intelectual? 
 Essas e outras perguntas assolam os estudantes-pesquisadores quando 
da aproximação do final dos seus respectivos cursos. A escrita e apresentação 
do trabalho científico representa a etapa crucial de toda caminhada acadêmica, 
em que o aluno vai, finalmente, demonstrar a que veio e qual foi o seu 
amadurecimento intelectual no percurso que se propôs a trilhar. 
 Este módulo adentrará em algumas questões importantes acerca da 
redação e apresentação dos trabalhos científicos, procurando ajudá-lo em suas 
principais dúvidas e procedendo a orientações de cunho metodológico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 5.1 Indicações relevantes sobre a produção do texto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na leitura do poema de Carlos Drummond de Andrade, vemos como a 
sociedade utiliza a linguagem como meio de comunicação social (SARMENTO, 
2012, 2013). Desde a linguagem não verbal, a linguagem oral e a linguagem 
escrita, o homem usa de símbolos para expressar suas ideias e se comunicar 
com os outros. Cada tipo de linguagem possui seus códigos, seus ditos e 
interditos. Segundo Sarmento (2012) existem três concepções de linguagem: 
 
 
A linguagem 
na ponta da língua, 
tão fácil de falar 
e de entender 
 
A linguagem 
na superfície estrelada de letras, 
sabe lá o que ela quer dizer? 
 
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe, 
e vai desmatando 
o Amazonas da minha ignorância. 
Figuras de gramática, esquipáticas, 
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me. 
 
Já esqueci a língua em que comia, 
em que pedia para ir lá fora, 
em que levava e dava pontapé, 
a língua, breve língua entrecortada 
do namoro com a prima. 
 
O português são dois; o outro, mistério. 
 
 Andrade, Carlos Drummond. 
 
 
 
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• A linguagem como expressão do pensamento – seguem-se regras 
gramaticais, mas não existe a preocupação com a interatividade verbal; 
• A linguagem como instrumento de comunicação – a língua é considerada 
como um código que é necessário dominar para que exista comunicação 
com outros indivíduos, mas não há preocupação com o processo 
histórico-social de construção da língua; 
• A linguagem como forma de interação – o falante/escritor usa a língua 
para interagir comunicativamente com o ouvinte/leitor, criando efeitos de 
sentido entre os interlocutores. 
 Se pensarmos na escrita de um trabalho científico como uma forma de 
interação com um determinado grupo de leitores, precisaremos observar 
regras/requisitos mínimos para que esse tipo de comunicação se dê de uma 
forma mais próxima da precisão em termos da enunciação de uma mensagem 
que se quer transmitir, possibilitando diversas conversas. 
 É necessário, primeiramente, o conhecimento do léxico (vocabulário) e da 
gramática (conjunto de regras e normas acerca do funcionamento de uma 
língua). Ainda, para melhor compreensão/escrita de um texto, é imperativo que 
se conheçam as regras de textualização (relativas à organização do texto) e as 
regras de interação verbal (fusão do léxico e da gramática). Todos esses 
elementos contribuem para que a redação de um trabalho acadêmico seja feita 
de uma forma que possa, de fato, produzir uma interlocução com seus possíveis 
leitores. 
 De forma diversa da linguagem informal, feita principalmente por meio da 
oralidade, a comunicação escrita é mais precisa e extensa, pois necessita 
prestar as devidas informações ao leitor, utilizando-se de recursos de expressão, 
como a pontuação, e de outros recursos linguísticos. 
Para transformarmos uma sequência linguística em um texto precisamos 
fazer com que ele adquira elementos de textualização, dos quais fazem parte a 
coesão, a coerência e informatividade e a intertextualidade. Ainda, não podemos 
esquecer que esse texto pertence a um determinado contexto e faz parte de um 
discurso, a saber, “o uso da língua em uma determinada situação de 
comunicação entre interlocutores” (SARMENTO, 2012, p. 66). 
 
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Resumindo: 
• A coesão textual diz respeito à conexão estabelecida entre as partes de 
um texto por meio de conectivos (conjunções, preposições, advérbios 
etc.) e outros recursos linguísticos, com objetivo de dar ao mesmo um 
sentido lógico, coerente; 
• Para que um escrito seja eficaz também é necessário que ele tenha 
coerência textual, que representa a estruturação lógica das ideias, 
conferindo-lhe sentido unitário; 
• A informatividade diz respeito à relevância do que o texto apresenta; 
• A intertextualidade é o diálogo entre dois ou mais textos.De certa forma, 
ela demonstra o domínio e o arquivo bibliográfico que o escritor tem. 
 De posse destes conhecimentos, os quais devem fazer parte do 
arcabouço de qualquer escrita que se pretenda interativa, destacaremos alguns 
critérios que devem ser observados na escrita de um texto científico, objeto de 
nosso estudo do módulo. 
1. Quanto aos aspectos sintáticos: 
• Deve-se utilizar a 1ª pessoa do plural ou a 3ª pessoa do singular para 
elaboração do texto: “O presente estudo tem por objetivos....”, “realizamos 
a pesquisa a partir de...”; 
• A voz verbal indicada é a voz passiva sintéticav: “Comprovou-se que os 
dados foram (...)”, “Elaborar-se-á, ao final, a tabela de (...)”; 
• Estruturas frasais – como já descrito anteriormente, o texto deve ser 
escrito em língua culta, observando os critérios de coesão, coerência, 
clareza e concisão. Para tal, a construção dos períodos deve se dar de 
forma que os mesmos não sejam muito longos e que se utilizem de 
linguagem clara. Quanto à utilização da norma culta, deve-se evitar a 
escrita coloquial. A mesóclise é uma das formas indicadas para a 
construção do texto quando o autor demonstrar algo no futuro do presente 
e no futuro do pretérito. “Definir-se-iam novos vetores, caso os resultados 
aludissem para tal”, “No presente estudo, elencar-se-ão elementos que 
contribuam para (...)”. 
 
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2. Quanto aos aspectos morfológicos e semânticos - devem ser 
observados os seguintes critérios: 
• Sobriedade – utilização de linguagem clara, sintética e precisa. O texto 
não deve possuir exagero em adjetivos qualitativos, de modo que se torne 
o mais objetivo possível; 
• Propriedade - relaciona-se à apropriação de linguagem técnico-científica 
da área (utilização de termos e conceitos adequados), bem como à 
utilização de verbos mais formais, evitando-se o coloquialismo. Exemplos 
de alguns verbos que podem ser utilizados: “resultar”, “constituir”, 
“compreender”, “realizar”, “conter”, “referir-se”, “constatar”, “observar” etc. 
 
 
Síntese 
 
 
 
 
 Na escrita de um trabalho científico faz-se necessário observarmos 
regras/requisitos mínimos para que esse tipo de comunicação se dê de uma 
forma mais próxima da precisão em termos da enunciação de uma mensagem 
que se quer transmitir. 
É necessário, para tal feito, o conhecimento do léxico, da gramática, das regras 
de textualização e das regras de interação verbal. 
Para considerarmos qualquer escrita como um texto é necessário que ele 
observe os elementos de textualização, dos quais fazem parte a coesão, a 
coerência e informatividade e a intertextualidade. 
 
 
 
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5.1.1 Recomendações na elaboração de monografias e de artigos 
científicos 
 
a. A monografia: características e recomendações 
 
A monografia, segundo Marconi e Lakatos (2001, p. 151), 
(...) é um estudo sobre um tema específico ou particular, com suficiente 
valor representativo e que obedece a rigorosa metodologia. Investiga 
determinado assunto não só em profundidade, mas em todos seus 
ângulos e aspectos, dependendo dos fins a que se destina. 
 
 Uma monografia apresenta algumas características que a diferenciam de 
outro tipo de produção, como a escrita de um trabalho sistemático e completo, 
de um tema específico, que revela um estudo pormenorizado sobre o mesmo. 
Apesar de sua profundidade, é um estudo limitado que se utiliza da metodologia 
científica para contribuir para algum aspecto relevante da ciência estudada. 
 A monografia, de acordo com Prodanov e Freitas (2013) possui sentido 
estrito e sentido lato. 
• Em sentido estrito, identifica-se com a tesevi: “relatório escrito sobre um 
tema específico que decorre de uma pesquisa realizada com o objetivo de 
fornecer uma contribuição original” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 
170); 
• Em sentido lato, é todo trabalho científico resultante de uma pesquisa, 
realizado pela primeira vez, como é o caso das dissertaçõesvii em geral e 
Etimologicamente, a palavra monografia vem do grego monos, que 
significa "única", e graphein, que quer dizer "escrita". 
 
 
 
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o Trabalho de Conclusão de Cursoviii (TCC) de graduação ou de pós-
graduação lato sensu. 
 Pensando como um exercício de pesquisa, a monografia tem vital 
importância na formação do aluno pesquisador, porque independentemente do 
nível, lato ou estrito, é um trabalho que envolve observação, coleta de 
informações, organização de elementos, sistematização de ideias e 
comunicação de resultados. 
Lembramos que a monografia, tal quais outros tipos de trabalho científico, 
necessita ser escrita de acordo com as normas da ABNT - Associação 
Brasileira de Normas Técnicas. No caso das monografias, vige a norma 
14724:2002, a qual trata de informação e documentação de trabalhos 
acadêmicos. Essa é a fonte principal de normatização ao elaborarmos uma 
monografia, além dos manuais de orientação das diversas instituições de ensino 
superior e dos livros de metodologia científica. 
 Antônio Joaquim Severino (2002) enfatiza algumas etapas para a 
preparação e execução de uma monografia científica: 
• a determinação do tema e do problema do trabalho; 
• o levantamento da bibliografia acerca desse tema; 
• a leitura e a documentação dessa bibliografia; 
• a construção lógica do trabalho; 
• a redação do texto. 
 
A escolha do tema é o primeiro passo da tarefa, tendo que ser esse muito bem 
delimitado para que possa facilitar o processo de pesquisa do aluno, como por 
exemplo, falar sobre a liberdade em geral e falar sobre a liberdade de imprensa 
(a delimitação do segundo tema permite ao pesquisador maior foco na 
pesquisa). É do tema que serão estabelecidas as estruturas de relações com 
outras variáveis: históricas, sociais, geográficas etc. A escolha do tema também 
definirá o tipo de pesquisa a ser feita: bibliográfica, de campo, etnográfica etc. 
 
 
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A visão clara do trabalho levará o pesquisador à formulação do 
problema, isto é, uma questão que será desenvolvida a partir do tema. “A 
gênese dessa problemática dar-se-á pela reflexão surgida por ocasião das 
leituras, dos debates, das experiências, da aprendizagem, enfim da vivência 
intelectual no meio de estudo universitário e no ambiente científico e cultural” 
(SEVERINO, 2002, p. 75). 
Da formulação do problema, que representa uma questão que guiará o 
pesquisador no desenrolar de seu trabalho, desencadear-se-á a hipótese 
central, que poderá ser comprovada ou refutada no desenvolvimento do 
raciocínio. A partir dessa tomada de posição sobre o tema e seu problema, 
firma-se a tese, ou ideia central, “proposição portadora da mensagem principal 
do trabalho que deverá ser demonstrada logicamente através do raciocínio 
(SEVERINO, 2002, p. 75)”. 
 O levantamento da bibliografia e a sua documentação caracterizam-se 
pelo trabalhode “garimpagem” de fontes bibliográficas de diversos tipos (livros, 
artigos, repertórios, catálogos bibliográficos, boletins, dicionários especializados, 
monografias, revistas e periódicos acadêmicos). Parte-se para documentação 
de tal repertório, por meio de fichas bibliográficas, como já visto no módulo 3. 
 O aluno deverá, para tal, elaborar um roteiro primeiro de seu trabalho, 
ainda provisório. De posse desse roteiro, partirá para análise dos documentos, 
os quais já foram selecionados em uma primeira triagem, feita a partir da 
elaboração das fichas de síntese das obras. Combina-se, na leitura, o critério da 
atualidade (das mais atuais às mais antigas) e da generalidade (obras gerais, 
enciclopédias, dicionários especializados, monografias e revistas 
especializadas). Essa leitura deve ser feita em função do tema e do problema 
eleitos como foco de trabalho da monografia e não deve ter caráter generalista, 
pois, nessa fase, são escolhidos os aspectos das obras que interessarão à 
pesquisa. 
A construção lógica do trabalho “é a coordenação inteligente das ideias 
conforme as exigências racionais de sistematização própria do trabalho” 
(SEVERINO, 2002, p. 81-82). Essa construção é expressa por meio do 
 
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encadeamento dos raciocínios utilizados para demonstração da hipótese 
formulada no início do trabalho. Neste momento, vale voltarmos às regras de 
coesão, coerência, concisão e intertextualidade, apresentadas anteriormente, as 
quais fornecem ao trabalho clareza e objetividade. 
Do ponto de vista formal, o trabalho apresenta três fases: 
1. Introdução – demonstra a questão, articulando-a a outros trabalhos já 
escritos e justificando a pertinência e a relevância do trabalho. Nesse 
momento também são delimitados os objetivos, anunciados o tema e 
problema, a tese e os procedimentos de pesquisa. Tal texto deve ser 
sintético e objetivo. 
 
 
 
 
2. Desenvolvimento – corresponde ao corpo do trabalho, em toda sua 
estrutura de seções, capítulos e itens, formando uma estrutura lógica e de 
sentido. Cada capítulo deve ter títulos expressivos, que anunciam a ideia 
do conteúdo do mesmo. Nesta fase também é feita a fundamentação 
lógica do encadeamento de raciocínio apresentado, com a discussão, 
análise e demonstração do percurso; 
3. Conclusão – é a síntese final do trabalho, momento em que será feito um 
balanço geral do mesmo, resgatando brevemente seu percurso e 
apresentando os resultados obtidos. 
Na fase de redação do texto, serão observados os critérios já elencados 
anteriormente, transformados num texto que se dirige a um possível leitor 
interessado pelas questões apresentadas pelo trabalho. Essa redação não será, 
de início, definitiva e será composta por vários rascunhos (nesse ponto, a 
importância e a facilidade que o meio eletrônico trouxe é fundamental, dando a 
liberdade do autor produzir tantos rascunhos necessitar e salvá-los). 
Atenção! A introdução é a última parte do 
trabalho que deve ser escrita. 
 
 
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 A linguagem deve ser sóbria, precisa e clara, sem dar lugar a 
hermetismos, esoterismos, sentimentalismos ou pomposidades. Cabe, 
finalmente, alertarmos para a construção do parágrafo, cabendo a justa 
medida entre o excesso de parágrafos e a quase inexistência dos mesmos. Os 
parágrafos representam a articulação do raciocínio do autor e devem colaborar 
para tal função. 
 
b. O artigo científico: características e recomendações 
 Os artigos científicos são “pequenos estudos, porém completos, que 
tratam de uma questão verdadeiramente científica, mas que não se constituem 
em matéria de um livro” (MARCONI; LAKATOS, 2001, p. 84). Os mesmos, 
geralmente, demonstram o resultado de uma pesquisa ou estudo e são 
apresentados em evento (congressos, encontros, seminários) ou publicado num 
periódico especializado. Por meio destes discutem-se ideias, métodos, técnicas, 
processos e resultados encontrados nas diversas áreas do conhecimento. O 
artigo pode resumir, analisar e discutir informações já publicadas, bem como 
apresentar temas ou abordagens originais. 
Segundo a NBR 6022 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS 
TÉCNICAS, 2003), que estabelece as regras para artigo em publicação 
periódica impressa, artigo científico é a parte de uma publicação com 
autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, 
processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento. A norma 
reconhece dois tipos de artigos: artigo original, também chamado de 
científico, é aquele que apresenta temas ou abordagens próprias, 
geralmente relatando resultados de pesquisa; e artigo de revisão, em 
geral, resultado de pesquisa bibliográfica, caracteriza-se por analisar e 
discutir informações já publicadas (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 
159). 
 
 Por seu caráter sintético e objetivo, os artigos científicos são de grande 
circulação no meio acadêmico e facilitam a inserção dos estudantes no universo 
das pesquisas científicas, demonstrando uma trajetória de pesquisa ou 
argumentativa. 
 Os artigos científicos são muito utilizados como exercício de pensamento 
e ensaio de pesquisas que ainda estão em andamento, podendo ser 
classificados, segundo Marconi e Lakatos (2001), em três tipos: 
 
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• Artigo de Argumento Teórico – é um artigo que apresenta argumentos 
favoráveis ou contrários a uma opinião. Só é recomendável quando o 
pesquisador se encontrar em um nível de experiência diferenciado, pois 
requer aprofundamento de pesquisa; 
• Artigo de análise – o autor realiza uma análise dos elementos 
constitutivos de um assunto, englobando a descrição, a definição, a 
classificação do assunto. Tem como objetivo estabelecer uma relação das 
partes com o todo. 
• Artigo classificatório – o pesquisador classifica os aspectos de 
determinado assunto e explica suas partes. Costuma ser o tipo mais 
utilizado e divide-se em: definição, descrição objetiva e análise. 
 Em suma, a redação de um artigo científico dá a oportunidade do 
pesquisador introduzir aspectos de um assunto ainda não estudado, dar uma 
nova interpretação a assuntos já estudados ou até mesmo apresentar questões 
secundárias que não caberiam em uma obra que está sendo escrita. Sua forma 
estilística deve ser clara, concisa e simples, de modo que exerça a sua função 
comunicativa. 
 A estrutura formal do artigo científico será apresentada no módulo 6. No 
presente módulo destacaremos algumas recomendações para a escrita do 
mesmo. 
Segundo Campana (2000), antes da redação de um artigo ou 
comunicação científica, algumas questões devem ocupar a atenção do 
pesquisador; 
a. O que se pretende dizer com o trabalho? Essa pergunta tem a ver com a 
relevância e o objetivo do mesmo, relacionado ao público a que se 
destina; 
b. Como a pesquisa foi delineada? Qual a metodologia utilizada? A mesma 
atendeu aos propósitos da pesquisa? 
c. O artigo é merecedor de ser publicado? Uma vez que o mesmo destinar-
se-á à publicação no meio científico ele deve trazer alguma contribuição 
para discussão de determinada questão. 
 
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d. Qual é a melhor forma para apresentação da pesquisa? Além do artigo 
científico, há outras formas de publicação, como o paper, carta ao editor, 
revisão etc. 
e. Para qual meio de publicação deve ser enviado? Essa pergunta 
dependerá da própria natureza do trabalho e da temática que as revistas 
científicas abordam. 
Acrescentaríamos a essas questões formuladas por Campana, a 
necessidade da abordagem ética sobre a pertinência e originalidade da 
publicação, para que possa, de fato, analisar a viabilidade da sua execução. 
Deve ser feita uma avaliação de sua adequação, exatidão, unidade, honestidade 
em termos acadêmicos e contribuição para posteriores estudos. 
 
Síntese 
 
 
 
 
 
 A monografia e o artigo científico são duas modalidades de escrita 
acadêmica que, embora distintas, seguem as recomendações técnicas da 
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, e apresentam rigor 
teórico-metodológico na sua elaboração e redação. 
Além da técnica, a questão ética deve permear toda formulação e escrita 
de um trabalho científico, seja qual for a sua natureza. 
 
 
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 5.1.2 Recomendações para evitar o plágio 
 Segundo o Dicionário On-line de Português, o plágio é a “ação de 
apresentar alguma coisa (trabalho, livro, teoria etc.) como se esta fosse de sua 
própria autoria, embora tenha sido criada e/ou desenvolvida por outrem” 
(https://www.dicio.com.br/). 
 Tal ação não se restringe somente às obras oriundas da Academia, mas 
também da literatura, música, jornalismo, direito e outras áreas onde se 
configure a noção de autoria. Nos últimos anos, com a difusão da rede 
internacional de computadores, essa ação vem sendo constantemente discutida 
por diversas áreas da sociedade civil, incluindo as comissões de ética das áreas 
relativas. Foram elaboradas, então, orientações e normatizações a respeito da 
utilização do plágio, as quais implicam em sanções da ordem dos próprios 
comitês de ética até sanções jurídicas, ligadas ao direito. 
 Na área acadêmica, as comissões de ética têm elaborado documentos a 
respeito do direcionamento ético das pesquisas, explicitando nessas 
recomendações, a questão do plágio. 
 Prodanov e Freitas (2013), destacam alguns princípios éticos que devem 
ser observados na produção de trabalhos acadêmicos, sejam eles de diversos 
tipos: 
i. A responsabilidade do pesquisador no que diz respeito à sua investigação 
científica; 
ii. O caráter antiético da apropriação indevida de obras intelectuais, 
considerada como crime de violação de direitos autorais; 
iii. A autoria como esteio balizador da pesquisa; 
iv. A observação às normatizações da ABNT na execução e formatação dos 
referidos trabalhos. 
 Especificamente falando em pesquisas acadêmicas e plágio, existem 
recomendações da CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de 
 
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Ensino Superior – em nível federal e da FAPESP – Fundação de Amparo à 
Pesquisa do Estado de São Paulo, para que as instituições de ensino superior 
adotem políticas de conscientização e informação sobre a chamada propriedade 
intelectual, como forma de evitar o plágio acadêmico. Além disso, existem 
comitês específicos para discussão da ética nas pesquisas acadêmicas nas 
diversas áreas do conhecimento. Os comitês de ética em pesquisa são 
responsáveis pela avaliação ética dos projetos de pesquisa e devem informar e 
educar seus membros e a comunidade quanto a sua função no controle social. 
 
 No âmbito jurídico, como bem destacam Pithan e Vidal (2013), a questão 
do plágio insere-se na problemática dos direitos autorais, direitos esses que são 
assegurados pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei Federal 9.610, de 19 
de fevereiro de 1998, a qual altera, atualiza e consolida a legislação sobre 
direitos autorais. Segunda tal legislação, o autor é definido como “a pessoa física 
criadora de obra literária, artística ou científica” (BRASIL, 1998), cabendo-lhe 
proteção quando da violação de sua autoria e responsabilizando quem se utilizar 
de sua obra, sem referenciá-lo, por danos morais. 
 
Cabe aqui destacarmos que é função das universidades e faculdades a 
orientação e o acompanhamento dos trabalhos de seus alunos, dando-lhes 
suporte teórico e metodológico para evitar a apropriação de ideias de outrem 
sem a devida referenciação. 
 
 Acrescido ao acompanhamento institucional, o estudante de 
graduação/pós-graduação deve ter em mente as principais recomendações: 
a. A consulta às fontes bibliográficas é um exercício saudável e necessário 
para que o mesmo adquira amadurecimento intelectual; 
 
b. Tal consulta deve, primeiramente, ser fonte de estudo aprofundado, 
documentação minuciosa, para verificação da sua contribuição no 
trabalho a ser desenvolvido pelo aluno-pesquisador; 
 
 
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c. Os documentos apurados de tal consulta poderão fazer parte do corpus 
teórico do trabalho do aluno, desde que sempre referenciados em sua 
autoria e que tenham servido como inspiração, premissa ou mesmo fonte 
de contestação; 
 
d. Quando da necessidade de citação de algum trecho de artigo, livro ou 
outra documentação, o aluno deverá seguir as regras da ABNT, tanto no 
caso de citação direta quanto no de paráfraseix; 
 
e. A elaboração de um arquivo virtual contendo todos textos e fontes citados 
é recomendável, em caso de necessidade de nova consulta ou de sanar 
alguma dúvida. 
 
f. A revisão do texto é um ótimo meio do autor verificar se foram utilizadas 
muitas citações e referências e quanto de pensamento autoral foi ali 
despendido. 
 
g. A escrita do texto sempre deverá ser acompanhada pelo professor 
orientador do trabalho. Tal acompanhamento deverá ser sistemático e 
não somente ao final do trabalho. 
 
h. Existem hoje softwares que fazem o trabalho de revisão de possíveis 
escritos sem referenciação. O aluno e a instituição de ensino podem 
utilizar-se dos mesmos. 
 
Por fim, o trabalho de autoria, um dos objetivos principais do ensino superior, 
demanda do aluno um exercício de rigor intelectual e esse exercício só será bem 
feito se o mesmo tiver seriedade nos estudos e acompanhamento devido. 
 
 
 
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Síntese 
 
Após analisarmos as questões estilísticas e de ética na pesquisa 
acadêmica, adentraremos a tópicos mais técnicos na elaboração de trabalhos, 
os quais demonstram a seriedade na elaboração do trabalho e a necessidade do 
aluno-pesquisador em seguir as orientações dadas pelas normatizações 
específicas. 
 Serão, pois, apresentadas algumas orientações gerais sobre citações, 
notas de rodapé e referências bibliográficas, ancoradas pela normatização da 
ABNT e dos manuais de metodologia científica. 
 É importante destacarmos que, para uma consulta minuciosa e 
pormenorizada, deverá sempre ser utilizada a normatização específica da ABNT.O tema do plágio na elaboração de trabalhos acadêmicos está relacionado a 
questões de cunho institucional, legal e ético. 
Cabe ao aluno-pesquisador além do estudo rigoroso do campo teórico e da realização 
da pesquisa empírica, a observância das regras de referenciação aos autores, 
conforme o que preveem as normatizações existentes. 
Cabe às Instituições de ensino superior a orientação e o acompanhamento aos seus 
alunos. 
 
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 5.1.3 Citações 
 As citações são “elementos retirados dos documentos pesquisados 
durante a leitura da documentação e que se revelam úteis para corroborar as 
ideias desenvolvidas pelo autor no decorrer do seu raciocínio” (SEVERINO, 
2002, p. 106). 
 De acordo com a NBR 10520:2002b, podemos definir: 
▪ citação: menção de uma informação extraída de outra fonte. 
▪ citação de citação: citação direta ou indireta de um texto em que não se 
teve acesso ao original. É o chamado apud. 
▪ citação direta: transcrição textual de parte da obra do autor consultado. 
▪ citação indireta: texto baseado na obra do autor consultado, com 
pequenas alterações. 
 Algumas orientações devem ser seguidas quando utilizamos citações. 
a. Quando o texto citado possuir até três linhas: 
• A citação deve ser feita no próprio texto, entre aspas duplas (“), no 
mesmo tamanho e fonte utilizada no texto; 
• Caso o texto já tenha palavras com aspas duplas, o autor deve 
substituí-las por aspas simples (‘); 
• Os autores podem ser enunciados antes da citação ou somente ao 
final dela (nesse caso, o sobrenome é escrito em caixa alta, 
ficando entre parênteses). 
 
 
 
 
 
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Exemplos: 
 
b. Quando o texto a ser citado possuir mais de três linhas: 
• As citações longas devem ter um recuo de 4 cm da margem esquerda, 
com texto, justificado, com fonte menor (geralmente 11). 
 
Exemplo: 
De acordo com Veiga-Neto (2002, p. 25), “para compreender como as Ciências 
Humanas estabeleceram suas representações acerca da realidade, é preciso 
rastrear as origens da sua racionalidade”. 
 ou 
“Para compreender como as Ciências Humanas estabeleceram suas 
representações acerca da realidade, é preciso rastrear as origens da sua 
racionalidade”. (VEIGA-NETO, 2002, p. 25) 
 
 
 
 
 Quanto à questão da moral: 
Expor as condições de criação dos valores vigentes, sua 
arbitrariedade, sua historicidade, não significa sumariamente 
invalidá-los. Significa, em vez disso, tão somente situá-los, 
colocá-los em sua devida e respeitável posição de criaturas, de 
invenções, de artefatos. Um valor deve saber o seu lugar. (SILVA, 
2002, p.8). 
 
ou 
 Quanto à questão da moral, Tomaz Tadeu da Silva (2002, p.8), alerta: 
Expor as condições de criação dos valores vigentes, sua 
arbitrariedade, sua historicidade, não significa sumariamente 
invalidá-los. Significa, em vez disso, tão somente situá-los, 
colocá-los em sua devida e respeitável posição de criaturas, de 
invenções, de artefatos. Um valor deve saber o seu lugar. 
 
 
 
 
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c. Quando a citação for indireta: a citação indireta é um texto baseado na obra 
consultada, podendo ser uma paráfrase ou comentário da obra. Nesse caso, 
deve ser acrescentado, entre parênteses, o nome do autor em caixa alta, e o 
ano. Por ser um comentário ou paráfrase não é necessário inserir aspas, nem 
indicar a página, até porque a ideia descrita pode estar distribuída em várias 
páginas. 
Exemplo: 
 
d. Citação de citação: é a menção de um documento ao qual não se teve 
acesso, mas que foi citado em outro trabalho. Tal recurso somente é 
recomendado quando da impossibilidade de ter acesso ao texto original ou 
quando o mesmo for um documento histórico muito antigo, ou em língua diversa. 
• Usa-se a expressão apud, que em latim significa “citado por”, após as 
informações do texto citado e em seguida cita-se a fonte pesquisada 
(onde a citação estava inserida). 
Exemplo: 
A escola é um ambiente de comunicação em que determinados atos têm 
efeitos tanto para que a frequenta, quanto para a sociedade como um todo 
(CORREA, 2004). Na escola o principal exercício é o da imobilidade, 
promovido em pelo menos quatro horas diárias de rituais particulares. 
 
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Algumas outras observações podem ser feitas ainda em relação às citações: 
✓ Caso haja no texto citado algo que se julgue estranho, que deva ser 
corrigido, coloca-se a expressão (sic!), entre parênteses, indicando que 
era dessa forma que o texto estava escrito; 
✓ Caso queira se dar ênfase a uma palavra, a mesma pode ser escrita em 
negrito. Essa alteração deve ser assinalada com a expressão “grifo 
nosso”, colocada entre parênteses no texto ou em nota de rodapé; 
Exemplo: “A arte de desenvolver uma estratégia bem-sucedida e 
sustentável [...]” (KAPLAN; NORTON, 2OOO, P. 103, grifo nosso). O 
mesmo ocorre quando o autor citado grifa uma palavra e trecho do seu 
texto. Neste caso usa-se “grifo do autor”; 
✓ Os textos em outras línguas são traduzidos no corpo do trabalho. 
Somente em trabalhos de estudos linguísticos devem ser mantidos em 
sua língua original; 
✓ Supressões de texto, comentários e acréscimos devem ser indicados 
dentro de colchetes. Exemplo: “Há um vaivém permanente entre um 
raciocínio ordenado [...] e o sentimento.” (LINS, 2004. P. 108). 
 
“Ele quer falar de alguma coisa para além da lenda, de algo que não 
conhecemos e que ele mesmo não saberia, em consequência, designar 
com mais precisão.” (KAKFA, 1980, p. 727 apud LINS, 2004, p. 109). 
ou 
Segundo o que nos diria Kafka (1980, p. 727 apud LINS, 2004, p. 109), “ele 
quer falar de alguma coisa para além da lenda, de algo que não 
conhecemos e que ele mesmo não saberia, em consequência, designar 
com mais precisão”. 
 
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 5.1.4 Notas de Rodapé 
 Segundo Severino (2002), as notas de rodapé têm três finalidades: 
• Indicar a fonte de onde é retirada a citação, quando a mesma não for feita 
no corpo do próprio texto; 
• Inserir considerações complementares que podem ser úteis aos leitores; 
• Trazer a versão original de um texto que foi traduzido no corpo do 
trabalho, a fim de compará-los. 
 
A NBR 10520:2002b conceitua as notas como: 
a. Notas de referência – aquelas que indicam as fontes consultadas 
ou remetem a outras partes da obra onde o assunto foi consultado; 
b. Notas de rodapé – são as indicações, observações ou acréscimos 
feitos pelo autor; 
c. Notas explicativas – utilizadas para comentários, esclarecimentos 
ou explanações. 
 De toda forma, todas essas notas costumam aparecer no rodapé da 
página e são digitadas em espaço simples, com fonte 10. 
Exemplos: 
 Quanto às notas de referência há algumas considerações a fazer: 
Notas de referência: 
________________________________1. FARIA, José Eduardo (Org.). Direitos Humanos, direitos sociais e justiça. São Paulo: Malheiros, 
1994. 
 
Notas explicativas ou de rodapé: 
_______________________________ 
2. Veja-se, como exemplo, o estudo feito por Corazza (2002). 
 
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a. A numeração das mesmas deve ser única e consecutiva para cada 
capítulo ou parte; 
b. A primeira citação de uma obra deve ter a sua referência completa (autor, 
título, cidade da publicação, editora e ano); 
c. As citações subsequentes da mesma obra podem ser referenciadas de 
forma abreviada, utilizando-se as seguintes expressões, conforme o caso. 
 
EXPRESSÃO LATINA 
ABREVIATURA 
UTILIZAÇÃO EXEMPLO 
Apud 
(citado por) 
Pode ser usada tanto no texto 
quanto na nota de rodapé. 
Segundo Kafka (1980, p. 727 
apud LINS, 2004, p. 109). 
Idem ou Id. * 
(do mesmo autor) 
Usada em substituição ao nome 
do autor, quando se tratar de 
citação de diferentes obras de um 
mesmo autor. 
1. FOUCAULT, 1978. 
2. Id., 1994. 
3. Id. 2000. 
Ibidem ou Ibid. * 
(na mesma obra) 
Usada em substituição aos dados 
da citação anterior, pois o que 
difere apenas é o número da 
página. 
1.DELEUZE, Giles. A ilha 
deserta. São Paulo: Iluminuras, 
2006, p. 177. 
2. Ibid., p. 180. 
Opus citatum 
ou op. cit. * 
(obra citada) 
Usada no caso de obra citada 
anteriormente, na mesma página, 
quando houver outras notas. 
1. FOUCAULT, 1978, p. 123. 
2. DELEUZE, 2006, p. 177. 
3. FOUCAULT, op. cit., p. 40. 
4. DELEUZE, op. cit., p.196. 
Passim 
(em diversas 
passagens) 
Usada quando a informação é 
retirada de diversas páginas do 
documento citado. 
1. LINS, 2004, passim. 
Loco citado ou loc. cit. 
(no lugar citado) 
Usada para designar a mesma 
página de uma obra já citada 
anteriormente, mas com 
intercalação de notas. 
1. FOUCAULT, 1978, p. 123. 
2. LINS, 2006, p. 177. 
3. FOUCAULT, 1978, loc. cit. 
Confira ou Cf. * 
(confronte) 
Usada como abreviatura para 
recomendar a consulta a um 
trabalho ou nota. 
1. Cf. DELEUZE, 2006, p. 177. 
2. Cf. nota 2 desta seção. 
Sequentia ou et. seq. 
(seguinte) 
Usada quando não quer se citar 
todas as páginas da obra 
referenciada. 
1. DELEUZE, 2006, p. 177 et. 
seq. 
 
 
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* Só podem ser utilizadas na mesma página da citação a que se referem. 
** Todas essas expressões, à exceção do apud, só podem ser utilizadas em 
notas de rodapé e não no corpo do texto. 
 
 5.1.5 Referências 
 A NBR 6023:2002 conceitua referência como “conjunto padronizado de 
elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua identificação 
Individual” (ABNT, 2002a). As referências, tanto utilizadas nas notas de 
referência, quanto ao final do texto, são de fundamental importância para que o 
autor forneça a informação completa de todas as obras consultadas, em 
diversos meios (livros, periódicos, internet etc.). 
 Há uma pormenorização de toda a normatização das referências na NBR 
6023:2002, a qual não pretendemos abarcar, dada a amplitude de nosso 
trabalho. Apenas faremos alguns pequenos destaques que podem ser úteis 
quando da elaboração das referências bibliográficas: 
a. As referências sempre dão atenção ao autor da obra, título da obra, 
cidade de publicação, editora e ano de publicação. Essa é a formatação 
mais simples que é apresentada. Exemplo: 
DELEUZE, Giles. A ilha deserta. São Paulo: Iluminuras, 2006. 
b. Devem ser observadas questões relativas à apresentação desses itens, 
como: 
i. Sobrenome do autor em caixa alta; 
ii. Título da obra em negrito ou itálico; 
iii. Após a informação da cidade utiliza-se dois pontos ( : ); 
iv. Após a informação da editora utiliza-se a vírgula. 
 
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c. Para cada caso de obra há um acréscimo de informações ou modos de 
separação das informações específicos. Como o estudante se utiliza de 
diversas fontes, é necessário que o mesmo proceda à pesquisa da 
referenciação das mesmas na própria NBR 6023:2002 ou nos manuais 
para elaboração de trabalhos de conclusão de curso de sua respectiva 
instituição de ensino superior; 
d. Os artigos científicos costumam utilizar-se da mesma referenciação das 
monografias e trabalhos de conclusão de curso – TCC; 
e. O importante é proceder à correta referenciação para que o leitor do 
trabalho possa, caso queira, ter acesso à mesma com facilidade. 
 
Síntese 
 
 Considerações Finais 
 Chegamos ao fim do Módulo 5, “Redação e apresentação do trabalho 
científico”. Estamos nos aproximando do final da nossa disciplina e, finalmente, 
no módulo 6, serão apresentadas a estruturação formal do artigo científico e da 
monografia. Para chegarmos até lá vivenciamos 5 módulos que apresentaram 
As citações, notas de rodapé e as referências bibliográficas são elementos 
importantes na elaboração dos trabalhos acadêmicos. Os mesmos conferem 
rigor e organicidade ao trabalho e contribuem para torná-lo autoral, 
obedecendo aos critérios de ética e transparência na pesquisa. Todos esses 
elementos obedecem às normatizações elaboradas pela Associação 
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. 
 
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orientações e questões diversas sobre tipos de conhecimento, métodos 
científicos, a organização dos estudos na universidade, a pesquisa científica e a 
redação do trabalho científico. 
 Lembramos que a consulta às referências bibliográficas e as indicações 
de leitura complementam toda discussão aqui apresentadas. 
 Por fim, para socializarmos algumas ideias e partilharmos dúvidas e 
inquietações conversaremos por meio do nosso fórum e lançaremos algumas 
questões para verificação da sua aprendizagem. 
 Até a próxima! 
 
Notas explicativas: 
1 A Ordem do Discurso - livro que reproduz a aula inaugural ministrada por Michel Foucault ao 
assumir a cátedra no Collège de France pela morte de Jean Hyppolite em 2 de Dezembro de 
1970. 
1 A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com o verbo na 3ª pessoa, seguido do 
pronome apassivador “se”. O agente da passiva não costuma vir expresso na voz passiva 
sintética. 
1 Tese: “Documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um 
estudo científico de tema único e bem delimitado. Deve ser elaborado com base em investigação 
original, constituindo-se em real contribuição para a especialidade em questão. É feito sob a 
coordenação de um orientador (doutor) e visa a obtenção do título de doutor, ou similar” (NBR 
14724:2002c, p. 3). 
 
1 Dissertação: “Documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou 
exposição de um estudo científico retrospectivo, de tema único e bem delimitado em sua 
extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o 
conhecimento de literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do 
candidato. É feito sob a coordenação de um orientador (doutor), visando a obtenção do título de 
mestre”(NBR 14724:2002c, p. 2). 
 
1 O TCC é um trabalho que o estudante universitário deve desenvolver para demonstrar o 
conhecimento cientifico adquirido ao longo de sua graduação ou pós-graduação. Ele pode ser 
apresentado de várias formas: monografia, artigo cientifico, relatório de estágio, tese de 
doutorado e dissertação de mestrado. 
 
1 A paráfrase é um recurso de linguística que pretende explicar e ampliar uma informação. Para 
tal, faz uma espécie de imitação do discurso original, ainda que recorrendo a uma linguagem 
diferente. 
Fonte: http://conceito.de/parafrase. 
 
 
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 Apresentação 
 
 
 MÓDULO 6 
 Estrutura da monografia: orientações 
 
 
Cláudia Ribeiro Calixto 
 
Técnicas em Pesquisa e Construção de Textos Científicos. 
Módulo 6 – Estrutura do trabalho científico (FCE) – São 
Paulo – 2016. 
Guia de Estudos – Módulo 6 – Estrutura do trabalho 
científico 
3. Trabalho científico. 2. Monografia. 3. Artigo Científico. 
 
Faculdade Campos Elíseos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Conversa Inicial 
 
Caro (a) aluno (a), 
 
No trajeto até aqui percorrido, vimos uma tipologia de conhecimentos, 
enfocamos as características do conhecimento científico, dispusemos os 
métodos científicos mais circulados, situando sua construção histórica e 
destacamos o papel e a história das universidades. Enfatizamos a importância 
da documentação como método de estudo pessoal, em especial a 
documentação temática, a bibliográfica e a documentação geral. A partir desse 
ponto, centramos nossa atenção na pesquisa científica, quando destacamos os 
tópicos relevantes na estrutura de um projeto de pesquisa, os elementos e 
etapas de um projeto. No módulo anterior, permeamos o conceito de autoria, 
tematizamos a questão da ética e problemática do plágio, conceituamos 
monografia e artigo científico. Chegamos, enfim, ao último módulo da disciplina 
Técnicas em Pesquisa e Construção de Textos Científicos, intitulado 
Estrutura do trabalho científico. Neste módulo, serão abordadas, de forma 
geral, a estrutura formal e as regras de apresentação do trabalho, de acordo 
com as normas dispostas pela Associação Brasileira de Notas Técnicas, tanto 
para a escrita de uma monografia quanto para o texto de um artigo científico. 
Bons estudos e boa escrita! 
 
 
 
 
 
 
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Para início de conversa 
 
 
 Por que a escrita de um trabalho científico deve seguir certas normas 
técnicas e padronização? Qual é a forma que devemos conferir ao texto? O que 
devermos observar quanto à formalização da escrita de um estudo? Quais são 
e onde estão disponíveis as normas de escrita do trabalho científico? É o que 
veremos neste módulo. 
As normas definem a forma e estrutura do trabalho e são estabelecidas 
por pesquisadores envolvidos nos debates acerca dos estudos acadêmicos e 
das áreas de conhecimento. 
A normatização, conforme defendem Martins e Theóphilo (2016), 
possibilita, por um lado, a efetivação de uma circulação orgânica aos textos e, 
por outro, nos libera para concentrarmos nosso exercício criativo e analítico 
àquilo que realmente confere relevância ao trabalho: o tratamento analítico. As 
normas nos liberam de responder questões de ordem de forma, tais como: 
 
- Que elementos devem ser observados nessa escrita? 
- Como o texto deve ser estruturado? 
- Que itens registrar? Em que sequência? Com que formatação? 
- Quais os procedimentos básicos a serem seguidos? 
 
As exigências formais do produto não só orientam o pesquisador ao longo do 
processo de criação, como também contribuem para desenvolver sua criatividade. 
Wayne C. Booth, Gregory G. Colomb, Joseph M. Williams 
 
 
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Assim, a normatização e utilização de padrões técnicos possibilitam 
organização e fluxo ao acesso e circulação das comunicações dos trabalhos 
científicos, a comparação entre diferentes pesquisas e catalogação para fins de 
diferentes tipos de consultas e para diferentes tipos de leitores (pesquisadores e 
interessados). 
Fundada no ano de 1940, a Associação Brasileira de Normas Técnicas 
(ABNT) regula e define a normatização técnica no Brasil. As normas, por ela 
publicadas, via de regra, orientam a formatação e a edição dos trabalhos 
científicos das instituições de ensino superior no país. As deliberações da ABNT 
são editadas por meio de normas técnicas sob a sigla NBR (Norma Brasileira 
Editada). 
 
 6.1 Monografia 
 O trabalho científico, segundo Antônio Joaquim Severino (2002), tem por 
fim comunicar os resultados de uma pesquisa. Essa comunicação assumirá a 
forma escrita de uma monografia que, como já vimos, poderá ser resultado de 
um trabalho de conclusão de curso ou especialização, de uma dissertação de 
mestrado ou de uma tese de doutoramento. Sua estrutura formal prevê três 
partes constitutivas (ABNT, 2003): elementos pré-textuais, textuais e pós-
textuais. Vejamos a seguir tais elementos. 
 
 
 6.1.2 Elementos pré-textuais 
 Os elementos pré-textuais (ABNT, 2002c) referem-se àquelas 
informações que auxiliam na identificação, consulta e utilização do trabalho por 
outras pessoas. Note que alguns são obrigatórios, outros opcionais. Veja na 
 
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ilustração abaixo os elementos pré-textuais no conjunto e, abaixo, a 
discriminação de cada um desses tópicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a. Capa (item obrigatório) 
Refere-se à proteção externa do trabalho, sobre a qual são impressas as 
informações indispensáveis de identificação. Nela, todo o texto deverá ser 
redigido em fonte Times New Roman ou Arial, tamanho 12, em negrito, com 
espaçamento entre linhas de 1,5. Deverá conter as seguintes informações: 
✓ Nome da instituição (todo em letra maiúscula – centralizado) 
✓ Nome da faculdade (todo em letra maiúscula – centralizado) 
✓ Nome do departamento (todo em letra maiúscula – centralizado) 
✓ Nome do programa de pós-graduação – (todo em letra maiúscula – 
centralizado) 
✓ Título e subtítulo do trabalho (10 espaços abaixo da linha do programa) 
✓ Nome completo do autor (dois espaços, após o anterior – primeira letra 
em maiúscula) 
✓ Nome do orientador (na linha seguinte ao anterior – primeira letra em 
maiúscula) 
LISTAS (se necessário) 
ABSTRACT 
RESUMO 
EPÍGRAFE (opcional) 
AGRADECIMENTOS (opcional 
DEDICATÓRIA (opcional) 
FOLHA DE APROVAÇÃO 
FOLHA DE ROSTO 
 
FACULDADE CAMPOS ELÍSIOS 
PEDAGOGIA 
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR 
 
 
 
 
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR E RELAÇÕES DE PODER: um 
estudo sobre as racionalidades políticas nas práticas de 
gestão escolar na atualidade 
 
 
Clarice Pallazzi Ribeiro 
 
Orientadora: Profa. Dra. Sônia da SilvaSÃO PAULO 
2016 
 
 
 
São Paulo 
201 
 
 
 
 
 
 
 
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✓ Local – penúltima linha da folha – todas as letras maiúsculas 
✓ Ano de defesa – última linha da folha 
 
b. Lombada (opcional) 
As informações devem ser impressas, conforme NBR 12.225, do alto para 
o pé da lombada, constando o nome do autor impresso longitudinalmente, de 
forma legível, o título do trabalho e elementos alfanuméricos de identificação 
(por exemplo, v.2). Veja um exemplo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
c. Folha de rosto (obrigatório) 
Nela, devem ser registradas as informações essenciais do trabalho, na 
ordem: 
✓ nome do autor (responsável intelectual do trabalho); 
✓ título principal do trabalho; 
✓ subtítulo, se houver, subordinado ao título principal, precedido de 
dois pontos; 
✓ número de volumes (se houver mais de um); 
✓ natureza (tese, dissertação, trabalho de conclusão de curso, 
outros), objetivo (aprovação em disciplina, grau pretendido e 
 
FACULDADE CAMPOS ELÍSIOS 
PEDAGOGIA 
 
 
 
 
Clarice Pallazzi Ribeiro 
 
 
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR E RELAÇÕES DE PODER: 
um estudo sobre as racionalidades políticas nas 
práticas de gestão escolar na atualidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2016 
ADMINIS
TRAÇÃO 
ESCOLAR 
E 
RELAÇÕE
S DE 
PODER: 
um 
estudo 
sobre as 
racionali
dades 
políticas 
nas 
práticas 
de 
gestão 
escolar 
na 
atualida
de 
 
CLARICE 
PALLAZZ
I 
RIBEIRO 
FCE 
2016 
 
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outros), nome da instituição a que é submetido e área de 
concentração; 
✓ nome do orientador e coorientador (se houver); 
✓ local onde deve ser apresentado; 
✓ ano de depósito (entrega). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
d. Ficha catalográfica (obrigatório) 
 
Trata-se de um quadro que contem as informações básicas do trabalho 
para fins de catálogo bibliográfico. Observe no exemplo os elementos e 
disposições das informações: 
 
 
 
 
 
 3 cm 
 
NOME DO AUTOR 
 
 
 
 
 
 
 
TÍTULO DO TRABALHO: 
(SUBTÍTULO, SE HOUVER) 
 
 3 cm 
2cm 
 
 
 
Trabalho de conclusão de 
curso apresentado à banca 
examinadora da 
Faculdade Campos Elísios 
como requisito para 
aprovação no curso (nome). 
 
Orientador: (nome do professor) 
 
 
 
 
 
CIDADE 
ANO 
 
 2cm 
Fonte tamanho 12 
Fonte tamanho 10 
Fonte tamanho 12 
Fonte tamanho 12 
 
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A ficha catalográfica deve ser registrada no verso da folha de rosto. 
e. Errata (opcional) 
É possível que, concluído e impresso o trabalho, alguma informação 
equivocada ou erros de digitação sejam identificados. Nesse caso, elabora-se 
uma lista de correções na qual se relacionam as folhas e linhas que contém 
erros, seguidas das devidas correções. Essa folha pode ser encartada no 
trabalho ou apresentada à parte. 
 
 Sobrenome, Nome. 
 Título da monografia: subtítulo/ Autor (nome e 
sobrenome), ano. Total de folhas. 
 Orientador: Nome e sobrenome. 
Monografia (Especialização) – Faculdade Campos 
Elíseos, cidade, ano. 
 1. Assunto. 2. Assunto. 3. Assunto. I. Faculdade 
Campos Elíseos. Nome da faculdade (Ex: Pedagogia). 
II. Sobrenome, nome do autor. III. Título. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sobrenome, Nome. 
 Título da monografia: subtítulo/ Autor (na ordem 
direta – nome e sobrenome), ano. Total de folhas. 
 Orientador: Nome e sobrenome. 
 Monografia (Especialização) – Faculdade Campos 
Elíseos, cidade, ano. 
 1. Assunto. 2. Assunto. 3. Assunto. I. Faculdade 
Campos Elíseos. Nome da faculdade (Ex: Pedagogia). 
II. Sobrenome, nome do autor. III. Título. 
 
 
 
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f. Dedicatórias (opcional): 
 
 
 
 
 
 
 
g. Agradecimentos (opcional): após a dedicatória. 
Nesse item, o autor poderá manifestar seu agradecimento àqueles que 
tiveram papel relevante no desenvolvimento de seu processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A meus pais, 
pelo apoio de sempre. 
Alinhamento à 
direita, com 
espaçamento 
de 1,5, ao final 
da página. 
 Agradeço ao professor e orientador (nome) por 
... e aos demais professores desta Faculdade 
por... 
 
 
 
 Alinhamento 
justificado, com 
espaçamento de 1,5 
e em negrito. 
 
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h. Epígrafe (opcional) 
Uma citação relacionada com a matéria do trabalho que pode funcionar 
como uma espécie de aguilhão do texto – evidencia uma ideia que perpassa o 
trabalho. 
 
 
 
 
 
 
i. Resumo na língua do texto 
O resumo deve apresentar, numa sequência de frases sucintas, como 
define a NBR 6022 (ABNT, 2003). Nessa parte, os objetivos, a metodologia e os 
resultados devem ser apresentados de forma enxuta. O texto deve alcançar um 
total de até quinhentas palavras. Na linha abaixo, devem ser registradas as 
palavras-chave (palavras que remetam ao conteúdo do texto). Não se deve fazer 
uso de citações e parágrafos. Emprega-se a terceira pessoa e o verbo deve 
estar na voz ativa. Veja o modelo e formatação a ser observada: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 “Anseios de felicidade 
anseios de verdade 
anseios de eternidade, 
olhem só!” 
Wislawa Szymborska 
Alinhamento à direita, com 
espaçamento de 1,5. O texto 
não deve ultrapassar a 
metade da folha e o nome do 
autor deve ser registrado em 
itálico. Texto ao final da 
página, entre aspas. 
 
 
RESUMO 
Jojojo jojoj ojojo jojojj ojojojoj ojojo jojo 
ojojo joojojoj oooo ojojojojoj oojo 
jojojoo joj ojoj ojojo jojo ojojo jojoo jojoj 
oojoj ojojo joojjo joojo joj ojoj ojojojo 
jojoojo joj ojojoj ojojo ojojo jojoj oojoj 
ojo jojojojojo jojojojojo joojoj ojojojo 
jojojoj ojoj oojoj ojoj ojojoo joj ojoj ojjo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alinhamento justificado. 
Texto iniciado junto à 
margem, esquerda, em um 
só parágrafo, espaçamento 
simples, sem negrito e em 
itálico. 
Título: letras 
maiúsculas, 
centralizado. 
Espaço de 1,5 entre 
título e texto. 
 
 
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j. Resumo em língua estrangeira (obrigatório) 
É o resumo tal qual apresentado no item anterior, em língua estrangeira 
(Abstract – em inglês, Resumem – em espanhol, Résumé – em francês)k. Lista de ilustrações (opcional) 
Trata-se da relação de desenhos, gravuras, imagens que acompanharam 
o texto. 
l. Lista de tabelas (opcional) 
Apenas para os trabalhos em que o pesquisador fez uso de tabelas para 
demonstrar de forma sintética e organizada os dados que serviram de elementos 
para alguma análise. 
m. Sumário (obrigatório) 
Trata-se da enumeração das principais divisões e subdivisões do 
trabalho, de acordo com a ordem e grafia que aparecem no texto, com indicação 
do número da página em que se inicia. Veja o modelo abaixo: 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
Jojojo jojoj ojojo jojojj ojojojoj ojojo jojo 
ojojo joojojoj oooo ojojojojoj oojo 
jojojoo joj ojoj ojojo jojo ojojo jojoo jojoj 
oojoj ojojo joojjo joojo joj ojoj ojojojo 
jojoojo joj ojojoj ojojo ojojo jojoj oojoj 
ojo jojojojojo jojojojojo joojoj ojojojo 
jojojoj ojoj oojoj ojoj ojojoo joj ojoj ojjo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Times New 
Roman, tamanho 12, 
alinhamento 
justificado. Texto 
iniciado junto à 
margem, esquerda, em 
um só parágrafo em 
espaçamento simples, 
sem negrito e em 
itálico. 
Título: fonte Times New 
Roman, tamanho 12, 
letras maiúsculas, 
centralizado, em itálico. 
Espaço de 1,5 entre 
título e texto. 
 
 
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6.1.3 Elementos textuais 
Nessa parte, a mais substancial, a matéria do trabalho será desenvolvida. 
Ela é composta de um encadeamento que permite ao leitor acompanhar o 
caminho da pesquisa, da sua intenção, do problema proposto, do levantamento 
do que existe já estudado sobre o tema, dos procedimentos metodológicos e da 
conclusão a que o pesquisador chegou. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS..........................4 
LISTA DE QUADROS......................................................5 
1. CAPÍTULO I: .....................................................9 
1.1 SUBTÍTULO ..................................................13 
1.2 SUBTÍTULO ..................................................21 
2. CAPÍTULO II: ...................................................32 
2.1 SUBTÍTULO .................................................41 
2.2 SUBTÍTULO .................................................50 
3. CAPÍTULO III: ...................................................54 
3.1 SUBTÍTULO ..................................................62 
3.2 SUBTÍTULO ..................................................71 
4. CONCLUSÃO ......................................................83 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................86 
6. GLÓSSÁRIO .......................................................99 
7. APÊNDICE 1 .....................................................100 
8. ANEXO A ..........................................................104 
Texto - conclusão 
 Texto - 
desenvolvimento 
 
Texto - introdução 
 
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a. Introdução 
Nessa parte, o pesquisador apresenta a justificativa do trabalho: as 
razões da escolha do tema, sua problematização e apresenta os objetivos, 
destacando a relevância de seu objeto, anunciando a abordagem teórica e 
metodológica que escolheu. 
 
b. Desenvolvimento 
Essa é a parte principal e mais substantiva a qual deverá expor o assunto: 
da revisão bibliográfica à conclusão de suas análises. 
Aqui, o texto deverá mostrar a revisão da literatura: o pesquisador 
apresentará todo o trabalho realizado na pesquisa bibliográfica, dispondo os 
autores mais reconhecidos, as abordagens e ideias já existentes acerca do 
problema da pesquisa. 
Também deverá ser apresentada a sua problematização do tema: que 
novas perguntas e/ou abordagens propôs como diferencial em relação ao que já 
se sabe e já de diz sobre o objeto de estudo. 
 O estudante-pesquisador deverá, então, dar a saber o embasamento 
teórico, sua filiação de pensamento, bem como explicitar e explicar a 
metodologia que escolheu para a coleta e tratamento analítico dos dados. 
Apresentará, então, as fontes e os dados recolhidos. 
Apresentará, enfim, os resultados, procedendo a uma análise e 
apresentando suas conclusões com a confirmação ou negação das hipóteses 
iniciais da pesquisa. 
Nessa segunda parte da estrutura da monografia, o texto pode ser divido 
em seções e subseções, em função da abordagem e do método. 
 
 
 
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c. Conclusão 
É a parte final do texto. Aqui, o autor fará suas considerações finais, 
quando apresentará uma síntese das conclusões, focando na delimitação do 
problema apresentado na primeira parte e indicando se os objetivos da pesquisa 
foram alcançados ou não. Não deve haver citações de outras obras, bem como 
serem acrescidas novas informações, de modo que são evocadas apenas 
informações advindas do próprio trabalho, nesse momento. 
Ainda, devem ser apontadas possiblidades de outros estudos a partir dos 
resultados dessa que se encerrou, ou seja, que novas perguntas podem ser 
formuladas a partir dos que se investigou e que novas pesquisas podem ser 
suscitadas. 
Veja bem, nessa última parte, a escrita é curta e deve ser redigida de 
forma clara e concisa, ocupando-se, em média, uma folha e meia (SEVERINO, 
2002). 
 
6.1.4 Elementos pós-textuais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICES (se necessários) 
ANEXOS (se necessários) 
APÊNDICES (se necessários) 
GLOSSÁRIO (se necessário) 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
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a. Referências Bibliográficas 
Conforme conceituado na NBR 6023:2002 (ABNT, 2002a), a referência 
constitui o “conjunto padronizado de elementos descritivos, retirado de um 
documento, que permite a sua identificação individual”. A referência, consoante 
essa definição, constitui a listagem das obras citadas no texto, de onde foi 
extraída a informação de um documento – impressos, manuscritos, registros 
audiovisuais, sonoros, magnéticos eletrônicos etc. 
O título (REFERÊNCIAS) é centralizado na folha. As referências têm 
espaçamento simples entre as linhas e espaço duplo entre uma e outra. 
Um equívoco comum apresentado em muitas monografias é a formatação 
justificada das referências. Veja bem: esse registro deve ser alinhado apenas à 
margem esquerda da página. 
São elementos essenciais aqueles indispensáveis à identificação do 
documento e, quando necessário, são acrescidos elementos complementares. 
A seguir, apontaremos a forma de referência de tipo de fontes e 
documentos mais comuns e em acordo com as normas publicadas pela ABNT. 
Para a escrita de monografias, usa-se a referenciação das obras pelo 
sistema autor-data. São consideradas monografias: livros e/ou folhetos (manual, 
guia, catálogo, enciclopédia, dicionário etc.) e trabalho acadêmicos (teses, 
dissertações, trabalhos de conclusão de curso etc.). 
Quando a referência for de uma monografia com apenas um autor, seus 
elementos essenciais para o registro da referênciasão: autor(es), título, edição, 
local, editora e data de publicação. Assim, a indicação da fonte deve ser feita 
pelo sobrenome autor em letra maiúscula, seguido dos nomes em letra 
minúscula, após vírgula. Na sequência, são informados o título da obra e o 
subtítulo, se houver, separados por dois pontos. Na sequência, o número da 
edição, cidade de publicação, editora, ano e páginas, na conformidade que 
segue no exemplo: 
 
 
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AQUINO, Julio Groppa. Da autoridade pedagógica à amizade intelectual: uma 
plataforma para o éthos docente.1.ed. São Paulo: Cortez, 2014. 
LARROSA, Jorge. Pedagogia Profana: danças, piruetas e mascaradas. 5.ed. 
Belo Horizonte: Autêntica, 2010. 
 
Note que o título, em caso de livros ou artigos é grafado em negrito 
(pode-se fazer uso de outro recurso tipográfico para destaque – itálico ou grifo). 
No caso de haver mais de uma obra de um mesmo autor no mesmo 
ano de edição, deve ser acrescida uma letra à frente do ano da edição em 
ordem alfabética: 
 
LEVI, Primo. A assimetria e a vida: artigos e ensaios 1955-1987. Organização 
Marco Belpoliti. Tradução Ivone Benedetti. 1.ed. São Paulo: Unesp, 2016a. 
_________. O ofício alheio: com um ensaio de Ítalo Calvino. Tradução Silvia 
Massimini Felix. 1.ed. São Paulo: Unesp, 2016b. 
 
Observe, ainda, no exemplo acima, que quando o nome do autor se 
repete, não é necessário escrevê-lo novamente, bastando estender uma 
sublinha (underline) em dois centímetros. 
Quando houver mais de um autor, os nomes devem ser separados por 
ponto e vírgula: 
 
BOOTH, Wayne C.; COLOMB, Gregory G.; WILLIAMS, Joseph M. A arte da 
pesquisa. Tradução Henrique A. Rego Monteiro. 2.ed. São Paulo: Martins 
Fontes, 2005. 
 
Quando se tratar de obras cujo suporte seja a internet, o endereço 
eletrônico passa a constituir elemento essencial da referência, sendo registrado 
entre os sinais < >, precedido da expressão Disponível em:, e a data de acesso 
ao documento, precedida da expressão Acesso em: Vejamos um exemplo: 
 
 
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CARVALHO, Marília Pinto de. O fracasso escolar de meninos e meninas: 
articulações entre gênero e cor/raça. Cadernos pagu (22) 2004: p.247-290. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cpa/n22/n22a10.pdf>, Acesso em: 
10/09/2016. 
Quando o documento é parte de outra obra (como o capítulo de um livro, 
por exemplo), os elementos essenciais são autor(es), título da parte, seguidos 
da expressão In:, e da referência completa da monografia no todo. No final da 
referência, deve ser informada a paginação ou outra forma de individualizar a 
parte referenciada. Note-se que o título da obra em que o documento está 
contido, deve ser grafado em negrito: 
CORAZZA, Sandra Mara. Labirintos da pesquisa, diante dos ferrolhos. In: 
COSTA, Marisa Vorraber (org.). Caminhos investigativos: novos olhares na 
pesquisa em educação. 2.ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002, p.105-131. 
 
Temos, com frequência, citações de periódicos (jornais, revistas, boletins 
etc.). Conforme conceituam Gilberto de Andrade Martins e Carlos Renato 
Theóphilo (2016, p.175) referem-se àquelas publicações que têm frequência 
periódica e “que apresentam artigos científicos, editoriais, matérias jornalísticas 
ou reportagens e seções”. A referência de periódicos tem uma diferenciação nos 
elementos essenciais, sequência e no destaque tipográfico (negrito, itálico ou 
grifo), que recai, nesse caso, no título do periódico. 
Seus termos essenciais são: título do periódico, subtítulo, local de 
publicação, editora, número, volume (e/ou fascículo), data de início e de 
encerramento da publicação, se houver: 
EDUCAÇÃO & REALIDADE. Porto Alegre: UFRS/FACED, 1975 -. 
Quadrimestral. 
Quando a referência for de partes ou matéria existente em um periódico 
(coleções, fascículo, número de revista, de jornal, caderno etc.; artigos 
científicos de revistas, editoriais, matérias jornalísticas, seções, reportagens 
etc.), devem ser incluídas as seguintes informações: volume, número do 
fascículo, números especiais e suplementos. 
 
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EDUCAÇÃO E PESQUISA. Quadrimestral. Faculdade de Educação. 
Universidade de São Paulo. São Paulo, v.29, n.1, p. 185-193, jan./jun. 2003. 
EDUCAÇÃO & REALIDADE. Porto Alegre: UFRS/FACED, 1975 - . 
Quadrimestral. nº 41, vol. 3, 2016. 
Vejamos alguns exemplos de citação de matérias ou capítulos retirados 
de periódicos: 
CIDADES e territórios. Folha de São Paulo, São Paulo, 18 jun, 2016, p.2,3,6,7. 
Seminários Folha. 
CORAZZA, Sandra Mara. Currículo e didática da tradução: vontade, criação e 
crítica. Educação & Realidade. Faculdade de Educação. Universidade Federal 
do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, v. 41, n. 4, p. 1313-1335, out./dez. 2016. 
SAYÃO, Rosely. A questão do gênero na escola. Folha de São Paulo. São 
Paulo, 31/05/2016. Disponível em: 
<http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2016/05/1776526-a-questao-
de-genero-na-escola.shtml#_=_>. Acesso em: 10/10/2016. 
Para o registro das referências de documentos jurídicos – legislação – 
tais como Constituição, leis, resoluções, portarias e normas emanadas por 
instituições públicas e privadas (ato normativo, portaria, comunicado, circular, 
decisão administrativa, entre outros) segue-se o modelo padrão como 
apresentado a seguir: 
JURISDIÇÃO. Título do documento (se houver), data (se houver), Título da 
obra: subtítulo. Edição (se houver). Local: Editora, data. 
Veja alguns exemplos: 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NOTAS TÉCNICAS. NBR 6023: Elaboração de 
referências. Rio de Janeiro, ago. 2002. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação e 
documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: 
apresentação. Rio de Janeiro, 2003. 5p. 
BRASIL. Código Civil. 46.ed. São Paulo: Saraiva, 1995. 
 Para referenciar obras de imagem em movimento (filmes, DVD, 
videocassetes etc.), devem ser registrados os seguintes elementos: título, 
 
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diretor, produtor, local, produtora, data e especificação do suporte em unidades 
físicas. 
LIXO extraordinário. Direção: João Jardim; Karen Harley; Lucy Walker. Reino 
Unido/Brasil: Angus Aynshey; O2 Filmes, 2010. 1 DVD (99 min). DVD son., 
color. 
Por fim, nas referências, as obras são apresentadas em ordem alfabética 
do sobrenome dos autores, nome da Instituição ou obra: como vimos, um tipo de 
documento (monografia, por exemplo) pode ter um elemento inicial, para registro 
na referência, diferente de outro tipo (filme, por exemplo): 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NOTAS TÉCNICAS. NBR 6023: Elaboração de 
referências. Rio de Janeiro, ago. 2002. 
CIDADES e territórios. Seminários Folha. Folha de São Paulo, São Paulo, 18 
jun, 2016, p.2,3,6,7. 
FOUCAULT, Michel. O Governo de Si e dos Outros: curso dado no Collège de 
France (1982-1983) São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010b. 
LIXO extraordinário. Direção: João Jardim; Karen Harley; Lucy Walker. Reino 
Unido/Brasil: Angus Aynshey; O2 Filmes, 2010. 1 DVD (99 min). DVD son., 
color. 
 
São muito variados os tipos de documentos efontes. Caso utilize algum tipo 
que não estiver contemplado na lista de situações arroladas neste módulo, 
consulte a NBR 6023 da ABNT. 
b. Glossário 
Nessa seção do trabalho, optativa, efetua-se uma relação alfabética em 
que se explicam os significados das palavras, termos, conceitos e “expressões 
técnicas de uso restrito ou de sentido não comum na linguagem trivial que foram 
utilizadas no texto” (MARTINS; THEÓPHILO, 2016, p.182). 
A listagem do glossário deve ser registrada em página própria. Seu título 
deve estar centralizado, escrito com todas as letras maiúsculas. O espaçamento 
entre as linhas deve ser simples e entre cada item do glossário, o 
 
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espaçamentode 1,5. Não deve haver espaço entre a margem e a palavra. Entre 
a palavra e a explicação do conceito, devem ser interpostos dois pontos. 
c. Apêndices 
Nessa parte, são incluídos materiais complementares, elaborados pelo 
próprio autor do trabalho, caso o mesmo julgue necessário ou conveniente, 
em função de sua pesquisa. 
d. Anexos 
Nessa parte, também opcional, são incluídos materiais complementares, 
textos ou documentos (gráficos, tabelas, imagens etc.), elaborados por outros 
autores e servem de fundamentação, comprovação ou ilustração do trabalho, os 
quais o autor julgou por bem incluir. Tal como o apêndice, os anexos devem ser 
empregados com parcimônia. 
Para você ter uma visualização gráfica da sequência dos elementos 
acima discriminados, conforme disposto pela ABNT, apresentamos uma 
ilustração: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ÍNDICES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Em todas as páginas do trabalho, as margens devem ser constantes: 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXOS 
APÊNDICE 
GLOSSÁRIO 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
CONCLUSÃO 
DESENVOLVIMENTO 
INTRODUÇÃO 
LISTAS (se necessário) 
ABSTRACT 
RESUMO 
EPÍGRAFE (opcional) 
AGRADECIMENTOS (opcional 
DEDICATÓRIA (opcional) 
FOLHA DE APROVAÇÃO 
FOLHA DE ROSTO 
 
FACULDADE CAMPOS ELÍSIOS 
PEDAGOGIA 
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR 
 
 
 
 
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR E RELAÇÕES DE PODER: um 
estudo sobre as racionalidades políticas nas práticas de 
gestão escolar na atualidade 
 
 
Clarice Pallazzi Ribeiro 
 
Orientadora: Profa. Dra. Sônia da Silva 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2016 
 
 
 
 
 3 cm 
 
 
 
 
 
 
 
3 cm 2 cm
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2 cm 
 
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Também a fonte deve ser a mesma – do início ao fim (escolher entre 
Times New Roman ou Arial), tamanho 12, excetuando as referências recuadas. 
ATENÇÃO: a ABNT define as linhas gerais de formatação dos textos. 
Entretanto, o estudante deverá consultar a normatização publicada por sua 
faculdade ou normas editoriais do periódico, em caso de artigo científico, para 
certificar se há alguma complementação ou orientação a ser observada na 
escrita e formatação de seu texto. 
 
 Síntese 
 
A normatização dos trabalhos científicos (trabalho de conclusão de curso, 
dissertações, teses, entre outros) é realizada pela Associação Brasileira de 
Normas Técnicas a qual edita normas técnicas que devem ser observados 
quando da redação das monografias. As monografias devem ser estruturadas 
em três elementos essenciais: elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. 
Cada elemento é constituído de seções cuja formatação (margem e 
alinhamento, tamanho da fonte, tipografia etc.) e sequência são especificadas 
em normas próprias. Há seções que são obrigatórias e outras opcionais, 
dependendo, estas, do que o autor julgar pertinente ou necessário em função da 
natureza e abordagem de seu trabalho. 
 
6.2 Artigo Científico 
Como abordamos no quinto módulo, o artigo é um trabalho técnico-
científico escrito por um ou mais autores e constitui “parte de uma publicação 
com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, 
processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento” (ABNT, 2003). Ele 
pode ser de revisão (resume, analisa e discute informações já publicadas) ou 
original (apresenta temas ou abordagens originais). 
 
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O artigo científico apresenta estrutura similar à monografia, devendo ser 
constituído por: 
➢ elementos pré-textuais: título e subtítulo (se houver), nome do(s) 
autor(es), resumo na língua do texto e palavras-chave na língua do 
texto; 
➢ textuais: introdução, desenvolvimento e conclusão; 
➢ pós-textuais: título e subtítulo (se houver) em língua estrangeira, 
resumo em língua estrangeira, palavras-chave em língua 
estrangeira, nota(s)explicativa(s), referências, glossário, 
apêndice(s), anexo(s). 
O texto deverá ser escrito, conforme definido pela ABNT, em editor de 
texto com fonte Times New Roman ou Arial, nº 12. Entre as linhas, deverá ser 
formatado o espaçamento de 1,5 e entre os parágrafos, espaço duplo. As 
citações, referências e notas de rodapé, ao longo do texto, devem ser 
formatadas conforme informamos no quinto módulo. 
 
6.2.1 A linguagem do artigo científico 
A linguagem empregada no texto é fundamental para a sua leitura e 
compreensão. Para o artigo ser capaz de comunicar os resultados de um 
estudo, deve-se buscar a fluidez e a clareza. Devemos escrever o texto, como 
se fôssemos seus leitores (BOOTH; COLOMB; WILLIAMS, 2005). 
É preciso que o texto seja generoso com o leitor, que não deixe lacunas 
conceituais ou omita informações importantes, ao mesmo tempo em que é 
recomendável que seja econômico, evitando detalhamentos desnecessários, 
“firulas” e hermetismos. Assim, deve-se utilizar de uma linguagem clara, objetiva 
e concisa. As frases devem ser curtas e simples, comunicando-se uma ideia por 
vez. 
 
 
 
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As ideias devem ser logicamente encadeadas, devendo-se observar a 
coesão e coerência em sua redação. O texto deve ser impessoal, de modo que é 
recomendável o emprego da terceira pessoa do singular e do verbo na voz ativa, 
com emprego das normas gramaticais e ortográficas, evitando-se o emprego de 
gírias, jargões e linguagem coloquial. 
A estrutura do artigo deve observar a estrutura e normas previstas pela 
ABNT. É o que veremos na sequência. 
 
6.2.2 Estrutura 
a. Introdução 
Nessa parte, o tema deve ser apresentado de maneira clara, precisa e 
sintética. Não se deve, portanto, fazer considerações históricas ou antecipar os 
resultados do estudo. Podemos dizer que a introdução apresenta, mas com 
certo suspense, o problema e o caminho que se evidenciará ao longo do 
desenvolvimento do texto. Deve conter quatro ideias básicas: o que foi 
tematizado, a razão da escolha do tema, as contribuições e resultados que se 
pretende alcançare qual a trajetória traçada para solução do problema proposto 
(MARTINS, THEÓPHILO, 2016). 
 
b. Resumo 
O resumo consiste na apresentação sucinta de todos os pontos 
relevantes do artigo. Tem por objetivo oferecer elementos capazes de permitir ao 
leitor decidir sobre a necessidade e interesse de consulta e leitura integral do 
artigo (MARTINS, THEÓPHILO, 2016). O resumo deve evidenciar o problema, 
apresentar os objetivos, a abordagem metodológica, os resultados e as 
conclusões, destacando os achados da pesquisa: surgimento de fatos novos, 
diferenças com análise anteriores, relações e efeitos novos verificados. Deve se 
constituir pelo encaminhamento lógico de frases sucintas. 
Não se utilizam parágrafos, frases negativas, fórmulas e diagramas no 
resumo. Na formatação deve-se fazer uso de espaço simples entre linhas. O 
 
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texto deve alcançar até duzentas e cinquenta palavras. Há periódicos que 
pedem resumo e abstract. Mas há aqueles que admitem outra língua para o 
resumo em língua estrangeira. 
c. Abstract 
O abstract é o resumo convertido em língua inglesa. Deve ser redigido 
com a mesma formatação e conteúdo do resumo na língua do texto. 
d. Palavras-chave 
Também designadas como descritores, as palavras-chave aparecem logo 
na linha abaixo do resumo e devem expressar as principais ideias ou conceitos 
movimentados pelo artigo. Sua quantidade varia de três a cinco. 
e. Desenvolvimento 
Essa é a parte principal e mais extensa do artigo. Nela, devem ser 
apresentados a fundamentação teórica, a metodologia de investigação 
empregada, os resultados alcançados e a discussão. 
Nos artigos de revisão, evidentemente, não serão registrados elementos 
como material de análise, metodologia de investigação e resultados alcançados. 
 
f. Considerações Finais 
Essa é a parte da conclusão em que são respondidas as questões da 
pesquisa, a consecução dos objetivos do estudo e as hipóteses que foram 
confirmadas, informando se o problema proposto foi atingido. Seu conteúdo 
compreende, basicamente, “afirmação sintética da ideia central do trabalho e 
dos pontos relevantes apresentados no texto” (MARTINS; THEÓPHILO, 2016, 
p.224). É interessante que sejam apontados sugestões de outra pesquisa e/ou 
novos enfoques vislumbrados pelo autor para trabalhos futuros a partir dos 
resultados da pesquisa comunicada. 
 
 
 
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g. Referências bibliográficas 
Nessa parte, são relacionadas as referências bibliográficas consultadas 
para elaboração do artigo, na mesma configuração apontada quando 
desenvolvemos os elementos pós-textuais da monografia. 
Síntese 
 
Os textos dos artigos científicos deverão contem três partes essenciais: 
introdução, desenvolvimento e conclusão. Deve-se buscar uma linguagem clara, 
concisa, simples e objetiva. 
 
 Considerações Finais 
 Com o fim do Módulo 6, finalizamos a disciplina Técnicas. Neste, 
apresentamos a estruturação formal do artigo científico e da monografia. 
 Lembramos que a consulta às referências bibliográficas e as indicações 
de leitura complementam toda discussão aqui apresentada. 
 Por fim, para socializarmos algumas ideias e partilharmos dúvidas desse 
último módulo e inquietações conversaremos por meio do nosso fórum e 
lançaremos algumas questões para verificação da sua aprendizagem. 
 Esperamos que o caminho da disciplina, que até aqui percorremos, lhe 
tenha sido útil no sentido de fornecer algumas coordenadas e noções para a 
construção e registro de seu estudo, que tenha lhe dado uma ideia da 
elaboração de um trabalho de pesquisa, desde sua concepção (a escolha do 
tema, a problematização, a definição de um caminho metodológico etc.) e 
permitido visualizar caminhos possíveis de investigação, informações úteis 
quanto à normatização do registro de uma monografia e de um artigo. 
 
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Referências Bibliográficas 
 
 
Módulo 1 
 
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 19. ed. 
São Paulo: Edições Loyola, 2015. 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: introdução à Filosofia. 2. Ed. São 
Paulo: Editora Moderna, 2002. 
BECHARA, Evanildo. Dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova 
Fronteira, 2011. 
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 
São Paulo: Atlas, 2004. 
MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, Maria Terezinha Telles. 
Didática do ensino da arte: a língua do mundo. Poetizar, fruir e conhecer arte. 
São Paulo: FTD, 1998. 
ROVELLI, Carlo. Sete breves lições de física. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015. 
RUSSELL, Bertrand. História do pensamento ocidental: a aventura dos pré-
socráticos à Wittgenstein. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. 
VILLAS BOAS, Cláudio e Orlando. Histórias do Xingu. São Paulo: Companhia 
das Letrinhas, 2013. 
 
 
Módulo 2 
 
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5.ed. São Paulo: Martins Fontes, 
2007. 
BACHELAR, Gaston. Ensaio sobre o conhecimento aproximado. Tradução 
Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 2004. 
 
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BUNCKINGHAM, Will et alii. O livro da filosofia. Tradução Rosemarie 
Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011. 
CERVO, Amado L. ; BERVIAN, Pedro A. Metodologia Científica. 5.ed. São 
Paulo: Prentice Hall, 2002. 
COSTA, Marisa Vorraber (Org.). Caminhos Investigativos: novos olhares na 
pesquisa em educação. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. 
CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 4.ed. 
Rio de Janeiro: Lexikon, 2010. 
DEMO, Pedro. Metodologia da Investigação em Educação. Curitiba: Ibpex, 2005. 
DESCARTES, René. Discurso del Método. Edición: Disponível em eBooket 
www.eBooket.net. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download 
/texto/bk000197.pdf. Acesso em 09/10/2016. 
_________. Discurso do método; As paixões da alma; Meditações; Objeções e 
respostas; Cartas. Introdução Gilles-Gaston Granger. Tradução J. Guinsburg e 
Bento Prado Junior. 4ed. – Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 
1988. 
JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. 4ed. Rio 
de Janeiro: Zahar, 2006. 
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 4. 
ed. São Paulo: Atlas, 2004. 
LALANDE, André. Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia. 3.ed. São Paulo: 
Martins Fontes, 1999. 
RUSSEL, Bertrand. História do pensamento ocidental: a aventura dos pré-
socráticos a Wittgenstein. Tradução Laura Alves, Aurélio Rebello. Rio de 
Janeiro: Nova Fronteira, 2015. 
WEINBERG, Steven. Para explicar o mundo: a descoberta da ciência moderna. 
Tradução Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. 
 
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Módulo 3 
 
BECHARA, Evanildo. Dicionário da língua portuguesa. Riode Janeiro: Nova 
Fronteira, 2011. 
BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. 
Fundamentos de metodologia científica: um guia para a iniciação científica. 2 ed. 
São Paulo: Makron Books, 2000. 
BRASIL. Lei Federal 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 
LARROSA, Jorge. Leitura, experiência e formação. In: COSTA, Marisa Vorraber 
(org.). Caminhos Investigativos: novos olhares da pesquisa em educação. 2. Ed. 
Rio de Janeiro. DP&A, 2002. 
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. 
São Paulo: Atlas, 2004. 
___________. Metodologia do trabalho Científico. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2001. 
PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar. Metodologia do trabalho 
científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2 ed. Novo 
Hamburgo, Rio Grande do Sul: Universidade FEEVALE, 2013. 
RUSSELL, Bertrand. História do pensamento ocidental: a aventura dos pré-
socráticos à Wittgenstein. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. 
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho Científico. 22 ed. São 
Paulo: Cortez, 2002. 
SOUZA-SILVA, Jader C.; DAVEL, Eduardo. Concepções, práticas e Desafios na 
formação do Professor: examinando o caso do ensino superior de Administração 
no Brasil. O&S - v.12 - n.35 - Outubro/Dezembro – 2005. 
 
 
 
Módulo 4 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: referências: 
elaboração. Rio de Janeiro, ago. 2002a. 
 
___________. NBR 10520: informação e documentação: apresentação de 
citações em documentos. Rio de Janeiro, ago. 2002b. 
 
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___________. NBR 6022: Informação e documentação - Artigo em publicação 
periódica científica impressa – Apresentação. Rio de Janeiro, maio 2003. 
 
___________. NBR 14724: Informação e documentação - Trabalhos acadêmicos 
– Apresentação. Rio de Janeiro, ago. 2002c. 
 
BECHARA, Evanildo. Dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova 
Fronteira, 2011. 
BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. 
Fundamentos de metodologia científica: um guia para a iniciação científica. 2 ed. 
São Paulo: Makron Books, 2000. 
BRASIL. Lei Federal 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 
___________. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do 
Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. 
CAMPANA, ÁLVARO OSCAR. Redação de Trabalho Científico. J. Pneumologia, 
São Paulo, v. 26, n. 1, p. 30-35, fevereiro de 2000. Disponível em 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
35862000000100007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 23 de outubro de 2016. 
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-35862000000100007. 
CORAZZA, Sandra Mara. Labirintos da pesquisa: diante dos ferrolhos. In: 
COSTA, Marisa Vorraber (org.). Caminhos investigativos: novos olhares da 
pesquisa em educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. p. 105-131. 
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. 
São Paulo: Atlas, 2004. 
___________. Metodologia do trabalho Científico. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2001. 
PITHAN, Lívia H.; VIDAL, Tatiane Regina Amando. O plágio acadêmico como 
um problema ético, jurídico e pedagógico. Direito & Justiça, Porto Alegre, v. 39, 
n. 1, p. 77-82, jan./jun. 2013. 
PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar. Metodologia do trabalho 
científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2 ed. Novo 
Hamburgo, Rio Grande do Sul: Universidade FEEVALE, 2013. 
SARMENTO, Leila Lauar. Gramática em textos. 3 ed. São Paulo: Moderna, 
2012. 
 
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___________. Oficina de Redação. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2013. 
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho Científico. 22 ed. São 
Paulo: Cortez, 2002. 
 
 
Módulo 5 
 
BARTHES. Roland. A preparação do romance II: a obra como vontade. 
Tradução Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 2005. 
BOOTH, Wayne C.; COLOMB, Gregory G.; WILLIAMS, Joseph M. A arte da 
pesquisa. Tradução Henrique A. Rego Monteiro. 2.ed. São Paulo: Martins 
Fontes, 2005. 
BOURDIEU, Pierre. Os usos sociais da ciência. Tradução Denice Bárbara 
Catani. São Paulo: Editora UNESP, 2004. 
CARVALHO, Marília Pinto de. Sucesso e fracasso escolar: uma questão de 
gênero. Educação e Pesquisa. São Paulo, v.29, n.1, p. 185-193, jan./jun. 2003. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v29n1/a13v29n1.pdf>. Acesso em: 
10/09/2016. 
CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A. Metodologia Científica. 5. ed. São 
Paulo: Prentice Hall, 2002. 
COSTA, Marisa Vorraber (Org.). Caminhos Investigativos: novos olhares na 
pesquisa em educação. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. 
CORAZZA, Sandra Mara. Labirintos da pesquisa, diante dos ferrolhos. In: 
COSTA, Marisa Vorraber (Org.). Caminhos Investigativos: novos olhares na 
pesquisa em educação. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. 
CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 4. ed. 
Rio de Janeiro: Lexikon, 2010. 
DEMO, Pedro. Metodologia da Investigação em Educação. Curitiba: Ibpex, 2005. 
 
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ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 26.ed. São Paulo: Perspectiva, 2016 
 
FOUCAULT, Michel. O belo perigo: conversa com Claude Nonnefoy. Tradução 
Fernando Scheibe. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016. 
 
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: 
Atlas, 1994. 
 
KUHN, Thomas. S. A estrutura das revoluções científicas. Tradução Beatriz 
Vianna Boeira e Nelson Boeira. 10. ed. São Paulo: Perspectiva, 2011. 
 
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 4. 
ed. São Paulo: Atlas, 2004. 
________. Metodologia do Trabalho Científico. 6ed. São Paulo: Atlas, 2001. 
 
LALANDE, André. Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia. 3. ed. São Paulo: 
Martins Fontes, 1999. 
 
MARTINS, Gilberto de Andrade; THEÓPHILO, Carlos Renato. Metodologia da 
investigação científica para ciências sociais aplicadas. 3.ed. São Paulo: Atlas, 
2016. 
 
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 22. ed. São 
Paulo: Cortez, 2002. 
 
VEIGA-NETO, Alfredo. Olhares... In: COSTA, Marisa Vorraber (Org.). Caminhos 
Investigativos: novos olhares na pesquisa em educação. 2. ed. Rio de Janeiro: 
DP&A, 2002, p.23-38. 
 
Módulo 6 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: referências: 
elaboração. Rio de Janeiro, ago. 2002a. 
 
___________. NBR 10520: informação e documentação: apresentação de 
citações em documentos. Rio de Janeiro, ago. 2002b. 
 
___________. NBR 14724: Informação e documentação - Trabalhos acadêmicos 
– Apresentação. Rio de Janeiro, ago. 2002c. 
 
___________. NBR 6022: Informação e documentação - Artigo em publicação 
periódica científica impressa – Apresentação. Rio de Janeiro, maio 2003. 
 
BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. 
Fundamentos de metodologia científica: um guia para a iniciação científica. 2 ed. 
São Paulo: Makron Books, 2000. 
 
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BOOTH, Wayne C.; COLOMB, Gregory G.; WILLIAMS, Joseph M. A arte da 
pesquisa. TraduçãoHenrique A. Rego Monteiro. 2.ed. São Paulo: Martins 
Fontes, 2005. 
CORAZZA, Sandra Mara. Labirintos da pesquisa: diante dos ferrolhos. In: 
COSTA, Marisa Vorraber (org.). Caminhos investigativos: novos olhares da 
pesquisa em educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. p. 105-131. 
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. 
São Paulo: Atlas, 2004. 
___________. Metodologia do trabalho Científico. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2001. 
MARTINS, Gilberto de Andrade; THEÓPHILO, Carlos Renato. Metodologia da 
investigação científica para ciências sociais aplicadas. 3.ed. São Paulo: Atlas, 
2016. 
PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar. Metodologia do trabalho 
científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2 ed. Novo 
Hamburgo, Rio Grande do Sul: Universidade FEEVALE, 2013. EVERINO, 
Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho Científico. 22

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