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Escola de Direito PUCRS - Direito Processual Penal II - Prof. Luciano Feldens – PROCEDIMENTOS (ASPECTOS GERAIS) Página 1 de 2 – Material de Apoio às Aulas (Complementar) – Consultar Bibliografia Indicada no Plano de Ensino e/ou em Sala de Aula O DEVIDO PROCESSO LEGAL CF – Art. 5º (...) LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal PROCEDIMENTOS (ASPECTOS GERAIS) Procedimento: rito processual a ser seguido Art. 394. O procedimento será comum ou especial. §1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. Lei 9.099/95 – Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. DEFINIÇÃO DO PROCEDIMENTO Regra Geral: Procedimento Comum Art. 394 (...) §2º Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições em contrário deste Código ou de lei especial. “O artigo 394 da Lei Processual Penal dispõe que ‘o procedimento será comum ou especial’, o que significa dizer que o procedimento comum é o utilizado, como regra, para a maioria das infrações penais, salvo quando existir, seja em lei especial, seja no próprio Código, procedimento específico, que é o caso em apreço, porquanto o paciente responde pelo delito de tráfico de entorpecentes, cujo rito processual é atualmente disciplinado na Lei nº 11.343/06”. (STJ. HC 170.578. Rel. Min. Jorge Mussi. J. em 02/08/2011). Definição da sanção máxima cominada: → Devem ser consideradas as causas de aumento (em seu limite máximo) e de diminuição da pena (em seu redutor mínimo), porquanto repercutem no montante da pena máxima abstrata prevista em lei. → Na hipótese de concurso de crimes, devem ser considerados os critérios do cúmulo material e da exasperação da pena, conforme seja o caso. Art. 394 (...) § 4º As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código. (...) §5º Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário. Procedimento Comum Sumaríssimo Sumário Ordinário Especial Lei nº 8.038/1990 Tribunal do Júri Lei nº 11.343/2006 ...e outros Escola de Direito PUCRS - Direito Processual Penal II - Prof. Luciano Feldens – PROCEDIMENTOS (ASPECTOS GERAIS) Página 2 de 2 – Material de Apoio às Aulas (Complementar) – Consultar Bibliografia Indicada no Plano de Ensino e/ou em Sala de Aula Disposições especiais: ▪ Violência doméstica e familiar contra a mulher Lei nº 11.340/2006 - Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei 9.099/95. AÇÃO PENAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER – LESÃO CORPORAL – NATUREZA. A ação penal relativa a lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada – considerações. Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal em julgar procedente a ação direta para, dando interpretação conforme aos artigos 12, inciso I, e 16, ambos da Lei nº 11.340/2006, assentar a natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão corporal, pouco importando a extensão desta, praticado contra a mulher no ambiente doméstico, nos termos do voto do relator e por maioria (...) (STF, ADIN 4.244, j. 9/2/2012). ▪ Lei de Organizações Criminosas Lei nº 12.850/2013 – Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais conexas serão apurados mediante procedimento ordinário previsto no Decreto- Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal) [...]. Ex.: o crime do art. 21 da Lei nº 12.850/2013 será processado segundo o rito ordinário, apesar de seu apenamento (6 meses a 2 anos) indicar, em princípio, a aplicação do rito sumaríssimo. ▪ Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal. “Art. 94 da Lei n. 10.741/2003: interpretação conforme à Constituição do Brasil, com redução de texto, para suprimir a expressão "do Código Penal e". Aplicação apenas do procedimento sumaríssimo previsto na Lei n. 9.099/95: benefício do idoso com a celeridade processual. Impossibilidade de aplicação de quaisquer medidas despenalizadoras e de interpretação benéfica ao autor do crime. [...] semântica ou texto normativo que fala apenas em aplicação “do procedimento” da Lei nº 9.099/95 [...] inconstitucional a interpretação do dispositivo legal ora impugnado, na medida em que estenda aos agentes criminosos os benefícios despenalizadores da Lei nº 9.099/95 [...]”. (STF. ADI 3.096. Rel. Min. Cármen Lúcia. J. em 16/06/2010). Impossibilidade de “mesclar” procedimentos: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. FORMAÇÃO DE QUADRILHA E CORRUPÇÃO PASSIVA. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. ALEGAÇÃO DE APLICAÇÃO DO PROCEDIMENTO COMUM DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: LEI N. 11.719/08. POSSIBILIDADE DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA APÓS RESPOSTA ESCRITA. INVIABILIDADE. APLICAÇÃO DA LEI N. 8.038/90: PROCEDIMENTO MAIS BENÉFICO AO ACUSADO. ORDEM DENEGADA. 1. Procedimento especial da Lei n. 8.038/90: acusado com possibilidade de se manifestar sobre a acusação antes de se tornar réu na ação penal; procedimento comum (Código de Processo Penal): primeira manifestação do acusado ocorre quando ele já é réu no processo. 2. Procedimento da Lei n. 8.038/90 mais benéfico ao acusado quanto ao objeto desta impetração, devendo prevalecer sobre o procedimento comum do Código de Processo Penal. 3. A opção pelo rito da Lei n. 8.038/90 privilegia o princípio da especialidade, aplicando-se a norma especial em aparente conflito com a norma geral, que cede ante a incidência de norma constitucional, como a do art. 5º, inc. LV, da Constituição Federal, que tutela o direito fundamental de ampla defesa. 4. Mesclagem do procedimento especial da Lei n. 8.038/90 com o procedimento comum do Código de Processo Penal importaria, no caso, a criação de novas fases processuais, selecionando o que cada uma tem de mais favorável ao acusado, gerando um hibridismo (tertium genus) incompatível com o princípio da reserva legal. 5. Ordem denegada. (STF. HC 116.653, Rel. Min. Cármen Lúcia, Segunda Turma, j. 18/02/2014).
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