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Problema 2 – A teoria na prática é outra Caracterizar o desenvolvimento e o crescimento da criança. Crescimento é o aumento do organismo, que é harmônico em todas as partes do corpo, mas não ocorre em mesmo ritmo e tempo. Assim, o crescimento se refere ao aumento da massa orgânica, sendo em peso e altura. Já o desenvolvimento está relacionado com o aperfeiçoamento gradual e diferencial das várias funções orgânicas. Assim, caracteriza-se como a capacidade de adquirir habilidades cada vez mais complexas e específicas. A monitoração do crescimento e desenvolvimento visa a diagnosticar a normalidade, estimular esse processo para que se dê na plenitude do potencial da criança, diagnosticar anormalidades o quanto antes, promover a intervenção precoce nos casos de desvio (o que garante melhor eficácia do tratamento) e impedir o progresso de agravos já instalados. Assim, a partir do acompanhamento adequado, desencadeiam-se processos de estimulação, habilitação e reabilitação. O crescimento exprime aspectos da maturação que podem ser avaliados por medidas de tamanho. O peso, que se altera mais precocemente nas doenças, é um indicador sensível em curto prazo, e o crescimento, em longo prazo. Diversos estados mórbidos podem alterar o crescimento ao longo da infância. Segundo Marcondes, os fatores que influenciam o crescimento do ser humano podem ser divididos em intrínsecos e extrínsecos. Os fatores intrínsecos são aqueles relacionados ao sistema neuroendócrino e à energia hereditária. Os extrínsecos dizem respeito ao ambiente e referem-se a interação mãe-filho. Ocorre interação contínua entre esses fatores, influenciando, inclusive, no processo saúde-doença. A velocidade de crescimento é alta ao nascimento e vai desacelerando até a idade escolar. Assim, no 1º ano de vida, o lactante cresce em torno de 24cm e ganha aproximadamente 6kg. No 2º ano, cresce cerca de 12cm e ganha em torno de 2,5kg. Este é o primeiro período de repleção. Ao final da fase pré-escolar, a criança tem uma relação de peso/altura pequena, tendo os menores índices de massa corpórea (IMC). A velocidade de crescimento na fase escolar é de 5 a 6cm ao ano. Ao final dessa fase, nos anos pré-puberais, dá-se o segundo período de repleção: observa-se, nas curvas de IMC versus idade, um rebote de adiposidade. Nos casos em que esse rebote ocorre precocemente, existe uma tendência à obesidade na idade adulta. A vigilância do desenvolvimento é parte fundamental de toda consulta pediátrica, compreendendo todas as atividades relacionadas à promoção do desenvolvimento normal da criança e à detecção de desvios nesse processo. Dessa maneira, os profissionais envolvidos no atendimento de crianças devem estar familiarizados com o processo de desenvolvimento normal e com os possíveis fatores de risco que possam intervir no mesmo. Também devem conhecer as possibilidades de intervenção para minimizar os efeitos deletérios desses fatores e, principalmente, para promover o desenvolvimento da criança. O desenvolvimento neuropsicomotor se dá no sentido craniocaudal, portanto, em primeiro lugar a criança firma a cabeça, a seguir o tronco e após os membros inferiores. A maturação cerebral também ocorre no sentido póstero-anterior, portanto, primeiro a criança fixa o olhar (região occipital), a seguir leva a mão aos objetos. A avaliação do desenvolvimento deve ser baseada nos marcos definidos pela escala de desenvolvimento Denver II. Deve-se avaliar o desenvolvimento social, motor e linguagem. Desenvolvimento social, motor, da linguagem e do desenho. Desenvolvimento social: Olhar o examinador e segui-lo em 180º = 2 meses Sorriso social = 3 meses Leva mão a objetos = 4 meses Apreensão a estranhos = 10 meses Dá tchau, bate palma = 15 meses Imita atividades diária = 18 meses Desenvolvimento motor: Sustento cefálico = 4 meses Sentar com apoio = 6 meses Sentar sem apoio = 9 meses Pinça superior = 9 meses Em pé com apoio = 10 meses Andar sem apoio = 18 meses Desenvolvimento da linguagem: Lalação = 6 meses Primeiras palavras = 12 meses Palavra frase = 18 meses Junta duas palavras = 2 anos Frases gramaticais = 3 anos Desenvolvimento do desenho: 2 anos = Rabiscos (depois de alguns meses a criança começa a nomear o que o rabisco representa). 3 anos = Círculo como símbolo universal (pode representar quase tudo). Tentativa de representação da figura humana (círculo com duas pernas). 4 a 5 anos = A figura humana tem mais detalhes e os desenhos representam histórias ou eventos. 6 a 7 anos = Fase da paisagem (linha azul na parte superior representa céu, linha verde na parte inferior representa o chão). Muitas vezes desenham a mesma paisagem inúmeras vezes. 8 a 10 anos = Fase do realismo, quando a criança começa a desenhar detalhadamente as coisas (não se contenta com esquematização/simplificação do desenho). 12 anos/adolescência = Fim do período artístico (frustração por não conseguir desenhar as coisas exatamente como são vistas). Descrever o método de Capurro e Ballard. A avaliação precisa da idade gestacional (IG) é fundamental para a obstetrícia e para a neonatologia. Com a observação de sinais físicos e características neurológicas do recém-nascido é possível estimar a IG, pois muitos deles variam de acordo com a idade fetal. O somatório desses elementos é capaz de estimar a IG, tendo uma margem de erro de duas semanas. O método de Capurro consiste em uma das técnicas utilizadas para essa finalidade. Como funciona o método de Capurro? Realizado após o nascimento da criança, o método ou escore de Capurro avalia o desenvolvimento de cinco fatores para determinar a idade gestacional do recém-nascido, são eles: textura da pele, pregas plantares, glândulas mamárias, formação do mamilo e formação da orelha. Cada um dos itens possui um nível de desenvolvimento de acordo com a IG. Como calcular o escore de Capurro? Para determinar a IG com base neste método somático, é necessário avaliar cada um dos itens com cuidado, assinalando a pontuação correspondente a eles. A pontuação (P) somada dos fatores deve ser acrescida de 204. O resultado desse cálculo será dividido por 7, obtendo assim o número de semanas da idade gestacional. IG = (P + 204)/7 Quando utilizar esse método? O escore de Capurro é utilizado para determinar a IG quando as mães desconhecem a data da última menstruação (DUM) e não realizaram a ultrassonografia gestacional precoce (até 14 semanas). Os métodos citados acima (DUM e USG transvaginal precoce) possuem uma precisão maior, sendo preferíveis para essa análise. Escore de Capurro e New Ballard Por avaliar um número maior de características neurológicas, o método de New Ballard é a alternativa mais indicada para avaliação de recém-nascidos prematuros. Isso acontece porque o escore de Capurro baseia-se principalmente em fatores físicos e, em prematuros, a avaliação neurológica garante maior precisão da identificação da IG. Descrever a curva pôndero-estatural. Explique o SISVAN e sua função. O Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) foi regulamentado como atribuição do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Portaria nº 080-P, de 16 de outubro de 1990, do Ministério da Saúde e da Lei nº 8080/ 1990, capítulo I, artigo 6º, inciso IV – Lei Orgânica da Saúde. Antes desse momento, existiam inúmeras experiências locais em diversas partes do País, sem uma articulação estadual e nacional. O SISVAN – módulo municipal encontra-se instalado em praticamente todos os municípios brasileiros. Trata-se de uma ferramenta informatizada, desenvolvida pelo DATASUS, que apresenta a possibilidade de registro de informações para monitoramento do estado nutricional da população atendida por demanda espontânea nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde o por profissionais da Estratégia Saúde da Família e Programa de Agentes Comunitários de Saúde. Um dos principais objetivos da Vigilância Nutricional contemplada pelo SISVAN – módulo municipal correspondeà avaliação do estado nutricional de diferentes grupos populacionais. Por meio do TabNet, são acessadas as informações do estado nutricional dos usuários da atenção básica, cujos dados foram registrados no sistema informatizado. No plano individual ou biológico, estado nutricional é o resultado do equilíbrio entre o consumo de nutrientes e o gasto energético do organismo para suprir as necessidades nutricionais. O estado nutricional pode ter três tipos de manifestação orgânica: - Adequação Nutricional (Eutrofia): manifestação produzida pelo equilíbrio entre o consumo em relação às necessidades nutricionais. - Carência Nutricional: manifestações produzidas pela insuficiência quantitativa e/ou qualitativa do consumo de nutrientes em relação às necessidades nutricionais. - Distúrbio Nutricional: manifestações produzidas pelo excesso e/ ou desequilíbrio de consumo de nutrientes em relação às necessidades nutricionais. Quais são os dados fundamentais a serem coletados para a Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN que possibilitam a avaliação do estado nutricional? Dados de identificação: - Data de nascimento (idade) - Sexo Dados antropométricos: - Peso - Altura Índices antoprométricos: Peso por idade (P/I): Expressa a massa corporal para a idade cronológica. É o índice utilizado para a avaliação do estado nutricional, contemplado no Cartão da Criança. Essa avaliação é muito adequada para o acompanhamento do crescimento infantil e reflete a situação global do indivíduo; porém, não diferencia o comprometimento nutricional atual ou agudo dos pregressos ou crônicos. Altura por idade (A/I): Expressa o crescimento linear da criança. É o índice que melhor indica o efeito cumulativo de situações adversas sobre o crescimento da criança. É considerado o indicador mais sensível para aferir a qualidade de vida de uma população. Peso por altura (P/A): Este índice dispensa a informação da idade; expressa a harmonia entre as dimensões de massa corporal e altura. É sensível para o diagnóstico de excesso de peso, carecendo, porém, de medidas complementares para o diagnóstico preciso de sobrepeso e obesidade. Descrever a importância da puericultura. O termo “puericultura” etimologicamente quer dizer: puer = criança e cultur/cultura = criação, cuidados dispensados a alguém. Ele foi utilizado pela primeira vez por Ballexserd, ao publicar na Suíça, em 1762, seu livro Tratado de Puericultura, abordando questões gerais de higiene da criança. Esta expressão ganhou força ao ser retomada pelo médico francês Caron, que, em 1865, publicou um manual intitulado A puericultura ou a ciência de elevar higienicamente e fisiologicamente as crianças. O interesse de Caron surgiu da constatação empírica de que grande parte das crianças internadas nos hospitais de Paris, na sua época, poderia ter doenças e consequentemente internações evitadas, se as mães tivessem recebido orientações sobre como amamentar e cuidar corretamente de seus filhos. Este médico já evidenciava os dois pilares magnos da puericultura: a prevenção e a educação em saúde. Essas duas linhas sempre estarão interligadas, daí a assertiva de que a puericultura é fundamentalmente Pediatria preventiva. Outro enfoque central da puericultura é a abordagem das doenças do adulto com raízes na infância e, portanto, preveníveis desde a infância. Um dos exemplos dessa abordagem é o baixo peso ao nascer como fator de risco para doenças circulatórias, diabetes e obesidade. Outro exemplo, porém positivo, é o aleitamento materno, que, entre tantas qualidades, é fator de proteção contra hipertensão arterial. Fica claro, portanto, que a puericultura efetiva-se pelo acompanhamento periódico e sistemático das crianças para avaliação de seu crescimento e desenvolvimento, vacinação, orientações aos pais e/ou cuidadores sobre a prevenção de acidentes, aleitamento materno e orientação alimentar no período do desmame, higiene individual e ambiental, assim como pela identificação precoce dos agravos, com vistas à intervenção efetiva e apropriada. Para isso, demanda a atuação de toda a equipe de saúde e multiprofissional que assiste a criança e sua família por meio da consulta de enfermagem, consulta médica, consulta odontológica, grupos educativos e visitas domiciliares, no contexto da Atenção Básica. O crescimento representa um dos sinais mais importantes de saúde da criança, sendo considerado o pré-requisito para qualquer estratégia de promoção da saúde infantil, recomendado e reconhecido como uma importante ação de saúde. Com o intuito de garantir a extensão da cobertura do atendimento infantil na rede básica de saúde e assegurar simultaneamente o aumento da capacidade resolutiva desses serviços, desde 1984 o Ministério de Saúde prioriza cinco ações básicas de saúde, com eficácia comprovada para a redução da morbimortalidade infantil: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil; promoção do aleitamento materno e orientação alimentar para o desmame; prevenção e controle das doenças diarreicas; prevenção e controle das infecções respiratórias agudas; e imunização. O conjunto dessas cinco ações básicas visa assegurar a integralidade e a sistematização do atendimento prestado pelos profissionais de saúde inseridos nos diversos serviços de saúde, deslocando o enfoque de uma assistência baseada em doenças para uma modalidade de atenção que contemple a criança no seu processo de crescimento e desenvolvimento, que constitui o eixo central do atendimento prestado, uma vez que permite evidenciar, de maneira precoce, os transtornos que afetam a saúde, a nutrição e o desenvolvimento da criança. Portanto, a avaliação do crescimento físico normal é uma forma importante de conhecer e vigiar o estado geral da saúde de uma criança e o desenvolvimento socioeconômico e de saúde da comunidade onde ela vive. O crescimento e o desenvolvimento humano constituem-se em um modelo de interação do ser humano e do ambiente, sendo o resultado final de um conjunto de fatores que podem ser divididos em: intrínsecos, representados pelos fatores genéticos e neuroendrócrinos; e extrínsecos, que são os fatores ambientais, podendo ser subdivididos em pré-natais e pós-natais. Entre os fatores extrínsecos essenciais para o crescimento encontram-se a ingestão de dieta balanceada, variada e fracionada, a atividade física, alterações climáticas e ambientais de ordem física e toda a estimulação biopsicossocial, incluindo o afeto e o impacto da urbanização. A avaliação periódica da saúde da criança permite o acompanhamento do progresso individual, identificando aquelas de maior risco de morbimortalidade, sinalizando o alarme precoce para a desnutrição e a obesidade, causa básica da instalação ou do agravamento da maior parte dos problemas de saúde infantil. Esse monitoramento do crescimento também possibilita o incentivo ao aleitamento materno exclusivo, a orientação adequada da introdução da alimentação complementar, prevenindo problemas comuns durante o primeiro ano de vida. Cada atendimento realizado no serviço de saúde, independente da queixa ou doença que o motivou, deve ser tratado como uma oportunidade para uma ação resolutiva, de promoção da saúde, com forte caráter educativo. Portanto, a vigilância desse crescimento no primeiro ano de vida deve ser realizada mensalmente, uma vez que permite localizar o início de qualquer desvio de normalidade. Na impossibilidade de avaliações mensais, o Ministério da Saúde (MS) propõe o Calendário Mínimo de Consultas para a Assistência à Criança, conforme segue abaixo: O conhecimento sobre o desenvolvimento infantil é essencial para todos os profissionais que lidam com crianças. O acompanhamento do desenvolvimento deve fazer parte da consulta geral da criança. Para isso, não é necessário criar espaços específicos, momentos fora da consulta ou instrumental especializado, embora alguns pequenos brinquedos possam ser usados para desencadear alguma resposta reflexa ou marco do desenvolvimento. Recomenda-se que aavaliação do desenvolvimento seja ampla, considerando-se fundamental a coleta de informações, durante a anamnese ou entrevista, das condições de vida, rotina diária, formas de relacionamento familiar e oportunidades de interação com outras crianças, pois, para uma criança desenvolver uma determinada habilidade, ela deve vivenciar situações que favoreçam a aquisição dessa habilidade. Fale sobre a importância e a prática da amamentação e do aleitamento materno. O leite materno é um alimento completo. Isso significa que, até os 6 meses, o bebê não precisa de nenhum outro alimento (chá, suco, água ou outro leite). A partir dos 6 meses, a amamentação deve ser complementada com outros alimentos. É bom que o bebê continue sendo amamentado até 2 anos ou mais. Quanto mais tempo o bebê mamar no peito, melhor para ele e para a mãe. Nos primeiros meses o bebê ainda não tem horário para mamar. Ele deve mamar sempre que quiser. Com o tempo ele faz o horário. Com alguns cuidados, a amamentação não machuca o peito e fica mais fácil para o bebê retirar o leite do peito: • A melhor posição para amamentar é aquela em que mãe e o bebê sintam-se confortáveis. A amamentação deve ser prazerosa para a mãe e para o bebê. • O bebê deve estar virado para a mãe, bem junto de seu corpo, bem apoiado e com os braços livres. • A cabeça do bebê deve ficar de frente para o peito e o nariz bem na frente do mamilo. Só coloque o bebê para sugar quando ele abrir bem a boca. • Quando o bebê pega bem o peito, o queixo encosta na mama, os lábios ficam virados para fora, o nariz fica livre e aparece mais aréola (parte escura em volta do mamilo) na parte de cima da boca do que na de baixo. • Cada bebê tem seu próprio ritmo de mamar, o que deve ser respeitado. Deixe-o mamar até que fique satisfeito. Espere que ele esvazie bem a mama e então ofereça a outra, se ele quiser. • O leite do início da mamada tem mais água e mata a sede; e o do fim da mamada tem mais gordura e por isso mata a fome do bebê e faz com que ele ganhe mais peso. • No início da mamada o bebê suga com mais força porque está com mais fome e assim esvazia melhor a primeira mama oferecida. Por isso, é bom que a mãe comece cada mamada pelo peito em que o bebê mamou por último na mamada anterior. Assim o bebê tem a oportunidade de esvaziar bem as duas mamas, o que é importante para a mãe ter bastante leite. • Quando for preciso tirar o bebê do peito, para que ele solte o mamilo sem machucá-lo, a mãe pode colocar o dedo mínimo no canto da boca do bebê, entre as gengivas. • Depois da mamada, é importante colocar o bebê na posição vertical para que ele possa arrotar. Não há necessidade de usar mamadeiras e chupetas, pois podem atrapalhar a amamentação. Além disso, podem causar doenças, problemas na dentição e na fala. É importante a mãe cuidar-se bem, evitar bebidas alcoólicas e cigarro. Os remédios que a mãe toma podem passar para a criança; por isso ela só deve tomar medicamentos com orientação médica. Se a mãe precisar usar método para evitar uma nova gravidez, ela deve procurar o serviço de saúde. No momento da amamentação é importante que a mãe converse, faça carinho e dê atenção à criança. Descrever o desenvolvimento neuropsicomotor da criança normal. O segundo ano: O senso de criança sobre si mesma e dos outros é moldado pelas habilidades que emergem no segundo ano de vida. 12-18 meses Desenvolvimento Físico: A criança que começa a andar tem pernas curtas e tronco longo, lordose lombar (curvatura fisiológica da coluna vertebral) exagerada e protusão do abdome (hérnia). Crescimento considerável no cérebro no segundo ano. (Crescimento e mielinização contínua resultam em aumento da circunferência cefálica, 2cm/ano). A maioria começa a andar perto do seu primeiro ano, as outras não andam antes dos 15 meses. No início caminham com a base alargada, joelhos arqueados, pé pode apontar para dentro e para fora, e com o tempo e refinamento permite estabilidade, centro da gravidade se desvia para trás do tronco e fica mais estável. Desenvolvimento Cognitivo: Exploração do ambiente aumenta com a melhora da destreza (alcançar, segurar, soltar) e mobilidade. Combina objetos de formas diferentes para criar efeitos interessantes. Desenvolvimento Emocional: Antes de andar ficam irritados. Depois que aprendem, seu humor muda muito. Orbitam em volta dos pais, vão para longe, voltam para um toque de segurança e se afastam novamente. O orgulho das crianças por suas realizações ilustra o estágio e autonomia e separação de Erickson (teoria do desenvolvimento que cobre todo o ciclo vital desde a primeira infância até a velhice e senescência) Estágio 1: “Confiança Básica versus Desconfiança Básica” (do nascimento até cerca de 1 ano). Coincide com o desenvolvimento oral em Freud, no qual a boca é a zona mais sensível do corpo. O bebê procura preencher suas necessidades, localizando o mamilo, sugando-o e ingerindo outros alimentos. A mãe induz confiança atendendo assiduamente a essas necessidades, sentimento de confiança de que suas necessidades serão satisfeitas. Estágio 2: “Autonomia versus Vergonha e Dúvida” (de 1 a 3 anos, aproximadamente). Neste estágio, os bebês adquirem um sentimento de que são separados dos outros. A autonomia permite o domínio sobre si mesmo e sobre seus impulsos. Estágio 3: “Iniciativa versus culpa” (dos 3 aos 5 anos). O reforço à iniciativa depende de quanta liberdade física as crianças recebem e do quanto sua curiosidade intelectual é satisfeita. Estágio 4: “Indústria versus Inferioridade” (6 ao 11 anos). O principal ponto deste estágio é a indústria ou capacidade de trabalhar e adquirir habilidades adultas. Crises de birra refletem sua falta de habilidade de deslocar sua raiva ou comunicar verbalmente suas emoções. Desenvolvimento da Linguagem: Primeiras monossílabas em torno de 12 meses de idade (não, tchau, me dá). Implicações Pais e Pediatras: É importante sempre estar atento no que a criança esta fazendo, pois sua capacidade de andar e ficar fora do campo de visão aumenta riscos de trauma. 18-24 meses Desenvolvimento Físico: Melhora do equilíbrio e agilidade. Correr e escalar degraus. Ganha: 12,5 cm e 2,5 kg. Crescimento do crânio diminui. 90% da circunferência cefálica é atingida até o segundo ano. Desenvolvimento Cognitivo: Conclusão do período sensório-motor: é um período de adaptação e integração da criança ao mundo que a cerca através das percepções e das ações. Nesta fase só o corpo reage, por meio de reflexos inatos. 1ª subestágio: do nascimento até aproximadamente 1 mês e meio de vida. Os reflexos inatos, ao serem exercitados, vão sendo controlados e coordenados pelos neonatos. 2º subestágio: 1 mês e meio até 4 meses, a criança, depois de executar por acaso uma ação que provoca uma satisfação, passa a repetir essa mesma ação repetidas vezes, o que é chamado de reação circular. 3º subestágio: 4 a 8 meses, o foco da ação é externo ao bebê. 4º subestágio: 8 a 12 meses, há um desenvolvimento na coordenação das reações circulares secundárias, possui maior controle sobre a manipulação do meio externo, tem intencionalidade em seus atos. 5º subestágio: 12 a 18 meses, os bebês apresentam reações circulares terciárias, em que testam ações a fim de obter resultados parecidos. 6º subestágio: 18 a 24 meses. Há representação (na memória) dos objetos ausentes e de seus deslocamentos. Desenvolvimento Emocional: ‘’Reaproximação’’: consciência de possibilidade de separação. Ansiedade de separação se manifesta na hora de dormir, muitas crianças usam um cobertor ou brinquedo como símbolo do pai e mãe ausente. Ao se olhar no espelho procuram a própria face. Percebem brinquedos quebrado se pedem para concertá-los. Desenvolvimento da Linguagem: Vocabulário salta de 10-15 palavras (18m) para 50-100 (2 anos).Linguagem verbal marca o fim do período sensório motor Combinam palavras e formam frases simples Implicações Pais e Pediatras: Problemas de alimentação e sono reaparecemPais devem entender a importância da exploração, e colocar em local seguro. A Pré-escola (2-5 anos) Desenvolvimento Físico: Crescimento somático e cerebral diminuem. Apetite diminui, hábito de beliscar. Ganha: 7-8 cm e 2kg, por ano. Peso de nascimento quadruplica com 2,5 anos. Criança mediana: 20kg e tem 1m. Cabeça: cresce 5cm entre 3-18 anos. Crescimento dos órgãos genitais = crescimento somático. Apresentam: Genuvalgo (joelhos que batem), e pés planos (pés chatos). Sono: cai para 11-13 horas/dia 20 dentes já emergiram. Acuidade visual 20/30 (3 anos) e 20/20 (4 anos). Marcha bem desenvolvida, e correm antes de 3 anos. Jogar, pegar, dançar. Destreza manual (3 anos). Controle intestinal e vesical inicia-se nesse período, as meninas tendem a ser mais rápidas e precoces. Molhar a cama é normal até 4 anos (meninas) e 5 anos (meninos). Desenvolvimento Cognitivo: Corresponde ao período pré-operacional (lógico). Pensamento mágico: poder dos objetos, que o sol se põe porque está cansado. Egocentrismo: incapacidade de aceitar outro ponto de vista. Brincar permite liberação da criatividade. Desenvolvimento Emocional: Aceitar limites, administrando impulsos, agressivos e sexuais e interagindo com circulo maior de crianças e adultos. O sucesso para conseguir interiorizar os limites depende do desenvolvimento emocional, o amor que sente pelos adultos é o principal incentivo do autocontrole. Birras são mais frequentes entre 2-4 anos desencadeadas por medo, cansaço e desconforto. Desenvolvimento da Linguagem: Ocorre rapidamente entre 2-5 anos. Vocabulário + de 2000 palavras. 2,5 anos: usa possessivo ‘’minha bola’’, gerúndio, interrogativo e negativo. Esta ligada ao emocional e cognitivo, ou seja, o atraso da fala pode estar relacionado a retardo mental, transtorno do espectro autista ou é maltratada. Livros e figuras tem papel fundamental para desenvolver linguagem verbal. A Criança em Idade Escolar (6-11 anos) A criança começa a considerar sua própria autoavaliação e a percepção do modo de como as outras pessoas as veem. Desenvolvimento Físico: Ganha: 3-3,5kg e 6-7cm, por ano. Crescimento ocorre de forma irregular a cada ano. Perdas dos dentes de leite é o sinal mais marcante da maturação e tem início por volta de 6 anos, a substituição total ocorre em 4 anos aproximadamente. (8 incisivos e 4 molares). Pré-molares nascem com 11-12 anos. Força muscular, coordenação motora e o vigor físico aumentam progressivamente, assim como habilidades (jogar basquete). Antes da puberdade a sensibilidade do hipotálamo e da hipófise sofre mudanças, que levam ao aumento da síntese de gonadotrofinas Desenvolvimento Cognitivo: Mudança do pré-operacional → operações lógicas concretas. Depois da terceira série, as crianças precisam fixar sua atenção por períodos de 45 minutos, e entender o conteúdo de tudo, que está mais complexo. Desenvolvimento Emocional: Os pais devem fazer exigências sobre o empenho escolar mas também comemoras as vitórias. Ajudar em tarefas domésticas e dar mesada ajuda adar valor no dinheiro. Irmãos representam modelos, competidores e apoiadores. As crianças podem adotar valores tanto da família como da comunidade para ser aprovado pelos colegas, pais. Relacionar as condições socioeconômicas com o desenvolvimento da criança. Em uma pesquisa em que 34% das crianças avaliadas apresentaram suspeita de atraso no desenvolvimento pelo teste de Denver II, as crianças que tinham maior risco de suspeita de atraso no desenvolvimento foram as de classes sociais menos favorecidas, as que haviam nascido com menor peso, as que apresentaram idade gestacional menor do que 37 semanas, as que tinham mais de três irmãos e as que haviam recebido leite materno por menos de três meses, ou não haviam sido amamentadas. No atual estudo, a maior parte das mães e dos pais possuía o ensino médio completo e a maioria das mães possuía trabalho remunerado, e esse fato representou um menor número de patologias na gravidez. Aquelas mães com maior nível de escolaridade tiveram um menor número de gestações, maior aumento de peso na gestação, fizeram o parto em hospital privado e do tipo cesárea. Esses achados são coerentes com a afirmação de que a entrada maciça de mulheres casadas e com filhos no mercado de trabalho nas últimas décadas levaram à queda da taxa de fecundidade, à redução do tamanho das famílias e ao aumento do número de famílias chefiadas por mulheres devido à atualização ideológica dos gêneros, na figura da "nova mulher independente" que controla sua fecundidade, trabalha fora e tem seu próprio dinheiro. Discutir sobre as carências nutricionais na primeira infância e a alimentação adequada. A alimentação adequada deve possibilitar a profilaxia das doenças causadas por excesso (obesidade, dislipidemia) ou escassez (anemia ferropriva, megaloblástica, cegueira) de nutrientes, além de evitar, na infância, as doenças crônicas não transmissíveis do adulto, como obesidade, arteriosclerose, diabetes mellitus, osteoporose, hipertensão arterial. Estudos experimentais e ensaios clínicos mostram ampla evidência de que fatores nutricionais e metabólicos, em fases iniciais do desenvolvimento humano, têm efeito em longo prazo, na programação (programming) da saúde na vida adulta. O termo programming foi introduzido na literatura por Dörner, em 1974. Como importante exemplo de programming em seres humanos está a relação entre as más práticas de alimentação no primeiro ano de vida e o desenvolvimento futuro de obesidade. O aleitamento materno tem efeito protetor e dose-dependente na redução do risco de obesidade na vida adulta. Amamentação é o padrão normativo para alimentação e nutrição do lactente. Pesquisas mostram, a curto e longo prazo, as vantagens para o desenvolvimento neurológico e nutricional do aleitamento materno. A nutrição infantil deve ser considerada uma questão de saúde pública e não apenas uma opção de vida. O leite humano é o melhor alimento para os lactentes nos dois primeiros anos de vida, devendo se manter exclusivo por seis meses e complementado a seguir – recomendação da OMS, AAP, Institute of Medicina, ESPGHAN, SBP e MS. Os profissionais da saúde, com destaque para os pediatras, enfermeiros e nutricionistas, desempenham um papel importante nas suas práticas como defensores do aleitamento materno. Também devem orientar aquelas mães que não podem amamentar a usarem uma fórmula infantil adequada para a idade do lactente. O leite de vaca integral – por várias razões, entre as quais o fato de ser pobre em ferro e zinco e com conteúdo excessivo de proteína e sódio – não deverá ser introduzido antes dos 12 meses de vida. O leite de vaca integral é um dos grandes responsáveis pela alta incidência de anemia ferropriva em menores de 2 anos no Brasil. Já são bem conhecidas as manifestações clínicas da anemia ferropriva, a curto e longo prazos, sobre a mielinização, mudança no metabolismo energético cerebral, alterações nos neurotransmissores, alteração na audição e na percepção auditiva. Como também são conhecidos os efeitos do excesso de proteína na adiposidade e do sódio na hipertensão arterial sistêmica. A transição a partir de aleitamento materno exclusivo a uma dieta diversificada, que é essencial para satisfazer as necessidades nutricionais, é um momento particularmente vulnerável. É importante respeitar o desenvolvimento neuropsicomotor, renal e digestório do lactente, para uma melhor aceitação do alimento e absorção dos nutrientes. O sistema digestório e renal da criança até aos 6 meses de vida são imaturos, o que limita a sua habilidade em manejar alguns componentes dos alimentos diferentes do leite humano. A recomendação da OMS e do Ministério da Saúde sobre a idade ideal para introdução da nutrição complementar aos 6 meses é também recomendada pela AAP, Institute de Medicina, ESPGHAN e SBP. Não há evidências de que exista alguma vantagem na introdução precoce (antes dos seis meses) de outros alimentos que não o leite humano na dietada criança. Os relatos de que essa prática possa ser prejudicial são abundantes. O estudo de Schack-Nielsen L et al (2010) mostrou que retardar a introdução de alimentação complementar até 6 meses resultou em menor risco de excesso de peso na idade adulta. Para cada mês de retardo na introdução da alimentação complementar (faixa de 2 a 6 meses) diminuiu de 6 a 10% o risco de excesso de peso na vida adulta. O Departamento científico de nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda o esquema abaixo para a introdução da alimentação complementar: Anemia ferropriva: A anemia é definida como processo patológico no qual a concentração de hemoglobina (Hb), contida nos glóbulos vermelhos, encontra-se anormalmente baixa, respeitandose as variações segundo idade, sexo e altitude em relação ao nível do mar, em conseqüência de várias situações como infecções crônicas, problemas hereditários sanguíneos, carência de um ou mais nutrientes essenciais, necessários na formação da hemoglobina, como ácido fólico, Vitaminas B12, B6 e C e proteínas1. Entretanto, não resta dúvida de que a deficiência de ferro é a responsável pela maior parte das anemias encontradas, sendo denominada de anemia ferropriva. As causas de anemia ferropriva e deficiência de ferro podem ter início ainda no período intra-uterino. As reservas fisiológicas de ferro (0,5g/kg no recém-nascido a termo) são formadas no último trimestre de gestação e, juntamente com o ferro proveniente do leite materno, sustentam a demanda do lactente até o sexto mês de vida. Podemos, portanto, concluir que a prematuridade, pela falta de tempo, e o baixo peso ao nascer, pela pequena reserva, associados ao abandono precoce do aleitamento materno exclusivo, são as causas mais comuns que contribuem para a espoliação de ferro no lactente jovem. Na primeira infância, o problema agrava-se em decorrência de erros alimentares, principalmente no período de desmame, quando freqüentemente o leite materno é substituído por alimentos pobres em ferro. O leite de vaca é um exemplo, pois apesar de apresentar o mesmo teor em ferro que o leite materno, sua biodisponibilidade é muito baixa e, como se sabe, as mães freqüentemente substituem uma refeição pela mamadeira. →Além desses aspectos, como agentes agravantes e, muitas vezes, determinantes da formação insuficiente de depó- sitos de ferro, devem ser considerados o baixo nível socioeconômico e cultural, as condições de saneamento básico e de acesso aos serviços de saúde e o fraco vínculo na relação mãe/filho. A prevenção da anemia ferropriva deve ser estabelecida com base em quatro tipos de abordagens: educação nutricional e melhoria da qualidade da dieta oferecida, incluindo o incentivo do aleitamento materno, suplementação medicamentosa, fortificação dos alimentos e controle de infecções. Anemia Megaloblástica De forma geral causada por dieta deficiente nutricional destacamos: Deficiência de vitamina B 12 e/ou ácido fólico. Esses nutrientes são os essenciais auxiliadores do amadurecimento celular.