Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EA D Barroco 5 1. OBJETIVOS • Definir e reconhecer o contexto histórico do Barroco. • Identificar e interpretar a cultura e a Arte Barroca: arqui- tetura, escultura e pintura. 2. CONTEÚDOS • Contexto histórico do Barroco. • Escultura, pintura e arquitetura barroca. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) O Barroco talvez seja um dos mais ricos momentos da arte ocidental, faça uma busca pela internet procuran- © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco252 do os principais pintores desse período. Após essa busca monte uma biblioteca de imagens, isso será útil para seu aprendizado, assim você poderá perceber as variações na pintura barroca por toda Europa. 2) Além da pintura, escultura e arquitetura, a Arte Barro- ca influenciou definitivamente a música. Como comple- mentação do seu aprendizado visual, é importante que você conheça a música barroca. Ouça As quatro estações composição de Antonio Vivaldi e perceba a sutileza e ri- queza musical desse período. 3) Aproveite e faça um tour virtual em 3D por dentro da igreja de São Francisco, na Bahia. Disponível em: <http:// www.onzeonze.com.br/blog360/toursaofrancisco/in- dex.html>. Acesso em: 8 jul. 2011. 4) Para saber mais sobre a Inglaterra absolutista, sugeri- mos que assista ao filme Elisabeth, dirigido por Shekhar Kapur. Assista também o filme Lutero – o filme, dirigi- do por Eric Till, sobre a vida de Lutero e assista O nome da Rosa dirigido por Jean Jacques Annaud. Finalmente, para compreender o que foi a Noite de São Bartolomeu em que ocorreu um massacre contra os protestantes, as- sista A Rainha Margo, dirigido por Patrice Chéreau. 5) Para ampliar seus conhecimentos, pesquise: FREITAS, N. Maurício de Nassau & Frans Post. Disponível em: <http:// www.newton.freitas.nom.br/artigos.asp?cod=213>. Acesso em: 15 jul. 2011. Pesquise também: MAU- RITSHUIS. Home page. Disponível em: <http://www. mauritshuis.nl/>. Acesso em: 15 jul. 2011. 6) É importante que confira as fontes de referências utiliza- das nesta unidade. Assim, sugerimos que pesquise: WEB GALLERY OF ART. Home page. Disponível em: <http:// www.wga.hu/>. Acesso em: 15 jul. 2011. 7) Enriqueça seus estudos acessando: FOLHA ON LINE. Co- leção folha: grandes mestres da pintura. Disponível em: <http://mestres.folha.com.br/pintores/12/curiosida- des.html>. Acesso em: 20 set. 2011. 8) Assista ao filme Moça com brinco de pérola, de Peter Webber, para se interar da Delf de Vermeer no século 17 253 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco e dos processos de manipulação da luz, das tintas e do uso da câmera escura. 9) Renove suas ideias, pesquise sobre: GIL VICENTE. Agen- da. Disponível em: <http://www.gilvicente.com.br>. Acesso em: 15 jul. 2011. EDUKBR. Arte em expressão. Disponível em: <http://www.edukbr.com.br/artema- nhas/foto_orig.asp>. Acesso em: 15 jul. 2011. 10) Amplie seus conhecimentos, confira: SILVEIRA, R. Home page. Disponível em: <http://reginasilveira.uol.com.br/ portfolio.php#imagens>. Acesso em: 15 jul. 2011. 11) Sugerimos que procure aprofundar seus conhecimentos sobre o período que estudado. Para tanto, leia os livros citados nas referências bibliográficas e visite os sites su- geridos. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Na Unidade 4, você refletiu sobre a sociedade, a cultura e a Arte Renascentista. Agora, vamos avançar em nosso percurso pela História da Arte conhecendo o Barroco. A palavra Barroco é originária do espanhol "barrueco" que significa um tipo de pérola com formação defeituosa. Esse termo foi utilizado de forma pejorativa ao período porque seus represen- tantes não observavam as regras estabelecidas até então. Come- cemos pelo estudo do contexto histórico daquela época. 5. CONTEXTO HISTÓRICO No período denominado "Barroco", a Europa vivia o início dos governos absolutistas, isto é, o Rei era Senhor absoluto e re- presentante de Deus na terra. A Igreja Católica sofria grandes perdas ocasionadas pela Re- forma Protestante e iniciava a Contra-Reforma na tentativa de res- gatar seu poder e dinamizar a fé católica. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco254 Já a economia era modificada pela Revolução Comercial, que reforçava a classe burguesa. Luís XIV, rei francês absolutista que reinou de 1161 a 1715, fez a seguinte afirmação: "o estado sou eu". Essa frase resume o poder real naquela época. Observe que a base do governo absolutista, segundo o pen- sador Jacques Bossuet, era o poder real, o qual se acreditava ser de origem divina e, portanto, superior a todos, só devendo satis- fação ao Criador. Para ilustrar a atuação da igreja, observe a seguinte frase talhada em gravura sobre madeira, de autoria de Lucas Cranach (1545), o velho: "assim que a moeda soar, a alma vai ao céu". Para Martinho Lutero, não teria frase melhor que justificasse os absurdos cometidos pela igreja. Lutero era Doutor em Teolo- gia e Doutor em Bíblia, estudou em profundidade as escrituras e quanto mais estudava, mais percebia a distância que a igreja esta- va da verdade. Incomodado, escreve as "95 Teses" em que pedia esclarecimentos sobre a venda das indulgências na qual os fiéis acreditavam terem seus pecados perdoados pelas contribuições e pelas obras. Lutero foi inspirado pela afirmação de São Paulo que em Gálatas (capítulo 3, versículo 11) afirma que "[...] o justo viverá pela fé" e começa a difundir a justificação pela fé em que somente Deus pode dar o perdão, caso contrário somente os que detinham dinheiro receberiam a salvação, eximindo-os assim do verdadeiro arrependimento. Uma das consequências da reforma de Lutero fora do âm- bito religioso foi a alfabetização, por incentivar o aprendizado da leitura. Denuncia a Igreja como sendo pagã e começa a ser então perseguido com herege. 255 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Entretanto, lutou em defesa da difusão do conhecimento, traduzindo a bíblia para o alemão e disponibilizando seus trechos a quem se interessasse. Iniciava-se então a Igreja Luterana, divi- dindo a cristandade e quebrando o monopólio da Igreja Católica. Diante de perdas irreparáveis, a igreja se vê impelida a tomar algumas medidas e inicia a Contra-Reforma com base nas orienta- ções estabelecidas no Concílio de Trento, que objetivava o fortale- cimento da autoridade da fé católica e a sua expansão. Surge daí a Companhia de Jesus, que por intermédio dos jesuítas difundiram esses objetivos pelo mundo. Nesse contexto, iniciou-se a Revolução Comercial, com os objetivos de fortalecer a igreja e de enriquecer o Estado. A igreja, pela Contra-Reforma, apoiava reinados e burgueses, concedendo- -lhes poder e regalias. O rei, tendo o poder concentrado em suas mãos, compensava o clero e a nobreza apoiando-os. É importante saber, também, que, em 1563, uma revolta causada pela política absolutista e católica do Rei Filipe II dividiu os países baixos em dois: as dez províncias do sul (atual Bélgica), que eram católicas e mantiveram-se sob o domínio da Espanha e as províncias do norte, denominadas "Províncias unidas dos países baixos" (atual Holanda), que eram protestantes e independentes. Você pode pensar: diante de um governo absolutista aliado ao clero e à nobreza, qual era o papel da Arte? Nos países que se mantiveram católicos, a igreja, na tentati- va de sua revitalização, encontra na arte uma ferramenta de gran- de auxílio. Nas igrejas, uniram-se arquitetura, pintura e escultura; seu interior trabalhado com muitas imagens e ornamentos para ostentar seu poder e dar aos seus fiéis uma "prévia" da vida espi- ritual porvir. A burguesia, tendo em mãos mais dinheiro e poder, também passou a encomendar obras de arte para exaltar-se pe- rantea sociedade. Finalmente, o rei utiliza-se da arte para trans- mitir uma ideia de monarquia forte e poderosa, além de difundir a sua imagem. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco256 Barroco no Brasil –––––––––––––––––––––––––––––––––––– O Barroco no Brasil acontece tardiamente, mas também é muito rico em detalhes. As igrejas de Minas Gerais e da Bahia ainda preservam um rico acervo. Na Bahia o Convento de São Francisco construído no século 18 é um dos mais importantes exemplares do barroco português. No interior da igreja, talhas, bancos de jacarandá, altar recoberto de ouro e imagens de anjos barrocos. No pátio do convento encontra-se um dos mais signifi cativos painéis de azulejaria do Brasil. Ao todo são 37 painéis de azulejo baseados nas gravuras de Otto van Veen, representando as virtudes e cenas extraídas do livro do fi lósofo Horacio. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Vale ressaltar que, nos países em que o Protestantismo vigorava, a arquitetura sustava-se em linha mais sóbria, enquanto a pintura passava por grandes mudanças, uma vez que os artistas ganharam liberdade e não se viam mais obrigados a refletir em suas obras as leis da igreja. Vamos entender melhor o traço dessa arte conhecida como "Arte Barroca"! 6. ARQUITETURA NO PERÍODO BARROCO Igreja e Palácio - Deus e Rei A arquitetura nos países católicos ganhou maior expressivi- dade. As igrejas destacavam-se pela beleza dos ornamentos, pela suntuosidade e pelo movimento. Nada era simples, tudo era bem organizado e disposto para criar uma composição majestosa. Para conseguir diferentes efeitos visuais, eram usadas curvas, contracurvas, elementos retorcidos e em espirais, colunas torsas, teto elevado, além do uso da pintura e da escultura. Bernini – Vaticano Bernini foi responsável por uma das composições mais bem- sucedidas da história: a Piazza de San Pietro, no Vaticano, onde desenvolveu a colunata, modificando toda a estrutura visual da Basílica de São Pedro (Figura 1): 257 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Bernini desenhou sua obra-prima imaginando dois espaços abertos conjuntos. O primeiro, a Piazza Obliqua, tem forma de uma elipse rodeada por colunatas (quatro enormes fileiras de altas colunas dóricas) que se abrem como num grande abraço maternal e sim- bolizam a Igreja Mãe. Há um corredor largo, entre elas, pelas quais passam automóveis, e duas aberturas mais estreitas para pedes- tres. O pavimento tem pedras brancas que marcam caminho até o obelisco central, montado sobre quatro leões de bronze. Tradi- cionalmente, o obelisco representa o elo entre a antiguidade e a cristandade, pois se diz que as cinzas de César descansam em sua base e uma relíquia da Santa Cruz está escondida no topo. Dos dois lados, há duas fontes em bronze, com bases de granito. O segun- do espaço, a Piazza Retta, imediatamente a seguir e bem frontal à basílica de São Pedro, é um espaço trapezoidal que aumenta ao encostar na praça, diminuindo assim numa ilusão de ótica a ampli- dão da fachada. O edifício à direita abriga o Palácio Apostólico, que leva à «Scala Regia», a escadaria cerimonial desenhada por Bernini (WIKIPÉDIA, 2008e). Fonte: Goitia (1995, p. 12). Figura 1 Praça de São Pedro - Vaticano. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco258 Repare (Figura 1) que Bernini destaca a Basílica e trabalha com os elementos arquitetônicos para fazer com que os fiéis se sintam acolhidos nos "braços" da igreja. Barromini – arquitetura elástica Rival de Bernini, Francesco Barromini usava as ondulações e as formas distorcidas para dar ao edifício uma estrutura em cons- tante movimento, quase elástica. A Figura 2 retrata a arquitetura elástica de Barromini. Fonte: Goitia (1995, p. 17). Figura 2 Fachada da Igreja de San Carlino. 259 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Giacomo Della Porta e a Cia de Jesus A primeira igreja construída com elementos totalmente bar- rocos foi a Igreja de Jesus, em Roma, sede da Companhia de Jesus, que foi projetada por Giacomo da Vignola entre 1568 e 1576, com fachada de Giacomo Della Porta. A verticalidade acentuada encaminha o olhar "aos céus", inspirando os fiéis que, passando através das portas ornamenta- das, eram convidados a vivenciar a fé, uma vez que a igreja ligava o homem a Deus. Observe na Figura 3 a fachada da Igreja de Gesù. Fonte: Goitia (1995, p. 8). Figura 3 Fachada da Igreja de Gesù. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco260 A fachada (1575) reúne elementos da Renascença e do Barroco e se deve a Giacomo Della Porta. A divisão da estrutura por pilastras reflete a parte interna. A maneira pela qual a ordem arquitetôni- ca se ergue para o centro é enfatizada pelo relevo poderoso das superfícies das paredes, com aberturas, pilastras que se dilatam, colunas e cornichas (WIKIPÉDIA, 2008c). A seguir, estudaremos outras características da escultura barroca. Entorno e os grandes jardins Com o barroco passa-se a valorizar o entorno (parte exter- na dos edifícios) como parte integrante do todo. Exemplos dessa valorização eram as construções palacianas, que eram rodeadas de grandes jardins projetados como extensão do espaço arquite- tônico. Analisemos o Palácio de Vesalhes (Figuras 4 e 5) construído para a glorificação do Rei Luis XIV, projetado inicialmente por Le Vau e depois por Jules Hardouin-Mansart, com projeto paisagístico de André Le Nôtre. Fonte: Goitia (1995, p. 56). Figura 4 Fachada do Palácio de Vesalhes. 261 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Fonte: Goitia (1995, p. 57). Figura 5 Grande Trianon – Palácio de Versalhes. Orgulho da Independência Nos países protestantes, a sobriedade foi à palavra-chave. Praticamente não houve mudanças na arquitetura e escultura. Jacob Van Campen, arquiteto de Maurício de Nassau –––––– Palecete em estilo clássico localizado no centro de Haia, Holanda, construído no século XVII, a casa de Maurício de Nassau (Johan Maurits Van Nassau Siegen, 1604 -1679), governador do Brasil holandês de 1636 a 1644, transformou-se em 1822 no museu denominado Gabinete Real de Pinturas Mauritshuis (Koninklijk Kabinet van Schilderijen Mauritshuis). Projeto encomendado aos arquitetos Jacob van Campen e Pieter Post, a casa era conhecida como a Casa do Açúcar (Suikerhuis), dadas as ligações da própria construção (construída com madeira do Brasil) e de seu proprietário com a riqueza trazida pelos holandeses de suas possessões brasileiras (Gazeta Mercantil, São Paulo, 12 ago. 2005, Fim de Semana, p. 1). Ao longo da história, o museu Mauritshuis especializou-se em colecionar o ‘crème de la crème’ da idade áurea da pintura holandesa. Contém quadros dos inquestionáveis mestres Vermeer, Rembrant, Hobbema e Frans Hals, assim como de mestres da arte fl amenga (hoje Bélgica), como Van Dyck e Rubens. Conhecida também por ‘museu íntimo’, a Mauristhuis é considerada ‘o maior dos pequenos museus do mundo e o menor dos maiores museus do mundo’. A coleção da Mauristhuis é composta de pinturas produzidas na Holanda e na Flandres dos © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco262 séculos XVI e XVII. Eram pinturas destinadas a casas particulares e não a prédios públicos ou a museus (estes inexistentes à época), explica Frederik Jan Duparc, diretor da Mauristhuis, a partir de 1991. Uma das missões da Mauristhuis é honrar Maurício de Nassau, uma das maiores fi guras da história holandesa, tipo de homem do Renascimento com grande paixão por muitos campos do saber, interessado em cartografi a, artes, arquitetura, biologia, astronomia, astrologia, medicina e muito mais. Viveu sete anos no Brasil e para o qual também muito contribuiu. Organizou no Recife o primeiro Parlamento, construiu a primeira sinagoga,o primeiro observatório astronômico do Novo Mundo, observa Duparc (FREITAS, 2011). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Um dos seus orgulhos arquitetônicos da época foi o grande edifício da prefeitura de Amsterdã, projetado por Jakob Van Campen em 1648, que, embora seja grandioso, se mantém simples e sóbrio, como podemos observar na Figura 6. Fonte: Gombrich (1999, p. 325). Figura 6 O castelo - antiga prefeitura de Amsterdã - 1648. Agora, você será convidado a conhecer as características da escultura barroca. 263 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco 7. ESCULTURA BARROCA Quem são os principais escultores barrocos? Quais são as peculiaridades de suas obras? Como já sabemos, o Barroco funde arquitetura, escultura e pintura, pois, como vimos em várias imagens arquitetônicas, Igre- jas ou Palácios, a escultura é parte da composição. Bernini - Itália Iniciada na Itália, a escultura barroca tem como principal re- presentante o nosso conhecido arquiteto Bernini, que certamente foi o grande expoente desta linguagem, tanto pelos seus recursos visuais como pelos materiais usados: 1) bronze; 2) estuque; 3) madeira; 4) mármore. Bernini explora a dramaticidade da cena, compondo-a tal qual a um ambiente teatral unindo suas esculturas com outros elementos, tais como o espaço e a luz, dando movimento e dina- mismo. Veja, nas Figuras 7 e 8, seus principais trabalhos. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco264 Fonte: Bozal (1977, p. 78). Figura 7 O êxtase de Santa Teresa. Santa Tereza exclama ao ver a obra: "[...] a dor foi tão grande que gritei; ao mesmo tempo, porém, senti uma doçura tão infinita que desejei que a dor jamais acabasse". 265 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Figura 8 Baldaquim - "The Baldacchino 1624". Em homenagem ao papa Urbano 7º, esse memorial traz em grandes proporções os recursos utilizados por Bernini, suas colu- © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco266 nas em torso traz movimento, luz e drama. Suas dimensões simbo- lizam a glória da igreja. François Girardon e Pierre Puget - França A escultura Barroca na França apresentou poucos artistas, entre eles os que mais se destacaram foram: François Girardon, com Tumba de Richelieu (Figura 9), e Pierre Puget, com Milon de Crotona (Figura 10). Fonte: Bozal (1977, p. 90). Figura 9 Tumba de Richelieu - Girardon. 267 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Fonte: Bozal (1977, p. 92). Figura 10 Milon de Crotona – Puget. Apesar de não apresentarem a vitalidade de Bernini, os ar- tistas Puget e Girardon mantinham o movimento em suas obras. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco268 Gregório Hernandez e Alonso Cano - Espanha Na Espanha, a Escultura Barroca troca totalmente seus ei- xos, mudando tanto de material como de finalidade. Os artistas trabalhavam com talhas em madeira policromada e incitavam a religiosidade por si só. Nesse contexto, a escultura passa de arte de igrejas e palá- cios para arte popular, uma vez que fica acessível aos pouco afor- tunados. É válido observar que, embora carregue características bar- rocas, as talhas trazem uma simplificação das imagens. Vejamos uma obra de Gregório Hernandez (Figura 11) e uma obra de Alonso Cano (Figura 12). Fonte: Bozal (1977, p. 94). Figura 11 Piedade. 269 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Fonte: Bozal (1977, p. 95). Figura 12 Imaculada. 8. PINTURA BARROCA Após conhecer a arquitetura e a escultura, podemos estudar e compreender a pintura desse período, com seus grandes mes- tres e obras de impacto para a História da Arte. A pintura, assim como as outras linguagens, utilizava-se do movimento, do drama e do domínio da luz. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco270 Comecemos com os precursores desse período, Caravaggio e Carracci. Barroco Italiano – Roma Michelângelo Merici - Caravaggio Michelângelo Merici, conhecido por Caravaggio, enfrentou a humanidade de frente, mesmo em suas obras religiosas. Seus personagens apresentavam características reais, belas ou feias, agradáveis ou desagradáveis, como podemos ver na obra A morte da Virgem (Figura 13), que fora encomendada pelos carmelitas e, posteriormente, recusada por ser considerada indecorosa. A referida alegação vem do fato de o artista ter representado a virgem como um cadáver normal, partindo do pressuposto de que Maria, sendo humana, morreria da maneira como retratou. Caravaggio usa de modo dramático a luz que incide sob a virgem, dando destaque ao que importava na obra. 271 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Figura 13 A morte da virgem – 1606. Segundo a publicação no site da Folha On Line (2011), existe na obra um: Realismo ao pé da letra: na tela A morte da virgem comenta-se que o pintor teria usado como modelo o corpo de uma prostituta encontrada morta no rio Tibre, cujo ventre estava inchado. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco272 Tal qual está na Bíblia Sagrada no evangelho de São João (20, 27): "Depois disse a Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as mi- nhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé". Tomé coloca o dedo na ferida de Cristo (Figura 14), e Caravaggio assim o representa de forma impressionante. O artis- ta buscava a verdade, nada era idealizado, tanto que, nessa obra, diferentemente de outras obras religiosas, Cristo e seus discípulos são retratados com feições leves e pláscidas, eles se assemelham a trabalhadores normais, como pessoas que envelhecem, que cami- nham sob o sol, que sofrem, ou seja, seres humanos. Fonte: Gombrich (1999, p. 306). Figura 14 Tomé, o incrédulo - Caravaggio. O autor Gombrich (1999, p. 304) afirmou sobre Caravaggio: O "naturalismo" de Caravaggio, ou seja, a sua intenção de copiar fielmente a natureza, quer o consideremos feio ou belo, talvez fosse mais devoto do que a ênfase de Carracci sobre a beleza. Caravaggio deve ter lido repetidamente a Bíblia e meditado sobre suas pala- vras. Foi um dos grandes artistas, como Giotto e Durer antes dele, que quis ver os eventos sagrados ante seus próprios olhos como se estivessem acontecendo na casa do seu vizinho. E fez todo o possí- 273 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco vel para que as figuras dos textos antigos parecessem mais reais e tangíveis. Até sua maneira de tratar a luz e a sombra reforçava essa finalidade. A luz não faz o corpo parecer gracioso e macio; é áspera e quase ofuscante em seu contraste com as sombras profundas. Mas faz toda a estranha cena destacar-se com uma honestidade intransigente que poucos de seus contemporâneos poderiam apre- ciar, mas teria um efeito decisivo sobre artistas subseqüentes. Annibale Carracci Carracci foi criador de um projeto grandioso e complexo, as- sim como o da Capela Sistina de Michelângelo, o afresco no teto da galeria do Palazzo Farnese (Figura 15). Nele, usou a perspectiva arquitetônica, pintando os elementos da arquitetura (o que ofe- rece uma sensação de amplidão) e usando esculturas simuladas. Figura 15 Palazzo Farnese. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco274 Ao contrário de Caravaggio, Annibale Carracci faz uso da idealidade, porém de forma sutil. Sua principal preocupação era o sentimento existente na obra, a qual era criada para contempla- ção, conforme podemos verificar na Figura 16: Fonte: Gombrich (1999, p. 305). Figura 16 Pietà - Carracci. Façamos, a seguir, uma comparação dos artistas Caravaggio (Figura 17) e Carracci (Figura 18 e 19) que, embora façam parte do mesmo período e sejam os precursores deste, cada um valendo-se da luz, da sombra e da dramaticidadeà sua maneira, apresentam estilos diferentes. 275 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Figura 17 Baco – Caravaggio. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco276 Figura 18 Baco - Carracci. Baco - mitologia –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Baco era o fi lho do deus olímpico Júpiter e da mortal Sêmele. Deus do vinho representava seu poder embriagador, suas infl uências benéfi cas e sociais. Promotor da civilização, legislador e amante da paz. Líber é seu nome latino e Dioniso é seu equivalente grego. Sémele quando estava grávida exigiu a Júpiter que se apresentasse na sua presença em toda a glória, para que ela pudesse ver o verdadeiro aspecto do pai do seu fi lho. O deus ainda tentou dissuadi-la, mas em vão. Quando fi nalmente apareceu em todo o seu esplendor, Sémele, como mortal que era, não pôde suportar tal visão e caiu fulminada. Júpiter tomou então das cinzas o feto ainda no sexto mês e meteu-o dentro da barriga da sua própria perna, onde terminou a gestação (WIKIPÉDIA, 2008a). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 277 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Figura 19 Fuga para o Egito. Note que Carracci (Figura 19) também inicia a tradição da paisagem clássica, explorando a paisagem, como aconteceu na ar- quitetura, em que o entorno faz parte da composição, dando a ela a importância na narrativa da obra. Seguidores de Carracci Guido Reni Guido Reni foi uns dos seguidores de Carracci. Sua obra era carregada de regiliosidade e plena de elementos barrocos. Desse modo, acabou não tendo a atenção merecida. Gombrich (1999, p. 307) comenta o que poderia ter ocasio- nado tal esquecimento: Dos muitos mestres italianos que desenvolveram seu estilo pessoal em Roma, o mais famoso foi provavelmente Guido Reni (1575 - 1642), um pintor de Bolonha que, após um breve período de hesitação, optou pela escola de Carracci. A sua fama, como a do mestre, estava em certa época, incomensuravelmente mais alta do que hoje. Reni pintou esse afresco no teto de um palácio de Roma em 1613. Representa Aurora e Apolo, o jovem deus-sol, em seu carro, © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco278 em redor do qual as horas, na figura de formosas donzelas, dançam seu alegre ritmo precedidas por uma criança portadora do archote, a Estrela Matutina. É tamanha a graça e beleza desse quadro do radiante nascer do dia que podemos compreender muito bem por que ele lembrou às pessoas Rafael e seus afrescos na Farnesina. Com efeito, Reni queria que elas pensassem nesse grande pintor, a quem ele estava disposto a emular. Se os críticos modernos não manifestaram frequentemente um alto apreço pela realização de Reni, a razão pode ser justamente essa. Sentem, ou teme, que essa mesma emulção de outro mestre tenha tornado a obra de Reni excessivamente deliberada e carente de espontaneidade, em seu esforço para atingir a beleza pura. Veja algumas de suas obras nas Figuras 20 e 21. Fonte: Gombrich (1999, p. 243). Figura 20 A cabeça de Cristo - Guido Reni - datalhe – 1640. 279 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Fonte: Gombrich (1999, p. 307). Figura 21 A ninfa Galatéia - Rafael - 1514. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco280 Guercino Assim como Reni, Giovanni Francesco Barbieri - Guercino, mesmo tendo sido um dos grandes pintores do Barroco, não rece- beu crédito merecido pelos críticos modernos. Segundo Ludovico Carracci em carta de 1617, Guercino era: "Um grande desenhista e um colorista agradabilíssimo; é um pro- dígio da natureza, um milagre". Suas obras apontam a maestria com que dominava a dra- maticidade da luz e sombra, bem como seu apelo emocional. Seu grande desempenho no desenho é impresso em alguns gestos que garantem movimento à obra, como podemos visualizar na tela Cristo e a mulher surpreendida em adultério (Figura 22): Fonte: Beckett (1997, p. 185). Figura 22 Cristo e a mulher surpreendida em adultério, 1621. Segundo o autor Beckett (1997, p. 185), a Figura 22: Cristo e a mulher surpreendida em adultério logra seu intento graças, principalmente, aos gestos das mãos, pelos quais Jesus e os acusadores assinalam suas diferenças de princípio... A nobre cabeça 281 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco de Cristo, imperturbável e serena em meio à algazarra, deixa de ser idealizada apenas o suficiente para que o acontecimento se revele verossímil. Guercino nos mostra o amor divino como uma grande força compassiva, infinitamente exigente e magnânima. Barroco Flamengo – Flandres Peter Paul Rubens Peter Paul Rubens foi um dos pintores mais bem-sucedidos da História. Religioso, levava sua vida de acordo com os princípios da Igreja, tinha um temperamento dócil e era muito culto (falava seis idiomas). Essas características fizeram dele, além de um pin- tor famoso, um grande diplomata, responsável pelo acordo de paz entre Inglaterra e Espanha. Rubens tinha plena consciência do que podia fazer com o pincel, dava vida às figuras usando luz, cor, curvas, diagonais e composições em espiral, instigando o envolvimento emocional do expectador. Um artista que tinha como característica a mistura de pintura e de religião em suas obras como podemos observar na Figura 23. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco282 Fonte: Bozal (1977, p. 73). Figura 23 A descida – Rubens – 1612. Strickland (1999, p. 50) define a obra como sendo: Um quadro que causou sensação e definiu a fama de Rubens como o maior pintor religioso de toda a Europa foi a descida da cruz. Con- tém todos os traços do estilo barroco amadurecido: a iluminação 283 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco teatral, com o céu escuro pleno de augúrios e Cristo banhado numa profusão de luz, ritmos curvilíneos conduzindo à figura central de Cristo e um tema trágico, induzindo uma forte reação emocional. Podemos afirmar que Rubens tinha a tinta à "flor da pele", pois uma característica marcante de suas obras era o fato de o cor- po apresentar uma vibração e uma energia vital impressionantes. Nos retratos, o uso da luz traz vivacidade à pele como se pousasse delicadamente sobre ela. Assim o fez na obra Cabeça de criança (Figura 24). Fonte: Gombrich (1999, p. 312). Figura 24 Cabeça de criança - Rubens - 1615. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco284 Gombrich (1999, p. 312) retrata que: É ocioso tentar analisar como Rubens conseguiu criar essa impres- são de alegre vitalidade, mas certamente teve algo a ver com os afoitos e delicados toques de luz por meio dos quais indicou a umi- dade dos lábios e a modelação dos cabelos. Nas obras de Rubens, os corpos eram volumosos e em tons rosáceos, além de possuírem movimentos dinâmicos. Seus nus eram de uma sutil sensualidade, como podemos observar na Fi- gura 25. Fonte: Bozal (1977, p. 75). Figura 25 O rapto das filhas de Leucipo – Rubens - 1618. Ao analisar a obra, Bozal (1977, p. 76) destaca que Rubens: Baseando-se num potente jogo de diagonais, capaz de traduzir por si próprio a agitação e violência do rapto, encadeia os movimentos 285 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco até alcançar qualidades musicais e brinca, à procura da expressão de uma sensualidade voluptuosa, contrapondo os ritmos abertos das figuras de Leucipo, cujos corpos moles e nacarados parecem espalhar-se, com movimentos concentrados, cheios de tensa resolução, de uns Cástor e Pólux curtidos ao sol. E enquanto os cavalos parecem fazer eco, com os seus movimentos e até a sua cor, das atitudes dos protagonistas, dois cupidos ocupam-se, maliciosamente sem dúvida, de alisar o caminho ao amor. Mitologia - os Dióscuros –––––––––––––––––––––––––––––––Os Dióscuros se apaixonaram perdidamente pelas duas jovens e tentaram raptá- las, enfrentando assim a fúria dos messênios. No combate entre as duas duplas, Idas desfere um golpe de lança fatal em Castor, que morre. Atormentado pela perda do irmão, Pólux suplica a Zeus que devolva a Castor a sua vida. Comovido com tamanha fraternidade, o senhor dos Deuses propõe a única solução para salvar o jovem: Pólux deve dividir a sua imortalidade com o irmão, alternando com ele um dia de vida e outro de morte. Pólux concorda sem hesitações e depois deste instante os irmãos passaram a viver e morrer alternadamente. Para celebrar tamanha prova de amor fraterno, Zeus catasterizou os Dióscuros na constelação de Gêmeos, onde não poderiam ser separados nem pela morte (WIKIPÉDIA, 2008d). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Além do seu legado pictórico, Rubens deixou um grande se- guidor, sobre o qual estudaremos a seguir. Van Dyck Antony Van Dyck, exímio retratista que representa a socie- dade aristocrática da corte de Carlos I, agradava seus modelos colocando-os em cenários refinados para transmitir a ideia de re- finamento, e também lhes alongava a silhueta a fim de que pare- cessem mais esbeltos. Assim o fez no quadro retrato de Carlos I caçando (Figura 26). © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco286 Fonte: Bozal (1977, p. 80). Figura 26 Carlos I – Van Dyck - 1635. Segundo Beckett (1977, p. 192): O pequenino rei aparece em muitas das pinturas de Van Dyck, nas quais desempenha diversos papéis simbólicos, às vezes de arma- dura, outras vezes montado [...]. Pela simples força do gênio, Van Dyck nos mostra uma representação do heróico, o grave rei erudito que, não obstante, adora a caçada. Nobre árvore, nobre local, no- bre monarca: Van Dyck integra os três numa imagem memorável. 287 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Barroco Espanhol Diego Velázquez Retratista oficial de Filipe 6º, dotado de um realismo visual e pinceladas de cor que se integram e formam a imagem vista a distância (seria o precursor do Impressionismo?). Diego Velázquez foi o artista que representou a Espanha no período Barroco. Seu quadro As meninas (Figura 27), em 1985, foi eleito, por um júri formado pelos maiores conhecedores de arte do mundo, a maior obra de arte realizada por um ser humano a pedido do Illustrated London News. Fonte: Gombrich (1999, p. 322). Figura 27 As meninas – Velazquez – 1656. Na obra de Velázquez (Figura 27), observamos as seguintes inovações: © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco288 1) O pintor na tela: representa-se na obra. 2) A tela: mostra no fundo da tela seu ofício. 3) O espelho: reflete o casal real que poderia ser o objeto de sua pintura. Este, embora seja um reflexo no fundo da tela, toma conta da cena. 4) O camareiro: este está no fundo com a porta aberta que ilumina a sala. 5) As meninas: que dão nome ao quadro. Seriam as perso- nagens principais? 6) A Igreja: as duas figuras atrás podem ser uma freira e um padre representando a Igreja. 7) Os Bufões: personagens populares que estariam ani- mando as crianças. 8) Quadros: a sala é repleta de quadros. Especula-se que tenha uma reprodução de Rubens que influenciou muito Velázquez. 9) Luz: usada para trabalhar o espaço dando profundidade. 10) Composição triangular: elementos agrupados de forma triangular. Barroco Francês Poussim Nicolas Poussim, o maior pintor francês, acreditava que a pintura deveria representar, de forma ordenada e lógica, valori- zando a forma e a composição. Esse artista deixa de lado os senti- mentos para aderir ao racionalismo clássico como podemos notar na Figura 28. 289 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Fonte: Strickland (1999, n. p.). Figura 28 Enterro de Fócion - Poussin - 1648. Janson e Janson (1996, p. 276) explicam que: A cuidadosa disposição dos espaços no quadro Paisagem com o Enterro de Fócion é de uma precisão quase matemática. Todavia, o efeito de clareza racional tem uma calma melancólica. Essa at- mosfera esta em sintonia com o tema de Poussim, o enterro de um herói grego que morreu por ter-se recusado ocultar a verdade: a própria paisagem torna-se um monumento comemorativo da vir- tude estóica. Claude Lorrain Lorrain é totalmente antagônico a Poussim, uma vez que va- lorizava sua intuição e imaginação. Suas obras não enfatizam seus títulos, e sim a paisagem. As figuras humanas, representadas na Figura 30, não eram o seu foco, pois elas apenas serviam de escala para os outros elementos da natureza. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco290 Fonte: Lorrain (1997, p. 221). Figura 29 O julgamento de Páris - Rubens - 1645. Façamos uma comparação das obras O julgamento de Páris (Figura 29) de Rubens com a de Claude Lorrain (Figura 30). Figura 30 O julgamento de Páris – Claude Lorrain – 1636. 291 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Ao compararmos, notamos a ênfase que cada um dá ao tema, o primeiro valorizando os personagens, e o segundo, a pai- sagem. Barroco Inglês Reynolds Sir Joshua Reynolds, idealizador do real, pintava somente aquilo que considerava digno e imponente. Em suas obras, estão cenários e trajes clássicos. Esse artista buscava sua inspiração nos mestres Miguelangelo, Rafael, Rubens e Rembrandt. Na Figura 31, podemos ver o quanto ele idealiza o simples retrato de uma menina. Fonte: Gombrich (1999, p. 369). Figura 31 Retrato de Miss Bowles – Reynolds – 1775. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco292 GainsBorough GainsBorough era contrário a Reynolds, que representava seus personagens em poses casuais, com suas vestimentas con- temporâneas e soltas. Compare sua obra Retrato de Miss Haverfield (Figura 32) com Retrato de Miss Bowles (Figura 31), de Reynolds, e observe a disparidade entre eles. Fonte: Gombrich (1999, p. 370). Figura 32 Retrato de Miss Haverfield – GainsBorough – 1780. 293 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Barroco Holandês Como já estudamos, a Holanda tornou-se um país indepen- dente e protestante. Por esse motivo, acabaram-se as fontes do mecenato que eram a Igreja e a nobreza. Como consequência, inicia-se o mercado de obras de arte: os artistas (a maioria deles) pintavam seus quadros de acordo com sua inspiração, para depois tentar vendê-los, criando então classes de pintores especialistas. Rembrandt Van Rijn Rembrandt, um dos maiores gravurista da História da Arte escrevia com pincéis, narrava em cada gesto cada detalhe de luz e sombra, e em cada olhar a história do personagem em sua obra. Muitas vezes, a história dele mesmo, já que foi um dos artistas com mais autorretratos. Neles, podemos ler sua trajetória de vida, desde a mocidade ansiosa até sua velhice decadente. São, aproximadamente, cem autorretratos, superados ape- nas por Van Gogh, representando o lado emocional registrado nas marcas trazidas no corpo: O Auto-retrato com cerca de 21 anos, sombrio e reservado, mostra Rembrandt no começo da idade adulta, talvez encenando de caso pensado o papel de 'artista'. Nos auto-retratos da meia-idade, está mais pensativo, denotando óbvio sucesso e tranqüila confiança, e nos encara desapaixonadamente. Uma obra mais tardia, dez anos anterior à morte do artista (que se foi em relativa pobreza), mostra o rosto despojado de toda e qualquer pretensão, olhando sinceramente não para nós, mas para si mesmo, avaliando-se não com dureza, mas com desinteressada honestidade. Trata-se de uma das mais tocantes confissões de insuficiência pessoal já feitas, extraindo do declínio individual uma grande obra artística (BECKETT, 1977, p. 202). A obra A lição de anatomia do Dr. Tulp (Figura 33) foi umadas obras mais impressionantes e polêmicas de Rembrandt. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco294 Fonte: Bozal (1977, p. 89). Figura 33 A lição de anatomia do Dr. Tulp - Rembrandt - 1632. Com realismo e dramaticidade, a obra expõe uma aula de anatomia com a dissecação do cadáver de um condenado. Vermeer Johannes Vermeer foi o grande artista da luz. Usando cores puras destacadas pela presença quase palpável da luz e composição equilibrada, esse artista, que pouco se sabe da sua história, deixa- nos poucas e deslumbrantes obras (cerca de 40). Observe a Figura 34. 295 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Figura 34 Mulher segurando a balança - Vermeer - 1662-1663. Segundo o autor Beckett (1977, p. 209): Essa pintura também é conhecida como Mulher na pesagem do ouro. Trata-se de obra solene e alegórica, na qual uma jovem fica ante os símbolos de sua riqueza material, pesando-lhes o valor, en- quanto na pintura da parede ao fundo a figura de Cristo pode ser vista 'pesando' almas. A jovem está claramente grávida, e é signi- ficativo que os dois tons mais fortes de ouro/laranja quente não emanem das jóias nem do ouro, e sim da janelinha no alto da pare- de, por meio da qual a luz incide direto na barriga da mulher. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco296 Trazido à tona pelo cinema, o quadro Moça com brinco de pérola (Figura 35) é uma obra que impressiona. O olhar do artista sobre o elemento da composição (a moça) é explicitado pelo foco de luz. Repare no ponto de luz no brinco. Tente retirá-lo e veja como a composição muda: Figura 35 Moça com brinco de Pérola - Vermeer - 1665. 297 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Vermeer também se destaca por ser um dos pintores que mais homenageou as mulheres. 9. HERANÇA BARROCA? Vamos, agora, fazer uma analogia do uso da luz e sombra do Barroco com dois artistas contemporâneos que utilizam os mes- mos elementos, porém, com outra concepção. Lembre-se de que a realidade que vamos conhecer é outra, uma vez que estamos somente comparando o estilo às obras de artes contemporâneas. Gil Vicente Gil Vicente é um artista da figura. Para nós, a figura existe na sua obra como ponto de concentração pelo qual somos atraí- dos para a sua narrativa pictórica, que trata fundamentalmente da solidão humana, que é plasticamente determinada pelas grandes áreas de cor negra. Para o artista, a figura existe como o ponto de referência externo que necessita para poder exercitar sua imagina- ção criadora sem se confundir com ela. Gil Vicente é um artista da sensação, que busca nos elementos mínimos da pintura o espaço para a sua solidão (GIL VICENTE, 2011). Observe como o artista elimina o campo ao redor e enfatiza o seu interesse usando a luz para ressaltar o que lhe provém. Seria luz e sombra ou luz e vazio? Regina Silveira Esta artista trabalha luz/sombra de uma maneira peculiar. O que é luz? O que é sombra? O que é objeto? O que é real? O que é ilusório? Observem a Figura 36. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco298 Figura 36 Equinócio, 2002, madeira, pintura automotiva e projeção, 126 m2. Foto de João Musa. Para o autor Zanini (1997 apud SILVEIRA, 2007, n. p.): Eram sombras fictícias que ilusoriamente partiam de duas bases de escultura absolutamente vazias e que se distorciam, desafiando a percepção conforme os pontos de distância do olhar. Finalizamos, aqui, nosso estudo sobre o Barroco. Como você pode supor, citamos aqui apenas os artistas mais conhecidos, de modo que inúmeros artistas deixaram de ser mencionados. 10. PARA RELEMBRAR São as principais características do Barroco: 1) Luz. 2) Sombra. 3) Dramaticidade. 299 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco 4) Movimento. 5) Jogo de diagonais. 6) Curvas e contracurvas. 7) Elementos retorcidos. 8) Espirais. 9) Colunas torsas. 10) Teto elevado. Nesta unidade, estudamos os temas: 1) Religião. 2) Mitologia. 3) Paisagem. 4) Natureza Morta. 11. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) O período Barroco foi muito rico em seu aspecto estético, tanto na pintura como na arquitetura e escultura. Analise esse período comparando-o ao Re- nascimento. 2) Alguns aspectos sociais são de fundamental importância para compreen- dermos a Arte do período Barroco, quais são esses aspectos, e como eles influenciaram na produção da Arte Barroca? 3) A técnica de luz e sombra foi uma das características marcantes da pintura barroca. Pensando nessa técnica quais artistas a utilizaram e quais efeitos conseguiram com isso? 4) A retomada do pensamento e a temática mitológica estavam presentes em muitas obras barrocas, tente perceber como essa temática era apresentada e quais artistas a usavam. 5) "Os livros são o verdadeiro meio de adquirir talento, pois se uma pessoa não lê, mantém-se ignorante, e a ignorância não pode nunca produzir verda- deiros pintores" (FRANCESCO ALBANI). Qual a sua opinião a respeito dessa afirmação? © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco300 12. CONSIDERAÇÕES Assim termina a última unidade do Caderno de Referência de Conteúdo de História da Arte: Da Pré-História ao Barroco, com a qual você teve a oportunidade de reconhecer o contexto histórico do Barroco. Além disso, você teve a oportunidade de refletir sobre a cultura e a arte (arquitetura, escultura e pintura) barroca. Esperamos que os conceitos estudados nesta unidade sobre o Barroco possam contribuir com sua formação acadêmica e pro- fissional. 13. EͳREFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 8 Baldaquim - "The Baldacchino 1624". Disponível em: <http://www.wga.hu/ preview/b/bernini/gianlore/sculptur/1620/baldacch.jpg>. Acesso em: 11 jul. 2011. Figura 13 A morte da virgem – 1606. Disponível em: <http://www.wga.hu/preview/c/ caravagg/07/45death.jpg>. Acesso em: 11 jul. 2011. Figura 15 Palazzo Farnese. Disponível em: <http://www.wga.hu/preview/c/carracci/ annibale/farnese/farnes0.jpg>. Acesso em: 11 jul. 2011. Figura 17 Baco – Caravaggio. Disponível em: <http://www.wga.hu/preview/c/ caravagg/01/10bacch.jpg>. Acesso em: 11 jul. 2011. Figura 18 Baco - Carracci. Disponível em: <http://www.wga.hu/preview/c/carracci/ annibale/farnese/farnese2.jpg>. Acesso em: 11 jul. 2011. Figura 19 Fuga para o Egito. Disponível em: <http://www.wga.hu/preview/c/carracci/ annibale/2/f_egypt.jpg>. Acesso em: 11 jul. 2011. Figura 30 O julgamento de Paris – Rubens – 1636. Disponível em: <http://www.wga.hu/ art/r/rubens/23mythol/44mythol.jpg>. Acesso em: 11 jul. 2011. Figura 34 Mulher segurando a balança - Vermeer - 1662/63. Disponível em: <http:// www.wga.hu/preview/v/vermeer/03b/20balan.jpg>. Acesso em: 11 jul. 2011. Figura 35 Moça com brinco de Pérola - Vermeer - 1665. Disponível em: <http://www.wga. hu/preview/v/vermeer/03b/22pearl.jpg>. Acesso em: 11 jul. 2011. Figura 40 Equinócio, 2002, madeira, pintura automotiva e projeção, 126 m2, Foto: João Musa. Disponível em: <http://reginasilveira.uol.com.br/portfolio.php#imagens>. Acesso em: 11 jul. 2011. 301 Claretiano - Centro Universitário © U5 - Barroco Sites pesquisados EDUKBR. Arte em expressão. Disponível em: <http://www.edukbr.com.br/artemanhas/ foto_orig.asp>. Acesso em: 11 jul. 2011. FOLHA ON LINE. Coleção Folha grandes mestres da pintura. Disponível em: <http:// mestres.folha.com.br/pintores/12/curiosidades.html>. Acesso em: 11 jul. 2011. FREITAS, N. Maurício de Nassau & Frans Post. Disponível em: <http://www.newton. freitas.nom.br/artigos.asp?cod=213>. Acesso em: 11 jul. 2011. GIL VICENTE. Agenda. Disponível em: <http://www.gilvicente.com.br>. Acesso em: 11 jul. 2011. SILVEIRA, R. Home page. Disponível em: <http://reginasilveira.uol.com.br/portfolio.php#imagens>. Acesso em: 11 jul. 2011. WIKIPÉDIA. Baco. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Baco>. Acesso em: 26 jan. 2008a. ______. Castor e pólux. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Di%C3%B3scuros>. Acesso em: 26 jan. 2008b. ______. Fachada da Igreja de Gesù. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_ de_Jesus_%28Roma%29>. Acesso em: 26 jan. 2008c. ______. Home page. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_ principal>. Acesso em: 26 jan. 2008d. ______. Praça de São Pedro. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Pra%C3%A7a_ de_S%C3%A3o_Pedro>. Acesso em: 26 jan. 2008e. ______. Catasterizar. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Catasterizar>. Acesso em: 26 jan. 2008. 14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAUER, H.; PRATER, A. A pintura do barroco. Lisboa: Taschen, 1997. (Série Época e Estilos). BECKETT, W. A história da pintura. São Paulo: Ática, 1997. BÍBLIA SAGRADA. 120. ed. São Paulo: Ave-Maria, 1998. BOZAL, V. et al. História geral da arte - escultura II. Madrid: Ediciones Del Prado, 1977. DEL PRADO. História geral da arte – pintura II. Madrid: Del Prado, 1996. GOITIA, F. et al. História geral da arte: arquitetura IV. Madrid: Ediciones Del Prado, 1995. GOMBRICH, E. H. A História da Arte. Tradução de Álvaro Cabral. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999. JANSON, H. W.; JANSON, A. F. Iniciação à História da Arte. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996. STRICKLAND, C. Arte comentada: da pré-história ao pós-moderno. Tradução de Ângela Lobo de Andrade. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999. © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco302 15. REFERÊNCIA VIDEOGRÁFICA THE GREAT ARTISTS. Eagle Media e ST2 Vídeo. v. 2 e 3.
Compartilhar