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GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 1 Modelo de Evolução Médica em UTI Identificação do paciente Idade Leito Data e hora da visita # Dia de internação em UTI # Hipóteses diagnósticas # Antibiótico em uso e duração do tratamento # Droga vasoativa em uso (DVA) # Sedativo e duração do tratamento # Analgésico e duração do tratamento # Resumo da evolução nas últimas 24h: anotar dados e queixas gerais nas últimas 24h relatadas pelo paciente. Este tópico deve iniciar com a resposta para a seguinte pergunta: “O(a) Sr(a). se sente melhor ou pior com relação a ontem?”. Se o paciente estiver sedado/inconsciente, anotar impressões médicas de estado geral comparando com o dia anterior. # Interrogatório sintomatológico: pesquisar a presença de queixas importantes como dor, vômito, náuseas, diarreia, febre, tosse (se seca ou produtiva), etc. Pesquisar ainda dados referentes à evolução do paciente, como alimentação (padrão de jejum), eliminação de flatos/fezes, urina, deambulação, higiene corporal e da ferida operatória (se existente), etc. # Exame físico: Ectoscopia: Estado Geral e Nível de Consciência do paciente; Hidratação e Nutrição; Pele e Mucosas; Linfonodos. Sinais vitais: frequência cardíaca; frequência respiratória; pressão arterial; temperatura axilar; saturação de oxigênio (SpO2). Aparelho respiratório (AR): inspeção e palpação do tórax, ausculta respiratória (presença e padrão dos murmúrios vesiculares, presença ou não de sopros). Aparelho cardiovascular (ACV): ausculta e padrão das bulhas cardíacas, presença ou não de sopros. Abdome: inspeção, ausculta (avaliar presença de ruídos hidroaéreos), palpação e percussão. Extremidades: presença de edemas, lesões, escaras, acessos venosos, etc. Exame neurológico: pupilas, escala de coma de Glasgow, memória, etc. Aspecto da ferida operatória (FO): se presente, anotar características como presença de sinais flogísticos, secreções (anotas o aspecto), cheiro, integridade, etc. # Sondas e drenos: anotar localização (torácico, abdominal, etc.), débito e aspecto da secreção. No caso de drenos torácicos, anotar a presença de oscilação. # Resumo de exames complementares: anotar, de forma sumariada, o resultado dos exames laboratoriais mais importantes que estiverem catalogados no prontuário do paciente, sobretudo aqueles exames que foram solicitados no dia ou na evolução anterior. # Conduta: anotar, aqui, as principais atitudes tomadas para com o paciente a partir dos dados evolutivos anotados. É tradição iniciar com o termo “vide prescrição médica” (VPM), pois todas as condutas a serem tomadas estarão lá relatadas. Entretanto, preconiza-se que, neste tópico, sejam frisadas as principais condutas adotadas no dia, tais como: retirada ou instalação de drenos/sondas, mudança de esquema antibiótico, solicitação de exames complementares, solicitação de parecer de especialistas, etc. PRINCIPAIS DROGAS EM UTI Miscelânea Droga Apresentações Administração e comentários Adrenalina (Epinefrina) Ampolas de 1mg/ml (1:1.000) - Parada cardiorrespiratória com ritmo não responsivo ao choque: Criança: 0,01mg/kg de peso (diluir uma ampola de adrenalina – isto é: 1ml – em 9ml de água destilada, e fazer 0,1ml x peso corporal, de 5 em 5 minutos) por via intravenosa; Adulto: 1 ampola (1mg) + SF 0,9% 20 mL EV em flush (elevar o membro após administração por 10 segundos) ou 2 – 2,5mg via tubo orotraqueal. - Para infusão contínua, fazer 2-10µg/min (Solução 8µg/ml: diluir 2 ampolas em SG 5% até completar 250ml). - Usos: Asma brônquica grave, PCR, FV/TV sem pulso não responsivos ao choque, AESP, assistolia. Anafilaxia com cianose. Contraindicações: arritmias cardíacas, glaucoma de ângulo fechado. OBS: Não administrar em locais com perfusão reduzida para evitar GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 2 dano tecidual (ex: extremidades, dedos, pênis, orelhas, etc.). Aminofilina Ampolas de 10ml com 24mg/ml - Dose: Adultos: 1 a 2 ampolas (240 – 480mg) + Água destilada EV lento (5 a 10 minutos), 1 a 2x/dia. Crianças (> 6 meses): Dose de ataque: 2,5 a 5mg/kg de peso, EV em 20 minutos. Manutenção: 1 a 1,5mg/kg de peso, EV durante 30min, de 12/12h. - Broncodilatador e estimulante respiratório. Indicações: asma brônquica e DPOC. - Contraindicações: gastrite, úlcera péptica, uso de cimetidina, uso de anticoncepcionais, etc. Amiodarona Ampolas com 50mg/ml e 150mg/3ml - Dose: PCR com FV/TC não responsivo ao choque e vasopressor: Fazer 2 ampolas (300mg) + Água destilada EV, em bolus. Fazer adicional de 1 ampola (150mg) EV, se necessário. Dose de manutenção para arritmias ventriculares (com QRS largo) potencialmente fatais: 150mg EV nos primeiros 10 minutos; 1mg/min nas primeiras 6 horas; 0,5mg/min por 18 horas. - Prescrição sugerida: 1 ampola + SF 0,9% 100ml EV em 10 minutos (100ml/hora em BIC ou 200 gotas/min); Depois, 2 a 2 ampolas e meia + SF 0,9% 250ml EV em 6 horas (42 ml/hora em BIC ou 14 gotas/min); Por fim, 3 a 3 ampolas e meia + SF 0,9% 500ml EV em 18 horas (28 ml/hora em BIC ou 9 a 10 gotas/min). - Antiarrítmico utilizado na parada cardiorrespiratória por fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular sem pulso não responsivas ao choque terapêutico nem à infusão de vasopressores. - É utilizada também para tratamento de taquiarritmias ventriculares estáveis (que não necessitam de cardioversão) e de QRS largo (de etiologia ventricular). Atropina Ampolas de 0,25mg/ml e 0,50mg/ml - Dose: 1 ampola SC, IM (nas nádegas em adultos ou no vasto lateral em crianças) ou EV (fazer em 1 minuto). - Adultos: 0,4 a 4mg, a cada 1 a 2h. - Crianças: 0,01 a 0,05mg/kg. - Prescrição sugerida para intoxicação por organofosforados: 100 ampolas + 400ml de SF EV em BIC, 30 ml/hora. - Comentários: Utilizada como antídoto dos efeitos causados pela intoxicação por inibidores da colinestarase (como os inseticidas organofosforados) e como antiarrítmico (bradicardia sinusal). Deslanosídeo (Cedilanide®) Ampolas de 2ml com 0,2mg/ml - Digitalização rápida (24h) em casos de urgência: 0,8-1,6mg, EV ou IM, em 1-4 doses fracionadas. - Digitalização lenta (3-5 dias): 0,6-0,8mg/dia, EV ou IM, podendo ser fracionada. - Terapia de manutenção: 0,2-0,6mg/dia, EV ou IM (dose máxima: 2mg/dia). - Digitálico; aumenta o tônus parassimpático vagal e reduz a velocidade de condução no nó AV. Tem efeito inotrópico positivo e cronotrópico negativo. Uso: taquicardia supraventricular paroxística; ICC aguda e crônica, principalmente as associadas com fibrilação ou flutter supraventricular e aumento da frequência cardíaca. - Contraindicações: Bloqueios AV e bradicardia sinusal. Dexametasona (Decadron®) Ampolas de 1ml com 2mg/ml e 2,5ml com 4mg/ml - Dose: 0,5 a 24 mg/dia. Para o choque séptico, é recomendada a administração EV lenta de 2 a 6mg, podendo repetir a dose após 2-6h, se necessário. No edema cerebral associado a tumor cerebral, 10mg EV, seguidos de 4mg EV, a cada 6 horas. GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 3 - Prescrição sugerida: 1 ampola IM ou 1 ampola + Água destilada 10ml EV (12/12h). - Corticoide sistêmicoútil em doenças inflamatórias crônicas, alérgicas, dermatológicas, autoimunes, anafilaxia, edema cerebral, choque séptico, etc. Sua administração EV pode causar sensação de prurido vaginal. Diazepam Ampolas de 10mg/2ml - 1 ampola IM ou 1 ampola + Água destilada 10ml EV lento, até 6/6h. Crianças: 0,1 a 0,2mg/kg (dose máxima: 10mg/dose), a cada 15-30min. - Antídoto: Flumazenil (Lanexat®) 0,5mg/5ml: fazer 1 ampola + SF ou SG 100ml EV. - Benzodiazepínico útil em casos de ansiedade generalizada, ansiedade aguda, sintomas de abstinência ao álcool, insônia, estado de mal epiléptico, etc. - Contraindicações: glaucoma, insuficiência respiratória, gestação. Enoxaparina (Clexane®) Ampolas de 40mg/0,4ml, 60mg/0,6ml e 80mg/0,8ml - 1 ampola SC (cerca de 1mg/kg). Manter o paciente deitado durante a administração. - Heparina de baixo peso molecular. Útil na prevenção da trombose venosa profunda e pulmonar. Fenobarbital (Gardenal®) Ampolas de 1ml com 200mg/ml - Adultos: 2 a 3 mg/kg/dia em dose única ou fracionada. - Crianças: 3 a 4 mg/kg/dia em dose única ou fracionada. O conteúdo das ampolas não deve ser diluído em soro fisiológico ou outros líquidos. - Antiepiléptico útil nas crises generalizadas tônico-clônicas e crises parciais simples e complexas. Contraindicações: dispneia, obstrução da via aérea, porfiria, gestação. Furosemida (Lasix®) Ampolas de 20mg/2ml - Dose: Adultos e adolescentes acima de 15 anos: a dose inicial para adultos e adolescentes de 15 anos em diante é de 20 a 40mg (1 a 2 ampolas) de furosemida por via intravenosa (com ou sem AD) ou via intramuscular. A dose pode ser gradualmente aumentada, em intervalos de 2 horas, de 20mg (1 ampola) a cada vez, até que seja obtida diurese satisfatória. - Diurético de alça útil em edemas devido a doenças cardíacas e doenças hepáticas (ascite); edemas devido a doenças renais; insuficiência cardíaca aguda, especialmente no edema pulmonar; edemas cerebrais como medida de suporte; edemas devido a queimaduras; crises hipertensivas (em adição a outras medidas anti- hipertensivas); indução de diurese forçada em envenenamentos. Haloperidol (Haldol®) Ampolas de 5mg/ml - Adultos: dose de ataque com 0,5-5mg; manutenção de 5-10mg/dia 24/24h a 8/8h. - Crianças e idosos: a dose de manutenção deve ser menor, com 0,5mg/dia. - Antipsicótico típico utilizado, no pronto-atendimento, para controle de surtos psicóticos. Útil também no tratamento da esquizofrenia, mania com psicose, agitação em pacientes com demência ou outros transtornos mentais orgânicos. Não deprime o centro respiratório nem causa hipotensão arterial. - Pode causar aumento do intervalo QT ao eletrocardiograma. - Contraindicações: doença de Parkinson, depressão grave do SNC, supressão de medula óssea, doença cardíaca ou hepática severa. Heparina sódica (Liquemine®) Ampolas com 5.000U/0,25ml e 25.000U/5ml - Prevenção do embolismo: 5000UI, SC, 2 horas antes da cirurgia e a seguir a cada 12 horas, por aproximadamente 7 dias. - CIVD: 50 a 100UI/kg de peso corporal, EV, a cada 4 horas (metade da dose para crianças). - Heparina não-fracionada. Utilizada no tratamento e prevenção da TVP; tratamento do TEP, CIVD, da angina instável e IAM. Hidralazina Ampolas de 1 ml com 20mg/ml - Dose: Adicionar 9 ml de AD e fazer 2,5ml EV, podendo-se repetir 3 a 4 vezes, em intervalos de 20 a 30 minutos, até redução satisfatória da GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 4 PA. - Anti-hipertensivo útil para emergências hipertensivas, sobretudo na hipertensão secundária à pré-eclâmpsia ou eclampsia. Hidrocortisona Frasco-ampola de 100mg e 500mg/ml - 1 frasco-ampola IM ou + Água destilada 10ml EV. Adultos: 100 a 500mg; repetir, se necessário, a cada 2 a 6 horas. - Crianças: 0,7 a 4mg/kg de peso, a cada 12 a 24 horas. - Anti-inflamatório corticosteroide e imunossupressor útil na asma brônquica, colite ulcerativa, inflamação grave, insuficiência suprarrenal, pênfigo, reação alérgica grave, etc. Insulina NPH (Neutral Protamine Hagedorn) Frasco com 100 U/ml em 10ml e refil de caneta aplicadora com 1,5 e 3ml - Recomenda-se fazer 2/3 da dose diária de insulina total calculada pela manhã e 1/3 na segunda tomada (à noite). A proporção NPH/regular deve ser de 70%/30% na primeira tomada e 50%/50% na segunda tomada. Insulina total diária = 0,5 a 1 UI x Peso do paciente; 2/3 da dose calculada pela manhã, sendo 70% desta dose de NPH e 30% de regular (30-45 minutos antes da refeição); 1/3 da dose calculada à noite, sendo 50% desta dose de NPH e 50% de regular (30-45 minutos antes da refeição). - Insulina de ação intermediária (início de ação: 2 horas; pico: 6 horas; duração: 12 horas). - Na internação hospitalar, pode ser administrada para simular a insulina de secreção basal, 2x ao dia. - Administrar 15 a 30 minutos antes das refeições (café e jantar). - Realizar controle de glicemia capilar, preferencialmente, nos seguintes horários: No jejum; 2h após o café; 30 minutos antes do almoço; 2h após o almoço; 30 minutos antes do jantar; 2h após o jantar; e 3h da manhã. - Fazer correção das hiperglicemias com esquema conforme protocolo (glicemia capilar) e reavaliar diariamente o esquema proposto. - Atentar para sinais de hipoglicemia (sede, boca seca, pele ressecada, sudorese, etc.). Insulina regular Ampolas de 3 e 10ml, com 100UI/ml - A priori, utilizar o mesmo esquema de insulina total diária explanado anteriormente para Insulina NPH. - Ajustes ou doses subsequentes podem ser necessários de acordo com o protocolo do serviço (baseando-se no HGT do paciente). Glicemia (mg/dl) UI de Insulina Regular ≤ 150 de 151 a 200 de 201 a 250 de 251 a 300 de 301 a 350 > 351 0 Unidade 04 Unidades 06 Unidades 08 Unidades 10 Unidades 12 Unidades - Insulina de ação rápida (início de ação: 30 min; pico: 2 horas; duração: 6 horas). Na internação hospitalar, pode ser administrada para simular a insulina de pico (prandial), administrada 30 minutos antes das grandes refeições (café, almoço e jantar). Manitol Frascos de 100 e 250ml a 20%, com - Adultos: 0,25 a 1g/kg de peso (máximo de 2g/kg), administrados durante 30 a 60min. GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 5 250mg/ml Crianças: 1g/kg de peso, administrados durante 30 a 60min. - Diurético e antiglaucomatoso utilizado no tratamento de edema cerebral, hipertensão intracraniana, hipertensão intraocular e insuficiência renal aguda. Metoclopramida (Plasil®) Ampolas de 10mg/2ml - Dose: 10mg/dose; prevenção de vômitos induzidos por quimioterapia: 1-2 mg/kg, EV, 30 minutos antes do tratamento e posteriormente em intervalos de 4-6 horas. - Prescrição sugerida: 1 ampola IM ou com Água destilada 10ml EV lento, se vômito, até 8/8h. - Antiemético útil para quadros de náusea e vômito de origem central e periférica. Estimulante da peristalse e adjuvante do esvaziamento gastrointestinal. - Contraindicações: hipersensibilidade à fórmula; síndrome de Parkinson, doenças extrapiramidais e epilepsia; obstrução ou perfuração intestinal; hemorragia digestiva. Nimodipino (Noodipina®) Ampolas de 5ml com 200mg/ml - EV em bomba de infusão contínua (iniciar com 0,5-1mg/h nas 2 primeiras horas; se boa tolerância, prosseguir com infusão com 2mg/h). - Anti-hipertensivo,antagonista dos canais de cálcio, utilizado em casos de AVCi e em rupturas de aneurismas cerebrais. Nitroglicerina (Tridil®) Ampolas com 5mg/ml em 5 e 10ml - Iniciar com 5µg/min; amentar a cada 5-10 minutos (se não houver resposta até 20 µg/min, aumentar 10 µg/min até obter o efeito desejado em intervalos de 3-5 minutos). Dose máxima: 200 µg/min. - Prescrição sugerida: 1 a 2 ampolas + SF 0,9% 100ml EV em BIC, 5 a 10 ml/hora, inicialmente (ajustar de acordo com medidas seriadas da pressão). - Comentários: Nitrato vasodilatador coronariano, que age reduzindo a pré-carga e o consumo miocárdico de oxigênio. É o fármaco de escolha no tratamento da crise anginosa. - Contraindicações: estenose aórtica; cardiomiopatia hipertrófica; anemia grave; aumento da pressão intracraniana. Nitroprussiato de sódio (Nipride®) - Dose: 0,25-10µg/kg/min (dose usual: 0,5µg/kg/min). - Prescrição sugerida: 1 ampola (de 50mg/2ml) + 248ml SF (concentração: 200µg/ml). - Comentários: É um vasodilatador balanceado arterial e venoso. Indicado em pacientes com PAM > 90mmHg em vigência de um quadro séptico. A medicação pode causar hipotensão severa. Ao iniciar a infusão, permanecer atento à pressão do paciente (verificar a cada 10 a 20 minutos, se possível). - Contraindicações: IC de alto débito, coarctação de aorta, fístula arteriovenosa. Omeprazol Frasco-ampolas de 40mg/ml + diluente - Dose: 1 a 2 frasco-ampola + Diluente EV. - Hemorragia digestiva alta: 80 mg, EV, e, então, 8 mg/h até a endoscopia. - Antiulceroso inibidor da bomba de prótons útil no tratamento e prevenção da úlcera gástrica e duodenal. Tem mais eficácia quando administrado em jejum. Ondansetrona (Nausedron®) Ampolas de 2 a 4ml com 2mg/ml - Dose: 4mg EV, 8/8h. Prevenção de vômitos induzidos por quimioterapia: 0,15mg/kg EV, 3x/dia, iniciando 30 minutos antes da quimioterapia. - Crianças: 0,1mg/kg, 8/8h. - Prescrição sugerida: 1 ampola + Água destilada 10ml EV lento, 8/8h. - A administração em bolus é indicada para náuseas e vômitos no pós- operatório. - Em quimioterapia, deve ser administrado 30 minutos antes da GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 6 infusão do antineoplásico. - Pode causar sensação de boca seca. Prometazina (Fenergan®) Ampolas de 50mg/2ml - Dose: 1 ampola IM (preferível) ou EV (diluir a dose em 10-20ml de SF 0,9% ou SG 5%, com concentração máxima de 25mg/ml, e infundir em 15 minutos, não mais do que 25mg/min). - Criança: 0,5mg/kg IM (a partir de 2 anos). - Anti-histamínico de primeira geração indicado no tratamento sintomático dos distúrbios incluídos nos grupos das reações anafiláticas e alérgicas. Graças à sua atividade antiemética, é utilizado também na prevenção de vômitos pós-operatórios. Pode ser utilizado ainda na pré-anestesia e na potencialização de analgésicos, devido à sua ação sedativa. Ranitidina Ampolas de 2ml com 25mg/ml - Prescrição sugerida: 1 ampola + Água destilada 10ml EV, 12/12h. - Antiulceroso inibidor dos receptores H2 útil no tratamento da úlcera gástrica e duodenal, DRGE com ou sem esofagite, etc. Pode causar interação medicamentosa com vários outros fármacos. rt-PA / Alteplase (Actilyse®) Frasco-ampola com 50mg de rt-PA + frasco-ampola com 50ml de diluente - Dose: A dose recomendada no AVCi é de 0,9 mg/kg (dose máxima 90 mg) infundida durante 60 minutos, com 10% da dose total administrada como bolo inicial intravenoso. - Comentários: Ativador do plasminogênio tecidual humano recombinante, uma glicoproteína que ativa diretamente o plasminogênio em plasmina. O alteplase deve ser utilizado por médicos com experiência em terapêutica trombolítica e com equipamento necessário para monitorar seu uso. No caso do AVCi, o tratamento deve ser iniciado em até 4,5 horas após o início dos sintomas do AVCi, com a verificação da exclusão da hemorragia intracraniana. - Contraindicações: AVC hemorrágico prévio; TCE, AVC isquêmico ou IAM nos últimos 3 meses; Hemorragia digestiva ou urinária nos últimos 21 dias; Grande cirurgia nos últimos 14 dias; Contagem plaquetária < 100.000 Extremos neurológicos: déficit discreto ou coma; Lesão > 1/3 do hemisfério cerebral (no território da ACM). Transamin (Hemoblock®) Ampolas de 250mg/5ml - Prescrição sugerida: 1 ampola IM (via que deve ser evitada devido à dor) ou 1 ampola + Água destilada 10ml EV, 12/12h. - Está indicado no controle e prevenção de hemorragias provocadas por hiperfibrinólise e ligadas a vias aéreas. Contraindicações: portadores de CIVD. Não se recomenda sua utilização no primeiro trimestre da gestação. Antibióticos Classificação das bactérias Gram positivos Staphylococcus S. aureus; S. epidermidis Streptococcus S. pyogenes; S. pneumoniae Enterococus E. faecalis; E. faecium Cocos Gram negativos Neisseria, Haemophilus, Moraxela N. meningitidis e N. gonorrhoeae; H. influezae; M. catarrhalis Enterobacterias Grupo EKP E. coli; Klebsiella; Proteus Grupo ESP Enterobacter, Serratia Pseudomonas Pseudomonas Pseudomonas aeruginosa Anaeróbios Bacteroides Bacteroides fragilis GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 7 Principais opções de antimicrobianos por tipo de bactéria Primeira escolha Segunda escolha Gram positivos Cocos Gram negativos Espiroquetas - Penicilinas - Macrolídeos - Tetraciclinas Estafilococos produtores de penicilinases - Oxacilina - Cefalosporinas de 1ª geração - Gentamicina e Amicacina - Vancomicina, Teicoplamina - Rifampicina - Lincomicina ou Clindamicina Bacilos Gram negativos - Aminoglicosídeos (gentamicina) - Ampicilina (Amoxacilina, Epicilina) - Cefalosporinas - Polimixinas - Quinolonas (ciprofloxacina) - Monobactâmicos (Aztreonam) - Imipenem, Meropenem Pseudomonas aeruginosa - Gentamicina, Tobramicina, Amicacina - Carbenicilina, Ticarcilina, Ciprofloxacino - Cefotazidima, Cefepime - Polimixinas - Aztreonam - Imipenem, Meropenem, Ertapenem Anaeróbios - Penicilina (exceto para B. fragilis) - Metronidazol ou Clindamicina (para cocos Gram positivos anaeróbios, frequentes em infecções de boca, pele, genital e perfurações esofágicas, não usar Metronidazol) - Cefoxitina - Cloranfenicol ou Lincomicina Enterococo - Penicilina G + Gentamicina - Ampicilina + Gentamicina - Vancomicina, Teicoplamina (para cepas resistentes à vancomicina/teicoplamina, a alternativa principal é a Linezolida) - Tetraciclinas - Cloranfenicol Anaeróbios cocos Gram positivos - Clindamicina - Cloranfenicol Micobactérias - Rifampicina + Isoniazida + Pirazinamida ou Etambutol - Ciclocerina, Estreptomicina, Etionamida, Sulfonas, Clofazimina, CIprofloxacina Clamídias, Riquétsias e Micoplasmas - Tetraciclinas - Cloranfenicol, Tianfenicol - Macrolídeos Droga Doses Indicação Comentários Amicacina (Novamin®) - Ampolas de 500mg/2ml - Posologia: 15-22,5 mg/kg/dia, divididos de 8/8h, ou em dose única diária, IV ou IM (máximo de 1,5g/dia) Útil contra bacilos gram- negativos aeróbios, como Proteus sp., Pseudomonas sp., Klebsiella sp., Enterobacter sp., E. coli e Acinetobacter sp. - É o aminoglicosídeo com mais amplo espectro. - Tem baixa penetração no SNC e nos olhos. - Contraindicação: gestação. - Efeitos adversos:nefrotoxicidade (menos frequente nos esquemas de dose única diária); ototoxicidade; etc. Ampicilina (Binotal®) - Frasco-ampolas com 500 ou 1000mg - Posologia: 2-4 g/dia, 6/6h Infecções de vias aéreas superiores, urinárias, salmoneloses e meningites em pacientes com mais de 50 anos ou por Listeria monocytogenes e Streptococcus agalactiae. - Grupo das penicilinas. - Efeitos adversos: náuseas, vômitos e diarreia; rash em pacientes com mononucleose. Penicilina G Benzatina (Benzetacil®) - Ampolas de 600.000 UI ou 1.200.000 UI - Menos de 20kg: Betalactâmico utilizado para tratar febre reumática (prevenção), - Grupo das penicilinas. - Antes da primeira administração, avaliar risco de reações de GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 8 600.000 UI + Diluente 4 a 6ml IM, na região glútea. - Mais de 20kg: 1.200.000 UI + Diluente 4 a 6ml IM, na região glútea. glomerulonefrite (prevenção), infecção estreptocócica (grupo A), erisipela, sífilis (primária, secundária, latente e terciária – com exceção da neurossífilis). hipersensibilidade. - Poderá causar dor local e rash cutâneo com administração por via IM. - Efeitos adversos: reações de hipersensibilidade com qualquer dose, exantema, febre, broncoespasmo, síndrome de Stevens-Johnson. Cefepime (Maxcef®, Clocef®) - Frasco-ampolas de 0,5, 1 ou 2g. - Posologia: 2-4 g/dia, divididos em 12/12h. Principalmente infecções nosocomiais. Apresenta espectro que inclui o das outras cefalosporinas, incluindo Pseudomonas e ampliando ação contra Gram-positivos. - Cefalosporina de 4ª geração com baixo potencial indutor de beta lactamase. - Não tem atividade contra S. aureus resistentes à oxacilina, Enterococcus sp. e Listeria sp. - Não possui atividade significativa contra germes anaeróbios. - Efeitos colaterais: monitorar diarreia persistente, cefaleia, visão turva. Anemia hemolítica e confusão mental já foram descritos. Ceftriaxona (Rocefin®) - Frasco-ampolas com 1g - Adultos: 2-4g/dia, 12/12h. A dose de 4g/dia é reservada para o tratamento das meningites. - Crianças: 50-100mg/kg, de 12/12h ou de 24/24h . Pneumonias, infecções urinárias, peritonite bacteriana espontânea. - Cefalosporina de 3ª geração. - Além do espectro das cefalosporinas de 1ª e 2ª geração, tem maior atividade contra Gram-negativos. - Efeitos colaterais: hipersensibilidade (alguns pacientes alérgicos à penicilina também são às cefalosporinas). - Pode interferir no metabolismo das bilirrubinas em neonatos. Cefalotina (Keflin®) - Frasco-ampolas com 500mg ou 1g - Adultos: 500mg a 1g de 6/6h; infecções graves: 2g a cada 4-6h; dose máxima: 12g/dia. Infecções cutâneas principalmente. Apresenta atividade contra diversas bactérias aeróbias Gram-positivas e Gram- negativas. Habitualmente usada para S. aureus e alguns bacilos Gram-negativos (E. coli, Proteus, Klebsiela). - Cefalosporina de 1ª geração. - Não cruza a barreira hemato- encefálica. - Monitorar sinais de anafilaxia, angioedema e urticária após administração. - Assim como a Cefazolina, deve ser utilizada somente para profilaxia cirúrgica. Cefazolina (Kefazol®) - Frasco-ampolas com 500mg ou 1g. - Adultos acima de 40kg: dose usual de 0,5 a 1,5g EV, a cada 6-8h. Dose máxima de 12g/dia. - Profilaxia cirúrgica: 1g 30-60 minutos antes do procedimento; repetir 0,5-1g a cada 8h por 24h, dependendo do procedimento. Infecções cutâneas principalmente. Apresenta atividade contra diversas bactérias aeróbias Gram-positivas e Gram- negativas. Habitualmente usada para S. aureus e alguns bacilos Gram-negativos (E. coli, Proteus, Klebsiela). - Cefalosporina de 1ª geração. - Não cruza a barreira hemato- encefálica. - Monitorar sinais de anafilaxia, angioedema e urticária após administração. - Assim como a Cefalotina, deve ser utilizada somente para profilaxia cirúrgica. Ciprofloxacino - Comprimidos de 500mg e bolsas com 200mg/100ml e 400mg/200ml - 500 – 1500mg/dia, divididos em 12/12h (VO) - 400-1600 mg/dia, divididos em 12/12h ou Infecções urinárias, febre tifoide, gastroenterites. Apresenta espectro contra Gram-negativos entéricos, incluindo ação contra Pseudomonas. - Quinolona. - Tem pouca penetração pulmonar. - A infusão venosa deve ser lenta e durar mais de 1 hora para reduzir risco de irritação venosa (dor, edema). - Efeitos adversos: náuseas, vômitos, dispepsia; pode ocorrer aumento das transaminases. GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 9 8/8h (EV) Cloranfenicol - Frasco-ampolas com 1g/5ml - Adultos: 12,5- 25mg/kg/dose, VO ou IV, de 6/6h (dose máxima de 4,8 g/dia) Pouco utilizado atualmente, sendo restrito ao tratamento de condições como abscesso cerebral, salmoneloses, meningite por hemófilos. O espectro inclui bactérias Gram-positivas como estreptococos, S. aureus, Listeria e Coryno bacterium. Apresenta ainda ação contra Gram-negativos como os hemófilos, salmonelas, E. coli, Proteus, Citrobacter. - Tem boa penetração no líquor e em outros tecidos. - Não é ativa contra várias cepas de Klebsiela sp., Mycoplasma sp., e Chlamydia sp. - Efeitos adversos: aplasia de medula óssea (raramente) pode ocorrer durante ou após o tratamento e independe da via de administração; depressão medular reversível (leucopenia, anemia e/ou trombocitopenia) relacionada a níveis séricos elevados. Clindamicina - Ampolas de 300mg/2ml, 600mg/4ml ou 900mg/6ml - Dose: 600-2400mg/dia, divididos em doses de 6/6h a 8/8h Pneumonia por aspiração e infecções cutâneas por S. aureus, infecções da cavidade oral, osteomielite, ainda pode ser opção para toxoplasmose, pneumocistose e malária. Espectro principalmente contra agentes anaeróbios e aeróbios Gram-positivos. - Antimicrobiano do grupo da lincosaminas. - Tem boa penetração óssea e em outros tecidos. - Não atinge concentrações adequadas no líquor, mesmo com as meninges inflamadas, mas é efetiva na toxoplasmose cerebral. - Efeitos adversos: anorexia, náuseas, vômitos, e diarreia (associada com colite pseudomembranosa). Gentamicina (Garamicina®) - Ampolas com 20, 40, 80 e 120mg nos volumes de 1, 1,5 e 2 ml. - Dose: 3-6 mg/kg/dia EV ou IM em 8/8h o 12/12h (dose única diminui o risco de insuficiência renal) Principalmente em infecções urinárias e endocardite como adjuvante. Utilizada em infecções graves por enterobactérias e bacilos Gram-negativos. Espectro contra Gram- negativos e adjuvante na endocardite por cocos Gram-positivos. - Antimicrobiano do grupo dos aminoglicosídeos. - Tem boa penetração óssea. - Administrar penicilinas e cefalosporinas 1h antes ou 1h após a gentamicina para minimizar possíveis interações medicamentosas. - Efeitos adversos: nefrotoxicidade e ototoxicidade com alteração de função vestibular. Imipenem (Tienam®) - Bolsas e frasco-ampolas com 1g (500mg de imipenem + 500mg de cilastatina sódica) em 2, 20 e 120ml. - Dose: 500mg EV, 6/6h Infecções hospitalares graves por bactérias Gram- negativas multirresistentes, principalmente Pseudomonas e cepas com β-lactamase de espectro estentido e Acinetobacter. - Antibiótico do grupo dos carbapenêmicos. - Durante a terapia,acompanhar possíveis reações neurológicas ou crises convulsivas. - O uso dos carbapenêmicos deve ser realizado com prudência e somente nos casos que sejam a única opção. - O uso indiscriminado tem aumentado o risco de bactérias produtoras de carbapenemase, como, por exemplo, a Klebisiela pneumonia produtora de carbapenemase (KPC). Linezolida (Zyvox®) - Bolsa com 2mg/ml em 100, 200 ou 300ml. - A dose habitual é de 1200mg/dia, divididos de 12/12h. Utilizada com as mesmas indicações da vancomicina para microrganismos resistentes a essa. Espectro de ação inclui S. aureus, estafilococos - A supressão medular (anemia e trombocitopenia) costuma ser reversível com interrupção do tratamento e é mais frequente após duas semanas de uso. - Evitar o uso por mais de duas GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 10 coagulase-negativa, S. pneumoniae, Enterococcus faecium e Enterococcus faecalis. semanas. - Remover a embalagem de papel laminado imediatamente antes da administração. - Efeitos adversos: náuseas, descoloração da língua, cefaleia, reações cutâneas, trombocitopenia e leucopenia. Metronidazol (Flagyl®) - Comprimidos de 250mg ou 400mg; Bolsa com solução injetável de 500mg/100ml - Anaeróbios: 1,5-2g/dia (8/8h ou 12/12h) EV Perfuração intestinal, peritonites e outras infecções intra-abdominais, amebíase, giardíase e tricomoníase. Espectro inclui principalmente agentes anaeróbios. - Antimicrobiano nitroimidazólico. - Tem boa penetração no líquor e em abscessos, mas pouca penetração pulmonar. - Orientar o paciente a não fazer uso de bebidas alcoólicas até 48h após o término do tratamento. - Efeitos adversos: diarreia, dor epigástrica, gosto metálico na boca, urina com coloração escura, etc. Meropenem (Meronem®) - Frasco-ampola de 1 ou 2g e bolsas com 1g/100ml. - Dose: 3 – 6 g/dia, divididos em 8/8h ou 6/6h. Indicações similares às do imipenem. Comparativamente ao ele, apresenta maior atividade contra bacilos Gram- negativos e menor eficácia contra cocos Gram- positivos. - Antibiótico do grupo dos carbapenêmicos. - Pode ser utilizada na neutropenia febril. - Não é ativo contra S. aureus resistente à oxacilina (MRSA), Enterococos faecium e Corynebacterium JK. - Não age contra Legionella sp., Chlamydia sp., e Mycoplasma sp. - O uso dos carbapenêmicos deve ser realizado com prudência e somente nos casos que sejam a única opção. - O uso indiscriminado tem aumentado o risco de bactérias produtoras de carbapenemase, como, por exemplo, a Klebisiela pneumonia produtora de carbapenemase (KPC). Oxacilina (Oxapen®) - Frasco-ampolas com 500mg. - Dose: 100- 200mg/kg/dia (4 a 12g/dia) de 4/4h ou de 6/6h. Infecções cutâneas como celulite e erisipela e infecções presumíveis e confirmadas por S. aureus. - Antibiótico do grupo das penicilinas. - Durante a administração endovenosa, se houver dor ou irritação local, aumentar o tempo de infusão para 1 hora. - Efeitos adversos: eritema, urticária, febre, anafilaxia, diminuição da hemoglobina. Piperacilina + Tazobactan (Tazocin®) - Pó liofilizado com 4g de piperacilina + 500mg de tazobactam (4,5g) - Dose: 2,25 – 4,5g, a cada 6 ou 8h por 7 a 14 dias Infecções principalmente nosocomiais, como por Pseudomonas aeruginosa, Klebsiela spp., Proteus e enterobactérias multirresistentes. - Penicilina associada a um inibidor de betalactamase. - Não administrar concomitantemente com aminoglicosídeos (tobramicina, gentamicina); dar intervalo de 30-60 minutos entre os antibióticos. - Efeitos adversos: hipernatremia, náuseas, vômitos e diarreia. Vancomicina - Frasco-ampola de 500mg ou 1g - Dose: 2g/dia, de 12/12h em infusão lenta, necessitando de ajuste para função renal de Utilizada principalmente para infecções por cocos Gram-positivos resistentes, em particular infecções nosocomiais graves em que se presume infecção por S. - Antibacteriano glicopeptídeo. - O controle de nível sérico deve ser realizado em pacientes com alteração da função renal, pacientes anéfricos em hemodiálise, pacientes recebendo outras drogas nefrotóxicas, etc. GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 11 preferência com a dosagem de vancomicina sérica aureus resistente e infecções por cateter. O espectro de ação dos glicopeptídeos inclui bactérias aeróbias e anaeróbias Gram-positivas, incluindo enterococos resistentes. - A coleta para nível sérico deve ser realizada 30-60 min antes da 4ª dose no início do tratamento e após alteração. - Monitorar o risco de tromboflebite em acesso periférico. - Efeitos adeversos: ototoxicidade e reações cutâneas; “síndrome do homem vermelho” (prurido e exantema eritematoso); nefrite intersticial aguda. Drogas vasoativas (DVA) - Definição: qualquer droga que altere tônus vascular e/ou contratilidade miocárdica e, desta forma, altere a perfusão tecidual. - Funções e objetivos: Melhora da perfusão; Aumento do débito cardíaco; Aumento da resistência vascular periférica (no caso dos vasopressores); Redução da resistência vascular periférica (no caso dos vasodilatadores). - Essas drogas agem, basicamente, nos receptores α e β-adrenérgicos. Aquelas que têm maior ação β (Dobutamina, por exemplo) agem mais no músculo cardíaco (cronotropismo e inotropismo cardíacos); aquelas que têm mais ação α (a epinefrina e norepinefrina, por exemplo) agem mais na resistência vascular periférica, e tendem a aumentar a pressão arterial. A dopamina tem ação α e β balanceados. - Na terapia intensiva, essas drogas acabam sendo mais utilizadas em duas situações que levam ao choque circulatório por mecanismos diferentes: choque cardiogênico e o choque séptico (distributivo ou não-cardiogênico). Choque cardiogênico: devemos dar preferência por uma droga de ação inotrópica (Dobutamina ou Dopamina em doses intermediárias, por exemplo), associada ou não a um vasoconstrictor (Nora/adrenalina ou Dopamina em doses altas, por exemplo). Além dessas drogas, existe a necessidade de reposição volêmica para otimizar a pré-carga. OBS: Estudos apontam que o uso de doses baixas de adrenalina em infusão contínua apresenta resultados um pouco piores que a associação Dobutamina + Noradrenalina. Choque não-cardiogênico / choque séptico: por ser um tipo de choque distributivo, o uso de drogas de ação vasoconstrictoras (Norepinefrina, Dopamina) é capaz de melhorar a pressão e perfusão. Mesmo sendo drogas vasoconstrictoras, elas aumentam o débito cardíaco e não comprometem a perfusão periférica. Se mesmo após a infusão volêmica e utilização de Noradrenalina o paciente ainda apresente sinais de falência de bomba cardíaca ou hipotensão refratária, o inotrópico de escolha a ser associado é a Dobutamina. Droga Apresentações Administração e comentários Noradrenalina Frasco-ampolas de 1mg/ml em 4ml Ampola com 2mg/ml em 4ml (8mg/4ml) - Dose (manutenção): 1-50µg/min. - Prescrição sugerida: 4 ampolas (de 8mg/4ml) + 234ml SF, 6 a 25ml/hora em BIC (iniciar com 10ml/hora). - Comentários: Droga de escolha para aumento da PAM na maioria dos pacientes sépticos (choque distributivo ou não- cardiogênico), apresentando vantagens sobre a Dopamina. GUIA DO PLANTONISTAArlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 12 Atua em ambos os receptores adrenérgicos (principalmente α1 e β1). Tem ação β2 menor que da adrenalina. Amenta consistentemente a pressão arterial (tanto sistólica quanto diastólica), sem aumento da pressão de pulso; parece promover melhora sobre a perfusão esplâncnica. Dobutamina Ampolas e frasco- ampolas de 12,5mg/ml (250mg/20ml) - Dose (manutenção): 2,5-20µg/kg/min (ocasionalmente, pode-se atingir 40µg/kg/min). - Prescrição sugerida: 1 ampola (de 250mg/20ml) + 230ml SF (concentração: 1mg/ml) ou 2 ampolas (de 250mg/20ml) + 210ml SF (concentração: 2mg/ml), 6 a 25ml/hora em BIC (iniciar com 10ml/hora). - Comentários: Protótipo de catecolamina com ação β (muito embora possa ter alguma ação α), com grande ação no miocárdio (inotropismo e cronotropismo), mas com pouca ação periférica. É mais inotrópica do que cronotrópica. A resistência vascular periférica fica, praticamente, inalterada. É a droga de escolha para choque cardiogênico, principalmente, utilizada com intuito melhorar a função de bomba cardíaca. Adrenalina Ampolas de 1ml com 1mg/ml - Dose (manutenção): 1-30µg/min. - Prescrição sugerida: 2 ampolas + 250ml SF (concentração: 8µg/ml). - Comentários: Atua de forma balanceada em ambos receptores adrenérgicos. Sua infusão em bolus tem predomínio de ação α1, causando aumento da pressão sistólica maior do que o incremento diastólico (pressão de pulso sobe). Pode causar vasoconstricção venosa (aumenta o retorno venoso), mas pode causar diminuição do fluxo esplâncnico. Sua infusão lenta e contínua tem predomínio de ação β2, com redução da resistência vascular periférica e da pressão diastólica. Causa aumento da pressão sistólica por aumento da contratilidade cardíaca. Doses maiores apresentam ação semelhante ao bolus. Está indicada em estados de choque refratário. Dopamina Ampolas de 10ml com 5mg/ml (50mg/10ml) - Dose (manutenção): Doses baixas (2-5µg/kg/min): efeito dopaminérgico, com vasodilatação esplâncnica e aumento do fluxo renal. Seu uso não é recomendado. Doses intermediárias (5-10µg/kg/min): predomina a ação β-adrenérgica, com aumento do inotropismo cardíaco e da frequência cardíaca, apresentando efeito semelhante a dobutamina. Doses altas (10-20µg/kg/min): predomina a resposta α- adrenérgica, com aumento da resistência sistêmica (ação vasoconstrictora propriamente dita), da pressão arterial e do débito cardíaco. - Prescrição sugerida: 5 ampolas (de 50mg/10ml) + 200ml SF (concentração: 1000µg/ml ou 1mg/ml). - Comentários: GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 13 Já foi o vasopressor de escolha e mais utilizado em década passadas, mas seu uso vem diminuindo. Tem ação em receptores próprios, mas também age em receptores α e β-adrenérgicos. Pode estar relacionada com imunossupressão (é contraindicada no choque séptico) e seu uso está associado com maior mortalidade quando comparada à noradrenalina. Nitroglicerina (Tridil®) Ampolas de 5mg/ml com 5 ml (25mg/5ml) e 10ml (50mg/10ml) - Dose: 5µg/min. Aumentar 5µg/min a cada 5-10 minutos; se não houver resposta até 20 µg/min, aumentar 10µg/min até obter o efeito desejado em intervalor de 3-5 minutos (dose máxima: 200µg/min). - Prescrição sugerida: 1 ampola (de 50mg/10ml) + 240ml SF (concentração: 200µg/ml), iniciar com 5 a 10ml/hora em BIC e aumentar infusão conforme resposta. - Comentários: Tem ação vasodilatadora predominantemente venosa. Indicado em pacientes com PAM > 90mmHg em vigência de um quadro séptico. A medicação pode causar hipotensão severa. Ao iniciar a infusão, permanecer atento à pressão do paciente (verificar a cada 10 a 20 minutos, se possível). - Contraindicações: estenose aórtica, cardiomiopatia hipertrófica, anemia grave, hipertensão intracraniana. Nitroprussiato (Nipride®) Frasco-ampola com 50mg/ml Ampola com 25mg/ml em 2ml (50mg/2ml) - Dose: 0,25-10µg/kg/min (dose usual: 0,5µg/kg/min). - Prescrição sugerida: 1 ampola (de 50mg/2ml) + 248ml SF (concentração: 200µg/ml). - Comentários: É um vasodilatador balanceado arterial e venoso. Indicado em pacientes com PAM > 90mmHg em vigência de um quadro séptico. - Contraindicações: IC de alto débito, coarctação de aorta, fístula arteriovenosa. Sedativos e analgésicos - Definição de dor: experiência sensorial e emocional desagradável associada a lesão tecidual atual ou potencial. E uma sensação comum em pacientes internados em UTI (50-65%), sendo que um terço desses relata dor intensa. - Avaliação da dor (subjetiva): Relato pessoal; Escalas de dor; Busca por causas de dor; Avaliação comportamental; Expressão facial; Movimentação; Sinais vitais (frequência cardíaca, respiratória, agitação motora, etc.); Escalas comportamentais; Avaliação de familiares; Teste com analgésico. - Escala de dor (exemplo): GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 14 - Utilização de fármacos no controle da dor: Fármacos Escala de dor Analgésicos comuns (Dipirona, Paracetamol) Dor fraca (3 – 4) Anti-inflamatórios (evitar sempre que possível) Dor moderada (6 – 7) Opioides (Tramadol/Codeína e Morfina/Fentanil) Dor intensa (> 7) - Importância da sedação: Prós Contra Analgesia; Controle da agitação e ansiedade; Limitação da resposta ao estresse; Facilitação do cuidado; Adaptação a prótese ventilatória. Aumento do tempo de internação; Aumento do tempo em ventilação mecânica; Maior mortalidade; Dificuldade na realização do exame neurológico. - Escala de Agitação/Sedação de Richmond (RASS) Escore Termo Descrição +4 Combativo Evidentemente combativo; violento; perigo imediato para os profissionais. +3 Muito Agitado Puxa ou remove tubo(s) ou cateter(es); agressivo +2 Agitado Movimentos despropositados frequentes; ”briga” com o ventilador. +1 Inquieto Ansioso; movimentos não agressivos. 0 Alerta e Calmo Ideal para extubação -1 Sonolento Não completamente alerta, mas tem despertar sustentado (abertura ocular/contato ocular ≥10 segundos) ao comando vocal. -2 Sedação Leve Acordar breve com contato ocular ao comando vocal (<10 segundos). -3 Sedação Moderada Movimento ou abertura ocular ao comando vocal (mas sem contato ocular). -4 Sedação Profunda Nenhuma resposta ao comando vocal, mas movimento ou abertura ocular à estimulação física. -5 Não Acorda Nenhuma resposta aos estímulos vocais ou físicos (próprio para TCE grave e SARA) - Despertar diário: consiste em desligar diariamente, de forma programada, a droga sedativa para verificar a resposta neurológica do paciente. Quando o paciente apresentar respostas neurológicas que sugeriram um despertar (movimentação das extremidades, tentativa de respiração espontânea, responder ordens simples, etc.), liga-se novamente a sedação, mas com metade da dose anterior. No dia seguinte, faz-se o mesmo protocolo, sempre reduzindo a infusão pela metade. Analgésicos e anti-inflamatórios Droga Apresentações Administração e comentários Diclofenaco de sódio/potássio (Voltaren®) Ampolas de 75mg/3ml - Dose: 1 ampola IM (evitar fazer EV), 12/12h, por 2 a 3 dias, no máximo. - Comentários: Analgésico e anti-inflamatórionão-esteroide. Útil nos quadros de dor pós-operatória, dismenorreia primária, artrite reumatoide, osteoartrite, gota, etc. Não deve ser utilizado em crianças com menos de 12 anos. Deve ser evitado em UTI (devido aos riscos de insuficiência renal, hemorragias do trato digestivo, etc.), reservado apenas para pacientes jovens, vítimas de politraumatismos, cirurgias ortopédicas, etc. Dipirona Ampolas de 1000mg/2ml - Dose: 1 g de 6/6h (pode-se fazer até 2g de 4/4h, se necessário). - Sugestão de prescrição: 1 ampola IM (evitar, devido à dor) ou 1 ampola + Água destilada 10ml EV, 6/6h, se dor ou febre GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 15 (Temperatura Axilar ≥ 37,8 o C). - Comentários: Analgésico a antipirético útil no alívio da dor e da febre. Pode causar aplasia de medula em altas doses (raro). - Contraindicações: deficiência de G6PD, porfiria, discrasias sanguíneas, gestação, lactação e alergias à medicação. Tenoxicam (Tilatil®) Ampolas de 20 e 40mg - Dose: 20mg, 1x/dia, EV ou IM, por 1-2 dias. Dor pós-operatória: 40mg/dia, por 5 dias. - Prescrição sugerida: 1 ampola IM ou 1 ampola + Água destilada 10ml EV. - Comentários: Analgésico e anti-inflamatório não esteroidal útil no alívio sintomático de transtornos osteomusculares e articulares, como artrite reumatoide e osteoartrite. É o analgésico de escolha para tratamento da dor em fraturas. Opioides Droga Apresentações Administração e comentários Meperidina (Dolantina®, Dolosal®) Ampolas de 50mg/2ml e 100mg/2ml - Dose: Adultos: 50-150mg (0,5-2mg/kg), a cada 3-4 horas, conforme necessário (dose máxima diária: 500mg). - Analgésico opioide útil para dor de intensidade moderada a severa. - Comentários: Seu uso não é recomendado para dor aguda por mais de 48 horas. Provoca menos constipação que a morfina, porém mais náuseas, vômitos e sedação do que ela. Está relacionada com altos índices de dependência. Não é indicada para o tratamento da dor crônica (seu uso está praticamente banido em UTIs). Fentanil Ampolas de 5 e 10ml com 50 µg/ml - Dose de indução: 1 – 4mL (50 a 200µg) EV em bolus (não diluir). - Dose de manutenção: 0,03 - 7µg/kg/hora (30-100µg/hora). - Analgésico opioide forte sintético utilizado para dor aguda e intensa, adjuvante na anestesia geral. Rápido início de ação (1 – 2 minutos) e meia vida de 2 a 3h. - Comentários: Início de ação: 1-2 minuto. Duração de ação: 1-2 horas. Tem potência analgésica maior que a da morfina (é cerca de 75-100x mais potente, talvez por ser mais lipossolúvel). Tem início de ação mais rápido que a morfina, porém mais curto. Vantagens: seguro em pacientes instáveis; não provoca hipotensão (pois não libera histamina). Desvantagens: sedação e rigidez muscular quando em altas doses (está relacionada com rigidez torácica e eventual falha na ventilação mecânica). Não tem metabolização renal. Deve ser reservado para casos de sedação ou anestesia (evitar utilizar no pronto-socorro). - Contraindicações: aumento da pressão intracraniana, íleo paralítico, IR graves, gestação, etc. Morfina Ampolas de 1ml com 10mg/ml e 2ml com 1mg/ml (para raquianestesia) - Dose de ataque: 5-15 mg. - Dose de manutenção: 1-6 mg/hora. - - Analgésico opioide forte utilizado para dor aguda. - Comentários: Início de ação: 10-20 minutos. Duração de ação: 4 horas. GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 16 Tem potente ação analgésica. Causa liberação de histamina (podendo causar vasodilatação e, desta forma, hipotensão severa). Causa estímulo vagotônico (podendo causar bradicardia, constipação intestinal, etc.). Metabolização hepática com metabólito ativo (portanto, em casos de insuficiência hepática, ocorre acúmulo de morfina, a qual deve ser utilizada em doses menores para diminuir seus efeitos colaterais). Metabólito ativo excretado no rim (fazer doses menores em pacientes com insuficiência renal aguda). Tramadol (Tramal®) Ampolas de 2ml com 100mg/2ml - Dose: adultos jovens com mais de 16 anos: 1 ampola IM ou + Soro fisiológico 100ml EV lento, por gotejamento, de 4/6 horas (não exceder a dose de 400mg/dia). - Comentários: opioide fraco indicado para quadros de dor de intensidade moderada à severa, de caráter agudo, subagudo ou crônico. Causa menos dependência que os demais opioides. - Contraindicações: intoxicações agudas por álcool, hipnóticos, analgésicos em geral; pacientes em tratamento com iMAO, antidepressivos tricíclicos, neurolépticos e drogas ou situações que baixam o limiar convulsivo. Sedativos Droga Apresentações Administração e comentários Etomidato (Hypnomidate®) Ampolas de 2mg/ml - Dose para procedimentos: 0,3mg/kg EV (máximo: 20mg) em bolus (pré-medicar com 50 a 100µg de Fentanil). - Comentários: Agente sedativo hipnótico endovenoso de ação curta não analgésico, apresentando a vantagem de não causar instabilidade hemodinâmica. Causa mínima depressão respiratória. Não provoca liberação de histamina. Como desvantagem, pode causar insuficiência adrenal (inibe a produção de esteroides pela suprarrenal), náuseas, vômito, etc. Midazolam (Dormonid®) Ampolas de 5mg/5ml e de 15mg/3ml - Dose para procedimentos: aplicar 0,02-0,04mg/kg, EV, repetido a cada 5 minutos, conforma a necessidade. - Dose de manutenção e sedação durante ventilação mecânica: dose de ataque de 0,01-0,05 mg/kg, acompanhados de infusão de 0,02-0,1 mg/kg/hora. - Prescrição sugerida: 7 ampolas (de 15mg/3ml) + 80ml de SF (iniciar com 8ml/hora, para uma sedação de 12 horas). - Estado de mal epiléptico: 0,2mg/kg em bolus, EV, até 5mg; ou 5- 10mg, IM. - Comentários: Tempo de equilíbrio: 1 – 1,5 minutos. Meia vida: 5 minutos. Benzodiazepínico utilizado para sedação em procedimentos cirúrgicos e diagnósticos, indução e manutenção de anestesia, mal epiléptico. Causa ansiólise a amnésia (importantes para pacientes internados em UTI). Tem ação em receptores GABA e atua com anticonvulsivante. Tem metabolismo hepático e excreção renal (deve ter doses diminuída sem caso de insuficiência hepática e renal). Pode causar tolerância e efeito de abstinência (em caso GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 17 de uso prolongado). Propofol (Diprivan®) Ampolas de 20mg/20ml - Dose para procedimentos (bolus): 2,0mg/kg EV (10-30mg). - Adultos: 0,1-0,2 mg/kg/minuto. - Dose de manutenção: 5-80 µg/kg/min. - Comentários: Início de ação: 0,5 – 1 minuto. Meia vida: 10 minutos. Hipnótico e anestésico de curta duração útil na indução e manutenção da anestesia geral. É o sedativo de escolha para pacientes neurológicos. Tem eliminação plasmática (portanto, não existe metabolismo hepático ou renal). Insuficiência renal ou hepática não alteram sua infusão. Tem pouco efeito amnésico. Em doses muito altas, pode causar depressão ventilatória e circulatória (pode causar hipotensão e bradipneia). Tem menor tempo de ação (devido ao metabolismo plasmático, ao desligar a droga, frequentemente o paciente já acorda). Ter cuidado com hipertrigliceridemia e pancreatite(o veículo do propofol é lipídico). Pode causar descoloração da urina (esverdeada ou acastanhada). Pode causar “síndrome de infusão do propofol” (efeito colateral raro relacionado com infusões prolongadas e caracterizado por acidose metabólica de rápida evolução que pode levar ao óbito muito rapidamente, se não reconhecida). Tem custo elevado. OBS: Fórmula para Taxa de Velocidade de Infusão Venosa: devemos entender as seguintes variáveis. Vazão: taxa de infusão da solução em "ml/hora" (quantos “ml” da solução o paciente vai receber por hora em bomba de infusão contínua – BIC). Posologia indicada: dose do fármaco (em "mg" ou "µg") a ser infundida pro minuto a depender do peso (kg) do paciente. Se a posologia for dada em µg, devemos dividir o valor por 1000 para converter em mg. Concentração da solução: quantidade (em "mg", de preferência) do fármaco presente na solução (de preferência, diluído em um volume total de 250 ou 500ml de SF, que é a "solução padrão" da UTI). Sugerimos os seguintes padrões para as principais drogas utilizadas em BIC na terapia intensiva: Droga Apresentações Quantidade padrão no soro Dopamina 50mg/10ml 5 ampolas = 250mg Noradrenalina 8mg/4ml 4 ampolas = 32mg Dobutamina 250mg/20ml 1 ampola = 250mg ou 2 ampolas = 500mg Midazolam 15mg/3ml 5 ampolas = 75mg Fentanil 500µg/10ml 2 ampolas = 1000µg - Para converter "µg/kg/min" em "ml/hora" VAZÃO (ml/hora) = DOSE (µg) x PESO (kg) x 60 (minutos) x 10 -3 (para converter µg em mg) CONCENTRAÇÃO DA SOLUÇÃO (mg/ml) - Para converter "µg/min" em "ml/hora": VAZÃO (ml/hora) = DOSE (µg) x 60 (minutos) x 10 -3 (para converter µg em mg) CONCENTRAÇÃO DA SOLUÇÃO (mg/ml) - Para converter "mg/peso/min" em "ml/hora": VAZÃO = DOSE (mg) x PESO (kg) x 60 (minutos) OBS: não precisa dividir por 1000 GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 18 CONCENTRAÇÃO DA SOLUÇÃO (mg/ml) - Para converter "ml/hora" em "µg/kg/min": DOSE EM INFUSÃO = VAZÃO (ml/hora) X CONCENTRAÇÃO (mg/ml) x 10 3 (para converter mg em µg) 60 min x PESO (kg) OBS: Um número substancial de medicamentos usados na prática clínica é constituído por drogas que apresentam a peculiaridade de serem eliminadas do organismo através dos rins, por meio de seus próprios princípios ativos ou de seus produtos de metabolização. Em situações de déficit das funções renais, o balanço corporal dessas substâncias pode alterar-se, resultando em quadros clínicos de intoxicação medicamentosa. A prescrição de drogas em insuficiência renal, para ser mais racional e segura, deve objetivar a individualização terapêutica, baseando-se em parâmetros farmacocinéticos. Clearance de Creatinina (Fórmula de Cockcroft-Gault) ClCreatinina = (140 – idade) x Peso 72 x Crplasmática Na mulher, multiplica-se o resultado por 0,85. Droga Clearance de Creatinina Antibióticos >50 50 - 10 <10 Amicacina 1000mg 24/24h 500mg 24/24h 500mg 48/48h Amoxicilina 500mg 8/8h 500mg 12/12h 500mg 24/24h Amoxicilina/clavulanato 500/125mg 8/8h 500/125mg 12/12h 500/125mg 24/24h Amoxicilina/clavulanato 500/125mg 8/8h 500/125mg 12/12h 500/125mg 24/24h Ampicilina 500mg 6/6h 500mg 8/8h 500mg 12/12h Ampicilina 1000mg 6/6h 1000mg 8/8h 1000mg 12/12h Ampicilina/sulbactam 1000/500mg 6/6h 1000/500mg 12/12h 1000/500mg 24/24h Aztreonam 1000mg 8/8h 500mg 8/8h 250mg 8/8h Cefazolina 1000mg 8/8h 1000mg 12/12h 1000mg 24/24h Cefepima 1000mg 8/8h 1000mg 12/12h 1000mg 24/24h Cefotaxima 2000mg 8/8h 2000mg 12/12h 2000mg 24/24h Ceftazidima 2000mg 8/8h 2000mg 12/12h 2000mg 24/24h Ceftobiprole 500mg 8/8h 500mg 12/12h 500mg 24/24h Ceftriaxona Sem ajuste de dosagem Cefuroxima 750mg 8/8h 750mg 12/12h 750mg 24/24h Cefuroxima 500mg 12/12h 500mg 24/24h 500mg 24/24h Ciprofloxacino 500mg 12/12h 500mg 24/24h 250mg 24/24h Ciprofloxacino 400mg 12/12h 400mg 24/24h 200mg 24/24h Claritromicina 500mg 12/12h 375mg 12/12h 500mg 24/24h Claritromicina 500mg 12/12h 375mg 12/12h 500mg 24/24h Clindamicina Sem ajuste de dosagem Cloranfenicol Sem ajuste de dosagem Colistina 160mg 12/12h 160mg 24/24h 160mg 36/36h Daptomicina 500mg 24/24h 500mg 48/48h 500mg 48/48h Doripenem 500mg 8/8h 250mg 8/8h Sem dados Doxiciclina Sem ajuste de dosagem Eritromicina 500mg 6/6h 500mg 6/6h 500mg 12/12h Ertapenem 1000mg 24/24h 500mg 24/24h 500mg 24/24h Estreptomicina 1000mg 24/24h 1000mg 48/48h 1000mg 72/72h Gentamicina 240mg 24/24h 120mg 24/24h 120mg 48/48h Imipenem+cilastatina 500mg 6/6h 250mg 6/6h 250mg 12/12h Levofloxacino 750mg 24/24h 750mg 48/48h 500mg 48/48h Levofloxacino 750mg 24/24h 750mg 48/48h 500mg 48/48h GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 19 Linezolida 600mg 12/12h 600mg 12/12h 600mg 12/12h Linezolida 600mg 12/12h 600mg 12/12h 600mg 12/12h Meropenem 1000mg 8/8h 1000mg 12/12h 1000mg 24/24h Metronidazol 500mg 8/8h 500mg 8/8h 250mg 8/8h Metronidazol 500mg 8/8h 500mg 8/8h 250mg 8/8h Moxifloxacino Sem ajuste de dosagem Nitrofurantoína 100mg 6/6h Não usar Não usar Penicilina cristalina 6.000.000 UI 4/4h 4.000.000 UI 4/4h 2.000.000 UI 4/4h Penicilina V 500mg 6/6h 500mg 12/12h 500mg 24/24h Piperacilina/tazobactam 4500mg 8/8h 2250mg 6/6h 2250mg 8/8h Polimixina 500.000UI 8/8h 500.000UI 12/12h 500.000UI 24/24h Rifampicina Sem ajuste de dosagem Sulfametoxazol/trimetoprim 800/160mg 12/12h 800/160mg 18/18h 800/160mg 24/24h Sulfametoxazol/trimetoprim 1200/240mg 6/6h 1200/240mg 8/8h 1200/240mg 12/12h Teicoplanina 400mg 24/24h 400mg 48/48h 400mg 72/72h Telitromicina 800mg 24/24h 600mg 24/24h 600mg 24/24h Tetraciclina 250mg 6/6h 250mg 12/12h 250mg 24/24h Tigeciclina Sem ajuste de dosagem Tobramicina 240mg 24/24h 120mg 24/24h 120mg 48/48h Vancomicina 1000mg 12/12h 1000mg 48/48h 1000mg 5/5d PROCEDIMENTOS BÁSICOS EM UTI ANTIBIOTICOTERAPIA EMPÍRICA PARA SEPSE/CHOQUE SÉPTICO SEM AGENTE ESPECÍFICO IDENTIFICADO Se infecção < 48h de internação hospitalar: pensar em infecção por germe comunitário. o Cobertura empírica de amplo espectro: Ceftriaxona + Clindamicina (se o paciente estiver hipotenso, fazer a primeira dose em infusão lenta diluído em soro). o Se S. aureus comunitário: Oxacilina. o Outras sugestões de acordo com faixa etária: Sugestões antibióticas Faixa etária 1ª escolha 2ª escolha Duração RN (1 a 4 semanas) Ampicilina+amicacina Vancomicina+cefotaxima 10 a 14 dias Criança Cefotaxima ou ceftriaxona Amoxicilina+clavulanato ou Ampicilina+sulbactam 10 a 14 dias Adultos Oxacilina + gentamicina + metronidazol Amoxicilina+clavulanato ou Ampicilina+sulbactam ou Vancomicina+amicacina (ou ciprofloxacina ou ceftriaxona) 10 a 14 dias Esplenectomizados Cefotaxima ou ceftriaxona Amoxicilina+clavulanato 10 a 14 dias Se infecção > 48h de internação hospitalar: pensar em infecção por germe hospitalar, e direcionar antibiótico de acordo com a flora residente do serviço. o Empírico: Ceftriaxona+Clindamicina; Ceftradizima+Clindamicina; Meropenem. o Se S. aureus meticilino (oxacilina) resistete: Vancomicina. o Pseudomonas: Cefepime. o KPC: SMZ+TMP. o Infecção polimicrobiana em paciente grave com germe indeterminado: Meropenem.DROGAS VASOATIVAS E REANIMAÇÃO VOLÊMICA 1. Soro fisiológico a 0,9% 1000ml EV: correr em 1 hora (333 gotas/min); 2. Reavaliar e medir pressão arterial; GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 20 3. Se ainda hipotenso, nova reanimação volêmica: SF 0,9% 1000ml EV em hora; 4. Avaliar a possível causa do choque refratário a volume: Se choque cardiogênico: Droga de escolha: Dobutamina 250mg/20ml: 1 a 2 ampolas + 230 a 210ml SF 0,9% EV em BIC 10ml/hora (empírico inicialmente, e tatear entre 6 a 25ml/hora); Se ainda hipotenso, acrescentar: Noradrenalina 8mg/4ml: 4 ampolas (32mg/16ml) + 234ml SF 0,9% EV em BIC 10ml/hora (empírico inicialmente, e tatear entre 6 a 25ml/hora). Se choque não-cardiogênico / distributivo: Se choque séptico colher hemocultura em 3 sítios venosos diferentes. Droga de escolha: Noradrenalina 8mg/4ml: 4 ampolas (32mg/16ml) + 234ml SF 0,9% EV em BIC 10ml/hora (empírico inicialmente, e tatear entre 6 a 25ml/hora). Se ainda hipotenso, acrescentar (ou já acrescentar desde o início): Dobutamina 250mg/20ml: 1 a 2 ampolas + 230 a 210ml SF 0,9% EV em BIC 10ml/hora (empírico inicialmente, e tatear entre 6 a 25ml/hora). Se choque refratário a Noradrenalina+Dobutamina: optar por Adrenalina em doses baixas em infusão contínua. SEDAÇÃO E ANALGESIA Indução: Fentanil (500µg/10ml): 3 a 5ml EV, 3 minutos antes do procedimento. Midazolam (Dormonid® 15mg/3ml) + AD 7ml fazer 5ml EV lento, 1 a 2 minutos antes do procedimento; caso o efeito desejado não seja alcançado, pode-se repetir doses adicionais de 1ml da diluição a cada minuto. Manutenção (para 24h): Midazolam (Dormonid®) 5mg/5ml: 6 ampolas (30mg/30ml) + Fentanil 50mcg/10ml: 2 ampolas (1000mcg/20ml) + Soro fisiológico 200ml Volume total: 250ml correr EV em BIC 10ml/hora (empírico). INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL POR SEQUÊNCIA RÁPIDA E VENTILAÇÃO MECÂNICA Intubação por sequência rápida: 1. Estar preparado com instrumental para intubação e para acesso cirúrgico da via aérea 2. Pre-oxigenar com O2 a 100% 3. Manobra de Sellick 4. Acesso venoso 5. Sedar (etomidato – 30 mg ou midazolam – 2 a 5 mg; succinilcolina 100 mg IV) 6. Obtido o relaxamento, intube por via orotraqueal 7. Insuflar o cuff 8. Confirmar a posição do tubo 9. Conectar o oxímetro de pulso 10. Conectar ao ventilador GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 21 Fundamentos de ventilação mecânica (VM) invasiva - Basicamente, devemos indicar a VM nas seguintes situações: Insuficiência Respiratória Aguda (PaO2/FiO2 < 200) Situação de risco à vida Instalação súbita Situações de perda do drive (ou força) respiratório(a) induzidas (previstas): Intra-operatório: anestesia. Pós-operatório: suporte na UTI a procedimentos de grande porte e recuperação anestésica. Escala de coma de Glasgow < 8. - Objetivos da VM: Garantir a ventilação alveolar Possibilitar a troca gasosa adequada Corrigir hipoxemia e hipercapnia Aliviar a dispneia e o trabalho respiratório do paciente Promover repouso e recondicionamento dos músculos respiratórios Monitorização - Parâmetros a serem regulados no ventilador artificial: Modo: relaciona-se com a maneira que se iniciará a fase inspiratória do ciclo respiratório. O disparo é termo que se dá à forma pela qual o modo do ventilador mecânico inicia esta inspiração no modo Assistido- Controlado. Ciclagem: corresponde ao fator que determina o final da fase inspiratória e começo da fase expiratória. Este fator, também pré-determinado pelo operador, encerra a inspiração e inicia a expiração. Sensibilidade: parâmetro que avalia o esforço do paciente para deflagrar o ventilador (disparo) nos modos assistido-controlado, SMIV e Pressão de Suporte. FiO2: é a fração de O2 (em porcentagem) na mistura gasosa oferecida ao paciente pelo ventilador mecânico. O valor mínimo aceito pelo ventilador é de 21%. De antemão, colocar a 100%, sendo readequada assim que se confirmar a SaO2% adequada (>92%, pelo menos), com o objetivo de deixar a FiO2 < 50%. A redução abaixo de 40% só deverão ser efetuadas em retentores de CO2. Volume corrente: o volume a ser injetado nos pulmões a cada inspiração (em média 6-8 ml/kg). OBS: Volume minuto = FR x VC Para manter o volume minuto, devemos aumentar um desses fatores e diminuir o outro. OBS: Em pulmões com resistência normal, aumentando-se o volume minuto, diminuímos a PaCO2. Pico de pressão inspiratória (PIP, Ppico ou Ppeak): é resultado de todas as forças que se opõem durante o fluxo de ar para dentro dos pulmões, sendo ela diretamente proporcional ao fluxo, volume, PEEP, resistência das vias aéreas, a forças retráteis (elástica e tensão superficial alveolar) e inversamente proporcional a complacência pulmonar. Relação inspiração:expiração (TI:T2 ou I:E): depende da frequência respiratória, do fluxo inspiratório e o volume corrente. A relação I:E adequada (normal) é de 1:1,5 a 1:2 com tempo inspiratório de 0,8 a 1,2 s. Em pacientes obstrutivos recomenda-se uma relação I:E < 1:3. Em quadros de hipoxemia grave ou de síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) podemos usar esta relação invertida – recomenda-se 3:1 (mas com extremo cuidado, após otimizar o VC, PEEP e FiO2). PEEP (do inglês, positive end expiratory pressure): pressão positiva ao final da expiração. Em outras palavras, corresponde à pressão dentro do alvéolo, e é responsável para manutenção da distensão alveolar no final da expiração, evitando o colabamento e atelectasias (realiza o “recrutamento alveolar”). A PEEP ideal fisiológica não é consensual; trabalhos recentes demonstram níveis médios entre 5 a 8 cmH2O. É consensual a utilização de 5 cmH2O. Distúrbio hemodinâmicos podem ocorrer com níveis de PEEP maiores que 12 cmH2O ou menos. OBS: Podemos aumentar a PEEP gradativamente para casos em que a FiO2 está em 100%, mas o paciente continua saturando abaixo do desejável (não ultrapassar a PEEP de 12cmH2O). Frequência Respiratória (FR ou fprog): manter, geralmente, 10 – 16 rpm. Para manutenção, o controle da sedação e analgesia é fundamental, evitando-se retenções ou altas liberações de CO2 da corrente sanguínea. Frequências baixas podem causar acidose respiratória (por retenção do CO2); frequências elevadas podem causar alcalose respiratória e auto-PEEP (aumento da pressão dentro do alvéolo devido ao acúmulo de ar causado por uma obstrução na saída expiratória associada à entrada de mais ar na GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 22 inspiração). Fluxo: velocidade com que a mistura gasosa é injetada nos pulmões (em média 1 litro/min). - Fatores diferenciais em doenças específicas: Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA): ocorre diminuição da complacência pulmonar devido ao colapso generalizado de alvéolos em decorrência de um processo inflamatório. Os critérios diagnósticos são: Instalação súbita + Radiografia com infiltrado pulmonar bilateral + Relação PaO2/FiO2 ≤ 200. Elevação da PEEP, para níveis de 12 a 16 cmH2O; Manutenção de altas pressões na necessidade da oximetria; Diminuir o volume corrente (4 – 6 ml/kg), aumentando a FR (paramanter um PaCO2 adequado); Manter PPI ≤ 30 cmH2O; Restringir FiO2 ao máximo. DPOC e Asma grave: ocorre aumento da resistência do sistema respiratório (devido à inflamação brônquica), dificultando a saída de ar e predispondo á retenção de CO2. Diminuir da PEEP, em torno de 4 cmH2O; Limitações de volumes e/ou pressões na dependência do estágio clínico; Aumentar o tempo expiratório (relação I:E de 1:4 a 1:5). Edema agudo de pulmão (EAP): Restrição de Pressões; Manutenção do aumento da PEEP em níveis não superiores a 10 cmH2O; Analisar o quadro clínico e necessidade de incremento da PEEP conforme troca gasosa e saturação de O2; É conveniente a monitorização do Débito Cardíaco. Pediatria: Modo Pressórico com manutenção de volumes entre 6 a 10 ml/Kg; Evitar pressões de pico inferiores a 10 cmH2O e superiores acima de 20 cmH2O; Iniciar paulatinamente, incrementando a pressão conforme dinâmica ventilatória e oximetria; PEEP: Entre 3 a 4 cmH2O. - Avaliação após ajustes iniciais: Solicitar radiografia de tórax (para avaliar a posição do tubo, observar lesões presentes, avaliar a possibilidade de pneumotórax); Avaliar a sincrônica do paciente-ventilador (sedar se o paciente estiver “brigando” com o aparelho); Adequar a PIP / Pplatô para valores abaixo de 30cmH2O (diminuindo o volume corrente e aumentando a FR ou vice-versa); Manter FR e VC o mais fisiológicos possíveis; Baixar FiO2 < 50%; Observar bem a relação I:E e evitar o auto-PEEP; Solicitar gasometria arterial e monitorização multiparâmetros (pressão arterial, SatO2, etc.). Condições para Considerar o Desmame da Ventilação Mecânica Parâmetros Níveis Requeridos Evento agudo que motivou a ventilação mecânica Reversibilidade ou controle do processo Presença de estímulo (drive) respiratório Sim Avaliação hemodinâmica Correção ou estabilização do débito cardíaco Drogas vasoativas ou agentes sedativos Com doses mínimas Equilíbrio ácido-básico 7,30 < pH < 7,60 Troca gasosa pulmonar PaO2 > 60mmHg com FIO2 ~0,40 e PEEP~ 5cmH2O Balanço hídrico Correção de sobrecarga hídrica Eletrólitos séricos (sódio, potássio, cálcio, magnésio) Valores normais Intervenção cirúrgica próxima Não GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 23 Avaliação de Índices Preditivos para o Desmame Parâmetros Níveis Requeridos Volume corrente > 5mL/kg Frequência respiratória ~ 35ipm Pressão inspiratória máxima ~ - 25cmH2O SatO2 > 92% (com FiO2 < 50%) Sinais de Intolerância à Desconexão da Ventilação Mecânica (preditores de falha do desmame) Parâmetros Intolerância Frequência respiratória > 35 ipm SatO2 < 90% Frequência cardíaca > 140bpm Pressão arterial sistólica > 180mmHg e/ou < 90mmHg Modo pressão-controlado / PCV (Ventilação Controlada a Pressão) - A ventilação com pressão controlada assegura um nível de pressão inspiratória pré-programada constante durante um tempo inspiratório pré-programado. - O disparo da inspiração é absolutamente controlado pelo computador. - A pressão é ajustada pelo profissional, e o volume é o parâmetro a ser avaliado (portanto, não precisa ajustar o volume corrente). - Este modo só pode ser utilizado se paciente não apresentar nenhum tipo de estímulo respiratório (completamente paralisado e/ou sedado). - Na prática, é utilizado na maioria das vezes e para pacientes cuja patologia de base não é pulmonar. - Variáveis: Disparo: tempo. Limite: pressão. Variável de controle (ciclagem): tempo (Tempo Inspiratório). Variável dependente: volume (vai depender da complacência do pulmão), fluxo. - Parâmetros: Parâmetro ajustável Pico de pressão inspiratória (PIP): 16 – 20 cmH2O. Se o paciente estiver fazendo um volume corrente baixo, deve-se investigar as causas (escape aéreo, cuff desinsuflado, secreção, complacência pulmonar diminuída, etc.) e, se necessário, aumentar a PEEP (de preferência, até 20cmH2O no máximo). Se o paciente estiver fazendo um volume corrente alto (como ocorre em pulmões com complacência aumentada), devemos baixar a PEEP. FiO2: começar com 100% e, observando a oximetria de pulso do paciente (o ideal é > 92%), reduzir gradativamente (10 a 20% a cada 15 a 30 minutos), até valores mais seguros (de preferência, abaixo de 50%). PEEP: manter em 5cmH2O. Frequência respiratória: é controlada pelo profissional, sendo ideais valores de 10 a 16 irpm. É necessário observar o seguinte: Comparar a FR determinada pelo ventilador com a FR do paciente se a FR do paciente for maior, significa dizer que ele tem drive respiratório, e o modo assistido-controlado pode ser uma opção. Aumentar a FR se o paciente estiver retendo CO2 (acidose respiratória). Diminuir a FR se o paciente estiver exalando muito CO2 (alcalose respiratória). - Vantagens: Limita a pressão aplicada aos alvéolos (menor risco de lesão); Fluxo variável: melhor sincronismo; Padrão de fluxo decrescente (maior recrutamento alveolar). - Desvantagens: volume corrente não é garantido (risco de hipoventilação). Modo volume-controlado / VCV (Ventilação Controlada a Volume) - A ventilação com volume controlado assegura que o doente recebe um determinado volume corrente pré- programado de acordo com um fluxo e tempo inspiratórios pré-programados. - O disparo da inspiração é absolutamente controlado pelo computador. GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 24 - O volume corrente é ajustado pelo profissional, e a pressão é o parâmetro a ser avaliado (portanto, não precisa ajustar a pressão). - É menos utilizado que o modo pressão-controlado. É melhor indicado em patologias como asma grave ou DPOC, em que se quer diminuir o volume total represado nos pulmões. - Variáveis: Disparo: tempo. Limite: volume, fluxo. Variável de controle (ciclagem): volume, tempo. Variável dependente: pressão inspiratória (PIP). - Parâmetros: Parâmetro ajustável Volume corrente (VC): inicialmente, 6 – 8 ml/kg; reduzir VC assim que possível para evitar aumento da PIP. Pico de pressão inspiratória (PIP ou Ppeak = PEEP + Pressão de Platô): Valor normal: 30 – 35cmH2O Se > 35 Baixar o VC. Se < 30 Aumentar o VC. FiO2: começar com 100% e, observando a oximetria de pulso do paciente (o ideal é > 92%), reduzir gradativamente (10 a 20% a cada 15 a 30 minutos), até valores mais seguros (de preferência, abaixo de 50%). Frequência respiratória: é controlada pelo profissional, sendo ideais valores de 10 a 16 irpm. É necessário observar o seguinte: Comparar a FR determinada pelo ventilador com a FR do paciente se a FR do paciente for maior, significa dizer que ele tem drive respiratório, e o modo assistido-controlado pode ser uma opção. Aumentar a FR se o paciente estiver retendo CO2 (acidose respiratória). Diminuir a FR se o paciente estiver exalando muito CO2 (alcalose respiratória). - Vantagens: habilidade de controlar o volume corrente: Controle da PaCO2 (ex: hipertensão intracraniana); Alvo de volume corrente (ex: SARA). - Limitações: Sincronismo em pacientes com ventilação ativa; Ausência de controle sobre as pressões inspiratórias. Modo assistido-controlado (A-C) a pressão ou a volume - O modo assistido-controlado é a função do VM utilizada para permitir uma interação inicial entre pacientee ventilador, de modo que o paciente pode disparar a fase inspiratória a depender de sua vontade/necessidade. - Os parâmetros deste ciclo disparado serão os mesmos dos ciclos controlados. - Sensibilidade: pode ser a pressão ou a fluxo. Pressão: -0,5 a -2,0 cmH2O. Fluxo: 2 a 6 litros/min. - Não existem critérios específicos que determinem a escolha entre o disparo, a não ser a aceitação clínica do paciente, sendo prudente a sua observação clínica e o teste com os dois tipos de disparo, principalmente. - Uma vez que este modo depende da vontade do paciente em respirar, ele só poderá ser utilizado quando o paciente ainda apresentar drive respiratório. - Não é mais considerado um bom modo para desmame, pois admite-se que o paciente pode acomodar-se ao auxílio do ventilador. GUIA DO PLANTONISTA Arlindo Ugulino Netto UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 25 Ventilação Mandatória Intermitente Sincronizada (SIMV) - A SIMV é um tipo de modalidade sincrônica que combinam ventilações assistido-controladas em uma frequência pré-programada com períodos de ventilação espontânea. - Neste modo, o aparelho auxilia com uma quantidade mínima de ciclos, e quando o paciente deseja respirar mais que o programado, o próprio aparelho auxilia nessa ventilação. Se o paciente não iniciar a respiração, o aparelho aguarda um tempo pré-programado para, só então, dar início ao ciclo de forma controlada. - Ocorrem, portanto, ciclos espontâneos intercalados com ciclos A-C, permitindo, assim, ciclos controlados, assistidos e espontâneos. - Disparo por tempo, pressão-tempo ou fluxo-tempo. - Vantagem: Ausência de assincronismo; Garante um volume corrente mínimo para o paciente (ele nunca inspira menos que o programado). - Pode ser utilizada associada à PSV nas fases espontâneas. Ventilação com Pressão de Suporte (PSV) - A ventilação com suporte de pressão é considerado um modo assistido, pois todo o ciclo respiratório é deflagrado pelo paciente. - Este modo assegura um nível de pressão inspiratória pré-programada constante durante a inspiração, garantindo ao paciente o fluxo aéreo necessário para que ele atinja essa pressão alvo programada. - A frequência e o tempo de inspiração são determinados pelo paciente. - É considerado o melhor modo para desmame por muitos autores. - Com a função de “back up de apneia” é possível estimar um tempo determinado para aguardar a resposta respiratória do paciente e, caso ele não dispare espontaneamente até o fim deste intervalo, o respirador cicla por ele (evitando, assim, a “acomodação” que, teoricamente, haveria no modo A-C). - Variáveis: Disparo: pressão. Limite: fluxo. Variável de controle (ciclagem): pressão, fluxo. Variável dependente: volume corrente, fluxo. - Modo de uso para desmame: Inicialmente, usar a PSV de valor igual ao valor da pressão de pico durante a ventilação A-C. Diminuir ou aumentar o valor do PSV até atingir um VC próximo de 8ml/kg. O valor do PSV deve ser aumentado e principalmente diminuído de uma maneira progressiva. Durante o desmame, o PSV deve ser diminuído em 2cm, duas vezes ao dia, até um valor ≤ 10 cmH2O (de preferência, 6 – 8 cmH2O). OBS: Quanto menor a pressão de suporte, mais esforço o paciente faz para respirar; se ele conseguir manter uma boa oxigenação com valores abaixo de 10 cmH2O, significa dizer que ele tem um bom drive respiratório. Mantem-se então esse valor por pelo menos 2 horas para, então, tentar baixa-lo novamente. - Vantagens: Auxilia no desmame do ventilador; Melhor sincronismo em pacientes ventilando ativamente. - Limitações: Volume corrente não é garantido; Requer atividade respiratória do paciente (drive). CPAP (Pressão Positiva Contínua na Via Aérea) - A CPAP pode ser utilizada com máscara (VNI – ventilação não invasiva), de modo a aumentar a pressão média na via aérea, o que melhora a oxigenação, recrutamento alveolar, etc. - Trata-se de um modo espontâneo e, portanto, o paciente deve ter drive respiratório (não pode ser utilizada em pacientes sedados ou curarizados). - Os parâmetros (FR, VC e PIP) são variáveis, pois o paciente é quem comanda o ciclo respiratório. - É um bom método para desmame de intubação ou ventilação não invasiva. - Pode ser usada isoladamente ou associada à SIMV ou PSV.