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Crimes Contra a Liberdade Sexual - arts. 213 215 e 216-A do CP

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CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
Dos Crimes Contra a Liberdade Sexual
Arts. 213, 215 e 216-A do Código Penal
	Sempre que se trabalha com sucessão de leis, deve se observar o “antes” e o “depois”. Aqui, no caso será antes e depois da Lei 12.015/09.
	Antes da Lei 12.015/09, o Título VI, do CP, era chamado de Crimes Contra os Costumes. O Título VI agora tem como bem jurídico “Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual”.
	ANTES da Lei 12.015/09
	DEPOIS da Lei 12.015/09
	
TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA 
OS COSTUMES
	
TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA 
A DIGNIDADE SEXUAL
	O porquê da mudança: A doutrina observava o seguinte: costume significa moralidade sexual pública. E percebia que um estupro, por exemplo, não ofende uma moralidade sexual pública. Um estupro, mais do que uma moralidade sexual pública, ofende a dignidade sexual da vítima. Então, o nome do título estava totalmente ultrapassado. Logo, a Lei 12.015 deu ao título VI uma nova etiqueta. O título antigo estava errado porque não se aplicava a todos os crimes nos seus capítulos. Poderia se aplicar, por exemplo, ao ato obsceno. Ai vai. Mas no estupro, atentado violento ao pudor, etc., sequer atingia os costumes, atingindo na verdade a liberdade e dignidade da vítima.
1.	SUCESSÃO DE LEI PENAL NO TEMPO
	O que nós vamos precisar rever para estudar esses crimes agora? Prestem atenção: nós estamos diante de uma sucessão de lei penal no tempo. E quando se trabalha com sucessão de lei penal, eu tenho que analisar quatro circunstâncias:
Na vigência da Lei A, o fato era crime, vem a Lei B e torna esse fato atípico – O que eu tenho aqui? Abolitio criminis (art. 2º, do CP). E, haverá hipótese de abolitio criminis na Lei 12.015? Sim. Tem gente não enxergando isso, mas vai ocorrer. 
Na vigência da Lei A, o fato era atípico, vem a Lei B e o fato passa a ser considerado crime – O que eu tenho aqui? Novatio legis incriminadora. Nova lei tipificando fato até então atípico.
Na vigência da Lei A, o fato era crime, na vigência da Lei B o fato continua crime, porém tem sua pena majorada ou diminuída, por exemplo – Aqui há novatio legis in pejus e novatio legis in mellius.
	Tudo isso já foi objeto de estudo quando do estudo da parte geral. Nós só estamos recordando. Antes de analisar a quarta hipótese, eu quero que vocês imaginem e tentem responder o seguinte: no caso da abolitio criminis. Ela é retroativa ou irretroativa? Retroativa. No caso da novatio legis incriminadora, irretroativa. No caso da novatio legis in pejus, irretroativa. In mellius, retroativa. Eu sei que é ridículo. Todos podem dominar estas idéias. Porém seria tão facil assim? Nem sempre. Veja!
Na vigência da Lei A o fato era crime, na vigência da Lei B, passa a ser outro crime, porém, com o mesmo conteúdo – Isso se chama: princípio da continuidade normativo-típica.
	
	Há quatro situações, todas elas estarão presentes nos nossos comentários sobre a Lei 12.015/09 que alterou o Código Penal e promoveu outras alterações na legislação correlata. 
	Passemos então ao estudo do Título Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual, começando pelo Capítulo I que trata dos Crimes Contra a Liberdade Sexual que antes da Lei 12.015/2009 previa cinco crimes e atualmente apenas prevê três crimes, quais sejam:
Estupro – art. 213 do CP
Violação Sexual Mediante Fraude – Art. 215 do CP
Assédio Sexual – Art. 216-A do CP
2.	CRIME DE ESTUPRO – Art. 213
	2.1.	O Estupro uma análise antes e depois da Lei 12.015/09
	Antes – O art. 213 previa o estupro. E o que ele punia? A conjunção carnal violenta. Tinha como sujeito ativo o homem e como sujeito passivo a mulher. Tinha pena de 6 a 10 anos. E havia o art. 214, que punia o atentado violento ao pudor, que eram atos libidinosos violentos, diversos da conjunção carnal, praticados com violência. O sujeito ativo era qualquer pessoa e a vítima era de qualquer pessoa. E a pena era, também de 6 a 10 anos. Isso era o que havia antes.
	Depois – Com a Lei 12.015/09, os arts. 213 e 214 foram reunidos em um só tipo penal, agora chamado estupro. Então, estupro hoje abrange conjunção carnal violenta, abrange atos libidinosos diversos da conjunção carnal, também violentos. Foram reunidos os dois tipos em um tipo só. A pena continua sendo de 6 a 10 anos.
	ANTES da Lei 12.015/09
	DEPOIS da Lei 12.015/09
	
Estupro
Art. 213 do CP – Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça.
Pena – reclusão de 6 a 10 anos.
Atentado violento ao pudor
Art. 214, do CP – Constranger alguém mediante violência ou grave ameaça a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal.
Pena – reclusão de 6 a 10 anos.
	
Estupro
Art. 213 do CP – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
Pena – reclusão de 6 a 10 anos.
Conjunção carnal Ato
(estrito) libidinoso
	O legislador perdeu a chance de abolir essa expressão “estupro”. Ele poderia ter feito o que países da Europa, México e Argentina já fazem e não chamar de estupro. Agora que a lei reuniu os dois tipos em um tipo só, poderia ter mudado o nome. Ao invés de estupro para violação sexual violenta. Se vocês forem analisar o direito comparado, lá não se fala em estupro, mas se fala em violação sexual. E seria melhor não se falar mais em estupro no Brasil porque hoje o homem pode ser estuprado.
Repercussão prática dessa mudança. A primeira que eu vislumbro de imediato:
Antes, se o sujeito ativo, no mesmo contexto fático praticasse estupro e, em seguida, atentado violento ao pudor contra a mesma vítima, a posição majoritária, inclusive do STF (não obstante alguns entendimentos isolados em outro sentido), é de que ele responderia pelos dois crimes em concurso material.
Agora, com a alteração dada pela Lei 12.015/09, reunindo num só tipo os dois comportamentos, transformou o crime simples em crime de ação múltipla ou conteúdo variado. Logo, se no mesmo contexto fático, o sujeito ativo mantiver conjunção carnal violenta com a vítima e em seguida com ela praticar outro ato libidinoso, ele vai responder por um só crime, devendo o juiz, obviamente, considerar a pluralidade de núcleos na fixação da pena-base. Quem, só mantém conjunção carnal violenta, merece uma pena menor do que aquele que mantém conjunção carnal violenta e, ainda, logo em seguida, pratica com a vítima outro ato libidinoso.
	Vejamos como tem se posicionado até o momento a jurisprudência em nossos tribunais superiores, pois no STJ a Quinta Turma tem divergido da Sexta Turma vejamos.
Na Quinta Turma:
	Informativo n. 440
Per’iodo: 21 a 25 de junho de 2010
Quinta Turma
CONTINUIDADE DELITIVA. ESTUPRO. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR.
Trata-se, entre outras questões, de saber se, com o advento da Lei n. 12.015/2009, há continuidade delitiva entre os atos previstos antes separadamente nos tipos de estupro (art. 213 do CP) e atentado violento ao pudor (art. 214 do mesmo codex), agora reunidos em uma única figura típica (arts. 213 e 217-A daquele código). Assim, entendeu o Min. Relator que primeiramente se deveria distinguir a natureza do novo tipo legal, se ele seria um tipo misto alternativo ou um tipo misto cumulativo. Asseverou que, na espécie, estaria caracterizado um tipo misto cumulativo quanto aos atos de penetração, ou seja, dois tipos legais estão contidos em uma única descrição típica. Logo, constranger alguém à conjunção carnal não será o mesmo que constranger à prática de outro ato libidinoso de penetração (sexo oral ou anal, por exemplo). Seria inadmissível reconhecer a fungibilidade (característica dos tipos mistos alternativos) entre diversas formas de penetração. A fungibilidade poderá ocorrer entre os demais atos libidinosos que não a penetração, a dependerdo caso concreto. Afirmou ainda que, conforme a nova redação do tipo, o agente poderá praticar a conjunção carnal ou outros atos libidinosos. Dessa forma, se praticar, por mais de uma vez, cópula vaginal, a depender do preenchimento dos requisitos do art. 71 ou do art. 71, parágrafo único, do CP, poderá, eventualmente, configurar-se continuidade. Ou então, se constranger vítima a mais de uma penetração (por exemplo, sexo anal duas vezes), de igual modo, poderá ser beneficiado com a pena do crime continuado. Contudo, se pratica uma penetração vaginal e outra anal, nesse caso, jamais será possível a caracterização de continuidade, assim como sucedia com o regramento anterior. É que a execução de uma forma nunca será similar à de outra, são condutas distintas. Com esse entendimento, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, afastou a possibilidade de continuidade delitiva entre o delito de estupro em relação ao atentado violento ao pudor. HC 104.724-MS, Rel. originário Min. Jorge Mussi, Rel. para acórdão Min. Felix Fischer, julgado em 22/6/2010.
HABEAS CORPUS. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. CONDENAÇÃO PELOS CRIMES EM CONCURSO MATERIAL. SUPERVENIÊNCIA DA LEI N.º 12.015/2009. REUNIÃO DE AMBAS FIGURAS DELITIVAS EM UM ÚNICO CRIME. TIPO MISTO CUMULATIVO. CUMULAÇÃO DAS PENAS. INOCORRÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. FIXAÇÃO DO REGIME INTEGRALMENTE FECHADO. IMPOSSIBILIDADE. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1.º, § 2.º DA LEI N.º 8.072/90.
1. Antes da edição da Lei n.º 12.015/2009 havia dois delitos autônomos, com penalidades igualmente independentes: o estupro e o atentado violento ao pudor. Com a vigência da referida lei, o art. 213 do Código Penal passa a ser um tipo misto cumulativo, uma vez que as condutas previstas no tipo têm, cada uma, “autonomia funcional e respondem a distintas espécies valorativas, com o que o delito se faz plural” (DE ASÚA, Jimenez, Tratado de Derecho Penal, Tomo  III, Buenos Aires, Editorial Losada, 1963, p. 916).
2. Tendo as condutas um modo de execução distinto, com aumento qualitativo do tipo de injusto, não há a possibilidade de se reconhecer a continuidade delitiva entre a cópula vaginal e o ato libidinoso diverso da conjunção carnal, mesmo depois de o Legislador tê-las inserido num só artigo de lei.
3. Se, durante o tempo em que a vítima esteve sob o poder do agente, ocorreu mais de uma conjunção carnal caracteriza-se o crime continuado entre as condutas, porquanto estar-se-á diante de uma repetição quantitativa do mesmo injusto. Todavia, se, além da conjunção carnal, houve outro ato libidinoso, como o coito anal, por exemplo, cada um desses caracteriza crime diferente e a pena será cumulativamente aplicada à reprimenda relativa à conjunção carnal. Ou seja, a nova redação do art. 213 do Código Penal absorve o ato libidinoso em progressão ao estupro – classificável como praeludia coiti – e não o ato libidinoso autônomo, como o coito anal e o sexo oral.
4. Diante da declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal do § 1º do art. 2.º da Lei 8.072/90, e após a publicação da Lei n.º 11.464/07, afastou-se do ordenamento jurídico o regime integralmente fechado antes imposto aos condenados por crimes hediondos, assegurando-lhes a progressividade do regime prisional.
5. Ordem parcialmente concedida, apenas para afastar o regime integralmente fechado de cumprimento de pena. (HC 78.667/SP, Rel. Ministra  LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 22/06/2010, DJe 02/08/2010)
Na Sexta Turma.
 
HABEAS CORPUS. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. CRIME CONTINUADO x CONCURSO MATERIAL. INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI Nº 12.015/09. MODIFICAÇÃO NO PANORAMA. CONDUTAS QUE, A PARTIR DE AGORA, CASO SEJAM PRATICADAS CONTRA A MESMA VÍTIMA, NUM MESMO CONTEXTO, CONSTITUEM ÚNICO DELITO. NORMA PENAL MAIS BENÉFICA. APLICAÇÃO RETROATIVA. POSSIBILIDADE.
1. A Lei nº 12.015/09 alterou o Código Penal, chamando os antigos Crimes contra os Costumes de Crimes contra a Dignidade Sexual.
2. Essas inovações, partidas da denominada “CPI da Pedofilia”, provocaram um recrudescimento de reprimendas, criação de novos delitos e também unificaram as condutas de estupro e atentado violento ao pudor em um único tipo penal. Nesse ponto, a norma penal é mais benéfica.
3. Por força da aplicação do princípio da retroatividade da lei penal mais favorável, as modificações tidas como favoráveis hão de alcançar os delitos cometidos antes da Lei nº 12.015/09.
4. No caso, o paciente foi condenado pela prática de estupro e atentado violento ao pudor, por ter praticado, respectivamente, conjunção carnal e coito anal dentro do mesmo contexto, com a mesma vítima.
5. Aplicando-se retroativamente a lei mais favorável, o apensamento referente ao atentado violento ao pudor não há de subsistir.
6. Ordem concedida, a fim de, reconhecendo a prática de estupro e atentado violento ao pudor como crime único, anular a sentença no que tange à dosimetria da pena, determinando que nova reprimenda seja fixada pelo Juiz das execuções. (HC 144.870/DF, Rel. Ministro  OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 09/02/2010, DJe 24/05/2010)
No Supremo Tribunal Federal a Segunda Turma determinou que a regra da continuidade delitiva (mais benéfica no caso) deve ser aplicada ao condenado pelos crimes de estupro e atentado violento ao pudor em concurso material, aplicando a nova regra da Lei 12.015/2009 que unificou em um mesmo dispositivo (Art. 213 com sua nova redação dada pela Lei 12.015/2009) os crimes de estupro e atentado violento ao pudor. Vejamos:
“EMENTA: AÇÃO PENAL. Estupro e atentado violento ao pudor. Mesmas circunstâncias de tempo, modo e local. Crimes da mesma espécie. Continuidade delitiva. Reconhecimento. Possibilidade. Superveniência da Lei nº 12.015/09. Retroatividade da lei penal mais benéfica. Art. 5º, XL, da Constituição Federal. HC concedido. Concessão de ordem de ofício para fins de progressão de regime. A edição da Lei nº 12.015/09 torna possível o reconhecimento da continuidade delitiva dos antigos delitos de estupro e atentado violento ao pudor, quando praticados nas mesmas circunstâncias de tempo, modo e local e contra a mesma vítima.” (STF - HC 86110/SP - São Paulo - Segunda Turma - Rel. Min. Cezar Peluso - julgado em 02-3-2010 - DJe: 071 - divulg. 22-4-2010 - public. 23-4-2010, ement vol-02398-01 - pp-00089)
Estupro e Atentado Violento ao Pudor: Lei 12.015/2009 e Continuidade Delitiva
Em observância ao princípio constitucional da retroatividade da lei penal mais benéfica (CF, art. 5º, XL), deve ser reconhecida a continuidade delitiva aos crimes de estupro e atentado violento ao pudor praticados anteriormente à vigência da Lei 12.015/2009 e nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução. Com base nesse entendimento, a Turma concedeu habeas corpus de ofício para determinar ao juiz da execução, nos termos do enunciado da Súmula 611 do STF, que realize nova dosimetria da pena, de acordo com a regra do art. 71 do CP. Tratava-se, na espécie, de writ no qual condenado em concurso material pela prática de tais delitos, pleiteava a absorção do atentado violento ao pudor pelo estupro e, subsidiariamente, o reconhecimento da continuidade delitiva. Preliminarmente, não se conheceu da impetração. Considerou-se que a tese defensiva implicaria reexame de fatos e provas, inadmissível na sede eleita. Por outro lado, embora a matéria relativa à continuidade delitiva não tivesse sido apreciada pelas instâncias inferiores, à luz da nova legislação, ressaltou-se que a citada lei uniu os dois ilícitos em um único tipo penal, não mais havendo se falar em espécies distintas de crimes. Ademais, elementos nos autos evidenciariam que os atos imputados ao paciente teriam sido perpetrados nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução.
HC 96818/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, 10.8.2010. (HC-96818)
 
	Antes da nova lei, a doutrina e a jurisprudência do STF não admitia a aplicação da continuidade delitiva entre o crime de estupro e atentado violento aopudor por considerar que eles constituíam crimes de espécies diversas, sendo aplicado ao caso a regra do concurso material de crimes em que a pena é aplicada cumulativamente. Assim podemos dizer que com exceção da posição da Quinta Turma do STJ que segundo o precedente citado entende (de forma incorreta advirta-se) que coito vaginal concorrendo com coito anal deve ser tratado ainda como crimes distintos, tem prevalecido que o art. 213 do CP com sua nova redação agora prevê um tipo penal misto alternativo tratando-se de crime único. 
Agora, prestem atenção. Vocês perceberam, portanto, que antes da Lei 12.015/09, a maioria entendia o concurso material de delitos. Agora, o crime é único, devendo o juiz sopesar na fixação da pena-base. O que significa isso? Mudança benéfica. Vai retroagir para alcançar os fatos pretéritos! Todo aquele que foi condenado em concurso material tendo praticado os dois comportamentos no mesmo contexto fático, vai ser beneficiado com a alteração. Caso já esteja cumprindo pena, compete ao juiz da execução (STF, Súmula 611) corrigir, aplicando a lei mais benéfica.
	A outra repercussão prática que eu vejo particularmente importante é a seguinte: nós sabemos que um dos dois abortamentos permitidos no Brasil é o abortamento sentimental, que é aquele permitido quando a gravidez resulta de estupro. Havia ainda uma pequena corrente doutrinária, minoria, negando a extensão do abortamento sentimental para gravidez resultante de atentado violento ao pudor. Agora, com a alteração, nós não temos dúvidas. Não há espaço para discordância. O atentado violento ao pudor, espécie de estupro em sentido amplo, também permite o abortamento sentimental. Então, hoje o abortamento sentimental é possível, tenha sido a gravidez resultante de estupro, tenha sido a gravidez resultante de atentado violento ao pudor, espécie de estupro em sentido amplo.
	Agora, um detalhe importante: 
Antes eu falava que o estupro era um crime bipróprio: sujeito ativo imediato: homem, sujeito passivo constante: mulher. Até era pergunta corrente em concurso. 
Hoje, passou a ser crime bicomum. Hoje, homem pode ser vítima de estupro. Você, homem, que não admitia ser vítima de estupro, eu homem, que sempre quis ser potencial vítima de estupro (tem homens que querem igualdade com a mulher...), então, você homem, fica tranquilo, você já pode ser estuprado porque agora estupro não é mais só pênis-vagina, mas também vagina-pênis! 
	Isso já caiu em concurso: TJ/MS. O examinador perguntou: “doutor, que crime pratica a mulher que coloca uma arma na cabeça do homem e o obriga a possuí-la?” Foi pergunta! O candidato teve dificuldade em responder porque não imaginava como a vítima ia conseguir fazer isso por uma questão de ordem instrumental, mas a resposta certa era a de que essa mulher praticava somente constrangimento ilegal. Então, ela pratica crime de menor potencial ofensivo. Se for o homem, crime hediondo.
	Vejam, se for a mulher constrangendo o homem à conjunção carnal, a doutrina respondia: constrangimento ilegal. Se fosse o homem constrangendo a mulher a tal comportamento sexual, estupro. Agora, não! Agora, seja um, seja outro, temos estupro! O homem pode ser vítima de estupro!
	Com relação ao art. 213 e as alterações promovidas pela Lei 12.015/2009, essas eram as observações que eu tinha para fazer do caput. Vamos à análise pormenorizada de todo o artigo analisando toda sua estrutura típica:
	
	2.1.	Estupro – Art. 213, caput 
	Estupro
	Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Alterado pela L-012.015-2009) Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Alterado pela L-012.015-2009)
	a)	Sujeitos do crime
	Agora, qualquer pessoa pode ser autor de estupro. Em qualquer das modalidades: sejam atos de conjunção carnal, sejam atos diversos da conjunção carnal. O crime, de bipróprio passou a ser bicomum porque qualquer pessoa pode praticar e qualquer pessoa pode sofrer. Rogério Greco, em palestra, anunciou que discorda. Mas a esmagadora maioria que escreveu sobre o assunto diz que é bicomum. Deixou de ser bipróprio: qualquer pessoa pode praticar, qualquer pessoa pode ser vítima. Até o homem. Essa mudança foi positiva no aspecto de se verificar se o transexual era vítima de estupro. Hoje, acabou a polêmica, pois agora, é possível o transexual ser vítima do crime. Antigamente isso era questionado: se transexual era vítima de estupro ou atentado violento ao pudor. Hermafrodita, idem.
	Olha o que diz o art. 226, II:
	Aumento de Pena
	Art. 226 - A pena é aumentada: II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela; (Alterado pela L-011.106-2005)
	Isso não deixa dúvida que hoje é perfeitamente possível estupro praticado por cônjuge ou companheiro/a. Não é exercício regular de direito como dizia Nelson Hungria. Homem pode estuprar a mulher, no sentido de ser possível. A mulher também pode estuprar o seu marido. Além de ser possível o crime de estupro é o estupro majorado da metade. 
	Se a vítima é menor de 18 anos:
Antes da Lei 12.015/09 – Era uma circunstância judicial desfavorável.
Depois da Lei 12.015/09 – Agora é uma qualificadora prevista no § 1º onde a pena passa a ser de 8 a 12 anos. Estou diante de uma novatio legis in pejus. Irretroativa. Cuidado com os estupros anteriores à Lei 12.015 na prova.
	Observação – Se a vítima for menor de 14 anos, passa a ser estupro de vulnerável do art. 217-A.
	Prostituta pode ser vítima de estupro? Não se exige nenhuma qualidade ou condição especial da vítima. Prostituta não perde a dignidade sexual por ser prostituta.
	
	b)	Tipo objetivo
	O que pune o art. 213? Agora ele não pune só a conjunção carnal. Pune:
Conjunção carnal com violência
Constranger a vítima a praticar atos libidinosos diversos da conjunção carnal ou
Constranger a vítima a permitir que se pratique atos libidinosos diversos da conjunção carnal com violência
	Eu posso resumir tudo isso em atos de libidinagem violentos. Quando falo em atos de libidinagem, estou abrangendo, tanto a conjunção carnal, como atos de libidinagem diversos da conjunção carnal. Então, vou usar muito essa expressão com vocês: atos de libidinagem, que é o gênero, do qual são espécies a conjunção carnal e os atos libidinosos.
	Conjunção carnal, todo mundo sabe o que é: pênis-vagina e vagina-pênis. Mas o que são atos libidinosos diversos da conjunção carnal? Acariciou o cabelo é ato libidinoso diverso da conjunção carnal? O beijo seria ato libidinoso? Estou querendo mostrar que essa é uma expressão porosa, ambígua, genérica. Melhor seria o legislador exemplificar o que é ato libidinoso, como ele faz no homicídio, quando ele exemplifica o que é torpeza, o que é crueldade. Melhor seria o legislador exemplificar para evitar o exagero. E qual o exagero que muito se cometeu? O beijo lascivo. Vocês vão encontrar julgados dizendo que beijo lascivo é atentado violento ao pudor, hoje, estupro. E o que é beijo lascivo? Conceitua beijo lascivo! Dizem que beijo lascivo é aquele que provoca desconforto para quem olha. Muitos julgados colocaram beijo lascivo como ato libidinoso diverso da conjunção carnal. É absurdo! Jogar o cara numa masmorra, por crime hediondo por causa de beijo lascivo?? 
	O que é o melhor, então? É analisar o caso concreto. Tem que ser um ato que atenta contra a dignidade sexual da vítima. Tem que ser um ato que efetivamente atenta contra a dignidade sexual da vítima. Sem exageros. Beijo lascivo tem que ser tratado como contravenção penal (art. 61 da Dec.-lei 3.688/41- Lei das Contravenções Penais). Eu não estou dizendo que não é infração penal. Mas tem que ser tratado como infração penal de menor potencial ofensivo observando um critério de proporcionalidade.Para haver estupro é dispensável ou indispensável o contato entre agente e vítima? Vocês conseguem imaginar um estupro sem contato físico entre agente e vítima? Essa pergunta caiu na fase oral da magistratura/SP. No ano seguinte foi pergunta da primeira fase do MP/SP. Era a mesma pergunta. O crime é constranger a vítima a praticar atos libidinosos, à conjunção carnal. Prevalece que o contato físico é dispensável. Alguém consegue imaginar um exemplo? O exemplo está no livro do Mirabete com jurisprudência: obrigar a vítima a se masturbar. Obrigar a vítima a explorar o próprio corpo na automasturbação. A minoria entende que o contato físico é indispensável e, sendo assim, não havendo contato físico haveria mero constrangimento ilegal (art. 146 do CP).
	b)	Tipo subjetivo
	O crime é punido a título de dolo. É só dolo ou dolo com finalidade especial?
	1ª Corrente:	Mirabete entende imprescindível a finalidade especial de manter conjunção carnal ou outro ato libidinoso. Para Mirabete, isso é finalidade especial. Não é um mero dolo.
	2ª Corrente:	Para Capez, não há finalidade específica exigida pelo tipo.
	3ª Corrente:	Temos jurisprudência exigindo a finalidade especial de satisfação da lascívia. Essa terceira corrente é um absurdo porque se você mantém conjunção carnal violenta com uma mulher por amor, por ódio, por vingança, não seria crime. Absurdo! 
	A disputa está nas duas primeiras correntes. A Lei 12.015 perdeu uma ótima oportunidade de ter resolvido o assunto, mas não resolveu.
	c)	Consumação e Tentativa
	O crime se consuma com a prática do ato de libidinagem, sendo perfeitamente possível a tentativa.
	d)	Conjunção carnal + atos libidinosos no mesmo contexto fático
	Preste atenção em um assunto que vai começar a ser muito explorado de agora em diante: como ficava a punição do agente que praticava atos libidinosos e conjunção carnal com a mesma pessoa no mesmo contexto fático? O agente introduz pênis-vagina e, em seguida pratica o sexo anal ou obriga a vítima a praticar com ele sexo oral depois de um coito natural. Vejam como era antes e como ficou.
Antes da Lei 12.015/09 – Ele respondia pelo art. 213 + o art. 214 em concurso material. Esta era inclusive a posição do Supremo. Era posição não unânime, mas que prevalecia no Supremo. Não se admitia continuidade delitiva por serem crimes de espécies diversas.
Depois da Lei 12.015/09 – Ele responde só pelo art. 213. Não há concurso porque o crime é de ação múltipla de conteúdo variado, alternativo. Ele vai responder por um só crime. O juiz vai considerar a pluralidade de praticas na fixação da pena.
	O que aconteceu? Novatio legis in mellius. Essa alteração é retroativa. Casos que estão sendo investigados por art. 213 e 214 e não podem ser denunciados pelos dois. Quem já foi condenado pelos dois crimes em concurso material, o juiz da execução tem que unificar as penas. Há vários doutrinadores que pensam assim: Luiz Flávio Gomes, Nucci. E é o que tem prevalecido. 
	Reparem que não é mais concurso de crimes se no mesmo contexto fático. Em contextos fáticos diversos, o concurso é possível. Já tem gente escrevendo errado, dizendo que não tem mais concurso. Só não tem mais concurso se for no mesmo contexto fático. Se fora do mesmo contexto fático, é perfeitamente possível concurso de delitos: concurso material ou continuidade delitiva. Depende das circunstâncias. Se você pratica 5 estupros em 5 dias distintos contra 5 vítimas diferentes. Óbvio que há aí, pelo menos, uma continuidade delitiva. Cuidado para não dizer que não existe mais concurso de crimes no delito de estupro!
	e)	Qualificadoras: Lesão grave, vítima menor de 18 e maior de 14 anos e morte
	São circunstâncias que qualificam o crime de estupro a lesão grave, o fato da vítima ser menor de 18 e maior de 14 anos e a morte. Vamos analisar isso antes e depois da Lei 12.015/09. 
	Antes. Essa qualificadora estava no art. 223, do CP. Vamos ler a redação antiga. O art. 223 foi abolido. Seu conteúdo foi deslocado.
		Formas Qualificadas
		Art. 223 - Se da violência resulta lesão corporal de natureza grave: (Revogado pela L-012.015-2009) Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Alterado pela L-008.072-1990)
		Parágrafo único - Se do fato resulta a morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 25 (vinte e cinco) anos.
	A redação anterior não abrangia grave ameaça. Antes, a redação falava em “violência resultando lesão grave”. Ao concentrar-se na expressão “violência”, não incluía a grave ameaça. Havendo, portanto, grave ameaça, não incidia a qualificadora, que só estava presente se resultasse lesão física. E, no caso da morte, o caso é o oposto: falava do fato. “Se do fato” para alguns abrangia violência, grave ameaça ou qualquer outra causa. A doutrina criticava muito esse artigo e, ao entenderem as críticas, vão entender as mudanças: é absurdo você qualificar um crime apenas quando o resultado advém de violência, ignorando a grave ameaça. A grave ameaça deveria estar abrangida também.
	Já na hipótese da morte é um absurdo você qualificar o crime quando o resultado advém do fato, abrangida qualquer outra causa, por exemplo, a vítima fugiu e foi atropelada. Você está ampliando muito a espécie de incriminação. Deveria ter ficado somente na violência ou grave ameaça. Não abrangendo outras causas alheias à vontade do agente. 
	O que o legislador fez com a Lei 12.015? Agora, as qualificadoras estão no art. 213, §§ 1º e 2º:
	§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Acrescentado pela L-012.015-2009) Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
	§ 2º Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
	Assim podemos apresentar as mudanças pelo seguinte quadro:
	ANTES da Lei 12.015/09
	DEPOIS da Lei 12.015/09
	Sem correspondência
	
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
	Art. 223 - Se da violência resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. 
	
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
	Art. 223 – (...)
Parágrafo único - Se do fato resulta a morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 25 (vinte e cinco) anos.
	§ 2º Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Se da conduta resulta lesão grave, pena: 8 a 12a nos. O legislador observou a crítica da doutrina. Agora, a lesão grave qualifica o crime se resulta da conduta, isto é, abrange grave ameaça. Se você entender uma falha da legislação anterior, nunca mais esquece a nova. A pena foi mantida. Corrigiram fazendo abranger a grave ameaça.
	No caso da morte, agora, o legislador corrigiu. Também se da conduta resulta morte. E, no caso, a pena passou a ser de 12 a 30 anos. Não falo mais em fato. Falo em conduta e a pena máxima subiu de 25 para 30 anos.
	A qualificadora do art. 223 era e permanece sendo preterdolosa ou preterintencional. Isto é, só incidem as qualificadoras se os resultados lesão grave e morte forem fruto de culpa. Cuidado! Estou diante de qualificadora preterdolosa ou preterintencional. Só responde pela qualificadora quem agiu com dolo no estupro e culpa na morte. Se ele quis ou aceitou a lesão ou a morte, eu tenho concurso de delitos. Estupro e lesão grave, ou estupro e homicídio. Aí esqueçam a qualificadora.
	Então, cuidado! Era e continua sendo preterdolosa. Dolo no estupro, culpa na lesão grave ou morte. Se ele quis ou aceitou esses resultados, esqueçam a qualificadora, ele responde por estupro e lesão grave ou homicídio. É o caso do maníaco do parque. Ele não respondeu pela antiga qualificadora do art.223. Ele queria a morte de suas vítimas. Ele foi a júri. 
Agora, a qualificadora foi incrementada: vejam que o § 1º, antes de falar dos resultados qualificadores, qualifica o estupro em sentido amplo se a vítima é menor de 18 ou maior de 14: reclusão de 8 a 12 anos. Essa qualificadora, antes da Lei 12.015/09, não existia. Era uma circunstância que o juiz utilizava na fixação da pena-base. Agora, não. Agora é qualificadora, portanto, qualificadora nova não retroage para alcançar os fatos pretéritos.
	Vejam se não parece óbvio: os crimes dos arts. 213 e 214, na verdade, foram reunidos somente no art. 213. Ao que tudo indica o próximo crime estaria no art. 214 (porque o que estava aí foi para o art. 213 e agora tem um espaço no art. 214). Não! O próximo crime está no art. 215. Vamos do art. 213 ao 215, sem ter o art. 214:
	2.2.	Violação Sexual Mediante Fraude – Art. 215, caput 
	O art. 215 pune o crime de violação sexual mediante fraude. Antes de ler o tipo, vamos ver o que aconteceu antes e depois da Lei 12.015/09:
	ANTES da Lei 12.015/09
	DEPOIS da Lei 12.015/09
	Posse Sexual Mediante Fraude
Art. 215, do CP - Ter conjunção carnal com mulher, mediante fraude:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
	Violação Sexual Mediante Fraude 
Art. 215, do CP. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
	Atentado ao Pudor Mediante Fraude
Art. 216 do CP - Induzir alguém, mediante fraude, a praticar ou submeter-se à prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Parágrafo único - Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (quatorze) anos: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. 
	Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
	Art. 215 do CP – (...)
Parágrafo único - Se o crime é praticado contra mulher virgem, menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Art. 216 do CP – (...)
Parágrafo único - Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (quatorze) anos: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. 
	Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. 
	Antes: Havia duas figuras tipificando a violação sexual mediante fraude:
	O art. 215 punia a posse sexual mediante fraude: o sujeito ativo homem induzia o sujeito passivo mulher a uma conjunção carnal com fraude. O sujeito ativo não usava a violência, não usava a grave ameaça, usava fraude. Era o que Mirabete chamava de estelionato sexual. Ele induzia em erro a mulher a manter com ele conjunção carnal. Usava engodo, artifício, ardil.
	E havia o art. 216, que punia o atentado ao pudor mediante fraude. O sujeito ativo e o sujeito passivo eram qualquer pessoa. A conduta era: atos libidinosos + fraude. Ele também não empregava violência e nem grave ameaça. Empregava fraude. O que o legislador faz na lei 12.015/2009? O mesmo que fez com o estupro e com o atentado violento ao pudor. Aqui, ele fez o mesmo, reunindo o art. 215, o art. 216 num só tipo penal, que é o art. 215, que é a violação sexual mediante fraude. 
	Violação Sexual Mediante Fraude (Alterado pela L-012.015-2009)
	Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: (Alterado pela L-012.015-2009) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Alterado pela L-012.015-2009)
	Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. (Alterado pela L-012.015-2009) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
	Vamos entender. Agora, qualquer pessoa pode praticar a violação sexual mediante fraude. Não importa se é conjunção carnal ou ato diverso da conjunção carnal. Qualquer pessoa também pode ser vítima desse delito.
	O sujeito ativo passou a ser comum e o sujeito passivo também, comum. Qualquer pessoa pode praticar o crime, qualquer pessoa pode sofrer as consequências do crime. Art. 226, II:
	Aumento de Pena
	Art. 226 - A pena é aumentada: II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela; (Alterado pela L-011.106-2005)
	Se a vítima é menor de 14 anos, o crime passa a ser o estupro de vulnerável – Art. 217-A.
	Vamos ler o art. 215 de novo e analisar com calma o que pune: “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima”. Eu falei que conjunção carnal e ato libidinoso são espécies de um gênero: ato de libidinagem. Vão se acostumando com isso. Se a jurisprudência começar a usar essa expressão, saiba que é gênero. Qual a grande mudança no disposto no art. 215? Antes, punia-se a conjunção carnal mediante fraude. Ou atos libidinosos mediante fraude. Hoje são punidos atos de libidinagem, que é gênero e fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.
	“Ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima” é a grande novidade da Lei 12.015/09. Quando esse crime só tinha um modus operandi o exemplo dado pela doutrina de ato libidinagem fraudulento: famoso exemplo dos irmãos gêmeos. Um irmão passa pelo outro. Ou a mulher no ginecologista. Ele, a pretexto de clinicá-la, satisfazia sua lascívia. Agora, há um novo modus operandi. Não só a fraude, mas qualquer outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. Mas que outro meio é esse? Onde estão os vícios da manifestação da vontade? No direito civil, que nos apresenta dois vícios da vontade: coação (se ele usar de coação, não há violação sexual mediante fraude, mas estupro), simulação (simulação é fraude, já está abrangida pela fraude). Mas tem doutrina dizendo que esse outro meio abrange o temor reverencial. Nós nunca sabíamos onde jogar o temor reverencial. Agora, se entende que o temor reverencial é outro meio que impede ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. Outro exemplo: embriaguez moderada da vítima. Isso também não configura estupro de vulnerável, mas violação sexual mediante fraude.
	A recente doutrina vem encontrando dois exemplos de “outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima”: temor reverencial, embriaguez moderada.
	Detalhe: vejam se configuram crime sexual mediante fraude: Um indivíduo está conversando com uma menina na boate, aproveito a desatenção dela coloca em sua bebida uma droga (boa-noite Cinderela). Ela perde os sentidos e, com ela, o indivíduo pratica relação sexual. Aí não é violação sexual mediante fraude porque aqui foi abolida sua resistência. Nesse caso, é estupro de vulnerável.
	“A fraude utilizada na execução do crime não pode anular a capacidade de resistência da vítima, caso em que estará configurado o delito de estupro de vulnerável (art. 217-A). assim, não pratica estelionato sexual, mas estupro de vulnerável, o agente que usa psicotrópicos para vencer a resistência da vítima.”
	Isso vai cair na prova! O meio utilizado pelo agente não pode anular a capacidade de resistência da vítima, em que haverá estupro de vulnerável e o exemplo, com certeza, será o uso de psicotrópicos.
	O crime é punido a título de dolo. Caiu na magistratura/SP (objeto de julgado recente do STJ): jovem universitária procurou pai de santo porque estava se sentindo carregada. Ele disse que, para o descarrego, ela precisava ter com ele conjunção carnal e ainda pagar. o STJ condenou esse “pai de santo" à violação sexual mediante fraude + estelionato. 
	Se fosse hoje, nesse exemplo do pai de santo, ele responderia somente pelo crime de violaçãosexual mediante fraude e sofreria um aumento. A finalidade econômica faria ele sofrer o aumento do art. 215, § único:
		Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. (Alterado pela L-012.015-2009)
		Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
	Hoje ele responderia por violação sexual mediante fraude + multa, pois ele agiu com o fim de receber vantagem econômica. Esse parágrafo único é novidade da Lei 12.015. 
	Como o delito se consuma? Com a prática do ato de libidinagem. É possível a tentativa? Perfeitamente possível. Emprega a fraude, mas não consegue consumar o ato de libidinagem por circunstâncias alheias à sua vontade.
	Antes da Lei 12.015, os arts. 215 e 216 qualificavam o crime quando a vítima tinha idade entre 14 e 18 anos. Inclusive, ela tinha que ser virgem no caso da posse mediante fraude. Hoje, essas qualificadoras foram abolidas. Não existe mais a qualificadora se a vítima tem entre 14 e 18 anos. Porém, o juiz pode considerar a idade dela ou a virgindade dela na fixação da pena base. Antes, o fato de a vítima ter entre 14 e 18 anos qualificava a violação sexual mediante fraude. Inclusive, tinha que ser virgem no art. 215. Hoje não. Hoje isso apenas pode interferir na fixação da pena-base.
	Terminamos o art. 215. O certo seria ir para o art. 216. Mas como não tem art. 216, vamos para o art. 216-A.
	2.3.	Assédio Sexual – Art. 216-A 
		Assédio Sexual
		Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
	Assédio Sexual: “É a insistência importuna de alguém em posição privilegiada, que usa dessa vantagem para obter favores sexuais de um subalterno.”
	Esse conceito, importantíssimo, é dos dicionários. É comum se perguntar a diferença entre assédio sexual, assédio ambiental e assédio moral. E assédio ambiental não tem nada a ver com meio ambiente.
	No assédio sexual, o assédio parte do superior para o subalterno e exige finalidade sexual. É de cima para baixo com finalidade sexual. Já com o assedio ambiental, o constrangimento é de cima para baixo, é o de baixo para cima ou de lado, dois empregados do mesmo escalão, tudo com finalidade sexual. Então, assédio sexual é de cima para baixo, com finalidade sexual. O assédio ambiental é de cima para baixo, de baixo para cima e de lado, sempre com finalidade sexual. E assédio moral? Moral também é de cima para baixo, de baixo para cima, também de lado, porém, sem finalidade sexual. Aqui, eu tenho a ridicularização no ambiente de trabalho. Um empregado ridicularizando o outro, por exemplo. São os constrangimentos ilegais no trabalho.
	O art. 216-A pune assédio sexual. Só de cima para baixo. O art. 216-A não pune de baixo para cima, nem o colateral. Isso é outro crime ou mera contravenção penal.
	O que mudou com a lei 12.015/2009:
	ANTES da Lei 12.015/09
	DEPOIS da Lei 12.015/09
	Assédio Sexual
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. 
	Assédio Sexual
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. 
	Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos
	Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos
	Sem correspondente
	§ 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.
Só mudou o § 2º que, aliás, é muito engraçado porque é um § 2º sem parágrafo 1º. Esse tipo é engraçado, traz um 216-A, sem 216 e um § 2º sem §1º.
	O § 2º foi acrescentado pela Lei 12.015/09 considerando a idade da vítima assediada. A pena aumentada é até um terço. Não é “de” um terço. Fica a critério do juiz a variação da majorante. É claro que o sujeito ativo tem que ter ciência da idade da vítima para evitar a responsabilidade penal objetiva. Essa majorante, não tendo correspondência ante da Lei 12.015/09 é irretroativa, não alcança fatos pretéritos o que não impede o juiz de, nos fatos pretéritos, considerar essas circunstâncias na fixação da pena-base.
	
O § único foi vetado. Mas o § 2º foi mantido:
		§ 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos. (Alterado pela L-012.015-2009)
	
	Sujeito ativo – Crime próprio. Só pode ser praticado por superior hierárquico ou pessoa que exerce ascendência. 
	Sujeito passivo - Quem é a vítima? O subalterno. Logo, estamos diante de um crime bipróprio.
	Art. 226 - A pena é aumentada: (Alterado pela L-011.106-2005)
	II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela; (Alterado pela L-011.106-2005)
	Cuidado! Não se pode aplicar a causa de aumento do preceptor ou empregador da vítima porque redundaria em bis in idem. O art. 226, II, se aplica no assédio sexual? Se aplica como preceptor ou empregador da vítima. Nesse caso, a aplicação do art. 226, II, resultaria em bis in idem.Você vai aplicar no art. 226, II, com exceção do que está grifado, para evitar bis in idem.
	Cuidado! O tipo penal não faz menção ao sexo dos envolvidos. É possível assédio sexual homo ou heterossexual. Tudo é crime.
	O caput pune: Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Existe assédio sexual professor-aluno? Isso caiu na magistratura/PR. É possível assédio sexual de professor para com aluno? Para responder isso, temos que decidir o que significa superior hierárquico ou ascendência. Foi uma pergunta de segunda fase. Ainda bem, porque aí o candidato podia explorar a divergência. Ele podia trocar a pergunta: existe assédio sexual bispo sacerdote?
1ª Corrente:	Quem é o superior hierárquico? “Para a primeira corrente, superior hierárquico retrata uma relação laboral no âmbito público. Ascendência retrata uma relação laboral no âmbito privado.” Reparem que para essa primeira corrente, é indispensável entre eles uma relação laboral. Pergunto: existe relação laboral entre professor e aluno? Não. Existe relação laboral professor-faculdade. Então, para essa primeira corrente, a resposta é: não existe o crime. O professor vai responder por constrangimento ilegal, etc. Mas não pelo art. 216-A, já que não existe uma relação laboral entre professor e aluno. Quem adota? Nucci.
2ª Corrente:	Superior hierárquico retrata uma relação laboral. Ascendência, para a segunda corrente, retrata domínio. O professor não tem uma relação laboral sobre o aluno, mas o aluno só passa de ano se o professor der a nota. Assim, a nota faz com que o professor tenha o domínio da situação. Para essa segunda corrente, por isso, o professor exerce ascendência, domínio sobre o aluno. Luiz Régis Prado (por isso magistratura/PR), pois este autor é de lá.
	Isso é discutido, tanto é que a pergunta foi feita em segunda fase, para você colocar as duas correntes. Porém creio que o Código Penal quis adotar a tese de Nucci porque fala em “inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.” Assim, parece clara a relação laboral como pressuposto.
	Cezar Roberto Bittencourt admite o constrangimento com violência ou grave ameaça. Não é o que prevalece porque se houver violência ou grave ameaça, há estupro. Pode haver ameaça a gerar o art. 216-A, grave ameaça, não.
	Tipo subjetivo - O crime é punido a título de dolo, com finalidade especial: “com intuito de obter vantagem ou favorecimentosexual.” eis a finalidade especial do crime. 
	Questão que caiu na magistratura/RJ: Pratica este crime o diretor de uma multinacional que obriga sua secretária a conceder favores sexuais ao seu filho? “Meu filho é virgem, eu preciso que você me ajude, etc.” Ele está buscando o ato sexual, não para si, mas para outrem. O tipo penal, quando quer que a vantagem seja para si ou para outrem, o faz expressamente. Prevalece que abrange porque diz o seguinte: com o intuito de obter vantagem é para si. Ou favorecimento sexual é para outrem. Foi isso que o examinador perguntou: qual a diferença entre vantagem ou favorecimento? Vantagem é para si, favorecimento é para outrem. Era isso que o examinador queria ouvir. Então, para si está implícito no obter vantagem. E para outro está implícito na expressão “favorecimento sexual”. Na doutrina, é o que prevalece.
	Quando este crime se consuma? A doutrina diverge se esse crime é ou não habitual. 
1ª Corrente:	Entende que o crime não é habitual e se é assim, ele se consuma com o primeiro ato constrangedor (o primeiro bilhetinho), independentemente da obtenção da vantagem ou favor sexual. 
2ª Corrente:	O crime é habitual, ou seja, exige reiteração de atos constrangedores. Se o crime exige isso, dispensa a obtenção da vantagem sexual. As duas correntes concordam que o crime é formal. Mas a primeira se contenta com o ato constrangedor. A segunda exige reiteração de atos constrangedores. Mas as duas concordam que o crime é formal. 
Essa discussão tem algum interesse prático? Sim. A primeira corrente admite a tentativa (bilhete interceptado), a segunda não. Se você concorda que o crime não é habitual, admite tentativa. Se você concorda com a segunda tentativa (o crime é habitual), não admite tentativa.
	Prevalece a primeira corrente, mas a segunda é que está correta. Olha o conceito: assédio sexual é a insistência inoportuna. Isso pressupõe reiteração de atos. Há um juiz do trabalho que escreve sobre isso. Na justiça do trabalho, sempre que fala em assédio existe reiteração. Rodolfo Pamplona afirmando que é habitual, exige reiteração de conduta.

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