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consumidor_24-08

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11 - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA 
 
A) CONDIÇÕES PARA A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA 
 
Com relação ao inciso VIII do artigo 6º do CDC: 
 
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, 
inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu 
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, 
for verossímil a alegação ou quando for ele 
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de 
experiências; 
 
Este inciso encontra desdobramento no artigo 333 do CPC. 
 
O CDC trata da inversão do ônus da prova em duas oportunidades: 
 
- Artigo 38 – ope legis (por força da lei) 
- Artigo 6º, VIII – ope judicis (por decisão do juiz). 
 
Então, de acordo com o artigo 6º, VIII, para que haja a inversão do 
ônus da prova o juiz irá observar: 
 
1º VEROSSIMILHANÇA – É o juízo de probabilidade extraído do 
material probatório de feito indiciário, do qual se consegue formar 
a opinião de ser provavelmente verdadeira a versão do consumidor. 
 
O juízo de verossimilhança deve decorrer de indícios (fatos certos 
que permitem, por raciocínio lógico, a extração de juízos sobre 
fatos incertos) para se chegar a presunções (parte de fatos 
conhecidos para se chegar a conclusões lógicas), que não devem ser 
confundidas com suposições (que são meramente especulações 
imaginativas). 
 
No caso de ser constatada a verossimilhança das alegações, não 
haverá uma inversão do ônus da prova, propriamente dita, porque o 
juiz, com a ajuda da experiência e das regras da vida, se limitará a 
reconhecer como verdadeiro o fato alegado pelo consumidor (júris 
tantum - apenas de direito, presunção que não admite prova em 
contrário), a menos que a outra parte consiga comprovar o 
contrário. 
 
2º HIPOSSUFICIÊNCIA – Neste caso acontece a verdadeira inversão 
do ônus da prova, haja vista ser demonstrada a “inferioridade, 
econômica, técnica e cultural do consumidor.” 
 
Já foi adotado como conceito de insuficiência o disposto no artigo 
2º da lei 1.060/50 (LAJ) que trata da assistência judiciária, senão 
vejamos: 
 
Art. 2º. Gozarão dos benefícios desta Lei os 
nacionais ou estrangeiros residentes no país, que 
necessitarem recorrer à Justiça penal, civil, militar 
ou do trabalho. 
 
Parágrafo único. - Considera-se necessitado, para 
os fins legais, todo aquele cuja situação econômica 
não lhe permita pagar as custas do processo e os 
honorários de advogado, sem prejuízo do sustento 
próprio ou da família. 
 
 
B) MOMENTO DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA 
 
Existem três correntes doutrinárias que examinam a oportunidade 
para a inversão, todas são corretas e também objeto de críticas. 
 
1º João Batista de Almeida – Entende que será no momento do 
recebimento da inicial. 
 
2º Humberto Theodoro Júnior – Defende que será na decisão 
saneadora ou no momento posterior à contestação. 
 
3º Kazuo Watanabe – Entende que será no momento da sentença. 
 
 
12 – RESPONSABILIDADE 
 
A) TEORIA GERAL DA RESPONSABILIDADE 
 
Após percorrer todos os caminhos referentes aos Danos e ao Nexo 
de Causalidade, terá que existir um responsável. Eis que surge a 
Responsabilização. Ela pode ser: 
 
1º Responsabilidade Civil: O patrimônio do devedor é quem 
responde por suas obrigações em virtude do descumprimento de 
uma norma jurídica contratual ou não. 
 
2º Responsabilidade Penal: É aplicada ao meliante que infringe 
uma norma de direito público (prática de crime ou contravenção), 
respondendo pela privação de sua liberdade. 
 
 
B) DIVISÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
1ª Responsabilidade Civil Subjetiva: Esta é a teoria clássica, 
baseada na “culpa”. 
 
Amparada em três alicerces: a culpa, o dano e nexo de causalidade. 
Esta teoria aponta a culpa (dolosa ou culposa) como o fundamento 
da obrigação de reparação por meio da comprovação do dano e do 
nexo de causalidade. 
 
Está embasada nos artigos 927 caput, 186 e 187 do CC. 
 
Porém, a doutrina em geral sempre demonstrou certa frustração 
com a teoria subjetiva que se encontrava “limitada” para cobrir 
todos os casos de reparação de danos, pois nem sempre o lesado 
conseguia provar a culpa do agente seja: por desigualdade 
econômica ou por cautela excessiva do juiz, e como consequência, 
muitas vezes o autor/vítima não era indenizado, embora tivesse 
sido lesado. 
 
2º Responsabilidade Civil Objetiva: O ordenamento jurídico passou 
então a desenvolver a teoria objetiva, baseada no “risco”. 
 
Esta teoria não estava presente no Código Civil de 1916, mas 
começou a ser positivada por Leis Especiais, e logo pela 
Constituição Federal. Vejamos algumas leis pela sequência 
Cronológica: 
 
- Lei das Estradas de Ferro (Decreto nº. 2.681/12). 
- Código Brasileiro de Aeronáutica (Lei 7.565/86) – arts. 246 a 287. 
- Constituição Federal (Promulgada/88) – art. 37, p. 6º. 
- Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) – art. 14. 
- Código Civil (Lei 10.406/02) – art. 927, p. único. 
 
Todas estas leis, preveem o ressarcimento dos danos sem a 
necessidade de se provar a culpa do agente que o causou, mas 
apenas com a exposição verossímil do dano e do nexo de 
causalidade, ressalvado o direito de regresso contra o responsável 
nos casos de culpa, conforme narra o próprio artigo 37, p.6º da CF. 
 
Conforme o parágrafo 6º do art. 37 da CF, para a teoria objetiva, o 
causador do dano ainda pode responder subjetivamente por meio 
de uma ação regressiva, se comprovado (dolo ou culpa). Se não 
comprovado o dolo ou culpa, somente haverá a responsabilização 
objetiva pelo responsável ao agente. 
 
Está teoria encontra amparos específicos em várias Leis Esparsas, e 
amparo geral no Arts. 37, p. 6º da CF e 927, p. único do CC. 
 
3º Teoria do Risco Integral 
 
É a modalidade RADICAL da teoria objetiva, na qual o agente fica 
obrigado a reparar o dano causado, baseando-se apenas no dano. 
 
O parágrafo único do art. 927 do CC, não faz qualquer restrição ao 
tipo de risco. Em outras palavras, o referido dispositivo determina 
apenas a reparação quando a atividade normalmente desenvolvida 
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os 
direitos de outrem. 
 
O dever de indenizar exsurge apenas do dano, ainda que sem culpa, 
nexo de causalidade, ou oriundo de: 
 
- Culpa exclusiva da vítima: supralegal. (Culpa concorrente 945 CC) 
 
- Fato de terceiro: (art. 439 e 440 cc) 
 
- Caso fortuito ou força maior: (art. 393 cc) 
 
 
A doutrina estabelece, geralmente, três hipóteses de risco integral 
em nosso ordenamento. 
 
a) Dano ambiental: 
 
Arts. 225, p. 3º da CF. 
Art. 14, p. 1º da Lei 6.938/81 – Reparação do dano Ambiental. 
 
Art. 14, - Sem prejuízo das penalidades definidas 
pela legislação federal, estadual e municipal, o não 
cumprimento das medidas necessárias à 
preservação ou correção dos inconvenientes e danos 
causados pela degradação da qualidade ambiental 
sujeitará os transgressores: 
 
(...) 
 
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades 
previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, 
independentemente da existência de culpa, a 
indenizar ou reparar os danos causados ao meio 
ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. 
O Ministério Público da União e dos Estados terá 
legitimidade para propor ação de responsabilidade 
civil e criminal, por danos causados ao meio 
ambiente. 
 
 
b) Seguro obrigatório: 
 
Art. 5º da Lei 6.194/74 - Trata sobre a indenização pelo seguro 
obrigatório (DPVAT). 
 
Art. 5º - O pagamento da indenização será efetuado 
mediante simples prova do acidente e do dano 
decorrente, independentemente da existência de 
culpa, haja ou não resseguro, abolidaqualquer 
franquia de responsabilidade do segurado. 
 
 
c) Danos Nucleares 
 
Art. 21, XXIII, “d” da CF. 
Art. 8º da Lei 6.453/77 – Responsabilidade do Operador de Usinas 
Nucleares. 
 
Art. 8º - O operador não responde pela reparação do 
dano resultante de acidente nuclear causado 
diretamente por conflito armado, hostilidades, 
guerra civil, insurreição (rebelião) ou excepcional 
fato da natureza. 
 
Exemplo: O acidente na usina nuclear de Fukushima no Japão, 
devido ao tsunmi causando um risco global de contaminação 
radioativa. Se este acidente estivesse ocorrido aqui no Brasil, seria 
aplicada a Teoria do Risco Integral. 
 
Vejamos alguns outros artigos importantes que falam sobre a 
Responsabilidade Civil para reparar os Danos Materiais e/ou 
Morais. 
 
Art. 5º V, X, CF – moral, imagem e intimidade; 
Art. 935 do CC – independência de esferas 
Art. 389 e Art. 395 – inadimplemento das obrigações (contratual) 
 
 
 
C) RESPONSABILIDADE CIVIL NO CDC 
 
Está ancorada em vários artigos. Via de regra, a responsabilidade 
no CDC será “solidária”, mas também poderá ser “subsidiária” 
conforme alguns casos que veremos mais adiante. 
 
A responsabilização no CDC se faz em virtude: 
 
- Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço: 
 (Art. 12 ao 17 CDC). 
 
- Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço: 
 (Art. 18 ao 25 CDC). 
 
- A responsabilidade Objetiva se faz presente através dos artigos: 
 (12, 14, 20). 
 
- A responsabilidade Solidária, por sua vez consta nos artigos: 
 (7º, p. único, 18 caput, 19 caput, 25, p.1º, e 34). 
 
 
 
Conforme visto anteriormente, nos casos do profissional médico ou 
da clínica médica, como ficaria a questão da responsabilidade? 
 
Quando o contrato for diretamente com o médico (profissional 
liberal), a responsabilidade será baseada na “culpa (imperícia, 
imprudência ou negligência)”, tratando-se então de 
responsabilidade subjetiva, de acordo com o artigo 14, p. 4º do 
CDC. 
 
Vejamos o que diz também o Código de Ética Médica (Resolução 
CFM nº 1.246/88), art. 29: 
 
“É vedado ao médico: praticar atos profissionais 
danosos ao paciente, que possam ser caracterizados 
como imperícia, imprudência ou negligência". 
 
 
Quando o contrato for pactuado com uma clínica médica (empresa), 
a responsabilidade será objetiva, segundo interpretação restritiva 
do próprio art. 37, p. 6ª da CF. 
 
 
D) RESPONSABILIDADE PENAL NO CDC 
 
Esta está prevista a partir do artigo 61 usque 80, que tratam das 
infrações penais oriundas de crimes contra as relações de consumo. 
Lembrando que o rol de crimes não é taxativo, logo poderá ser 
aplicado também o Código Penal, bem como Leis esparsas. 
 
 
 
 
13 QUESTÕES IMPORTANTES 
 
 A) CULPA 
 
Inicialmente a Culpa do agente (público ou privado) poderá 
configurar ato ilícito: 
 
- CONTRATUAL: Conceituada por Pontes de Miranda como 
“infração contratual”. Traduz-se quando o agente causador deixa de 
cumprir qualquer das cláusulas avençadas no contrato. 
 
- EXTRACONTRATUAL (aquiliana): Conceituada por Pontes de 
Miranda como “infração delitual”. Esta deriva da contrariedade de 
normas jurídicas, caracterizando-se pela falta de acordo entre as 
partes. 
 
Esta modalidade é a mais utilizada no cotidiano para se buscar a 
reparação de danos, pois a todo momento presenciamos negócios 
jurídicos verbais, seja comprando produtos ou contratando 
serviços. 
 
B) DANO 
 
1º DANO MATERIAL (PERDAS E DANOS ou DANO PATRIMONIAL) 
 
É o prejuízo financeiro efetivamente sofrido pela vítima (pessoa 
física ou Jurídica), causando diminuição do seu patrimônio. De 
acordo com o artigo 402 CC, este dano pode ser de duas naturezas: 
 
-Lucro Cessante: O que razoavelmente deixou de ganhar (Perdas). 
-Dano Emergente: O que efetivamente se perdeu (Danos). 
 
 
2º DANO MORAL 
 
Segundo a grande mestra Maria Helena Diniz: 
 
"O dando moral vem a ser a lesão de interesses não 
patrimoniais de pessoa física ou jurídica, provocada 
pelo fato lesivo". 
 
Esta modalidade de dano também se aplica as pessoas (física ou 
jurídica), e pode ter afetar a (Honra Objetiva e Honra Subjetiva). 
 
 
Pessoa Física 
 
- Honra Objetiva: É desabono perante a sociedade, afronta a 
dignidade e ao apreço moral. 
 
Exemplo: Lançamento Indevido do nome de uma pessoa física no 
rol dos impontuais, onde a mesma será vista por toda a vizinhança 
como um mau pagador. 
 
- Honra Subjetiva: Manifesta-se intrinsecamente na vítima, no 
âmago do ofendido, é o prejuízo absorvido pela própria alma 
humana onde se traduz por: dor, angústia, tristeza, sofrimento, 
insônia etc. 
 
Exemplo: A tristeza de uma pessoa, ao ponto de ter que fazer uso 
de remédios, por causa de uma negativação indevida. 
 
Pessoa Jurídica 
 
- Honra Objetiva: Como já dito antes, a honra subjetiva é um 
atributo íntimo, portanto a pessoa jurídica não sente dor, angústia, 
insônia, etc., porém, de acordo com a Súmula 227 do STJ, também 
poderá sofrer lesão, mas apenas em sua honra objetiva. 
 
Exemplo 1: Negativação Indevida da pessoa jurídica, que será vista 
na praça como inadimplente. (mesmo caso da pessoa física). 
 
Exemplo 2: Crimes contra a honra (138 usque 140), praticados 
contra pessoa Jurídica. 
 
 
Os pedidos oriundos de Danos Materiais e Danos Morais podem ser 
cumulados? 
 
Vejamos a Súmula 37 STJ. 
 
 
3º DANO ESTÉTICO 
 
Está modalidade está diretamente ligada a responsabilidade civil 
causada por acidentes ou por erros médicos. 
 
Embora esta modalidade de dano não tenha previsão própria no 
ordenamento jurídico brasileiro, ele está cada vez mais presente na 
doutrina e na jurisprudência. 
 
O acidente, muitas vezes, decorre de atos ilícitos que acontecem 
com ou sem a culpa do atingido. 
 
Exemplo de decisão sobre acidente: 
 
Terceira Turma do STJ manteve decisão que 
condenou o dono de um cachorro da raça rottweiler 
a pagar R$ 30 mil a uma criança de cinco anos que 
foi atacada pelo cão. Para o relator do recurso (Resp 
904.025), ministro Sidnei Beneti, o acidente foi 
trágico e deixou danos estéticos graves na criança. 
Mas as circunstâncias atenuaram a 
responsabilidade do dono do cachorro já que, além 
de não ter conhecimento da visita, o dono da casa 
não deu permissão para a entrada dos familiares do 
caseiro em sua propriedade. Outro dado importante 
é que o réu foi condenado a pagar todos os gastos 
com tratamentos médicos visando reduzir os danos 
físicos, psicológicos e estéticos causados à criança. 
 
 
Já o erro médico decorre da má observância das técnicas médicas 
pelo profissional, gerando a obrigação do médico ou da clínica 
responsável, a arcarem com os prejuízos causados a outrem, 
quando houver a comprovação de danos decorrentes da atuação 
destes profissionais, principalmente quando a obrigação for “de 
resultado”, visando o embelezamento. 
 
 
Exemplo de decisão sobre erro médico: 
 
 
A Terceira Turma do Tribunal estabeleceu uma 
indenização no valor de R$ 200 mil e pagamento de 
uma pensão de um salário mínimo mensal a uma 
mulher que, durante o seu parto, sofreu 
queimaduras causadas por formol utilizado 
indevidamente. O erro médico, segundo a perícia, 
deixou sequelas, como incapacidade de controlar a 
defecação, perda de parte do reto e intestino, perda 
de controle do esfíncter e prejuízos à vida 
profissional e sexual. 
 
O ministro Humberto Gomes de Barros, hoje 
aposentado, considerou adequado o pagamento de 
R$ 50 mil pelos danos morais, pelo sofrimento e dor 
causados à mulher, quantiaque seria ainda 
adequada para punir a clínica. Além disso, 
considerou que os danos estéticos deveriam 
também ser levados em conta, admitindo a 
orientação da Turma em conceder a indenização, 
que fixou em R$ 150 mil (Resp 899.869). 
 
 
 
Maria Helena Diniz conceitua o dano estético como: 
 
“Toda alteração morfológica do indivíduo, 
abrangendo deformações, marcas e defeitos, ainda 
que mínimos, no corpo da vítima, consistindo numa 
lesão desgostante ou em permanente motivo de 
exposição ao ridículo, de complexo de inferioridade, 
exercendo ou não influência sobre sua capacidade 
laborativa.” 
 
Dentre os danos advindos das cirurgias ou procedimentos médico-
cirúrgicos podemos destacar aqueles de ordem estética (de 
resultado), onde o paciente e torna um paciente-consumidor. 
 
Exemplos: cirurgias estéticas em geral: silicones, plásticas, etc. 
 
Importante lembrarmos que quando a obrigação for “de meio”, 
neste caso fica mais difícil evocar o dano estético, até mesmo nas 
cirurgias estéticas. 
 
Exemplo: cirurgias estéticas feitas às pressas, decorrentes de 
acidentes. Neste caso não se visa o embelezamento, mas sim uma 
correção de um fatídico fato. 
 
Poderá haver cumulação do dano estético com os demais danos, 
sobretudo o dano moral? 
 
Existem duas correntes doutrinárias em nosso ordenamento 
jurídico com relação a esta matéria. Uma favorável à cumulação, 
outra não... 
 
1ª corrente: É minoritária e defende que não haverá cumulação. 
 
Para Maria Helena Diniz, o dano estético sempre abrangerá o dano 
moral quando o prejuízo for extrapatrimonial, ou o dano material 
quando o prejuízo for patrimonial. 
 
Vejamos o que diz a resolução n.º 09, votada por unanimidade, do 
IX ENTA (Encontro Nacional dos Tribunais de Alçada – 1997 - SP): 
 
"O dano moral e o dano estético não se cumulam, 
porque ou o dano estético importa em dano material 
ou está compreendido no dano moral". 
 
 
Neste mesmo sentido corroborou a seguinte jurisprudência: 
 
"Se em ação de indenização houve pedido de 
reparação pecuniária por danos morais e estéticos 
decorrentes de defeitos da cirurgia e outro para 
pagamento de despesas com futura cirurgia 
corretiva, atendido este, inadmissível será o 
deferimento do primeiro" (TJMG, 4ª Câmara, Ap. 
Cível, Rel. Juiz Mercêdo Moreira, j. 21.8.1991, RT 
692/149, in Rui Stoco, ob. cit., p. 301). 
 
 
2ª corrente: É a majoritária e Diverge totalmente da primeira, no 
sentido de que há sim a possibilidade de cumulação dos danos. 
 
Para muitos, a indenização por dano estético cumulada com o dano 
moral, da forma mais ampla possível, pode parecer um bis in idem, 
ou seja, uma repetição de indenização para o mesmo dano. 
 
Entretanto o STJ vem, cada vez mais, permitindo a acumulação 
dos danos estético, moral e material, quando for possível distinguir 
com precisão as condições que justifiquem cada um deles. 
 
Exemplo: Uma modelo que necessita de seu belo rosto e corpo para 
poder ter o seu sustento, mas em uma cirurgia plástica sofre lesões 
que causam deformidades permanentes em sua morfologia (corpo e 
rosto), impedindo-a de trabalhar, por falta de ofertas de emprego. 
 
Neste caso, vislumbram-se inicialmente dois tipos de prejuízos: 
 
1 - ordem extrapatrimonial - danos morais (sofrimento - honra 
subjetiva e comentários sobre sua aparência na sociedade – honra 
objetiva) 
 
2 - ordem patrimonial - danos estéticos (oportunidades perdidas) 
 
Podendo existir também dano material: 
 
3 - ordem patrimonial – danos materiais (gastos extras). 
 
Terá o juiz, então, que condenar o responsável ao ressarcimento 
pelo dano moral (extrapatrimonial), pelo dano estético (patrimonial) 
e até mesmo pelo dano material (também patrimonial). 
 
Vejamos algumas jurisprudências do STJ que seguem essa segunda 
linha de pensamento: 
 
“EMENTA: DANO MORAL. DANO ESTÉTICO. 
CUMULAÇÃO. Quando o dano estético se distingue 
do dano moral, ambos devem ser indenizados 
separadamente. Precedentes da 3ª e da 4ª Turma do 
Superior Tribunal de Justiça. Súmula n.º 83 (STJ). 
Agravo regimental não provido. (STJ, AGA 
312702/SP, 3ª Turma, Rel. Min. ARI 
PARGENDLER, DJ 06.11.2000).” 
 
 
“EMENTA: CIVIL. DANOS MORAIS E ESTÉTICOS. 
CUMULATIVIDADE. Permite-se a cumulação de 
valores autônomos, um fixado a título de dano 
moral e outro a título de dano estético, derivados do 
mesmo fato, quando forem passíveis de apuração 
em separado, com causas inconfundíveis. Hipótese 
em que do acidente decorreram seqüelas psíquicas 
por si bastantes para reconhecer-se existente o 
dano moral; e a deformação sofrida em razão da 
mão do recorrido ter sido traumaticamente 
amputada, por ação corto-contundente, quando do 
acidente, ainda que posteriormente reimplantada, é 
causa bastante para reconhecimento do dano 
estético. Recurso não conhecido. (STJ, 4ª Turma, 
RESP 210351/RJ, Rel. Min. CESAR ASFOR 
ROCHA, DJ 25.09.2000).” 
 
 
"EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL DO 
ESTADO. INDENIZAÇÃO. ACIDENTE OCORRIDO 
DURANTE A UTILIZAÇÃO DE MÁQUINA DE 
PASSAR ROUPAS. DANO MORAL E ESTÉTICO. 
CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. É possível a 
cumulação do dano moral e do dano estético, 
quando possuem ambos os fundamentos distintos, 
ainda que originários do mesmo fato. (STJ, 2ª 
Turma, AGA 276023/RJ, Rel. Min. PAULO 
GALLOTTI, DJ 28.08.2000).” 
 
 
Mas se no caso in concretu a lesão física for a alguém que não 
necessita da imagem para sobreviver? 
 
Inicialmente não haverá danos patrimoniais ligados ao prejuízo 
estético, certo? Então só poderíamos falar em dano moral e dano 
material? 
 
Neste caso também subsistirá o dano estético, vez que ainda que se 
retire o aspecto patrimonial do prejuízo em relação à morfologia da 
pessoa, restará o dano compensável em relação à sua estética 
cumulado com os outros possíveis danos. 
 
Vejamos algumas jurisprudências a este respeito: 
 
A Quarta Turma do STJ deu ganho de causa a 
cidadão que perdeu parte do pé direito em 
atropelamento numa estrada de ferro. O rapaz 
ingressou no STJ contra a decisão do Primeiro 
Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo 
(TJ-SP) contrária à acumulação das indenizações. O 
relator, ministro Aldir Passarinho Junior, destacou 
que a indenização por lesão estética é uma forma de 
compensar os danos que a deformidade causa na 
auto-estima da vítima e na sua aceitação perante a 
sociedade. Ele afastou o entendimento do tribunal 
paulista de que tal ressarcimento somente seria 
possível quando resultar em consequências 
patrimoniais diretas (Resp 705.457). 
 
 
A ministra Nancy Andrighi, ao julgar o recurso 
especial 254.445, também modificou decisão do 
Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) que havia 
afastado da condenação a acumulação dos danos 
morais com os estéticos. No caso, tratava-se de um 
pedido de indenização derivado de ato ilícito 
(disparo de espingarda que provocou cegueira 
parcial irreversível no olho direito da vítima) 
praticado por detentor de doença mental. O juízo de 
primeiro grau julgou procedente o pedido de 
acumulação. O TJ afastou e reduziu a indenização. 
A Terceira Turma não só autorizou a acumulação, 
como aumentou a indenização para R$ 30 mil. 
 
 
Em julgamento realizado pela Primeira Turma, o 
STJ determinou que o município do Rio de Janeiro 
pagasse cumulativamente os danos moral e estético 
no valor de R$ 300 mil a um recém-nascido que 
teve o braço direito amputado em virtude de erro 
médico. Segundo dados do processo (REsp 910794), 
a amputação ocorreu devido a uma punção axilar 
que resultou no rompimento de uma veia, criando 
um coágulo que bloqueou a passagem de sangue 
para o membro superior. Ao analisar o caso, a 
relatora,ministra Denise Arruda, destacou que, 
ainda que derivada de um mesmo fato, a amputação 
do braço do recém-nascido ensejou duas formas 
diversas de dano – o moral e o estético. Segundo 
ela, o primeiro corresponde à violação do direito à 
dignidade e à imagem da vítima, assim como ao 
sofrimento, à aflição e à angústia a que seus pais e 
irmão foram submetidos. O segundo decorre da 
modificação da estrutura corporal do lesado, enfim, 
da deformidade a ele causada. 
 
Portanto, para a segunda corrente, sempre haverá a possibilidade 
de cumulação entre o dano estético, dano moral e dano material, 
mesmo que o dano estético não seja oriundo de aspecto 
patrimonial, como citado no exemplo da top model. 
 
 
C) NEXO DE CAUSALIDADE 
 
Porém, uma coisa puxa a outra, quando falamos em danos 
(materiais, morais ou estéticos), imprescindível se faz mencionar 
que, além de comprová-los, também se faz necessária a 
comprovação do Nexo de Causalidade entre o prejuízo e a ação 
Ilícita civil: 
 
- Dolosa (Arts. 145 usque 150 CC). 
- Culposa (Arts. 186 e 187 CC). 
 
 
D) AÇÃO CIVIL EX DELICTI 
 
Por último, temos esta ação que se baseia na existência da 
responsabilidade civil em virtude do dano e da necessidade de 
ressarcimento pelo cometimento de uma ação ilícita penal (delito, 
crime, contravenção, etc.): 
 
- Dolosa (Art. 14, I, CP). 
- Culposa (Arts. 13 e 18, II CP). 
 
Se houver dano, a obrigação de repará-lo se torna líquida e certa, 
pois a sentença penal condenatória constitui Titulo Executivo 
Judicial podendo ser executada na esfera cível conforme artigo 63 
do CPP, que trata da ação em comento.