Buscar

Jurisdição e Competência - Aula 8, 9 e 10 - Renato Brasileiro

Prévia do material em texto

JURISDIÇÃO e COMPETÊNCIA
Mecanismos de Solução de Conflitos:
Autotutela. Caracteriza-se pelo emprego da força bruta para a solução dos conflitos. É admitida somente de forma excepcional (ex. prisão em flagrante realizada por particulares ou a legitima defesa), fora destas hipóteses configura o crime descrito como exercício arbitrário das próprias razões nos termos do art. 345 do CP;
Autocomposição: Caracterizada pela busca de um consenso entre os conflitantes. É admitida no processo penal nos crimes de menor potencial ofensivo nos termos do art. 98, I da CRFB. Nos termos do art. 61 da Lei 9.099/95 consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não seja superior a 2 anos, cumulada ou não com multa, sujeitos ou não a procedimentos especiais. São espécies: Renúncia (quando o autor abre mão do seu interesse), a Submissão (ocorre quando o réu sujeita-se a vontade do autor), a Composição Civil dos Danos nos termos dos arts. 72 a 74 da Lei 9.099/95 e por ultimo a Transação Penal conforme art. 98, I da CRFB e art. 76 da Lei 9.099/95 - caracterizando-se sempre por concessões mutuas; 
Jurisdição: O termo jurisdição deriva dos termos Juris (direito) dictio (dizer) trazendo a idéia de dizer o direito. Uma das funções do Estado exercida prioritariamente pelo poder judiciário que se caracteriza pela aplicação do direito objetivo ao caso concreto, consistindo em pacificar conflitos de interesses entre as partes envolvidas em um litígio, por meio da qual o juiz substituindo os titulares dos interesses em conflito aplica o direito objetivo ao caso concreto.
Princípios pertinentes à jurisdição:
Princípio do juiz natural 
	É o direito que cada cidadão tem de saber antecipadamente qual é a autoridade jurisdicional que irá julgá-lo se eventualmente for processado. Não haverá juízo ou tribunal de exceção art. (5º, XXXVII CRFB). Ninguém pode ser processado nem sentenciado senão pela autoridade competente (art. 5º, LIII CRFB). Tribunal de exceção é aquele criado após a prática do delito especificamente para julgá-lo. 
	As chamadas justiças especializadas, que possuem previsão constitucional, não são tribunais de exceção. A criação também de varas especializadas nos tribunais não ofende o princípio do juiz natural. 
Regras de Proteção que decorrem do princípio do juiz natural: 
Só podem exercer jurisdição os órgãos previstos e instituídos pela Constituição;
Ninguém pode ser julgado por órgão jurisdicional criado após a prática do fato delituoso;
Entre os juízos pré-constituídos vigora uma ordem taxativa de competências, que impede qualquer juízo de discricionariedade na escolha do juiz.
Lei que altera a competência e sua aplicação aos processos em andamento.
	Lei posterior que altera a competência tem aplicação imediata? Imagine no caso de um crime doloso contra a vida praticado por um policial militar contra um civil. Veja o caso ocorreu em 1994, nesta época ele seria julgado pela justiça militar. Ocorre que a Lei 9.299/96 que alterou o Código Penal Militar dando nova redação ao art. 9º, II, “f” conferindo a competência para o julgamento dos crimes contra a vida praticados por militar, mesmo com arma da corporação a justiça comum (tribunal popular).
	Crime praticado por militar com arma da corporação, mesmo não estando em serviço, antes da Lei 9.299/96 era da competência da justiça militar, após esta lei este crime passou a ser da competência da justiça comum. Para os processos que já estavam tramitando na Justiça Militar na primeira instância foram deslocados para a Justiça Estadual aplicando-se a regra do art. 2º do CPP, quanto aos processos que já estavam em segunda instância devem permanecer nesta, pois já haveria sentença de mérito. Lei posterior que modifica a competência tem aplicação imediata aos processos em andamento na primeira instância; caso já haja sentença relativa ao mérito, a causa prosseguirá na jurisdição em que foi prolatada, salvo se suprimido o tribunal que deverá julgar o recurso (STF HC 76 510):
Ementa 
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA PRATICADOS POR MILITAR OU POLICIAL MILITAR, CONTRA CIVIL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. LEI 9.299, DE 7/8/96. EXAME DE PROVA: IMPOSSIBILIDADE. PRETENSÃO DE JULGAMENTO PELO TRIBUNAL DO JÚRI: IMPOSSIBILIDADE. PRISÃO DOS RÉUS: LEGALIDADE. I. - Com a promulgação da Lei 9.299/96, os crimes dolosos contra a vida praticados por militar ou policial militar, contra civil, passaram a ser da competência da Justiça comum. II. - A alegação de que os réus agiram em legítima defesa implicaria o revolvimento de toda a prova, o que não se admite nos estreitos limites do habeas corpus. III. - Hipótese em que já tendo sido proferida sentença de primeiro grau e estando pendente de julgamento a apelação dos réus, não há falar em novo julgamento, pelo Tribunal do Júri, em razão da promulgação da Lei 9.299/96. A controvérsia ficou restrita, no caso, à competência para o julgamento do recurso. IV. - HC indeferido.
	Um exemplo mais moderno dessa situação é que com a entrada da Lei 11.343/2006 em seu art. 70, parágrafo único pôs fim a autorização que havia sido dada pelo art. 27 da Lei 6.368/76 para que o tráfico internacional de drogas pudessem ser julgados pela justiça estadual nas comarcas onde não havia vara da justiça federal. Neste caso o art. 87 do CPC que define a perpetuação da jurisdição afirma ser irrelevante as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando a competência for alterada em razão da matéria, da hierarquia ou quando houver supressão do órgão jurisdicional. Quando a nova lei de drogas entrou em vigor em outubro de 2006 a maioria dos juízes estaduais remeteram os processos por tráfico internacional para a justiça federal.
Julgamento no Tribunal por juízes convocados
	É possível a convocação de juízes de primeira instância para atuarem nos tribunais? Nos termos do art. 118 da Lei Orgânica da Magistratura. Para o STF e para o STJ é perfeitamente válido o julgamento feito por maioria de juízes convocados. A convocação de juízes de primeiro grau para substituir desembargadores não viola o princípio do juiz natural, desde que o órgão competente para o julgamento do recurso seja composto majoritariamente por efetivos desembargadores (STJ HC 105 413) e (STF HC 86 889):
HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. ROUBO TENTADO. CONDENAÇÃO EM PRIMEIRO GRAU. JULGAMENTO DE RECURSO DE APELAÇÃO INTERPOSTO PELA DEFESA. IMPROVIMENTO. ÓRGÃO COLEGIADO. COMPOSIÇÃO MAJORITÁRIA POR JUÍZES CONVOCADOS. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. PRECEDENTES. EXCESSO DE PRAZO CONFIGURADO.
1. Embora não exista impedimento à convocação, autorizada por lei complementar estadual, de Juízes de primeiro grau para compor órgão julgador do Tribunal de Justiça, não pode o órgão revisor ser formado majoritariamente por Juízes convocados, sob pena de violação ao princípio do Juiz Natural.
2. É dos Desembargadores titulares a jurisdição sobre os recursos criminais de competência do Tribunal de Justiça Estadual. A Constituição Federal admite a composição de órgão revisor formado por Juízes de primeiro grau somente para o julgamento dos recursos que versarem sobre crimes de menor complexidade e infrações de menor potencial ofensivo, de competência da Turma Recursal dos Juizados Especiais.
3. Como o Paciente já cumpriu toda a pena corporal imposta pelo acórdão, preso cautelarmente, deve lhe ser concedido alvará de soltura, diante do evidente excesso de prazo na formação da culpa decorrente da anulação do julgamento do apelo defensivo que ora se consolida.
4. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça.
5. Ordem concedida para anular o julgamento do recurso de apelação, determinando novo julgamento por Câmara composta majoritariamente por Desembargadores titulares, e determinar a expedição de alvará de soltura em favor do ora Paciente, se por outro motivo não estiver preso, para que possa aguardar o julgamentodo recurso de apelação em liberdade.
No STF HC 86 889 
Ementa 
Embargos de declaração nos embargos de declaração em habeas corpus. Pedido de comunicação da data do julgamento para sustentação oral devidamente observado. Cerceamento de defesa não-caracterizado. 1. Não ocorre cerceamento de defesa quando o impetrante foi comunicado antecipadamente da data do julgamento do feito para sustentar oralmente as razões da impetração (art. 192, parágrafo único-A, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal). 2. Essa comunicação poderá ocorrer por qualquer meio idôneo, sem necessidade de intimação pelos meios oficiais, tendo sido comprovada, nos autos, a efetiva prática dessa providência. 3. Embargos de declaração não-conhecidos.
	Nos casos de competência originária dos tribunais, deve se prestar atenção ao regimento interno do tribunal, pois alguns exigem a presença de número mínimo de desembargadores (no STJ HC 88739).
Criação de varas especializadas para o julgamento de crimes de lavagem de capitais
	A criação de varas especializadas para o julgamento de crimes de lavagem de capitais? Essa idéia começa com a edição de uma Resolução n 314 do CJF determinava que os TRF deveriam criar varas especializadas para o julgamento de crimes de lavagem de dinheiro e capitais. (STF HC 86 660 HC 85 060):
HC 85 060 EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL, PROCESSUAL PENAL E CONSTITUCIONAL. FORMAÇÃO DE QUADRILHA E GESTÃO FRAUDULENTA DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. COMPETÊNCIA. ESPECIALIZAÇÃO DE VARA POR RESOLUÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. OFENSA AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL E À RESERVA DE LEI [CONSTITUIÇÃO DO BRASIL, ARTIGOS 5º, INCISOS XXXVII E LIII; 22, I; 24, XI, 68, § 1º, I e 96, II, ALÍNEAS a e d]. INOCORRÊNCIA. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE E PRINCÍPIOS DA RESERVA DA LEI E DA RESERVA DA NORMA. FUNÇÃO LEGISLATIVA E FUNÇÃO NORMATIVA. LEI, REGULAMENTO E REGIMENTO. AUSÊNCIA DE DELEGAÇÃO DE FUNÇÃO LEGISLATIVA. SEPARAÇÃO DOS PODERES [CONSTITUIÇÃO DO BRASIL, ARTIGO 2º]. 1. Paciente condenado a doze anos e oito meses de reclusão pela prática dos crimes de formação de quadrilha (CP, art. 288) e gestão fraudulenta de instituição financeira (Lei n. 7.492/86). 2. Inquérito supervisionado pelo Juiz Federal da Subseção Judiciária de Foz do Iguaçu, que deferiu medidas cautelares. 3. Especialização, por Resolução do Tribunal Regional da Quarta Região, da Segunda Vara Federal de Curitiba/PR para o julgamento de crimes financeiros. 4. Remessa dos autos ao Juízo competente. 5. Ofensa ao princípio do juiz natural [artigo 5º, incisos XXXVII e LIII da Constituição do Brasil] e à reserva de lei. Inocorrência. 6. Especializar varas e atribuir competência por natureza de feitos não é matéria alcançada pela reserva da lei em sentido estrito, porém apenas pelo princípio da legalidade afirmado no artigo 5º, II da Constituição do Brasil, ou seja, pela reserva da norma. No enunciado do preceito --- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei --- há visível distinção entre as seguintes situações: [i] vinculação às definições da lei e [ii] vinculação às definições decorrentes --- isto é, fixadas em virtude dela --- de lei. No primeiro caso estamos diante da reserva da lei; no segundo, em face da reserva da norma [norma que pode ser tanto legal quanto regulamentar ou regimental]. Na segunda situação, ainda quando as definições em pauta se operem em atos normativos não da espécie legislativa --- mas decorrentes de previsão implícita ou explícita em lei --- o princípio estará sendo devidamente acatado. 7. No caso concreto, o princípio da legalidade expressa reserva de lei em termos relativos [= reserva da norma] não impede a atribuição, explícita ou implícita, ao Executivo e ao Judiciário, para, no exercício da função normativa, definir obrigação de fazer ou não fazer que se imponha aos particulares --- e os vincule. 8. Se há matérias que não podem ser reguladas senão pela lei --- v.g.: não haverá crime ou pena, nem tributo, nem exigência de órgão público para o exercício de atividade econômica sem lei, aqui entendida como tipo específico de ato legislativo, que os estabeleça --- das excluídas a essa exigência podem tratar, sobre elas dispondo, o Poder Executivo e o Judiciário, em regulamentos e regimentos. Quanto à definição do que está incluído nas matérias de reserva de lei, há de ser colhida no texto constitucional; quanto a essas matérias não cabem regulamentos e regimentos. Inconcebível a admissão de que o texto constitucional contivesse disposição despiciente --- verba cum effectu sunt accipienda. A legalidade da Resolução n. 20, do Presidente do TRF da 4ª Região, é evidente. 9. Não há delegação de competência legislativa na hipótese e, pois, inconstitucionalidade. Quando o Executivo e o Judiciário expedem atos normativos de caráter não legislativo --- regulamentos e regimentos, respectivamente --- não o fazem no exercício da função legislativa, mas no desenvolvimento de função normativa. O exercício da função regulamentar e da função regimental não decorrem de delegação de função legislativa; não envolvem, portanto, derrogação do princípio da divisão dos poderes. Denego a ordem.
	Apesar da resolução n. 314 ser inconstitucional, pois o CJF tem atribuições meramente administrativas, essa inconstitucionalidade não contamina as resoluções e provimentos dos TRFs. Especializar Varas não é matéria alcançada pela reserva de lei em sentido estrito, mas apenas pelo princípio da legalidade (art. 5º, II da CRFB). Lei 5.010/66 em seu art. 12 permite a especialização de varas. Quanto aos processos em andamento nas demais varas que foram remetidos as varas especializadas, aplica-se a regra do art. 87 do CPC: nesse caso não há falar em perpetuação da jurisdição, pois houve alteração da competência em razão da matéria (STJ Resp. 628 673):
RECURSO ESPECIAL. JUÍZOS FEDERAIS CRIMINAIS. PENAL. CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA E SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. RESOLUÇÃO 20/2003 DO TRF DA 4ª REGIÃO. ESPECIALIZAÇÃO DE VARAS CRIMINAIS. VALIDADE.
A Resolução 20/2003 do TRF da 4ª Região, que determinou a competência de Vara Federal Criminal de Florianópolis/SC para “...processar e julgar os crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores...”, não viola os artigos 69 a 91 do CPP, o artigo 8º do Decreto Federal que integrou a Convenção Americana sobre direitos humanos, e não afronta o princípio constitucional do juiz natural.
O juízo não é determinado casuisticamente, há uma regra pré-estabelecida para se determinar o juízo competente, e é nisto basicamente que se assenta o princípio do juiz natural.
Esta regra, qual seja, a Resolução 20/2003 do TRF da 4ª Região baseou-se nas Leis nº 5.010/66, 7.727/89 e 9.664/98, sendo que o referido ato do Conselho da Justiça Federal destina-se, à vista da sua atribuição, a zelar pela eficácia célere da prestação jurisdicional no âmbito da jurisdição federal ordinária.
Recurso conhecido, mas desprovido.
Competência.
Conceito 
	É a medida e o limite da jurisdição dentro dos quais o órgão jurisdicional poderá dizer o direito objetivo.
Espécies de competências:
Competência em razão da matéria (ratione materiae) – É aquela estabelecida em razão da natureza do crime praticado. Ocorre por exemplo no caso de crimes eleitorais que são julgados pela justiça eleitoral, crimes militares que são julgados pela justiça militar e os crimes dolosos contra a vida que são julgados pelo Tribunal do Júri;
Competência em razão da pessoa ou por prerrogativa de função (ratione funcionae) – É determinada em razão da função desempenhada pelo acusado;
Competência territorial (ratione loci) – É determinada, em regra, em razão do local da consumação do delito;
Competência funcional – É aquela estabelecida conforme a função que cada um dos órgãos jurisdicionais exerce no processo. Esta se subdivide em três:
d.1) Competência funcional por fase do processo – Onde de acordo com a fase em que o processo estiver, um órgão jurisdicional diferenteexercerá a competência. Ex. Procedimento bi-fásico do júri – (1ª fase Sumário da culpa ou judicium accusationis e a 2ª fase Judicium causae), esta estabelecida em um plano horizontal.
d.2) Competência funcional por objeto do juízo – Onde cada órgão jurisdicional exerce a competência sobre determinadas questões a serem decididas no processo. Ex. também o tribunal do júri, pois os jurados julgam as questões ligadas à materialidade e a autoria, enquanto que o juiz presidente julga sobre as matérias de direito e fixação da pena, também verificada em um plano horizontal.
d.3) Competência funcional por grau de jurisdição – É a competência recursal, estabelecida em um plano vertical.
Observação. Alguns doutrinadores ainda dividem a competência funcional em horizontal (não há hierarquia entre os órgãos jurisdicionais, estando eles em um mesmo plano hierárquico) ou vertical (os órgãos estão em planos hierárquicos distintos).
Diferenças entre a competência absoluta e relativa:
	Absoluta
	Relativa
	Fixada com fundamento em interesse público.
	Fixada com fundamento em interesse das partes.
	Não pode ser modificada por interesse das partes, ou seja, é improrrogável ou imodificável.
	Pode ser modificada em razão do interesse das partes, ou seja, prorrogável ou modificável.
	Se a norma de competência absoluta não for observada gera uma nulidade absoluta: 
Pode ser argüida a qualquer tempo, mesmo após o transito em julgado, porém desde que em favor do acusado.
O prejuízo é presumido. 
Observação. Decisão absolutória ou declaratória extintiva da punibilidade, ainda que prolatada com suposto vício de competência, é capaz de transitar em julgado e produzir efeitos regulares, impedindo que o acusado seja processado novamente perante a justiça competente (STF HC 86 606�). 
	Se a norma de competência relativa não for observada gera uma nulidade relativa:
Deve ser argüida no momento oportuno sob pena de preclusão.
O prejuízo deve ser comprovado.
	Pode ser declarada de ofício (art. 109 do CPP)
Observação. Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz enquanto exercer jurisdição no processo aplicando por analogia o art. 463 do CPC que fala Publicada a sentença o juiz só pode alterá-la antes de ser publicada.
Reconhecimento da incompetência pelo tribunal: No recurso da defesa vigora o princípio da non reformatio in pejus. Ao juízo ad quem não é dado reconhecer de ofício a incompetência absoluta e nem a relativa, salvo quando houver recurso da acusação, da defesa ou nas hipóteses de recurso de ofício (Súmula 160 do STF). Em se tratando de recurso exclusivo da defesa, reconhecida a incompetência pelo tribunal não é possível que o novo juízo aplique pena mais grave, sob pena de violação do princípio da non reformatio in pejus indireta (STJ HC 105 384 e HC 114 729).
	Pode ser declarada de ofício (art. 109 do CPP) 
Observação. A súmula n. 33 do STJ só é aplicável ao processo civil. “A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”.
Observação. Antes da Lei 11.719/2008, a incompetência relativa podia ser declarada de ofício até o momento da sentença. Com a adoção do princípio da identidade física do juiz a incompetência relativa só pode ser reconhecida de ofício pelo juiz até o início da instrução probatória.
Reconhecimento da incompetência pelo tribunal: No recurso da defesa vigora o princípio da non reformatio in pejus. Ao juízo ad quem não é dado reconhecer de ofício a incompetência absoluta e nem a relativa, salvo quando houver recurso da acusação, da defesa ou nas hipóteses de recurso de ofício (Súmula 160 do STF). Em se tratando de recurso exclusivo da defesa, reconhecida a incompetência pelo tribunal não é possível que o novo juízo aplique pena mais grave, sob pena de violação do princípio da non reformatio in pejus indireta (STJ HC 105 384 e HC 114 729).
	Espécies: 
A competência fixada em razão da matéria;
A competência em razão da pessoa;
A competência funcional.
	Espécie:
A competência territorial;
A competência por prevenção (súmula 706 do STF);
A competência por distribuição;
A competência fixada por conexão ou continência (HC 95 921).
	Consequências da Incompetência Absoluta: 
Deve ser observado que o art. 567 do CPP não distingue entre nulidade relativa e absoluta, portanto:
A doutrina afirma que quando reconhecida a incompetência absoluta, tanto os atos decisórios quanto os atos probatórios são nulos.
Já para os Tribunais somente os atos decisórios são nulos, sendo que a partir do HC 83006, o Supremo passou admitir, inclusive, a ratificação dos atos decisórios pelo juízo competente.
Observação. No processo penal temos agora o princípio da identidade física do juiz, portanto é possível que estes entendimentos anteriores possam vir a mudar, já que este princípio determina que o juiz que presidir a instrução deve ser o juiz que julgue a causa. Assim conclui-se que os atos probatórios também deveriam ser refeitos. 
	Consequências da Incompetência Relativa:
Deve ser observado que o art. 567 do CPP não distingue entre nulidade relativa e absoluta, portanto:
A doutrina afirma que apenas os atos decisórios deveriam ser nulos.
Os Tribunais também afirmavam que somente os atos decisórios deveriam ser declarados nulos.
Observação. Por conta também da introdução no processo penal do princípio da identidade física do juiz, a doutrina tem afirmado que os atos probatórios também devem ser refeitos.
	Oferecimento de nova denúncia
Para o STF reconhecida a incompetência não é necessário o oferecimento de nova peça acusatória, bastando que haja a ratificação da denúncia anteriormente oferecida. Em se tratando de órgãos do MP pertencentes ao mesmo Ministério Público e de mesmo grau funcional, sequer será necessária a ratificação da peça acusatória (STF - HC 85 137).
	Oferecimento de nova denúncia
Para o STF reconhecida a incompetência não é necessário o oferecimento de nova peça acusatória, bastando que haja a ratificação da denúncia anteriormente oferecida. Em se tratando de órgãos do MP pertencentes ao mesmo Ministério Público e de mesmo grau funcional, sequer será necessária a ratificação da peça acusatória (STF - HC 85 137).
Observação. Nos termos da Súmula nº 107 do STJ - 16/06/1994 - DJ 22.06.1994 Competência - Estelionato - Guias de Recolhimento das Contribuições Previdenciárias “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão à autarquia federal”.
Guia de fixação de competência:
A chamada competência de jurisdição. Qual é a justiça competente?
Competência originária. O acusado tem foro por prerrogativa de função?
A chamada competência de foro ou territorial. Qual é a comarca competente?
A chamada competência de juízo. Qual é a vara competente?
A chamada competência interna. Qual é o juiz competente?
A chamada competência recursal. Para onde vai o recurso?
Observação. Quem julgará decisão proferida por juiz do “juizado” da violência doméstica contra a mulher? Segundo o art. 14 da Lei 11.340/2006, embora se fale sobre juizado o recurso não será submetido a turma recursal, pois não será um juizado e sim uma vara especializada cuja competência recursal será do Tribunal.
Justiças com Competência Criminal.
	Estas justiças podem primeiramente ser subdivididas em justiças especiais e justiças comuns, onde podemos temos como justiça especializada as seguintes:
Justiça Militar.
Justiça Eleitoral.
Justiça do Trabalho.
Justiça Política ou Extraordinária (Citada por alguns doutrinadores).
	E como justiça comum temos:
Justiça Comum Estadual.
Justiça Comum Federal.
Justiças especiais
Justiça Militar 
	Julga os crimes militares. Existem diferenças entre a justiça militar da união e a justiça militar dos Estados. Veja em um quadro comparativo:
	Justiça Militar Federal
	Justiça Militar Estadual
	Julga crimesmilitares conforme art. 124 da CRFB:
Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar.
Os crimes militares estão previstos no COM.
Observação. O abuso de autoridade não tem previsão no COM, por esta razão que a súmula 172 do STJ define que a competência para processar militar pelo crime de abuso de autoridade é a justiça comum.
Vai julgar os crimes militares propriamente ditos como também os chamados crimes impropriamente militares. Observe que os crimes propriamente militares não são levados em consideração para efeito de reincidência e em se tratando de crime propriamente militar é possível a prisão independentemente de flagrante e de prévia autorização judicial.
Crime propriamente militar: É aquele que só pode ser praticado por militar, pois consiste na violação de deveres que lhes são restritos. 
Crime impropriamente militar: É a infração penal prevista no CPM cuja prática é possível a qualquer cidadão passando a ser considerada como crime militar se presente uma das condições do art. 9º do CPM.
Observação. Atenção para a súmula n. 75 do STJ “Compete à justiça comum estadual processar e julgar o policial militar por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal. Ex. PM que promove a fuga de pessoa legalmente presa? Se o estabelecimento penal for de natureza comum a competência será da justiça estadual; se o estabelecimento penal for federal a competência será da justiça federal; se o estabelecimento for de natureza militar a competência será da justiça militar.
E se houver um crime comum conexo ao crime militar?
	Julga crimes militares conforme art. 125, §4º e §5º da CRFB:
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
.........
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Além de julgar os crimes militares (propriamente militar e impropriamente militar), julga também as ações judiciais contra atos disciplinares militares.
Observação. Quem julga ação de improbidade contra um PM? É da competência da justiça comum estadual.
	Crime propriamente militar: É aquele que só pode ser praticado por militar, pois consiste na violação de deveres que lhes são restritos. 
Crime impropriamente militar: É a infração penal prevista no CPM cuja prática é possível a qualquer cidadão passando a ser considerada como crime militar se presente uma das condições do art. 9º do CPM.
Observação. Atenção para a súmula n. 75 do STJ: “Compete à justiça comum estadual processar e julgar o policial militar por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal. Ex. PM que promove a fuga de pessoa legalmente presa? Se o estabelecimento penal for de natureza comum a competência será da justiça estadual; se o estabelecimento penal for federal a competência será da justiça federal; se o estabelecimento for de natureza militar a competência será da justiça militar.
E se houver um crime comum conexo ao crime militar? Vai haver a separação dos processos, pois a justiça militar não tem competência para julgar crimes comuns mesmo que conexos conforme súmula n. 90 do STJ: Compete a justiça estadual militar processar e julgar o policial militar pela pratica do crime militar, e a (justiça) comum pela pratica do crime comum simultaneo aquele.
	O acusado pode ser qualquer pessoa, pois ela julga civis ou militares.
	Julga apenas os militares dos Estados (PM, Bombeiros e Policiais Rodoviários Estaduais). Mesmo havendo conexão o civil somente pode ser julgado na justiça estadual. 
Observação. Se o militar é exonerado após a prática do delito, continua sendo julgado perante a justiça militar estadual (STJ RHC 20 348�).
Se o crime for praticado por um militar em coautoria com civil? Neste caso haverá a separação dos processos, para que o militar seja julgado pelo crime militar, enquanto que o civil será julgado pela justiça comum pela prática do crime comum nos termos da súmula n. 53 do STJ: “Compete a justiça comum estadual processar e julgar civil acusado de pratica de crime contra instituições militares estaduais”.
Crime militar praticado em outro estado da federação? Será julgado pela respectiva justiça militar, ou seja, a justiça militar de sua corporação, pouco importando em que estado foi cometido o crime.
Um outro bom exemplo é crime praticado por militar que integre a Força Nacional de Segurança? Será da mesma forma julgada por sua justiça militar conforme súmula n. 78 do STJ: “Compete a justiça militar processar e julgar policial de corporação estadual, ainda que o delito tenha sido praticado em outra unidade federativa”.
	A competência é fixada com base na matéria.
	A competência é fixada com base na matéria e na pessoa do acusado.
	Não possui competência cível
	Também tem competência para julgar as ações por atos disciplinares militares
	O órgão jurisdicional é um Conselho de Justiça composto por um Juiz Auditor (que não tem competência singular como tem o juiz de direito do juízo militar estadual), e mais quatro militares oficiais de hierarquia superior ao acusado.
	O órgão jurisdicional é um Conselho de Justiça e Juiz de Direito do Juízo Militar – compete ao juiz de direito julgar singularmente os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao conselho julgar os demais crimes.
	O presidente do conselho é o oficial de posto mais elevado.
	O presidente do conselho é o Juiz de Direito.
	Na justiça militar da união quem funciona como o MP é Ministério Público da União.
	Na justiça militar dos estados quem funciona como o MP e o Ministério Público Estadual.
	O órgão de segunda instância na justiça militar da união é o Superior Tribunal Militar – STM. (quem é que decide um conflito de competência entre o STM e um Juiz Federal é o STF).
	O órgão de segunda instância na justiça militar dos estados é o TJM nos estados que o possui e onde não houver o próprio TJ.
	Atenção para a súmula n. 47 do STJ: “Compete a justiça militar processar e julgar crime cometido por militar contra civil, com emprego de arma pertencente a corporação, mesmo não estando em serviço”. Esta súmula está ultrapassada em razão da Lei 9.299/96
	A justiça militar julga tanto os crimes militares próprios como os crimes militares impróprios. Crime militar próprio é aquele que só pode ser praticado por militar (ex. deserção). Civil pode praticar um crime militar próprio? Como “militar” é uma elementar do crime, comunica-se ao civil desde que ele tenha consciência (STF HC 81 438�). Crime militar impróprio é aquele que apesar de comum em sua natureza, ou seja, pode ser praticado por qualquer cidadão (civil ou militar), o delito passa a ser considerado crime militar porque praticado em uma das condições do art. 9º do CPM:
        Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
        I - os crimes de que trata êste Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial; 
        II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penalcomum, quando praticados: 
        a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado; 
        b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
        c) por militar em serviço, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito a administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
        c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
        d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
        e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar; 
        f) por militar em situação de atividade ou assemelhado que, embora não estando em serviço, use armamento de propriedade militar ou qualquer material bélico, sob guarda, fiscalização ou administração militar, para a prática de ato ilegal; 
        f) revogada. (Vide Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
        III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: 
        a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar; 
        b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; 
        c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; 
        d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior. 
        Crimes militares em tempo de guerra 
        Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
Observação. Sobre o Inf. 517 do STF HC 93 076 – O conceito dado de crime militar impróprio dado está errado, pois, o crime militar impróprio pode ser praticado tanto contra civil como também contra militar.
Observação. A lei 12.432/11 alterou a redação do parágrafo único do art. 9º do Código Penal Militar objetivando esclarecer que o militar acusado por crime doloso contra a vida no caso da Lei do Abate (art. 303, §2º e §3º) será julgado pela justiça militar:
Lei 12.432/11
Art. 1o  O parágrafo único do art. 9o do Decreto-Lei no 1.001, de 21 de outubro de 1969 - Código Penal Militar, passa a vigorar com a seguinte redação: 
“Art. 9o  ........................................................................................................................................................ 
Parágrafo único.  Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil serão da competência da justiça comum, salvo quando praticados no contexto de ação militar realizada na forma do art. 303 da Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica.” (NR) 
Crimes militares de Tipificação Direta – são os crimes militares definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos (art. 9º, I do COM). Podem ser praticados tanto por civil quanto por militar (ex. embriaguez em serviço) (uso indevido de uniforme).
Crimes Militares de Tipificação Indireta – São aqueles que embora previstos com igual definição na lei penal comum, são considerados militares por meio de um juízo de tipicidade indireta, com base no art. 9º, II e III do CPM) ex. estelionato. Art. 251 c/c art. 9º, III “a”. 
Casuística: 
Soldado do exercito abandona seu posto e assalta um estabelecimento comercial. Pelo crime de abandono de posto será julgado pela JM da União, mas o delito de roubo será julgado na justiça comum. (STF HC 90 729);
Homicídio doloso praticado por militar contra civil, mesmo que estando em serviço. Antes da Lei 9.299/96 esse crime era de competência da justiça militar. Depois desta lei o delito passou a ser competência do Tribunal do Júri, conforme art. 9º, Parágrafo único do CPM. Essa lei é considerada válida pelo (STF RE 260 404) (STJ HC 102 227). O STM não considera válida esta lei, entendendo que deveria ser julgado pela justiça militar. Cuidado! Homicídio doloso praticado por militar do exercito contra militar do exercito será julgado: (1) (estando ambos em serviço e sendo ambos da ativa, competência da justiça militar da união). (2) (militar fora de sua função: Para o STM e para o STF (CC 7071) a competência será da justiça militar; para o STJ (STJ HC 119 813) a competência será da justiça comum, pois se estão fora de situação de atividade, estão ali como civis).
Homicídio doloso praticado por civil contra militar em serviço: (1) Se este militar for um PM, como a justiça militar estadual não julga civis, a competência será do tribunal do júri. (2) se o militar for das forças armadas a competência será da Justiça Militar da União (STF HC 91 003).
O homicídio doloso praticado por militar contra civil, mesmo que em serviço, será julgado perante o tribunal do júri: O que acontece se o juiz sumariante entende que não se trata de crime doloso contra a vida ele promove a desclassificação e remete o processo para a justiça militar (Juiz auditor da Justiça Militar da União. Esse juiz auditor está obrigado a acatar a decisão do juiz sumariante ou pode suscitar um conflito de competência? Pode sim suscitar um conflito de competência que será julgado pelo STJ. Outra situação é que no júri os jurados fazem a desclassificação o fato vai para as mãos do juiz presidente para ele poder decidir, todavia quando os jurados desclassificam o homicídio doloso para o culposo, esse homicídio culposo, não pode ser julgado pelo juiz presidente, pois se trata de crime militar. Deve, portanto, remeter os autos à justiça militar (STF RHC 80 718).
Homicídio doloso e aberratio ictus. Exemplo: Soldado quer matar outro soldado, mas erra e mata um civil. Quem vai julgar? A competência é sempre fixada em critérios objetivos, portanto, caso por erro na execução o militar acerte um civil, quando queria acertar um militar, a competência serás do tribunal do júri, pouco importando que a vítima virtual fosse um militar (STJ CC 27 368), não influenciando neste caso a norma do §3º do art. 20 do Código Penal. 
Justiça Eleitoral
	Cabe a justiça eleitoral julgar os crimes eleitorais e os crimes conexos desde que da competência da justiça estadual. Crimes eleitorais são aqueles previstos no CE e aqueles que a lei eventual e expressamente defina como eleitorais.
	E se por acaso o crime eleitoral for praticado com um crime doloso contra a vida? O crime eleitoral será julgado pelo justiça eleitoral e o crime doloso contra a vida será julgado pelo júri devendo haver a separação dos processos.
Justiça do Trabalho
	Com a alteração do art. 114, IV da CRFB a Justiça do Trabalho passou a ter competência criminal no que se refere a julgamento do habeas corpus, quando o ato questionado envolver matéria sujeita a sua jurisdição.
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
............
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quandoo ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Observação. Atenção para a ADI 3684 onde o STF decidiu que a Justiça do Trabalho não é dotada de competência criminal genérica. 
Justiça ou Jurisdição Política ou Extraordinária
	Corresponde a atividade jurisdicional exercida por órgãos políticos, alheios ao poder judiciário, cujo objetivo principal é o afastamento do agente público que comete crimes de responsabilidade ex. art. 52, I da CRFB:
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)
	Crimes de responsabilidade em sentido amplo são aqueles em que a qualidade de funcionário público funciona como elementar do delito.
	Crimes de responsabilidade em sentido estrito são aqueles que somente podem ser praticados por determinados agentes políticos. Não possui natureza jurídica de infração penal, mas sim de infração político administrativa.
Justiças comuns
Justiça Federal 
	Quando comparada com a justiça estadual a federal é especial porque está fixada na CRFB especificamente no art. 109, da CRFB.
Atribuições Investigatórias da Policia Federal
	As atribuições investigatórias da policia federal (Lei 10.446/2002) são mais amplas que a competência criminal da justiça federal.
Análise do art. 109, IV da CRFB
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
...........
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
Crimes Políticos
	Os crimes políticos antes da CRFB/88 eram julgados pela justiça militar, desta forma rompendo com o regime militar com a CRFB/88 estes crimes políticos são transferidos para a justiça federal. Assim o art. 30 da Lei 7.170/83 não foi recepcionado pela Constituição Federal.
	O que são estes crimes políticos? São os crimes previstos na Lei 7.170/83 (crimes contra a segurança nacional) cuja principal característica é exigência de motivação política quanto a conduta praticada pelo agente.
	O órgão de segunda instância para o julgamento do recurso (Recurso Ordinário Constitucional) será o STF.
Crimes contra a União, Autarquias Federais e Empresas Públicas federais 
	Atenção para a súmula 107 do STJ: “Compete a justiça comum estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciarias, quando não ocorrente lesão a autarquia federal”. Uma vez que o STJ exige que haja prejuízo direito para a União, Autarquias Federais ou Empresas Públicas Federais. (ex. de Empresas Públicas Federais: CAIXA, ECT e BNDES).
Observação. No crime de furo mediante fraude praticado pela internet tem prevalecido que a vítima é a instituição financeira, pois é ela que possui seu sistema de segurança burlado. Portanto se a conta for na CAIXA a competência será da Justiça Federal da Seção Judiciária Federal do local onde a coisa é retirada da esfera de disponibilidade da vítima (onde fica a agencia bancária).
Observação. Crime de roubo em casa lotérica quem julga? Casa lotérica é uma pessoa jurídica de direito privado permissionária de serviço público, logo a competência é da Justiça Estadual.
Observação. Crime praticado contra agencia dos correios? Lembre-se que as agencias dos correios atuam por franquia. Se a vitima foi uma franquia dos correios a competência será da justiça estadual, porém se a vítima for a própria ECT a competência será da própria justiça federal.
Crimes contra fundações públicas
	Estas fundações se equivalem as autarquias (fundações autárquicas) e portanto segue a mesma regra de ser da competência da justiça federal.
Crimes contra as entidades de fiscalização profissional e crimes contra a Ordem dos Advogados do Brasil
	São julgados pela justiça federal, mas desde que haja lesão direita a bens serviços ou interesses destas entidades. Crimes praticados contra a OAB continuam sendo julgados pela justiça federal (ADI 3026).
Crimes praticados contra sociedade de economia mista, concessionárias e permissionárias de serviço público federal
	A competência para julgar os crimes praticados em detrimento de bens, serviços e interesses de sociedade de economia mista será da justiça estadual. 
Observação. Crime de concussão praticado por médico em hospital privado credenciado ao SUS será julgado pela justiça estadual comum.
Crimes praticados em detrimento de bens serviços e interesses da União, Autarquias Federais e Empresas Públicas Federais
	Bens (art. 20 da CRFB) corresponde ao respectivo patrimônio de cada uma destas entidades. Já a expressão serviços está relacionada ao serviço público prestado por cada uma destas entidades. Quanto aos interesses para que a competência seja da justiça federal o interesse deve ser direto. Se o interesse for genérico ou remoto a competência será da justiça estadual.
Casuísmo:
Crime praticado contra bem particular do presidente da república, quem julga? A competência será da justiça estadual.
Crime praticado contra consulado estrangeiro, quem julga? A competência será da justiça estadual.
Crime praticado contra bens tombados? Se o bem foi tombado pela União (IPHAN) a competência será da justiça federal; se o bem foi tombado pelo Estado ou município a competência será da justiça estadual.
Desvio de verbas oriundas de convênios federais? Se a verba estiver sujeita a prestação de contas perante órgão federal a competência será da justiça federal (súmula n. 208 do STJ); se a verba estiver incorporada ao patrimônio municipal a competência será da justiça estadual (súmula n. 209 do STJ).
Contrabando ou descaminho (art. 334 do CP) compete a justiça federal quando o imposto devido for da receita federal. A competência territorial para julgar o crime de contrabando ou descaminho é do juízo federal do local da apreensão dos bens súmula 151 do STJ.
Crime de moeda falsa, quem julga? A justiça federal, pois nos termos do art. 21, VII da CRFB compete a União emitir moeda, daí seu interesse. Em se tratando de moeda estrangeira também será a justiça federal, pois compete ao banco central a fiscalização a circulação de moedas estrangeiras no território nacional. Porém em se tratando de falsificação grosseira o fato seria quando muito crime de estelionato (súmula 73 do STJ) da competência da justiça estadual.
Crime de desenvolvimento clandestino de telecomunicações (Radio Pirata – art. 183 da Lei 9.472), quem julga? Compete a justiça federal, pois compete a União explorar o serviço de telecomunicações (art. 21, XI da CRFB).
Furto e ligação clandestina de TV a cabo
A 2ª Turma concedeu habeas corpus para declarar a atipicidade da conduta de condenado pela prática do crime descrito no art. 155, § 3º, do CP (“Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: ... § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.”), por efetuar ligação clandestina de sinal de TV a cabo. Reputou-se que o objeto do aludido crime não seria “energia” e ressaltou-se a inadmissibilidade da analogia in malam partem em Direito Penal, razão pela qual a conduta não poderia ser considerada penalmente típica.
HC 97261/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 12.4.2011. (HC-97261)
Crimes praticados contra a justiça federal, justiça do trabalho, justiça eleitoral e justiça militar da União
	Sendo estas justiças pertencentes a justiça federal da União, a competência será da justiça federal nos termos da Súmula n. 165 do STJ e CC 45552 no que tange a justiça eleitoral.
Crime praticado por ou contra funcionário públicofederal
	Deve ser verificado se o crime está ou não relacionado as funções do servidor, pois se estiver a competência será da justiça federal, do contrário será da justiça estadual. A súmula n. 98 do TFR. Outra súmula relacionada a este assunto é a de n. 147 do STJ. A súmula n. 254 do TFR.
Casuísmo:
Crime praticado contra dirigente sindical, quem julga? A competência será da justiça estadual.
Crime praticado por servidor do TJDFT, quem julga? A competência será da justiça comum do Distrito Federal.
Erro na execução: o agente deseja matar o funcionário público federal estando no exercício de suas funções, porém por erro na execução atinge-se pessoa comum, quem julga? O aspecto de se levar em conta a vítima virtual é um aspecto analisado apenas no âmbito penal, a competência é fixada com base em critérios objetivos. Portanto deve ser levado em consideração a pessoa sobre a qual recaiu a conduta delituosa, pouco importando a chamada vítima virtual (STJ – CC 27368).
Homicídio praticado no RJ por militares do exercito contra civis, quem julga? Serão julgados pelo tribunal do júri federal.
Crimes praticados contra o meio ambiente
	Atenção para a súmula n. 91 do STJ que foi cancelada em 2000, pois a fauna não é bem exclusivo da União. Em regra crimes contra o meio ambiente são julgados pela justiça estadual, salvo se praticados em detrimentos de bens serviços ou interesses da União, autarquias federais ou empresas públicas federais:
Ex. manutenção em cativeiro de animais da fauna exótica sem autorização, onde a competência seria da justiça federal, pois quem emite esta autorização é o IBAMA.
Pesca do camarão no período do defeso no mar territorial, neste caso o sujeito passivo deste crime será a União, pois o mar territorial pertence a União (art.20, VI da CRFB).
Pesca proibida no rio real (rio que divide os estados da Bahia e Sergipe), neste caso cai na hipótese do art. 20, III da CRFB, pertencendo portanto a União, competirá a justiça federal.
Extração ilegal de recursos minerais praticado em propriedade particular, quem julga? São bens da União (art. 20, IX) e portanto a competência será da Justiça Federal.
Crimes ambientais relacionados a organismos geneticamente modificados, quem julga? Compete também a justiça federal.
Crime ambiental praticado no pantanal mato-grossense? Será julgado pela justiça estadual, pois patrimonia nacional não é sinônimo de patrimônio federal (STJ - REsp 349189).
Crimes contra a fé pública
Temos que trabalhar com três regras:
1ª) Em se tratando de falsificação a competência será determinada em virtude do órgão responsável pela confecção do documento. Exemplos:
Falsificação de CNH, quem julga? Neste caso quem emite é o DETRN, portanto a competência será da justiça estadual.
Falsificação de CPF, quem julga? Quem emite o CPF é a receita federal, portando será da competência da justiça federal.
Falsificação de carteira da OAB, quem julga? Competência da Justiça federal.
Falsificação de carteira HARRAIS amador, quem julga? Quem emite este documento é a marinha do Brasil, e portanto será da competência da justiça federal.
2ª) Em se tratando de uso de documento falso por terceiro que não seja responsável pela falsificação do documento, a competência será determinado em virtude da pessoa física ou jurídica prejudicada pelo uso, pouco importando a natureza do documento.
3ª) Em se tratando de falsificação ou uso de documento falso cometido como meio para a prática de estelionato, a competência será determinada em virtude do sujeito passivo do crime patrimonial (súmula 17 do STJ).
Súmulas importantes:
Súmula n. 31 do TFR. Em se tratando de falsificação de certificado de conclusão de curso superior será da competência da justiça federal.
Súmula 62 do STJ. Esta súmula tem que ser lida com cuidado, pois foi criada em 92, e em 2000 foi criado no CP o crime do art. 297, §3º, II, se a falsa anotação na carteira de trabalho para produzir efeitos perante o INSS a competência será da justiça federal. Caso contrário a competência será da justiça estadual.
Súmula n. 104 do STJ. 
Execução Penal
	A competência é determinada em virtude da natureza do estabelecimento prisional (Súmula 192 do STJ). A Lei 11.671/2008 regula este aspecto da execução penal da pena de presos transferidos para presídios federais.
Contravenções penais e atos infracionais
	As contravenções e os atos infracionais não são julgados pela justiça federal, ainda que praticados em detrimento da União e mesmo que conexos a crimes federais (Súmula n. 38 do STJ).
Análise do Art. 109, V da CRFB
	Para que a competência seja da justiça federal devem concorrer dois requisitos, quais sejam:
O crime deve estar previsto em tratado ou convenção internacional.
Internacionalidade territorial do resultado em relação a conduta delituosa.
	Este dispositivo exige para firmar a competência da justiça federal os seguintes requisitos: a) Estar previsto em tratado ou convenção internacional; b) Ficar também caracterizado a internacionalidade territorial do resultado relativamente a conduta delituosa. (ex. tráfico internacional de drogas e tráfico internacional de pessoas). Rol exemplificativo destes crimes:
Tráfico internacional de drogas art. 70 da Lei n. 11.343/2006 (Convenção de Viena)
	A transnacionalidade deve ser compreendida como a violação à soberania de dois países. Pressupõe o intuito da transferência da droga envolvendo mais de um país, não sendo necessária a efetiva ocorrência do resultado. O simples fato da droga ter sido provavelmente adquirida em outro país não atrai a competência da justiça federal. 
Observação. Para que se possa falar em tráfico internacional é indispensável que a droga apreendida no Brasil também seja considerada ilícita no país de origem ou de destino (como não ocorreria na situação onde na Argentina o lança perfume não é considerado substancia entorpecente ilícita ao contrário do que ocorre no Brasil). 
Observação. O simples fato de a droga não ser produzida no Brasil e a prisão ter ocorrido em cidade de fronteira não atrai obrigatoriamente a competência da justiça federal.
Observação. Para que se possa falar em tráfico internacional é indispensável que a droga apreendida no Brasil também seja considerada ilícita no pais de origem, sob pena de se converter em tráfico interno, e portanto ser da competência da justiça estadual.
	Trafico internacional de drogas cometido por militares em aeronave da FAB a competência é da Justiça Federal já que o art. 109, V não faz a ressalva que os incisos IV c/c IX da CRFB faz. 
	E se o juiz federal na hora de sentenciar entender que se trata de tráfico doméstico ele deve remeter para a justiça estadual, não se aplicando a perpetuação da jurisdição posição que prevalece no STF e no STJ que entendem que deve o processo ser remetido para a justiça estadual.
Tráfico internacional de arma de fogo art. 18 da Lei n. 10.826/2003 (Convenção interamericana de combate ao tráfico de armas).
Tráfico internacional de pessoas art. 231 do CP (Convenção de Lake Success).
Transferência ilegal de criança ou adolescente para o exterior previsto no art. 239 do ECA.
Pornografia infantil por meio da internet previsto no art. 241-A do ECA. 
	Caso a comunicação pela internet se restrinja a duas pessoas residentes no Brasil, a competência será da justiça estadual; se restar provado que a conduta se deu além das fronteiras nacionais, a competência será da justiça federal. Qual é o juízo territorial competente para a apreciação da causa? A competência territorial será do local de onde emanaram as imagens pornográficas (momento da consumação deste crime), pouco importando a localização do provedor de acesso à internet.
Análise do art. 109, V-A da CRFB (Incidente de deslocamento da competência da justiça estadual para a justiça federal) 
	Foi criado pela EC n. 45/2004 estando previstos no art. 109, V-A e §5º da CRFB. Os requisitos para aplicação deste dispositivo é que haja crime praticado com grave violaçãodos Direitos Humanos e o segundo requisito é a demonstração concreta de risco de descumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais, firmados pelo Brasil, resultante da inércia ou negligência do Estado Membro em proceder a persecução penal. (IDC n. 1 – Caso Dorot). A legitimidade é do Procurador Geral da República e a competência para a apreciação do Incidente de Deslocamento de Competência é do STJ.
Análise do art. 109, VI da CRFB.
Crimes contra a organização do trabalho.
	Neste caso serão julgados pela justiça federal apenas quando violados direitos dos trabalhadores considerados coletivamente (Súmula TFR n. 115). Tem se entendido que no caso do art. 207 (aliciamento de trabalhadores de uma unidade da federação para outra) a competência tem sido da Justiça Federal. No crime de redução a condição análoga a de escravo (previsto no art. 149 do CP) que antes se entendia que quem julgava era a justiça estadual, tem se entendido mais recentemente tratar-se da competência da justiça federal (STF RE 398.041 e RE 541.627). 
Crime contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira.
	Nos crimes contra o sistema financeiro e contra a ordem econômica financeira somente serão julgados pela justiça federal nos casos determinados por lei, do contrário, quando a lei silenciar sobre a competência, será o caso julgado pela justiça estadual. Exemplos:
Lei 7.492/86 – Lei que define os crimes contra o sistema financeiro nacional, em seu art. 26 determina a competência da justiça federal. Ex. evasão de divisas.
Lei 4.595/64 – Lei que cria o sistema financeiro nacional, esta não diz nada sobre a competência, assim os crimes nela previstos serão julgados pela justiça estadual. 
Lei 1.521/51 – Os crimes contra a economia popular quem julga é a justiça estadual já que a lei não diz nada a respeito. Súmula n. 498 do STF. 
Lei 8.176/91 – Na venda de combustível adulterado, art. 1º da Lei n. 8.176/91, como a lei silencia sobre a competência, esta será da justiça estadual, pouco importando a fiscalização exercida pela ANP. 
Lei 8.137/90 – Que trata dos crimes contra a ordem tributária também não diz nada sobre a competência, portanto, pelo menos em tese, a competência é da justiça estadual. Porém se for praticado um crime contra ou em face do imposto de renda a competência é da justiça federal por conta do inciso IV do art. 109, por se tratar de ofensa a interesse da União. Na formação de cartel, art. 4º, Lei 8.137/90: caso o ilícito abranja vários estados da federação, prejudique setor econômico ou estratégico para a economia nacional ou o fornecimento de serviços essenciais a competência será da justiça federal. 
Lei 9.613/98 – Os crime de lavagem de capitais em regra se submetem a competência da justiça estadual. Será, todavia da competência da justiça federal: a) quando praticado em detrimento de bens serviços ou interesses da União suas autarquias ou empresas públicas; b) quando o crime antecedente for da competência da justiça federal.
Análise do art. 109, IX da CRFB 
	Fazer a leitura do art. 5º §1º e §2º do CP. Entende-se como abordo de navio (é a embarcação apta a navegação em alto mar). Para os fins do inciso IX do art.109 a expressão abordo de navio significa interior de embarcação de grade porte. Abordo de aeronave (é todo aparelho manobrável em vôo, que possa sustentar-se e circular em espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas apto a transportar pessoas ou coisas). Exemplo acidente envolvendo o jato legaci e o Boing da Gol o STJ entendeu que a competência seria da justiça federal, pois o crime descrito no art. 261 do CP atenta contra interesse da União que através da INFRAERO que explora economicamente a atividade aérea. Pouco importa que a aeronave encontre-se em ar ou em terra e ainda quem seja o sujeito passivo do delito. 
	Trafico de drogas abordo de aeronaves a competência é da justiça federal por conta do inciso IX do art. 109 da CRFB. Se a prisão do agente se der fora da aeronave (saguão do aeroporto) a competência será da justiça estadual.
Análise do art. 109, inciso XI da CRFB 
	Crime praticado por ou contra índio a regra é que a competência é da justiça estadual (Súmula 140 do STJ). No entanto este crime envolvendo índio será julgado pela justiça federal quando envolver direitos indígenas (art. 231 da CRFB). No caso de genocídio contra índios a competência é da justiça federal porque neste caso envolve direitos indígenas, ou seja, sua própria existência, porém será pelo juiz singular e não pelo tribunal do júri federal, pois o genocídio não é considerado crime doloso contra a vida. Em regra genocídio contra índicos é da competência de um juiz singular federal, pois o bem jurídico tutelado é a existência de grupo nacional étnico racial ou religioso. Porém, se o genocídio for praticado mediante morte de membros do grupo, o agente deverá responder pelos crimes de homicídio em concurso formal impróprio com o delito de genocídio, não sendo possível a aplicação do princípio da consunção. Nesse caso os homicídios serão julgados por um tribunal do júri federal, que exercerá força atrativa em relação ao crime conexo de genocídio. 
Conexão entre crimes da competência da justiça federal e da justiça estadual
	Havendo conexão prevalecerá a competência da justiça federal conforme se observa na súmula 122 do STJ: “Compete a justiça federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competencia federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, ii, "a", do codigo de processo penal.”
 
Justiça Estadual 
Contravenções penais – Será sempre da justiça estadual mesmo que houver conexão com um crime federal conforme súmula n. 38 do STJ. E se hoje foi praticada uma contravenção penal e amanhã ela é transformada em crime, mesmo assim será julgado pela justiça estadual como aconteceu em relação a alguns crimes ambientais.
Atos infracionais – Neste caso a competência será da justiça estadual (juizado da infância e da adolescência). 
Competência por prerrogativa de função
Regras básicas
Duplo grau de jurisdição
	Acusados com foro por prerrogativa de função não tem direito ao duplo grau de jurisdição, ai compreendido como a possibilidade de reexame integral da decisão por órgão diverso e de hierarquia superior. Porém poderá se valer dos demais recursos disponíveis STF RHC 79785:
EMENTA: I. Duplo grau de jurisdição no Direito brasileiro, à luz da Constituição e da Convenção Americana de Direitos Humanos. 1. Para corresponder à eficácia instrumental que lhe costuma ser atribuída, o duplo grau de jurisdição há de ser concebido, à moda clássica, com seus dois caracteres específicos: a possibilidade de um reexame integral da sentença de primeiro grau e que esse reexame seja confiado à órgão diverso do que a proferiu e de hierarquia superior na ordem judiciária. 2. Com esse sentido próprio - sem concessões que o desnaturem - não é possível, sob as sucessivas Constituições da República, erigir o duplo grau em princípio e garantia constitucional, tantas são as previsões, na própria Lei Fundamental, do julgamento de única instância ordinária, já na área cível, já, particularmente, na área penal. 3. A situação não se alterou, com a incorporação ao Direito brasileiro da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José), na qual, efetivamente, o art. 8º, 2, h, consagrou, como garantia, ao menos na esfera processual penal, o duplo grau de jurisdição, em sua acepção mais própria: o direito de "toda pessoa acusada de delito", durante o processo, "de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior". 4. Prevalência da Constituição, no Direito brasileiro, sobre quaisquer convenções internacionais, incluídas as de proteção aos direitos humanos, que impede, no caso, a pretendida aplicação da norma do Pacto de São José: motivação. II. A Constituição do Brasil e as convenções internacionais de proteção aos direitos humanos: prevalência da Constituição que afasta a aplicabilidade das cláusulas convencionais antinômicas. 1. Quando a questão- no estágio ainda primitivo de centralização e efetividade da ordem jurídica internacional - é de ser resolvida sob a perspectiva do juiz nacional - que, órgão do Estado, deriva da Constituição sua própria autoridade jurisdicional - não pode ele buscar, senão nessa Constituição mesma, o critério da solução de eventuais antinomias entre normas internas e normas internacionais; o que é bastante a firmar a supremacia sobre as últimas da Constituição, ainda quando esta eventualmente atribua aos tratados a prevalência no conflito: mesmo nessa hipótese, a primazia derivará da Constituição e não de uma apriorística força intrínseca da convenção internacional. 2. Assim como não o afirma em relação às leis, a Constituição não precisou dizer-se sobreposta aos tratados: a hierarquia está ínsita em preceitos inequívocos seus, como os que submetem a aprovação e a promulgação das convenções ao processo legislativo ditado pela Constituição e menos exigente que o das emendas a ela e aquele que, em conseqüência, explicitamente admite o controle da constitucionalidade dos tratados (CF, art. 102, III, b). 3. Alinhar-se ao consenso em torno da estatura infraconstitucional, na ordem positiva brasileira, dos tratados a ela incorporados, não implica assumir compromisso de logo com o entendimento - majoritário em recente decisão do STF (ADInMC 1.480) - que, mesmo em relação às convenções internacionais de proteção de direitos fundamentais, preserva a jurisprudência que a todos equipara hierarquicamente às leis ordinárias. 4. Em relação ao ordenamento pátrio, de qualquer sorte, para dar a eficácia pretendida à cláusula do Pacto de São José, de garantia do duplo grau de jurisdição, não bastaria sequer lhe conceder o poder de aditar a Constituição, acrescentando-lhe limitação oponível à lei como é a tendência do relator: mais que isso, seria necessário emprestar à norma convencional força ab-rogante da Constituição mesma, quando não dinamitadoras do seu sistema, o que não é de admitir. III. Competência originária dos Tribunais e duplo grau de jurisdição. 1. Toda vez que a Constituição prescreveu para determinada causa a competência originária de um Tribunal, de duas uma: ou também previu recurso ordinário de sua decisão (CF, arts. 102, II, a; 105, II, a e b; 121, § 4º, III, IV e V) ou, não o tendo estabelecido, é que o proibiu. 2. Em tais hipóteses, o recurso ordinário contra decisões de Tribunal, que ela mesma não criou, a Constituição não admite que o institua o direito infraconstitucional, seja lei ordinária seja convenção internacional: é que, afora os casos da Justiça do Trabalho - que não estão em causa - e da Justiça Militar - na qual o STM não se superpõe a outros Tribunais -, assim como as do Supremo Tribunal, com relação a todos os demais Tribunais e Juízos do País, também as competências recursais dos outros Tribunais Superiores - o STJ e o TSE - estão enumeradas taxativamente na Constituição, e só a emenda constitucional poderia ampliar. 3. À falta de órgãos jurisdicionais ad qua, no sistema constitucional, indispensáveis a viabilizar a aplicação do princípio do duplo grau de jurisdição aos processos de competência originária dos Tribunais, segue-se a incompatibilidade com a Constituição da aplicação no caso da norma internacional de outorga da garantia invocada.
Infração penal praticada antes do exercício funcional
	Caso o agente tenha cometido um delito antes do exercício funcional a competência será automaticamente alterada a partir do momento em que se der a diplomação ou o inicio da função observando a regra da atualidade.
	Se o acusado tiver sido diplomado como deputado federal após ter apelado de sentença condenatória proferida por juiz de primeira instância, caberá ao Supremo o julgamento da respectiva apelação STF AP 428:
EMENTA: AÇÃO PENAL. DENÚNCIA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA COM RELAÇÃO AOS CRIMES ELEITORAIS DE INJÚRIA E DIFAMAÇÃO. CONDENAÇÃO PELO CRIME ELEITORAL DE CALÚNIA. RECURSO DE APELAÇÃO INTERPOSTO SOMENTE PELA DEFESA. REMESSA DOS AUTOS AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM FACE DA DIPLOMAÇÃO DO RÉU NO CARGO DE DEPUTADO FEDERAL. RECONHECIMENTO PELO STF, POR MAIORIA, DA ATIPICIDADE DA CONDUTA DO RÉU. I. SENTENÇA CONDENATÓRIA - RECURSO CRIMINAL - PRELIMINAR DE INTEMPESTIVIDADE SUSCITADA NAS CONTRA-RAZÕES APRESENTADAS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL - PRAZO - INTIMAÇÃO. O termo ad quem para a interposição da apelação sequer se iniciou em face do réu não ter sido pessoalmente intimado da sentença. Devem ser intimados o defensor e o réu, mostrando-se insuficiente, para haver o curso do prazo recursal, a intimação apenas do primeiro - artigos 261, 263 e 392 do Código de Processo Penal. Precedentes do STF. Preliminar de intempestividade da apelação afastada. II. CALÚNIA - TIPICIDADE. A tipicidade própria à calúnia pressupõe a imputação de fato determinado, revelador de prática criminosa, não a caracterizando palavras genéricas, muito embora alcançando a honra do destinatário. Precedentes do STF. Atipicidade do fato. Vencido o relator, Ministro Marco Aurélio, que deu provimento ao recurso para desclassificar o crime de calúnia para o de injúria, declarando, outrossim, a prescrição deste. III. RECURSO PROVIDO. Recorrente absolvido da imputação com base no artigo 386, inciso III, do CPP.
	Cessado o exercício funcional, o agente deixa de ter direito ao foro por prerrogativa de função, salvo se o julgamento já estiver sido iniciado. Na hipótese de renúncia do Deputado, se ficar evidenciado que esta ocorreu com o objetivo de subtrair o parlamentar ao julgamento pelo Supremo, o Deputado continuará sendo julgado pelo Supremo STF AP 396:
EMENTA: QUESTÃO DE ORDEM NA AÇÃO PENAL. DEPUTADO FEDERAL. RENÚNCIA AO MANDATO. ABUSO DE DIREITO: RECONHECIMENTO DA COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA CONTINUIDADE DO JULGAMENTO DA PRESENTE AÇÃO PENAL. DENÚNCIA. CRIMES DE PECULATO E DE QUADRILHA. ALEGAÇÕES DE NULIDADE DA AÇÃO PENAL, DE INVESTIGAÇÃO PROMOVIDA POR ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE PRIMEIRO GRAU, DE OFENSA AO PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL, DE CRIME POLÍTICO, DE INÉPCIA DA DENÚNCIA, DE CONEXÃO E DE CONTINÊNCIA: VÍCIOS NÃO CARACTERIZADOS. PRELIMINARES REJEITADAS. PRECEDENTES. CONFIGURAÇÃO DOS CRIMES DE PECULATO E DE QUADRILHA. AÇÃO PENAL JULGADA PROCEDENTE. 1. Renúncia de mandato: ato legítimo. Não se presta, porém, a ser utilizada como subterfúgio para deslocamento de competências constitucionalmente definidas, que não podem ser objeto de escolha pessoal. Impossibilidade de ser aproveitada como expediente para impedir o julgamento em tempo à absolvição ou à condenação e, neste caso, à definição de penas. 2. No caso, a renúncia do mandato foi apresentada à Casa Legislativa em 27 de outubro de 2010, véspera do julgamento da presente ação penal pelo Plenário do Supremo Tribunal: pretensões nitidamente incompatíveis com os princípios e as regras constitucionais porque exclui a aplicação da regra de competência deste Supremo Tribunal. 3. É firme a jurisprudência do Supremo Tribunal de que o Ministério Público pode oferecer denúncia com base em elementos de informação obtidos em inquéritos civis, instaurados para a apuração de ilícitos civis e administrativos, no curso dos quais se vislumbre suposta prática de ilícitos penais. Precedentes. 4. O processo e o julgamento de causas de natureza civil não estão inscritas no texto constitucional, mesmo quando instauradas contra Deputado Estadual ou contra qualquer autoridade, que, em matéria penal, dispõem de prerrogativa de foro. 5. O inquérito civil instaurado pelo Ministério Público estadual não se volta à investigação de crime político, sendo inviável a caracterização de qualquer dos fatos investigados como crime político. 6. É apta a denúncia que bem individualiza a conduta do réu, expondo de forma pormenorizada o fato criminoso, preenchendo, assim, os requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal. Basta que, da leitura da peça acusatória, possam-se vislumbrar todos os elementos indispensáveis à existência de crime emtese, com autoria definida, de modo a permitir o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. 7. A pluralidade de réus e a necessidade de tramitação mais célere do processo justificam o desmembramento do processo. 8. As provas documentais e testemunhais revelam que o réu, no cargo de diretor financeiro da Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia, praticou os crimes de peculato, na forma continuada, e de quadrilha narrados na denúncia, o que impõe a sua condenação. 9. Questão de ordem resolvida no sentido de reconhecer a subsistência da competência deste Supremo Tribunal Federal para continuidade do julgamento. 10. Preliminares rejeitadas. 11. Ação penal julgada procedente.
Infração penal praticada durante o exercício funcional
	Observando a Súmula 394 do STF (já cancelada) inicialmente percebesse que prevalecia o entendimento de que ainda que cessada a função, era mantida a competência do tribunal se o crime tivesse sido praticado em razão das funções (regra da contemporaneidade da infração).
	A lei 10.628/2002 provocou uma alteração no art. 84 do CPP acrescentando dois parágrafos aquele dispositivo que acabou por ressuscitar o teor da súmula 394 que havia sido cancelada:
   Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 10.628, de 24.12.2002)
        § 1o A competência especial por prerrogativa de função, relativa a atos administrativos do agente, prevalece ainda que o inquérito ou a ação judicial sejam iniciados após a cessação do exercício da função pública. (Incluído pela Lei nº 10.628, de 24.12.2002)    (Vide ADIN nº 2797) 
        § 2o A ação de improbidade, de que trata a Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, será proposta perante o tribunal competente para processar e julgar criminalmente o funcionário ou autoridade na hipótese de prerrogativa de foro em razão do exercício de função pública, observado o disposto no § 1o.    (Incluído pela Lei nº 10.628, de 24.12.2002)   (Vide ADIN nº 2797)
 	O supremo declarou a inconstitucionalidade dos parágrafos 1º e 2º do art. 84 na ADI 2797 sob o argumento de que o legislador ordinário não é dado fazer uma interpretação autêntica da Constituição Federal, atentando contra a taxatividade das competências constitucionais do Supremo:
EMENTA: I. ADIn: legitimidade ativa: "entidade de classe de âmbito nacional" (art. 103, IX, CF): Associação Nacional dos Membros do Ministério Público - CONAMP 1. Ao julgar, a ADIn 3153-AgR, 12.08.04, Pertence, Inf STF 356, o plenário do Supremo Tribunal abandonou o entendimento que excluía as entidades de classe de segundo grau - as chamadas "associações de associações" - do rol dos legitimados à ação direta. 2. De qualquer sorte, no novo estatuto da CONAMP - agora Associação Nacional dos Membros do Ministério Público - a qualidade de "associados efetivos" ficou adstrita às pessoas físicas integrantes da categoria, - o que basta a satisfazer a jurisprudência restritiva-, ainda que o estatuto reserve às associações afiliadas papel relevante na gestão da entidade nacional. II. ADIn: pertinência temática. Presença da relação de pertinência temática entre a finalidade institucional das duas entidades requerentes e os dispositivos legais impugnados: as normas legais questionadas se refletem na distribuição vertical de competência funcional entre os órgãos do Poder Judiciário - e, em conseqüência, entre os do Ministério Público . III. Foro especial por prerrogativa de função: extensão, no tempo, ao momento posterior à cessação da investidura na função dele determinante. Súmula 394/STF (cancelamento pelo Supremo Tribunal Federal). Lei 10.628/2002, que acrescentou os §§ 1º e 2º ao artigo 84 do C. Processo Penal: pretensão inadmissível de interpretação autêntica da Constituição por lei ordinária e usurpação da competência do Supremo Tribunal para interpretar a Constituição: inconstitucionalidade declarada. 1. O novo § 1º do art. 84 CPrPen constitui evidente reação legislativa ao cancelamento da Súmula 394 por decisão tomada pelo Supremo Tribunal no Inq 687-QO, 25.8.97, rel. o em. Ministro Sydney Sanches (RTJ 179/912), cujos fundamentos a lei nova contraria inequivocamente. 2. Tanto a Súmula 394, como a decisão do Supremo Tribunal, que a cancelou, derivaram de interpretação direta e exclusiva da Constituição Federal. 3. Não pode a lei ordinária pretender impor, como seu objeto imediato, uma interpretação da Constituição: a questão é de inconstitucionalidade formal, ínsita a toda norma de gradação inferior que se proponha a ditar interpretação da norma de hierarquia superior. 4. Quando, ao vício de inconstitucionalidade formal, a lei interpretativa da Constituição acresça o de opor-se ao entendimento da jurisprudência constitucional do Supremo Tribunal - guarda da Constituição -, às razões dogmáticas acentuadas se impõem ao Tribunal razões de alta política institucional para repelir a usurpação pelo legislador de sua missão de intérprete final da Lei Fundamental: admitir pudesse a lei ordinária inverter a leitura pelo Supremo Tribunal da Constituição seria dizer que a interpretação constitucional da Corte estaria sujeita ao referendo do legislador, ou seja, que a Constituição - como entendida pelo órgão que ela própria erigiu em guarda da sua supremacia -, só constituiria o correto entendimento da Lei Suprema na medida da inteligência que lhe desse outro órgão constituído, o legislador ordinário, ao contrário, submetido aos seus ditames. 5. Inconstitucionalidade do § 1º do art. 84 C.Pr.Penal, acrescido pela lei questionada e, por arrastamento, da regra final do § 2º do mesmo artigo, que manda estender a regra à ação de improbidade administrativa. IV. Ação de improbidade administrativa: extensão da competência especial por prerrogativa de função estabelecida para o processo penal condenatório contra o mesmo dignitário (§ 2º do art. 84 do C Pr Penal introduzido pela L. 10.628/2002): declaração, por lei, de competência originária não prevista na Constituição: inconstitucionalidade. 1. No plano federal, as hipóteses de competência cível ou criminal dos tribunais da União são as previstas na Constituição da República ou dela implicitamente decorrentes, salvo quando esta mesma remeta à lei a sua fixação. 2. Essa exclusividade constitucional da fonte das competências dos tribunais federais resulta, de logo, de ser a Justiça da União especial em relação às dos Estados, detentores de toda a jurisdição residual. 3. Acresce que a competência originária dos Tribunais é, por definição, derrogação da competência ordinária dos juízos de primeiro grau, do que decorre que, demarcada a última pela Constituição, só a própria Constituição a pode excetuar. 4. Como mera explicitação de competências originárias implícitas na Lei Fundamental, à disposição legal em causa seriam oponíveis as razões já aventadas contra a pretensão de imposição por lei ordinária de uma dada interpretação constitucional. 5. De outro lado, pretende a lei questionada equiparar a ação de improbidade administrativa, de natureza civil (CF, art. 37, § 4º), à ação penal contra os mais altos dignitários da República, para o fim de estabelecer competência originária do Supremo Tribunal, em relação à qual a jurisprudência do Tribunal sempre estabeleceu nítida distinção entre as duas espécies. 6. Quanto aos Tribunais locais, a Constituição Federal -salvo as hipóteses dos seus arts. 29, X e 96, III -, reservou explicitamente às Constituições dos Estados-membros a definição da competência dos seus tribunais, o que afasta a possibilidade de ser ela alterada por lei federal ordinária. V. Ação de improbidade administrativa e competência constitucional para o julgamento dos crimes de responsabilidade. 1. O eventual acolhimento da tese de que a competência constitucional para julgar os crimes

Continue navegando