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A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO E CONTROLO DO TREINO EM NATAÇÃO Ricardo Fernandes, J. Virgilio Santos Silva, J. Paulo Vilas-Boas Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, Universidade do Porto Introdução O processo de controlo, avaliação e aconselhamento do treino, ao qual geralmente é atribuida a designação simplista de controlo do treino (CT), tem vindo a ser considerado como um aspecto fundamental na planificação de qualquer desporto (Villanueva, 1994), constituindo desde há alguns anos, uma tarefa primordial do processo de treino em natação pura desportiva (NPD) (Vilas-Boas, 1989a). Assim, através deste trabalho, pretendemos evidenciar a importância da avaliação de nadadores e do controlo e aconselhamento do treino, revendo o conhecimento existente nesta área de forma a dar resposta a algumas questões usualmente formuladas a este propósito: o que é o CT, para que serve, o que importa avaliar e controlar, como e quando realizar esse controlo e avaliação? Em complementaridade, apresentaremos o sistema integrado de testes utilizado na nossa instituição, demonstrando os meios e métodos por nós utilizados na avaliação de nadadores pré-juniores. O que é o CT? O CT foi definido por Vilas-Boas (1989b), como sendo o complexo de tarefas inerentes à avaliação do estado de desenvolvimento dos pressupostos de rendimento desportivo e, portanto, também do resultado e adequação dos exercícios e programas de treino. Landry (1977), de uma forma mais abrangente, refere que o CT consiste na arte de observar, medir e aconselhar o atleta para que obtenha maior eficácia. Assim, o objectivo primordial dos especialistas em avaliação desportiva é criar, para cada individuo (qualquer que seja a sua idade e nível de prática), meios de avaliar as suas capacidades motoras, de forma a melhor as conhecer e melhor gerir o seu "capital motor" (Cazorla, 1984). Villanueva (1997), pelo seu lado, é mais especifico, dividindo o CT em duas actividades inseparáveis: o controlo das cargas de treino e o controlo da evolução do nadador, salientando que nenhum deles tem significado sem o outro. Para quê o CT? Um observador atento e integrado no âmbito do processo de treino em NPD pode facilmente constatar que, principalmente nas duas últimas decadas, os resultados desportivos têm vindo a evoluir devido, especialmente, ao aumento de número de horas diárias e de unidades de treino semanais destinadas à preparação desportiva. Desta forma, a evolução dos resultados desportivos nos últimos anos decorreu, sobretudo, de um apreciável aumento do volume de treino, especialmente nas modalidades cíclicas e fechadas, de que a natação é exemplo (Vilas-Boas e Duarte, 1994). Esta tendência parece ter prevalecido até aos nossos dias, uma vez que, apesar dos esforços de Costill (1991; 1998), entre outros, os treinadores parecem continuar a preferir realizar o aumento das cargas de treino utilizando, sobretudo, o volume em detrimento do uso da intensidade. No entanto, a perseguição de maiores volumes de treino dá azo, frequentemente, a um excessivo efeito cumulativo das cargas decorrente de uma recuperação insuficiente, o que por sua vez se repercute no desrespeito de um dos principios fundamentais do treino: o principio da alternância entre a carga e a recuperação (Berger e Ballif, 1981). O desrespeito desta lei do treino desportivo poderá revestir contornos de grande gravidade que poderão ir desde estados de sobretreino (Tierney, 1988) até ao abandono da modalidade (Gould, 1993). Por outro lado, a perseguição do volume num quadro de uma recuperação constrangida, tem de ser realizada em detrimento da intensidade, obrigando muitas vezes os nadadores a realizarem treinos de longa duração a velocidades marcadamente inferiores às utilizadas em competição (Costill, 1985; Costill et al., 1991; Mujika et al., 1995), sabendo-se que a maioria das provas de natação tem uma duração inferior a 2 mn e requerem esforços marcadamente anaeróbios (Trappe, 1996). Neste contexto, a única solução possível para o problema parece ser o aumento da eficiência do treino. Para tal, urge dispor de mecanismos concretos e objectivos que traduzam o estado de preparação desportiva do atleta; por conseguinte, vários testes foram criados com o intuito de fornecer informações concretas acerca do estado de forma de nadadores e consequente aconselhamento do treino. Em resumo, baseando-nos nas perspectivas de Vilas-Boas (1989a), MacDougall e Wenger (1991) e Cazorla (1993), podemos referir que a avaliação de nadadores e o controlo do treino constitui, hoje em dia, uma tarefa fundamental do processo de treino, possibilitando a treinadores e equipas técnicas: (i) detectar sujeitos com um potencial acrescido; (ii) orientar os jovens para as actividades que se melhor adequam às suas capacidades; (iii) conhecer o estado actual de treino e desenvolvimento do atleta; (iv) avaliar os efeitos do treino; (v) conhecer as vantagens e as dificuldades do do atleta em relação à referida modalidade; (vi) recolher informações sobre o estado de saúde do atleta; (vii) objectivar, confirmando ou não, as impressões subjectivas resultantes da observação contínua do atleta; (viii) verificar a adequação do planeamento do treino; (ix) verificar, pontualmente, o melhor ou pior desenvolvimento de uma capacidade particular; (x) seguir longitudinalmente os progressos ligados ao processo de treino; (xi) detectar eventuais falhas e insuficiencias no processo de treino e validar novos procedimentos; (xii) realizar o perfil das principais capacidades do nadador; (xiii) prognosticar o desempenho desportivo futuro. Por outro lado, em relação ao nadador, a avaliação e o controlo do treino podem contribuir para (Vilas-Boas, 1989a, MacDougall e Wenger, 1991 e Gomes Pereira, 1995): (i) melhor comprender o seu corpo e os requesitos da modalidade; (ii) aumentar os seus níveis motivacionais, nomeadamente por sentir que outros agentes estão empenhados em contribuir para a sua evolução; (iii) definir a sua participação activa e contextualizada no processo de treino, compreendendo a "razão das coisas". O que é importante controlar e avaliar? A estruturação de um programa de avaliação pressupõe, na opinião de Cazorla (1984), o cumprimento de 5 etapas, a saber: (i) análise da tarefa e estabelecimento uma tipologia dos factores a avaliar; (ii) escolha ou criação dos instrumentos de medida mais adequados; (iii) organização da recolha dos dados; (iv) tratamento dos dados recolhidos; (v) síntetise e interpretação do conjunto de resultados. A primeira dessas etapas relaciona-se com a definição dos diferentes factores que intervêm na tarefa a avaliar, referindo também Costill (1985) que, não obstante a modalidade a ser estudada, deve-se identificar em primeiro lugar os factores que são essenciais para uma prestação bem sucedida. Assim, a análise da tarefa motora e das exigências especificas da modalidade (neste caso da NPD) é fundamental, por forma a verificar quais os parâmetros que importa avaliar. Segundo Vilas-Boas (1989a) importa avaliar, no essencial, o nível de desenvolvimento dos pressupostos de rendimento desportivo da natação em diferentes momentos, ou seja, avaliar o conjunto de factores determinantes do rendimento competitivo em cada tarefa motora especifica. No quadro 1, podemos observar as perspectivas de alguns autores que se referenciaram aos pressupostos do rendimento desportivo em NPD. Quadro 1. Diferentes modelos de factores predisponentes do rendimento desportivo, no que se refere especificamente à natação pura desportiva (actualizado de Vilas-Boas, 1989a). A revisão da literatura apresentada no Quadro 1 permite-nos considerar que o diagrama dos factores determinantes do rendimento desportivo do nadador proposto por Vilas-Boas (1987) se mantêm útil (Figura 1). Figura 1. Diagrama síntese dos factores determinantesda performance do nadador (Vilas-Boas, 1987). Tendo em conta que o progresso em NPD tende a estar cada vez mais dependente da racionalização sistemática e da melhor harmonização de todos os factores que influênciam o rendimento desportivo, parece-nos relevante reafirmar os factores a dominar no correcto processo de treino de forma a aumentar a eficiencia do treino anteriormente sublinhados por Vilas-Boas (1991): (i) conhecer profundamente as particularidades e exigências especificas da modalidade, bem como os pressupostos, princípios, meios e métodos de treino desportivo; (ii) conhecer, operacionalizar e utilizar meios e métodos quer de avaliação da capacidade individual de rendimento nas suas múltiplas vertentes, quer de retroacção. AUTORES FACTORES Cureton (1975) Constitucionais, Força e Flexibilidade Condicionais Mecânica da Braçada e Coordenação Atitude, Personalidade e Confiança Cazorla et al. (1984a) Energéticos Propulsão e Deslizamento Psicológicos Costill (1985) Energéticos Biomecânicos, Arrastamento e Flutuabilidade Resistência à fadiga Vilas-Boas (1987) Constitucionais Condicionais Coordenativos Psico-afectivos Cazorla (1993) Morfológicos Fisiológicos Biomecânicos Psicológicos Alves (1995) Mobilidade articular Energéticos Neuro-musculares Psicológicos Hohmann (1998a) Antropométricos Habilidades de Força Coordenação Motora e Técnica Como controlar e avaliar? A estruturação de um programa de avaliação proposta por Cazorla (1984), pressupõe como segundo passo a escolha ou desenvolvimento dos instrumentos de medida mais adequados. No que se refere a este aspecto, o referido autor salienta que, consoante o nível desportivo do nadador, os utensilios poderão ser mais ou menos sofisticados; no entanto, estes deverão sempre ser pertinentes, válidos e fiáveis. Para que um teste constitua um utensilio eficaz de medida, deverá possuir várias qualidades (Thomas, 1989): (i) validade: um teste é válido quando mede bem o que está previsto medir; (ii) sensibilidade: um teste é mais ou menos sensivel consoante permite escalonar os individuos avaliados em maior ou menor número de classes; (iii) fiabilidade: um teste aplicado duas vezes separadas no tempo deverá apresentar os mesmos resultados, assegurando a estabilidade destes. Por outro lado, a constituição de um protocolo de testagem é de grande importância, sendo o programa de avaliação efectivo se tiver as seguintes caracteristicas (segundo MacDougall e Wenger, 1991): (i) variáveis testadas relevantes para a modalidade em causa; (ii) testes seleccionados válidos e fiaveis; (iii) protocolos de testagem o mais especificos possível em relação à modalidade; (iv) administração dos testes controlada rigidamente; (v) direitos humanos do atleta respeitados; (vi) repetir a testagem em intervalos regulares; (vii) os resultados são interpretados directamente pelo treinador e pelo atleta. Dos tipos de testes susceptíveis de serem utilizados para CT destacam-se os programas de teste laboratoriais e de terreno (Gomes Pereira, 1995; Keskinen, 1994). No entanto, Gomes Pereira (1986) refere que a avaliação laboratorial serve apenas para caracterizar o nível de condição física geral do nadador, enquanto Alves (1996) alude o facto de em natação (desporto em que a simulação efectiva do gesto técnico específico é praticamente impossível em situação laboratorial), os testes de terreno são a única solução, apesar da dificuldade real existente em isolar e controlar as variáveis do envolvimento e alguns dos factores da prestação. Quando controlar e avaliar? Cazorla (1984) estabeleceu a distinção entre dois tipos de avaliação consoante o momento em que se situam. Assim, avaliação diagnóstico deverá situar-se no início da época de treino, de forma a traduzir o estado de desenvolvimento dos factores influênciadores do rendimento especifico da modalidade, possibilitanto programar mais eficazmente o trabalho planeado; também Gomes Pereira (1986) faz referência a uma primeira avaliação, no início da época desportiva, com o objectivo de traçar o perfil da condição física geral e o estado inicial do nadador. Relativamente às avaliações que se realizam ao longo da época de treino, são denominadas avaliações sumativas, as quais deverão seguir a mesma metodologia e protocolo que a avaliação diagnóstico, de forma a permitir observar o desenvolvimento das capacidades anteriormente mensuradas, referindo Cazorla (1984) que é a complementaridade entre estes dois tipos de avaliação que mede a eficácia de um programa de treino. Desta forma, se se adoptar um sistema clássico de periodização dupla (macrociclo de Inverno e macrociclo de Verão) ou tripla, tal como parece ser mais usual em NPD, haverá que implementar um tempo de CT no fim da preparação geral, no fim da preparação específica e durante a competição. No entanto, estes tempos de avaliação ficam intervalados aproximadamente 8 e 6 semanas (respectivamente para a periodização dupla e tripla), o que implicaria, numa situação ideal, a realização de tempos intermédios de avaliação para reaferiação dos dados em consequência das próprias alterações introduzidas no processo de treino. Protocolo de avaliação, controlo e aconselhamento do treino de nadadores pré-juniores À semelhança dos sistemas integrados de testes que existem descritos na literatura (cf. Bougakova, 1990; Cazorla, 1993; Navarro, 1995; Persyn, 1988; Hohmann, 1998b), a FCDEF-UP e a Associação de Natação do Norte de Portugal (ANNP) decidiram implementar um programa de avaliação, controlo e aconselhamento do treino de nadadores pré-juniores. O programa consiste em três momentos de avaliação anuais durante um ciclo olímpico (96-97/99-2000), englobando avaliações nos domínios que descreveremos seguidamente. Avaliação cineantropométrica Envolve o estudo da composição corporal, somatotipo, dimensões lineares e compostas e linearidade. Para tal, são realizadas 24 medições, sendo a determinação da composição corporal realizada através do método de bioimpedância. Para além do peso e da altura, foram avaliadas: (i) as pregas de adiposidade subcutânea: tricipital, bicipital, subscapular, ilíaca, supraespinal, abdominal, crural e geminal; (ii) os perímetros: braço relaxado, braço tenso, crural, geminal; (iii) os comprimentos: membro superior, membro inferior, pé e largura do pé; (iv) os diâmetros: biacromial, bicristal, bicôndilo-humeral, bicôndilo-femural, palmar longitudinal, palmar transverso. As medições são realizadas de acordo com o método de Heath e Carter (1972), tendo o instrumentárium utilizado consistido numa maleta de antropometria, num adipómetro, numa balança e num sistema de determinação da composição corporal por bioimpedância. Avaliação psicológica Envolvendo sete áreas distintas, apesar de relacionadas entre si: (i) objectivos de realização, utilizando o Questionário de Percepção do Sucesso no Desporto (QPSD: Fonseca e Balagué, 1996) e o Questionário de Orientação para a Tarefa e para o Ego no Desporto (QOTED: Fonseca e Biddle, 1996); (ii) orientações motivacionais, utilizando a Escala de AutoRegulação no Desporto (EARD: Fonseca e Biddle, 1995a); (iii) motivação intrínseca, utilizando o Inventário de Motivação Intrínseca (IMI: Fonseca e Biddle, 1995b); (iv) opiniões relativamente ao seu valor como nadadores, utilizando a Escala de Percepção de Competências (Fonseca, 1993); (v) clima motivacional percebido nos seus treinos, utilizando o Questionário do Clima Motivacional Percebido (QCMP: Fonseca e Biddle, 1995c); (vi) avaliação das causas consideradas subjacentes ao seu valor, utilizando a Escala de Dimensões Causais II (CDSIIp: Fonseca, 1993); (vii) crenças relativas à natureza da competência desportiva, utilizando o Questionário de Crenças no Sucesso (QCS: Fonseca e Biddle,1995c). Avaliação fisiológica, bioquímica e funcional A avaliação fisiológica, bioquímica e funcional dos nadadores pré-juniores baseia-se, fundamentalmente, na análise da resistência aeróbia de cada atleta, nomeadamente, na determinação das velocidades de nado individuais correspondentes ao limiar anaeróbio (LAN) de cada nadador. Para tal selecccionamos a determinação de alguns parâmetros que são considerados pela literatura como indicadores úteis e válidos do LAN, nomeadamente as velocidades médias de nado correspondente a: (i) concentração sanguínea de 3, 4, 5 e 8 mmol.l-1 de lactato (v3, v4, v5 e v8); (ii) 30 minutos de nado contínuo à velocidade máxima (T30); (iii) velocidade crítica (VC). A determinação do LAN é realizada com base no teste de duas velocidades proposto por Mader et al. (1976), no qual cada nadador realiza 2 x 200 m livres a 80-90% e a 100% da sua capacidade funcional do momento. As colheitas de sangue capilar são obtidas por punção do lóbulo auricular aos 3, 5 e 7 mn de recuperação, sendo as concentrações sanguíneas de lactato ([AL-]) determinadas por química seca. O LAN considera-se correspondente a v4 (Mader et al., 1976; Heck et al., 1985) e o intervalo de velocidades ideal para treino aeróbio situado entre v3 e v5. A v8 é considerada como uma velocidade de nado representativa da potência máxima aeróbia. A determinação da VC é realizada com base em dois testes máximos de 200 e 800m livres (crawl), sendo considerada como o declive da recta de regressão calculada entre a distância de teste e o respectivo tempo. Por outro lado, a velocidade do T30 é determinada pela razão entre a distância cumprida e a duração do teste (30 minutos de nado contínuo), realizado na técnica de livres à velocidade máxima. Avaliação técnica A avaliação técnica é realizada recorrendo a critérios subjectivos a partir de imagens subaquáticas e reportando-se à observação do registo vídeo, de forma a diagnosticar os principais erros técnicos registados em cada técnica de nado. Depois, são fornecidos aos treinadores conselhos para a correcção técnica dos nadadores. Com base na frequência relativa dos diferentes erros observados e registados em "check-lists" específicas, é determinada também uma escala de classificação técnica para cada um dos estilos, relativamente à qual cada nadador é classificado. Após a realização dos vários domínos avaliativos são elaborados relatórios sectoriais (da amostra global) e relatórios individuais. Note-se que ao longo dos estágios realizados (4 no total até este momento) foi-se criando uma base de dados alargada, de forma a se poder classificar numa escala de avaliação (de 1 a 5) cada nadador nas áreas da avaliação fisiológica/bioquímica e cineantropométrica. Para o estabelecimento da escala procedeu-se de acordo com o seguinte critério: 1 - inferior à media menos 2x o desvio padrão; 2 - entre a média menos 2x o desvio padrão e a média menos 1x o desvio padrão; 3 - entre a média menos 1x o desvio padrão e a média mais 1x o desvio padrão; 4 - entre a média mais 1x o desvio padrão e a média mais 2x o desvio padrão; 5 - superior à média mais 2x o desvio padrão. Estas classificações permitem situar melhor cada nadador em relação à amostra do respectivo subgrupo sexual, fazendo sobressair os aspectos mais positivos e negativos específicos de cada área avaliada, os quais se traduzem em vantagens e desvantagens para a prática da modalidade. A determinação dos perfis indivíduais é um procedimento extremamente útil pois permite: (i) despistar insuficiências de preparação em variáveis que se correlacionam fortemente com o rendimento em natação; (ii) perspectivar a vocação do atleta para determinada especialidade com base na maior ou menor aproximação do respectivo perfil ao perfil de referência dos nadadores de alto nível das diferentes especialidades. Conclusão O protocolo implementado permite: (i) avaliar transversalmente os nadadores pré-juniores da ANNP comparativamente a referências disponíveis na literatura para os mesmos parâmetros em populações de sucesso desportivo mais expressivo; (ii) despistar evoluções e involuções longitudinais relativamente a esses grupos; (iii) construir escalas regionais de referência para avaliações ulteriores, quer transversais quer longitudinais. Contribui-se, desta forma, para a objectivação do processo de formação desportiva, passo reafirmadamente assumido como indispensável para o fomento do nível desportivo de modalidades alicerçadas em pequenas bases de recrutamento. Referências bibliográficas Alves, F. (1995). Economia de nado e prestação competitiva. Determinantes mecânicas e metabólicas nas técnicas alternadas. Dissertação apresentada a provas de Doutoramento. Universidade Técnica de Lisboa-Faculdade de Motricidade Humana. Alves, F. (1996). Economia de nado, técnica e desempenho competitivo nas técnicas alternadas. Natação, V (28): separata. Berger, P. e Ballif, T. (1981). Récupéaration et régénération dans l'entraînement de natation. Jeuness et Sport, 8, pp. 176- 177. Boulgakova, N. (1990). Sélection et préparation des jeunes nageurs. Editions Vigot, Paris. Cazorla, G. (1984). De l'evaluation en activité physique et sportive. Travaux et recherches en E.P.S. nº 7, Evaluation de la valeur physique, pp. 7-35. 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Janeira, Profª Drª Olga Vasconcelos e Dr. Rui Garganta (Laboratório de Cineantropometria); Prof. Doutor José Alberto Duarte (Laboratórios de Bioquímica e Físiologia); Profª Drª Ana Maria Duarte e Dr. António M. Fonseca (Laboratório de Psicologia); Prof. Dr. António Marques e Dr. José Oliveira (Gabinete de Treino Desportivo).
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