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CONTESTAÇÃO(PRATICA CIVIL)

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ____ JUIZADO ESPECIAL DESTA COMARCA DE XXXXXXXXX 
 Processo: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
 Requerente: XXXXXXXX
 Requerido: XXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXX, brasileiro, convivente, biscateiro, redidente e domiciliado na Rua Oráclito Silva, N.º 45, Bairro Liberdade, nesta cidade XXXXXX, local onde receberá as respectivas citações, intimações e notificações decorrentes do presente processo, por seu advogado infra-assinado, vem, tempestivamente à presença de Vossa Excelência, nos autos do processo em epígrafe apresentar sua
C O N T E S T A Ç Ã O
Aos termos da ação em epígrafe, fazendo-a com fundamento nas razões de fato e de direito a seguir expendidas:
SINTESE FÁTICA
Trata-se de ação de dissolução de união estável com partilha de bens, cumulada com reparação de danos morais. 
Aduz a requerente que estabeleceu convivência ‘more uxório’, com o o promovido, passando a conviver com este sob o mesmo casa, conforme escritura pública de união estável, datada de 03 de Fevereiro de 2008. Ainda, diz uma filha, na qual vive com a avó materna e que pelo esforço comum adquiriram uma motocicleta avaliada em R 2.800,00 (dois mil e oitocento reais) e um terreno avaliado em 15.000,00 (quinze mil reais).
Alega a requerente, que o separando possui um terreno no centro da cidade de Bonfim/RR, Matrícula 456 no Cartório de Registro Imobiliário que deve entrar na partilha de bens dos coniventes, mesmo tendo sido adquirido por herança do pai falecido na data de 15/09/2013, pois o terreno foi murado, aterrado e sobre ele foi construído uma casa de alvenári, avaliada em R 120.000,00 (cento e vinte mil reais), no qual encontra-se aluga por um valor de R 900,00 (novecentos reais), dinheiro este destinado ao pagamento de pensão alimentícia da filha melhor do casal.
PRELIMINARMENTE
I. DA INÉPCIA DA INICIAL
Antes de se adentrar ao mérito da ação, cumpre ao Requerente deixar claro a este r. Juízo que a peça vestibular mostra-se evidentemente inepta, merecendo, pois, ser indeferida, de plano, com a consequente extinção do feito.
Verificou-se na inicial que a requerente não específicou seus pedidos, tão pouco apresentou fundamentos jurídicos para o seu pleito, estabelecendo somento a porcetagem de 50%, não ficou claro sobre o que a requerente pleiteia que incida a porcentagem identificada na inicial. 
A requerente formulou pedido genérico não respeitando as regras estabelecidas no artigo 332 e 324 no Código de Processo Civil. 
Faz-se mister destacar que a exordial carece de alguns requisitos da petição inicial, quais sejam, fundamentos jurídicos do pedido e o pedido, com as suas especificações, devendo desta forma ser indeferida.
Ora, essas formalidades são necessárias e constituem requisitos da petição inicial, de acordo com artigo 319, incisos III e IV, do Código de Processo Civil, in verbis:
“Art. 319. A petição inicial indicará
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;”
O parágrafo primeiro do artigo 330 do Código de Processo Civil, ao analisar a inépcia da inicial, deixa claro que a mesma é verificada quando:
“§ 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.”
Assim, a presente ação merece ser extinta, sem julgamento do mérito, de conformidade com os artigos 485, inciso I, 319, incisos III e IV e o artigo 330, § 1º, todos do Código de Processo Civil.
Com efeito, o artigo 319 do CPC estabelece os requisitos indispensáveis a petição inicial, constando expressamente no inciso III, que a peça vestibular deverá conter os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido e no inciso IV, que a exordial indicará o pedido com suas especificações.
Como exposta a peça vestibular, merece ser considerada inepta, com o consequente indeferimento da mesma e a extinção do processo sem o julgamento do mérito.
II. INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA 
Considerando os fatos e o direito,  deduzidos a seguir:
O valor atribuído  à  causa, na ação de dissolução de união estável com partilha de bens, conforme consta foi de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais).  
A requerida não apresentou qualquer argumento ou informação que justifique o valor atribuído a demanda, o que leva à conclusão inarredável de que o valor foi fixado aleatoriamente e sem embasamento no que dispóes o art. 292 do Código de processo civil e sem nexo com os fatos apresentados na inicial. 
Entretanto, como o objetivo de estabelecer o valor correto da causa deve ser atribuído à demanda o valor conforme fatos apresentados pela requerente que, conforme consta, importa em   R$ 68.900 (sessenta e oito mil e novecentos reais), nos quais referem-se a 50% dos valores dos bens alegados pela requerente que diz que ter direito.
Diante do exposta a peça inicial, merece ser considerada inepta, com o consequente indeferimento da mesma e a extinção do processo sem o julgamento do mérito.
	
 IV. DO MÉRITO
Conforme narrativa inicial, a própria autora menciona que há aproximadamento dez anos tem união estável com o requerido e por isso tem direito a 50% do bens. 
Cumpre informar que na união estável, o regime de bens a ser seguido pelo casal, assim como no casamento, vai dispor sobre a comunicação do patrimônio dos companheiros durante a relação e também ao término dela, na hipótese de dissolução do vínculo pela separação ou pela morte de um dos parceiros. Dessa forma, há reflexos na partilha e na sucessão dos bens, ou seja, na transmissão da herança. Cumpre ressaltar que são em casos de falecimento o que não ocorreu no caso em questão. 
O artigo 1.725 do CC/02 estabelece que o regime a ser aplicado às relações patrimoniais do casal em união estável é o de comunhão parcial dos bens, salvo contrato escrito entre companheiros.
No caso em que um dos cônjuges recebe uma herança, em pleno vigor do casamento com regime de comunhão parcial de bens, e na união estável, onde “salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens”. Na hora da separação ou dissolução da união estável, o outro cônjuge tem direito não tem direito a nenhuma parte desta herança, conforme preceitua o artigo a seguir:
O artigo 1.659 do Código Civil diz que:
“Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar [...]”
Ou seja, conforme claramente se demonstra na lei, e segundo jurisprudência “Descabe, porém, partilhar valor recebido por herança por um dos cônjuges”, e ainda “Existe, contudo, algumas exceções da comunicabilidade, dentre elas, em relação aos bens recebidos por herança e os sub-rogados em seu lugar”.
Portanto resta clara a posição de que não se comunica ao outro cônjuge a herança adquirida por um deles, a não ser que a herança tenha sido em favor de ambos.
Ainda, os bens adquiridos onerosamente ao longo da relação se comunicam entre os consortes e passam a pertencer a ambos conjuntamente, mesmo que estejam em nome de um só deles, enquanto que os bens adquiridos onerosamente antes do início da relação e enquanto os bens adquiridos por herança ou por doação durante a relação, continuam de propriedade exclusiva de cada um deles.
Contudo, fica nítdo que a requerida não tem direito ao recebido pelo requerido em herança deixada pelo pai, devendo incidir na partilha de bens apenas os bens que se encaixam no que dispõe o artigo 1660, CC/02. 
V. DA INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL – DA PROVA CABAL – NECESSIDADE
Ademais, certamente por ser impossível, a PARTE AUTORA não demonstrou a ocorrência dos danos que afirma na exordial.
Não prova a PARTE AUTORA as conseqüências danosas alegadas na exordial,não prova qualquer constrangimento que teve que suportar, não prova nada; apenas fez alegações, que não passam de conjecturas para com isso ser premiado com indenização por danos que, efetivamente, não ocorreram.
A ação indenizatória fundada em dano moral, não pode se converter num meio de enriquecimento sem causa. Há de ser um meio judicial de reparação de um dano efetivamente ocorrido e provado. Analisando os autos, não há qualquer razoabilidade em concluir-se por dever a CAIXA à PARTE AUTORA alguma reparação por danos morais.
A jurisprudência a seguir transcrita, Douto Julgador, é pelo entendimento de que para se pleitear a reparação do dano moral, há de se demonstrar cabalmente às conseqüências do fato danoso na integridade psíquica da pretensa vítima. Confira-se:
 
“DANO MORAL – ESPECIFICAÇÃO DAS CONSEQÜÊNCIAS – NECESSIDADE 
Não basta o alegado fato objetivo do dano para fulcrar pretensa indenização por dano moral que reclama; mas, sim, a especificação das conseqüências do fato danoso na integridade do autor, sob pena de inépcia por ausência de causa de pedir (2º TACiv. SP – Ac. Unân. Da 9.ª Câm. Julg. Em 28-4-99 – Ap. sem Ap. sem Ver. 543028-00/8 – Capital – Rel. Juiz Ferraz de Arruda; in ADCOAS 8174457);”
“113 - PROVA - Indenização. Perdas e danos. Inexistência de ... .
Meras alegações. Inadmissibilidade. Obrigatoriedade da demonstração para justificar a condenação.”
Não basta que os danos sejam alegados: devem ser cabalmente demonstrados para justificar a condenação, ainda que se pretenda a sua apuração em liquidação de sentença.
“RESPONSABILIDADE CIVIL. Dano Moral. Configuração. Princípio da Lógica do Razoável.
Na tormentosa questão de saber o que configura o dano moral, cumpre ao juiz seguir a trilha da lógica do razoável, em busca da sensibilidade ético-social normal. Deve tomar por paradigma o cidadão que se coloca a igual distância do homem frio, insensível e o homem de extrema sensibilidade. Nessa linha de princípio, só devem ser reputados como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo a normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflição, angústia e desequilíbrio em seu bem estar, não bastando mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada. ”
(acórdão da 2ª Câm. Cív. do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro-RJ, exarado nos autos da apelação Cível nº 8.218/95. Rel. Des. Sérgio Cavalieri Filho).
É oportuno citar, ainda, parte do teor deste último acórdão referido:
Não basta o alegado fato objetivo do dano para fulcrar pretensa indenização por dano moral que reclama; mas, sim, a especificação das conseqüências do fato danoso na integridade do autor, sob pena de inépcia por ausência de causa de pedir (2º TACiv. SP – Ac. Unân. Da 9.ª Câm. Julg. Em 28-4-99 – Ap. sem Ap. sem Ver. 543028-00/8 – Capital – Rel. Juiz Ferraz de Arruda; in ADCOAS 8174457);”
 “113 - PROVA - Indenização. Perdas e danos. Inexistência de ... .
Meras alegações. Inadmissibilidade. Obrigatoriedade da demonstração para justificar a condenação.”
Não basta que os danos sejam alegados: devem ser cabalmente demonstrados para justificar a condenação, ainda que se pretenda a sua apuração em liquidação de sentença.
“DANO MORAL - PREJUÍZO DE IMAGEM – PRESSUPOSTOS.
A reparação de dano por prejuízo de imagem da pessoa somente é cabível quando a prova da lesão de imagem ou do desprestígio da pessoa for completa, inequívoca e convincente. Não se pode confundir, para efeitos de danos morais, o sentimento de dor profunda com o ódio, a ira ou a cólera, sentimentos próprios daqueles que se julgam intocáveis. (TJ- MG - Ac. unân. da 4ª Câm. Cív. publ. em 28-3-96 - Ap. 32.710/6-
Itaúna - Rel. Des. Corrêa de Marins - Advªs.: Roberta Espinha Corrêa e Tereza Cristina da Cunha P. Reis; in ADCOAS 8149664);”
“RESPONSABILIDADE CIVIL. Dano Moral. Configuração. Princípio da Lógica do Razoável.
Na tormentosa questão de saber o que configura o dano moral, cumpre ao juiz seguir a trilha da lógica do razoável, em busca da sensibilidade ético-social normal. Deve tomar por paradigma o cidadão que se coloca a igual distância do homem frio, insensível e o homem de extrema sensibilidade. Nessa linha de princípio, só devem ser reputados como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo a normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflição, angústia e desequilíbrio em seu bem estar, não bastando mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada. ”
(acórdão da 2ª Câm. Cív. do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro-RJ, exarado nos autos da apelação Cível nº 8.218/95. Rel. Des. Sérgio Cavalieri Filho).
É oportuno citar, ainda, parte do teor deste último acórdão referido:
“A matéria de mérito cinge-se em saber o que configura e o que não configura o dano moral. Na falta de critérios objetivos, essa questão vem se tornando tormentosa na doutrina e na jurisprudência, levando o julgador a situação de perplexidade.
 VI. DA MEDIDA LIMINAR DE AFASTAMENTO DO LAR
Não há a comprovação do fumus boni iuris e periculum in mora. 
O Requerido é pessoa honesta e trabalhadora, incapaz de qualquer atitude violenta, principalmente em se tratando de sua ex-companheira e filha. Não é possível compreender a intenção da Requerente com a presente ação.
Desse modo, a liminar pleiteada falece em seu fundamento, tendo em vista o fato alegado e comprovado, por declarações de testemunhas que poderão ser argüidas em sede de audiência, vez que não existe o periculum in mora e o fumus bonis iuris.
VII. DO PEDIDO
	
Pelo exposto, requer-se à Vossa Excelência:
a) acatar a preliminar de inépcia da inicial, pelos fundamentos e provas trazidas à luz, com a defesa, extinguindo o processo sem julgamento de mérito;
b) Acolher a preliminar de incorreção do valor da causa determinando sua adequação;
c) Que seja julgado improcedente o pedido formulado na exordial, pois a requerida não demonstrou a ocorrência dos danos que afirma na exordial, bem como informa ao juízo que contesta a liminar, tendo em vista a falta dos argumentos e comprovação dos fatos para sua concessão; 
d) A total improcedência da presente demanda
Pede Deferimento.
XXXXXX, 25 de maio de 2018.
XXXXXXXXXXXX
Advogada – OAB/RS XXX-X
XXXXXXXXXXXXX
Advogada – OAB/RS XXXX-X

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