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Fernand Braudel e a 2ª Geração dos Annales

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS - LICENCIATURA EM HISTÓRIA
 DISCIPLINA: TEORIAS DA HISTÓRIA II
 PROFESSOR: ADHEMAR LOURENÇO DA SILVA JR.
 
 FERNAND BRAUDEL E A 2ª GERAÇÃO DOS ANNALES
GRADUANDAS; 
ANA PAULA BARCELOS
LIDIA PAULA BLANK
ROSIANE ORENDE
 
 
 NOVEMBRO, 2014
 
 FERNAND BRAUDEL E A 2ª GERAÇÃO DOS ANNALES
 
Este trabalho tem como objetivo falar um pouco sobre o modelo historiográfico de Fernand Braudel, grande representante da 2ª fase do movimento dos Annales, passando por alguns tópicos do contexto histórico dessa nova fase sob sua liderança, assim como a contribuição deste historiador francês, sobre o tempo, a mudança das durações, espaço e suas tendências interdisciplinares. Fernand Braudel (1902-1985) é considerado um dos maiores historiadores do século XX, dominou completamente a 2ª geração dos Annales, movimento de grandes transformações para a historiografia mundial e, consequentemente à brasileira. Depois da morte de Febvre em 1956, Braudel será o todo poderoso do movimento dos Annales, mas posteriormente enfrentará pressões de outros historiadores para partilhar o poder, dentro da Revista dos Annales e de outras instituições como a École dês Hautes Études, onde Braudel consolida sua produção, e solidifica a 2ª segunda fase da Escola dos Annales. Estudando esse movimento, observamos uma transição do período entre 1940 e o final da Segunda Guerra; 1ª fase, situando a 2ª fase entre os anos de 1946 e 1969. Mas quando falamos em “gerações dos Annales”, temos que mencionar que Marc Bloch e Febvre constituíram a primeira geração, trata-se de um novo momento, e de uma nova conjuntura de relações, uma expansão econômica mais tarde denominada “anos de ouro”. As ciências sociais conhecem nesta época um novo impulso, nasce a corrente teórica do Estruturalismo que terá uma visível influência na nova historiografia. Ao lado deste novo momento nas relações entre as ciências humanas e a história, a França e os países do Mediterrâneo europeu viram floresceram no Pós-Guerra, o marxismo se espalha dentre as camadas mais populares. Os primeiros anos de direção de Braudel, que não era de todo esquerdista, mas respeitoso sobre a obra de Marx, Althusser filósofo que produz uma junção entre o marxismo e estruturalismo, ganhando adeptos da 3ª fase dos Annales. Braudel foi um grande líder dos Annales e contribuiu muito para a historiografia da época, era uma figura popular e notoriamente um bom administrador, além de intelectual brilhante, incorpora a permanência e mudança sob conceito de “longa duração” regional e amplo sendo trabalhados. Braudel conviveu com grandes pensadores e constituiu parcerias, como com Henri Hauser historiador e economista existem um dialogo com as ciências sociais, que reivindicam seu espaço dentro das ciências humanas. Braudel precisou dialogar com a Antropologia Estrutural de Lévi-Strauss, esta corrente que em sua época emerge como a grande novidade. De todos os diálogos interativos com as ciências sociais, o mais tenso, e ao mesmo tempo o que rendeu maior enriquecimento teórico à reestruturação que Braudel pretendia imprimir aos novos Annales, foi o debate com a Antropologia. Este campo de saber, na versão da antropologia estrutural Lévi-Strauss, representou para Braudel uma referencia teórica a “dialética das durações”. Em artigo escrito para a Revista dos Annales, com o título Escrito sobre a História, Braudel discute mais detalhadamente a Longa Duração, trabalha o conceito de duração, o tempo histórico que poderia ser denominados durações, “uma noção cada vez mais
precisa da multiplicidade do tempo e do valor do tempo longo” (BRAUDEL, 1969: 44). Ele exalta a História como a ciência humana mais completa e mais complexa, ciência do geral, orientada por uma abordagem globalizante, que seria capaz de organizar as demais ciências sociais, um sonho interdisciplinar. Algumas palavras precisam ser ditas sobre a concepção de tempo para Braudel que se associa a este projeto globalizante da história, suas famosas metáforas ele mostra a dinâmica das durações. Uma é a metáfora das ondas e das correntes profundas, sendo que os acontecimentos nada mais seriam do que espumas que se formam na crista das ondas, estas mesmas impulsionadas por correntes profundas, esses enigmas deveriam ser estudados, economias, coletividade, às mentalidades, à organização social entre outras. A obra maior em que realiza o seu projeto de estabelecer uma “dialética das durações” na qual adquirirá importância central o tempo estrutural é O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico na época de Felipe II (1949 ).
 Um livro no qual o grande personagem examinado não é Felipe II, mas sim o próprio Mediterrâneo, e que toma para seu cenário. No primeiro momento o apresenta como uma realidade natural, rigorosamente descrita nos moldes da geografia física, e que gradualmente vai se humanizando, complexas relações sociais é apresentada pelo historiador, esta dividida em três níveis de problematização, o tempo, um novo modelo de tempo, Era a primeira vez que um historiador ousava, nas suas reflexões, romper coma mais antiga e venerável das tradições: substituiu a ordem cronológica por uma ordem metodológica e dinâmica ao mesmo tempo, buscando o mútuo esclarecimento entre os planos em que se desenrola a ação. Uma ordem que vai do mais profundo e do mais constante ao mais superficial e efêmero, pois a história "não pode ser somente os grandes planos inclinados, suas realidades coletivas lentas a atar e desatar suas narrações. A história é também esta poeira de atos, de vidas individuais ligadas umas às outras, às vezes um instante liberado, como se as grandes correntes se rompessem". Análise mais adaptada ao contexto do mundo atual.
O método: a dialética da duração: Braudel considerava que não existe a
História perfeita e acabada. Mesmo suas conclusões, aquelas às quais chegara em seu estudo sobre o Mediterrâneo, deveriam ser analisadas, discutidas, refeitas, pois somente nestes termos poderia avançar o conhecimento histórico. Para ele, as questões de enquadramento eram as mais cruciais, pois delas derivam todas as demais, na medida em que "delimitar é definir, analisar, reconstruir e, neste caso concreto, escolher e mesmo adotar uma filosofia da história". 
A longa duração: Em termos do próprio Braudel, sua obra divide-se em três partes, cada uma das quais pretende ser uma tentativa de explicação do conjunto. A dominância daquilo que permanece que tende a uma duração
secular. A preponderância das linhas de força detectadas neste tempo levou o próprio Braudel a denominar seu método por geo-história. Não se verifica, porém, uma análise acadêmica de geógrafo que morosamente prepara o terreno para o trabalho do historiador, deixando a base geográfica como um mero "pano de fundo". Ela fundamenta a explicação no seu "clima" humano.
A média duração: Sobre esta história imóvel, Braudel distingue outra história caracterizada por um ritmo lento, cujo movimento oscila entre dez, vinte, cinquenta anos. Esta é a história que ele gostaria de denominar a história social, a história dos grupos e agrupamentos humanos. Trata se de uma história lentamente ritmada. 
A curta duração: Eis, então, o último tempo. O tempo curto, fugaz, breve, contingente. É a história tradicional, que não dá a dimensão do homem mas do indivíduo. Uma história da superfície, das "vagas levantadas pelos poderosos movimentos das marés, uma história com oscilações breves, rápidas,
nervosas. Ultrassensível por definição, o menor movimento ativa todos os instrumentos de medida. Com todas estascaracterísticas, é de todas a mais
apaixonante, a mais rica em humanidade e, também, a mais perigosa". Tradicionalmente colocada em primeiro lugar, foi, nesta obra, relegada ao último plano, o terceiro, a justo título. É um mundo perigoso para o historiador.
Um mundo cujos perigos poderemos exorcizar, se tivermos previamente estudado as grandes correntes subjacentes, frequentemente silenciosas, nas quais o sentido só se revela se trabalharmos com amplos períodos de tempo. Nenhum trabalho de história da nossa época fez tanto pela alteração da perspectiva, não somente da história do Mediterrâneo, mas e, sobretudo, da tarefa do historiador.
Braudel influenciou de forma decisiva a perspectiva historiográfica no Brasil, para Fernando Novais foi decisiva a participação da chamada missão francesa no Brasil, que veio quando foi da fundação a USP. A palavra missão, que era oficial, é muito significativa. A primeira missão francesa que chegou ao Brasil foi a artística, com Dom João VI. A segunda, na Primeira República, tinha como objetivo instruir os oficiais do Exército. A terceira foi a dos docentes que vieram auxiliar na estruturação da USP e da Faculdade de Filosofia. A palavra missão, evidentemente, mostra que éramos vistos como uma terra de índios que deviam ser catequizados. Não há outra explicação. Já que estamos tratando da influência dos franceses, particularmente na História, gostaria de fazer uma primeira observação: quando se afirma que essa influência foi muito importante, não deixa de haver um autoelogio. Mas, na verdade, os franceses foram muito importantes na renovação dos estudos de Ciências Sociais no Brasil. A missão foi composta de pessoas de alta qualidade: Roger Bastide, Paul Arbousse-Bastide, Braudel, Lévi-Strauss, Pierre Monbeig etc. Costuma-se dizer que a seleção desses professores foi muito acertada, mas na década de 30 eles tinham vinte e poucos anos e eram recém-formados. Quando foram selecionados, não eram e nem se previa que seriam famosos. Braudel, quando veio para São Paulo, ainda não tinha publicado sua tese, apenas uma ou outra resenha. Assim, parece que o Brasil deu sorte para esses franceses. Braudel, que jamais voltou ao Brasil, escreveu em um de seus últimos trabalhos ter sido sua passagem pelo país uma das épocas mais felizes de sua vida. Alguns brasileiros citam exaustivamente, outra afirmação feita por ele — a de que "se tornou inteligente no Brasil, em São Paulo especialmente". Braudel é considerado um dos maiores historiadores deste século. Juízo que é feito não somente pelos franceses, à medida que a Escola dos Annales é vista como o principal núcleo da historiografia contemporânea. E Braudel é apontado como a figura exponencial dos Annales. A USP foi estruturada em um momento decisivo dessa Escola, criada em 1929. De acordo com Peter Burke — que escreveu sobre a história dos Annales — esta escola teve várias fases. A primeira, que vai até a Segunda Guerra Mundial, é a fase da formação; a segunda, que se prolonga até o fim da década de 70, é o período da grande influência de Braudel; a terceira, é a que começa depois dos anos 70, marcada pela história das mentalidades. Portanto, Braudel veio para a USP exatamente no momento constitutivo, na fase heroica dos Annales, fase em que estavam abrindo caminho, marcando posição, assumindo o poder do ponto de vista institucional, e quando seus historiadores eram mais militantes. Os alunos brasileiros de Braudel relatam que ele tinha uma postura muito firme na defesa de suas opiniões. Na segunda fase dos Annales, as opiniões de Braudel predominam na França. No Brasil, acompanhamos essa evolução. Há coisas que são contínuas na trajetória da Escola e há outras que apenas despontam em cada momento. Braudel é visto principalmente como um historiador de História Econômica e Social, figura exponencial do período dos Annales, dominado quase totalmente por temas nessa área. A nova geração de historiadores, que se dedicam à história das mentalidades, tem uma certa animosidade contra Braudel, em parte porque ele era uma pessoa de convívio difícil, além de muito cáustico. Essas críticas são normais na sucessão de gerações. Assim, a área de História do Brasil na Faculdade, em seu período de formação, ficou marcada pela orientação de historiadores tradicionais até a entrada de Sérgio Buarque de Holanda, em 1956. Note-se que no regime das cátedras, que existiu até a reforma universitária de 1968, a orientação dos catedráticos não podia ser questionada. Seus assistentes eram forçados a seguir rigorosamente suas determinações. O professor Eduardo França desejou fazer sua tese sobre História do Brasil, mas não pode, porque era assistente da cadeira de História Moderna e Contemporânea. Assim, sua primeira tese foi sobre o poder real e as origens do absolutismo em Portugal. Isto porque, de certa forma, queria estar próximo da História do Brasil. Mas não podia explicitar esse fato, pois os catedráticos eram Taunay e Alfredo Ellis. O segundo trabalho do professor França foi também sobre Portugal, focalizando a época da Restauração. Eu mesmo, Novais escreveu sua tese sobre o Brasil Colonial, encontrando um tema que articulasse Portugal e Brasil, dado que não se podia escrever um trabalho sobre o Brasil numa cadeira de História Moderna e Contemporânea. Assim, o peculiar na História, na modernização das Ciências Sociais no Brasil através da USP, será talvez esta incidência indireta das novas correntes de pensamento. Fernand Braudel foi fundamental para uma renovação nos métodos historiográficos e, como Historiador, se destacou como um dos maiores intelectuais do século XX. Sua brilhante carreira se encerrou na cidade de Cluses, quando faleceu no dia 27 de novembro de 1985. Mas, ainda assim, outras cinco obras suas foram publicadas após a morte.
Referenciais Bibliográficos
	
	
BURKE, Peter. A Revolução Francesa da Historiografia: A Escola dos Annales, 1929-1989.
Entrevista Estudos Avançados USP com Fernando Novais. 
Guinburg e Tereza Cristina Silveira da Mota. Escritos sobre a História, 1969.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141994000300014
PEDRO, Paulo A. Funari, GLAYDSON, Jose da Silva. Teoria da História, coleção; Tudo é História. 2008

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