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1 MATURIDADE EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS Parte I Conteudista Prof.ª Dr.ª RENNE MARTINS BARBALHO 2 Introdução Este módulo tem como objetivo apresentar os conceitos sobre a Maturidade em Gerenciamento de Projetos nas Organizações, como todos tem acompanhado, existe hoje uma nova ordem mundial que, cada vez mais, faz com que as organizações deixem de usar o modelo tradicional de gestão empresarial e passem a utilizar um gerenciamento voltado para projetos. Nesse cenário extremamente competitivo, onde a demanda está crescendo ano após ano e os recursos estão cada vez mais escassos, as organizações conduzem a gestão de forma projetizada (buscando sempre melhorar a eficiência e a eficácia de seus processos) e utilizando-se de vários novos métodos em busca de seus objetivos estratégicos, para assim alcançarem, internamente, um nível de maturidade na gestão de projetos que lhes permita um diferencial em relação ao mercado. Vamos pensar em maturidade de gerencia de projetos como o grau com que o gerenciamento de projetos está sendo aplicado dentro da organização, em todos os níveis. Durante anos, as organizações aplicaram conceitos fundamentais para a sua sobrevivência como “TQM”, “Engenharia Simultânea”, “Reengenharia” e “Benchmarking”, esses modismos foram fundamentais para algumas mudanças dentro das organizações, que buscavam sempre benefícios, independentemente, da forma de trabalho que cada uma tinha no momento. Quanto mais as empresas foram saindo da forma tradicional e processual e começaram a caminhar no sentido de trabalhos mais agéis e projetizados, houve a percepção de que não bastava, para o sucesso de um projeto, apenas a boa vontade de uma equipe quase sempre despreparada e, dificilmente, com objetivos e funções claramente definidos, e/ou a contratação de empresas e funcionários que “fizessem” acontecer. A disciplina em Gerenciamento de Projetos ganha cada vez mais destaque dentro da administração e tem-se transformado num fator relevante para prover rapidez e acuracidade de resultados na execução de projetos. Modelos de maturidade em gerenciamento de projetos vêm obtendo maior atenção dos profissionais da área de projetos, que buscam, cada vez mais, desenvolver competências organizacionais no gerenciamento dos mesmos. A necessidade de disseminar boas práticas e empregar uma metodologia padronizada ficou mais evidente, uma vez que o número de projetos que 3 falhavam era cada vez maior, acumulando prejuízos constantes à várias organizações no mundo todo. Alguns estudiosos das ciências gerenciais, enxergando então essa necessidade da sociedade, iniciam, principalmente a partir da década de 90, a elaboração de dezenas de guias e padrões de gerência de projetos, como o PMBOK, hoje o mais reconhecido mundialmente. Somente para termos uma ideia de grandeza dos modelos, guias e padrões criados ao longo do tempo, existem hoje mais de 30 modelos de maturidade. Cada modelo de maturidade em gerenciamento de projetos tem suas particularidades, mas é fato que a maioria dos modelos divide maturidade em cinco níveis. Cada um usa seus nomes específicos. Se formos pensar genéricamente, podemos classificar os níveis de maturidade da seguinte maneira: Primeiro Nível: Ausência de gerenciamento formal, isso significa que não existe nenhum método ou procedimento formal para gerenciar projetos, ou seja, a organização não reconhece nenhum modelo e os projetos são desenvolvidos de acordo com as pessoas que trabalham nele. Segundo Nível: O gerenciamento de projetos está definido, com alguns métodos ou ferramentas, mas sem nenhum acompanhamento formal, neste estágio é muito comum perceber organizações que tentam criar seus próprios modelos, mas que não dão sequência ao mesmo. Terceiro Nível: O gerenciamento já possui algum tipo de integração entre os processos dentro da organização e utiliza, em alguns casos, processos mais complexos e elaborados, buscando um melhor planejamento das atividades e controle das mesmas. Quarto Nível: O gerenciamento está completamente integrado, existem participação e suporte da alta administração, todos os objetivos, papéis e competências estão bem definidos e a fase de resistência a mudanças já se encerrou. Existem métricas definidas e reportadas dentro do processo. Quinto Nível: As ineficiências do processo de desenvolvimento dos projetos são identificadas e, com uma gestão consistente, já é possível aplicar uma política de melhoria contínua durante este nível. 4 A adequação não precisa ser passo a passo. Muitas empresas utilizam a estratégia de aumentar seu nível de maturidade do primeiro ao quinto nível, porém, isso é completamente teórico e pouco efetivo. Seria mais eficaz se as organizações efetuassem as mudanças de curto e longo prazo separadamente, afinal o modelo já se chama Maturidade, e isso só se conquista de fato com muito trabalho e experiências vividas. Você, como gestor de uma organização e sabendo dos problemas que poderia ter ao não usar um padrão adequado, o que faria para identificar e conduzir o seu desenvolvimento em gestão de projetos e não confundir os diversos tipos e usos de modelos? Se raciocinarmos que um modelo de maturidade funciona como um guia e não como uma lei para a organização, de tal maneira que a empresa possa localizar onde está, como está e onde quer chegar, sempre tendo esse guia em mãos como base, fica mais fácil gerenciarmos o projeto de forma adequada. A palavra lei foi colocada propositalmente, pois muitos gerentes de projeto (os famosos By the book) acreditam que alguns modelos devem ser seguidos fielmente (independente do contexto da empresa, da equipe, do mercado, enfim, do ambiente em geral) e isso não pode ser visto assim. O guia serve para que o gerente de projetos siga um caminho, que pode não ser reto, mas que deve sempre levar ao objetivo final. PENSE NISSO! Neste módulo, vamos falar de cinco modelos de Maturidade em Gerenciamento de Projetos, seus conceitos e utilizações nas empresas, para que assim, possamos fazer uma analogia entre eles. OPM3 (Organizational Project Management Maturity Model); CMM (Capability Maturity Model); PMMM (Project Management Maturity Model); CMMI (Capability Maturity Model Integration); Prado-MMGP (Modelo de Maturidade em Gerenciamento de Projetos) 5 Modelo OPM3 (Organizational Project Management Maturity Model); Com as organizações cada vez mais voltadas para o ambiente competitivo de novos projetos, os executivos iniciaram uma onda de investimentos para que suas organizações tivessem sucesso em seus projetos, buscando assim, retornos garantidos e potencializando a gestão estratégica da organização. Com isso, um grande número de profissionais enxergando essa oportunidade, trabalharam para que novos conceitos, produtos e serviços fossem oferecidos aos gestores, que agora se veem às voltas com os problemas de separar aquilo que realmente é útil daquilo que talvez não seja, no processo de mudanças de seu ambiente de projetos e suas iniciativas organizacionais. Neste contexto, no início de 2004, o PMI - Project Management Institute - lançou o seu Modelo OPM3, acrônimo de Project Management Maturity Model, desenvolvido a partir da pesquisa, como outros tantos modelos pré-existentes de avaliação de Maturidade Organizacional e, também, do apoio anônimo de aproximadamente 800 voluntários de mais de 35 países, inclusive do Brasil. 6Entendendo como foi criado o modelo OPM3, percebemos que ele oferece uma estrutura capaz de traduzir estratégias das organizações em resultados de sucesso consistentes. Baseado no conceito de melhoria contínua na gestão de projetos, ele foi construído por meio do conceito de ‘Boas Práticas’, geralmente aceitas e previamente experimentadas por seus mentores iniciais e seguidores, o que facilita a utilização por parte de novos gestores que buscam incrementar rapidamente um ambiente organizacional de projetos mais consistente, além de aprimorar a operação de gestão de projetos. Lembramos que as organizações também possuem seus modelos de maturidade interna, ou seja, a organização como um todo possui seus processos estabelecidos e conforme vai se desenvolvendo e crescendo, ela muda seus processos para atingir um estado futuro desejado e o modelo OPM3 vem de encontro com as necessidades de maturidade, no que tange as práticas de Gerenciamento de Projetos. O OPM3 caminha pelas trilhas já demarcadas, pelas quais as organizações passam e pelos quais os marcos vão sendo atingidos, com o intuito de alcançar resultados mais efetivos e previsíveis na gestão de seus projetos. O modelo OPM3 é uma estrutura que proporciona benefícios visíveis para as organizações que o adotam: I - A organização passa a promover os projetos mais importantes e necessários, da maneira certa, e alinhados diretamente com a estratégia competitiva da empresa na economia global. II - Permite a flexibilidade de ser aplicado a diversos tipos de organizações, por meio de diferentes áreas de atuação, ramos de negócios, tamanhos, localizações geográficas e etc. III - Permite promover a conscientização e esclarecer a questão da maturidade organizacional para a alta direção. IV - Permite associar diretamente o sucesso da organização à gestão eficaz e eficiente de projetos. Para que a organização possa aplicar de forma correta o modelo OPM3, ela deve se basear em três fases, que estão inter-relacionados de modo sequencial: 7 1) O conhecimento por parte dos envolvidos dos componentes do modelo de maturidade; 2) O questionário de autoavaliação do estágio de maturidade em que se encontra a organização; 3) O processo de melhoria contínua, capaz de orientar gestores a movimentarem a organização de um estágio atual para um estágio futuro de maturidade. A Fase I está baseada no conhecimento dos elementos do modelo, que podem ser observados na forma de um repositório de informações com alguns elementos básicos: As boas práticas geralmente aceitas e experimentadas por outros profissionais de organizações diferentes, irão auxiliar os gerentes, que estão implementando o modelo, a gerenciar e conduzir projetos com mais previsibilidade e chances de sucesso. As capacidades internas e os requisitos necessários que devem estar ligados as boas práticas que serão utilizadas como modelo. Indicadores Chave de Desempenho (conhecidos como KPIs), que possibilitam acompanhamento e medição dos resultados que a organização pretende atingir; A organização, como dito anteriormente, possui um grau de evolução de maturidade e a abrangência de alguns fatores sobre os quais precisamos de alguma forma controlar, para que assim a empresa possa medir o seu amadurecimento. Esses fatores podem ser, por exemplo, o portifólio, programas e projetos da organização. Para cada um destes fatores, vamos identificar estágios ao longo do tempo que estão como Padronização, Mensuração, Controle e Melhoria Contínua. A figura a seguir, ilustra estes componentes e a sua complexidade em busca da maturidade organizacional, que pode ser vista como uma jornada contínua de aprimoramento de processos por meio da aplicação de boas práticas de gerenciamento de projetos em cada um dos fatores estabelecidos anteriormente (portifólio, programas e projetos). 8 Figura 1: Dimensões da Maturidade Organizacional por meio do Modelo OPM3 A fase 2 de autoavaliação é o passo seguinte da aplicação do modelo, onde se faz alusão a um instrumento de autoavaliação, constituído por um questionário de escolhas binárias de (sim ou não), por meio do qual o usuário analisa e responde sobre a presença ou não de processos formais associados ao ciclo de vida do gerenciamento de projetos, tal como referenciado pelo Guia Project Management Body of Knowledge do próprio PMI. O resultado da aplicação do questionário é tratado como entrada do Modelo OMP3 que, de acordo com as respostas proporcionadas, define uma lista de boas práticas que, provavelmente, já estão presentes no modelo de gestão da organização, e uma segunda lista de boas práticas que seriam recomendadas à organização. O PMI oferece duas ferramentas para realizar a avaliação da organização: o “OPM3 Self Assessment”, que permite uma avaliação mais superficial da organização e o “OPM3 ProductSuite” onde a avaliação é conduzida por um consultor certificado. Ambas são cobradas. A avaliação é feita a partir de um questionário com 151 questões, veja o início do questionário: Portifólio Aumento de Maturidade Programas Projetos Padronização Mensuração Controle Melhoria Contínua 9 O resultado é dado de forma a mostrar o nível de maturidade da organização em relação às várias categorias analisadas e às melhores práticas que devem ser melhoradas. A Fase 3 é o que chamamos de processo de melhoria contínua, onde o modelo já procura estabelecer, diante da lista de melhores práticas recomendadas, que a organização faça uma análise de viabilidade e priorização e, também, estabeleça um plano composto pela melhor sequência 10 de ações de melhoria, apropriadas às suas condições para alcançar maior maturidade. O ciclo de melhoria contínua, consolida-se pela execução desse plano de ação e pelo recomeço periódico da sequência proposta desde a fase de autoavaliação organizacional. A aplicação do Modelo OPM3 trata-se de uma jornada de aprimoramento que se sobrepõem aos objetivos imediatos e tangíveis da organização, para que, em uma amplitude maior, a equipe possa aprimorar os processos organizacionais gerais objetivando resultados mais adequados e prevísiveis nos projetos da organização. É importante lembrar que o modelo é baseado em um ciclo constituído de: Conhecimento, Avaliação e Aperfeiçoamento e, portanto, para realizar a avaliação da maturidade da organização, é necessário seguir o ciclo de estudo do modelo, realizar a avaliação, determinar o foco e o caminho das melhorias, avaliar as capacidades (seguindo os grupos de processos: Iniciar, Planejar, Executar, Controlar e Concluir), criar um plano para melhorias, implementar as melhorias e repetir o processo. O CMM (Capability Maturity Model) O CMM (Capability Maturity Model), por ser o precursor dos modelos de maturidade, é voltado à entrega de processos técnicos (indústria de softwares), extremamente difundido e aperfeiçoado entre essa indústria. Nas áreas de desenvolvimento e engenharia de software, os modelos CMM (Capability 11 Maturity Model) e CMM-I (Capability Maturity Model Integration), têm sido amplamente os mais utilizados. Estes modelos são baseados em conceitos de níveis de maturidade e requisitos estruturais de processos, eles têm permitido que as organizações possam se estruturar em relação aos seus níveis de maturidade e capacitação em gestão de projetos de software. O Modelo de Maturidade CMM fornece às organizações de software umguia de como obter controle em seus processos para desenvolver e manter o mesmo, e mais do que isso, mostra também como evoluir em direção a uma cultura de engenharia de software com excelência de gestão. O CMM foi projetado, inicialmente, para guiar as organizações de software no processo de seleção das estratégias de melhorias, identificando as questões mais críticas a serem trabalhadas pelas organizações. A área de software teve um avanço muito grande na área de projetos, e o CMM baseia sua estrutura em estágios e princípios de qualidade de produto dos últimos sessenta anos. Precisamos entender que, mesmo que os profissionais envolvidos nos projetos de software tenham pleno conhecimento de seus problemas, eles podem discordar quanto a importância das melhorias. Sem uma estratégia organizada, é difícil a gerência e a equipe de funcionários chegarem a um consenso sobre a prioridade dessas atividades. Para se conseguir resultados consistentes a partir de esforços em melhoria de processos, é necessário projetar um caminho evolutivo que incremente, em fases, a maturidade do processo de software da organização. Os modelos CMM e CMM-I foram desenvolvidos pela Carnegie Mellon University em parceria com a SEI – Software Engineering Institute. O CMM, cuja versão integral foi publicada em 1993, apresenta cinco níveis de maturidade, sendo cada um deles caracterizado por um conjunto de áreas- chave, cuja estruturação é considerada necessária para o projeto e desenvolvimento de softwares. Os cinco níveis de maturidade contemplados pelo modelo CMM são: 12 Inicial - O processo de software é caracterizado como “ad hoc” e até mesmo, ocasionalmente, caótico. Poucos processos são definidos e o sucesso depende de esforço individual. Repetitivo - Os processos básicos de gestão de projeto são estabelecidos para acompanhar custo, cronograma e funcionalidade. A necessária disciplina do processo existe para repetir sucessos anteriores em projetos com aplicações similares. Definido - O processo de software para as atividades de gestão e engenharia é documentado, padronizado e integrado em um processo de software padrão para a organização. Todos os projetos utilizam uma versão aprovada do do mesmo para desenvolver e manter software. Gerenciado - Medidas detalhadas do processo de software e da qualidade do produto são realizadas. O processo e os produtos de software são quantitativamente compreendidos e controlados. Otimizado - A melhoria contínua do processo, é propiciada pelo feedback quantitativo do processo e pelas idéias e tecnologias inovadoras. O CMM trabalha com Áreas de Processo-chave (KPA), que identifica um conjunto de atividades relacionadas que buscam atingir um conjunto de metas consideradas importantes, quando realizadas em conjunto. Nível 1 - O Nível Inicial Neste nível, devemos pensar na organização sem um ambiente estável para o desenvolvimento e manutenção de software, sem práticas de gestão bem estabelecidas, e onde os benefícios das boas práticas, mesmo que Inicial (Caos) Repetitivo Definido Gerenciado Otimizado 13 executados, acabam sendo descartados por um planejamento ineficiente e por uma realidade onde os compromissos assumidos são sempre reativos. Entende-se por compromissos reativos aqueles que todos nós conhecemos e que entram no nosso dia a dia sem que haja nenhum planejamento prévio. É comum, dentro das organizações com esse nível de maturidade, quando em meio a uma crise, que todos os projetos típicos abandonam os procedimentos que foram planejados anteriormente e partem para a codificação e testes (e que sabemos não terá um bom resultado final). O sucesso depende inteiramente de ser ter um gerente excepcional e uma equipe de software madura e eficiente. Em alguns casos, percebemos que gerentes de software eficientes, que dispõem de poder e experiência, podem resistir momentaneamente as pressões de recorrer a atalhos no processo, mas isso faz com que a organização se torne dependente desse gerente. Em resumo, a organização que vive o nível 1 possui sempre resultados imprevisíveis em relação a seus projetos, pois o processo de software é constantemente alterado a medida em que o trabalho avança (é o que chamamos de “ad hoc”). Cronogramas, orçamentos, funcionalidades e qualidade do produto são geralmente cheios de surpresas e imprevistos. O desempenho depende da capacidade dos indivíduos e varia de acordo com as suas habilidades, conhecimentos e motivações dos envolvidos. Nível 2 – O Nível Repetitivo Neste nível, as políticas de gestão de projeto de software e os procedimentos para implementá-las já estão estáveis, é onde já encontramos um nível de planejamento e de gestão de novos projetos que são definidos de acordo com a experiência adquirida em projetos similares, com a institucionalização dos processos para os projetos de software, as organizações conseguem repetir suas práticas bem sucedidas desenvolvidas em projetos anteriores, apesar dos processos específicos implementados pelos projetos serem diferentes. 14 Um processo efetivo pode ser caracterizado como documentado, robusto, treinado, medido e sempre com possibilidades de melhorias. Os projetos nas organizações de nível 2 possuem controles básicos de gestão de software e, com isso, seus compromissos do projeto são baseados em resultados observados em projetos anteriores, mas nunca esquecendo dos requisitos atuais. Os gerentes de projeto acompanham custos, cronogramas e funcionalidades do software e, com isso, os problemas são identificados quando surgem e tratados de forma adequada, sem fugir dos padrões pré- estabelecidos. Nesse nível, os produtos de trabalho são armazenados de forma criteriosa e a integridade dos mesmos é controlada (o que chamamos de ambiente controlado com controle de configuração). O nível 2 pode ser resumido como disciplinado se levarmos em consideração que, o planejamento e o acompanhamento do projeto já são estáveis e os sucessos mais recentes podem ser repetidos. Nesse nível os processos estão sob um controle efetivo de um sistema de gestão de projeto, seguindo planos realistas baseados em experiências anteriores. Nível 3 – O Nível Definido No Nível Definido, o processo padrão de desenvolvimento e manutenção de projetos da organização é documentado, inclusive a gestão de processos. É nesse nível que os processos passam a ser utilizados e, muitas vezes, alterados para apoiar os gerentes de projeto e o pessoal técnico, contribuindo para que possam atuar de forma mais efetiva. Ao padronizar seus processos, a organização exercita práticas de engenharia de software mais efetivas e de forma controlada, para isso é formada uma equipe responsável pelas atividades de processo de software da organização, a SEPG (Software Engineering Process Group), que fica responsável pelo programa de treinamento, que irá garantir aos gerentes e membros de equipe os conhecimentos e as habilidades necessárias para o cumprimento de suas funções. Neste nível, os projetos adaptam o processo de software padrão da organização para desenvolverem seus próprios processos, que consideram as características únicas de cada projeto. Esse processo concebido é referido no 15 modelo CMM como “processo de software definido do projeto”. Um processo de software definido contém uma integração coerente do desenvolvimento de software com os processos de gestão bem definidos. Um processo bem definido pode ser caracterizado como possuidor de critérios de disponibilidade, entradas, padrões e procedimentospara realização do trabalho, mecanismos de verificação (tais como revisões por pares), saídas e critérios de finalização. Como o processo de software é bem definido, a gerência tem uma boa percepção do progresso técnico em todos os projetos. O nível 3 pode ser resumido como uma padronização consistente, pois tanto as atividades de gestão de projetos como as de produção de software são estáveis e repetíveis. Esse nível é marcado pelo entendimento global da organização com relação as atividades, regras e responsabilidades decorrentes do processo de construção e gerenciamento de projetos. Nível 4 – O Nível Gerenciado No Nível Gerenciado, a organização estabelece metas quantitativas de qualidade para os produtos e processos de construção de software. Nesse nível, a produtividade e a qualidade são medidas nas atividades importantes dos processos em todos os projetos, como parte de um programa organizacional de medições. É importante a criação de um banco de dados de processos abrangendo toda a organização, que será utilizado para coletar e analisar os dados disponíveis dos processos de software definidos dos projetos. No nível 4, os processos de software já devem ser feitos por meio de ferramentas de apoio, para assim gerarem medições consistentes e bem definidas. Essas medições vão estabelecer as bases para avaliar os processos e os produtos de software do projeto. Os projetos possuem controle sobre seus produtos e processos, reduzindo a variação no desempenho destes últimos, para atingir limites quantitativos aceitáveis. As variações significativas no desempenho dos processos podem ser distinguidas das variações aleatórias (ruídos), particularmente dentro de linhas de produtos estabelecidas. Neste nível, os riscos decorrentes da introdução de mudanças são conhecidos e, cuidadosamente, gerenciados. Em resumo, a organização 16 trabalha em um ambiente totalmente previsível, porque os processos são medidos e operam dentro de limites mensuráveis, permitindo assim que a organização consiga prever as tendências na qualidade dos produtos e dos processos dentro das fronteiras quantitativas desses limites. Mas devemos saber que, mesmo em um ambiente assim, alguns imprevistos e limites podem ser excedidos, o que é normal em uma organização dinâmica e madura, mas nesses casos, algumas medidas são tomadas para corrigir a situação e o projeto segue seu curso de entrega com alta qualidade. Nível 5 – O Nível Otimizado No nível em que a organização se encontra em processo de otimização, o foco principal é no processo de melhoria contínua de processos em busca de excelência. Nesse estágio, a organização já possui meios de identificar as oportunidades de melhoria e fortalecer o processo de maneira pró-ativa, com o objetivo de prevenir a ocorrência de falhas. Os dados coletados sobre a efetividade de processo de software são utilizados para realizar análises de custo x benefício das novas tecnologias e das mudanças propostas no processo de software da organização. As inovações decorrentes das melhores práticas de engenharia de software são identificadas e transferidas para a organização como um todo. As equipes de projeto de software das organizações de Nível 5 analisam as falhas para determinar suas causas. Os processos de software são revistos para que haja uma prevenção antecipada de problemas já conhecidos e que, normalmente, se repetem. Neste estágio, a equipe se preocupa em documentar detalhadamente as lições aprendidas, para que as mesmas sejam disseminadas para outros projetos, em resumo este é o estágio final desejado por todas as organizações que prezam a qualidade e o controle de seus projetos, pois aqui as equipes estão, continuamente, se esforçando para melhorar a abrangência de sua capacidade de execução de projetos por meio da melhora constante dos processos. As melhorias ocorrem sempre por avanços incrementais nos processos já existentes e também por meio de inovações, que utilizam novos métodos e tecnologias. 17 Modelo da Estrutura CMM na versão do SEI Estrutura do Capability Maturity Model Vimos então, que o CMM é uma estrutura que representa um caminho para melhoria de processos, recomendada para organizações de software que desejam melhorar seus processos de desenvolvimento do mesmo. Com esse modelo, podemos ter as equipes de avaliação utilizando o CMM para identificar pontos fortes e oportunidades de melhoria na organização e para identificar riscos na seleção de diferentes prestadores de serviço Com isso, os gerentes e técnicos poderão utilizar o CMM para entender as atividades necessárias ao planejamento e implementação de um programa de melhorias no processo de 18 software de suas organizações e, finalmente, os grupos de melhoria de processo, como por exemplo, o Grupo de Processos (SEPG), que poderá utilizar o CMM como um guia para ajudá-los a definir e melhorar o processo de software de suas organizações. Você pensando em CMM Se é um processo de maturidade, por que as empresas pulam processos para atingir o nível 5? Como já vimos anteriormente, os níveis de maturidade no CMM descrevem as características de uma organização em um determinado nível de maturidade. Cada nível constrói a base para os níveis seguintes alavancarem a implementação de processos de forma efetiva e eficiente. As organizações podem, entretanto, usar proveitosamente os processos descritos em um nível de maturidade mais elevado que aquele em que se encontram, isso faz elas elevarem seu nível? Vamos usar como exemplo na engenharia de processos, a análise de requisitos, projeto, codificação e teste, que não é discutida até o nível 3, ainda que até mesmo as organizações de Nível 1 devam realizar essas atividades. As organizações de Nível 1 ou Nível 2, ao prescreverem os passos que deveriam trilhar para passar para os níveis superiores, devem ter o cuidado de estabelecer um conjunto de processos de desenvolvimento com os atributos do nível superior, mesmo que não possam alcançar seus potenciais completos, antes que uma base adequada seja estabelecida. Um processo de revisão por pares não pode ser totalmente efetivo, a menos que sejam implementadas de forma consistente, mesmo quando os “incêndios” colocam o projeto em risco. Os níveis de maturidade descrevem os problemas que predominam em cada nível. Os problemas predominantes nas organizações de Nível 1 são gerenciais; os outros problemas tendem a ser encobertos pelas dificuldades de planejamento e gestão dos projetos de software. Em resumo, pular níveis de maturidade não é recomendado, porque cada nível constitui a base necessária, a partir da qual, se alcança o próximo nível. O CMM identifica os níveis por meio dos quais uma organização deve se desenvolver para estabelecer uma cultura de excelência, e se os processos 19 não possuem as bases adequadas, eles vão falhar no ponto extremo onde estão mais carentes; “Durante as situações de Stress” Uma organização de Nível 1, que está tentando implementar o processo definido no Nível 3 antes de ter estabelecido o processo repetível Nível 2, geralmente é mal sucedida, porque os gerentes de projeto estão pressionados por problemas de controle no custo e cronograma de projeto. Esta é a razão fundamental para focar em gestão de projeto antes de implementar a engenharia de processo. Pode parecer que a definição e a implementação da engenharia de processo devem acontecer antes da gestão de processo (especialmente aos olhos do pessoal técnico), mas, sem a disciplina gerencial,a engenharia de processo fica prejudicada pelas pressões de cronograma e de custo. Uma organização que está tentando implementar o processo gerenciado Nível 4, sem os fundamentos do processo definido no Nível 3, geralmente é mal sucedida, porque não há bases comuns para a interpretação das medidas sem os processos definidos. Se, por um lado, os dados podem ser coletados individualmente pelos projetos, por outro, poucas medidas são significativas no âmbito de todos os projetos, não tendo condições de fazer crescer, substancialmente, o entendimento do processo de software. Uma organização que está tentando implementar um processo otimizado Nível 5, sem as bases do processo gerenciado Nível 4 e 3, provavelmente está fadada ao fracasso, devido a falta de entendimento do impacto das mudanças no processo. Sem controlar o processo dentro de fronteiras estatisticamente estreitas, a organização está sujeita a muita interferência nos dados, para que assim se possa determinar objetivamente se uma dada melhoria de processo tem algum efeito. PENSE na frase abaixo. 20 “Mas, mesmo assim o número de empresas que pulam os níveis por imposição do mercado é muito grande”. Para cada nível de maturidade, há cinco tipos de checklist: TypeSD: Descrição Política: Descreve o conteúdo da política e objetivos KPA recomendado pelo CMM. Padrão: Descreve o conteúdo recomendado de produtos de trabalho descrito na CMM. Processo: Descreve o conteúdo da informação do processo recomendado pelo CMM. As listas de verificação do processo são ainda mais refinadas em listas de verificação para: Papéis Critérios de entrada Insumos Atividades Saídas Critérios de saída Revisões e auditorias Produtos de trabalho gerido e controlado Medições Procedimentos documentados Treinamento Ferramentas Procedimento: Descreve o conteúdo recomendado de procedimentos documentados descrito na CMM. Visão geral: Fornece uma visão geral de um nível de maturidade inteiro. As listas de verificação da visão geral são ainda mais refinadas em listas de verificação para: Fins KPA (Key Process Areas) Metas KPA Políticas Padrões Descrições de processo Procedimentos Treinamento Ferramentas Revisões e auditorias Produtos de trabalho gerido e controlado Medições