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TRABALHOSOBREEPICURISMO (1)

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A FILOSOFIA DE EPICURO: O EPICURISMO
(Figura 1: “The Philosopher’s Garden, Athens”, Antal Strohmayer)
O Epicurismo é uma corrente filosófica ou doutrina, criada pelo filósofo Epicuro de Samos, além disso foi uma escola fundada pelo mesmo, que como principal ensinamento defende o prazer como a forma para se alcançar a felicidade.
Essa doutrina surgiu no período Helenístico ( 338-146 a.C) um período mundo conturbado para a história da Grécia Antiga , onde a maioria da população se encontrava infeliz , ou com uma felicidade não verdadeira , segundo Epicuro , pois era uma felicidade que só se tinha com a conquista de coisas supérfluas como dinheiro e poder , além disso muitas pessoas para conseguir esses bens consultavam oráculos e pessoas que prometiam ver o futuro , e assim como em várias sociedades atuais , a riqueza se concentrava na mão de poucos , e a ambição das pessoas aumentava cada vez mais . Percebendo isso, Epicuro formulou sua doutrina através da concepção de que não devemos ligar para bens materiais, pois eles não nos fazem realmente felizes, e que o único caminho para a verdadeira felicidade, era o prazer, porém um prazer moderado, ao qual se difere do Hedonismo pregado por Cirene (435-366 a.C) que é uma busca incontrolável pelo prazer. O prazer então para Epicuro é visto de forma diferente, o primeiro conceito de prazer no pensamento epicurista é o estado da ausência da dor, que pode ser conseguida através das lembranças boas de acontecimentos passados ou no pensamento das coisas boas que estarão por vir, essa ausência da dor leva ao prazer, e este prazer leva à verdadeira felicidade, de acordo com essa doutrina. Por outro lado, o segundo conceito de prazer seria o prazer físico e de atos como, sair para a curtição por exemplo, fazendo um comparativo com os dias atuais, esse tipo de prazer é o que deve ser evitado pois não nos remete a verdadeira felicidade e pode deixar o homem facilmente angustiado, tornando-se um escravo do prazer e acabando por se tornar infeliz. É de Epicuro a seguinte frase:
“Nenhum prazer é em si um mal, porém certas coisas capazes de engendrar prazeres trazem consigo maior número de males do que de prazeres”. (EPICURO)
Sendo assim, alguns prazeres podem nos trazer mais dor, do que paz.
Ainda seguindo esta corrente , para se chegar a ataraxia ( que significa “ausência de inquietude” no grego antigo ) ou prazer, é necessário liberta-se da matéria , e de certa forma , isolar-se de toda multidão , porém isso não significa tornar-se solitário , pois a própria escola Epicurista fundada por Epicuro , ficou conhecida como “ Jardim da Amizade “ , sendo o sentimento da amizade o mais valorizado pelo poeta , nessa escola homens e mulheres , que através disso conseguiram ter mais liberdade na filosofia , sentavam-se no jardim para conversar , mantendo o contato com a natureza e longe da agitação da cidade de Atenas , ou seja , longe de toda aquela inquietude , possibilitando assim maior aproximação com a ataraxia. Além disso é necessário atender nossas necessidades, mas apenas as necessidades naturais e essenciais, e em alguns casos as necessidades naturais, porém não essenciais, pois Epicuro dividia as necessidades humanas em três grandes grupos:
Necessidades naturais e essenciais: que são nossas necessidades biológicas, de comer, beber e dormir, caso ao contrário somos tomados por doenças e morremos;
Necessidades naturais e não essenciais: que são a gula, ou então até mesmo dormir muito ou ter uma exagerada prática das atividades sexuais. Coisas que só devem ser feitas as vezes ou até mesmo nunca;
Necessidades não naturais e não essenciais: é a necessidade da luxúria, de possuir inúmeros bens, poder e beleza (ou seja, vaidade), coisas que não são essenciais e prejudicam o homem, por isso são necessidades que devem ser sempre evitadas.
A partir do estabelecimento dessas necessidades, fica clara como o prazer é visto pelos epicuristas, ele é visto de uma forma simples e comum, que é um prazer que vem de dentro para fora, e não de fora para dentro. Por exemplo: atualmente a maioria das pessoas acredita que o prazer está em grandes comemorações, com muita comida, ou no consumo de roupas e acessórios caros, mas no pensamento epicurista, o prazer é um estado da alma, quando ela está em paz, sem nenhuma preocupação ou angústia para perturbar esse estado de quietude que toma conta dela. Tendo esse prazer e procurar acha-lo é a forma de conquistar uma vida feliz do começo ao fim.
Mas não era somente sobre a concepção de prazer e a forma de consegui-lo que a escola epicurista pregava, havia juntamente ao prazer, outras formas ou os “quatro remédios” para se alcançar a felicidade: 
Não temer aos deuses: Diferente do que muitos acreditavam, Epicuro apesar de ter uma ideia atomística (de acreditar na teoria sobre os átomos) sobre o mundo, ele não era ateu, apenas acreditava que os deuses por estarem em um plano superior, não se preocupavam com as questões humanas, portanto, o destino dos humanos era escrito por eles mesmo, sendo assim não é necessário temer nenhum castigo dos deuses;
Não temer a morte: Segundo Epicuro não há porque temer a morte, pois quando existimos ela não existe, e quando ela existe, somos nós que não existimos, pois não há um momento em que o homem se encontre frente a frente com a morte. Para os epicuristas uma vida prazerosa é muito mais gratificante do que uma vida longa, todavia, não faz sentido viver uma longa vida sem usufruir do prazer, a morte então, quando vem não nos causa nenhum mal. A morte não é nada para nós, é um texto de Epicuro em “ A Conduta da Vida”, onde abaixo está transcrito um trecho dessa obra:
“Assim, o mais espantoso de todos os males, a morte, não é nada para nós, pois enquanto vivemos, ela não existe, e quando chega, não existimos mais”.
 (EPICURO, “A conduta da Vida”)
3-O Bem não é difícil de alcançar: O bem não é difícil de alcançar, pois o maior bem que podemos ter na vida, é a conquista do prazer, da ataraxia, que seguindo os ensinamentos epicuristas não é difícil de ser alcançada.
4-E os males não são difíceis de suportar: Para os epicuristas os males são fáceis de suportar, pois para esquecer ou até mesmo livrar-se deles, basta apenas pensarmos (como dito anteriormente) em lembranças boas do passado ou em coisas boas que ainda irão acontecer, nisso esquecemos da dor (que são os males) momentâneos e através do nosso pensamento otimista, conseguimos suportar a dor passageira. Essa quarta forma é algo vivenciado pelo próprio filosofo, que sofria de uma terrível doença, como forma de suportar a dor que ela lhe trazia, ele praticava esses pensamentos e conseguia sucesso com isso;
Porém uma pessoa deveria, além de seguir todos esses passos ter inteligência, ao saber como buscar o prazer, justiça, evitando prejudicar para não ser prejudicado, autodomínio, para controlar seus desejos por coisas supérfluas, e raciocínio, para saber a maneira de como lidar com as emoções.
 Além da busca pelo prazer e ataraxia, o epicurismo tinha como lógica a ideia sensista, que consiste em dizer que todo o conhecimento que possuímos é fruto das nossas sensações, em que nos deparamos imediatamente, que está presente no campo teórico, já no campo prático temos o prazer e a dor. Já na metafísica epicurista temos o materialismo , onde Epicuro concorda com Demócrito em acreditar que tudo é matéria, composta por átomos e que até mesmo os deuses são constituídos desses minúsculos elementos até então indivisíveis, com isso Epicuro acreditava que nossas almas também eram composta por átomos e possuía uma forma , já que estão presentes em nosso interior e juntamente ao nosso corpo , ela é capaz de sentir nossas emoções , isso contrariou antigas filosofias que permeavam em épocas anteriores. Contudo, ainda seguindo a corrente epicurista, assim como a medicina era o remédio para o corpo, a Filosofia era o remédio para a alma, e um homem sábio, desde cedo deveriaexercer a prática de filosofar, além de que, pregando uma filosofia que dizia que a felicidade era longe da multidão, Epicuro não se importava muito com a vida civil, ou seja, para ele uma vida realmente feliz era longe de cargos públicos e das preocupações políticas.
A JUSTIÇA para EPICURO
Assim como outros filósofos , Epicuro também desenvolveu seus estudos com objetivo de entender a origem e significado das coisas. Saindo de sua concepção sobre felicidade, prazer e alma, vamos à sua concepção sobre a justiça, percebida na carta Máxima Capital 32, onde Pedicuro diz:
“Relativamente a todos os seres vivos que não puderam estabelecer acordos para não prejudicarem nem serem prejudicados, nada é justo nem injusto”. (EPICURO)
Através desse trecho da carta, notamos que para Epicuro a justiça é uma espécie de acordo entre homens e sociedades, para que nenhuma das partes saia prejudicada. Além disso é a frase trata-se de um documento que norteia a história da Grécia em relação à invasão de Roma, pois se na Grécia não havia nenhum acordo de “Justiça”, então Roma poderia facilmente invadi-la sem nenhum mal aparente, pois nada seria justo ou injusto. Na carta Máxima Capital 33, exploramos ainda mais a justiça segundo Epicuro:
“A justiça não é uma coisa em si mesma, mas existe sempre um acordo nas relações com os outros e em vários locais para não prejudicar nem ser prejudicado”. 
 (EPICURO)
Ou seja, a justiça não é a mesma em todos os lugares, nem mesmo para todas as pessoas, trata-se de acordos que são feitos aqui e ali, para que ambas as partes envolvidas nesse convívio consigam estabelecer relações de máxima harmonia, é a famosa questão de eu não prejudicar alguém, porque eu também não quero ser prejudicado. Contudo , vimos que Justiça para Epicuro é praticamente algo que não existe , pois trata-se apenas de “acordos”, acordos de forma figurada de um ser humano ter a consciência de não realizar tal ato contra outro ser humano , para isso não voltar para ele mesmo , no mundo Antigo isso é uma forma de explorar o Período Helenístico em que os romanos invadem a Grécia e entender como era a mente deles em relação se o que eles estavam fazendo era justo ou não , isso influencia até hoje no ensinamento do Direito , que tem como pauta a discussão sobre o que é ou não justo.
referÊncias
BÁRBARA, Leonor. “O paradoxo da justiça em Epicuro” . Disponível em: https://cultura.revues.org/1594. Acesso em: 13/08/2016
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LUCANO, Breno. “Epicuro e o Jardim da Amizade e do Prazer”. Disponível em: http://portalveritas.blogspot.com.br/2009/07/epicuro-e-o-jardim-da-amizade-e-do.html. Acesso em: 13/08/2016
MADJAROF, Rosana. “O Epicurismo”. Disponível em: http://www.mundodosfilosofos.com.br/epicurismo.htm. Acesso em: 13/08/2016
PETRIN, Natália. “Ética Epicurista”. Disponível em: http://www.estudopratico.com.br/etica-epicurista-epico-epicurismo-moral-e-etica/. Acesso em: 13/08/2016
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ROCHA, Fábio. “Epicuro | Homens que você deveria conhecer #48”. Disponível em: http://papodehomem.com.br/epicuro-or-homens-que-voce-deveria-conhecer-48/ Acesso em: 13/08/2016
VAZ, Angelo. “Curso de Filosofia do Direito - Aula 6 – Epicurismo”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=oO8fH4m0KB0. Acesso em: 13/08/2016

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