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História Antiga Oriental Alex Oliveira Aula 1 O que é a História Antiga Oriental? • Conceito = uma representação geral e abstrata de uma dada realidade; é a exposição teórica de uma ideia. • A Antiguidade é um conceito? • E o Antigo Oriente também é um conceito? Oriente / Ocidente • É uma definição que obedece a uma ordem muito mais ideológica que geográfica, por isso, a variação de significados no tempo. Oriente / Ocidente O mundo Antigo Oriental • Oriente Próximo: áreas diretamente relacionadas ao Mediterrâneo. • Oriente Médio: áreas do limite do Egito com a Ásia, parte da Anatólia (atual Turquia oriental), península arábica e as áreas da Mesopotâmia mais à direita. Também conhecidas por "Crescente Fértil”. • Extremo Oriente: áreas da China, Índia, Japão, Mongólia... O Oriente A noção de tempo • O tempo não tem um conceito claro, as pessoas hoje regulam a sua vida em virtude de um tempo “relógio”. Na antiguidade, esse controle era diferente= “natureza”. • Nessas sociedades, o tempo, por exemplo, tem uma íntima relação com as estações do ano, péssimas condições climáticas, a posição do sol. • Como se conta o tempo no calendário cristão? O centro é o nascimento de Cristo. Usamos antes de Cristo (a.C) e depois de Cristo (d.C). OBS.: não é necessário utilizar d. C. Os marcos iniciais dos calendários O Tempo Histórico Pré-História (antes da invenção da escrita História (depois da invenção da escrita) Antes de Cristo (a.C.) Depois de Cristo (d.C.) Paleolítico Neolítico Idade Antiga Idade Média Idade Moderna Idade Contemporâ- nea Civilizações Pré-Clássicas Civilizações Clássicas Do aparecimen- to do homem à invenção da agricultura Da invenção da agricultura à invenção da escrita Do 4° milénio a.C (invenção da escrita) ao início do século V a.C. (apogeu grego) (Civilizações grega e romana). Do século V a.C. a 476 d.C. De 476 d.C. a 1453 d.C. (queda do Império Romano do Oriente – Império Bizantino) De 1453 a 1789 (início da Revolução Francesa) De 1789 aos nossos dias Pré-história é um termo muito questionado, pois dá a entender que não existe História antes da escrita. O que é a Pré-história? Pré-história corresponde ao período da história que antecede a invenção da escrita 4000 a.C.. A Revolução Neolítica - A passagem do Paleolítico para o Neolítico - Do nomadismo às práticas sedentárias (caça, coleta e nomadismo para criação, agricultura e sedentarismo) - Formação das primeiras comunidades e cidades. A proliferação de doenças. Revolução Neolítica - A agricultura e a domesticação de animais permitiu o assentamento do homem por períodos maiores gerando aumento da natalidade. - Foram ocupadas áreas próximas a rios (Nilo, Mesopotâmia, Rio Amarelo, dentre outras). - A organização de cidades leva à hierarquia da sociedade, sofistica suas relações, estrutura novas regras, estabelece explicações religiosas, justifica organizações políticas, o trabalho e o poder. Referências bibliográficas • DAVID JOÃO, Maria T. Tópicos de história antiga oriental. São Paulo: Saraiva, 2010. • CARDOSO, Ciro F. S. Sociedades do antigo oriente. São Paulo: Ática, 2005. • PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. 21. ed. São Paulo: Contexto, 2003. História Antiga Oriental Alex Oliveira Atividade 1 Comparando as imagens qual pode ser associada ao período Paleolítico e qual ao Neolítico? Por quê? História Antiga Oriental Alex Oliveira Aula 2 • Escassez de fontes primárias; • Natureza da documentação (obras literárias, vestígios arqueológicos...); • Impossibilidade de trabalhar a História oral; • Estado de conservação das fontes; • Ausência de qualquer tipo de fonte para determinados períodos. Dificuldades no trabalho do historiador da Antiguidade Fonte histórica, documento, registro, vestígio são todos termos correlatos para definir tudo aquilo produzido pela humanidade no tempo e no espaço; a herança material e imaterial deixada pelos antepassados que serve de base para a construção do conhecimento histórico. (Kalina e Maciel. Dicionário de conceitos históricos. p.158.) Tipos de fontes: primárias e secundárias. O que é uma “Fonte”? “A arqueologia estuda, diretamente, a totalidade material apropriada das sociedades humanas, como parte de uma cultura total, material. Sem limitações de caráter cronológico” (FUNARI, 2003, p. 15) A ARQUEOLOGIA é extremamente importante para o estudo da História Antiga. Mas o que faz a arqueologia? Limitação cronológica Totalidade material (ecofatos e biofatos) A História e a Arqueologia - A Arqueologia é uma ciência auxiliar da História? - Trabalho conjunto (a montagem de um quebra-cabeça) - Interdisciplinaridade A História e a Arqueologia Mesopotâmia • A Mesopotâmia não foi um reino ou um país. • O nome significa: Meso (entre, meio)/ Pothamos (rio). • Atualmente, corresponderia à região do Iraque. Mesopotâmia Mesopotâmia • Sociedade de Caçadores e Coletores • Desenvolvimento da agricultura • Sofisticação dos sistemas sociais • A formação das cidades • Escrita cuneiforme Escrita Cuneiforme Os Sumérios • Habitaram a região sul da Mesopotâmia entre os anos 4000 e 1950 a.C.; • Organizavam-se politicamente em cidades-estado (Ur, Nipur e Lagash); • Hábeis construtores (barragens, sistemas de drenagem do solo, canais de irrigação e diques) e arquitetos (zigurates, construções em formato de pirâmides e utilizadas como locais de armazenagem de grãos e também como templos religiosos). Zigurates Referências bibliográficas • BLOCH, MARC. Apologia da História, ou o Ofício do Historiador. Tradução: Jorge André Telles. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 2002. • DAVID JOÃO, Maria T. Tópicos de história antiga oriental. São Paulo: Saraiva, 2010. • SILVA, Kalina Vanderlei, SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de Conceitos Históricos. São Paulo: Contexto, 2005. História Antiga Oriental Alex Oliveira Atividade 2 a) Quais tipos de escrita são estas representadas nas imagens? b) Qual a diferença entre elas? História Antiga Oriental Alex Oliveira Aula 3 • Esses povos possuíam uma estreita ligação com os rios da região. Sendo hábeis construtores de barragens e canais. • Ao contrário do que se imagina, grupos diferentes coabitaram neste espaço, se misturaram e subjugaram uns aos outros. Os povos que ocuparam região da Mesopotâmia Os acadianos (2350-1800) • A centralização política. • A figura mítica de Sargão, O Grande. “Sargão, o poderoso rei de Agade, eu sou / Minha mãe foi uma concubina, meu pai eu não conheci. / Os irmãos de meu pai amavam as montanhas. / Minha cidade é Azupiranu, que está situada às margens do Eufrates. / Minha mãe concubina concebeu-me, secretamente ela me fez nascer. / Ela me colocou numa cesta de junco, com betume ela selou minha tampa. / Ela me jogou ao rio, que não me cobriu. / O rio me conduziu e me levou até Akki, o tirador deágua. / Akki, o tirador de água, retirou-me quando mergulhava seu jarro. Akki, o tirador de água, tomou-me como seu filho e criou-me”. (Jaime Pinsky. 100 textos de História antiga. 7º ed. São Paulo, Contexto, 2001, p. 49.) Os Babilônicos (amoritas)1800–1590 aC) O principal rei Hamurabi (1720). –Unifica o território heterogênio através: • língua: o acádio tornou-se língua oficial da administração; • direito: sintetizou a legislação precedente em um código, o de Hamurabi; • religião: criou uma religião de Estado com Marduk sendo o deus supremo. Os cassitas invadem a Babilônia, enfraquecendo o império e desarticulando-o. Por sua localização geográfica, a região da cidade de Assur era constantemente invadida, o que forjou um povo guerreiro e que se tornou célebre pela violência com a qual tratava seus opositores. Os Assírios (1000 – 612 a.C) [...] Jamais povo algum exerceu de forma tão implacável o direito da vitória: prisioneiros torturados, olhos vazados, deportações em massa, pilhagens sistemáticas eram os marcos sangrentos deixados pelos exércitos assírios.” GIORDANI, M. C. História da Antiguidade Oriental. RJ: Vozes, p. 145-146. • Dentre os importantes monarcas desse povo podemos citar: • Sargão II: conquistou Samaria; • Senaqueribe: fundou Nínive como Capital do Império; • Assurbanipal: Biblioteca de Nínive. Os Assírios (1000 – 612 a.C) Os Caldeus – Neo-Babilônicos (612 – 539 a.C) • Esse povo se notabilizou: - pela observação dos astros; - pelo reinado de Nabucodonosor II (630– 562 a.C) responsável pela construção dos Jardins suspensos da Babilônia e a Torre de Babel. • Conquistou o Reino de Judá. (Cativeiro Babilônico). • O Império caiu nas mãos de Ciro (539). Religiosidade mesopotâmica • O Panteão era extremamente numeroso. Os deuses eram representados à imagem e semelhança dos seres humanos (antropomorfismo). • Cada cidade possuía seu próprio deus. • Os principais deuses eram Marduk (um deus babilônico que acabou ganhando importância em toda região); Ishtar (deusa da fertilidade), Shamash (deus do sol) e Anu (senhor dos céus). Religiosidade mesopotâmica • Os povos da região tinham uma concepção confusa acerca da vida após a morte. Acreditavam que os mortos iam para junto do deus Nergal. “Nada existia no além, que lembrasse uma recompensa pelas boas ações praticadas em vida ou um castigo pelos pecados cometidos. A recompensa pelas boa ações era distribuída durante a vida terrena sob a condição de que não se desagradasse aos deuses. Explica-se assim que a religião dos assírios e babilônios, cujo conteúdo ético era bem inferior ao da religião egípcia, levasse seus fiéis a viverem num constante medo de seus deuses” GIORDANI, M. C. História da Antiguidade Oriental. RJ: Vozes, p. 163. Religiosidade Ishtar e Marduk Organização econômica (Servidão Coletiva) • As terras comuns eram administradas pelo governo. Das terras comuns, o que se retira, vira bem do governo. • O trabalho nessas terras comuns era exercido pela população de forma compulsória, ou seja, obrigatória. Além de trabalhar nas terras, eram obrigados a construir diques, barragens, zigurates. • A população livre trabalhava ao lado dos escravos com a diferença que seu ofício era sazonal. Referências bibliográficas • BOUZON, E. O Código de Hammurabi. Petrópolis, RJ: Vozes, 1980. • CLINE, E. H. e GRAHAM, M. W. Impérios Antigos. Da Mesopotâmia à Origem do Islã. São Paulo: Masdras, 2012. • Jaime Pinsky. 100 textos de História antiga. 7º ed. São Paulo, Contexto, 2001. • GIORDANI, M. C. História da Antiguidade Oriental. 14ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. História Antiga Oriental Alex Oliveira Atividade 3 Atividade O Código de Hamurabi Ao analisar algumas estipulações, apresentadas no slide a seguir, do Código de Hamurabi, documento de caráter legislativo produzido durante o Império Babilônico no reinado de Hamurabi, podemos tirar quais conclusões históricas sobre a supracitada sociedade? “Se um médico fizer uma operação difícil com faca de metal em um homem livre e lhe causar morte ou destruir seu olho, a sua mão será amputada. Se um médico tratar com faca de metal a um escravo e se este morrer, o médico dará outro escravo para substituir o morto. Se um homem negligenciar a conservação de seu dique, se uma brecha nele se abrir e os campos se inundarem, este homem será condenado a restituir o trigo destruído por sua falta. MOTA, M. B. e BRAICK, P. R. História: das cavernas ao Terceiro Milênio. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2002. História Antiga Oriental Alex Oliveira Aula 4 Uma cronologia sobre o Egito Antigo 48 Períodos Fases da Metalurgia Datas aproximadas (a.C.) Período Pré-dinástico Período do Cobre até 3000 a.C O Reino Antigo 3000 a.C. a 2134 a.C Primeiro período Intermediário 2134 a.C. a 2040 a.C Reino Médio Período inicial do Bronze 2040 a.C. a 1640 a.C. Segundo Período Intermediário Fase do apogeu do Bronze 1640 a.C. a 1550 a.C. Reino Novo 1550 a.C. a 1070 a.C. Época Tardia ou Baixa época Período inicial do Ferro 1070 a.C. a 332 a.C. Baseado em CARDOSO, C. F. Sociedades do Antigo Oriente Próximo. São Paulo: Ática, 2002, p. 57. O Egito e o Nilo “O Egito é uma dádiva do Nilo” (Heródoto) Esta frase corrobora coma ideia de que basta o terreno geograficamente favorável para o homem se desenvolver. Entretanto, a sociedade egípcia se desenvolve para além do Delta, área das principais inundações. Sua estrutura é complexa e depende diretamente da ação humana. Tal visão atenua a questão do determinismo geográfico 49 • Nomos = conjunto de aldeias com deuses, leis, línguas e costumes próprios. Eram governados por um nomarca. • Nomarcas = maior autoridade local, responsável, entre outras coisas, pela coleta de impostos e seleção de trabalhadores. • Grande rivalidade • Conflitos • Divisão em reinos (Alto e Baixo) Período Pré-dinástico – Até 3000 a.C. 50 A formação do Reino Unificado 51 Formação dos nomos Conflito entre os nomos Formação dos reinos do Alto e Baixo Egito Conflitos entre o Alto e Baixo Egito Unificação do Egito Na Faixa superior: peixe (Nar) e um cinzel (Mer) – entre duas cabeças bovinas. Na faixa central, o líder do Alto Egito está prestes a golpear um prisioneiro e há um falcão, símbolo de Hórus, pousado sobre seis hastes de juncos, planta heráldica do Baixo Egito. A unificação do Egito Paleta Narmer que se encontra exposta no museu egípcio do Cairo Paleta de Narmer A unificação do Egito 53 Na faixa inferior, inimigos fugindo 54 A unificação do Egito Na primeira faixa: peixe (Nar) e um cinzel (Mer), cabeças bovinas. Na segunda faixa: uma conquista; o líder do Baixo Baixo Egito passa em revista filas de inimigos atados e decapitados. Terceira faixa: dois animais fabulosos são contidos pelo pescoço por funcionários reais. Na quarta faixa: há um touro pisandonos inimigos e investindo contra uma muralha. A unificação do Egito 55 Verso da Paleta Narmer em desenho O faraó 56 Faraó representa o equilíbrio entre as duas terras do Egito . Representa: as alianças, equilíbrio de forças locais, um articulador de forças locais e símbolo religioso. Faraó lidera diversas frentes de obras, pois articula recursos dos diversos nomos, pode mesmo ultrapassar os investimentos locais. Referências CARDOSO, Ciro F. S. Sociedades do Antigo Oriente Próximo. São Paulo: Ática, 2005. JOHNSON, P. Egito Antigo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010. BAKOS, M. M. Fatos e Mitos do Antigo Egito. Porto Alegre: EDIPUcRS, 2009. 57 História Antiga Oriental Alex Oliveira Atividade 4 Ciro Flamarion Cardoso Pré-dinástico = 6000-3000 Época Tinita = 3000-2778 a.C. Antigo Império = 2778-2423 a.C. 1º Período Intermediário = 2423- 2065 a.C. Médio Império tebano = 2065-1785 a.C 2º Período Intermediário = 1785- 1580 a.C Novo Império tabano = 1580-1085 a.C. Baixa Época = 1085-525 a.C. Mário C. Giordanis Pré-dinástico = 6000-3197 a.C. Época Tinita = 3197-2778 a.C. Antigo Império = 2778-2423 a.C. 1º Período Intermediário = 2423- 2065 a.C. Médio Império = 2065-1785 a.C. 2º Período Intermediário = 1785- 1580 a.C. Novo Império = 1580-1090 a.C. Baixa Época = 1090-332 a.C. Analisando estas cronologias abaixo, a quais conclusões podemos chegar? Datações diversificadas com base em estudiosos distintos 59 O problema da cronologia Não há uma cronologia fixa. As listas de reis não coincidem umas com as outras. A corregência. A solução Cruzar dados com listas de reis de outras regiões, assim como, diversificar a documentação e a historiografia. 60 História Antiga Oriental Alex Oliveira Aula 5 Arte Egípcia Aspecto gerais Inspiração essencialmente religiosa Identificada com o objetivo de servir ao Estado, à religião e ao faraó Marcada ideologicamente pelo anseio de glorificação dos deuses e do rei divinizado. A arte egípcia Antigo Império a construção de templos e túmulos com materiais de longa duração. Aumenta o gosto de estátuas-retratos de grande robustez pelo volume cúbico e imobilidade. Quéops, Quéfren e Miquetinos A arte egípcia Médio Império A arquitetura não tem a imponência antiga A expressão humana ganha nova dimensão e realismo As pinturas dos túmulos retratam cenas do cotidiano Pirâmide de Amenemhat I Túmulo de Khnemhotep A arte egípcia Novo Império Revive tradições do passado e retoma grandes construções Estilo naturalista armaniano quebra regras anteriores de solidez e imobilidade. Inova com fluidez e flexibilidade, beirando a caricatura, em alguns casos. Ramsés II na entrada do templo de Abu Simbel Busto de Aquenáton. Museu de Alexandria. Carência de perspectiva Cabeça de perfil Olhos de frente Pernas e pés de perfil Pés voltados sempre para o mesmo lado que a cabeça Tronco de frente Pintura Egípcia “A arquitetura egípcia é do gênero arquitravado (em que predominam as linhas horizontais e as pressões dos membros arquitetônicos se fazem em sentido vertical) com tendência à formação piramidal [...] sólida, grandiosa, com tendência ao colossal e ao maravilhoso e com uma inspiração essencialmente religiosa.” (GIORDANI:2008, p.91) A arquitetura egípcia 1. Maravilhoso Relacionado à imponência, destaque, memória, posteridade. O fim seria, entre outros, promover e salvaguardar a unidade do Egito em faraó. Djoser construiu a pirâmide escalonada de Sakkara com a ajuda de seu grande arquiteto Imhotep. 2. Religiosa Espaço cheio de misticismo, no qual o faraó retornará ao seu corpo e, por isso mesmo, precisa ser preservado. É um espaço que representa a ligação entre os planos físico e metafísico “[...] a religião foi o resultado da superposição e organização das divindades dos nomos, o dogma nunca foi unificado: em cada cidade, o deus local era sempre a divindade suprema[...] A medida que progredia a unificação, surgia a necessidade de explicar as relações entre os deuses da região unificada, de hierarquizá-los: surgiam tríades de pai, mãe e filho (Osíris, Isis e Hórus, por exemplo), e, posteriormente, vastas sínteses teológicas explicando a origem do mundo e dos deuses, as quais se contradiziam mutuamente.” CARDOSO, C. História da Antiguidade. Rio de Janeiro: Curso Platão, p. 39. A Religião egípcia A Religião egípcia Politeísta Antropozoomórfica Caráter mais local (deuses dinásticos) que nacional (deuses primordiais) O culto era a base da religião egípcia. Mais ritualística que dogmática Desta forma, o rito era superior ao dogma, mas tal postura não impediu a elaboração de sínteses teológicas. Síntese teológica de Heliópolis Num (oceano primitivo) Chu (o ar) Geb (a terra) Osíris Neftis Tefnut (a umidade) Nut (o céu) Ísis Seth Enéada divina de Heliópolis Atum (o sol) A religião dominava todos os aspectos da vida pública e privada do antigo Egito. Cerimônias eram realizadas pelos sacerdotes a cada ano, para garantir a chegada da inundação e, dessa forma, boas colheitas, que eram agradecidas pelo rei em solenidades às divindades; A Religião egípcia A mumificação Esta crença dizia que a alma transmigraria para o corpo do falecido. Desta forma, era necessário preservá-lo através da mumificação Mumificar era uma técnica criada pelos egípcios para preservar o corpo dos mortos. Entretanto, era um processo caro, longo e, por isso, não estava acessível a toda a população. Referências bibliográficas COUTO, Sérgio Pereira. Desvendando o Egito. São Paulo: Universo dos Livros, 2008. CLARK, T. Rundle. Mitos e Símbolos do Antigo Egito. Hemus, São Paulo, 1990. JOHNSON, Paul. Egito Antigo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010. CARDOSO, Ciro Flamarion. O Egito Antigo. São Paulo: Brasiliense, 2004. História Antiga Oriental Alex Oliveira Atividade 5 Observando a imagem abaixo sobre o Egito Antigo, responda as questões propostas: O que era? Que utilidade possuía? Como foi seu processo de superação? HISTÓRIA ANTIGA ORIENTAL Aula 6- O reino egípcio: um pouco de história política Conteúdo Programático desta aula 1. Identificar de maneira clara as funções sociais e políticas do espaço egípcio; 2. Identificar as transformações sofridas pelo faraó ao longo da história egípcia antiga, como forma de continuar aprendendo e revisar questões que já foram apresentadas; 3. Reconhecer as disputas do Novo Império, as histórias de Tutmés e Ramsés; 4. Reconhecer o Egito Tardio, e sua relação com o mundo ocidental, leia-se gregos e romanos; Estratificação social egípcia Faraó e família Nobres e altos funcionários Escribas Artesãos Escravos Vizir Nomarca Sacerdote Camponeses (felá) e Estruturas imperiais -Reino ou Império? - O modelo faraônico -As múltiplas mutações do Egito na História - Um pouco de História política, pois os fatores que ajudam a modelar as sociedades são múltiplosEstruturas imperiais Antigo Império ou Antigo Reino = período de construção e fortalecimento da história unificada do Egito. A figura do faraó representa a unificação sobreposta aos poderes locais; 1º Período Intermediário: poderes locais superam o central As causas da erosão do Estado Unificado - Excesso de autonomia dada aos sacerdotes - Apropriação hereditária dos cargos - Equívocos e despreparo dos governantes - Inundações insuficientes Médio Império ou Reino Médio = faraó enfrenta sérios problemas com as invasões externas, principalmente os hicsos. O período é caracterizado por uma forte fragilidade política e papel simbólico de faraó; 2º Período Intermediário: domínio dos hicsos sobre o Egito Estruturas imperiais Os Hicsos Algumas conclusões importantes: 1. Mantiveram os costumes egípcios; se autodeclararam faraó; 2. Hicsos não era uma designação étnica, pois eram formados, ao menos, por palestinos, cananeus e sírios; 3. Não eram guerreiros destruidores (ainda que houvesse grupos militarizados), mas hábeis comerciantes; 5. Influenciaram os egípcios principalmente com: o cavalo, uso de carros na guerra e o arco compósito; Estruturas imperiais Novo Império ou Reino Novo = faraó desempenha um papel de líder guerreiro ou chefe militar. O Egito passa por grande onda expansionista; Faraó é principalmente um líder militar. Tutmés III - Vê a mulher de seu pai, Hatshepsut, assumir a função de faraó através de alianças políticas e excluí-lo de tal possibilidade. - Após a maioridade, retoma o poder e apaga os vestígios de Hatshepsut. - O Egito expandiu o seu domínio até ao rio Eufrates (militarismo) - Implementou uma grande atividade construtora, erguendo grandes obras Amem-hotep IV ou Amenófis IV ou Akhenaton -Filho de Amen-hotep III. Criado para ser sacerdote do templo de Heliópolis, o centro do culto do deus solar Rá. - “Monoteísmo” ou disputa política? -Enfraquecimento do sacerdócio de Amon, com a elevação do culto a Aton. -Tutancâmon, filho de Akhenaton, retoma o culto a Amon. Estruturas imperiais Estruturas imperiais Ramsés II – Filho de Set I. Destacado com grande líder militar. -Enfrentou os hititas na batalha de Kadesh. -Apesar de não haver vencedor, foi promovido como herói no Egito. O Egito Tardio Hicsos 1750 a.C. Assírios 670 a.C. Persas 525 a.C. Macedônios 332 a.C. Romanos 30 a.C Bizâncio 395 a.C. Ingleses... - A estratificação social egípcia - As transformações sofridas pela figura de faraó ao longo da história egípcia antiga; - O reconhecimento das disputas do Novo Império, as histórias de Tutmés e Ramsés; - O Egito Tardio e sua relação com o mundo ocidental; Resumindo... Na aula de hoje vimos: História Antiga Oriental Alex Oliveira Aula 7 Considerações iniciais • Transformando o particular em estranho • A construção de uma análise história e não teológica; • Forma um ponte entre as civilizações do Oriente Próximo e a civilização Ocidental; • Permite o conhecimento de mitos, ciências, práticas sociais, valores de povos daquela região; 91 Fontes para o estudo dos hebreus • A Bíblia; • Algumas peças arqueológicas são utilizadas como possíveis fontes de comprovação arqueológica da história hebreia: • A Estela de Tel Dan • A Pedra Moabita (A Estela de Mesa) • O Cilindro de Ciro • As Tábuas de Ebla • O Túnel de Ezequias • Estela de Merneptah • Estela de Salmanasar III • O importante não é comprovar a fé, mas superar a análise mítica da realidade própria dos textos religiosos. 92 • A origem em Abraão • A relação de Sarah e Agar com Abraão • O contato de Ismael com Isaac Conclusões: 1) O homem poderia ter uma esposa principal e concubinas; 2) A mulher principal tinha direito, privilégios ou uma certa força junto ao marido que as outras não tinham; 3) A herança não era distribuída de forma idêntica entre os filhos da esposa legítima e da concubina Há correspondências entre estas práticas e as determinações do Código de Hamurábi 93 A origem dos hebreus O Crescente Fértil Os hebreus provém da Mesopotâmia?- • O Hebraico é uma língua semita do mesmo grupo do aramaico; • Abraão teria saído da Cidade de Ur dos caldeus; • A legislação também baseia-se na lei do Talião (Hamurábi) • Os mitos hebreus são bem semelhantes ao mesopotâmicos: - Sargão e Moisés - Noé e Ziusudra 95 O assentamento em Canaã Do Nomadismo à busca de um espaço sedentário • Utiliza um percurso comum dentro do Crescente Fértil • Afirma uma nova divindade e procura por um espaço adequado ao seus culto e domínio 96 Nestes mitos o homem busca vencer a fúria da natureza que sempre o amedronta, em especial, as cheias dos rios. Então, os deuses acabam assumindo a força principal que os humanos almejam ter; A Origem do texto bíblico: • Pentateuco (do nomadismo para o sedentarismo e da tradição oral para a escrita) • A importância da história como elemento de identidade: • “[...] o historiador hebreu só se interessa pelo passado em função do presente e mesmo do futuro. A História para o israelita [...] é a narração da atuação divina no passado e no presente com uma finalidade bem definida: a realização das promessas messiânicas.” GIORDANI, M C. História Antiga Oriental. Rio de Janeiro: Vozes, 2008, p. 225. 98 O Monoteísmo • Com Abraão tem-se o modelo de um deus muito familiar o clânico. Posteriormente, essa concepção se transforma no monoteísmo ético universal. 99 Bibliografia • GIORDANI, M C. História Antiga Oriental. Rio de Janeiro: Vozes, 2008, p. 225. • BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo; Paulus, 2003. • PIXLEY, Jorge. A História de Israel a partir dos pobres. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. 100 História Antiga Oriental Alex Oliveira Atividade 7 Atividade 7 “É preciso ter presente que a Bíblia tem um compromisso básico com a unidade do povo hebreu e não com a narrativa fiel de acontecimentos. Hoje em dia até autores religiosos, cristãos e judeus, duvidam, se não da existência física dos três patriarcas (Abraão, Isaac, Jacó), ao menos da genealogia que estabelece a sucessão entre eles (Abraão pai de Isaac pai de Jacó).” (PINSKY, Jaime. As Primeiras Civilizações. São Paulo: Contexto, 2008, p. 108) Questão: O fato de ser questionado a historicidade de alguns personagens da Bíblia invalida totalmente as narrativas que ela apresenta sobre eles? 102 História Antiga Oriental Alex de Oliveira Aula 8 Período patriarcal Líderes ancestrais, fundadores míticos do povo hebreu - Abraão - Isaac - Jacó As fases de organização política de Israel Clã de pastores nômades Moisés Assentamento em Canaã 104 Juízes = Sistema tribal no qual governantes momentâneos exerciam a liderança por ocasião de guerras. Exemplos: • Gideão • Sansão • Samuel As fases de organização política de Israel Época de transição de uma sociedade tribal para uma monarquia centralizada que demandava de uma organização do trabalho. 105 O período monárquico (unificado) Saul (1030-1010) = unificação militar e não social - Luta pela unidade interna (tribos) - Tenta consolidaro domínio regional (vitórias esporádicas sobre os filisteus, amonitas, edomitas, amalequitas e moabitas) As fases de organização política de Israel 106 As fases de organização política de Israel • O período monárquico (unificado) 107 Reino de Saul As fases de organização política de Israel Davi (1010-970) - Vitória sobre os filisteus e expansão do reino - Sofisticação do sistema de governo= cria um conselho central hierarquizado em: Escribas, sacerdotes e Juízes. Modificação no monoteísmo 108 As fases de organização política de Israel O período monárquico (unificado) 109 Reino de Davi O período monárquico (unificado) Salomão (970-931) Período de paz (conquista a estabilidade também por alianças) As fases de organização política de Israel 110 As fases de organização política de Israel O período monárquico (unificado) 111 Reino de Salomão O Templo de Salomão, uma espécie de símbolo nacional O Templo simbolizava a localização física (deserto, Canaã e Templo) de Javé, próximo do Palácio e à serviço da monarquia 112 O Profeta Uma espécie de representante do inconsciente coletivo, inconformado com a perda das condições anteriores, campos de pastagens e insatisfeito com a centralização monárquica.. “cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem. Respeitai o direito, protegei o oprimido: Fazei justiça ao órfão, defendei a viúva.” Isaías, 1: 11,17. Sinaliza a esperança Messiânica Os profetas começam o discurso do retorno messiânico do reino Davi 113 A divisão dos reinos A Divisão do reino Sargão II (721 a.C.)= Israel Nabucodonosor (587)= Judá 114 Assíria Babilônia Medo-persa Grego (Macedônico) Romano Destruição do Templo em 70 / Diásporas / Hebreu = Judeu Os domínios sucessivos 115 Bibliografia 116 AUTH, Romi. História ou histórias de Israel. In: FARIAS, J. F (org.). História de Israel e as pesquisas mais recentes. Rio de Janeiro/Petrópolis: Vozes. 3ªed. 2003, p. 33-42. FARIA, Jacir de Freitas. Essa é a história de Israel?!. In: FARIAS, J. F (org.). História de Israel e as pesquisas mais recentes. Rio de Janeiro/Petrópolis: Vozes. 3ªed. 2003, p. 11-32 SILVA, Airton José da. A história de Israel na pesquisa atual. In: FARIAS, J. F (org.). História de Israel e as pesquisas mais recentes. Rio de Janeiro/Petrópolis: Vozes. 3ªed. 2003, p. 43-87. História Antiga Oriental Alex de Oliveira Atividade 8 Atividade 8 Israel apresenta em sua história tradicional, a escrita do Pentatêuco no momento exatamente posterior ao Êxodo egípcio. Considerando esta construção, qual a relação histórica que podemos estabelecer a partir da análise deste constructo? 118 História Antiga Oriental Alex de Oliveira Aula 9 O território do Império Persa 120 Os grupos Medos e Persas Características gerais: -São povos indo-europeus (migração impossível de precisar, mas importante por ligar o Extremo Oriente com a Mesopotâmia) -Falam línguas indo-europeias; -Habitavam desde o século IX, pelo menos, as áreas montanhosas do Elburz e do Zagros. -Viviam de pastoreio e banditismo -Eram governados por seus numerosos reis tribais ou regionais -Eram tributários dos reis assírios. 121 Conteúdo Programático desta aula: Os reinos dos Medos e dos Persas 122 “Astíages, sonha com a filha urinando um fluxo dourado e incessante, o rei consulta os sábios e descobre ser o sonho um presságio, de que seu neto governaria toda a Ásia. Astíages casa a filha com um vassalo seu persa, sem importância, tentando afastar o medo das visões. O rei espera a criança nascer e ordena, um general de seu exército, assassinar a criança. Mas este desobedece-o e abandona a criança na encosta de uma montanha. Uma família encontra o bebê e o cria até se tornar rei da Pérsia. Essa criança da história é Ciro, guerreia contra Astíages e o vence dominando os dois reinos” O mito da Unificação Medo-Persa 123 Mas, como uma reino organizado como o Medo é derrotado por um reino pequeno e fraco como o Persa? Graças à suposta de deserção de Harpago. O mito da Unificação Medo-Persa 124 O império Medo-Persa 125 “Império” Persa? O termo “império” não é encontrado nas fontes persas, o termo utilizado significa “reino”, tanto para o poder central quanto para o território dominado. Uma espécie de “monarquia universal”, com Dario utilizou- se a expressão “rei deste mundo”, ou seja, algo próximo de um conjunto de estados, relativamente autônomos, guiados por um estado soberano. Neste caso, o poder central assumia a função de guia paternalista e justo, enquanto que as elites locais deviam lealdade e gratidão ao Grande Rei. 126 Visões opostas sobre Cambises Na visão de Heródoto, a monarquia persa estava associada a elementos tirânicos, que era muito mal visto pelos gregos por estar associado à desordem. Cambises desenterra o corpo de Amósis e o queima, desrespeitando a tradição dos dois estados: 127 “Com efeito, os persas consideram o fogo um deus, sendo-lhes vedado, tanto por suas leis, como pela dos egípcios, queimar os mortos, pois um deus não deve alimentar-se do cadáver de um homem. (...) Cambises praticou, por conseguinte, um ato condenado pelas leis de ambos os povos” (Heródoto, III, XVI) Visões opostas sobre Cambises 128 Visões opostas sobre Cambises • Visão de Udjahor-Resenet (médico-chefe, escriba, administrador do palácio, comandante da marinha real e amigo do rei): • “Aquele honrado pelos deuses de Saís, o médico- chefe Udjahor Resenet, ele diz: O rei do Alto e do baixo Egito, Cambises, veio a Saís.Sua majestade esteve em pessoa no templo de Neith. Ele se prostrou diante da majestade dela, como todo rei havia feito. Ele fez uma grande oferenda de todas as coisas boas para Neith, a grande, mãe do deus, e para os grandes deuses que estão em Saís, como todo rei piedoso havia feito.” (LICHTHEIM, 36-41) 129 Analisando a questão • O lugar social da fala, assim como, quem fala, ajuda no processo de formação do que está sendo falado. • Ou seja, Heródoto escrevia segundo o seu padrão ético, vinculado ao pensamento grego da época, por isso, encontra-se, em seus relatos, a crítica a certas práticas levadas a cabo pelos persas. 130 O último rei Babilônio e a conquista persa Nabonido (?-539) Foi desafiado pelas elites da Babilônia “Seu apoio a Sin, que ele chamava de ‘senhor dos deuses’ e ‘rei dos deuses’, representava um tipo de henoteísmo [...] Ele dedicou inúmeros templos a Sin em Harã e Ur e, assim, foi considerado um traidor do principal deus Marduque.” - Pelas Longas campanhas na Arábia, Beltesazar, ocupa seu lugar. 131 Cilindro de Ciro Ciro surge como o libertador “Ele [Nabonido], com más intenções, suspendeu as oferendas e prejudicou os costumes rituais. Ele conspirou para encerrar a veneração a Marduque [...] E Marduque, o grande senhor, líder de seu povo, aprovou com alegria as proezas e as ideais firmes de Ciro e ordenou que ele marchasse até sua própria cidade Babilônia [...] sem a necessidade de uma batalha ou de uma luta, poupando sua própria cidade da Babilônia das dificuldades, e entregou Nabonido, que deixara de venerá-lo, em suas mãos.” h tt p ://p t. w ik ip e d ia .o rg / 132 Não renega a cultura local, mas vale-se dela para afirmar seu domínio Justifica sua ação política pelo discurso religioso (local) Uma ocupação pacífica (esta descrição possui certa semelhança com a narrativa bíblica) Ciro como o libertador 133 Um cópia da Bíblia de Gutemberg Uma referência bíblica “Assim declaro eu, Ciro, rei da Pérsia: 'O Senhor, o Deus dos céus, deu-me todos os reinos da terra e designou-me para construir um templo para ele em Jerusalém, na terra de Judá. Quem dentre vocês pertencer ao seu povo vá para Jerusalém, e que o Senhor, o seu Deus, esteja com ele' ", 2 Crônicas 36:23 h tt p :/ /e n .w ik ip e d ia .o rg / 134 Inscrição de Bishistun h tt p :/ /s c ie n c e b lo g s .c o m .b r/ Fontes que nos permitem conhecer o mundo persa 135 “Fala o Rei Dario: por querer de Ahura Mazda eu sou de tal feita que do justo sou amigo, do mau não sou amigo. Não é meu desejo que o poderoso cause dano ao fraco. Nem este é meu desejo, que o fraco cause dano ao poderoso.” (Fragmento no túmulo de Dario) - Ele é o representante de Ahura Mazda (religião dualista) - Promotor da “justiça Social” - Coloca-se acima dos interesses de classe ou de facção, cujo objetivo não é a concórdia, mas a sobreposição da justiça. Ideal monárquico de Dario 136 Bibliografia HOLLAND, T. Fogo Persa. Rio de Janeiro: Record, 2008. KURY, Mário da Gama. Introdução. In : HERÓDOTO. História. Brasília : Universidade de Brasília, 1988. ASHERI, David. O Estado Persa: Ideologias e instituições no império aquemênida. São Paulo: Perspectiva, 2006. 137 História Antiga Oriental Alex de Oliveira Atividade 9 • 1. Quais são os elementos que caracterizam o discurso religioso dos reis, Ciro e Dario, apresentados na aula? • 2. Comparando os modelos de conduta religiosa apresentados por Ciro e Dario, a quais conclusões podemos chegar? Atividade 9 139 História Antiga Oriental Alex Oliveira Aula 10 A unificação de Ciro • Unifica as tribos iranianas - (560) = passa a ter o controle sobre os reinos Medo e Persa, assim, funda o Império Medo-Persa; • Lídios - (546) = Conquistou a Lídia, levando as colônias gregas da Ásia Menor para o domínio persa; • Babilônia - (539) = Com a posse da Babilônia, Ciro anexou as regiões mais distantes da Fenícia, Síria e, posteriormente com seu filho, o Egito. Extensão do Reino de Ciro (560-530) Características de Ciro na Historiografia • Tolerante (aspecto religioso e político) • “rei dos reis” (reorganização do espaço sob seu domínio) • Liberta os judeus e seus objetos sagrados (cativos na Babilônia por atuação de Nabucodonosor) Os Aquemênidas • Cambises = Filho de Ciro, descrito como cruel e despótico. Conquista o Egito (525 aC). • Bardya acusa Cambises de se tornar faraó e reivindica o trono oriental e é aclamado. O retorno e morte de Cambises (522 aC). • O mago Guamata assume o trono e adota medidas populares (isenção de impostos e exército) • Dario, parente dos Aquemênidas, dá um golpe contra Guamata e assume o trono persa O problema do debate persa em Heródoto (485-425) • Após a morte de Cambises e o assasinato do mago, dás-se a ascensão de Dario no relato herodiano: • “Assim que acalmou o tumulto e decorreram cindo dias, os que se haviam sublevado contra os Magos deliberaram sobre aquele estado de coisas, e proferiram palavras que alguns gregos acham inacreditáveis, e que, no entanto, foram proferidas” (Histórias III, 80,1) Dario sufoca uma rebelião Justificou-se pelo discurso religioso (Ahura Mazda) Nos primeiros momentos do governo de Dario, ele enfrenta um grande desafio frente ao mundo babilônico. A rebelião de Nadintu-bel (Nabucodonosor III)(522 a.C.) na Babilônia Dário imediatamente avançou contra a rebelião, venceu os revoltosos e matou seu inimigo de forma exemplar Destruiu e reconstruiu Babilônia SATRAPIAS (divisão do império implantada por Dario) Recebem ordens direto do Poder Central Sátrapa = função de administrar a satrapia e arrecadar impostos Secretário ou governador = manter relações com a corte e informar os acontecimentos Comandante militar que lidera as tropas. Divide o poder com o sátrapa Percorria anualmente as satrapias e relatava ao rei a situação que encontrava. De acordo com seu relatório, o sátrapa era deposto ou não. Comandado de forma absoluta pelo rei, em nome de Ahura-Mazda. Devia fazer reinar o direito e a justiça Uma ampla rede de estradas = facilitava a comunição entre as províncias, exército e Poder Central Uma língua administrativa oficial = o aramaico. A moeda “Dárico” O exército = ágil e poderoso. O controle era exercido por nobres. As satrapias forneciam muitos homens. Entretanto, era muito heterogêneo e, por isso, confuso. Quando enfrentavam tropas muito coesas, eram destroçados. Instrumentos de centralização do poder: O governo central Religião dualista que pregava o necessário equilíbrio entre duas forças contrárias: o bem e o mal. Ahura = o Senhor que Pensa ou o Espírito Sábio, criador de todos os seres bons e puros, está em eterna luta contra o deus do mal. Arimã = criador de tudo que é mal, tanto no sentido material como no espiritual. A moral = a luta entre o bem e o mal aparece sobretudo entre os homens. A prática da virtude auxilia a Ahura ; o pecado torna o ser humano presa do mal espírito. Mazdeísmo A postura de Ciro e Dario sobre o Mazdeísmo • Ciro, apesar de ser reconhecido como mazdeísta, não há registros históricos que atestem sua defesa a tal religião. Assume postura , portanto, bastante eclética • Dario é uma defensor explícito da religião mazdeísta. As guerras Médicas • A emancipação de algumas colônias gregas provoca a reação persa gerando um conflito de décadas. • Entretanto, em 480 aC na batalha de Salamina, os gregos resistiram a expansão persa liderados por Xerxes, vencendo a batalha. • Este momento é conhecido como o fim da expansão do império Medo-persa. As guerras Médicas As guerras Médicas • As Guerras Médicas não foram disputas violentas entre Oriente e Ocidente com uma gloriosa vitória do Ocidente, marcando assim sua superioridade (ideologia veiculada comumente). Isso é uma falácia, ideologizante. O que se tem são duas políticas expansionistas (persa e grega). É a partir do embate entre essas políticas é que surge esse elemento beligerante. Bibliografia SOUSA, Paulo Ângelo Meneses. O debate persa em Heródoto. Editora. Gráfica da UFPI, 2010. ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano. A essência das religiões. São Paulo, Editora Martins Fontes, 2001. CLINE, H. e GRAHAM, W. Impérios Antigos. São Paulo: Masdras, 2012. História Antiga Oriental Alex Oliveira Atividade 10 Atividade 10 Classifique afirmativas abaixo com “V” para verdadeiro e “F” para falso: ( ) Ciro é apresentado pela historiografia como um rei extremamente defensor do mazdaísmo ( ) o sátrapa era o maior responsável pela satrapia, tendo, portanto, seu poder características absolutas ( ) o império Medo-persa é apresenta uma formação multicultural( ) os filhos de Ciro dividiram o império construído pelo pai estando esse ainda vivo ( ) Heródoto é a única fonte de conhecimento do mundo persa antigo ( ) Dario utilizou o discurso mazdeísta para justificar suas ações políticas 156
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