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1 
 
História do Mundo Bíblico Antigo 
 
 
 
2 
 
 
 
 
História do Mundo 
Bíblico Antigo 
 
 
IBETEL 
Site: www.ibetel.com.br 
E-mail: ibetel@ibetel.com.br 
Telefax: (11) 4743.1964 - Fone: (11) 4743.1826 
R. Gal. Fco. Glicério, 1412 – Centro – Suzano/SP – Cep 08674-002 
 
 
3 
 
História do Mundo Bíblico Antigo 
 
 
 
(Org.) Profº. Pr. VICENTE PAULA LEITE 
 
 
História do Mundo Bíblico Antigo 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
Apresentação 
 
Estávamos em um culto de doutrina, numa sexta-feira destas quentes do 
verão daqui de São Paulo e a congregação lotada até pelos corredores 
externos. Ouvíamos atentamente o ensino doutrinário ministrado pelo Pastor 
Vicente Paula Leite, quando do céu me veio uma mensagem profética e o 
Espírito me disse “fale com o pastor Vicente no final do culto”. Falei: - Jesus 
te chama para uma grande obra de ensino teológico para revolucionar a 
apresentação e metodologia empregada no desenvolvimento da Educação 
Cristã. 
 
Hoje com imensurável alegria, vejo esta profecia cumprida e o IBETEL 
transbordando como uma fonte que aciona apressuradamente com eficácia o 
processo da educação teológico-cristã. 
 
A experiência acumulada do IBETEL nessa década de ensino teológico 
transforma hoje suas apostilas, produtos de intensas pesquisas e eloqüente 
redação, em noites não dormidas, em livros didáticos da literatura cristã com 
uma preciosíssima contribuição ao pensamento cristão hodierno e aplicação 
didática produtiva. Esta correção didática usando uma metodologia eficaz que 
aponta as veredas que leva ao único caminho, a saber, o SENHOR e 
Salvador Jesus Cristo, chega as nossas mãos com os aromas do nardo, da 
mirra, dos aloés, da qual você pode fazer uso de irrefutável valor pedagógico-
prático para a revolução proposta na gênese de todo trabalho. 
 
E com certeza debaixo das mãos poderosas do SENHOR ser um motor 
propulsor permanentemente do mandamento bíblico: “Conheçamos e 
prossigamos em conhecer ao Senhor...”. Por certo esta semente frutificará na 
terra boa do seu coração para alcançar preciosas almas compradas pelo 
Senhor Jesus. 
 
 
Dr. Messias José da Silva 
In memorian 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
História do Mundo Bíblico Antigo 
 
Prefácio 
 
Este Livro da História do Mundo Bíblico Antigo, parte de uma série que 
compõe a grade curricular do curso em Teologia do IBETEL, se propõe a ser 
um instrumento de pesquisa e estudo. Embora de forma concisa, objetiva 
fornecer informações introdutórias acerca dos seguintes pontos: Evolução ou 
criação: Criação, A Idade do Homem, Pré-história, História, Classificação, 
Antigas Civilizações; Povos e Nações do Mundo Bíblico Antigo: Noé, 
Semitas, Acádios, Cananeus, Suméria e Mesopotâmia. 
 
Esta obra teológica destina-se a pastores, evangelistas, pregadores, 
professores da escola bíblica dominical, obreiros, cristãos em geral e aos 
alunos do Curso em Teologia do IBETEL, podendo, outrossim, ser utilizado 
com grande préstimo por pessoas interessadas numa introdução a História 
do Mundo Bíblico Antigo 
 
Finalmente, exprimo meu reconhecimento e gratidão aos professores que 
participaram de minha formação, que me expuseram a teologia bíblica 
enquanto discípulo e aos meus alunos que contribuíram estimulando debates 
e pesquisas. Não posso deixar de agradecer também àqueles que 
executaram serviços de digitação e tarefas congêneres, colaborando, assim, 
para a concretização desta obra. 
 
 
 
Profº. Pr. Vicente Leite 
Diretor Presidente IBETEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
Declaração de fé 
 
O que é doutrina? À luz da Bíblia, doutrina é o ensino bíblico normativo, 
terminante, final, derivado das Sagradas Escrituras, como regra de fé e 
prática de vida, para a igreja, para seus membros. Ela é vista na Bíblia como 
expressão prática na vida do crente. As doutrinas da Palavra de Deus são 
santas, divinas, universais e imutáveis. 
 
A palavra "doutrina" vem do latim doctrina, que significa "ensino" ou 
"instrução”, e se refere às crenças de um grupo particular de crentes ou 
mesmo de partidários. O Velho Testamento usa a palavra leqach, que vem do 
verbo laqach, "receber". O sentido primário é "o recebido". Aparece com o 
sentido de "doutrina" ou "ensinamento", como lemos "Goteje a minha doutrina 
como a chuva" (Dt 32.2); "A minha doutrina épura" (Jó 11.4); "Pois vos dou 
boa doutrina; não deixeis a minha lei" (Pv 4.2). Com o passar do tempo a 
palavra veio significar o ensino de Moisés que se encontra no Pentateuco. 
 
As palavras gregas para "doutrina", no Novo Testamento, são didaque e 
didaskalia, que significam "ensino". Essas palavras transmitem a idéia tanto 
do ato de ensinar como da substância do ensino. A primeira aparece para 
indicar os ensinos gerais de Jesus: "E aconteceu que, concluindo Jesus este 
discurso, a multidão se admirou da sua doutrina" (Mt 7.28). "Jesus respondeu 
e disse-lhes: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se 
alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é 
de Deus ou se eu falo de mim mesmo” (Jo 7.16,17). 
 
A mesma palavra aparece para "doutrina dos apóstolos" (At 2.42), que 
parece ser uma indicação das crenças dos apóstolos. A segunda tem o 
mesmo sentido e aparece em Mateus 15.9 e Marcos 7.7. É, portanto, nas 
epístolas pastorais que elas aparecem com o sentido mais rígido de crenças 
ou corpo doutrinal da igreja - a Teologia propriamente dita. 
 
O que é Credo? Credo vem do latim e significa "creio", e desde muito cedo na 
história do Cristianismo é mais que um conjunto de crenças. É uma confissão 
de fé. Ele tem como objetivo sintetizar as doutrinas essenciais do cristianismo 
para facilitar as confissões públicas, conservar a doutrina contra as heresias 
e manter a unidade doutrinária. Encontramos no Novo Testamento algumas 
declarações rudimentares de confissões fé: A confissão de Natanael (Jo 
1.50); a confissão de Pedro (Mt 16.16; Jo 6.68); a confissão de Tomé (Jo 
20.28); a confissão do Eunuco (At 8.37); e artigos elementares de fé (Hb 6.1-
2). 
 
7 
 
História do Mundo Bíblico Antigo 
 
O IBETEL crê: 
 
O IBETEL professa fé pentecostal alicerçada fundamentalmente no que se 
segue: 
 
Cremos em um só Deus eternamente subsistente em três pessoas: o Pai, o 
Filho e o Espírito Santo (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29). 
 
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa 
para a vida e o caráter cristão (2Tm 3.14-17). 
 
No nascimento virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua 
ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão vitoriosa aos céus (Is 
7.14; Rm 8.34; At 1.9). 
 
Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de Deus, e que 
somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus 
Cristo é que o pode restaurar a Deus (Rm 3.23; At 3.19). 
 
Na necessidade absoluta no novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder 
atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno 
do reino dos céus (Jo 3.3-8). 
 
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna 
justificação da alma recebidos gratuitamente na fé no sacrifício efetuado por 
Jesus Cristo em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26; Hb 7.25; 5.9). 
 
No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em 
águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o 
Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12). 
 
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a 
obra expiatória e redentora de Jesus no Calvário, através do poder 
regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo, que nos capacita a 
viver como fiéis testemunhas do poder de Jesus Cristo (Hb 9.14; 1Pe 1.15). 
 
No batismo bíblico com o Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a 
intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, 
conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7). 
 
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santoà Igreja 
para sua edificação conforme a sua soberana vontade (1Co 12.1-12). 
 
Na segunda vinda premilenar de Cristo em duas fases distintas. Primeira - 
invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da grande 
8 
 
 
 
tribulação; Segunda - visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar 
sobre o mundo durante mil anos (1Ts 4.16.17; 1Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 
14.5; Jd 14). 
 
Que todos os cristãos comparecerão ante ao tribunal de Cristo para receber a 
recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo, na terra (2Co 5.10). 
 
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis, (Ap 
20.11-15). 
 
E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e tormento 
eterno para os infiéis (Mt 25.46). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
História do Mundo Bíblico Antigo 
 
Sumário 
 
Apresentação 
Prefácio 
Declaração de fé 
 
CAPÍTULO 1 
Evolução ou criação 
1.1. Criação 
1.2. A Idade do Homem 
1.3. Pré-história 
1.4. História 
1.5. Classificação 
1.6. Antigas Civilizações 
 
CAPÍTULO 2 
Povos e Nações do Mundo Bíblico Antigo 
2.1. Noé 
2.2. Semitas 
2.2.1. Características dos povos semitas 
2.2.2. Evolução das culturas semitas 
2.2.3. Povos semitas na antiguidade 
2.2.4. Povos semitas atuais 
2.3. Acádios 
2.3.1. História 
2.3.2. Organização política e econômica 
2.4. Cananeus 
2.5. Suméria 
2.5.1. História 
2.5.2. Civilização Suméria 
2.6. Mesopotâmia 
2.6.1. Resenha histórica 
2.7. Ur 
2.8. Babilônia 
2.9. Dinastia amorrita 
2.10. Dinastia cassita 
2.11. O novo império babilônico 
2.12. Decadência 
2.13. Cultura e sociedade 
2.14. Síria 
2.14.1. Geografia física 
2.14.2. Clima e hidrografia 
2.14.3. População 
2.14.4. História 
2.14.5. Assíria 
2.14.6. A cultura assíria 
10 
 
 
 
2.15. Egito 
2.15.1. Geografia física 
2.15.2. Hidrografia 
2.15.3. Língua 
2.15.4. Economia 
2.15.5. História 
2.15.6. Arqueologia 
2.15.7. Inícios da moderna egiptologia 
2.15.8. Escavações no século XX 
2.15.9. Dinastias 
2.16. Fenícia 
2.16.1. História 
2.16.2. Economia 
2.16.3. Sociedade e política 
2.16.4. Religião 
2.16.5. História 
2.17. Grécia antiga 
2.17.1. Civilização micênica 
2.17.2. Idade do bronze 
2.17.3. Civilização micênica 
2.17.4. Período arcaico 
2.17.5. Período clássico 
2.17.6. Guerra do Peloponeso 
2.17.7. Pérsia 
2.17.8. Dinastia aquemênida 
2.17.9. Reino selêucida 
2.17.10. Império arsácida 
2.18. Macedônia 
2.18.1. Hegemonia macedônica e decadência 
2.19. Domínio romano 
2.19.1. Civilização Helenísticas 
2.19.2. Roma antiga 
2.19.3. Origens da cidade 
2.19.3. Monarquia 
2.19.4. República 
2.19.5. Expansão territorial 
2.19.6. Invasão dos gauleses 
2.19.7. Conquista da Itália 
2.19.8. Expansão mediterrânea 
2.19.9. Evolução da sociedade romana 
2.19.10. Ditaduras e guerras civis 
2.20. Império 
2.20.1. Otávio Augusto 
2.20.2. Decadência do império 
2.20.3. Legado de Roma 
2.21. Israel 
2.21.1. Geografia física 
11 
 
História do Mundo Bíblico Antigo 
 
2.21.2. Geologia e relevo 
2.21.3. Clima e hidrografia 
2.21.4. Flora e fauna 
2.21.5. População 
2.21.7. Economia 
2.21.8. Agricultura 
2.21.9. Energia e mineração 
2.21.10. Indústria 
2.21.11. Transportes 
2.21.12. Sionismo 
2.21.13. Colonização da Palestina 
2.21.14. Independência 
2.21.15. Instituições políticas 
2.21.16. Sociedade e cultura 
 
Referências 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
Capítulo 1 
 
Evolução ou criação 
 
A evolução é o ponto de vista predominante, proposto pela comunidade 
científica e educacional do mundo atual, em se tratando da origem da vida e 
do universo. Quem crê, de fato, na Bíblia deve atentar para estas quatro 
observações a respeito da evolução. 
 
1. A evolução é uma tentativa naturalista para explicar a origem e o 
desenvolvimento do universo. Tal intento começa com a 
pressuposição de que não existe nenhum Criador pessoal e divino 
que criou e formou o mundo; pelo contrário, tudo veio a existir 
mediante uma série de acontecimentos que decorreram por acaso, ao 
longo de bilhões de anos. Os postulantes da evolução alegam possuir 
dados científicos que apóiam a sua hipótese; 
2. O ensino evolucionista não é realmente científico. Segundo o método 
científico, toda conclusão deve basear-se em evidências 
incontestáveis, oriundas de experiências que podem ser reproduzidas 
em qualquer laboratório. No entanto, nenhuma experiência foi 
idealizada, nem poderá sê-lo, para testar e comprovar teorias em 
torno da origem da matéria a partir de um hipotético “grande 
estrondo”, ou do desenvolvimento gradual dos seres vivos, a partir 
das formas mais simples às mais complexas. Por conseguinte, a 
evolução é uma hipótese sem “evidência” científica, e somente quem 
crê em teorias humanas é que pode aceitá-la. A fé do povo de Deus, 
pelo contrário, firma-se no Senhor e na sua revelação inspirada, a 
qual declara que Ele é quem criou do nada todas as coisas (Hb 11.3); 
3. É inegável que alterações e melhoramentos ocorrem em várias 
espécies de seres viventes. Por exemplo: algumas variedades dentro 
de várias espécies estão se extinguindo; por outro lado, 
ocasionalmente vemos novas raças surgindo dentre algumas das 
espécies. Não há, porém, nenhuma evidência, nem sequer no registro 
geológico, a apoiar a teoria de que um tipo de ser vivente já evoluiu 
doutro tipo. Pelo contrário, as evidências existentes apóiam a 
declaração da Bíblia, que Deus criou cada criatura vivente “conforme 
a sua espécie” (Gn 1.21,24,25); 
4. Os crentes na Bíblia devem, também, rejeitar a teoria da chamada 
evolução teísta. Essa teoria aceita a maioria das conclusões da 
evolução naturalista; apenas acrescenta que Deus deu início ao 
13 
 
História do Mundo Bíblico Antigo 
 
processo evolutivo. Essa teoria nega a revelação bíblica que atribui a 
Deus um papel ativo em todos os aspectos da criação. Por exemplo, 
todos os verbos principais em Gênesis 1 têm Deus como seu sujeito, 
a não ser em Gn 1.12 (que cumpre o mandamento de Deus no v. 11) 
e a frase repetida “E foi a tarde e a manhã”. Deus não é um supervisor 
indiferente, de um processo evolutivo; pelo contrário, é o Criador ativo 
de todas as coisas (Cl 1.16). 
 
1.1. Criação 
 
“Cremos que a criação tem sua origem na pessoa de Deus. Ele se revela na 
Bíblia como um ser infinito, eterno, auto-existente e como a Causa Primária 
de tudo o que existe. Nunca houve um momento em que Deus não existisse. 
Conforme afirma Moisés: “Antes que os montes nascessem, ou que tu 
formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Sl 
90.2). Noutras palavras, Deus existiu eterna e infinitamente antes de criar o 
universo finito. Ele é anterior a toda criação, no céu e na terra, está acima e 
independe dela (1Tm 6.16; Cl 1.16). 
 
Deus se revela como um ser pessoal que criou Adão e Eva “à sua imagem” 
(Gn 1.27). Porque Adão e Eva foram criados à imagem de Deus, podiam 
comunicar-se com Ele, e também com Ele ter comunhão de modo amoroso e 
pessoal. 
 
Deus também se revela como um ser moral que criou tudo bom e, portanto, 
sem pecado. Ao terminar Deus a obra da criação, contemplou tudo o que 
fizera e observou que era “muito bom” (Gn 1.31). Posto que Adão e Eva 
foram criados à imagem e semelhança de Deus, eles também não tinham 
pecado. O pecado entrou na existência humana quando Eva foi tentada por 
Satanás em forma de serpente (Gn 3; Rm 5.12; Ap 12.9). 
 
Deus criou todas as coisas em “os céus e a terra” (Gn 1.1; Is 40.28; 42.5; 
45.18; Mc 13.19; Ef 3.9; Cl 1.16; Hb 1.2; Ap 10.6). O verbo “criar” (hb.”bara”) 
é usado exclusivamente em referência a uma atividade que somente Deus 
pode realizar. Significa que, num momento específico, Deus criou a matéria e 
a substância, queantes nunca existiram. 
 
Com relação ao homem, Deus o criou com o seguinte propósito: 
 
(1) A criação da terra deu-se para prover um lugar onde o seu propósito e 
alvos para a humanidade fossem cumpridos. 
 
a) Criou Adão e Eva à sua própria imagem, para comunhão amorável e 
pessoal com o ser humano por toda a eternidade. Deus projetou o ser 
humano como um ser trino e uno (corpo, alma e espírito), que possui 
14 
 
 
 
mente, emoção e vontade, para que possa comunicar-se 
espontaneamente com Ele como Senhor, adorá-lo e servi-lo com fé, 
lealdade e gratidão; 
b) Desejou de tal maneira esse relacionamento com a raça humana que, 
quando Satanás conseguiu tentar Adão e Eva a ponto de se 
rebelarem contra Deus e desobedecerem ao seu mandamento, Ele 
prometeu enviar um Salvador para redimir a humanidade das 
conseqüências do pecado (Gn 3.15). Daí Deus teria um povo para sua 
própria possessão, cujo prazer estaria nEle, que o glorificaria, e que 
viveria em retidão e santidade diante dEle (Is 60.21; 61.1-3; Ef 
1.11,12; 1Pe 2.9); 
c) A culminação do propósito de Deus na criação está no livro do 
Apocalipse, onde João descreve o fim da história com estas palavras: 
“...com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus 
estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21.3). (Bíblia de Estudo 
Pentecostal, estudo sobre a Criação pág.31). 
 
1.2. A Idade do Homem 
 
“Ao certo, nada se sabe quanto à idade do homem. A única narrativa que 
temos, para exame, é o capítulo 5 do livro de Gênesis. Por este relato, 
sabemos que Adão com 130 anos teve o terceiro filho. Partindo desta 
declaração, contando as idades de cada personagem, segundo verificamos, o 
dilúvio teve lugar 1.650 anos depois de Adão. Entretanto discute-se muito os 
dados oferecidos neste capítulo. Por outro lado, crê-se que a declaração de 
que Adão tinha 130 anos quando nasceu Sete deve referir-se à idade depois 
de cair no pecado. Pensa-se que teriam decorrido muitos anos, centenas 
mesmo, antes da queda, e talvez Moisés se louvasse na vida de Adão, 
como um de nós, e não antes, quando ele era como os anjos em sua 
inocência. Qual será a verdade? A nossa curiosidade e o nosso desejo de 
saber nos impelem para o desconhecido, e ficamos impacientes porque não 
podemos resolver os nossos problemas. Os que aceitam como razoável a 
cronologia de Gênesis louvam-se no fato de os 1.650 anos, de Adão ao 
dilúvio, eram o suficiente para que a terra se povoasse numa boa extensão e 
para que o gênero humano atingisse o desenvolvimento creditado no livro de 
Gênesis. Comparando algumas épocas entre si, chegamos à conclusão de 
que a idade antediluviana do mundo, nos tempos de Cristo, não oferecia 
qualquer semelhança com o nosso mundo. Da civilização européia nada 
existia; dos atuais conhecimentos científicos também nada existia; Entretanto, 
são apenas 1.950 anos. O mundo se transformou completamente durante 
estes séculos. Portanto, a mesma idade para o mundo antediluviano não 
parece de todo fora de propósito. Os evolucionistas necessitam de muitos 
milhões de séculos para a espécie humana se desenvolver ou evoluir, até 
atingir a humanidade que nós conhecemos; mas o evolucionismo é uma 
especulação sem qualquer base científica, e os seus cálculos devem ficar 
15 
 
História do Mundo Bíblico Antigo 
 
fora de cogitações. Os que entendem que a humanidade se desenvolvia mais 
lentamente nos tempos antigos admitem 10.000 anos para a idade do 
homem, e alguns documentos caldaicos, sem qualquer valor científico, 
favorecem esta crença. A história do Egito deve estender-se quanto muito, a 
5.000 anos a.C., incluindo o período pré-histórico. Os egípcios vieram da 
Caldéia, devendo, portanto, esta região ser bem mais velha. A primeira onda 
humana, que teria atingido ali em 4500 a.C. ou 5000, o que faz coincidir 
com o estabelecimento desta gente no Egito, visto que os primeiros 
seres humanos que chegaram à Europa eram do mesmo estoque 
hamítico. Talvez a mesma onda se dividisse, seguindo uma parte para o sul, 
estabelecendo-se no Egito, e a outra dirigindo-se para o norte, atingindo a 
Germânia. Se estes cálculos puderam ser positivados, o homem deve agora 
ter chegado a 6.900 anos depois do dilúvio. Então 1650 anos seriam 
suficientes para o estabelecimento e desenvolvimento da espécie antes do 
dilúvio. A ciência tem feito grandes progressos, mas há ainda muito a 
investigar. Talvez a nossa raça não seja tão velha como se julga. Mil anos 
bastam para que o gênero humano produza grandes civilizações. As 
investigações continuam e ninguém deve desanimar de poder obter maiores 
conhecimentos através destas investigações. Os últimos dois séculos 
trouxeram mais conhecimentos da história antiga do que todos os milênios 
que os precederam. Se um historiador do princípio do século 18 
ressuscitasse agora, ficaria envergonhado de tanta ignorância reinante nos 
seus dias. Os últimos 50 anos deram ao mundo um desenvolvimento maior 
do que 2.000 anos anteriores. Portanto, 1600 anos seriam suficientes para 
desenvolver uma população que não iria muito além dos limites que 
nós hoje conhecemos como Oriente Médio”. (Mesquita, Antônio Neves. 
Povos e Nações do Mundo Antigo. Pág. 30). 
 
1.3. Pré-história 
 
Entende-se por pré-história, nos esquemas cronológicos tradicionais, todo o 
período que abrange a atividade humana desde suas origens até o 
aparecimento da escrita. Primeiramente, a atividade humana insere-se numa 
conformação social e tecnológica orientada pela economia predatória, e em 
seguida pela economia de subsistência agrícola não-urbana (isto é, sem 
distinção cidade-campo). Chama-se em geral de proto-história a época de 
transição que se segue, quando as sociedades agrárias começam a reunir os 
primeiros elementos para a posterior aplicação da escrita. Caracteriza-se pelo 
começo da substituição da tecnologia da pedra pela do metal, em decorrência 
de maior necessidade produtiva e do aumento do consumo no interior das 
vilas. Nessa perspectiva, o advento da escrita constitui o marco convencional 
do princípio dos tempos históricos. 
 
 
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1.4. História 
 
Disciplina que se ocupa do estudo dos fatos relativos ao homem ao longo do 
tempo, a história se baseia na análise crítica de testemunhos concretos e 
verídicos. 
 
O vocábulo grego historía, que significa “conhecimento por meio de uma 
indagação”, deriva de hístor: “sábio” ou “conhecedor”. O termo latino história 
foi adotado por quase todos os idiomas ocidentais, com exceções como o 
alemão (Geschichte). 
 
São muitas as definições que se fizeram dessa disciplina. Para Johann 
Gottfried von Herder, é “o estudo do passado”, conceito que os gregos não 
haviam especificado. Marc Bloch definiu a história como a ciência dos 
homens no transcurso do tempo. Lucien Febvre destacou o processo de 
mudança contínua da sociedade humana como a base da história. Para 
Benedetto Croce, a história pode adotar elementos filosóficos em seu 
processo de conhecimento. 
 
1.5. Classificação 
 
Devido à amplitude do objeto da história, foi preciso dividir seu campo de 
estudo em vários segmentos. Considerando-se o meio geográfico a ser 
estudado, a história é universal quando se refere a todas as sociedades 
humanas no mundo; é nacional no caso de se limitar à de um único país; 
é regional ou local para áreas geográficas definidas mas não nacionais. 
 
Assim, a história propriamente dita parte dos testemunhos escritos e foi, por 
sua vez, dividida em períodos que, embora de certo modo arbitrários, 
refletem grandes blocos bem definidos entre si: idade antiga, medieval, 
moderna e contemporânea. Pode-se falar também de história recente, no 
caso do estudo das últimas décadas, e de história geral para os panoramas 
históricos que abarcam todos os períodos. A história da arte ou da cultura 
ocupa espaço próprio. Cada uma dessas grandes seções em que se divide a 
história como disciplina acadêmica pode, por sua vez, ramificar-se emdiversos temas específicos, centrados em áreas geográficas ou períodos 
delimitados. 
 
1.6. Antigas Civilizações 
 
As mais antigas civilizações da História surgem entre 4.000 a.C. e 2.000 a.C., 
às margens dos rios Tigre e Eufrates (Mesopotâmia), Jordão (Palestina), Nilo 
(Egito), Amarelo (China), Indo e Ganges (atuais Paquistão e Índia). A maioria 
desenvolve-se na região do chamado Crescente Fértil. Têm características 
17 
 
História do Mundo Bíblico Antigo 
 
comuns, como a escrita, a arquitetura monumental, a agricultura extensiva, a 
domesticação de animais, a metalurgia, a escultura, a pintura em cerâmica, a 
divisão da sociedade em classes e a religião organizada. As principais 
civilizações são a suméria, a acadiana, a babilônica, a assíria, a egípcia, a 
hebraica, a fenícia, a hitita, a cretense, a persa, a chinesa e a hindu. Apesar 
de estarem no Ocidente, os cretenses têm características comuns aos outros 
povos da Antiguidade oriental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Capítulo 2 
 
Povos e Nações do Mundo 
Bíblico Antigo 
 
Introdução 
 
Não é possível determinar os anos que escoaram entre a criação e o dilúvio. 
Toda a cronologia bíblica é insuficiente para nos aproximar da verdade. Nem 
isso importa ao historiador. De qualquer modo, parece que entre a criação e o 
dilúvio mediaram alguns séculos, vividos à margem do Éden pelos 
antediluvianos, dos quais Moisés dá uma boa lista. Não se tem idéia de 
grande povos e muito menos de impérios. Talvez pequenos grupos esparso 
pelos vales da Armênia e planícies da Mesopotâmia, atingindo o Golfo 
Pérsico, as planuras da pérsia e os altos do Líbano. Tudo pura conjectura, 
visto que nada de positivo se pode oferecer ao estudante. O mundo de nosso 
estudo é o pós-diluviano, visto que a arqueologia não tem podido ajudar a 
resolver o mistério do mundo primitivo, e a geologia ou paleontologia, não 
dispõe de dados seguros. Depois do dilúvio, segundo a narrativa bíblica, a 
família de Noé estabeleceu-se na Armênia, pois que a viagem descrita em 
Gênesis 11.2 indica o rumo do Ocidente, para a terra Sinear, ou seja, a terra 
de Sumer, das antigas narrativas. Estabelecidos aqui, fundaram diversas 
cidades mencionadas em Gênesis, muitas das quais estão atualmente 
identificadas como Acade, Babel, Ereque, Ur, e outras (Gn 10.10). 
 
2.1. Noé 
 
Escolhido por Deus para perpetuar a humanidade após o dilúvio, Noé 
aparece na Bíblia como fundador da genealogia semítica e origem das raças 
do mundo. 
 
De acordo com o Gênesis, Noé era filho de Lamec e pertencia à nona 
geração depois de Adão. Era um patriarca nobre e piedoso e, por isso, 
quando Deus decidiu eliminar a corrupção dos homens com o dilúvio, 
escolheu-o para preservar a raça humana. Advertiu-o do que iria ocorrer e 
ordenou que construísse uma grande arca capaz de flutuar e nela 
guardasse um par de cada espécie animal. Tudo pronto, Noé, sua mulher, 
seus três filhos Sem, Cam e Jafé e as esposas destes embarcaram e 
sobreveio o dilúvio, que durou quarenta dias. Quando parou de chover, Deus 
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História do Mundo Bíblico Antigo 
 
estabeleceu com Noé e seus filhos uma aliança, pela qual não haveria mais 
dilúvio para devastar a terra, e renovou os preceitos firmados por ocasião da 
criação, com duas variações: os homens poderiam matar e comer animais; e 
o homem que matasse outro seria castigado por seus semelhantes. 
 
Mais tarde, Noé dedicou-se à agricultura e descobriu o vinho. Ao prová-lo, 
embriagou-se e ficou nu em sua tenda. Cam viu a nudez do pai e zombou 
dele. Sem e Jafé, porém, tomaram um manto e o cobriram respeitosamente. 
Ao saber do comportamento de Cam, Noé condenou o filho dele, Canaã, a 
ser escravo da estirpe de Sem, os semitas, tronco do qual surgiu o povo de 
Israel. 
 
2.2. Semitas 
 
O critério lingüístico é o único que permite definir inequivocamente uma 
família de povos semitas e postular para eles uma unidade pré-histórica. 
Provêm da cultura desses povos a escrita alfabética e as três grandes 
religiões monoteístas do mundo -- judaísmo, cristianismo e islamismo. 
 
Semitas é o termo utilizado para designar um grupo de povos, entre os quais 
se destacam os árabes e os hebreus, que falam ou falaram línguas semíticas. 
A designação provém do livro bíblico do Gênesis, que menciona povos 
descendentes dos filhos de Sem. O texto bíblico arrola entre os semitas, no 
entanto, os elamitas e os lídios, cujas línguas têm outra raiz lingüística, e 
separa desse grupo os cananeus, “filhos de Cam”, povo de língua semítica. 
Modernamente, as línguas semíticas estão incluídas na família camito-
semítica. 
 
O território ocupado originalmente pelos povos semitas era uma extensão 
contínua que compreendia boa parte do Oriente Médio, limitada ao norte 
pelas cordilheiras Taurus e Antitauro, a leste pelo planalto iraniano, e a oeste 
e ao sul pela costa árabe do mar Vermelho e do oceano Índico. 
 
2.2.1. Características dos povos semitas 
 
Na família camito-semítica, ou afro-asiática, incluem-se as seguintes línguas: 
acadiano, ugarítico, fenício, hebraico, aramaico, árabe, etíope, egípcio antigo, 
copta, líbico, berbere, guanche, somali, gala, afar-saho e haúça. 
 
Em conseqüência das migrações, não se pode falar de um grupo étnico 
semita homogêneo, pois a diversidade de tipos raciais é muito grande. Ainda 
que todos sejam de raça branca, predominam as variedades armenóide, 
braquicéfala (crânios redondos), e mediterrânea-oriental, dolicocéfala (crânio 
alongado), além de inúmeros tipos mistos. Outros traços físicos são estatura 
20 
 
 
 
mediana, olhos e cabelos escuros e nariz adunco. A miscigenação com 
outros povos modificou em muitos casos esses traços. 
 
Originalmente, os semitas habitaram regiões áridas ou desérticas, de clima 
extremamente seco, salvo nos cursos de rios como o Eufrates e o Tigre, no 
litoral mediterrâneo e nos oásis. Em conseqüência, predominou entre eles o 
nomadismo, associado ao pastoreio e à agricultura irrigada e intensiva. O 
cristianismo, uma das três grandes religiões de origem semita, tornou-se 
universal. O judaísmo, pelo contrário, permaneceu restrito aos descendentes 
do povo de Israel. 
 
2.2.2. Evolução das culturas semitas 
 
A revolução neolítica, registrada a partir do ano 9000 a.C., período em que o 
homem conquistou as primeiras vitórias sobre a natureza mediante a 
domesticação de animais e a agricultura, ocorreu supostamente na antiga 
Mesopotâmia -- região povoada pelos semitas -- e no Egito. Na mesma área, 
por volta do ano 5500 a.C., surgiram sociedades organizadas, com estrutura 
estatal e diversificação das atividades econômicas, no que se conhece como 
a primeira revolução urbana, à qual se seguiu o surgimento dos grandes 
impérios da Assíria e da Babilônia. 
 
2.2.3. Povos semitas na antiguidade 
 
Na parte baixa da Mesopotâmia, entre o rio Tigre, o golfo Pérsico, o deserto 
da Arábia e as colinas que marcam o limite com a alta Mesopotâmia, os 
assírios e os caldeus, em luta pelo domínio territorial, criaram grande número 
de cidades e se distinguiram pela capacidade guerreira e espírito 
expansionista, desenvolvendo uma das primeiras civilizações da antiguidade. 
Enquanto no interior se estendiam os grandes impérios, na região de Canaã, 
estreita faixa do litoral ocupada posteriormente pelos estados da Jordânia e 
Israel, desenvolveu-se a primeira civilização marítima e comercial, a dos 
fenícios. Estabelecidos antes da chegada dos filisteus e dos hebreus, 
que terminaram por expulsá-los, dominaram as margens do Mediterrâneo 
mais pelo intercâmbio comercial do que pelas armas. Por terem se fixado ao 
longo da seção média da costa, pouco atraente para os invasores, 
sobreviveram ao extermínio total. As cidades fenícias (Tiro, Sidon, Biblos etc.) 
não tinham boa comunicação por terra e várias expedições lançaram-se à 
conquista do mar, alcançaram o Atlântico e fundaram, em centros como 
Cartago (África) e Nova Cartago (Cartagena,Espanha), uma nova civilização 
semítica. Os gregos, em seus lugares de origem, e os romanos, na África e 
na Espanha, mais tarde dominariam esses povos. 
 
Outros povos semitas foram os amonitas, os moabitas e os edomitas, 
habitantes da antiga Palestina que sofreram os ataques dos filisteus (“povos 
21 
 
História do Mundo Bíblico Antigo 
 
do mar” procedentes da Grécia, não-semíticos) e dos hebreus, que 
finalmente os subjugaram. Nas colinas interiores próximas à costa do 
Mediterrâneo, os hebreus, em luta com cananeus e moabitas, criaram o 
judaísmo, primeira religião monoteísta. A grande expansão dos semitas 
ocorreu logo depois da fundação da religião islâmica pelos árabes, no século 
VII da era cristã. Os árabes pré-islâmicos foram os semitas de menor 
vocação religiosa. A assimilação progressiva da religiosidade se efetuou 
entre eles graças à convivência com os judeus, sobretudo depois da primeira 
diáspora babilônica, no século VI a.C., embora os cristãos (ortodoxos, 
jacobitas, monofisistas etc.) também os tenham influenciado. O islamismo se 
propagou rapidamente por meio da guerra santa prescrita pelo Alcorão e em 
pouco tempo foi levado da Espanha ao oceano Pacífico. 
 
2.2.4. Povos semitas atuais 
 
Os dois grandes grupos semitas remanescentes são o árabe e o hebreu. Os 
judeus, israelitas ou hebreus eram integrantes de tribos semitas nômades 
que percorriam a área de terras férteis da Mesopotâmia até o Egito, através 
da Síria e da Palestina. Seu primeiro assentamento na Palestina, depois da 
longa permanência no Egito, deve ter ocorrido por volta do século XIII a.C. 
 
Os hebreus não formam uma raça homogênea, pois passaram por diferentes 
transformações étnicas nos muitos países a que foram levados pela 
dispersão ordenada pelos romanos. Depois da diáspora, no século I da era 
cristã, os grupos hebreus que ficaram na Ásia conservaram melhor suas 
características do que os que migraram para a África e a Europa. Os 
europeus formaram dois grandes subgrupos: sefarditas e asquenazitas. Estes 
últimos se estabeleceram na Europa central e nos países eslavos e, além da 
língua do país que os acolheu, mantiveram o iídiche (judeu-alemão). Os 
sefarditas migraram para a Espanha (Sefarad é o nome da Espanha em 
língua hebraica) e, ao serem expulsos em 1492, passaram à Itália, Europa 
central, império turco e Marrocos. Falam também a língua dos países em que 
residem, mas muito deles conservam ainda o castelhano tal como era falado 
no século XV. 
 
A habilidade dos judeus para o comércio e as finanças os levou a adquirir 
grande poder econômico nos países em que se fixaram, o que, somado à 
fidelidade à religião e à intolerância dos povos nativos, conduziu com 
freqüência a cruentas perseguições. No entanto, o genocídio mais brutal foi 
cometido pelo regime nazista na Alemanha, cuja perseguição sistemática 
levou ao extermínio de mais de seis milhões de judeus. 
 
O século XX assistiu ainda a dois acontecimentos que afetaram os semitas e 
alcançaram grande repercussão mundial, um de natureza política e outro, 
econômica. Por um lado, as nações semitas do Oriente Médio, submetidas 
22 
 
 
 
aos europeus no século XIX, conquistaram a independência no processo de 
descolonização iniciado após a segunda guerra mundial; por outro, o 
aumento do preço internacional do petróleo, produto do qual se encontram 
grandes reservas nos países árabes, forneceu os meios econômicos para 
que o Oriente Médio começasse a se desenvolver. 
 
A partir da criação do Estado de Israel, em 1948, em território palestino, 
intensificou-se a cisão entre árabes e judeus, o que levou a guerras e a uma 
situação de permanente conflito. As colônias judaicas mais importantes 
encontram-se nos Estados Unidos, na Rússia e nos demais países da 
Comunidade de Estados Independentes (CEI), no Reino Unido e na França. 
Os grupos judeus nos países árabes, numerosos antes das guerras entre 
eles, diminuíram sensivelmente. 
 
Os árabes constituem na atualidade um grupo muito mais numeroso que o 
dos judeus. Originários da península arábica formaram o grande núcleo 
semita que, a partir do quarto milênio anterior à era cristã, emigrou para o 
Oriente Médio. Em seu êxodo, seguiram duas direções principais: 
contornaram o golfo Pérsico e se estabeleceram na antiga Caldéia e, através 
da península do Sinai, chegaram ao litoral do Mediterrâneo. 
 
Os que permaneceram nos imensos desertos foram convertidos ao islamismo 
por Maomé e se lançaram à conquista do mundo a partir do século VII da era 
cristã. Posteriormente, o vasto império que formaram dividiu-se em 
numerosos estados. Em conseqüência dos ataques dos cristãos europeus, 
pelo Ocidente, e dos turcos, pelo leste, foram submetidos a diferentes 
poderes até o século XX, mas conseguiram converter ao islamismo outros 
povos, como os turcos e os persas. 
 
Os árabes têm a integração política dificultada pela diversidade de regimes 
políticos e pelas grandes diferenças econômicas, pois a riqueza dos países 
produtores de petróleo contrasta com a pobreza dos que carecem desse 
recurso. O território habitado pelos árabes, que não constitui um contínuo 
geográfico bem definido, compreende regiões da Ásia e da África e se 
estende do planalto do Irã até o oceano Atlântico, tendo como limite 
meridional o oceano Índico e as regiões orientais e ocidentais do deserto do 
Saara. Convivem com eles alguns povos de língua não árabe, como os 
berberes que, no entanto, costumam ser bilíngües. Alguns poucos grupos de 
língua árabe encontram-se fora desses limites, no Irã e no Sudão. 
 
2.3. Acádios 
 
O primeiro império da Mesopotâmia foi estabelecido por um povo semita 
conhecido pelo nome de sua capital, Acad, situada em algum ponto da região 
entre os rios Tigre e Eufrates, próxima à Babilônia. A língua acádia é o 
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História do Mundo Bíblico Antigo 
 
elemento mais conhecido desse povo, que foi assimilado pela população 
suméria, dominante na região. 
 
2.3.1. História 
 
Por volta do ano 2300 a.C., o chefe semita Sargão I, cujo nome significa “rei 
justo” ou “rei verdadeiro”, fundou a cidade de Acad e empreendeu bem-
sucedidas campanhas bélicas, que estenderam seu domínio a toda a região 
mesopotâmica limitada ao sul pelo golfo Pérsico e ao norte pelo litoral 
mediterrâneo da Síria. 
 
Após a morte do fundador da dinastia acádia, nenhum dos herdeiros -- 
Rimush e Manishtusu -- mostrou-se capaz de controlar o vasto império. O 
poder militar acádio foi temporariamente restabelecido por Naram-Sin, que 
combateu os bárbaros das zonas montanhosas do norte (montes Zagros, alto 
Tigre e alto Eufrates), dominou o país de Mogan e sufocou uma revolta das 
cidades mesopotâmicas. Seu sucessor, Sharkali-sharri, continuou a luta 
contra os guti e os amorritas, povos montanheses dos Zagros e do Curdistão. 
 
Entre os anos de 2217 e 2139 a.C., aproximadamente, o poder da cidade e 
sua dinastia entrou em decadência até a completa desaparição. As cidades 
mesopotâmicas, dominadas pelos povos invasores, uniram-se novamente 
sob o domínio da dinastia de Ur. 
 
2.3.2. Organização política e econômica 
 
A dinastia acádia uniu numa organização estatal comum as diversas cidades 
independentes que existiam na Mesopotâmia. O império sediado em Acad, 
onde residia o monarca, compunha-se de diversas províncias. As diferentes 
comunidades conservaram suas principais instituições sob a supervisão dos 
funcionários reais que constituíam uma poderosa máquina administrativa. A 
época foi de grande prosperidade econômica, baseada na agricultura, no 
artesanato e no comércio. As relações comerciais com a Síria, o golfo Pérsico 
e com o vale do Indo, que forneciam à Mesopotâmia matérias-primas como 
madeira, couro e pedras, estão descritas em diversos documentos. 
 
2.4. Cananeus 
 
Na região de Canaã, situada no cruzamento de importantes civilizações 
antigas, mesclaram-se elementos culturais de diversas origens: egípcios, 
micênicos, cretenses, hurrianos e mesopotâmicos. 
 
O nome Canaã apareceem inscrições cuneiformes, egípcias e fenícias. No 
Antigo Testamento, a região é identificada com a Terra Prometida dos 
israelitas. A variação entre as diversas fontes históricas não permite 
24 
 
 
 
estabelecer precisamente os limites da região. Arqueólogos e historiadores 
costumam chamar de Canaã a área correspondente, nos tempos pré-
históricos e pré-bíblicos, à Cisjordânia, com eventual inclusão da Fenícia e, 
por vezes, da Síria. A palavra viria de um vocábulo semítico referente à 
“púrpura avermelhada” de uma lã produzida na região. 
 
Os vestígios da ocupação humana em Canaã remontam aos períodos 
paleolíticos e mesolíticos, mas as primeiras cidades e aldeias fixas datam do 
neolítico. Na idade do bronze, durante a primeira metade do segundo milênio 
a.C., povos semitas começaram a aparecer na região; os amorritas, vindos 
do nordeste, tornaram-se então predominantes, e egípcios, hicsos e 
hurrianos também ali se estabeleceram. São dessa época os primeiros 
registros históricos. 
 
Entre os séculos XVI e XIII a.C., o domínio sobre Canaã era principalmente 
egípcio, ameaçado pelas investidas hititas. Ocorreram então incursões 
guerreiras de grupos nômades multiétnicos semitas, conhecidos como 
habirus, que os historiadores geralmente identificam como os primeiros 
hebreus. O declínio da dominação egípcia e hitita, ao final do século XII a.C., 
coincidiu com o estabelecimento dos israelitas, que ocuparam inicialmente as 
colinas e a área meridional, lutando contra clãs e povos locais. No século 
seguinte, os filisteus, aparentemente vindos de Creta, ocuparam a faixa 
litorânea meridional e fundaram uma aliança de cinco cidades-estados. No 
século X a.C., os israelitas, sob a liderança do rei Davi, derrotaram os filisteus 
e consolidaram sua vitória sobre o povo local, os cananeus, que terminaram 
por se extinguir. A partir de então, a região de Canaã tornou-se, na prática, a 
terra de Israel. 
 
As informações a respeito da religião seguida em Canaã antes da presença 
israelita provêm de achados arqueológicos ugaríticos, no litoral norte da Síria. 
O deus principal era El; as chuvas e a fertilidade constituíam o domínio de 
Baal. Outros deuses eram Reshef (da peste e do mundo inferior), Ashera 
(esposa de El) e Astartéia (deusa da fertilidade). 
 
A língua cananéia pertencia ao grupo semita e era próxima do hebreu 
arcaico. Foram os cananeus, ao que tudo indica, o primeiro povo a empregar 
o alfabeto: inscrições do fim da idade do bronze, encontradas na região, são 
tidas como a origem do alfabeto fenício. Além de tal alfabeto arcaico, 
empregava-se corretamente a escrita cuneiforme silábica da Mesopotâmia. 
Outro tipo, muito peculiar, de escrita cuneiforme foi descoberto no norte da 
Síria. 
 
 
 
 
25 
 
História do Mundo Bíblico Antigo 
 
2.5. Suméria 
 
Com as escavações iniciadas em 1877 nas ruínas de Lagash, na 
Mesopotâmia, ao sul da Babilônia, Ernest de Sarzec descobriu os vestígios 
da mais antiga civilização humana, a da Suméria. Os sumérios inventaram a 
escrita cuneiforme -- mais antiga forma grafada para representar sons da 
língua, ao invés dos próprios objetos --, os primeiros veículos sobre rodas e 
os primeiros tornos de cerâmica. 
 
O território da Suméria localizava-se no extremo sul da Mesopotâmia, entre 
os rios Tigre e Eufrates, na área onde posteriormente se desenvolveu a 
Babilônia e que modernamente corresponde ao sul do Iraque, entre Bagdá e 
o golfo Pérsico. Nessa região desenvolveu-se a civilização dos sumérios, 
povo de origem desconhecida que, já no quarto milênio antes da era cristã, 
agrupava-se em cidades-estados. 
 
2.5.1. História 
 
Antes da chegada dos sumérios, a baixa Mesopotâmia fora ocupada por um 
povo não pertencente ao grupo semita, modernamente conhecido como 
ubaida, termo derivado da cidade e al-Ubaid, onde foram encontrados seus 
primeiros vestígios. Primeira força civilizatória presente na área, os ubaidas 
estabeleceram-se no território entre 4500 e 4000 a.C. Drenaram os pântanos 
para a agricultura, desenvolveram o comércio e estabeleceram indústrias, 
entre as quais manufaturas de couro, metal, cerâmica, alvenaria e tecelagem. 
Mais tarde, vários povos semitas infiltraram-se no território dos ubaidas e 
formaram uma grande civilização pré-suméria. 
 
O povo conhecido como sumério, cuja língua predominou no território, veio 
provavelmente da Anatólia e chegou à Mesopotâmia por volta de 3300 a.C. 
No terceiro milênio, haviam criado pelo menos 12 cidades-estados: Ur, Eridu, 
Lagash, Uma, Adab, Kish, Sipar, Larak, Akshak, Nipur, Larsa e Bad-tibira. 
Cada uma compreendia uma cidade murada, além das terras e povoados que 
a circundavam, e tinha divindade própria, cujo templo era a estrutura central 
da urbe. Com a crescente rivalidade entre as cidades, cada uma instituiu 
também um rei. 
 
O primeiro rei a unir as diferentes cidades, por volta de 2800 a.C., foi o rei de 
Kish, Etana. Por muitos séculos, a liderança foi disputada por Lagash, Ur, 
Eridu e a própria Kish, o que enfraqueceu os sumérios e os tornou 
extremamente vulneráveis a invasores. Entre 2530 e 2450 a.C., a região foi 
dominada pelos elamitas procedentes do leste. Teve maiores conseqüências 
a invasão, pelo norte, dos acadianos, cujo rei Sargão de Acad integrou a 
Suméria a seu império. Sargão conseguiu ainda submeter os elamitas, antes 
de lançar-se à conquista das terras ocidentais, até a costa síria do 
26 
 
 
 
Mediterrâneo. Criou assim um modelo unificado de governo que influenciou 
todas as civilizações posteriores do Oriente Médio. Sua dinastia governou 
aproximadamente entre 2350 e 2250 a.C. 
 
Após o declínio da dinastia acadiana, por volta do ano 2150 a.C. o território 
foi invadido e devastado pelos gútios, povo semibárbaro originário dos 
montes Zagros, a leste da Mesopotâmia. Graças à reação do rei de Uruk, que 
expulsou os invasores, as cidades ficaram novamente independentes. O 
ponto alto dessa era final da civilização suméria foi o reinado da terceira 
dinastia de Ur, cujo primeiro rei, Ur-Nammu, publicou o mais antigo código 
legal encontrado na Mesopotâmia. Depois de 1900 a.C., quando os amorritas 
conquistaram todo o território mesopotâmico, os sumérios perderam sua 
identidade como povo, mas a cultura suméria foi assimilada pelos sucessores 
semitas. 
 
2.5.2. Civilização Suméria 
 
A escrita cuneiforme surgiu na Mesopotâmia, no terceiro milênio anterior à 
era cristã. Escrevia-se sobre tábulas de argila, com estiletes de bambu. 
Depois, a tábula era endurecida ao sol ou em fornos. Graças a essa escrita, 
decifrada por lingüistas e arqueólogos, foi possível conhecer inúmeros 
aspectos da vida, religião e instituições da Suméria. Os sumérios possuíam 
uma rica literatura, que incluía poemas, epopéias, hinos, lamentações, 
provérbios etc. A criação poética mais notável foi o Gilgamesh, ao qual se 
somam os mitos de Tamuz e da deusa Nanai Ishtar de Uruk, do pastor Etana, 
do herói Adapa etc. 
 
Os templos e edifícios, em geral feitos de tijolos crus e cozidos, não se 
conservaram, pois os materiais empregados não resistiram ao passar dos 
séculos. Em compensação, além das tábulas, conservaram-se estelas e 
cilindros gravados, que eram utilizados como selos, além de esculturas em 
pedra. Os sumérios trabalhavam o bronze, o cobre, o ouro e a prata. 
 
2.6. Mesopotâmia 
 
Berço de algumas das mais ricas civilizações humanas, a Mesopotâmia viu 
surgir os primeiros impérios, as primeiras cidades da antigüidade e algumas 
importantes invenções do homem, como a escrita e a legislação. 
 
A Mesopotâmia (em grego, região entre rios) está situada na região 
delimitada pelos rios Tigre e Eufrates, no sudoeste da Ásia. Embora seus 
limites variassem em diferentes períodos de sua história, de modo geral a 
Mesopotâmia abrangia, na antigüidade, o território do atual Iraque, ficando ao 
norte a cordilheira dos Taurus, que a separa da Armênia, ao sul o golfo 
Pérsico, a oeste a Assíria e a leste a Síria. O limite entre as regiões norte, 
27História do Mundo Bíblico Antigo 
 
montanhosa, e a sul, plana, era a zona de Bagdá, onde mais se aproximam 
os rios Tigre e Eufrates. Os romanos as denominaram, respectivamente, 
Mesopotâmia e Babilônia. 
 
Muitos grupos étnicos tentaram fixar-se na região, e esses movimentos 
migratórios acabaram por fazer surgir importantes civilizações, como a dos 
assírios, que ocuparam a área montanhosa, e a dos sumérios e babilônios, 
instalados nas planícies do sul. A essência da cultura suméria se manteve 
mesmo após a desintegração do estado sumério e por isso pode-se, apesar 
da grande diversidade dos grupos étnicos, falar de uma civilização 
mesopotâmica. 
 
A Bíblia, o relato de Heródoto e os textos do sacerdote babilônio Berossos, 
estes datados de aproximadamente 300 a.C. eram, até o fim do século XIX, 
as únicas fontes de informação sobre a história da Mesopotâmia. As 
escavações iniciadas em meados do mesmo século, no território do Iraque, e 
a decifração dos caracteres cuneiformes permitiram avaliar o papel 
desempenhado pela Mesopotâmia na criação de sociedades urbanas mais 
evoluídas. 
 
A escrita cuneiforme foi empregada na Babilônia até o século I a.C. e o 
idioma, como língua erudita, até o primeiro século da era cristã. Com a 
decifração dessa escrita, foi possível descobrir a literatura da região, cujos 
épicos tiveram como um dos principais temas a sensação de instabilidade 
provocada pelo difícil controle dos rios Tigre e Eufrates. A escrita cuneiforme 
sobreviveu também ao domínio helenístico. A influência do grego era 
significativa, mas tudo indica que o aramaico se tornou a língua popular, em 
especial nos centros urbanos da época. 
 
2.6.1. Resenha histórica 
 
Os primeiros imigrantes chegaram à Mesopotâmia no quarto milênio a.C. 
Fixaram-se no sul e ali criaram o que teria sido, segundo a tradição suméria, 
seu primeiro núcleo urbano, Eridu. O povoamento tornou-se mais intenso no 
milênio seguinte, com um novo movimento migratório, procedente do leste. 
Ao mesmo tempo, no norte, grupos de origem semítica formavam uma nova 
cultura, que assumiria gradativamente papel preponderante na região. As 
escavações comprovaram não haver nesse período uma separação estrita 
entre as duas regiões, na medida em que nomes semitas são encontrados 
entre os sumérios. A Mesopotâmia era, de todo modo, povoada por dois 
povos de origens distintas, o que explica as denominações de terra de Sumer 
(sul) e Acad (norte). 
 
As primeiras tentativas de organização de aldeias agrícolas na área de Acad 
foram registradas em sítios arqueológicos como Hassuna, Jarmo e Samarra. 
28 
 
 
 
Do ponto de vista cultural, os grupos que habitavam a área no chamado 
período Obeid I eram atrasados em relação aos povos do sul, mas alguns 
centros, como Nínive, já se assemelhavam mais a cidades do que a aldeias. 
 
Os habitantes do norte expandiram-se para o sul, no século XXIV a.C., e 
fundaram um reino unificado sob o governo de Sargão, criador de uma 
dinastia semítica, cuja capital era a cidade de Acad. Os invasores não 
possuíam cultura própria, motivo pelo qual absorveram a cultura e as técnicas 
de guerra do sul. Assim, a transferência do centro do poder político, de 
início instalado na cidade de Acad, para Nínive ou Babilônia, não teve 
influência na evolução cultural da região. 
 
Com a terceira dinastia de Ur, cujos domínios incluíam a Assíria, 
praticamente completou-se a unificação da Mesopotâmia. O norte preservava 
apenas seu idioma semita, escrito, porém, em caracteres cuneiformes 
sumérios. Por volta de 2000 a.C., invasores elamitas e amorritas derrubaram 
essa terceira dinastia de Ur. Após um período de destruições, o sul voltou a 
prosperar, enquanto, no norte, Assur tornou-se independente e na Babilônia 
surgiu uma dinastia local, amorrita, apoiada pelos semitas acadianos. 
 
Após o período da dinastia cassita, a Babilônia perdeu sua influência política, 
ao mesmo tempo em que o poderio dos assírios cresceu consideravelmente. 
Nesse período, invasores indo-europeus criaram diversos estados na região, 
entre os quais o reino de Mitani. No século XII a.C., o poderio assírio chegou 
ao apogeu sob o reinado de Tukulti-Ninurta I. A Assíria dominava então toda 
a região localizada a leste do Eufrates. Os sucessores do soberano não 
conseguiram manter o território, cuja desintegração política foi motivada 
também pela chegada à região de diversas tribos de arameus, que aí 
fundaram vários reinos independentes. 
 
Nos séculos seguintes, os reinos arameus começaram a ser incorporados ao 
império da Assíria, a que a Mesopotâmia voltou a ficar subordinada. Nesse 
período, a ascensão de uma das tribos dos arameus, os caldeus, contribuiu 
de maneira significativa para a queda do poderio da Assíria e para o 
estabelecimento, no sul da região, do reino neobabilônico de Nabopolassar. 
Esse soberano firmou com Ciaxares, da Média, uma aliança que dividiu a 
Mesopotâmia entre medos e babilônicos, situação que se manteve até 539 
a.C., quando a região foi transformada numa satrapia do império persa 
durante o reinado de Ciro. No período, registrou-se um florescimento cultural, 
em que a literatura, a religião e as tradições sumérias e babilônicas eram 
preservadas nas escolas dos templos. 
 
Em 331 a.C., a vitória de Alexandre o Grande sobre Dario III marcou o início 
da colonização macedônica. A Babilônia tornou-se então importante centro 
cultural, verdadeiro ponto de encontro entre as culturas grega e oriental. Com 
29 
 
História do Mundo Bíblico Antigo 
 
a morte de Alexandre, instalou-se uma dinastia selêucida que governou por 
pouco mais de um século. Por volta de 140 a.C., a Mesopotâmia foi 
incorporada ao império parta. 
 
2.7. Ur 
 
Ao longo dos diversos períodos dinásticos do império sumério, Ur acumulou 
templos e riquezas e se tornou um núcleo de civilização da antiguidade. Ali 
teria vivido Abraão, por volta do século XVIII a.C. 
 
Ur foi uma importante cidade-estado situada a cerca de 225km da Babilônia, 
na Suméria. Erguia-se junto à antiga foz do rio Eufrates, que distava cerca de 
16km da atual, e era circundada por terrenos férteis e irrigados. A fundação 
de Ur ocorreu por volta do quarto milênio antes da era cristã, quando 
chegaram à região camponeses procedentes do norte da Mesopotâmia. Há 
registros de que essa ocupação terminou durante uma série de inundações. 
 
Entre os séculos XXIX e XXIV a.C., Ur tornou-se capital do reino. Túmulos de 
reis da primeira dinastia de Ur, no século XXV a.C., com armas e tesouros 
em jóias de ouro, prata, bronze e pedras semipreciosas, atestam seu elevado 
nível artístico e de civilização, além da prática do sacrifício de servidores e 
mulheres do rei, que deveriam segui-lo no outro mundo. Há indícios de uma 
segunda dinastia, cujos quatro reis reinaram por pouco mais de um século. A 
chamada terceira dinastia, entre os séculos XXII ao XXI a.C., foi iniciada por 
Ur-Nammu. Em seu reinado foi erigido o grande zigurate de Sin. 
 
O império de Ur estendeu-se por um território quase tão vasto quanto o do 
império de Acad. Essa potência, no entanto, foi minada pelos amorreus e 
pelas revoltas dos elamitas. Embora habitada até o século I a.C., as 
mudanças verificadas no curso do Eufrates causaram o desaparecimento da 
cidade. As ruínas de Ur foram recuperadas graças às escavações realizadas 
por H. R. Hall, antes da primeira guerra mundial, e por Charles Leonard 
Woolley, nas décadas de 1920 e 1930. 
 
2.8. Babilônia 
 
A capital da Mesopotâmia foi famosa por seu poderio e esplendor cultural e 
por seus belos edifícios e construções monumentais, entre elas os jardins 
suspensos, uma das sete maravilhas do mundo antigo. 
 
Fundada pelos acadianos (ou acádios) fora da zona de poderio sumério, a 
Babilônia ficava às margens do Eufrates, ao sul da futura Bagdá. Na origem, 
foi uma colônia comercial dentro do âmbito econômico sumério; mas, graças 
ao intenso tráfico mercantil e a sua estratégica posição geográfica, 
30 
 
 
 
transformou-se,depois da queda da Suméria, em cidade independente e 
próspera, capaz de impor seu poder sobre o resto da Mesopotâmia, antes da 
era cristã. 
 
No começo do segundo milênio a.C., vários povos de origem semita, 
procedentes do oeste, estabeleceram-se na Babilônia. Um desses povos foi o 
amorreu (ou amorrita, amorreano), que levou a Babilônia a seu máximo poder 
imperial, comparável apenas ao que conseguiu posteriormente com os 
caldeus. 
 
O nome Babilônia parece proceder do acádico Bab-ilu, que significa “porta de 
Deus”. A cidade sagrada, descrita pelo historiador grego Heródoto no século 
V a.C., foi descoberta por arqueólogos alemães no fim do século XIX da era 
cristã. Espalhava-se em torno do Eufrates e era protegida por altas muralhas, 
nas quais se abriam diversas portas de acesso. Dessas portas só se 
conservaram sete, entre as quais se destaca a de Ishtar. 
 
A cidade possuía numerosos palácios e templos, construídos sobre terraços 
de terra batida ou de adobe. Os palácios eram grandes edifícios com muitos 
aposentos, dispostos em torno de um pátio central e adornados com jardins, 
entre os quais se destacavam os chamados jardins suspensos, construídos 
em terraços sobre salas com tetos de pedra. 
 
Em meio aos edifícios dessa monumental cidade, os de caráter religioso 
sobressaíam pela imponência e elevado número. O principal era o grande 
templo dedicado a Marduk, Esagila (“casa de teto alto”), decorado com ouro e 
pedras preciosas. Ao norte desse ficava o Etemenanki (“templo dos alicerces 
do céu e da terra”), templo escalonado que possivelmente seria a torre de 
Babel citada na Bíblia. 
 
2.9. Dinastia amorrita 
 
O fundador da dinastia real amorrita foi Sumu-abum, que governou de 1894 a 
1881 a.C. Seus sucessores ampliaram os domínios da Babilônia mediante 
uma política de pactos e alianças com as cidades mais poderosas e ricas do 
território. 
 
Na primeira metade do século XVIII a.C., Hamurabi empreendeu a conquista 
da Mesopotâmia e criou o primeiro império babilônico. O caráter desse rei, 
conforme documentos que chegaram até nós, mostra traços de um homem 
astuto, prudente, diplomático, alheio a impulsos passionais e, 
fundamentalmente, grande conhecedor de sua época. Político hábil, 
Hamurabi conseguiu consolidar seu estado, alternando conquistas militares 
com reformas legislativas internas. 
 
31 
 
História do Mundo Bíblico Antigo 
 
Quando Hamurabi subiu ao trono, o reino babilônico limitava-se a noroeste 
com a Assíria, ao norte com a região de Eshnuna e a leste e sudeste com os 
domínios de Larsa. O monarca tornou a Babilônia potência hegemônica da 
Mesopotâmia. Aproveitando a morte de seu inimigo assírio Shamsi Adad I, 
enfrentou e venceu o rei de Larsa, Rim-Sin, arrebatando seus domínios. 
Depois combateu encarniçadamente e derrotou uma coalizão de povos e 
cidades (elamitas, assírios, gutis). 
 
Dessa forma a Mesopotâmia tornou-se submissa ao poder babilônico e 
Hamurabi reuniu sob sua autoridade toda a região compreendida entre o 
golfo Pérsico e o rio Habur. Estadista inteligente e civilizado, não se impôs de 
modo arbitrário ou violento, conservando os monarcas derrotados, na 
qualidade de vassalos, em seus respectivos tronos. 
 
Hamurabi foi o primeiro legislador conhecido da história. Deu impulso à 
organização judicial e ao trabalho legislativo. O famoso Código de Hamurabi, 
baseado na lei de talião, indica a preocupação do monarca em estender o 
direito sumério a todos os povos que habitavam os territórios do império. 
 
Com a morte de Hamurabi, a unidade mesopotâmica desapareceu. Seu filho 
Samsu-iluna combateu as sublevações de Elam, Suméria e Assur e enfrentou 
as invasões de povos como os hurrianos e os cassitas. Estes últimos, 
repelidos depois de uma primeira tentativa de colonização, penetraram 
depois lentamente em território babilônico. 
 
Apesar dos denodados esforços de Samsu-iluna para manter o império do 
pai, a unidade política se desintegrou. Alguns de seus descendentes, como 
Ammiditana e Amisaduqa, conseguiram esporádicas vitórias sobre as cidades 
rivais, mas com Samsuditana o poderio babilônico decaiu por completo. 
Apesar disso, a cidade continuou sendo um centro cultural, artístico e 
comercial de primeira ordem, para onde acorriam viajantes e peregrinos de 
todo o Oriente Médio. 
 
Em 1595, o rei hitita Mursilis I atacou a Babilônia. A cidade foi arrasada e 
incendiada e seu rei, o último da dinastia amorrita, morreu na luta. 
 
2.10. Dinastia cassita 
 
No início do século XVI a.C., os cassitas, procedentes dos montes Zagros, 
ocuparam a Babilônia e introduziram o cavalo e o carro como armas de 
guerra. Não conheciam a escrita, mas aceitaram e assimilaram a superior 
cultura babilônica. Agum II soergueu o estado. Conquistou Eshnuna, dominou 
Assur, submeteu os gutis e estendeu seu poder do Eufrates à cordilheira dos 
Zagros. Seus descendentes consolidaram o reino no terreno econômico, 
32 
 
 
 
graças ao comércio, embora no aspecto político a Babilônia se tenha 
conservado apenas como mais um estado dentro do universo mesopotâmico. 
 
A partir da segunda metade do século XIV a.C., os assírios começaram a 
intervir na política interna da Babilônia, atraídos por sua prosperidade. Depois 
do reinado de Burnaburiash II, que conseguiu manter a estabilidade política 
na cidade, as relações com a Assíria começaram a deteriorar-se. O rei assírio 
Salmanasar I iniciou uma política expansionista e, ao norte da Babilônia, os 
hititas também pretenderam imiscuir-se nos assuntos internos do império. 
Sob o reinado de Kashtiliash, a paz, que já durava três séculos, foi 
interrompida pela invasão de Tukulti Ninurta I, em 1234 a.C., que arrasou a 
próspera cidade, destruiu seus templos e palácios e prendeu seu rei. 
 
Crises no império assírio -- assassinato de Tukulti Ninurta I --, e no reino hitita 
-- agressões externas -- deram ao rei babilônico Adad-shun-natsir a 
oportunidade para reconstruir seu maltratado império e submeter o estado 
assírio. Depois de um período de paz, em que Meli-Shipak devolveu a 
prosperidade à Babilônia, os elamitas invadiram e saquearam a cidade, em 
1153 a.C, levando para Susa a famosa pedra do Código de Hamurabi. 
 
2.11. O novo império babilônico 
 
O fim do período cassita anunciou uma época obscura para a Babilônia, 
dominada sucessivamente por elamitas e assírios até o século VII a.C., 
quando os caldeus ascenderam ao poder. O fundador da dinastia caldéia foi 
Nabopolassar (reinou de 626 a 605), que, inspirado pelos deuses locais, 
Marduk e Nabu, empreendeu uma política expansionista orientada para a 
recuperação do antigo poderio da Babilônia. Nabopolassar, auxiliado pelo rei 
meda Ciaxares, moveu uma campanha contra Assur, que pretendia dominar 
o território mesopotâmico. Depois da vitória, os dois monarcas partilharam as 
terras conquistadas, e a Babilônia pôde reconstruir seu antigo império. Em 
seguida, Nabopolassar ordenou a conquista da Síria a seu filho 
Nabucodonosor, que, depois de cruzar rapidamente o Eufrates, destruiu 
Carchemish, conseguindo para a Babilônia a maior parte da Síria e da 
Palestina, anteriormente em poder dos egípcios. 
 
Após a morte do pai (605 a.C.), Nabucodonosor II assumiu o trono. Durante 
seu reinado (604-562), empreendeu várias campanhas militares que lhe 
renderam avultados butins e glória pessoal. Uma sublevação do reino de 
Judá obrigou-o a manter uma guerra cruenta que durou de 598 a 587 a.C., 
ano em que destruiu Jerusalém e deportou milhares de judeus (o “cativeiro da 
Babilônia” mencionado no Antigo Testamento). 
 
Nos anos seguintes, Nabucodonosor promoveu um intenso trabalho de 
reconstrução, reparando as cidades devastadas pela guerra. Com sua morte 
33 
 
História do Mundo Bíblico Antigo 
 
(562), sucederam-se as lutas internas pelo trono. Nabonido conseguiu o 
poder em 555 e governou até 539, mas, como não era de estirpe real, 
encontrou férrea oposição entre os sacerdotes de Marduk e alguns 
comerciantes ricos, que lideraram uma sublevação,com o apoio do rei persa 
Ciro II. Derrotado e prisioneiro dos persas, Nabonido foi, no entanto, tratado 
com moderação por Ciro, que lhe concedeu o cargo de governador de uma 
região da Pérsia. 
 
2.12. Decadência 
 
A queda da Babilônia em 539 a.C. e sua incorporação ao império persa 
acarretou o fim da Mesopotâmia como região histórica independente. 
 
Sob o domínio dos persas aquemênidas, a cidade manteve seu esplendor. 
Em 522 a.C., Dario I sufocou uma revolta popular; mais tarde, Xerxes 
reprimiu outra insurreição e ordenou a destruição da estátua de Marduk, 
símbolo religioso da Babilônia. Alexandre o Grande a conquistou em 331 a.C. 
e, depois de reconstruir alguns de seus monumentos, morreu no palácio de 
Nabucodonosor, quando voltava da Índia. Durante a época selêucida, a 
cidade decaiu rapidamente, até desaparecer. 
 
2.13. Cultura e sociedade 
 
Os babilônios estenderam seus conhecimentos a todos os ramos do saber, 
mas se destacaram principalmente pelas grandes descobertas matemáticas e 
astronômicas. Também cultivaram as artes e as letras com singular mestria. 
A epopéia de Gilgamesh, obra-prima da literatura babilônica, é um poema 
cujas primeiras compilações remontam a 2500 a.C.; misto de epopéia e 
alegoria, seus personagens principais são Enkidu e Gilgamesh. O primeiro 
representa a passagem do estado natural ao civilizado, enquanto Gilgamesh 
simboliza o herói que busca a imortalidade. O dilúvio universal também 
aparece mencionado nesse poema, quando Gilgamesh encontra Utnapishtim, 
o Noé babilônico, que lhe descreve a técnica de fabricação da nave que, a 
conselho de Ea, construiu para salvar-se do cataclismo. Outro poema épico 
conhecido é o Enuma elish (Quando no alto...), que trata da origem do 
mundo. 
 
A religião babilônica compreendia um grande número de deuses que, 
venerados nos templos, em muitos casos se assemelhavam aos homens. 
Para os babilônios, o homem foi criado por Marduk, a sua imagem, com barro 
e seu próprio sangue. O templo era a morada da divindade, enquanto o 
zigurate (torre) era o lugar destinado ao culto. Cada templo era administrado 
pelo sumo sacerdote, que, ajudado por sacerdotes menores, magos, 
34 
 
 
 
adivinhos e cantores, devia prestar contas ao rei, representante do deus 
Marduk. 
 
A sociedade babilônica tinha estrutura piramidal, com o rei, vicário (substituto) 
da divindade, no topo. O poder e as riquezas do soberano tornavam-no um 
homem respeitado e temido. Os funcionários reais, os sacerdotes e os 
grandes proprietários constituíam o suporte do monarca e formavam a 
categoria superior dos homens livres. Os escravos eram adquiridos por 
compra ou como resultado de butim de guerra. Numa terceira categoria social 
estavam os cidadãos humildes, cuja falta de recursos lhes impedia o acesso 
às categorias superiores, embora fossem livres. 
 
O homem livre podia possuir bens, terras ou dedicar-se à indústria ou ao 
comércio. Sua condição lhe permitia pertencer ao conselho da cidade, 
embora pudesse cair na escravidão se não pagasse no prazo devido as 
dívidas contraídas. 
 
A família era monogâmica e a instituição matrimonial se regia por um 
contrato, realizado pelo marido diante de testemunhas, no qual se 
estabeleciam os direitos e obrigações da esposa. O chefe de família exercia a 
autoridade e dispunha de total independência no manejo dos bens. Todas 
essas normas, contidas no código legislativo de Hamurabi, consolidaram a 
sociedade de forma estável e duradoura. 
 
Com o fim da próspera civilização babilônica, a Mesopotâmia deixou de ser 
terra de grandes impérios e converteu-se em objeto de conquistas das novas 
potências do mundo antigo. Sua cultura exemplar e sua organização legal 
são comparáveis ao brilho mais tarde alcançado por Atenas e Roma. 
 
2.14. Síria 
 
A atual Síria -- que não coincide com a antiga região do mesmo nome, berço 
de antiqüíssimas civilizações -- esbarra na instabilidade política do Oriente 
Médio em sua tentativa de fugir ao subdesenvolvimento e enfrenta um 
aumento populacional difícil de assimilar num país na maior parte desértico. 
 
A Síria situa-se no Oriente Médio, na costa leste do mar Mediterrâneo, no 
extremo sudoeste do continente asiático. Ocupa uma superfície de 185.180 
km2, com forma aproximadamente triangular. Limita-se ao norte com a 
Turquia; a leste e a sudeste com o Iraque; ao sul com a Jordânia; a sudoeste 
com Israel e Líbano; e a oeste com o mar Mediterrâneo. As colinas de Golan, 
no sudoeste de seu território, foram ocupadas em 1967 por Israel, que 
anexou a área unilateralmente em 1981. 
 
 
35 
 
História do Mundo Bíblico Antigo 
 
2.14.1. Geografia física 
 
A Síria apresenta três zonas fisiográficas de oeste para leste: a planície 
litorânea, as montanhas e o deserto. De norte a sul, a faixa litorânea se 
estende por 180km entre a Turquia e o Líbano, com uma largura que varia 
entre 3 e 12km. Nessa região, a mais povoada do país, as inúmeras 
nascentes e lençóis de água subterrâneos permitem a prática da agricultura 
durante todo o ano. 
 
Na zona montanhosa, duas cordilheiras correm paralelas à costa: as cadeias 
do Líbano e do Antilíbano. A leste das montanhas estende-se a depressão de 
Gab, atravessada pelo rio Orontes. O ponto culminante do país é o monte 
Hermon (2.814m), na fronteira com o Líbano. Para o leste, estende-se o 
planalto ondulado do deserto da Síria, que desce suavemente em direção ao 
vale do rio Eufrates, procedente da Turquia. A altitude dessa região varia 
entre 300 e 500m. No deserto, situa-se um dos maiores afloramentos 
basálticos do mundo, com 33.700 km2, e no qual se acha o monte al-Duruz. 
 
2.14.2. Clima e hidrografia 
 
O clima sírio é mediterrâneo na estreita orla costeira e na região montanhosa 
ocidental, com precipitações relativamente abundantes e temperaturas 
médias moderadas, mas com uma longa estação seca de maio a outubro. No 
resto do país, o clima é desértico ou semidesértico, com chuvas escassas, 
além de verões e invernos mais rigorosos do que no litoral. Na costa, a 
temperatura média varia de 13°C em janeiro (inverno ) a 27°C em agosto 
(verão). No leste, esses números são de, respectivamente, 5°C e 40°C. 
 
O sistema de drenagem do país é, em sua maior parte, subterrâneo. Rochas 
porosas cobrem quase metade do território sírio e absorvem rapidamente as 
escassas chuvas. Sob a superfície, a água forma nascentes, rios e lençóis de 
água subterrâneos. O Eufrates é a principal fonte de água e o único rio 
navegável da Síria. A construção do dique do Eufrates, no norte, 
possibilitou o cultivo de algodão, cereais e frutas ao longo das margens do 
rio. O principal rio da região montanhosa é o Orontes, que nasce no Líbano, 
atravessa a depressão de Gab em direção ao norte, até penetrar na Turquia 
e desembocar no Mediterrâneo. 
 
 2.14.3. População 
 
Os árabes são o principal grupo étnico da Síria. Gregos, romanos e turcos 
dominaram sucessivamente o país, mas sua contribuição étnica foi 
desprezível se comparada à dos povos semitas da Arábia e da Mesopotâmia, 
como os arameus, assírios, caldeus e cananeus. As minorias étnicas mais 
36 
 
 
 
importantes são formadas por curdos, armênios, turcos, circassianos e 
assírios. 
 
O árabe é a língua oficial do país. Junto à fronteira com a Turquia, fala-se o 
curdo e o turco. Os armênios autóctones já haviam perdido seu idioma 
quando uma nova onda de refugiados, procedente da Turquia, estabeleceu-
se em Damasco e Alepo depois da primeira guerra mundial, fugindo à 
perseguição empreendida pelo país vizinho. Os muçulmanos, distribuídos em 
diversas seitas, representam aproximadamente noventa por cento da 
população, e os cristãos menos de dez por cento. 
 
A população síria teve crescimento explosivo nas últimas décadas do século 
XX. A taxa de natalidade se manteve muito elevada, enquanto a de 
mortalidade diminuiu progressivamente, devido a melhorias sanitárias. O 
crescimento vegetativo da população aumentou, portanto, de forma 
acentuada na segunda metade do século XX:mais do que a produção de 
alimentos e o produto interno bruto. Além disso, após a implantação do 
estado israelense na Palestina em 1948, a Síria recebeu cerca de cem mil 
refugiados palestinos, e a população das colinas de Golan, ocupadas por 
Israel em 1967, refugiou-se sobretudo em Damasco. 
 
2.14.4. História 
 
Inicialmente habitado por povos de origem semítica, o território hoje 
pertencente à Síria sofreu a invasão de elementos de outros grupos étnicos 
e, ao longo da história, dividiu-se em principados autônomos ou integrou 
impérios mais vastos. A civilização acadiana surgiu sob o governo de Sargão 
de Acad, conquistador semita do século XXIII a.C., mas foi destruída por um 
povo nômade do deserto, os amoritas, entre 2000 e 1800 a.C. 
 
Durante os séculos XVI e XV a.C., os povos egípcios e hurritas do reino de 
Mitani lutaram pelo controle da área. No século seguinte, a Síria passou às 
mãos dos hititas e sob seu domínio permaneceu até o século VIII a.C., 
quando os assírios dela se apossaram. Em 612 a.C., porém, as medas 
conquistaram Nínive, capital da Assíria, e ali imperaram até serem derrotados 
pelos persas, sob a liderança de Ciro. Dois séculos mais tarde, em 333 a.C., 
o território foi incorporado ao império de Alexandre o Grande. Depois da 
morte de Alexandre em 323 a.C., a Síria foi dividida entre Seleuco Nicator e 
Ptolomeu, em 301 a.C., e assim permaneceu durante quase cem anos, até 
que os selêucidas se assenhorearam de toda a região. 
 
A anarquia levou à desintegração do império. Em 64 a.C., a Síria caiu em 
poder de Roma e foi uma de suas províncias mais ricas até o século IV da 
era cristã, quando integrou-se ao império bizantino. 
 
37 
 
História do Mundo Bíblico Antigo 
 
2.14.5. Assíria 
 
Famosos desde os tempos antigos pela crueldade e pelo talento guerreiro, os 
assírios também se destacaram pela habilidade na construção de grandes 
cidades e edifícios monumentais, como atestam as ruínas encontradas em 
Nínive, Assur e Nimrud. 
 
Estabelecido no norte da Mesopotâmia, o império assírio foi uma das 
civilizações mais importantes do Oriente Médio. Os primeiros povoadores 
conhecidos da região eram nômades semitas que começaram a levar vida 
sedentária ao longo do IV milênio a.C. Alguns dados atestam a formação, a 
partir do século XIX a.C., de um pequeno estado assírio, que mantinha 
relações comerciais com o império hitita. No século XV a.C., depois de longo 
período de submissão ao império da Suméria, o estado assírio, com capital 
em Assur, começou a tornar-se independente e a se estender. Puzur-Assur III 
foi o primeiro monarca que, livre da opressão suméria, empreendeu a 
expansão do reino. 
 
Graças ao apogeu comercial, os assírios puderam lançar-se, sob o reinado 
de Shamshi-Adad I (1813-1781 a.C., aproximadamente), às conquistas que 
tanta glória lhes trouxeram. O soberano concentrou esforços na construção 
de um estado centralizado, segundo o modelo da poderosa Babilônia. Suas 
conquistas se estenderam aos vales médios do Tigre e do Eufrates e ao norte 
da Mesopotâmia, mas foram barradas em Alepo, na Síria. Morto o rei, seus 
filhos não puderam manter o império em virtude dos constantes ataques de 
outros povos e dos desejos de independência dos súditos. A Assíria caiu sob 
o domínio do reino de Mitani, do qual se libertou em meados do século XIV 
a.C. 
 
O rei Assur-Ubalit I (1365-1330) foi considerado pelos sucessores o fundador 
do império assírio, também conhecido como império médio. Para consolidar 
seu poder, estabeleceu relações com o Egito e interveio nos assuntos 
internos da Babilônia, casando sua filha com o rei desse estado. Depois de 
seu reinado, a Assíria atravessou uma fase de conflitos bélicos com hititas e 
babilônios, que se prolongou até o fim do século XIII a.C. 
 
Quem afinal conseguiu impor-se foi Salmanasar I (1274-1245), que devolveu 
ao estado assírio o poder perdido. Esse monarca estendeu sua influência até 
Urartu (Armênia), apoiado num exército eficaz que conseguiu arrebatar da 
Babilônia suas rotas e pontos comerciais. 
 
Sob o reinado de Tukulti-Ninurta I (1245-1208), o império médio alcançou seu 
máximo poderio. A mais importante façanha do período foi a incorporação da 
Babilônia, que ficou sob a administração de governadores dependentes do rei 
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assírio. Com as conquistas, o império se estendeu da Síria ao golfo Pérsico. 
Depois da morte desse rei, o poder assírio decaiu em benefício da Babilônia. 
 
Passado um período de lutas contra os invasores hurritas e mitânios, a 
Assíria ressurgiu, no fim do século XII a.C., com Tiglate-Pileser I (1115-1077), 
que venceu a Babilônia numa campanha terrivelmente dura. Após sua morte, 
a Assíria sofreu o domínio dos arameus, do qual não conseguiu libertar-se 
até que Adad-Ninari II (911-891) subiu ao trono. 
 
Tukulti-Ninurta II (890-884) devolveu à Assíria a antiga grandeza e 
submeteu a zona de influência dos arameus, no Eufrates médio. Sucedeu-
lhe Assur-Nasirpal II (883-859), o mais desumano dos reis assírios, que 
pretendeu reconstruir o império de Tiglate-Pileser I e impôs sua autoridade 
com inusitada violência. Foi o primeiro rei assírio a utilizar carros de guerra e 
unidades de cavalaria combinadas com a infantaria. Seu filho Salmanasar III 
(858-824), conquistador da Síria e do Urartu, foi igualmente cruel. 
 
O último grande império assírio iniciou-se com Tiglate-Pileser III (746-727), 
que dominou definitivamente a Mesopotâmia. Sua ambição sem limites o 
levou a estender o império até o reino da Judéia, a Síria e o Urartu. 
Salmanasar IV e Salmanasar V mantiveram o poderio da Assíria, que anexou 
a região da Palestina durante o reinado de Sargão II (721-705). O filho deste, 
Senaqueribe (704-681), teve que enfrentar revoltas internas, principalmente 
na Babilônia, centro religioso do império que foi arrasado por suas tropas. 
 
Asaradão (680-669) reconstruiu a Babilônia e atacou o Egito, afinal 
conquistado por seu filho Assurbanipal (668-627). No ano 656, porém, o 
faraó Psamético I expulsou os assírios do Egito e Assurbanipal não quis 
reconquistar o país. Com esse soberano, a Assíria tornou-se o centro militar e 
cultural do mundo. Depois de sua morte, o império decaiu e nunca mais 
recuperou o esplendor. 
 
2.14.6. A cultura assíria 
 
Fruto das múltiplas relações com outros povos, a civilização assíria alcançou 
elevado grau de desenvolvimento. Entre as preocupações científicas dos 
assírios destacou-se a astronomia: estabeleceram a posição dos planetas e 
das estrelas e estudaram a Lua e seus movimentos. Na matemática 
alcançaram alto nível de conhecimentos, comparável ao que posteriormente 
se verificaria na Grécia clássica. 
 
O espírito militar e guerreiro dos assírios se reflete em suas manifestações 
artísticas, principalmente nos relevos que decoram as monumentais 
construções arquitetônicas. Representam sobretudo cenas bélicas e de caça, 
em que as figuras de animais ocupam lugar de destaque, como no relevo “A 
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História do Mundo Bíblico Antigo 
 
leoa ferida”. Também cultivaram a escultura em marfim, na qual foram 
grandes mestres, como se constata nos painéis de Nimrud, que sobreviveram 
à madeira dos móveis em que eram originariamente incrustados. 
 
A religião assíria manteve as ancestrais tradições mesopotâmicas, embora 
tenha sofrido a introdução de novos deuses e mitos. A eterna rivalidade entre 
assírios e babilônios chegou à religião com a disputa pela preponderância de 
seus grandes deuses, o assírio Assur e o babilônio Marduk. 
 
O império assírio sucumbiu ao ataque combinado de medas e babilônios. Sob 
as ruínas de uma esplêndida civilização, ficou a trágica lembrança de suas 
impiedosas conquistas e da ilimitada ambição de seus reis. 
 
2.15. Egito 
 
Berço de uma das civilizações mais antigas do mundo, o Egito representa 
papel estratégico para a paz mundial no cenário contemporâneo do Oriente 
Médio. 
 
2.15.1. Geografia física 
 
O Egito é um extenso deserto atravessado por um longo e fértil oásis: o

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