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06.3-Nutrição e manejo de bovinos de corte na fase de cria_.docx
Disciplina: Produção de Ruminantes.
Curso: Bacharelado em Medicina Veterinária.
Nutrição e manejo de bovinos de corte na fase de cria:
Introdução:
A fase de cria na bovinocultura de corte corresponde não só aos bezerros e bezerras, mas também às matrizes, às novilhas aptas à cobertura e aos reprodutores.
A melhor época de nascimento coincide com o período seco, quando é baixa a incidência de doenças, como a pneumonia, e de parasitos, como carrapatos, bernes, moscas e vermes. A nutrição da vaca de corte é a grande responsável pela resposta adequada em kg de bezerro desmamado/ano. Deste modo, a recomendação é que o rebanho de matrizes tenha em média 5 a 7 pontos de escore de condição corporal ao parto.
Os produtores e técnicos devem buscar novas tecnologias para superar os desafios inerentes à bovinocultura de corte atual. Deste modo, é de suma importância que se volte a atenção para a fase de cria, pois é daí que se obtêm os produtos, podendo ser maximizados os índices reprodutivos de suas vacas.
O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo e os índices de produção e produtividade estão se elevando a cada dia e grandes são os esforços e políticas públicas para que esse empreendimento saia do modismo e se mantenha como renda líquida para o país. O crescimento vertiginoso das exportações de carne pelo Brasil mexe com mercados de outros países, como a Austrália, os Estados Unidos e a Comunidade Européia. As relações internacionais se tornam cada vez mais competitivas, à medida que melhoramos nossos produtos e alcançamos novos nichos de mercado como o Oriente Médio e a Ásia. Grandes obstáculos devem ser transpostos nesse sentido, tais como melhoria: da malha viária; organização industrial (principalmente no que diz respeito à avaliação e tipificação de carcaças, por intermédio de incentivos para o produtor); barreiras sanitárias; dentre outros. 
Os atuais ganhos de peso vivo diários (aproximadamente 0,5 kg/dia) obtidos pelos nossos animais (até em sistemas bem tecnificados - abate com 24 a 30 meses com 16@) são insuficientes para produzir carcaça de alta qualidade, ou seja, um novilho jovem com menos de 24 meses e com boa cobertura de gordura e marmorização. 
Atualmente, não só o volume de produção é necessário, mas a qualidade também, na medida em que a ordem vigente é da “fazenda para o garfo”.
Outro aspecto relevante em termos de eficiência é a taxa de abate bovina brasileira (24%). Quando se analisa esse índice zootécnico em nosso país, verifica-se que nos encontramos abaixo de países como Itália (62%), México (42%), Nova Zelândia (40%), Austrália (32%) e Estados Unidos (36%). Desse modo, é possível aumentar nossa taxa de desfrute quando comparados a outros países. 
Certamente, deve-se levar em consideração que os sistemas de produção dos países acima citados são diferentes dos adotados no Brasil, porém, pode-se inferir que, como a maior parte da nossa produção é a pasto, esse deve ser o principal foco de mudança para se alcançar eficiência.
Condição corporal das matrizes: 
Segundo Wettemann (1994), para que os objetivos da estação de monta sejam atingidos, é necessário que a condição corporal das matrizes seja monitorada. O escore de condição corporal foi uma ferramenta inicialmente utilizada para monitorar as reservas corporais em vacas de leite, cuja escala varia de 1 a 5. 
Posteriormente, a tecnologia passou a ser adotada como ferramenta de avaliação das reservas energéticas, principalmente de tecido adiposo de vacas de corte. Contudo, a escala de observação é mais detalhada, possivelmente, devido às diferenças de angulosidade, entre vacas leiteiras e de corte. Assim, o escore de condição corporal de matrizes para carne varia de 1 a 9. 
1-Debilitada:
A vaca está extremamente magra, sem nenhuma gordura detectável sobre os processos vertebrais espinhosos e transversos, sobre os ossos da bacia e costelas. A inserção da cauda e as costelas estão bastante proeminentes. 
2-Pobre:
A vaca ainda está muito magra, mas a inserção da cauda e as costelas estão menos projetadas. Os processos espinhosos continuam, mas já se nota alguma cobertura de tecido sobre a coluna vertebral. 
3-Magra:
As costelas ainda estão individualmente perceptíveis, mas não tão agudas ao toque. Existe gordura obviamente palpável sobre a espinha e sobre a inserção da cauda e alguma cobertura sobre os ossos da bacia. 
4-Limite:
Individualmente, as costelas não são mais tão óbvias. Os processos espinhosos podem ser identificados com um toque e se percebe que estão mais arredondados. Existe um pouco de gordura sobre as costelas, os processos transversos e os ossos da bacia. 
5-Moderada:
Possui boa aparência geral. À palpação, a gordura sobre as costelas parece esponjosa e as áreas nos dois lados da inserção da cauda apresentam gordura. 
6-Moderada Boa:
É preciso aplicar pressão firme sobre a espinha para sentir os processos espinhosos. Há bastante gordura palpável sobre as costelas e ao redor da inserção da cauda. 
7-Boa:
A vaca tem aparência gorda e claramente carrega uma grande quantidade de gordura. Sobre as costelas sente-se uma cobertura esponjosa evidente e também ao redor da inserção da cauda. De fato começam a aparecer "cintos" e bolos de gordura. Já se nota alguma gordura ao redor da vulva e na virilha. 
8-Gorda:
A vaca está muito gorda. É quase impossível palpar os processos espinhosos. Possui grandes depósitos de gordura sobre as costelas na inserção de cauda e abaixo da vulva. Os 
9-Extremamente gorda:
A vaca está evidentemente obesa com a aparência de um bloco. A estrutura óssea não está muito aparente e é difícil de senti-la. A mobilidade do animal está comprometida pelo excesso de gordura. 
Manejo na fase de cria:
Maternidade:
Durante a fase de cria é que ocorrem as maiores perdas na Bovinocultura de Corte. Tais perdas podem chegar a 15% e, com isso, deve ser feito o possível para evitá-las. Convém salientar que o dever do produtor ou técnico não se restringe apenas a evitar mortalidade, mas também garantir a produção de um bezerro saudável e pesado à desmama. Desse modo, os cuidados necessários se iniciam de 15 a 30 dias pré-parto quando, na maioria das, levam-se as vacas para o piquete maternidade. 
A maternidade corresponde então ao período em que as vacas são conduzidas a tal piquete até os 45 dias de vida dos bezerros. Um manejo que pode ser adotado, quando não se têm limites de área para maternidade na propriedade, é combinar o período de vacinação da vacada contra paratifo, com a condução das vacas ao piquete de maternidade. Assim, com uma única movimentação das matrizes atendem-se aos dois propósitos. Geralmente a vacinação acontece 30 dias antes do parto, por essa questão, há necessidade de mais área para piquete(s) de maternidade. 
Dois pontos importantes devem ser observados no momento da vacinação, o primeiro diz respeito ao cuidado meticuloso que se deve ter com as matrizes com objetivo de evitar abortos. Nesse sentido, a mão-de-obra deve ser treinada e conscientizada a trabalhar com os animais com o mínimo de estresse possível. O segundo ponto a ser observado é a importância da escrituração zootécnica, de modo que se tenha em mãos a tabela das datas prováveis de partos da vacada, para, então, fazer a vacinação e condução ao piquete de maternidade na data correta, organizando, dessa maneira, os lotes de vacas em função da data provável de parto e também da ordem de parto.
Nessa etapa é muito importante que se estruture adequadamente a mão-de-obra, o manejo e a assistência técnica de maneira persistente, metódica e contínua, uma vez que nessa fase a matriz, principalmente a primípara, está em um momento de intensas mudanças metabólicas devido à proximidade do parto. Ademais, a cria, na fase de maternidade, está altamente sensível ao estresse ambiental,
já que seu sistema digestório, bem como o imunológico, não estão completamente estabelecidos. Outro aspecto importante é o ambiente para maternidade, ou seja, o local deve ser arejado, bem drenado, sombreado, pasto baixo facilitando a visualização do bezerro, sem grotas (ou com cercas em volta), sem acesso a rios ou represas, dentre outros. 
Quanto aos pastos, recomendam-se forrageiras de hábito de crescimento prostrado, com boa densidade e massa de forragem e, também, resistência a altas taxas de lotação temporárias. O Gênero Cynodon, tem se mostrado muito eficaz, principalmente a grama estrela roxa (C. nelemfuensis), pois suprem as exigências acima, mas apresentam como principal desvantagem a forma de plantio, que deve ser por via vegetativa. O gênero Brachiária tem sido o mais utilizado, apresentando como vantagens, além das anteriores, a facilidade de implantação e baixo custo de manutenção, entretanto, são conhecidos por apresentarem de médio a baixo valor nutritivo e, em algumas situações, problemas de toxidez (fotossenbilização hepatógena). 
A escolha do pasto a ser utilizado nessa fase torna-se dependente das condições gerais de estrutura da propriedade. 
Ingestão de colostro:
Durante a gestação o bezerro não recebe anticorpos por via transplacentária e, na fase pós-natal, leva algum tempo para produzir um sistema de defesa imunológico próprio. Sendo assim, nesse intervalo a cria fica sujeita a patógenos ambientais que propiciam doenças infecto-contagiosas consideráveis para a mortalidade até a desmama. Todavia, a absorção de colostro pelos enterócitos do bezerro é decrescente à medida que se passam as horas após o nascimento. A primeira ingestão do colostro deve ser o mais rápida possível (2 a 3 horas após o nascimento) e abundante (pelo menos 1 litro durante estas 2 a 3 primeiras horas). Como, normalmente, o número de matrizes na propriedade de corte é alto, é preciso assegurar que o materneiro (funcionário responsável pelo gado na maternidade) dedique tempo a observar bezerros com sinais de que não consumem colostro rapidamente, com os que demoram em se levantar ou bezerros com fraqueza ou debilidade. Nessa situação é necessário que o materneiro intervenha, sendo o procedimento mais comum conduzir a vaca ao curral, colocá-la no tronco de contenção e colocar o bezerro para mamar. Esse tipo do manejo exige grande perícia, pois se for mal executado pode levar a vaca a rejeitar seu bezerro. Se ocorrer rejeição, é necessária a administração de colostro via mamadeira, oriundo de um banco de colostro previamente armazenado. É importante que o colostro originário do banco seja formado por um pool de colostros de várias vacas, tendo no máximo um ano de coletado, preferencialmente, de vacas mestiças destinadas à produção de leite, com vistas a elevar a variabilidade de imunoglobulinas, o que proporciona maiores oportunidades de defesa para o bezerro. Daí a grande importância de vacas de leite na propriedade.
Essa situação de problemas no consumo inicial do colostro pode ser advinda de partos distócicos (que esgotam o bezerro e estressam a vaca), baixa condição corporal da vaca ao parto, predadores (cachorros, aves de rapina etc).
Cura do Umbigo:
De modo a se obter sucesso no bom desenvolvimento sanitário do bezerro, deve-se proceder a “cura do umbigo”, de modo a evitar a contaminação com agentes patogênicos externos. O umbigo é, durante a gestação, a porta de entrada de nutrientes enviados pela mãe para a cria e, também, via de fluxo de metabólitos e CO2. Assim, miíases (bicheiras) podem se instalar e a proliferação bacteriana pode atingir uma série de órgãos do recém-nascido, havendo risco de morte. 
A Universidade de Wisconsin realizou um estudo, mostrando efeitos da desinfecção ou cura do umbigo sobre a mortalidade e a incidência de pneumonia em bezerros e a importância desta prática para garantir a saúde das crias. 
O Centro Nacional de Pesquisa em Gado de Corte (CNPGC) da EMBRAPA (2000) recomenda que em fazendas com estação de nascimento bastante curta, e um grande número de bezerros, deve-se aplicar 1 ml de vermífugo, à base de Ivermectina, para 50 Kg de peso vivo pela via subcutânea, para evitar bicheiras por um período maior, facilitando assim o manejo. É importante observar que, sempre que for necessário, laçar e arrastar um recém-nascido, evitando que o umbigo do animal se arraste pelo chão, o que pode causar sérias contaminações. 
Manejo alimentar durante o aleitamento:
Uso de cochos privativos (creep feeding): 
Creep feeding pode ser definido como a prática de administrar alimento suplementar (concentrado energético ou grãos) a bezerros antes do desmame. O suplemento deve ser fornecido de maneira que os animais adultos não o consumam. Com a utilização do creep feeding é possível aumentar os ganhos de peso pré-desmame e peso ao desmame, além da redução da mortalidade de bezerros nessa fase. O maior peso se dá porque nesse período ocorre o máximo crescimento muscular e uma continuação no crescimento ósseo. No creep feeding, a alimentação deve ser realizada utilizando-se conceito sobre efeitos associativos entre os alimentos concentrados. 
Considerando que, durante a alimentação, os bezerros ainda não estão com seu rúmen plenamente desenvolvido, os grãos de cereais, principalmente o milho, devem ser pouco processados, sofrendo uma moagem grosseira, evitando a acidose. Se os bezerros têm acesso a suplementos antes da desmama, eles se acostumarão a consumir mais grãos e também serão menos dependentes do leite da vaca. Bezerros que estão no sistema sofrem menos estresse na desmama, se adaptam mais facilmente a programas de confinamento e recuperam peso mais rapidamente após estresse. Também se apresentam menos susceptíveis a problemas de saúde. 
Algumas das desvantagens do creep feeding se evidenciarão após o desmame caso os bezerros tenham recebido suplementação com excesso de energia e/ou apresentem consumo excessivo (> 1,5 kg/animal/dia) do suplemento naquele período, já que, com isso podem depositar mais tecido adiposo em detrimento do tecido muscular. O ganho extra no final do creep feeding pode resultar em ganhos mais lentos e onerosos durante o período subseqüente. A baixa eficiência de bezerros de creep feeding em confinamento depende se o suplemento promoveu crescimento muscular e esquelético ao invés de gordura. Se os bezerros depositaram muita gordura, o desempenho no confinamento será menor. Recomenda-se fornecer diariamente de 0,5 a 1,0% do peso vivo do bezerro em concentrado. A média do consumo durante o período de fornecimento será de 0,6 a 1,2 kg de concentrado/animal/dia. A sugestão dos teores de nutrientes é de 75 a 80% de NDT e de 18 a 20% de proteína bruta. Como exemplo, a composição pode conter aproximadamente 78% de milho, 20% de farelo de soja, 2% de calcário calcítico e 1% de mistura mineral. É importante lembrar que a recomendação da composição e dos teores de nutrientes do concentrado para diferentes propriedades pode variar em função da taxa de ganho, da quantidade de leite produzida pelas mães e, principalmente, da quantidade de forragem disponível e da qualidade da forragem, lembrando que os bezerros possuem hábito de pastejo seletivo e que, portanto, na amostragem deve-se procurar colher amostras representativas da forragem que está sendo pastejada (Rodrigues & Cruz, 2003). 
Amamentação controlada: 
Ao optar por esta tecnologia, o manejo possibilita a permanência do bezerro com a mãe durante dois curtos períodos do dia, entre as 6 e 8 horas, e das 16 às 18 horas, a partir do 30º dia de vida. Permite então um acesso limitado do bezerro à amamentação. Irá poupar a mãe de freqüentes mamadas, com considerável aumento nos índices de manifestação de cio e de prenhez, independente da estação do ano, acostumando também o bezerro a desmama definitiva. Cuidados especiais devem ser tomados com os bezerros de novilhas de primeira cria, pois como produzem menos
leite do que vacas adultas, os bezerros poderão ter seu desenvolvimento prejudicado, se não forem suplementados adequadamente durante as primeiras semanas. Entretanto, devido ao aumento do trabalho e da necessidade de se respeitar relativamente os horários, esta é uma prática considerada inviável para grandes rebanhos de bovinos de corte, sendo mais indicado para pequenos rebanhos. Gonçalves et al. (1981) avaliaram a porcentagem de cio e de prenhez de vacas aneloradas de acordo com o método de amamentação tradicional ou duas vezes ao dia e observaram maior porcentagem de cio e de prenhez quando a mamada controlada foi utilizada. Tais resultados se explicam pelo fato da ausência da cria estimular pulsos de LH e, conseqüentemente, elevar a atividade reprodutiva. 
Desmama temporária ou interrompida: 
A adoção da desmama temporária é uma prática fácil e de custo baixo, utilizada para melhorar a fertilidade das matrizes. Faz-se a separação entre bezerro e a mãe por 48 a 72 horas, a partir do 40º dia após o nascimento (recomenda-se utilizar a mudança da maternidade para a fase do aleitamento). Algumas propriedades adotam a separação durante 96 h, contudo, deve-se lembrar que as crias devem estar bem robustas para suportarem o estresse ocasionado por período tão longo distante das matrizes. A desmama temporária pode elevar a taxa de concepção das fêmeas em até 30%, mas a eficiência desse processo é dependente do estado corporal da matriz. Vacas com baixo estado corporal não terão boas respostas ao método (pois necessitam estar em regime de ganho de peso), sendo recomendável, nesse caso, a desmama precoce. 
Vacas em bom estado nutricional já estarão manifestando cio regularmente e a desmama temporária não irá melhorar a taxa de prenhez. Essa prática terá seu efeito potencializado quando a condição corporal é regular, com fêmeas em regime de ganho de peso. A desmama temporária, quando associada ao tratamento com hormônio para indução das fêmeas ao cio, tem sido denominada "Shang", e tem como objetivo principal concentrar a manifestação desses cios em um curto espaço de tempo (sincronização). A vantagem dessa associação é facilitar a utilização da inseminação artificial. Isso, no entanto, onera o processo, além de aumentar o trabalho (aplicação do hormônio) no manejo dos animais. No entanto, devido ao aumento da concentração do cio das vacas aptas à reprodução no início da estação de monta, vai haver inúmeras vantagens para o sistema de cria, como já discutido anteriormente. Sendo assim, a técnica tem sido muito recomendada. Cabe lembrar que os resultados desse investimento são extremamente dependentes da condição corporal das vacas no momento da utilização, bem como da disponibilidade de alimentos após o seu emprego. Soto-Belloso et al. (2002) observaram diminuição no período de serviço de vacas submetidas ao desmame temporário, resultante do aumento nos picos de LH devido ao distanciamento mãe-cria (Tabela 14). 
Uma alternativa para realizar a desmama temporária, mas com grandes implicações no peso à desmama e no bem-estar animal, seria manter o bezerro ao pé da vaca, impedindo a amamentação mediante a aplicação de uma tabuleta no focinho do bezerro com 3 a 4 meses de idade, por um período de 7 a 13 dias. Essa prática, apesar de aumentar as taxas de fertilidade nas vacas, reduz significativamente o peso dos bezerros, a desmama definitiva (por volta de 7 meses de idade) quando comparada a desmama tradicional, ou desmama temporária com separação dos bezerros por 72 horas sem uso da tabuleta.
Desmama Tradicional: 
Segundo o CNPGC-EMBRAPA (2000), considera-se como desmama tradicional aquela realizada quando os bezerros têm entre 6 e 8 meses de idade, no momento em que já podem ser considerados ruminantes, tendo plena condição de utilizar forragens sólidas, como única fonte de energia, e proteína, como nutrientes. No caso da Desmama Tradicional, o bezerro perde o leite de súbito e é obrigado a suprir todas as necessidades de energia e de nutrientes por meio do único alimento disponível: o pasto. Normalmente, opta-se pela Desmama Tradicional em épocas ou em condições onde se prevê que as condições climáticas favorecerão o desenvolvimento normal das pastagens, quando na estação do ano anterior houve disponibilidade de chuvas e forragens, não havendo sobrecarga nas pastagens, e tudo indicando que as chuvas que marcam o início da estação chegam na época normal, na estação que irá iniciar. Além disso, as vacas devem estar em bom estado corporal, capazes de ciclar normalmente, sem a necessidade de qualquer incremento no seu manejo para que os cios pronunciem ou que, quando houver necessidade, essa se justifique economicamente. Na escolha pela Desmama Tradicional deve se levar em conta o baixo custo, bem como a maior facilidade de manejo e menor estresse dos animais (os bezerros, na idade de 6 a 8 meses, já são ruminantes, ou seja, já fazem uso de forrageiras em sua alimentação, mesmo antes de serem separados das mães).
Desmama precoce: 
Nesta prática, separam-se os bezerros das mães bem mais cedo, quando estão com cerca de 90 a 120 dias ou, mais precisamente, quando estão com peso superior a 90 kg. Para realizar a Desmama Precoce, deve-se garantir que: os bezerros estejam pesando mais de 90 kg; já estejam adaptados ao creep feeding; haja pastos diferenciados para os animais desmamados precocemente; os bezerros sejam suplementados com ração concentrada até os 5 - 6 meses de idade; e, sempre que possível, seja utilizado sistema de creep-feeding na fase pré-desmama. Antes de começar a desmama, quando os bezerros tiverem cerca de 60 dias de idade, começa-se a fornecer ração concentrada e mistura mineral, de preferência no sistema creep-feeding, pois como a ração será muito palatável, as vacas comerão tudo antes de suas crias, se tiverem acesso.
 Estes cochos deverão ser colocados próximos às aguadas. O consumo de ração, bem como de suplemento mineral, nessa fase, será muito baixo, mas terá por finalidade preparar o bezerro para o desmame que ocorrerá entre 90 e 120 dias de idade. A água deverá ser fornecida à vontade e com fácil acesso aos animais jovens, desde o nascimento. Deve-se considerar que esse tipo de desmama utilizado visando uma recuperação corporal mais rápida das mães, fazendo com que manifestem cio. A desmama precoce é uma boa opção quando se trata de novilhas de primeira cria, cujo desenvolvimento ainda é incompleto na primeira parição e, com as exigências de crescimento, gestação e posteriormente com a manutenção de sua cria, encontram-se em estado corporal inadequado para manifestarem cio normalmente durante a estação. Se essas novilhas, também chamadas de primíparas, não receberem cuidados especiais, poderão entrar na estação de reprodução sem condições de manifestarem cio, sendo provável que só entrem em reprodução numa próxima estação elevando a idade do primeiro parto a até cerca de 36 meses. Por outro lado, também é uma boa opção para anos em que a estação seca se prolonga, quando há escassez de alimentos. Nesse caso, as vacas, se não forem separadas de suas crias, não entrarão na estação de reprodução em estado corporal que possibilite manifestar cio. Na medida em que se reduz a idade de desmama de seis para três meses, Gonçalves et al. (1981) observaram que, tanto as percentagens de manifestação do cio como a de prenhez são superiores. Contudo, deve-se salientar que a condição corporal das vacas ao parto é uma fonte de variação que influencia os resultados. Certamente, matrizes que parem com péssimo escore corporal demandam mais tempo para restabelecer a atividade reprodutiva. Desse modo, quando a meta é a otimização do sistema de produção, a desmama aos três meses de idade deixa de ser vantajosa. Para que a desmama precoce produza resultados satisfatórios, em termos de elevados índices de concepção sem prejuízo do desenvolvimento dos bezerros, terá que ser efetuada com animais de idade inferior a três meses (Valle et al., 1998). 
Manejo
das vacas: 
Após a separação dos bezerros, as vacas seguirão imediatamente para pastos próximos à sede que possuam cercas de boa qualidade e, de preferência, com madeira no último fio, onde ficarão por cerca de uma semana, até que esqueçam de seus bezerros. Durante esse período, elas deverão ser observadas diariamente para que, caso se prendam às cercas em busca de suas crias, sejam tomadas as devidas providências. Após esse trabalho, as vacas serão encaminhadas para os pastos onde serão manejadas durante a estação de reprodução.
Estresse à desmama: 
Considera-se "Estresse à Desmama" uma situação na qual, logo após a desmama, evidencia-se nos bezerros a perda de peso e maior susceptibilidade a doenças e parasitoses. A desmama consiste em uma separação abrupta dos bezerros de suas mães, ocorrendo, normalmente, em nosso país, no início da estação seca (entre março e julho). Além do estresse "emocional", o animal jovem é privado do leite que, apesar de pouco, ainda corresponde a um alimento de alta digestibilidade e com relativa concentração de nutrientes. Logo em seguida, tem à sua disposição um pasto amadurecido, com baixa disponibilidade, pobre em nutrientes e reduzida digestibilidade. O esforço distendido na adaptação a esse tipo de pastagem provoca um estado de estresse físico, com considerável prejuízo para o seu desenvolvimento. Em se tratando da desmama precoce, a situação é ainda mais grave, tornando-se necessária suplementação alimentar do bezerro. Como os bezerros são muito seletivos no pastejo, existindo disponibilidade de massa e maior percentual possível de folhas, o estresse nutricional pode ser reduzido consideravelmente, através da seleção natural de uma dieta mais rica em nutrientes. Já o estresse emocional é amenizado com a presença de animais adultos (que não as mães dos bezerros) nos lotes de desmama, processo denominado "amadrinhamento". Isso é importante, pois, sendo o bezerro um ruminante, naturalmente, é uma presa e, quando percebe que perdeu a proteção do rebanho adulto, tende a se sentir desprotegido e, com isso, debilita-se. Dessa forma o estresse à desmama não se caracteriza somente do ponto de vista nutricional, mas também psicológico. 
Pesquisadores norte-americanos começaram a estudar o efeito de se permitir o contato entre o bezerro desmamado e sua mãe em relação ao desempenho e comportamento das crias, contudo, vetando a mamada, por meio de cercas de arame farpado trançadas, de modo que haja espaço apenas para a passagem da cabeça do bezerro. O objetivo é diminuir o estresse causado pelo desmame e melhorar o desempenho das crias. 
Stookey et al. (1997) observaram que a separação das crias abruptamente provocou menores ganhos de peso no início da desmama, quando os animais foram comparados com os que tiveram contato social com suas mães, contudo, após 28 dias de desaleitamento, os ganhos de peso diários médios foram iguais estatisticamente. Convém ressaltar que a queda do estresse nos primeiros dias de vida, evidenciada pelo maior ganho de peso nos três primeiros dias, é interessante para evitar que os animais fiquem sujeitos às doenças oportunistas características desse período. Os autores citados também observaram melhoras no comportamento dos animais, tais como: menos bezerros deitados durante o dia e maior tempo despendido para ruminação e consumo por parte dos animais que tiveram contato com suas mães. É importante salientar que não foram encontrados trabalhos como os citados acima em condições brasileiras, tampouco com o gado zebu. Dessa maneira, a recomendação para nossas condições carece ainda de experimentação. Quando se opta pela colocação de bezerros e mães em pastos adjacentes, há necessidade de se fazer cerca reforçada, para evitar não só que os bezerros ultrapassem seus limites, mas também para que não consigam colocar a cabeça entre os fios da cerca e mamem em suas mães. Quando não há possibilidade de reforçar a cerca, é melhor que os bezerros e as mães fiquem o mais longe possível, evitando-se qualquer contato visual, auditivo e olfativo, obrigando os bezerros a esquecerem mais rapidamente suas mães, iniciando logo a ingestão de alimento seco. 
http://www.revistaoes.ufba.br/index.php/rbspa/article/viewFile/706/451
06.5-Manejo Reprodutivo de Gado de Corte_.docx
Curso: Medicina Veterinária 
 Disciplina: Produção de Ruminantes - 7º Período.
Professora: Maria Aparecida Schröder Dutra.
Manejo Reprodutivo de Gado de Corte
O manejo reprodutivo é o arranjo de um conjunto de práticas relacionadas com a reprodução animal, que visam otimizar a eficiência reprodutiva (ER) de um rebanho. Esta, por sua vez, é um índice que expressa o desempenho do manejo reprodutivo de um rebanho e abrange todas as características ligadas à reprodução da fêmea, envolvendo as principais fases da criação, ou seja, desde a desmama até o último parto. Tem como base a alimentação, nutrição e sanidade que sustentam a atividade como um todo. Os maiores índices de ER são obtidos quando se controlam fatores importantes da vida dos animais, principalmente das fêmeas que, pela procriação, regulam toda a produtividade animal. O primeiro passo é desmamar animais saudáveis e precoces. Isso está muito relacionado com a capacidade das fêmeas em criarem bem, ou seja, possuírem boa habilidade materna. Após o desmame, vem a puberdade, que compreende um conjunto de características que sofrem muita influência ambiental e que têm altíssima correlação com idade à primeira cria. Depois, ocorrem os cuidados, principalmente com o manejo antes e depois do parto, onde o período de serviço assume papel fundamental, pois da sua extensão dependerá o intervalo de partos que, por sua vez, é responsável por uma considerável parcela da eficiência reprodutiva de um rebanho.
No momento que vai desde o nascimento até o primeiro parto, a principal ocorrência é a puberdade, fase em que o sistema reprodutor se encontra em formação, culminando com o surgimento do primeiro cio. A puberdade em novilhas de corte ocorre entre 11 a 15 meses.
Após puberdade, vem a primeira monta ou inseminação, seguindo-se a primeira fecundação, culminando com a primeira gestação da fêmea. É um conjunto de acontecimentos novos e vitais na vida do animal que devem ser observados, levando-se em conta, principalmente, a nutrição e a sanidade. Um bom manejo nessa fase prepara a fêmea para uma vida reprodutiva normal e aspectos de manejo importantes devem ser observados, destacando-se o peso e idade à primeira cobrição. Novilhas com baixo peso e sem desenvolvimento de ossatura, compatível com a idade, não devem ser cobertas. A faixa de peso ideal para a primeira cobrição em bovinos de corte é de 300 – 350 kg. Esse peso deve ocorrer, em condições de boa alimentação, por volta dos 18 meses
de idade da fêmea. Após essa fase, vem o pré-parto, ou seja, os dois meses que antecedem o parto, devendo-se tomar algumas decisões importantes de manejo, como: pôr as fêmeas em piquetes separados, com bom pasto, sombra, água à vontade e tranqüilidade que requer toda fêmea gestante. Observar, ainda, que os animais devem apresentar bom estado de carne antes do parto, a fim de parirem sem problemas e terem boa performance reprodutiva no pós parto.
O fecho desse primeiro momento para as fêmeas primíparas, ou seja, que estão parindo pela primeira vez, é a idade à primeira cria (IPC), a qual depende de tudo o que aconteceu nas fases de aleitamento, desmama e puberdade. Tem alta correlação com a vida útil produtiva da fêmea, significando que fêmeas que apresentam o primeiro parto mais cedo, podem ser mais férteis e produzir mais durante a vida útil reprodutiva. Significa precocidade reprodutiva e as novilhas devem ser manejadas com muita atenção, de modo a parirem pela primeira vez até os 27-28 meses.
O segundo momento ocorre ao primeiro parto, todavia, todos os cuidados devem se estender aos outros partos. É a fase em que a fêmea deve ter assistência, ostensiva, se for o caso,
quando necessitar de ajuda, durante ou após o parto, principalmente na assepsia da área genital da mãe e nos cuidados que se deve ter com a cria. 
Um problema de parto pode inutilizar a fêmea para reprodução, do mesmo modo que um corte de umbigo mal feito ou uma secreção que entope as vias respiratórias de um recém-nascido podem causar graves conseqüências, com prejuízos para o criador. Nas áreas de várzea, isso é muito complicado, em virtude das condições naturais em que os animais vivem: alagados, pântanos, lamaçais, grandes distâncias, seca forte, enchentes, etc. É importante que a fêmea tenha todas as condições no pós-parto, principalmente nutricionais. Isso, logo adiante, irá compensar a presença do bezerro, bem como a lactação, pois são fatores que podem interferir no cio e na próxima cobrição, ocasionando um período de serviço e um intervalo de partos mais dilatados.
O terceiro momento é o período que antecede a próxima fecundação (F), o período de serviço - PS, ou seja, é o período que vai do parto à próxima fecundação, dividindo-se em período puerperal (PP), quando ocorre a involução uterina, isto é, a recomposição do sistema genital, principalmente o útero e o restabelecimento da atividade ovariana. As fêmeas que apresentam infecção retardam a involução uterina e aumentam um período de anestro (ausência de cio), dilatando o período de serviço. O serviço (S), propriamente dito, é o período no qual o touro está cobrindo a fêmea, isto é, está em serviço. No caso de ser usada inseminação artificial (IA) o controle desse período é muito mais seguro e o manejo reprodutivo fica mais simples. Na inseminação artificial não se usa fêmea com infecção, enquanto que na monta natural o touro pode disseminar uma doença para as outras fêmeas do rebanho. Um problema ocorrido durante o parto, associado ou não a uma deficiência nutricional, pode alterar totalmente essa fase da criação. A sua importância é fundamental para a lucratividade da fazenda, pois quanto maior for o PS, maior será, também, o intervalo de partos - IDP, e quanto maior for o IDP, menor será a produtividade do rebanho, acarretando sérios prejuízos.
Assim, o período de recuperação do parto deve ser observado rigorosamente, bem como a alimentação antes e depois do parto, e a utilização de reprodutores saudáveis, etc., pois são alguns dos fatores que podem alterar o PS. Para a fêmea conseguir reduzir o IDP próximo ao ideal, terá que parir com boa condição corporal (CC). A CC é o estado de nutrição, ou seja, a reserva de gordura subcutânea que pode ser medida por escores estimados de 1 a 5, sendo CC=1 fêmea caquética e CC=5 obesa. Dessa forma uma boa CC, ao parto, situa-se entre 3,0 a 4,5, sendo que tal intervalo reflete o bom manejo a que os animais estão sendo submetidos, no período pré-parto. 
O quarto momento é, também, um dos mais importantes para a produção animal, pois envolve o IDP - Intervalo de Partos, que depende de outros artifícios de manejo, seja nutricional, reprodutivo e/ou sanitário. O raciocínio sobre o IDP é bastante simples: toda fêmea deve parir todos os anos, ou seja, dar uma cria a cada ano. O IDP é o termômetro fisiológico para todo o manejo reprodutivo, pois um problema ocorrido nessa fase da criação refletirá na relação custo-benefício do negócio pecuária.
O quinto momento é o PSE, ou seja, quando as fêmeas iniciam preparação, visando o próximo parto e devem ser secas, ou seja, apartar os bezerros que ainda estiverem mamando. Após isso vem o reinício de tudo, ou seja, os cuidados com as fêmeas gestantes e assim por diante (voltar para o primeiro momento).
Os cuidados com as fêmeas gestantes, obrigatoriamente passam pela confirmação da gestação, aos 60 dias após a monta ou a inseminação artificial, para que sejam providenciadas as devidas ações preventivas sanitárias, nutricionais e de controle reprodutivo com o final da gestação e início do parto. O manejo sanitário deve ser seguido e o controle de ecto e endo-parasitas, principalmente, com as crias, deve ser bastante rigoroso. 
Conclui-se, assim, que o sucesso na criação depende de manejo e, este, é o homem quem faz, significando que grande parte do sucesso da criação depende dele. 
Para se realizar uma boa administração, visando à obtenção desses resultados, deve-se levar em consideração o seguinte: Realizar anotações de todas as entradas e saídas da propriedade, ou seja,
fazer um livro-caixa; Registrar todos os dados de produção; Observar as alterações climáticas que sempre ocorrem de ano para ano e outros aspectos ambientais, pois podem ser grandes aliados no manejo dos animais; Tratar a fazenda como um negócio, onde a relação custo X benefício deve
ser sempre considerada.
Para que se possa gerenciar com qualidade, há vários tipos de registros, do mais simples (fichas individuais) aos mais sofisticados (computadores). É muito importante que o registro seja confiável e permita que os dados sejam analisados muito tempo depois, além de um bom sistema de identificação do rebanho. É importante adotar-se um caderno de campo, que ficará com o vaqueiro ou inseminador para a identificação da fêmea, cios, serviços e coberturas e suas
respectivas datas e observações (touro, retenção de placenta, sexo da cria, etc.). Deve-se controlar rigorosamente as inseminações com objetivo de controlar e tratar as fêmeas que, cobertas ou inseminadas, retornaram o cio após 30 a 45 dias. Um veterinário deverá proceder ao diagnóstico de gestação e indicar a data provável do parto; se negativo, tentar de forma precoce determinar o
problema. Após o toque, se providenciará uma lista de fêmeas que devem ser secas e aquelas que irão parir nos próximos 15 a 30 dias. Todas as fêmeas com mais de 30 dias pós-parto deverão ser examinadas, assim como aquelas servidas por 3 vezes e que continuam retornando o cio.
As fêmeas com retenção de placenta, com abortamentos ou com descargas fétidas ou purulentas, deverão passar pelo exame de brucelose e, caso positivo numa prova e contraprova, devem ser eliminadas.
Todas as fêmeas com mais de 60 dias pós-parto, que ainda não apresentaram cios ou com ninfomania e também que apresentem descarga anormal (catarro pela vulva), durante o cio, devem ser examinadas, para que seja providenciado o respectivo tratamento ou a sua eliminação do rebanho. Ocorrências reprodutivas anormais, como: retenção de placenta, parto gemelar
ou outros problemas, doenças debilitantes e gestação com cios, não podem ficar muito tempo sem ser examinadas, pois casos assim podem aumentar os custos em relação aos benefícios.
A assistência veterinária a cada visita elimina as causas da infertilidade e ainda recomenda medidas necessárias para obter a máxima performance reprodutiva disponível. A cada visita realizada, os registros da fazenda serão atualizados pelo técnico, acrescentado-se os achados clínicos e tratamentos de ocasião.
Outros aspectos ligados ao manejo reprodutivo
O sistema de monta praticado pela maioria dos produtores é o da monta natural ou livre, onde praticamente não há interferência do homem no processo, mantendo-se uma relação touro/vaca, na ordem de 1:25. Os bezerros nascem durante o ano inteiro, resultando em lotes desuniformes,
em termos de peso, sujeitos a alterações climáticas, maior ou menor
disponibilidade de forragem com bom valor nutritivo. Quando a monta é controlada, os touros são colocados com as vacas por um período limitado de 4 a 6 meses, na mesma relação touro/vaca e têm como principais objetivos aproveitar as melhores épocas para cobertura, nascimentos e a desmama. Esse manejo mostra-se mais eficiente e há grande tendência de tornar-se majoritário, pois evita, principalmente, a mortalidade e o baixo desempenho dos bezerros nascidos ou desmamados nas épocas desfavoráveis. Essas práticas mostram mais eficazes quando adotadas nas regiões mais prejudicadas pelas adversidades climáticas. Apesar de tudo isso, o uso da inseminação artificial é o mais recomendado, todavia a maioria dos criadores
não a adotam por limitações que vão desde o desconhecimento sobre a técnica até a falta de estrutura da propriedade, seja de materiais, instalações e equipamentos, até a falta de mão-de-obra qualificada. Outra tecnologia, a transferência de embrião, que requer um manejo mais tecnificado, é possível apenas para uma minoria de produtores que possuem infra-estrutura adequada. Apresenta a grande vantagem de poder maximizar o desempenho das fêmeas de alto valor zootécnico, permitindo que apenas uma
matriz produza vários bezerros ao ano, pelas receptoras. O sucesso dessa
operação tem aumentado as chances dos produtores obterem grandes lucros na comercialização de produtos de alto valor genético. Num programa de melhoramento genético bem elaborado, é imprescindível a adoção dessa prática, pois permite ao produtor avaliar a eficiência dos touros e
das matrizes na economia da fazenda. Todas as variáveis mencionadas são extremamente importantes para obtenção de sistemas de produção com maior lucratividade e mais estáveis
tecnicamente. Os resultados referentes ao percentual de bezerros nascidos e intervalos entre partos, nos rebanhos criados em sistemas de pastejo rotacionado intensivo, com adubação, variaram de aproximadamente 90% a 93%, e 13 a 14 meses, respectivamente. Além da boa nutrição, a
estreita aproximação dos reprodutores e matrizes estimulam o aparecimento de cios férteis e a cobrição ocorre no momento certo. Portanto, sempre o modelo mais tecnificado mostra-se melhor em termos de eficiência reprodutiva e, consequentemente, apresenta maior rentabilidade. 
Outra variável fundamental para o sucesso da reprodução do rebanho é a seleção criteriosa das características de precocidade sexual e habilidade materna. Essas observações passam despercebidas pela maioria dos criadores, no entanto estão altamente correlacionadas com maior
eficiência reprodutiva dos rebanhos. Muitos trabalhos têm mostrado uma correlação positiva do peso ao desmame do bezerro com as pesagens seguintes. Com relação à precocidade sexual, leva-se em consideração a escolha dos touros e seleção das matrizes. Uma bezerra pode conceber com 12 a 18 meses e parir entre 21 e 27 meses de idade, desde que seja desmamada com mais de 200 kg de peso vivo, por volta dos 8 meses de idade. As bezerras desmamadas mais pesadas seguramente começam a ser coberta mais cedo. 
Após todos os esforços para melhorar o manejo reprodutivo, a fazenda já tem condições de partir para o melhoramento do rebanho, pois a qualidade genética é de fundamental importância para o sucesso da criação e melhoria dos índices de eficiência produtiva dos rebanhos (Tabela 1).
		Tabela 1. Índices da eficiência produtiva/gerais para bovinos de corte.
		Características
		Unidades
		Valor/média*
		Peso ao nascer (PN)
		kg
		33
		Peso à desmama
		"
		210
		Puberdade / 10. Cio fértil
		meses
		15 - 17
		Idade à primeira cria (IPC)
		meses
		24 - 26
		Período de serviço (PS)
		dias
		40 - 65
		Intervalo de Parto (IDP)
		dias
		365
		Peso à primeira cobrição (PPC)
		kg
		300 - 350
		Taxa de desfrute (TD)
		%
		20
		Taxa de natalidade (TN) - Monta natural
		%
		80
		Relação serviço x prenhes - IA
		un.
		1:1. 5
		Peso adulto (PA)
		kg
		> 450
		Circunferência escrotal (CE)
		cm
		> 30
		* / Estes valores são apenas indicadores gerais e o criador deve levar em consideração os dados específicos de cada raça.
Conclusão
O manejo reprodutivo é importante para se obter maior índice de eficiência reprodutiva. Ha um conjunto de artifícios que fazem com que haja maior aproveitamento das habilidades individuais das fêmeas com relação à reprodutividade. Nesse contexto, o desmame de cada animal é importante, bem como um bom manejo nutricional, principalmente na fase da puberdade, o que permitirá maior precocidade ao primeiro parto e, consequentemente, maior vida útil produtiva. Assim, quanto maior for a eficiência reprodutiva de um rebanho, maior retorno econômico financeiro terá a atividade. 
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/BovinoCorte/BovinoCortePara/paginas/manejo_rep.html
6- ESTAÇÃO DE MONTA.docx
Curso: Medicina Veterinária - Disciplina: Produção de Ruminantes – 7º Período.
Professora: Maria Aparecida Schröder Dutra.
ESTAÇÃO DE MONTA (EM):
É um período pré- determinado para o acasalamento entre vacas e touros, utilizado em pecuária de corte. 
É a primeira medida a ser implantada numa fazenda interessada em alcançar elevada produtividade.
As vantagens de se realizar a estação de monta são: Concentração dos trabalhos de monta e inseminação artificial (IA); Concentração da estação de nascimentos; Concentração da estação de desmama; Concentração da terminação; Racionalização da mão de obra; Concentração dos trabalhos de marcação, mochação e castração; Programação de vendas de bezerros ou bois acabados; Previsão da quantidade de animais a serem comercializados. Deve ser implantada no momento de maior oferta de alimentos, ou seja, nas águas, uma vez que o cio depende do aporte nutricional das fêmeas. A EM deve ser implantada inicialmente com no máximo 180 dias e, diminuir anualmente 30 dias, desde que o índice de fertilidade se mantenha, até atingir 90 a 75 dias. Terminada a Estação de Monta, os touros são separados das vacas, e só voltam ao acasalamento na próxima EM. É aconselhável que se faça o diagnóstico de gestação durante a EM, para separar as vacas gestantes e remanejar os touros para outros lotes de vacas. A duração da EM de novilhas deve ser sempre 30 dias menor que a das vacas. A EM das novilhas é mais curta, para dar chance para ela, agora vaca de 1ª cria, se recuperar para a próxima EM, uma vez que ela ainda está em crescimento. O estabelecimento da EM desta forma, permite uma pressão de seleção maior sobre a fertilidade das fêmeas e consequentemente diminuição do período de serviço (período que vai do parto até a próxima concepção) e aumento da eficiência reprodutiva. Esta seleção deve seguir um esquema de descarte, baseado na seguinte proposta: Descarte de todas as novilhas que saírem vazias da EM; Descartar todas as matrizes que ficaram vazias por dois anos consecutivos ou não; Descartar todas as matrizes velhas (+ de 10 anos); Descartar todas as matrizes com defeitos de genital ou não; Descartar matrizes com baixa habilidade materna (produziu pouco leite, desmamou bezerro leve, criou mal o bezerro, recusou o bezerro, etc.); As vacas que saírem vazias da EM e escaparem desta triagem, são entouradas na próxima EM e têm 30 dias para emprenharem. Caso contrário são descartadas. 
Dr. Paulo de Tarso Nammur Med. Vet. - Especialista em Bovinocultura EMATER - MG / ITUIUTABA 
Como planejar o período da estação de monta:
Deixar a tourada solta durante todo o ano como garantia de bezerros nascendo o tempo todo não é a melhor estratégia, advertem especialistas. É bom lembrar que na seca há pouco pasto, o que traz vários prejuízos à nutrição da vaca em lactação, atrasando o seu retorno ao cio e prolongando o intervalo entre partos. Para evitar essa e outras situações que colocam em risco a produtividade é que eles recomendam a estação de monta. “O resultado será uma bezerrada uniforme, menos mortalidade e maior peso à desmama, explica Alexandre de Campos Gonçalves, engenheiro agrônomo da Projepec Projetos e Consultoria Agropecuária, de Piracicaba, SP. Ele recomenda a redução gradual do período de exposição dos touros à vacada. Um bom começo é adotar uma estação de monta de seis meses, que será reduzida em cerca de 1 a 2 meses por ano até que se atinja a duração pretendida de 60 a 90 dias. Reduções bruscas podem comprometer a fertilidade do rebanho e a sua taxa de natalidade. Gonçalves destaca que em propriedades altamente tecnificadas, com os rebanhos selecionados apresentando fertilidade acima
de 90%, é possível considerar uma estação de monta ainda menor, oscilando entre 45 a 60 dias. O melhor a fazer, segundo ele, é avaliar a curva histórica de preços da região da fazenda, compará-la com as oscilações climáticas e determinar a época mais propícia para os nascimentos. O melhor, segundo ele, é concentrar a estação de monta na estação chuvosa, com melhores pastos. Os partos então ocorrem no final da seca, com baixa incidência de doenças, como a pneumonia, e de parasitas, como carrapatos, bernes, moscas e vermes. Além disso, é nessa época que o capim rebrota, ressurgindo com qualidade elevada, capaz de nutrir as matrizes em fase de lactação. A desmama então ocorrerá no início da seca.
7-SANIDADE DO REBANHO-Material Para Acadêmicos_.docx
Curso: Medicina Veterinária - Disciplina: Produção de Ruminantes – 7º Período.
Professora: Maria Aparecida Schröder Dutra.
Capitulo II - SANIDADE DO REBANHO BOVINO
SANIDADE DA VACA GESTANTE
Alguns cuidados são fundamentais para garantir a saúde da vaca gestante:
a) A lactação deve ser encerrada, quando faltarem 60 (sessenta) dias para o parto. Neste período, a glândula mamária se recupera, o feto se desenvolve, a vaca acumula reservas para o próximo período de lactação e obtêm-se boa produção de colostro.
b) O estado corporal deve ser controlado pela alimentação e mantido num escore entre 3,5 e 4,0, para que a vaca esteja no peso adequado no momento da parição.
c) A vaca deve ser separada em piquete ou pasto-maternidade, 30 (trinta) dias antes do parto. Este procedimento possibilita a observação diária, o fornecimento adequado de alimentação e o acompanhamento no momento do parto.
d) Os ectoparasitas (bernes e carrapatos) devem ser moderadamente controlados. Deve-se usar pulverização leve e sempre que possível evitar os defensivos.
e) No 8º mês de gestação deve ser aplicada uma dose de vacina contra o Paratifo ou Pneumoenterite, segundo as recomendações do técnico e/ou laboratório quanto à dosagem e forma de aplicação.
CUIDADOS COM BEZERROS LOGO APÓS O NASCIMENTO
O umbigo deve ser cortado com tesoura "cega", deixando um coto de cerca de 2 a 3 cm, que deve ser mergulhado em uma solução de iodo, repetindo esta operação por 3 a 4 dias, até a completa cicatrização;
A solução recomendada é assim constituída:
Iodo metálico ............................... 65g
Iodo de sódio ............................... 25g
Água destilada .........................100 ml
Álcool 99º GL ................. gsp 1000 ml
Usar um frasco de boca larga, escuro, para manter esta solução e facilitar a operação de desinfecção.
O bezerro deve ingerir no mínimo 1,5 kg de colostro, até 6 horas após o nascimento. Se isto não for possível de forma natural, o vaqueiro, retireiro ou criador deve interferir para que o bezerro não fique sem receber o colostro;
Após o corte e cura do umbigo, e a ingestão do colostro, o bezerro deve ser pesado e identificado, registrando-se os seguintes dados: data de nascimento, peso ao nascer, nome da mãe e do pai;
Os bezerros devem ficar à vontade com a vaca durante as 24 horas após o nascimento, para que possa ingerir o máximo possível de colostro;
Enquanto durar o período de colostro o bezerro deve mamar pelo menos 2 a 3 vezes/dia. Após este período, o bezerro deve receber de 3 a 4 litros de leite por dia, sendo que a partir da segunda semana de vida ele deve ter à sua disposição, concentrado de boa qualidade, água limpa e potável, mistura mineral e volumoso de boa qualidade;
Os bezerros devem ser vacinados contra a Pneumoenterite aos 15 dias de idade, recebendo um reforço entre 30 e 45 dias de idade.
DOENÇAS E MEDIDAS GERAIS DE CONTROLE
Onfaloflebite 
É a infecção do umbigo dos bezerros recém-nascidos, impedindo sua cicatrização, predispondo o animal a infecções e comprometendo seriamente sua saúde.
A onfaloflebite ocorre pelo contato direto com o ambiente no momento do parto ou nas instalações onde o animal é colocado logo após o nascimento.
Os principais sintomas são:
Espessamento do cordão umbilical, edema da região, febre, apatia e inapetência do animal.
O tratamento recomendado baseia-se na limpeza do local com aplicação de soluções antissépticas e repelentes, no uso de antibióticos, e, nos casos considerados graves, e caso haja aparecimento de hérnia, recomenda-se a cirurgia.
O umbigo é a porta de comunicação entre o feto e a mãe durante a vida uterina. O cordão umbilical é o canal que permite o transporte do sangue materno arterial ao feto mantendo a vida. Logo após o parto esta comunicação é interrompida. O cordão involui rapidamente e as artérias e veias, que aí existem, fecham-se, assim como os músculos se unem numa massa muscular protetora. Durante este processo (embroa rápido) o umbigo, se não tratado adequada-mente e o quanto antes, se constitui numa porta de entrada de germes que provocam a infecção local (Onfaloflebite) e doenças de um modo geral.
A onfaloflebite pode ser evitada, com o corte e a cura do umbigo logo após o nascimento, o uso de antissépticos e repelentes até completa cicatrização e a manutenção das instalações em bom estado de higiene.
Colibacilose 
É também conhecida como "Curso de Leite", "Curso Branco", "Diarréia Branca" e "Diarréia de Leite", e ocorre com mais freqüência nas 3 (três) primeiras semanas de vida do bezerro.
Tem como causa principal a ingestão excessiva de leite, criando um desequilíbrio orgânico, que favorece a ação do agente infeccioso, que no caso é a bactéria Escherichia coli.
Os principais sintomas são:
Febre, inapetência, apatia, diarréia de cor esbranquiçada e odor fétido, pele sem elasticidade, pêlos secos e quebradiços, afundamento dos olhos e extremidades frias.
A colibacilose pode ser evitada administrando o colostro nas primeiras 6 horas de vida, procedendo ao tratamento adequado do umbigo, mantendo as instalações e equipamentos utilizados e rigorosamente limpos, separando os bezerros por faixa etária, isolando os animais doentes e em tratamento, fornecendo adequada alimentação.
O tratamento consiste em suspender a alimentação de 12 a 24 horas, reidratar e alimentar o animal através de soros glicosados, utilizarem antibióticos e/ou sulfas com protetores da mucosa intestinal.
Após o desaparecimento dos sintomas a alimentação deve ser restabelecida com critério.
Coccidiose ou Eimeriose 
A coccidiose é uma enterite hemorrágica, seguida de diarréia de sangue e por isto é também conhecida como "Curso de sangue", "Curso Preto" e "Cama de Sangue".
É causada por protozoário do gênero Eimeria, ocorrendo com mais freqüência em animais jovens, de um a seis meses de idade.
A infecção ocorre pela ingestão de água e alimentos contaminados pelas fezes de animais doentes.
Os principais sintomas são:
Inapetência, diarréia sanguinolenta com fezes aquosas e fétidas, anemia severa, grande esforço para defecar, emagrecimento e fraqueza, desidratação, ficando o animal susceptível a outras infecções.
A coccidiose pode ser evitada mantendo os estábulos, bezerreiros, comedouros e bebedouros, rigorosamente limpos e corretamente desinfetados; separando os bezerros por faixa etária e providenciando para que os piquetes tenham boa declividade.
Além da administração de antibióticos, sulfas e reidratante, o animal doente deve ser separado, receber boa alimentação e ter sempre instalações higiênicas.
Salmonelose ou Paratifo ou Pneumoenterite 
É uma doença infecto-contagiosa, que se caracteriza por diarréia e pneumonia e é causada por bactéria do gênero Salmonella sp.. É uma das principais causas de morte entre os bezerros, ocorrendo pela ingestão de água e alimentos contaminados. Esta associada às más condições de higiene, instalações inadequadas e manejo deficiente da criação de bezerros.
O animal doente apresenta:
Grande abatimento, inapetência, sinais de desidratação, lacrimejamento, febre alta (40,5º a 41ºC), diarréia
fétida com fezes acinzentadas e esverdeadas com bolhas de gás.
O tratamento consiste em isolamento do animal, administração de reidratantes, antibióticos, antidiarréicos e antitérmicos.
A salmonelose pode ser evitada mantendo-se as instalações em perfeitas condições de higiene e realizando-se o manejo adequado dos bezerros e das vacas gestantes.
Tristeza Parasitária: Babesiose e Anaplasmose
Ocorre tanto em bezerros como em adultos e é causada por protozoários dos gêneros Babesia e Anaplasma, transmitidos ao animal pela picada do carrapato.
Os protozoários caindo na corrente sangüínea se multiplicam e destroem os glóbulos vermelhos tornando o animal anêmico.
Os animais mais susceptíveis à doença são bezerros colocados em pastagens após uma fase de criação em bezerreiros, animais mantidos confinados por longo período de tempo e aqueles trazidos de regiões onde não existiam o carrapato.
A anaplasmose pode ser transmitida também por agulhas e instrumentos utilizados no manejo da criação.
O diagnóstico destas parasitoses é feito baseado no exame clínico e no exame de sangue, indispensável para diferenciar de outras doenças cujos sintomas são semelhantes, como a Leptospirose por exemplo.
Os animais doentes apresentam febre alta (acima de 40º C), que dura em média três a quatro dias, acompanhada de inapetência, abatemento, taquicardia, sede intensa, focinho seco, lacrimeja mento, pêlos arrepiados, tremores musculares e anemia. A seguir se observa: a urina de cor avermelhada, conjuntiva amarelada, queda da produção de leite, fezes escuras, podendo haver diarréias e aborto.
O controle da tristeza parasitária se faz através do combate ao carrapato e da adoção de um manejo em que os bezerros tenham contato com as pastagens e conseqüentemente com os carrapatos o mais cedo possível, desenvolvendo uma resistência natural.
Quando a doença é identificada a tempo, o tratamento é eficaz. É realizado com drogas específicas de ação direta sobre a babesia e o anaplasma, devem também ser administrados antitérmicos e antianêmicos. 
No caso de anemia profunda recomenda-se a transfusão de sangue.
Carbúnculo Sintomático ou Manqueira
Doença infecciosa de evolução rápida e alta mortalidade que acomete bovinos gordos e jovens (seis meses a três anos).
Causada pela bactéria Clostridium chauvoei a infecção ocorre pela ingestão de alimentos contaminados.
O animal doente manca quando anda, apresenta febre e apatia, inchaço no lombo, coxas, anca e paleta.
O tratamento é feito com antibiótico específico (penicilina) e uso local de água oxigenada, mas só é eficaz se o diagnóstico for feito rapidamente no início da doença.
A doença é evitada através da vacinação que é recomendada no seguinte esquema: vacinação na faixa etária entre quatro a seis meses de idade, reforço à desmama ou aos 12 meses de idade.
Gangrena Gasosa 
É uma doença comum que atinge várias espécies de animais.
É causada pela bactéria Clostridium septicum, que penetra no animal através do contato direto da pele ferida com o solo e/ou fezes contaminadas.
O animal doente fica febril e apáticos no local observam-se ele, bolhas gasosas, corrimento escuro, espumoso e fétido.
Trata-se a gangrena gasosa com penicilina em dosagem elevada e uso local de água oxigenada, no entanto a eficácia do tratamento é comprometida pela rápida evolução da doença.
A vacinação é o único meio de evitar a doença, recomendando-se a vacina polivalente (contra manqueira e gangrena gasosa) de acordo com o seguinte esquema: vacinar todos os animais na faixa etária entre quatro a seis meses e reforço a desmama ou aos 12 meses de idade.
Botulismo
É uma tóxica-infecção causada pela ingestão de toxinas produzidas pela bactéria Clostridium botulinum, encontrada em restos de carcaças, ossos, água estagnada, alimentos deteriorados e mal condicionados como silagem, milho, feno e cama de frango.
O animal doente apresenta paralisia progressiva, que se inicia nos membros posteriores tem um andar duro e cambaleante, dificuldade na apreensão de alimentos, na ruminação e na respiração. Os sintomas podem ser confundidos com a raiva e intoxicação por plantas tóxicas, devendo ser feito o diagnóstico diferencial pelo veterinário.
Não existe tratamento específico, podendo raramente ocorrer recuperação espontânea.
O botulismo pode ser evitado, adotando-se algumas medidas: fornecimento da suplementação mineral, evitando-se principalmente a deficiência de fósforo e conseqüentemente a osteofagia, incinerar e enterrar em local isolado os animais mortos, bem como os ossos na pastagem, evitar alimentos suspeitos de contaminação, utilizando criteriosamente a cama de frango e utilizar a vacinação em áreas de focos e regiões endêmicas.
Leptospirose
Doença infecto-contagiosa causada por bactérias do gênero Leptospira, que atinge todos os mamíferos domésticos, podendo ser transmitida ao homem. Tem grande importância econômica pelos prejuízos que causa devido aos abortamentos, nascimentos de bezerros mortos, diminuição da fertilidade do rebanho e da produção de leite.
A infecção ocorre pela ingestão de água, forragem e concentrados contaminados, por penetração da bactéria através da pele, conjuntiva, via respiratória ou genital.
O animal doente apresenta febre alta, inapetência, mucosas amareladas, sangue na urina, mamite, leite com aspecto de colostro e estrias de sangue e retenção da placenta.
O diagnóstico deve ser confirmado através do exame de sangue, para que o animal seja tratado com estreptomicina em dosagens adequadas ao peso do animal.
Medidas como controle de roedores, proteção dos alimentos e vacinação, podem evitar a doença
Brucelose 
É uma doença de importância econômica, por comprometer a parte reprodutiva do rebanho bovino, causando muitos prejuízos, e de importância social, por ser uma zoonose (transmissível ao homem).
O agente causador é a bactéria Brucella abortus, que penetra no organismo do animal através da ingestão de alimentos e água contaminada, e eventualmente pelo coito ou inseminação artificial.
O homem contrai a doença por contatos diretos com animais infectados, pela ingestão de leite cru ou de subprodutos do leite.
Os sintomas da doença nas fêmeas: aborto do 7º ao 9º mês de gestação; retenção de placenta, infecções uterinas, baixa fertilidade ou esterilidade. Os machos doentes apresentam inflamação dos estacá-los, vesículas seminais e epidídimo, artrites e esterilidade.
O diagnóstico é feito com base no exame clínico e laboratorial (do sangue e leite). Não existe tratamento eficaz, por isso são fundamentais as ações preventivas:
Todas as fêmeas de 3 a 8 meses, devem ser vacinadas pelo veterinário, com vacina específica.
Todos os animais infectados, devem ser identificados através do exame de sangue (hemo-soro-aglutinação) e encaminhados para o abate.
Adquirir animais acompanhados de atestado negativo, recente, para brucelose fornecido pelo veterinário.
Ocorrendo o aborto, o animal deve ser isolado, submetido ao exame de sangue e o feto abortado deve ser cremado ou enterrado e o local por ele contaminado, devidamente desinfetado.
Pneumonia "Pneumoenterite"
A doença é uma infecção comum em bezerros relacionada às condições ambientais e à resistência do animal.
Quase sempre vem associada à diarréia, o que é comumente conhecida pelos criadores como pneumoenterite.
	
Os sintomas principais são:
Tosse, respiração acelerada, corrimento nasal, febre (41,5ºC), falta de apetite e enfraquecimento e morte.
Tratamento: 
O uso de antibiótico de largo espectro e antitérmico é importante.
Como evitar: 
Separação de bezerros novos dos adultos;
Abrigo sem umidade, limpos e não sujeitos a chuva e frio;
Alimentação controlada e eficiente (todos nutrientes...).
Tuberculose 
É uma doença infecto-contagiosa e crônica causada por bactérias do gênero Mycobacterium. Sua importância é fundamental na transmissão
a outros animais e ao homem (Zoonose).
A infecção ocorre por via respiratória, oral e digestiva. Os bezerros são infectados ingerindo leite de vacas contaminadas, assim como o homem também pode contrair a doença, ingerindo leite e seus derivados não pasteurizados.
A tuberculose é mais freqüente na pecuária leiteira, pelo fato dos animais terem uma vida útil maior no rebanho e devido ao sistema de produção adotado (confinamento).
O processo de transmissão da doença é lento, podendo passar despercebido. Alguns animais podem estar infectados sem apresentar sintomas, constituindo-se em portadores e transmissores da doença.
O animal doente tosse, apresenta baixa produção e redução da capacidade reprodutiva, meteorismo crônico, dificuldade na respiração e lesões na glândula mamária.
O tratamento pode ser feito com medicamentos antiinfecciosos específicos, sendo às vezes antieconômico, justificando-se o sacrifício do animal.
Medidas recomendadas para a realização de controle sistemático da tuberculose no rebanho: identificação e eliminação de animais doentes e aquisição de animais acompanhados de atestado negativo de tuberculose fornecido por médico veterinário.
 Mamite 
Inflamação da glândula ma má provocada principalmente por bactérias dos gêneros Streptococcus e Staphilococcus. Pode afetar partes ou a totalidade da glândula mamária e dependendo da manifestação e das alterações que provoca na glândula e no leite se classifica em mamite aguda, crônica ou sub-clínica.
Tem grande importância econômica por interferir na produção do leite, causando muitos prejuízos. Queda na produção, eliminação do leite produzido, depreciação de animais de alta produção; tratamento caro, além de prejudicar o processo industrial.
Na mamite aguda a produção de leite cai, o úbere apresenta-se inchado, avermelhado, quente e dolorido.
Na mamite crônica, a glândula fica endurecida e deformada.
Na mamite sub-clínica, não há sinais aparentes, a não ser na queda de produção de leite, portanto, recomenda-se a utilização de testes específicos.
Não existe tratamento único para mamite, em razão da diversidade de causas. Cada caso deve ser analisado em separado e o tratamento recomendado pelo veterinário.
A doença no rebanho leiteiro pode ser evitada com a adoção de medidas preventivas, tais como: limpeza e higiene nas instalações e no processo de ordenha, uso correto da técnica de ordenha, alimentação adequada, uso periódico do CMT para constatação de mamite subclínica.
Aftosa 
Doença infecto-contagiosa, aguda, epidêmica, causada por vírus de vários tipos e subtipos que acomete principalmente os bovinos.
É disseminada através do vento, água, objetos, veículos de transporte e de animais domésticos e silvestres, que eliminam grande quantidade de vírus pela saliva, leite, urina e fezes. A contaminação ocorre por via oral e respiratória.
Causa grandes prejuízos econômicos pela queda na produção de leite e carne, alta mortalidade de bezerros, atraso no desenvolve-mento dos animais afetados e custos adicionais com o tratamento.
Os animais doentes apresentam febre, debilidade, inapetência, baba intensa, formação de vesícula na mucosa bucal, língua, pele das tetas, coroa dos cascos e tecidos interdigital.
Não há tratamento específico para a aftosa, recomendando-se o isolamento dos animais e tratamento das úlceras.
A aftosa pode ser erradicada através da vigilância sanitária e da vacinação que é obrigatória e direcionada pelos órgãos oficiais do governo responsáveis pela defesa Sanitária Animal.
 Raiva Bovina
Doença infecto-contagiosa, aguda, fatal, causada por vírus que se instala no sistema nervoso central. Constitui-se em grave problema de saúde animal e pública, uma vez que é de alta letalidade para todas as espécies, inclusive o homem.
Os morcegos hematófagos são os principais transmissores da doença, infectando os animais, dos quais sugam o sangue, transmitindo a raiva pela saliva. O período de incubação da raiva é variável e muitas vezes demorado, mas após o aparecimento dos sintomas o animal morre dentro de 10 dias, sendo a média entre 4 e 6 dias.
Os sintomas da raiva são: perda do apetite, inquietação, agressividade, salivação abundante, ranger de dentes e dificuldades de deglutição, andar cambaleante com quedas freqüentes e paralisia.
Não existe tratamento para raiva, cabendo a adoção de medidas profiláticas nas regiões endêmicas, realizando-se a vacinação sistemática e o controle dos morcegos hematófagos.
Pododermatite Interdigital (Necrose do Casco)
 Infecção comum em rebanho leiteiro, geralmente acompanhada pela invasão de outros germes que dificultam sua cura. Normalmente as lesões são superficiais podendo se tornar crônicas causando sérios prejuízos.
O animal doente apresenta inflamação com prurido intenso dos tecidos próximos às unhas (casco), claudicação, espaços interdigitais edemaciados, inapetência, perda de peso e períodos febris.
O tratamento consiste na utilização de pedilúvios contendo 5% de sulfato de cobre e 95% de cal hidratada, e na administração de doses elevadas de sulfa via endovenosa. Tem-se usado o Tylan 200 via endovenosa, com bons resultados. Recomenda-se a impermeabilização das entradas de acesso às instalações e evitar que os animais tenham acesso a locais úmidos com grande concentração de esterco.
 Papilomatose ou Figueira ou Verruga
Doença infecto contagiosa, freqüente em animais jovens, causada por vírus, cuja transmissão ocorre geralmente por contato direto de animais sadios com os contaminados.
O animal doente apresenta verrugas geralmente na parte dorsal do pescoço e cabeça, na glândula mamária e tetas.
O tratamento é cirúrgico com estirpação das verrugas e uso de vacinas autógenas, tem mostrado eficaz, bem como uso de pastas tipo papilomax.
BIBLIOGRAFIA
EMATER-MG e D4- Videographics . Bovinocultura: Tecnologia de produção, gerenciamento e comercialização. CD-ROM, 1ª edição.

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