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Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Minas Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Ensaios Mecânicos de Materiais Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria Sala: e-mail: geraldolfaria@yahoo.com.br Laboratório de Tratamentos Térmicos e Microscopia Óptica Capítulo 3 – ENSAIO DE COMPRESSÃO 1 3.1 – O Ensaio de Compressão Definição: O ensaio de compressão consiste na aplicação de carga de compressão uniaxial crescente em um corpo de prova padronizado. A deformação linear , obtida pela medida da distância entre as placas que comprimem o corpo versus a carga de compressão consiste na resposta desse ensaio. Objetivos: O ensaio de compressão é comumente utilizado para fornecer informações básicas sobre a resistência a compressão de materiais , visando suas aplicações em projetos de Engenharia, como na construção civil, em processos de laminação, extrusão, forjamento entre outros. Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 2 na construção civil, em processos de laminação, extrusão, forjamento entre outros. Vantagens e Desvantagens: • Grande facilidade de aplicação; • Relativamente barato; • Excelente para determinação de propriedades de materiais frágeis; • Ensaio que permite estudos mais detalhados e precisos na região de deformação elástica dos materiais; • Problemas com flambagem e atrito excessivo; • Não é recomendável para se determinar propriedades no regime de deformação plástica dos materiais. O Ensaio de Compressão Tomemos um corpo de prova padrão submetido a uma força uniaxial compressiva: Podemos escrever que, - Comprimento inicial da região útil; - Área inicial da região útil; - Comprimento da região útil durante o ensaio; Podemos definir, Como no Ensaio de Tração: L0A0 Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 3 - Comprimento da região útil durante o ensaio; Da mesma forma: Tensão convencional compressiva: Deformação convencional compressiva: O Ensaio de Compressão Como resultado do ensaio teremos uma curva σσσσ x ε:ε:ε:ε: PlásticoElástico σσσσ Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 4 a) Esboço do ensaio de compressão em corpo de prova cilíndrico. b) Resultado da fratura observada em materiais frágeis. c) Resultado do embarrilhamento observado em materiais dúcteis. εεεε Esboço de uma curva tensão x deformação obtida em um ensaio de compressão O Ensaio de Compressão Ensaio Realizado Em Máquina Universal de Ensaios Corpos de prova confeccionados a partir de um material com comportamento frágil experimentam pequena deformação no diâmetro, enquanto os que são confeccionados a partir de materiais com Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 5 Distribuição das tensões de compressão e cisalhamento no corpo de prova de um material com comportamento dúctil. a partir de materiais com comportamento dúctil experimentam significativa deformação no diâmetro. Sugere-se que, a depender da ductilidade do material, a relação L0/D0 varie entre 3 e 8. 3.2 – Parâmetros Físicos Determinados pelo Ensaio de Compressão Recomenda-se com boa precisão: Propriedades quantitativas determinadas no regime de deformação elástico. Da mesma forma que no ensaio de Tração: De forma que podemos modelar: σσσσ Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 6 De forma que podemos modelar: Definimos, portanto: Onde: É o módulo de elasticidade do material. εεεε Parâmetros Físicos Determinados pelo Ensaio de Compressão Determinação de Tensões Características: σσσσp – Limite de Proporcionalidade: Definido como a tensão máxima até a qual vale uma relação linear entre tensão e deformação. σσσσe – Limite de Escoamento: Definido como a tensão de início da deformação plástica. Na prática, assume- se que σe ≅ σp. σσσσr – Tensão de Ruptura: Definida como a tensão na qual o corpo de prova experimenta a fratura, caso Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 7 σσσσr – Tensão de Ruptura: Definida como a tensão na qual o corpo de prova experimenta a fratura, caso ocorra. Aço σσσσp (kgf/mm 2) σσσσe (kgf/mm 2) E (kgf/mm2) 1035 46,9 49,7 21000 1046 54,6 59,5 21000 4340 76,3 88,9 21000 Propriedades físicas determinadas para alguns tipos de aços por meio de ensaio de compressão. Parâmetros Físicos Determinados pelo Ensaio de Compressão Ensaio de Compressão Convencional e Real Convencional Real Podemos escrever que: Tensão Convencional: Tensão Real: Podemos escrever que: Deformação Convencional: Mas sabendo que: Portanto, Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 8 Daí podemos reescrever que: De onde: Portanto, Logo, Tensão Real: Deformação Real: Logo, 3.3 – Compressão em Metais Dúcteis Geralmente, em metais dúcteis, pode-se determinar no ensaio de compressão com excelente precisão as propriedades referentes à zona elástica, onde verifica-se a lei de Hook. Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 9 Corpos de prova de latão deformados plasticamente por compressão. 3.4 – Compressão em Metais Frágeis Em metais frágeis, geralmente a região de deformação elástica é muito pequena, o que dificulta a determinação das propriedades neste regime. Uma informação de grande importância para estes materiais é a tensão de ruptura. Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 10 Corpo de prova de concreto rompido por compressão. Compressão em Metais Dúcteis e Frágeis Comparativo entre os comportamentos de materiais dúcteis e frágeis sob compressão: Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 11 Ensaio de compressão em (a) metal dúctil, onde observa-se deformação sem ruptura e em (b) metal frágil, ruptura sem deformação lateral. 3.5 – Flambagem e Atrito Sob Compressão Flambagem: A flambagem consiste em uma instabilidade mecânica durante a compressão de um corpo de prova, geralmente dúctil. Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 12 (a) Corpo de prova com razão L0/D0 inadequada. (b) Representação esquemática da flambagem em corpos de prova dúcteis. (c) Flambagem devida ao desalinhamento das placas de compressão. Flambagem e Atrito Sob Compressão FLAMBAGEM Uniformida de de Aplicação da Carga Paralelismo entre as Faces do Heterogene idade do Corpo de O fenômeno de flambagem é sensível principalmente à: Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 13 FLAMBAGEM Faces do Corpo de Prova Relação L0/D0 Corpo de Prova Flambagem e Atrito Sob Compressão Atrito: Um ponto crítico para o ensaio de compressão é o atrito excessivo no contato entre as placas da máquina de ensaio e os corpos de prova. Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 14 Representação esquemática (a) da formação da região do estado triaxial de tensão devido ao efeito do atrito entre a superfície do corpo de prova e as placas de aplicação de carga. (b) Efeito do cruzamento das regiões não deformadas e da razão L0/D0 na curva tensão x deformação. Flambagem e Atrito Sob Compressão Atrito Lubrificação entre as placas da máquina e o corpo de prova Qualidade do acabamento superficial do Tipos de placas usadas nas garras de O efeito do atrito é sensível principalmente à: Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 15 Atrito superficial do corpo de prova Relação L0/D0 garras de compressão Quanto maior esta relação, melhor as condições para diminuir o efeito do atrito sobre a deformação plástica do corpo de prova (contrário do que se deseja para evitar a flambagem). Flambagem e Atrito Sob Compressão O efeito do atrito sobre a deformação plástica dos metais: Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 16 (a) Macrografia das deformações internas provocadas em uma amostra sob compressão com elevado atrito de contato.(b) Representação esquemática das deformações internas em três zonas. Flambagem e Atrito Sob Compressão Aspecto da superfícielateral de um corpo de prova de alumínio comprimido em 72%, mostrando trincas e “casca de laranja”. Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 17 Aspecto da superfície lateral de um corpo de prova de aço AISI-4340 comprimido em 72%, mostrando trincas de cisalhamento que se iniciaram numa deformação de 30%. Flambagem e Atrito Sob Compressão É comum a colocação de placas de aço bem polidas entre o contato do corpo de prova com os cabeçotes da máquina assim como a lubrificação destes contatos objetivando a redução do atrito. Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 18 Curvas tensão x deformação real na compressão de uma liga de Al-2%Mg para diferentes tipos de lubrificantes. 3.6 – Confecção de Corpos de Prova Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 19 L0A0 As normas, em geral, recomendam a utilização de corpos de prova cilíndricos com a relação L0/D0 variando entre 3 e 8. 3.7 – Comparação entre Ensaios de Tração e Compressão Aço σσσσp (kgf/mm 2) σσσσe (kgf/mm 2) E (kgf/mm2) 1035 46,9 49,7 21000 1046 54,6 59,5 21000 4340 76,3 88,9 21000 Propriedades físicas determinadas para alguns tipos de aços por meio de ensaio de compressão. Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 20 Aço σσσσp (kgf/mm 2) σσσσe (kgf/mm 2) E (kgf/mm2) 1035 44,1 46,9 21000 1046 52,5 56,0 21000 4340 78,4 86,1 21000 Propriedades físicas determinadas para alguns tipos de aços por meio de ensaio de tração. 900 3.8 – Estudo de Caso: Compressão e Equação de Hollomon A equação de Hollomon relaciona a deformação plástica real com a tensão real, tal que: Boratto et al propôs uma correção devido ao efeito do barrilamento, tal que: Onde observou-se para um aço 1003: 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 Deformação plástica verdadeira T e n s ã o ( M P a ) σσσσ = 710 εεεε 0,251 + 1026 εεεε 5,933 Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 21 --- Ajuste pela equação de Hollomon (k=710MPa e n=0,251) --- Ajuste pela equação corrigida com (k=710MPa, n=0,251, P=1026 e m=5,933) Estudo de Caso: Compressão e Equação de Hollomon 300 400 500 600 700 800 900 1000 T e n s ã o v e r d a d e i r a ( M P a ) σ = 919 εεεε 0,19 + 3495 ε 17,53 Rp0,01 = 366 MPa (12 amostras) Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 22 0 100 200 300 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 Deformação verdadeira T e n s ã o v e r d a d e i r a ( M P a ) σ = 919 εεεε 0,19 + 3495 ε 17,53 Comparação entre a curva experimental (preta) e a obtida por meio do ajuste não linear da correção da Equação de Hollomon para um aço 10B22.
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