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Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Minas Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Ensaios Mecânicos de Materiais Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria Sala: e-mail: geraldolfaria@yahoo.com.br Laboratório de Tratamentos Térmicos e Microscopia Óptica Capítulo 4 – ENSAIOS DE DOBRAMENTO E FLEXÃO 1 4.1 – O Ensaio de Dobramento Definição: Os ensaios de dobramento e flexão consistem basicamente na aplicação de uma carga crescente em determinados pontos de uma barra ou chapa de geometria padronizada, a qual pode estar na condição biapoiada ou engastada em uma das extremidades. Objetivos: Os ensaios de dobramento e flexão são comumente utilizados para fornecer informações básicas quantitativas e qualitativas a respeito do comportamento dos materiais sob flexão. Estes ensaios dão bons indicativos a respeito da ductilidade dos materiais e são comumente empregados no Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 2 dão bons indicativos a respeito da ductilidade dos materiais e são comumente empregados no controle de qualidade de produtos. Vantagens e Desvantagens: • Os ensaios qualitativos são de grande facilidade de aplicação; • Relativamente barato; • Excelente para uma avaliação rápida e qualitativa da ductilidade de materiais; • Ensaios que permitem quantificar parâmetros como módulo e ângulo de ruptura de materiais; • Pequeno volume de dados quantitativos; • Existem limitações de instrumentação quanto ao ensaio de materiais com comportamento frágil. 4.2 – Ensaio de Ductilidade por Dobramento Metodologia I Metodologia II O ensaio, em geral, consiste em dobrar um corpo de prova de eixo retilíneo e secção circular, tubular, retangular ou quadrada até que seja atingido um ângulo de dobramento α. Dobrar até um ângulo α. Dobramento contínuo e avaliação simultânea da Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 3 Avaliar a superfície dobrada com aumentos de até 20x. Resultados simultânea da superfície dobrada. Ângulo máximo de dobramento α sem danos macroscópicos ao corpo de prova. Resultados 4.3 – Ensaio de Resistência por Dobramento O Ensaio de resistência por dobramento consiste na aplicação da metodologia II em um aparato experimental instrumentado, onde se monitora em tempo real a carga aplicada (calcula-se o momento angular) e o ângulo de deflexão (ângulo de dobramento). Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 4 4.4 – Dispositivos Utilizados em Ensaios de Dobramento Dispositivos aplicados para ensaios de dobramento com ângulos finais de dobramento pré-determinados (Usualmente empregados na metodologia I): Existem Diversos Dispositivos Aplicáveis aos Ensaios de Dobramento. As montagens podem ser instrumentadas ou não. Os corpos de prova podem ser Os corpos de prova podem ser dobrados sobre si mesmos ou com auxílio de mandris, cutelos e cilindros Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 5 auxílio de mandris, cutelos e cilindros laminadores. Ensaio de Ductilidade por Dobramento Dispositivos de matriz e cutelo fixos aplicados para ensaios de dobramento com ângulos finais de dobramento pré-determinados (Usualmente empregados na metodologia I): Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 6 Diferentes dispositivos de matriz e cutelos fixos aplicados em ensaios de dobramento. Ensaio de Ductilidade por Dobramento “Orelhamento” formado em um ensaio de estampagem profunda de um copo, devido à presença de textura. Os ensaios de dobramento com matriz e cutelo fixos podem ser utilizados para simular procedimentos de estampagem: Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 7 à presença de textura. Ensaio de estampagem de uma chapa até a fratura, para obtenção de uma curva limite de formabilidade. Ensaio de Ductilidade por Dobramento Dispositivos aplicados para ensaios de dobramento com ângulos finais de dobramento variáveis (Usualmente empregados na metodologia II): Figura esquemática de um corpo de prova em ensaio de dobramento sobre Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 8 Figura esquemática de um dispositivo para ensaio de dobramento de corpo de prova engastado por mandril laminador. Figura esquemática de dispositivos para ensaio de dobramento de corpo de prova engastado por aplicação de carga direta. prova em ensaio de dobramento sobre si mesmo. Ensaio de Ductilidade por Dobramento Dispositivos aplicados para ensaios de dobramento em 3 e 4 pontos. Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 9 Por meio do uso destes dispositivos não seria possível determinar: Flecha Máxima de Flexão???? Módulo ou Limite de Ruptura???? Ensaio de Flexão!!! 4.5 – Confecção de Corpos de Prova Os corpos de prova geralmente utilizados nos ensaios de dobramento são: Chapas de Seção Retangular Barras de Seção Retangular, Circular ou Triangular Maior Facilidade de Interpretar e Quantificar os Ensaios. Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 10 os Ensaios. Pode-se utilizar corpos de prova com as mais variadas formas e geometrias de seção, entretanto o calculo de variáveis importantes do ensaio pode se tornar complexo. 4.6 – Ensaio de Dobramento em Barras para Construção Civil As barras empregadas na construção civil podem ser classificadas em função de normas, como por exemplo a brasileira EB-3: CA-25 CA-32 CA-40 CA-50 CA-60 DUCTILIDADE LIMITES DE ESCOAMENTO E RESISTÊNCIA Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 11 RESISTÊNCIA O Ensaio consiste basicamente em: Metodologia I Dobrar até um ângulo de 180o. Avaliar a superfície dobrada com aumentos de até 20x. Resultados 4.7 – Ensaio de Dobramento em Corpos de Prova Soldados O Ensaio de Dobramento em corpos de prova soldados é realizado geralmente para controle de qualidade da solda e avaliação de processos de solda e qualificação do soldador: Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 12 1) Dobramento Lateral Transversal: a solda é perpendicular ao eixo longitudinal do corpo de prova, o qual é dobrado de modo que uma das superfícies laterais torne-se a superfície convexa do corpo de prova. 2) Dobramento Transversal da Face: a solda é perpendicular ao eixo longitudinal do corpo de prova, entretanto ele é dobrado de forma que a face da solda seja tracionada. 3) Dobramento Transversal de Raiz: semelhante à anterior, entretanto é a raiz da solda que fica tracionada. 4) Dobramento Longitudinal de Face: a solda é paralela ao eixo longitudinal do corpo de prova, ficando a face da solda tracionada. 5) Dobramento Longitudinal de Raiz: semelhante ao anterior, entretanto a raiz da solda é que fica tracionada. 4.8 – Ensaio de Flexão em Materiais Frágeis Alguns materiais com comportamento relativamente frágil, como: Ferro Fundido Ferro Fundido Cinzento Alguns Aços Alguns Aços Ferramenta Alguns Aços Alguns Aços Estruturais Alguns Aços Alguns Aços Para Trilhos Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 13 Dispositivos aplicados para ensaios de flexão em 3 e 4 pontos. Possuem baixos valores de flecha de flexão e facilitam a quantificação do ensaio de dobramento. Ensaio de Flexão Ensaio de Flexão Ensaio de Flexão em Materiais Frágeis Ensaios mais comuns: Ensaios de Flexão Pelos Métodos de Três e Quatro Pontos Dispositivos providos de suportes ajustáveis Dispositivos providos de células de cargas Dispositivos providos de um medidor de deflexão ou curvatura Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 14 Dispositivos aplicados para ensaios de flexão em 3 e 4 pontos. Corpos de Prova Padronizados: • Espessuras variam de 0,25mm a 1,3mm; • Para espessuras entre 0,25mm e 0,51mm a distância entre apoios sugerida é 150 vezes o valor da espessura, a largura 3,81mm e o comprimento 250 vezes o valor da espessura;• Para espessuras maiores que 0,51mm a distância entre apoios sugerida é 100 vezes o valor da espessura, a largura 12,7mm e o comprimento 165 vezes. Ensaio de Flexão em Materiais Frágeis Propriedades Mecânicas na Flexão: Introdução Hipóteses assumidas como verdadeiras para simplificação da quantificação do ensaio de flexão: • Corpo de prova inicialmente retilíneo; •Material homogênio e isotrópico; • Validade da Lei de Hooke; • Consideração de Euler-Bernoulli: Seções transversais planas permanecem planas; • Existe uma superfície neutra que passa pelo eixo longitudinal do corpo de prova que não experimenta tensão normal (σ = 0); Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 15 de prova que não experimenta tensão normal (σ = 0); • A distribuição da tensão normal na seção transversal é linear, com a máxima compressão na superfície interna do corpo de prova e a máxima tração na superfície externa; Estado de Compressão Estado de Tração Ensaio de Flexão em Materiais Frágeis Propriedades Mecânicas na Flexão: Calculo da Tensão Normal na Seção Transversal (σσσσ) Imaginemos um elemento de volume do corpo de prova flexionado, podemos observar que: Fibras Superiores: Tensão de Compressão Fibras Inferiores: Tensão de Tração Podemos definir o elemento de deformação gerado neste elemento de volume elementar: Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 16 Mas podemos observar que: De onde: (1) Substituindo em (1), temos que: Ensaio de Flexão em Materiais Frágeis Podemos utilizar um artifício, chamemos de K a expressão: Logo escrevemos que: (2) Substituindo σ por (2) e tomando : Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 17 Mas como sabemos, e o momento fletor (Mf) resultante do elemento de força normal (dN) é dado pelo produto desta força com o braço de eixo até a linha neutra (y), temos: ou (2) Ensaio de Flexão em Materiais Frágeis Integrando o elemento de momento fletor, temos: A integral verificada depende somente da geometria da seção transversal e representa o Módulo de Inércia de uma figura plana, portanto podemos escrever que: Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 18 Logo podemos escrever: Isolando K na equação: E substituindo na equação (2) com Finalmente temos a Tensão Normal na Seção Transversal: (3) Ensaio de Flexão em Materiais Frágeis Propriedade Mecânica na Flexão: Módulo de Ruptura – MOR OMódulo de Ruptura ou Resistência a Flexão (MOR) é o valor máximo da tensão de tração ou de compressão nas “fibras externas” do corpo de prova no ensaio de flexão. Como vimos, a tensão normal na seção transversal pode ser obtida por meio da equação (3), de onde: Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 19 (3) Ensaio de Flexão em Materiais Frágeis Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria 20
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