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Aula 04 Relações Internacionais p/ AFC/CGU - Prevenção da Corrupção e Ouvidoria Professor: Ricardo Vale !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!1!()!23 ! AULA 04: ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS SUMÁRIO PÁGINA 1-Palavras Iniciais 1 2- Teoria Geral das Organizações Internacionais 2 - 16 3- Organização das Nações Unidas (ONU) 17 - 34 4- Meios Pacíficos de Solução de Controvérsias 34 - 50 5- Lista de Questões e Gabarito 51 - 63 Olá, amigos do Estratégia Concursos! Tudo bem? É sempre uma grande satisfação estar aqui com vocês! Dando continuidade ao nosso curso, focado no concurso da CGU, estudaremos na aula de hoje sobre as Organizações Internacionais e Meios Pacíficos de Solução de Controvérsias. Boa aula a todos! Ricardo Vale ricardovale@estrategiaconcursos.com.br http://www.facebook.com/rvale01 “O segredo do sucesso é a constância no objetivo!” 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!4!()!23 1- TEORIA GERAL DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS: 1.1- Generalidades: Uma das grandes tendências evolutivas do Direito Internacional do pós-Segunda Guerra Mundial é a institucionalização, que se caracteriza pelo fato de que ele deixa de regular apenas as relações interestatais, tornando-se mais presente nas organizações internacionais.1 A complexidade das relações internacionais advinda da globalização gerou nos Estados a percepção de que há problemas comuns da humanidade, os quais não podem ser resolvidos por nenhum deles isoladamente. Segundo Accioly, as organizações internacionais multiplicam-se à medida que aumenta a conscientização a respeito dos problemas especificamente internacionais. Tais problemas, por não poderem ser enfrentados por um só Estado, exigem a cooperação internacional2. Nesse sentido, como forma de dar efetividade aos acordos celebrados, criando uma estrutura capaz de monitorá-los, e, ao mesmo tempo, estabelecer um foro para discussões, os Estados criam as organizações internacionais. Embora as primeiras organizações internacionais tenham surgido no século XIX, foi somente a partir da segunda metade do século XX que estas começaram a proliferar. Atualmente, as Organizações Internacionais são consideradas importantes sujeitos de direito internacional público e sua relevância no cenário internacional cresce cada vez mais, fruto do aumento das relações internacionais e da cooperação entre os Estados. Mas qual seria a definição de organização internacional? A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969 estabelece um conceito bem simples, segundo o qual as organizações internacionais são organizações intergovernamentais. Apesar de não estar errado, a doutrina majoritária entende que esse conceito não é suficiente para descrever essas entidades. Um conceito bem mais complexo nos é apresentado por Mazzuoli, segundo o qual organização internacional é uma “associação voluntária de Estados, criada por um convênio constitutivo e com finalidades pré- determinadas, regida pelas normas do direito internacional, dotada de personalidade jurídica distinta da dos seus membros, que se realiza em organismo próprio, dotada de autonomia e especificidade, possuindo ordenamento jurídico interno e órgãos auxiliares, por meio dos quais realiza os !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 1 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010 2 ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Público, 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009 ! 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!3!()!23 propósitos comuns dos seus membros, mediante os poderes próprios que lhes são atribuídos por estes.“3 Bem extenso esse conceito, não é mesmo? De fato, ele é bem complexo, mas nos permite identificar as principais características das organizações internacionais. São elas: 1) São associações voluntárias de Estados: As organizações internacionais surgem como consequência da manifestação de vontade de sujeitos de direito internacional público, isto é, de Estados. Dessa forma, não podem ser constituídas de pessoas jurídicas de direito interno, sejam elas pessoas físicas ou jurídicas. Nesse ponto, deve-se fazer uma distinção entre as organizações internacionais e as ONG’s. As ONG’s, embora possam ter forte atuação internacional, são pessoas jurídicas de direito interno e podem ter, em sua constituição, entes diversos dos Estados. 2) São criadas por convênio constitutivo: As organizações internacionais surgem a partir da celebração de tratados multilaterais, os quais são usualmente denominados tratados constitutivos. O tratado constitutivo é o que dá vida a uma organização internacional, podendo ser considerado uma verdadeira “Constituição” para esse organismo. É no tratado constitutivo que se define, dentre outros, a estrutura da organização, o processo decisório, os objetivos e as competências dos seus órgãos. Para Rezek, a existência de uma organização internacional tem apoio no seu tratado constitutivo, cuja principal virtude consiste em haver-lhe dado vida.4 Por vezes, o tratado que institui uma organização internacional lhe atribui explicitamente personalidade jurídica de direito internacional. Entretanto, isso não é algo que seja obrigatório e a personalidade jurídica das organizações internacionais nasce, muitas vezes, de forma implícita, a partir da definição de seus órgãos e respectivas competências. Se uma organização internacional possui capacidade para celebrar tratados em seu próprio nome, existe aí forte indicativo de sua personalidade internacional. 3) Possuem personalidade jurídica distinta da dos seus membros: As organizações internacionais possuem personalidade jurídica de direito internacional derivada, já que surgem a partir da vontade de alguns Estados, que as criam por meio de um tratado, o qual podemos chamar de tratado constitutivo. !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 3 !MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010 4 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!5!()!23 Segundo Marcelo Dias Varella, as organizações internacionais possuem personalidade internacional objetiva, isto é, oponível a toda a sociedade internacional, inclusive para os Estados que dela não são membros.5 Nesse sentido, considera-se que a existência de uma organização internacional independe de seu reconhecimento. Em virtude de terem personalidade jurídica própria, as organizações internacionais possuem autonomia em suas decisões, as quais são emanadas abstraindo-se da vontade individual de cada um de seus membros em prol de uma vontade coletiva. Assim, diz-se que as organizações internacionais possuem vontade própria, independente da vontade de seus membros. Modernamente, as decisões das organizações internacionais são consideradas, por parte da doutrina, como fonte do direito internacional público, apesar de não terem sido relacionadas pelo art. 38 do Estatuto da CIJ. Por possuírem personalidade jurídica de direito internacional, as organizações internacionais possuem capacidade para usufruir direitos e contrair obrigações no plano internacional. Nesse sentido, possuem capacidade para celebrar tratados, a qual está regulada pela Convenção de Viena de 1986. A atuação no plano internacional dessas organizações não é tão ampla quanto a dos Estados soberanos. Enquanto os Estados podem celebrar tratados relativamente a qualquer objeto, contanto que este seja lícito (que não viole as normas jus cogens), as organizações internacionais detêm capacidade convencional restrita, limitada aos objetivos e propósitos para os quais foram criadas.6 As organizações internacionais possuem, ainda, a prerrogativa de enviar e receber representantes diplomáticos, isto é, possuem direito de legação ativo e passivo. 4) São instituições permanentes: As organizações internacionais são entidades criadas com objetivos determinados em seu tratado constitutivo e, portanto, devem ser estruturadas para alcançá-los. Nesse sentido, seria incoerente que as organizações internacionais fossem entidades de natureza “ad hoc”. Inegavelmente, a estabilidade das relações internacionais reclama a existência de instituições permanentes, adequadamente estruturadas para alcançar determinados fins. Quanto ao seu objeto, as organizações internacionais são extremamente heterogêneas, pois não visam a uma finalidade comum. Segundo Rezek, seus objetivos variam entre a suprema ambição da ONU – !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 5 VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público, São Paulo: Saraiva, 2009 6 !VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público, São Paulo: Saraiva, 2009! 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!6!()!23 manter a paz entre os povos, preservar-lhes a segurança, e fomentar seu desenvolvimento econômico – até o modestíssimo objetivo de uma UPU – ordenar o trânsito postal extrafronteiras.7 Analisando-se a estrutura das organizações internacionais, percebemos que dois órgãos tem se mostrado essenciais em sua constituição: a Assembleia Geral e a Secretaria. A Assembleia Geral é o foro onde os Estados-membros participam efetivamente da organização internacional, expressando seus pontos de vista através do voto. Na Assembleia Geral, são adotadas as decisões mais relevantes das organizações internacionais. Este órgão não é permanente, mas temporário, reunindo-se ordinariamente – de forma periódica – ou ainda em caráter excepcional. A Secretaria é o órgão responsável pelo apoio operacional à organização internacional. Possui funcionamento permanente e seus funcionários estão desvinculados dos seus Estados-membros – princípio da neutralidade. Logicamente, a estrutura das organizações internacionais é definida pelo seu próprio acordo constitutivo, não havendo uma regra para determiná-la. Se observarmos, por exemplo, a OMC ou a ONU, veremos o quão complexas são suas estruturas institucionais. Um órgão que é muito comum em organizações internacionais de abrangência universal, como a ONU e a OMC, é um Conselho Permanente, que exerce competências executivas e de maneira ininterrupta. Vejamos, por exemplo, a OMC! Quando a Conferência Ministerial – que equivaleria a uma assembleia geral – não está reunida, suas atribuições são desempenhadas pelo Conselho Geral – que se trata de um conselho permanente. O Conselho Permanente dessas organizações internacionais pode ser integrado por representantes de todos os Estados-membros ou por representantes de apenas alguns. O Conselho de Segurança da ONU – que se trata de um conselho permanente – é, por exemplo, um órgão formado por representantes apenas de alguns Estados-membros. Atualmente, é bastante comum que existam, no âmbito de organizações internacionais, mecanismos de solução de controvérsias. Trata-se da tendência de jurisdicionalização do direito internacional, cujo objetivo central é garantir a efetividade das normas jurídicas. A título de exemplo, citamos a Corte Internacional de Justiça (no âmbito da ONU), o !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 7 !REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!2!()!23 Órgão de Solução de Controvérsias (no âmbito da OMC) e a Corte Interamericana de Direitos Humanos (no âmbito da OEA).8 1.2- Classificação das Organizações Internacionais: As organizações internacionais são entidades com objetivos e áreas de atuação diferenciadas. Algumas delas exercem suas funções somente em âmbito regional; outras têm alcance universal, não ficando sua atuação limitada a uma região. Segundo Francisco Rezek9, as organizações internacionais podem ser classificadas quanto ao seu alcance e quanto ao seu domínio temático. Quanto ao alcance, elas podem ser organizações internacionais de alcance universal ou organizações internacionais de alcance regional. Organizações internacionais de alcance universal seriam aquelas que têm uma propensão para reunir em torno de si a totalidade dos Estados soberanos. Como exemplos de organizações internacionais de alcance universal podemos citar a ONU (Organização das Nações Unidas), a OMC (Organização Mundial de Comércio), a OMA (Organização Mundial de Aduanas) e a OIT (Organização Internacional do Trabalho) Organizações internacionais de alcance regional, ao contrário, são aquelas que reúnem unicamente países de uma determinada região, como por exemplo, a OEA (Organização dos Estados Americanos), o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o MERCOSUL. Quanto ao domínio temático, podemos classificar as organizações internacionais em organizações de vocação política ou organizações de vocação específica. As organizações internacionais de vocação política são aquelas que têm como objetivo principal a preservação da paz e segurança mundiais. Como exemplos de organizações internacionais de vocação política podemos citar a ONU (Organização das Nações Unidas) e a OEA (Organização dos Estados Americanos). As de vocação específica, por sua vez, seriam aquelas que se ocupam de temas mais especializados – finalidade econômica, financeira, cultural ou estritamente técnica. Exemplos de organizações internacionais de vocação específica seriam a OMC (Organização Mundial de Comércio), a OIT !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 8 !VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público, São Paulo: Saraiva, 2009! 9 !REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!7!()!23 (Organização Internacional do Trabalho) e a OMA (Organização Mundial de Aduanas). As organizações internacionais de alcance universal e domínio específico são as “agências especializadas” da ONU – UNESCO, UNICEF, FAO. Normalmente, os mesmos membros que fazem parte da ONU integram também essas organizações internacionais de alcance universal e domínio específico, o que permite que decisões tomadas no âmbito da ONU estabeleçam diretrizes para essas organizações. Cabe destacar que as agências especializadas da ONU possuem personalidade jurídica de direito internacional própria. As organizações internacionais de alcance regional e domínio político são aquelas que buscam, em escala regional, manter a paz e a segurança entre seus membros – OEA (Organização dos Estados Americanos) e OUA (Organização da Unidade Africana), por exemplo. As organizações internacionais de alcance regional e domínio específico seriam as organizações regionais de cooperação e integração econômica, como a União Europeia, a ALADI (Associação Latino-Americana de Integração), o NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte) e o MERCOSUL. Segundo a classificação de Accioly10, as organizações internacionais podem ter objetivos generalizados ou específicos. A ONU seria o melhor exemplo de organização de objetivos generalizados, possuindo esfera de atuação que se estende a várias áreas diferentes – cooperação econômica, social, política e científica. Ainda segundo o mesmo autor, as organizações internacionais podem classificar-se segundo o seu processo decisório em supranacionais e intergovernamentais. Exemplo de organização supranacional é a União Europeia, que possui órgãos que proferem decisões que são automaticamente vinculantes e obrigatórias para todos os Estados-membros, independentemente de ratificação. O MERCOSUL, por sua vez, é uma organização intergovernamental, o que resulta no fato de que as decisões de seus órgãos deverã ser internalizadas no ordenamento jurídico de todos os seus membros para que possam entrar em vigor. As organizações internacionais também podem ser classificadas, quanto à participação dos Estados, em abertas ilimitadamente (é possível o ingresso de qualquer Estado), abertas limitadas (é autorizado o ingresso de !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 10 ! ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Público, 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009! 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!8!()!23 apenas alguns Estados) ou fechadas (não se permite o ingresso de nenhum Estado além dos membros originários). 11 1.3- O processo decisório nas organizações internacionais: A tomada de decisões em organizações internacionais é um processo diferenciado em relação à tomada de decisões de um país em seu direito interno. Ao contrário do que ocorre nos Parlamentos, em que as decisões são adotadas normalmente por maioria, no âmbito das organizações internacionais, o princípio majoritário nem sempre opera com efetividade.12 O processo decisório no âmbito das organizações internacionais depende do tratado constitutivo de cada uma delas. No âmbito da OMC, por exemplo, a regra geral é que as decisões sejam adotadas por consenso. Em outras organizações internacionais, o quórum decisório é diverso, conforme previsto no tratado constitutivo. É interessante observar que o processo decisório previsto no tratado constitutivo reflete a estrutura de poder no âmbito da organização internacional. Na ONU, por exemplo, os membros permanentes do Conselho de Segurança possuem o chamado “direito de veto”, evidenciando uma assimetria de poder entre os Estados. Já na OMC, a adoção de decisões mediante consenso torna as relações comerciais, a princípio, mais democráticas. Nem todas as decisões das organizações internacionais são obrigatórias. Existem aquelas que têm caráter facultativo, que simplesmente enunciam princípios e planos de ação. Apesar de dotadas de força política, as decisões facultativas não têm força jurídica e podem ser descumpridas por um Estado-membro sem que isso acarrete responsabilização internacional. Com efeito, o direito internacional somente é coercitivo e executório para aqueles que se submetem à sua jurisdição. Assim, muitas vezes, uma decisão é adotada em uma organização internacional pela maioria de seus membros, mas aqueles Estados que não são a ela favoráveis, não se deixam submeter por tal decisão. !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 11 !MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010 12 !REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!9!()!23 1.4- Relação entre as organizações internacionais e países: Ao contrário dos Estados, que possuem um território, as organizações internacionais são, nas palavras de Rezek13, carentes de uma base territorial. Nesse sentido, para que possam desempenhar suas atividades, é necessário que os órgãos constitutivos das organizações internacionais sejam instalados fisicamente no território de algum Estado. Para que a organização internacional se instale, no entanto, no território desse Estado, é necessário a celebração de um tratado bilateral entre este e a organização, conhecido como acordo de sede. Cabe destacar que o acordo sede pode ser celebrado entre a organização internacional e qualquer Estado, que não precisa, necessariamente, ser um Estado-membro. Nada impede que uma organização internacional celebre vários acordos de sede e seus órgãos estejam localizados em países diferentes. A ONU, por exemplo, celebrou acordos de sede não só com os Estados Unidos – onde está localizada sua sede principal -, mas também com a Suíça – o seu escritório na Europa está localizado em Genebra – e com os Países Baixos – a Corte Internacional de Justiça está instalada em Haia. As organizações internacionais possuem privilégios tanto no seu lugar de sede quanto no território de outros Estados, sejam estes Estados-membros ou não. Os representantes das organizações internacionais gozam de privilégios semelhantes àqueles concedidos aos integrantes do corpo diplomático de um Estado. Da mesma forma, as instalações e os bens móveis das organizações internacionais possuem a garantia de inviolabilidade. Com relação à imunidade à jurisdição estatal, há uma diferença essencial quanto à forma que esta se aplica aos Estados e às organizações internacionais. Conforme já estudamos, a doutrina mais moderna considera que o Estado somente possui imunidade à jurisdição quanto pratica atos de império (e não quando pratica atos de gestão!). Seguindo essa ideia (de imunidade relativa), o STF já decidiu que o Estado estrangeiro não goza de imunidade à jurisdição brasileira em causas de natureza trabalhista. As organizações internacionais também gozam de imunidade à jurisdição estatal. No entanto, trata-se aqui de imunidade absoluta, que engloba assuntos de natureza trabalhista ou qualquer outro. Dessa forma, no caso das organizações internacionais, as causas de natureza trabalhista não excepcionam a regra imunizante. Cabe destacar que, ao contrário do que ocorre em relação aos Estados – cuja imunidade deriva de regra costumeira -, !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 13 !REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!1:!()!23 a imunidade das organizações internacionais decorre de seu tratado constitutivo ou de tratados bilaterais específicos.14 Quanto à responsabilidade internacional, a doutrina entende que as organizações internacionais podem ser responsabilizadas internacionalmente em virtude de atos ilícitos. Todavia, ainda hoje há dificuldades acerca do tema! Para ilustrar tais dificuldades, façamos uma regressão temporal ao ano de 1999, quando a OTAN bombardeou Kosovo. Tendo a ex-Iuguslávia levado o caso à CIJ, esta Corte declarou a limitação de sua competência contenciosa às questões interestatais. Isso resultou na impossibilidade de se responsabilizar a OTAN à época. No que diz respeito às finanças de uma organização internacional, estas resultam de contribuições dos seus Estados-membros. Como regra geral, as contribuições dos membros não são iguais, mas obedecem à capacidade contributiva de cada um, levando-se em consideração, portanto, a capacidade econômica de cada Estado membro. A título de exemplo, enquanto os Estados Unidos arcam com cerca de 22% da receita total da ONU, o Brasil contribui com aproximadamente 1,6% desse total. 1.5- Admissão e Retirada de membros: O tratado constitutivo de uma organização internacional é o instrumento hábil para determinar como ocorre a admissão de novos membros. Segundo Rezek, três são os aspectos que se deve analisar no que diz respeito à admissão de um membro à organização internacional15: a) Limites de abertura do tratado constitutivo: muitas organizações internacionais admitem membros em virtude de critérios geográficos ou geopolíticos. A OEA, por exemplo, somente permite a adesão de Estados americanos – critério geográfico. A Liga Árabe, por sua vez, admite qualquer Estado árabe – critério geopolítico. Existem organizações internacionais que são mais amplas em seus critérios para admissão de novos membros, como o caso da ONU, que admite qualquer Estado pacífico que seja amante da paz e que aceite as obrigações impostas pela carta, se entenda capaz de cumpri-las e esteja disposto a fazê-lo. b) Condições de ingresso: o interessado em ingressar em uma organização internacional deve manifestar sua vontade de aderir ao seu tratado constitutivo. A adesão de um Estado ao tratado constitutivo de uma !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 14 !REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008. 15 !REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!11!()!23 organização internacional deverá ser, em regra, efetuada sem reservas, as quais são incompatíveis com o objeto do tratado. Isso porque se um Estado adere parcialmente ao tratado constitutivo de uma organização internacional, isso gera um desequilíbrio entre os membros, já que é de se supor que os pactuantes originários adotaram integralmente o seu texto. c) Aceitação da adesão pelos demais membros: se um Estado possui os requisitos necessários para aderir a uma organização internacional e ainda manifesta sua vontade em fazê-lo, a única pendência que resta é que ele seja aceito pelos outros membros. O tratado constitutivo da organização internacional define qual é o órgão competente para aceitar a adesão de novos membros. Na ONU, a adesão de um Estado ocorre por decisão da Assembleia Geral mediante recomendação do Conselho de Segurança. A retirada voluntária de um Estado-membro de uma organização internacional, ou seja, a denúncia do tratado constitutivo da organização possui dois condicionantes principais: a) Aviso prévio da retirada voluntária: entre a manifestação da vontade de um Estado em retirar-se da organização internacional e a efetiva ruptura do vínculo, existe um lapso temporal. b) Atualização de contas: o membro que se retira de uma organização internacional não poderá sair devendo alguma coisa. Ele tem que regularizar sua situação financeira perante a organização internacional. 1.6- Sanções: Se um membro age contrariamente aos princípios e normas de uma organização internacional, este deverá ser sancionado. Sua atitude desrespeitosa para com a organização e para com os outros membros não poderá simplesmente “passar em branco.” As formas de sanção são definidas nos acordos constitutivos das organizações internacionais e são aplicadas mediante decisão da própria organização. Usualmente, são aplicáveis dois tipos de sanções: a suspensão de concessões e a expulsão da organização. No art. 5º da Carta da ONU, existe a previsão de que um Estado tenha os direitos e privilégios decorrentes de sua condição de membro suspensos, através de decisão da Assembleia Geral da ONU, mediante recomendação do Conselho de Segurança. Outra forma de sanção prevista na Carta da ONU se refere à suspensão do direito de voto em Assembleia Geral do Estado em atraso no pagamento da parcela que deve à receita da organização. 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!14!()!23 Por fim, como exemplo da possibilidade de sanção na forma de expulsão, destacamos o art. 6º da Carta da ONU, que estabelece que o Estado-membro das Nações Unidas que viole persistentemente os princípios contidos na referida Carta, poderá ser expulso da organização pela Assembléia Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança. Vejamos como esse assunto já foi cobrado em prova! 1. (Juiz do Trabalho / TRT 5a Região – 2013) Dada a natureza da personalidade jurídica das organizações internacionais, considera-se reconhecida sua personalidade mesmo por Estados que não tenham ratificado seu tratado constitutivo. Comentários: A personalidade jurídica das organizações internacionais é objetiva, ou seja, é oponível a toda a sociedade internacional, inclusive para aqueles Estados que delas não forem membros (não tiverem ratificado seu tratado constitutivo). Questão correta. 2. (Procurador da Fazenda Nacional – 2003)- As organizações internacionais exprimem vontade própria – distinta da de seus Estados-membros –ao agir nos domínios em que desenvolve sua ação. Tal se dá tanto nas relações com seus membros, quanto no relacionamento com outros sujeitos do direito internacional. Comentários: As organizações internacionais possuem personalidade jurídica de direito internacional distinta da dos Estados que a integram. Dessa forma, também exprimem sua vontade de forma autônoma, independentemente da vontade de seus membros. Questão correta. 3. (Instituto Rio Branco- 2010)- Em atendimento ao princípio da igualdade soberana dos Estados, toda decisão de uma organização internacional deve ser adotada por unanimidade ou consenso. Comentários: Nem todas as decisões das organizações internacionais são tomadas por unanimidade ou por consenso. É possível que elas sejam adotadas por 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!13!()!23 maioria ou, ainda, por quórum diverso, previsto em seu tratado constitutivo. Dessa forma, a questão está errada. 4. (Consultor Legislativo / Senado Federal- 2002)- Desprovidas de base territorial, as organizações internacionais pactuam acordos de sede com os Estados-membros, passando, automaticamente, a gozar de imunidades e privilégios semelhantes àqueles dispensados ao corpo diplomático e às instalações de um Estado soberano. Comentários: Os acordos de sede podem ser celebrados com qualquer Estado, inclusive um não-membro. Questão errada. 5. (Consultor Legislativo / Senado Federal- 2002)- Toda organização internacional tem seu próprio conjunto de regras jurídicas internas, do mesmo modo que o Estado soberano tem seu próprio direito nacional. Todavia, o fundamento jurídico desse conjunto de regras está nos tratados constitutivos das referidas organizações. Comentários: As organizações internacionais têm suas origens em um tratado constitutivo, que define o seu conjunto de regras jurídicas internas. Assim, o tratado constitutivo funciona como se fosse um “regimento interno”, dispondo sobre a estrutura institucional da organização internacional, competências dos órgãos, processo decisório, admissão e retirada de membros, sanções, etc. A questão está, portanto, correta. 6. (Instituto Rio Branco- 2010)- O MERCOSUL é uma organização dotada de personalidade jurídica de direito internacional. Comentários: De fato, o MERCOSUL é uma organização internacional dotada de personalidade jurídica de direito internacional. Destaque-se que a personalidade jurídica foi expressamente atribuída ao MERCOSUL pelo Protocolo de Ouro Preto. Questão correta. 7. (Consultor Legislativo / Senado Federal- 2002)- Em face do desenvolvimento historicamente constatado das organizações internacionais na sociedade internacional, tende-se a considerar seus atos decisórios como fontes do direito das gentes, na medida em que criem direitos e obrigações no âmbito de sua atuação. Comentários: 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!15!()!23 As decisões das organizações internacionais são modernamente conhecidas pela doutrina como fontes do direito internacional público. Como exemplo, citamos as Resoluções da ONU e da OIT. Questão correta. 8. (Instituto Rio Branco- 2010)- Todos os atos adotados no seio de uma organização internacional são juridicamente obrigatórios para seus Estados-membros; caso violados, podem acarretar a responsabilidade internacional do Estado. Comentários: Algumas decisões tomadas por organizações internacionais têm caráter facultativo e não vinculam juridicamente seus membros. Questão errada. 9. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados - 2002)- As organizações internacionais são instituídas por meio de um tratado multilateral, denominado tratado constitutivo, que em geral estabelece os objetivos e as regras para a instituição dos principais órgãos e dispõe sobre os direitos e deveres dos Estados-membros. Comentários: O que dá vida à organização internacional, estabelecendo seus objetivos e regras gerais é o tratado constitutivo. Questão correta. 10. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados - 2002)- As organizações internacionais dispõem, necessariamente, de uma única sede, estabelecida por meio de tratado bilateral com um dos Estados- membros, denominado acordo da sede. Comentários: As organizações internacionais podem ter várias sedes, celebrando acordos de sede com vários Estados. Questão errada. 11. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados - 2002)- Às organizações internacionais são concedidos privilégios e imunidades similares aos dos Estados. Comentários: As organizações internacionais, assim como os Estados soberanos, possuem imunidade de jurisdição e de execução. A única diferença é que, enquanto a imunidade estatal deriva de regra de direito costumeiro, a imunidade das organizações internacionais advém de um tratado específico. A questão está, portanto, correta. 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!16!()!23 12. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados - 2002)- A receita das organizações internacionais resulta basicamente das contribuições (cotizações) dos Estados-membros, estabelecidas de acordo com o princípio da capacidade contributiva. Comentários: As finanças de uma organização internacional resultam das contribuições dos Estados-membros. Como regra geral, cada Estado-membro contribui de forma compatível com sua capacidade econômica, ou seja, as contribuições são estabelecidas pelo princípio da capacidade contributiva. Questão correta! 13. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2002)- Em razão de sua própria natureza, as organizações internacionais não estão sujeitas a ação de responsabilidade internacional. Comentários: As organizações internacionais podem sim ser responsabilizadas internacionalmente pela prática de ilícitos internacionais. Questão errada. 14. (Juiz do Trabalho / TRT- 5ª Região-2006)- As organizações internacionais são associações voluntárias de sujeitos de direito internacional, constituídas por atos internos de cada sujeito. Comentários: As organizações internacionais não são pessoas jurídicas de direito interno, mas sim possuem personalidade jurídica de direito internacional, sendo criados por meio de um tratado constitutivo. Questão errada. 15. (Juiz Federal / TRF- 1ª Região-2009) As imunidades de jurisdição e execução de organizações internacionais têm base no direito costumeiro. Comentários: As imunidades de jurisdição e execução dos Estados é que tem base no direito costumeiro. As imunidades das organizações internacionais estão previstas em seu tratado constitutivo ou em tratados bilaterais específicos. Questão errada. 16. (Juiz Federal / TRF- 1ª Região-2009) Organizações internacionais não podem ser responsabilizadas diretamente por seus atos. Comentários: 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!12!()!23 As organizações internacionais, enquanto sujeitos de direito internacional público, podem sim ser responsabilizadas por seus atos. Questão errada. 17. (Questão Inédita)- Assinale a alternativa correta sobre organizações internacionais: a) A ONU é uma organização internacional de alcance universal e domínio específico, qual seja garantir a paz e segurança internacionais. b) A Assembleia Geral é um órgão permanente presente nas organizações internacionais onde os Estados-membros manifestam suas vontades mediante voto. c) As organizações internacionais possuem imunidade de jurisdição no país onde têm sede, inclusive nas causas de natureza trabalhista. d) Uma organização internacional só passa a ter personalidade jurídica quando há previsão expressa no seu tratado constitutivo. e) Os Estados-membros contribuem, como regra geral, de forma igualitária para a receita das organizações internacionais. Comentários: A letra A está errada porque a ONU é uma organização internacional de alcance universal e domínio político. Organizações com domínio específico seriam aquelas que se especializam em uma determinada matéria, como, por exemplo, a OIT, que trata especificamente das questões trabalhistas. A letra B está errada porque a Assembleia Geral é um órgão temporário, que se reúne em sessões ordinárias e extraordinárias. A letra C está correta! As organizações internacionais possuem imunidade à jurisdição estatal, inclusive nas questões trabalhistas. Os Estados, ao contrário, possuem imunidade de jurisdição, mas não em relação às questões trabalhistas. Esse inclusive é o entendimento da jurisprudência do STF sobre o assunto. A letra D está errada, porque uma organização internacional possui personalidade jurídica independentemente de expressa previsão no seu tratado constitutivo. A letra E está errada porque cada Estado-membro contribui para a receita das organizações internacionais na medida de sua capacidade econômico-financeira em respeito ao princípio da capacidade contributiva. 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!17!()!23 2- ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU): A Organização das Nações Unidas surgiu após a Segunda Guerra Mundial para substituir a Liga das Nações, organização internacional que funcionou em Genebra após a Primeira Guerra Mundial. Era totalmente natural que, após um período de tantos flagelos como a 2ª Guerra Mundial, os países se reunissem em torno de uma organização que buscasse a paz e a harmonia internacional. Assim surgiu a ONU, que nada mais é do que uma associação de Estados reunidos com os seguintes objetivos: 1- Manter a paz e a segurança internacionais. 2-Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio da igualdade e de autodeterminação dos povos. 3-Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e as liberdades fundamentais para todos. 4-Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses objetivos. O estatuto da ONU é a Carta das Nações Unidas, assinada em São Francisco em 26 de junho de 1945. Segundo o referido diploma, poderão ser admitidos como membros todos os Estados “amantes da paz” que aceitem as obrigações contidas na Carta e que a juízo da Organização estiverem aptos e dispostos a cumprir tais obrigações. A personalidade jurídica da ONU não está prevista em sua carta constitutiva, tendo sido reconhecida pelo Parecer Consultivo da CIJ de 1949, no conhecido caso do conde Folke Bernadotte. Na oportunidade, a CIJ reconheceu que a ONU possuía personalidade jurídica de direito internacional e, portanto, gozava de legitimidade para pleitear reparação de danos em razão do assassinato do seu representante no Oriente Médio, o conde Folke Bernadotte. Quanto às formas de sanção no âmbito da ONU, podemos apresentar três situações diferentes; 1) Quando um membro violar persistentemente os princípios da Carta da ONU, poderá ser expulso pela Assembléia Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança. 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!18!()!23 2) Suspensão do exercício dos direitos e privilégios de membro pela Assembléia Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança: quando for levada a efeito ação preventiva ou coercitiva por parte do Conselho de Segurança. 3)- Suspensão do direito de voto em Assembléia Geral : quando um Estado estiver em atraso no pagamento da parcela que deve à receita da organização. Atrasou o pagamento, não vai poder votar! São seis os órgãos especiais das Nações Unidas: Assembléia Geral, Conselho de Segurança, Corte Internacional de Justiça, Secretariado, Conselho Econômico e Social e o Conselho de Tutela. A seguir, falaremos um pouco sobre as funções e atribuições de cada um desses órgãos: 2.1- Assembléia Geral: A Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) é o órgão intergovernamental, plenário e deliberativo da Organização das Nações Unidas, sendo composto por todos os países membros, cada um com direito a um voto. A Assembléia Geral se reúne em sessões ordinárias, uma vez por ano, e em sessões extraordinárias, quando as circunstâncias o exigirem. As sessões extraordinárias são convocadas pelo Secretário-Geral, a pedido do Conselho de Segurança ou da maioria dos estados-membros. O processo decisório na Assembléia Geral ocorre da seguinte maneira: 1) Decisões tomadas pela maioria simples dos membros presentes e votantes. 2) Questões Importantes: 2/3 dos membros presentes e votantes. Observe que, no âmbito da Assembleia Geral da ONU, cada Estado- membro tem direito a um voto, o que é decorrência da aplicação do princípio da igualdade entre os Estados. A Assembléia Geral das Nações Unidas é o órgão encarregado das seguintes funções: - Discutir e fazer recomendações sobre qualquer assunto dentro das finalidades da ONU. - Considerar princípios gerais de cooperação na manutenção da paz e segurança internacionais 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!19!()!23 - Elaborar recomendações sobre a solução pacífica de qualquer litígio internacional. - Aprovar o orçamento da ONU. - Eleger os membros não-permanentes do Conselho de Segurança da ONU. 2.2- Conselho de Segurança: O Conselho de Segurança da ONU possui 10 membros não permanentes e 5 membros permanentes (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia). Os membros não-permanentes do Conselho de Segurança são eleitos pela Assembleia Geral e cumprem um mandato de dois anos. As decisões do Conselho de Segurança da ONU poderão ser processuais e não-processuais. Nas decisões não-processuais, assim consideradas as decisões mais importantes, exige-se o voto afirmativo de 9 (nove) dos 15 (quinze) membros do Conselho de Segurança da ONU, sendo que deverão estar incluídos os votos afirmativos de todos os membros permanentes. Os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) detêm, portanto, o chamado “direito de veto”. O “direito de veto” é prerrogativa única dos membros permanentes do Conselho de Segurança, podendo qualquer um deles impedir a adoção de uma decisão, se opondo à maioria ou unanimidade dos outros membros. Nas decisões processuais, por sua vez, exige-se tão somente o voto afirmativo de 9 (nove) dos 15 (quinze) membros do Conselho de Segurança da ONU, não havendo nestas o direito de veto pelos membros permanentes. O processo decisório no âmbito do Conselho de Segurança está definido no art.27 da Carta da ONU: Artigo 27 1. Cada membro do Conselho de Segurança terá um voto. 2. As decisões do conselho de Segurança, em questões processuais, serão tomadas pelo voto afirmativo de nove Membros. 3. As decisões do Conselho de Segurança, em todos os outros assuntos, serão tomadas pelo voto afirmativo de nove membros, 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!4:!()!23 inclusive os votos afirmativos de todos os membros permanentes, ficando estabelecido que, nas decisões previstas no Capítulo VI e no parágrafo 3 do Artigo 52, aquele que for parte em uma controvérsia se absterá de votar. As decisões do Conselho de Segurança da ONU são obrigatórias, vinculando todos os membros das Nações Unidas independentemente de seu consentimento. Todavia, elas não podem violar a própria Carta da ONU e as normas imperativas de direito internacional (jus cogens). A apreciação da licitude das resoluções do Conselho de Segurança pode ser feita pela Corte Internacional de Justiça ou, ainda, por outros tribunais internacionais. De acordo com o art.39 da Carta da ONU, o Conselho de Segurança determinará a existência de qualquer ameaça à paz, ruptura da paz ou ato de agressão, e fará recomendações ou decidirá que medidas deverão ser tomadas a fim de manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais. A Carta das Nações Unidas tem como um de seus princípios basilares a solução pacífica de controvérsias. A autorização do uso da força armada pelo Conselho de Segurança da ONU somente ocorrerá quando as medidas de caráter pacífico se revelarem inadequadas ou insuficientes. O uso da força é admitido em direito internacional somente em situações excepcionais: em caso de legítima defesa ou de segurança coletiva. A primeira está prevista no art. 51 da Carta da ONU, que estabelece que um Estado poderá agir em legítima defesa, individual ou coletiva, quando ocorrer um ataque armado. A segunda, por sua vez, está prevista nos art. 42 da Carta da ONU. A legítima defesa possui limites definidos pela Carta da ONU, pressupondo 4 (quatro) condicionantes16: - Uma agressão atual ou iminente: agressão não precisa, necessariamente, já ter ocorrido. Uma agressão pode ser considerada iminente quando há fortes indícios de que ela está prestes a ocorrer. - Uma resposta proporcional ao ataque - A comunicação imediata do ato ao Conselho de Segurança da ONU. - A limitação da resposta até que o Conselho de Segurança tome medidas efetivas para o estabelecimento da paz e da segurança internacional. A segurança coletiva, por sua vez, é prevista em três situações diferentes: ameaça à paz internacional, ruptura da paz e diante de atos !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 16 !VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público, São Paulo: Saraiva, 2009! 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!41!()!23 de agressão17. Prevê a Carta da ONU uma gradação das ações para a resolução do conflito, iniciando pelas negociações e passando a outras formas de pressão não-militares - isolamento do Estado, interrupção do comércio e das relações diplomáticas, como exemplo. O uso da força armada, por meio do envio de tropas, é o último recurso admitido. Artigo 42 No caso de o Conselho de Segurança considerar que as medidas previstas no Artigo 41 seriam ou demonstraram que são inadequadas, poderá levar a efeito, por meio de forças aéreas, navais ou terrestres, a ação que julgar necessária para manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais. Tal ação poderá compreender demonstrações, bloqueios e outras operações, por parte das forças aéreas, navais ou terrestres dos Membros das Nações Unidas. 2.3- Corte Internacional de Justiça: A Corte Internacional de Justiça (CIJ) é o principal órgão judiciário das Nações Unidas e tem como competência central solucionar controvérsias entre seus Membros. A CIJ será composta de um corpo de juízes independentes, eleitos sem atenção à sua nacionalidade, dentre pessoas que gozem de alta consideração moral e possuam as condições exigidas em seus respectivos países para o desempenho das mais altas funções judiciárias ou que sejam jurisconsultos de reconhecida competência em direito internacional (art.2º do Estatuto da CIJ). Se a banca examinadora disser que a Corte Internacional de Justiça é o único órgão judiciário das Nações Unidas, ela estará tentando te enganar. A CIJ não é o único órgão judiciário da ONU, mas sim o principal órgão judiciário das Nações Unidas. Segundo o art. 3º do Estatuto da CIJ, a Corte será composta por quinze membros, não podendo figurar entre eles dois nacionais do mesmo Estado. Cabe destacar que um juiz da mesma nacionalidade que uma das partes na controvérsia conserva o direito de nela atuar. No entanto, se isso ocorrer, a outra parte poderá escolher uma pessoa para atuar como juiz. Assim, se houver uma controvérsia entre Brasil e Argentina, um juiz brasileiro integrante da CIJ poderá participar do julgamento. Entretanto, a Argentina terá o direito de escolher alguém para atuar como juiz. Se entre os !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 17 !VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público, São Paulo: Saraiva, 2009! 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!44!()!23 juízes da Corte nenhum for nacional dos Estados litigantes, cada um dos Estados tem o direito de escolher um juiz. A CIJ tem competência para apreciar todos os litígios que a ela forem submetidos, assim como todos os assuntos previstos na Carta das Nações Unidas e nos tratados e convenções vigentes. No desempenho de suas atribuições, a Corte Internacional de Justiça irá aplicar normas de direito internacional aos casos em concreto. Somente os Estados poderão submeter uma controvérsia à Corte Internacional de Justiça, não podendo uma organização internacional postular perante este órgão. Podemos dividir a competência da Corte Internacional de Justiça em duas: competência contenciosa e competência consultiva. 1- Competência contenciosa: por meio desta competência, a CIJ delibera sobre litígios que a ela tiverem sido encaminhados. Esse é o entendimento do art.38 do Estatuto da CIJ, que determina que compete à CIJ decidir, de acordo com o direito internacional, as controvérsias que lhe forem submetidas. 1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito; c) os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas; d) sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito. 2. A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et bono, se as partes com isto concordarem. Um exemplo de uma controvérsia submetida à apreciação da CIJ seria a situação em que um país A é vítima de agressão armada por parte do país B e alega que isso representa uma violação à sua soberania e integridade territorial, o que é contrário à Carta das Nações Unidas. Outro exemplo seria 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!43!()!23 se um país A e um país B discordassem quanto aos limites de suas fronteiras marítimas. Citamos ainda como exemplo a demanda apresentada à CIJ pelo Equador contra a Colômbia devido à pulverização aérea de herbicidas tóxicos na fronteira entre os dois países. A competência da CIJ abrange todas as questões que as partes lhe submetam, bem como todos os assuntos especialmente previstos na Carta das Nações Unidas ou em tratados e convenções em vigor. Dessa forma, não interessa se a controvérsia gira em torno de tratados comerciais ou tratados ambientais. Em razão do princípio da soberania, não há obrigatoriedade de que os Estados se submetam à jurisdição da Corte Internacional de Justiça, ou seja, é decisão de cada um deles se submeter ao sistema jurídico internacional. Essa falta de competência compulsória da CIJ está prevista, inclusive, no art.36, parágrafo 2º do Estatuto da referida corte, que diz o seguinte: 2. Os Estados, partes do presente Estatuto, poderão, em qualquer momento, declarar que reconhecem como obrigatória, ipso facto e sem acordos especiais, em relação a qualquer outro Estado que aceite a mesma obrigação, a jurisdição da Corte em todas as controvérsias de ordem jurídica que tenham por objeto: a) a interpretação de um tratado; b) qualquer ponto de direito internacional; c) a existência de qualquer fato que, se verificado, constituiria violação de um compromisso internacional; d) a natureza ou extensão da reparação devida pela ruptura de um compromisso internacional. A interpretação que se deve fazer do art. 36,§ 2º é a de que cada Estado tem autonomia para definir se reconhece ou não como obrigatória a jurisdição da Corte Internacional de Justiça (CIJ). Caso reconheça, dizemos que este Estado aderiu à “cláusula facultativa de jurisdição obrigatória”. A partir daí, ele se submete automaticamente à jurisdição da CIJ. “Entendi, Ricardo! Mas e se um Estado não aderir a essa cláusula, o que acontece?” Ótima pergunta, meu amigo! Nessa situação, o Estado terá que declarar sua submissão à jurisdição da CIJ caso a caso. É o que acontece com o Brasil, que não aderiu à “cláusula facultativa de jurisdição obrigatória”. 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!45!()!23 Segundo Accioly18, percebe-se nesse dispositivo do Estatuto da CIJ a “claúsula opcional” de competência, que consiste em uma declaração de cada Estado em que são estipulados os limites em que reconhece a compulsoriedade da CIJ, bem como as áreas em que não reconhece a competência da Corte. As decisões da CIJ somente serão obrigatórias para as partes litigantes e a respeito do caso em questão, ou seja, não possuem eficácia erga omnes, ficando limitadas ao caso em concreto. A sentença proferida pela Corte é definitiva e inapelável. Podem, entretanto, existir dúvidas quanto ao sentido e ao alcance da sentença, o que deverá ser interpretado pela Corte mediante pleito de qualquer das partes na controvérsia. 2-Competência consultiva: a Corte Internacional de Justiça possui também competência para emitir parecer consultivo sobre questões de direito internacional. As questões sobre as quais for pedido o parecer consultivo da Corte serão a ela submetidas por meio de petição escrita, que deverá conter uma exposição do assunto sobre o qual é solicitado o parecer e será acompanhada de todos os documentos que possam elucidar a questão. Quem possui legitimidade para solicitar uma opinião consultiva à CIJ são os órgãos da ONU e as organizações internacionais do Sistema ONU. Na maior parte das vezes, quem solicita esse parecer consultivo é a Assembléia Geral da ONU. Segundo Accioly19, o procedimento para se requerer um parecer consultivo à Corte é bem mais simples que o procedimento contencioso, bastando três requisitos: - a pergunta à Corte deverá versar sobre direito internacional; - a pergunta deve ser feita de forma clara e objetiva; e - a entidade que faz a consulta deve ser habilitada a fazê-lo. Destaque-se que os pareceres da CIJ não são obrigatórios, sendo apenas indicativos da posição da Corte no exame de um caso concreto a ser apreciado no futuro. Os Estados e organizações internacionais podem ser admitidos no processo na condição de amicus curiae, apresentando exposições escritas e orais. !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 18 ! ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Público, 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009! 19 ! ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Público, 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009! 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!46!()!23 2.4- Secretariado: O Secretariado da ONU tem sua sede em Nova York, sendo o órgão administrativo dessa organização internacional. Compõe-se de um Secretário Geral e do pessoal exigido pelos trabalhos da organização. O Secretário Geral é o principal funcionário administrativo da organização, sendo indicado pela Assembléia Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança. O Secretário-Geral poderá chamar a atenção do Conselho de Segurança para qualquer assunto que em sua opinião possa ameaçar a manutenção da paz e da segurança internacionais. De acordo com o art.102 da Carta da ONU, todo tratado e acordo internacional concluído por qualquer membro das Nações Unidas deverá ser registrado e publicado pelo Secretariado dentro de prazo o mais breve possível. O registro e publicação de um tratado no Secretariado da ONU, além de contribuir com a transparência da prática convencional, é condição sine qua non para que se possa invocar o texto do tratado perante qualquer órgão das Nações Unidas. 2.5- Conselho Econômico e Social: O Conselho Econômico e Social é composto por 54 membros eleitos pela Assembléia Geral. Possui as seguintes atribuições: - Elaborar estudos e relatórios a respeito de assuntos internacionais de caráter econômico, social, cultural, educacional, sanitários e conexos. No que diz respeito a esses assuntos, poderá fazer recomendações à Assembléia Geral, aos membros das Nações Unidas e às agências especializadas. - Poderá fazer recomendações no que diz respeito às questões relacionadas ao respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais. - Poderá preparar projetos de convenções a serem submetidos à Assembléia Geral sobre assuntos de sua competência. -Poderá convocar conferências internacionais sobre assuntos de sua competência. 2.6- Conselho de Tutela: Segundo o que se depreende da Carta das Nações Unidas, o Conselho de Tutela é o órgão das Nações Unidas a quem cabia a supervisão da 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!42!()!23 administração dos territórios que se encontravam sob o regime de tutela internacional. Atualmente, como não mais existem territórios sob tutela, o Conselho de Tutela não mais exerce suas atribuições, embora ainda exista formalmente. 18. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2014) A ONU, instituída pela Carta de São Francisco, em 1945, ao final da Segunda Guerra Mundial, resultou do primeiro projeto de criação de uma organização internacional. Comentários: De fato, a ONU foi criada após a Segunda Guerra Mundial. No entanto, não se pode afirmar que ela resultou do primeiro projeto de criação de organização internacional. Antes da ONU, há haviam sido criadas outras organizações internacionais, como é o caso da Liga das Nações (sua antecessora) e a OIT (Organização Internacional do Trabalho). Questão errada. 19. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2014) Conforme dispõe a Carta das Nações Unidas, a qualificação de um voto para cada Estado nacional na Assembleia Geral das Nações Unidas constitui uma forma de aplicação do princípio da igualdade entre os Estados. Comentários: Na Assembleia Geral da ONU, cada Estado tem direito a um voto, o que denota a aplicação do princípio da igualdade entre os Estados. Questão correta. 20. (AFC-TCU/2000) As decisões não processuais do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas – ONU serão tomadas pelo voto afirmativo: a) dos membros permanentes do Conselho de Segurança b) dos Estados-Membros da ONU c) de 2/3 dos Estados-Membros presentes e votantes 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!47!()!23 d) de nove membros, inclusive os votos afirmativos de todos os membros permanentes. e) dos sete países mais desenvolvidos Comentários: Os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (E.U.A, Reino Unido, França, Rússia e China) possuem o que nós costumamos chamar de “poder de veto”, o que quer dizer que qualquer um desses países pode frustrar o processo decisório através do voto negativo. Logo, para que uma decisão seja adotada pelo Conselho de Segurança, é necessário que: 1)- Todos os membros permanentes do Conselho de Segurança votem favoravelmente a ela. 2)- É necessário o voto afirmativo de 9 (nove) dos seus 15 (quinze) membros. Juntando as duas condições, podemos resumir o processo decisório no âmbito desse órgão da ONU através de uma única frase, muito bem expressa na letra D: “As decisões não processuais do Conselho de Segurança da ONU serão tomadas pelo voto afirmativo de nove membros, inclusive os votos afirmativos de todos os membros permanentes.” 21. (AFRFB/2005) O Estado-membro das Nações Unidas que viole persistentemente os princípios contidos na Carta daquele organismo internacional está sujeito à sanção, que decorre de recomendação de instância interna daquele organismo, mediante procedimento que se caracteriza, a saber: a) a sanção consiste em aplicação de multa, pela Assembléia Geral, de quem também parte a recomendação para a aplicação da referida sanção. b) a sanção consiste na perda de todas as ajudas e subsídios internacionais mediados pela Organização das Nações Unidas, a partir de recomendação da Assembléia Geral, a ser confirmada pelo Conselho de Segurança. c) a sanção consiste na suspensão por tempo indeterminado da participação do Estado penalizado na Organização das Nações Unidas, a partir de proposta da Assembléia Geral, que será encaminhada para confirmação do Conselho de Segurança. d) a sanção consiste em determinação da perda de direito de voto na Assembléia Geral, por parte do Estado penalizado, a partir de recomendação de dois terços dos membros da Organização das Nações Unidas. 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!48!()!23 e) a sanção consiste em possibilidade de expulsão da Organização das Nações Unidas, pela Assembléia Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança. Comentários: Vejam só, meus amigos, o que foi cobrado na prova de AFRFB 2005! A pergunta é: o que acontece quando um membro viola persistentemente os princípios contidos na Carta da ONU? Qual será sua sanção? A resposta nos é dada pelo art.6º da Carta da ONU, que dispõe que: “O Membro das Nações Unidas que houver violado persistentemente os Princípios contidos na presente Carta, poderá ser expulso da Organização pela Assembléia Geral mediante recomendação do Conselho de Segurança.” Como podemos ver, é justamente o que está previsto na letra E. 22. (ACE/1998) São órgãos especiais da Organização das Nações Unidas (ONU): a) o Conselho de Tutela e a Conferência Internacional do Trabalho b) a Corte Internacional de Justiça e o Conselho Econômico e Social c) o Conselho Econômico e Social e a Conferência Ministerial d) a Conferência Ministerial e a Assembléia Geral e) a Assembléia Geral e a Conferência Internacional do Trabalho Comentários: São órgãos das ONU: i) Assembléia Geral; ii) Conselho de Segurança; iii) Corte Internacional de Justiça; iv) Secretariado; v) Conselho Econômico e Social; vi) Conselho de Tutela. A resposta correta é, portanto, a letra B. 23. (PFN-2006)- De acordo com a Carta das Nações Unidas, de 1945, a Assembleia Geral: a) será composta de quinze membros, observando-se que a República da China, a França, o Reino Unido, a Rússia, a Inglaterra e os Estados Unidos são membros permanentes. b) será constituída por todos os membros das Nações Unidas. c) é composta por cinquenta e quatro membros das Nações Unidas, eleitos pelo Conselho Econômico e Social, respeitando-se a presença dos membros permanentes. 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!49!()!23 d) será constituída por todos os países signatários da Carta, com exceção da Suíça e de países que estejam fiscalização internacional, no que toca o desrespeito à pauta de direitos humanos. e) será composta pelos signatários originários da Carta, como membros permanentes, e por signatários supervenientes, como membros aderentes, outorgando-se direito de voto àqueles primeiros. Comentários: A Assembleia Geral é um órgão intergovernamental, plenário e deliberativo das Nações Unidas, sendo composto por todos os Estados- membros da ONU, cada um com direito a um voto, o que torna a letra B a resposta correta. 24. (Instituto Rio Branco-2010)- Considere a situação hipotética em que o Estado A decide acionar o Estado B, perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ), em razão do descumprimento, por parte do segundo, de tratado sobre restituição de obras de arte. Com relação a essa situação, julgue C ou E. ( ) A ação somente pode ser conhecida se ambos os Estados tiverem aceito a cláusula facultativa de jurisdição obrigatória. ( ) Caso nenhum juiz da CIJ seja nacional dos dois Estados em questão, esses Estados poderão indicar juízes ad hoc previamente aprovados pelo Conselho de Segurança. ( ) Julgada a causa, a sentença é obrigatória para as partes em litígio. ( ) Segundo o Estatuto da CIJ, a matéria em litígio não é de sua competência. Comentários: A primeira assertiva está errada. Se ambos os Estados tiverem aceito a cláusula facultativa de jurisdição obrigatória, isso significa que eles estarão automaticamente submetidos à jurisdição da CIJ. No entanto, também é possível que eles declarem se submeter à jurisdição da CIJ no caso concreto. A segunda assertiva está errada. De fato, se nenhum juiz da CIJ for nacional dos Estados em litígio, eles poderão indicar juízes “ad hoc”. No entanto, tais juízes não precisam ser previamente aprovados pelo Conselho de Segurança. A terceira assertiva está correta. As sentenças da CIJ são obrigatórias e irrecorríveis. 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!3:!()!23 A quarta assertiva está errada. As competências da CIJ abrangem todas as questões que as Partes lhe submetam, bem como todos os assuntos previstos na Carta da ONU e em tratados e convenções em vigor. 25. (Consultor Legislativo / Senado Federal - 2002)- A jurisdição da Corte Internacional de Justiça está vinculada à assinatura da cláusula facultativa de jurisdição obrigatória. Nesse sentido, considere, por hipótese, que o Estado X, membro da ONU e signatário de cláusula de aceitação antecipada da jurisdição da Corte, tenha sido demandado pelo Estado Y, não-signatário da referida cláusula. Nessa situação, o Estado Y não poderá recusar a jurisdição da Corte. Comentários: Um Estado que não tenha aceito a cláusula facultativa de jurisdição obrigatória poderá, no caso concreto, recusar a se submeter à jurisdição da CIJ. Questão errada. 26. (OAB-2007)- A Corte Internacional de Justiça tem uma competência contenciosa e uma competência consultiva. Na primeira, somente podem ser partes perante a Corte: a) organizações internacionais intergovernamentais. b) Estados c) empresas internacionais e pessoas privadas. d) organizações não-governamentais. Comentários: Somente os Estados podem submeter questões à competência contenciosa da CIJ. Logo, a resposta é a letra B. 27. (AGU-2009)- A ONU deve exercer papel relevante na resolução de conflitos, podendo, inclusive, praticar ação coercitiva para a busca da paz. Comentários: A ONU admite o uso da força em direito internacional em situações excepcionais: em caso de legítima defesa ou de segurança coletiva. A legítima defesa está prevista no art. 51 da Carta da ONU, enquanto a segurança coletiva está explícita no art. 42 da mesma norma internacional. A segurança coletiva é prevista em três situações diferentes: ameaça à paz internacional, ruptura da paz e diante de atos de agressão. Questão correta. 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!31!()!23 28. (Consultor Legislativo / Senado Federal - 2002)- As agências especializadas da Organização das Nações Unidas são desprovidas de personalidade jurídica própria em direito das gentes. Comentários: As agências especializadas da ONU possuem personalidade jurídica de direito internacional própria. Questão errada. 29. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados- 2002)- As empresas transnacionais e, em determinadas circunstâncias, as pessoas humanas poderão figurar como partes perante a Corte Internacional de Justiça, motivo pelo qual são consideradas pessoas do direito internacional público. Comentários: Somente possuem capacidade postulatória perante a CIJ os Estados. Questão errada. 30. (Juiz Federal 1ª Região- 2009)- Considerando que a Assembleia- Geral da ONU tenha solicitado parecer consultivo à Corte Internacional de Justiça a respeito da utilização de armas químicas em conflitos internacionais, assinale a opção correta. a) O parecer consultivo da Corte será obrigatório para todos os membros da ONU. b) Somente o Conselho de Segurança das Nações Unidas tem competência para solicitar parecer consultivo envolvendo conflitos internacionais. c) Parecer consultivo sobre a mesma temática pode ser solicitado diretamente por membro da ONU. d) Estados podem ser admitidos a comparecer no procedimento perante a Corte e apresentar exposições escritas e orais. e) O procedimento para apreciação de pareceres consultivos difere caso seja solicitado pela Assembléia-Geral ou pelo Conselho de Segurança. Comentários: Letra A: errada. Os pareceres consultivos da CIJ não são obrigatórios, mas tão somente indicam qual seria a posição desse tribunal em um suposto caso concreto. Letra B: errada. As Organizações internacionais do Sistema da ONU e os órgãos da própria ONU poderão solicitar parecer consultivo à CIJ. 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!34!()!23 Letra C: errada. Os Estados-membros da ONU não podem solicitar parecer consultivo a essa organização internacional, já que o Estatuto da CIJ não reconhece sua capacidade postulatória para esse fim. Letra D: correta. O Estatuto da CIJ admite que Estados e organizações internacionais participem do processo na condição de amicus curiae, apresentando exposições escritas e orais. Letra E: errada. Não há qualquer diferença processual em relação a pareceres solicitados pela Assembleia Geral ou pelo Conselho de Segurança. 31. (OAB-2007)- Entre as questões importantes a serem decididas pela Assembleia Geral das Nações Unidas, encontram-se as recomendações relativas à manutenção da paz e da segurança internacionais, a eleição dos membros não-permanentes do Conselho de Segurança, a admissão de novos membros, bem como a suspensão de direitos e privilégios de membros e sua expulsão. Nessas questões, a Assembleia decide por: a) maioria dos membros presentes e votantes. b) dois terços dos membros presentes e votantes. c) dois terços dos membros presentes e votantes e os membros permanentes do Conselho de Segurança. d) nove votos afirmativos, neles incluídos os membros permanentes do Conselho de Segurança. Comentários: Cuidado com essa questão! Ela quer saber qual o processo decisório no âmbito da Assembleia Geral (e não no Conselho de Segurança da ONU!). As questões importantes serão decididas pela Assembleia Geral mediante voto de dois terços dos membros presentes e votantes. Logo, a resposta é a letra B. 32. (ACE-2001)- A Carta de São Francisco, tratado constitutivo da ONU, concede à organização personalidade jurídica de direito internacional. Comentários: A Carta de São Francisco não concedeu, expressamente, personalidade jurídica de direito internacional à ONU. A personalidade jurídica dessa organização internacional foi reconhecida por meio de um Parecer Consultivo da CIJ. Questão errada. 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!33!()!23 33. (ACE-2001)- A admissão como membro da ONU está aberta a todos os Estados e organizações internacionais amantes da paz que aceitarem as obrigações da ONU. Comentários: As organizações internacionais não podem ser membros da ONU. Questão errada. 34. (ACE-2001) – O Conselho de Segurança da ONU, cuja principal responsabilidade é a manutenção da paz e segurança internacionais, compõe-se de cinco membros permanentes e de dez membros eleitos pela Assembleia Geral para um período de dois anos. Comentários: De fato, o Conselho de Segurança da ONU possui 5 membros permanentes e 10 membros não-permanentes. Os 10 membros não- permanentes são eleitos pela Assembleia Geral para um período de 2 anos. Questão correta. 35. (ACE-2001)- O Secretário Geral da ONU, principal funcionário administrativo da organização, tem a última palavra em caso de intervenção armada para manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais. Comentários: O órgão competente para dar a palavra final em ações de manutenção ou restabelecimento da paz e segurança internacionais é o Conselho de Segurança da ONU. Questão errada. 36. (Questão Inédita)- “A Corte Internacional de Justiça é o resultado de décadas de sedimentação da ideia de órgão jurisdicional capaz de assegurar solução de controvérsias entre Estados. Criada em 1945, a CIJ constitui o principal órgão judicial da Organização das Nações Unidas.” (ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público). Levando-se em consideração as atribuições da CIJ, assinale a alternativa incorreta: a) Somente Estados poderão levar uma controvérsia à apreciação da Corte Internacional de Justiça, não sendo admissível que uma organização internacional participe como parte perante a referida Corte. b) As decisões da CIJ serão tomadas sempre pela maioria dos juízes presentes. 40531388093 !∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234 5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋( 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅ 8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!35!()!23 c) A Corte poderá dar parecer consultivo sobre qualquer questão jurídica a pedido do órgão que, de acordo com a Carta nas Nações Unidas ou por ela autorizado, estiver em condições de fazer tal pedido. d) A competência da Corte abrange todas as questões que as partes lhe submetam, bem como todos os assuntos especialmente previstos na Carta
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