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Aula 16 Direito Administrativo p/ AFC/CGU - Todas as áreas Professores: Érica Porfírio, Erick Alves Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 53 OBSERVAÇÃO IMPORTANTE Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos ;-) 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 53 AULA 16 Olá pessoal! Na aula de hoje vamos falar sobre ética na Administração Pública, um tema relativamente tranquilo para efeito de prova, mas com muita aplicação prática no dia-a-dia do agente público. Seguiremos o seguinte sumário: SUMÁRIO Ética Profissional do Servidor público ................................................................................................................ 4 Das regras deontológicas ........................................................................................................................................... 5 Deveres fundamentais do servidor público ....................................................................................................... 7 Vedações ao servidor público .................................................................................................................................. 9 Sistema de Gestão de Ética do Poder Executivo Federal ........................................................................ 15 Competências da Comissão de Ética Pública .................................................................................................. 16 Composição da Comissão de Ética Pública ...................................................................................................... 17 Atuação do Sistema de Gestão da Ética ............................................................................................................. 18 Conflito de Interesses no Serviço Público ...................................................................................................... 21 Consequências do conflito de interesses .......................................................................................................... 23 Disposições específicas para a alta Administração ...................................................................................... 24 Fiscalização e avaliação do conflito de interesses ........................................................................................ 26 Resolução nº 8/2003 da Comissão de Ética Pública ................................................................................... 27 Questões de prova ....................................................................................................................................................... 34 RESUMÃO DA AULA ..................................................................................................................................................... 45 Questões comentadas na aula ............................................................................................................................... 47 Gabarito ............................................................................................................................................................................. 53 Especificamente, vamos estudar as seguintes normas, as quais devem ser utilizadas para acompanhar a aula:  Decreto 1.171/1994: aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal.  Decreto 6.029/2007: institui Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal, e dá outras providências. 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 53  Lei 12.813/2013: dispõe sobre o conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego do Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao exercício do cargo ou emprego.  Resolução 8/2003, da Comissão de Ética Pública: identifica situações que suscitam conflito de interesses e dispõe sobre o modo de preveni-los. Aos estudos! 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 53 ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO O Decreto 1.171/1994 instituiu o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (o Código é um anexo ao Decreto). O normativo estabelece parâmetros de conduta, conceitos, valores e princípios de natureza ética, além de deveres e vedações da mesma natureza. Em suma, é um ³PDQXDO GH� FRQGXWD´� D� VHU� VHJXLGR� SHORV� servidores públicos civis do Executivo Federal. O Código de Ética não é uma norma complexa, a começar pelo tamanho reduzido. Seu texto é completamente autoexplicativo, demandando apenas uma leitura atenta para sua correta compreensão. Ademais, creio que muitas das questões de prova que se baseiam em códigos de ética podem ser resolvidas apenas com bom senso, se o candidato considerar as boas normas de conduta e de comportamento que a sociedade espera do trabalho de um servidor público. Detalhe importante é que as disposições do Código de Ética são aplicáveis no âmbito do Poder Executivo Federal, ou seja, não incide sobre os servidores do Legislativo, do Judiciário, do Ministério Público e do Tribunal de Contas, que possuem códigos de ética próprios. Para fins de aplicação do Código entende-se por servidor público todo aquele que 币?Žƌ�força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou em qualquer setor ŽŶĚĞ�ƉƌĞǀĂůĞĕĂ�Ž�ŝŶƚĞƌĞƐƐĞ�ĚŽ��ƐƚĂĚŽ 弃? Percebe-se, portanto, que o Código de Ética tem uma abrangência semelhante à da Lei de Improbidade Administrativa, abrangendo servidores estatutários efetivos e comissionados, empregados públicos, agentes temporários e agentes em colaboração com o Estado, com a diferença de que o Código de Ética é restrito ao Poder Executivo Federal. O Código inicia apresentando uma série de regras deontológicas, isto é, diretrizes morais que devem nortear a conduta dos servidores 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 53 públicos, tanto na sua vida profissional como na particular. Para facilitar a sua consulta, segue a transcrição de tais regras: DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos. II - O servidor público nãopoderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal. III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo. IV - A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade administrativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como consequência em fator de legalidade. V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio. VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional. VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública, a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 53 administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a negar. VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corretivo do hábito do erro, da opressão, ou da mentira, que sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação. IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los. X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços públicos. XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam- se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função pública. XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas. XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nação. Viram só? Não há mistério algum. Todas as regras são autoexplicativas e, geralmente, as questões de prova exigem a literalidade. Não obstante, trata-se, a meu ver, de um excelente rol de 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 53 princípios que, se fosse rigorosamente observado na prática, contribuiria em muito para o aprimoramento do serviço público brasileiro. Perceba que a maior parte das regras tem como fim proteger o cidadão dos desmandos e das ineficiências da nossa Administração Pública (sessão desabafo...rsrs). Enfim, vamos prosseguir. DEVERES FUNDAMENTAIS DO SERVIDOR PÚBLICO Mais à frente, o Código relaciona uma lista dos principais deveres do servidor público. Vejamos:  SÃO DEVERES FUNDAMENTAIS DO SERVIDOR PÚBLICO: a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego público de que seja titular; b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário; c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum; d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu cargo; e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços, aperfeiçoando o processo de comunicação e contato com o público; f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços públicos; g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar- lhes dano moral; h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal; 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 53 i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações morais, ilegais ou aéticas e denunciá-las; j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências específicas da defesa da vida e da segurança coletiva; l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativamente em todo o sistema; m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as providências cabíveis; n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, seguindo os métodos mais adequados à sua organização e distribuição; o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a realização do bem comum;p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao exercício da função; q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções; r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem. s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de direito; t) exercer, com estrita moderação, as prerrogativas funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos jurisdicionados administrativos; u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mesmo que observando as formalidades legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei; v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral cumprimento. Perceba que os deveres do servidor público nada mais são que um desdobramento, isto é, uma aplicação prática das regras morais listadas 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 53 anteriormente. Também aqui vale apenas uma leitura para conseguir resolver as questões. VEDAÇÕES AO SERVIDOR PÚBLICO Além dos deveres, o Código também lista uma série de condutas eticamente reprováveis e que, por isso, são vedadas ao servidor público. São elas: Â É VEDADO AO SERVIDOR PÚBLICO: a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem; b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servidores ou de cidadãos que deles dependam; c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão; d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material; e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister; f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores; g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim; h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para providências; i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em serviços públicos; j) desviar servidor público para atendimento a interesse particular; l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, qualquer 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 53 documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público; m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros; n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente; o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana; p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso. Para conferir plena vigência ao Código de Ética, os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e indireta, assim como qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder público, devem constituir uma Comissão de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público. Cada Comissão de Ética deve ser integrada por três membros titulares e três suplentes, escolhidos entre servidores e empregados do seu quadro permanente, e designados pelo dirigente máximo da respectiva entidade ou órgão, para mandatos não coincidentes de três anos (Decreto 6.029/2007, art. 5º). A constituição das Comissões de Ética em cada órgão e entidade deverá ser comunicada à Secretaria da Administração Federal da Presidência da República, com a indicação dos respectivos membros titulares e suplentes. Os trabalhos nas Comissões de Ética são considerados relevantes e têm prioridade sobre as atribuições próprias dos cargos dos seus membros, quando estes não atuarem com exclusividade na Comissão (Decreto 6.029/2007, art. 19). Compete às Comissões de Ética (Decreto 6.029/2007, art. 7º): Atuar como instância consultiva de dirigentes e servidores no âmbito de seu respectivo órgão ou entidade; Aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, devendo: 9 submeter à Comissão de Ética Pública propostas para seu aperfeiçoamento; 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 53 9 dirimir dúvidas a respeito da interpretação de suas normas e deliberar sobre casos omissos; 9 apurar, mediante denúncia ou de ofício, conduta em desacordo com as normas éticas pertinentes; e 9 recomendar, acompanhar e avaliar, no âmbito do órgão ou entidade a que estiver vinculada, o desenvolvimento de ações objetivando a disseminação, capacitação e treinamento sobre as normas de ética e disciplina; Representar a respectiva entidade ou órgão na Rede de Ética do Poder Executivo Federal; e Supervisionar a observância do Código de Conduta da Alta Administração Federal e comunicar à Comissão de Ética Pública (CEP) situações que possam configurar descumprimento de suas normas. Cada Comissão de Ética contará com uma Secretaria-Executiva, vinculada administrativamente à instância máxima da entidade ou órgão, para cumprir plano de trabalho por ela aprovado e prover o apoio técnico e material necessário ao cumprimento das suas atribuições. As Secretarias-Executivas serão chefiadas por servidor ou empregado do quadro permanente da entidade ou órgão, ocupante de cargo de direção compatível com sua estrutura, alocado sem aumento de despesas (Decreto 6.029/2007, art. 7º, §§1º e 2º). É dever do titular de entidade ou órgão da Administração Pública Federal assegurar as condições de trabalho para que as Comissões de Ética cumpram suas funções, inclusive para que não resulte qualquer prejuízo ou dano aos seus integrantes decorrente do regular exercício das atribuições na Comissão (Decreto 6.029/2007, art. 6º). Os casos de violação ao Código de Ética devem ser levados à respectiva Comissão de Ética constituída no âmbito do órgão ou entidade. A Comissão possui competência para aplicar ao servidor público infrator a pena de censura. A pena aplicável pela violação ao Código de Ética é a censura. Os fundamentos da censura devem constar do respectivo parecer, assinado por todos os integrantes da Comissão. Se algum dos integrantes 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alveswww.estrategiaconcursos.com.br 12 de 53 estiver ausente quando da formulação do parecer, a Comissão deverá dar- lhe ciência. A censura ética fica registrada nos assentamentos funcionais do servidor, para o efeito de instruir e fundamentar promoções e para todos os demais procedimentos próprios da sua carreira. Para que isso ocorra, a Comissão de Ética deve fornecer, aos organismos encarregados da execução do quadro de carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta ética. 1. (Cespe ± MDIC 2014) O item apresenta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. Em uma repartição onde há atendimento ao público para fornecimento de certidões, a emissão de documentos foi interrompida em virtude de problemas técnicos, quando ainda havia tempo razoável de expediente de trabalho. Entretanto, um servidor público, sem buscar informações junto aos profissionais técnicos, exigiu que todos os cidadãos se retirassem das instalações do órgão e voltassem no dia seguinte, sem prestar qualquer informação sobre os motivos da decisão ou da interrupção do serviço. Nessa situação, o servidor público cometeu infração ética, uma vez que compete a ele informar aos usuários os motivos da paralisação do serviço, pois o aperfeiçoamento da comunicação e do contato com o público é um dever ético-funcional. Comentário: O item está em conformidade com o seguinte dispositivo do Código de Ética: XIV - São deveres fundamentais do servidor público: (...) e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços, aperfeiçoando o processo de comunicação e contato com o público; Uma vez que o servidor descumpriu o dever acima, pode-se afirmar que ele cometeu uma infração ética. Gabarito: Certo 2. (Cespe ± MDIC 2014) O item apresenta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. Em uma sociedade de economia mista que desenvolve atividade de prevalente 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 53 interesse do Estado, determinado empregado falta ao trabalho frequentemente, sem justificativas. Nessa situação, a conduta do empregado constitui falta apenas em relação à Consolidação das Leis do Trabalho e ele não está sujeito ao Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo. Comentário: A conduta do empregado também representa descumprimento de dever estabelecido pelo Código de Ética do Servidor Público: XIV - São deveres fundamentais do servidor público: (...) l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativamente em todo o sistema; Gabarito: Errado 3. (Cespe ± MTE 2014) A função pública, para todos os efeitos, deve ser tida como exercício profissional, não se integrando à vida particular do servidor público, o qual deve ser capaz de distinguir entre seus interesses privados e o bem comum. Comentário: Segundo o Código de Ética: VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional. Gabarito: Errado 4. (Cespe ± MTE 2014) No que tange aos princípios morais, o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal trata dos primados da dignidade e da consciência como normas hierarquicamente superiores aos primados da eficácia e do zelo, visto que estes representam princípios técnicos de caráter secundário. Comentário: Os princípios da dignidade, da consciência, da eficácia e do zelo são tratados com a mesma importância no Código de Ética. Vejamos: I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos. Gabarito: Errado 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 53 5. (Cespe ± MTE 2014) Considere que Vagner, servidor do MTE, no final de semana, quando não trabalhava, tenha feito circular mensagem de correio eletrônico que caluniava Sílvia, colega de trabalho. Nessa situação, como a mensagem não partiu do espaço de trabalho e foi feita fora do horário de serviço, Vagner não cometeu atitude que fira o Código de Ética do MTE. Comentário: O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta, seja no exercício do cargo ou função, seja fora dele. Sendo assim, as disposições do Código de Ética devem ser observadas pelo servidor ainda que esteja fora do horário de serviço. Portanto, na questão, a circulação da mensagem caluniosa no final de semana representa violação ao seguinte dispositivo do Código: XV - E vedado ao servidor público: (...) b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servidores ou de cidadãos que deles dependam; Gabarito: Errado 6. (Cespe ± Polícia Federal 2014) De acordo com o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, tratar mal um cidadão significa causar-lhe dano moral. Comentário: Segundo o Código de Ética do Servidor Público: IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los. Gabarito: Certo 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 53 SISTEMA DE GESTÃO DE ÉTICA DO PODER EXECUTIVO FEDERAL O Decreto 6.029/2007 instituiu o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal. O Sistema possui a finalidade de promover atividades que dispõem sobre a conduta ética no âmbito do Executivo Federal, por exemplo, integrando órgãos, programas e ações relacionadas com a ética pública, contribuindo para a promoção da transparência e do acesso à informação, ou promovendo a compatibilização e interação de normas, procedimentos técnicos e de gestão relativos à ética pública. O Sistema de Gestão da Ética possui a seguinte composição:  Comissão de Ética Pública ± CEP;  Comissões de Ética criadas conforme o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto 1171 de 22/06/1994);  Demais comissões de ética e equivalentes nas entidades e órgãos do Poder Executivo Federal. Note que o Sistema de Gestão Ética é composto pelas comissões de ética criadas em cumprimento ao Código de Ética do servidor público do Executivo Federal ± aquelas que estudamos anteriormente ± e também por outras comissões de ética criadas independentemente do Código e, ainda,pela chamada Comissão de Ética Pública (CEP), sobre a qual falaremos mais adiante. O Decreto 6.029/2007 trata também da Rede de Ética do Poder Executivo Federal, com o objetivo de promover a cooperação técnica e a avaliação em gestão da ética (art. 9º). A Rede de Ética é integrada pelos representantes das Comissões que Ética que compõem o Sistema de Gestão da Ética, quais sejam a CEP, as comissões de ética constituídas com base no Código de Ética do servidor e as demais comissões e equivalentes nas entidades e órgãos do Poder Executivo Federal. Ou sejD��R�³6LVWHPD´�p�FRPSRVWR�SHODV�SUySULDV� FRPLVV}HV�H�D�³5HGH´�p�FRPSRVWD�SHORV�UHSUHVHQWDQWHV�GHVVDV�FRPLVV}HV� Os integrantes da Rede de Ética se reúnem pelo menos uma vez por ano, sob a coordenação da CEP, para avaliar o programa e as ações para a promoção da ética na administração pública. Os trabalhos da CEP e das demais Comissões de Ética devem ser desenvolvidos com celeridade e observância dos seguintes princípios: 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 53 Proteção à honra e à imagem da pessoa investigada; Proteção à identidade do denunciante, que deverá ser mantida sob reserva, se este assim o desejar; e Independência e imparcialidade dos seus membros na apuração dos fatos, com as garantias asseguradas neste Decreto. COMPETÊNCIAS DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA A Comissão de Ética Pública, vinculada ao Presidente da República, tem como missão zelar pelo cumprimento do Código de Conduta da Alta Administração Federal, orientar as autoridades para que se conduzam de acordo com suas normas e, com isso, inspirar o respeito no serviço público. Conforme o art. 4º do Decreto 6.029/2007, compete à CEP: Atuar como instância consultiva do Presidente da República e Ministros de Estado em matéria de ética pública; Administrar a aplicação do Código de Conduta da Alta Administração Federal, devendo: o submeter ao Presidente da República medidas para seu aprimoramento; o dirimir dúvidas a respeito de interpretação de suas normas, deliberando sobre casos omissos; o apurar, mediante denúncia, ou de ofício, condutas em desacordo com as normas nele previstas, quando praticadas pelas autoridades a ele submetidas; Dirimir dúvidas de interpretação sobre as normas do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto 1.171/1994); Coordenar, avaliar e supervisionar o Sistema de Gestão da Ética Pública do Poder Executivo Federal; Aprovar o seu regimento interno; e Escolher o seu Presidente (o qual terá voto de qualidade nas deliberações da Comissão). À CEP cumpre, ainda, responder a consultas sobre aspectos éticos que lhe forem dirigidas pelas demais comissões de ética e pelos órgãos e entidades que integram o Executivo Federal, bem como pelos cidadãos e servidores que venham a ser indicados para ocupar cargo ou função na Administração Federal (art. 16, §2º). 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 53 Ademais, compete à CEP apurar as infrações de natureza ética cometidas por membro das comissões de ética constituídas no âmbito dos órgãos e entidades do Executivo Federal (art. 21). COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA A CEP, conforme o art. 3º do Decreto 6.029/2007, deve ser composta por sete brasileiros que preencham os seguintes requisitos: Idoneidade moral; Reputação ilibada; Notória experiência em administração pública. Os integrantes da CEP são designados pelo Presidente da República, para mandatos de três anos, não coincidentes, permitida uma única recondução. Detalhe é que os integrantes da CEP não precisam ser, necessariamente, servidores públicos. A ideia dos mandatos não serem coincidentes é para que não haja renovação total da comissão de uma vez só. É o mesmo que ocorre, por exemplo, no Senado Federal, em que as eleições renovam 2/3 ou 1/3 da Casa por vez. Para impedir a renovação total dos integrantes da CEP de uma vez só, o art. 3º, §3º do Decreto 6.029/2007 estabelece que ³RV� PDQGDWRV� dos primeiros membros serão de um, dois e três anos, estabelecidos no GHFUHWR�GH�GHVLJQDomR´. Portanto, a fim de garantir a não coincidência de mandatos, alguns dos primeiros membros da CEP, que ocuparam os cargos quando a Comissão foi criada, tiveram mandatos inferiores a três anos. A partir de então, os novos integrantes são designados para mandatos de três anos, permitida uma única recondução. Importante ressaltar que a atuação no âmbito da CEP não enseja qualquer remuneração para seus membros e os trabalhos nela desenvolvidos são considerados prestação de relevante serviço público. A CEP contará com uma Secretaria-Executiva, vinculada à Casa Civil da Presidência da República, à qual competirá prestar o apoio técnico e administrativo aos trabalhos da Comissão. 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 53 ATUAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DA ÉTICA  Quem pode provocar a atuação da CEP ou outra comissão de ética? A CEP e as demais comissões de ética podem atuar por iniciativa própria (de ofício) ou em razão de denúncia fundamentada, visando à apuração de infração ética imputada a agente público, órgão ou setor específico de ente estatal. Segundo o art. 11 do Decreto 6.029/2007, ³Tualquer cidadão, agente público, pessoa jurídica de direito privado, associação ou entidade de classe´ poderá provocar a atuação da CEP ou de Comissão de Ética, Entende-se por agente público, para os fins de aplicação do Decreto 6.029/2007 ± tanto como denunciante como denunciado ±, todo aquele que, por força de lei, contrato ou qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária, excepcional ou eventual, ainda que sem retribuição financeira, a órgão ou entidade da administração pública federal, direta e indireta.  Como se desenvolve o processo de apuração de falta ética? Para fundamentar suas conclusões, as Comissões de Ética poderão requisitar os documentos que entenderem necessários à instrução probatória e, também, promover diligências e solicitar parecer de especialista. Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal darão tratamento prioritário às solicitações de documentos enviadas pelas Comissões de Ética, sendo vedado às autoridades competentes alegar sigilo para deixar de prestar a informação solicitada. Importante assinalar que qualquer procedimento instaurado para apuração de prática em desrespeito às normas éticas será mantido com a FKDQFHOD� GH� ³reservado´�� até que esteja concluído. Concluída a investigação e após a deliberação da CEP ou da Comissão de Ética do órgão ou entidade, os autos do procedimento deixarão de ser reservados. Porém, na hipótese de os autos estarem instruídos com documento acobertado por sigilo legal, o acesso a esse tipo de documento, mesmo após a conclusão do processo, somente será permitido a quem detiver igual direito perante o órgão ou entidade originariamente encarregado da sua guarda. Para resguardar o sigilo de documentos que assim devam ser mantidos, as Comissões de Ética, depois de concluído o processo de 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 53 investigação, providenciarão para que tais documentossejam desentranhados dos autos, lacrados e acautelados. Ressalte-se que os processos de apuração instaurados pelas Comissões de Ética devem sempre respeitar as garantias do contraditório e da ampla defesa. Nesse sentido, dispõe o art. 14 do Decreto 6.029/2007, que qualquer pessoa que esteja sendo investigada tem o direito de ³VDEHU� R� TXH� OKH� está sendo imputado, de conhecer o teor da acusação e de ter vista dos autos, no recinto das Comissões de Ética, mesmo que ainda não tenha VLGR�QRWLILFDGD�GD�H[LVWrQFLD�GR�SURFHGLPHQWR�LQYHVWLJDWyULR´. Além disso, o investigado possui o direito de obter cópia dos autos e de certidão do seu teor. A fim de assegurar o amplo exercício do direito de defesa, o Decreto 6.029/2007 estabelece, ainda, que o investigado deverá ser notificado para que apresente manifestação, por escrito, no prazo de dez dias a contar da notificação. Além da manifestação escrita, o investigado também poderá produzir a prova documental que entender necessária à sua defesa. Na hipótese de novos elementos de prova serem juntados aos autos da investigação após a manifestação do investigado, este será notificado para nova manifestação, a ser feita também no prazo de dez dias. Concluída a instrução processual, as Comissões de Ética proferirão decisão conclusiva e fundamentada, ou seja, decidirão se o investigado cometeu ou não infração ética e apresentarão as razões de fato e de direito que levaram a tal conclusão. As decisões das Comissões de Ética, na análise de qualquer fato ou ato submetido à sua apreciação ou por ela levantado, serão resumidas em ementa e, com a omissão dos nomes dos investigados, divulgadas no sítio do próprio órgão, bem como remetidas à Comissão de Ética Pública. Sempre que constatarem a possível ocorrência de ilícitos penais, civis, de improbidade administrativa ou de infração disciplinar, as Comissões de Ética deverão encaminhar cópia dos autos às autoridades competentes para apuração de tais fatos, sem prejuízo das medidas de sua competência. Detalhe é que as Comissões de Ética não poderão escusar-se de proferir decisão sobre matéria de sua competência alegando omissão do 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 53 Código de Conduta da Alta Administração Federal, do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal ou do Código de Ética do órgão ou entidade. Caso exista alguma omissão, ela deverá ser suprida pela analogia e pela invocação aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.  Quais as providências que as Comissões de Ética devem tomar se concluírem por falta ética? Se a conclusão for pela existência de falta ética, além das providências previstas no Código de Conduta da Alta Administração Federal e no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, as Comissões de Ética tomarão as seguintes providências, no que couber: Encaminhamento de sugestão de exoneração de cargo ou função de confiança à autoridade hierarquicamente superior ou devolução ao órgão de origem, conforme o caso; Encaminhamento, conforme o caso, para a Controladoria-Geral da União ou unidade específica do Sistema de Correição do Poder Executivo Federal de que trata o Decreto n o 5.480, de 30 de junho de 2005, para exame de eventuais transgressões disciplinares; e Recomendação de abertura de procedimento administrativo, se a gravidade da conduta assim o exigir. Lembrando que, no caso de infração ao Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, a pena é de censura.  E o que mais é importante saber sobre o Sistema de Gestão da Ética? Segundo o art. 15 do Decreto 6.029/2007, todo ato de posse, investidura em função pública ou celebração de contrato de trabalho dos agentes públicos deverá ser acompanhado da prestação de compromisso solene de acatamento e observância das regras estabelecidas pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal, pelo Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal e pelo Código de Ética do órgão ou entidade, conforme o caso. Ademais, a posse em cargo ou função pública que submeta a autoridade às normas do Código de Conduta da Alta Administração Federal deve ser precedida de consulta da autoridade à Comissão de 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 53 Ética Pública, acerca de situação que possa suscitar conflito de interesses. Por fim, cumpre anotar que, conforme o art. 22 do Decreto 6.029/2007, a Comissão de Ética Pública manterá banco de dados de sanções aplicadas pelas Comissões de Ética dos órgãos e entidades, e também de suas próprias sanções, para fins de consulta pelos órgãos ou entidades da Administração Pública Federal, em casos de nomeação para cargo em comissão ou de alta relevância pública. CONFLITO DE INTERESSES NO SERVIÇO PÚBLICO A Lei 12.813/2013 dispõe sobre o ³conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego do Poder Executivo Federal e impedimentos posteriores ao exercício do cargo ou emprego´� Conforme estabelece o art. 4º da referida lei, o ocupante de cargo ou emprego no Poder Executivo federal deve agir de modo a prevenir ou a impedir possível conflito de interesses e a resguardar informação privilegiada1. A Lei 12.813 conceitua conflito de interesses da seguinte forma: Conflito de interesses: situação gerada pelo confronto entre interesses públicos e privados, que possa comprometer o interesse coletivo ou influenciar, de maneira imprópria, o desempenho da função pública. Em suma, existirá conflito de interesses no desempenho da função pública sempre que interesses públicos e privados estiverem contrapostos e a situação puder levar ao menosprezo ou à completa desconsideração do interesse coletivo. Além da definição genérica apresentada acima, a Lei 12.813/2013 apresenta um rol (não taxativo) de situações que configuram conflito de interesses no exercício do cargo ou emprego, a saber (art. 5º): 1 A Lei 12.813/2013 define informação privilegiada como a que diz respeito a assuntos sigilosos ou aquela relevante ao processo de decisão no âmbito do Poder Executivo federal que tenha repercussão econômica ou financeira e que não seja de amplo conhecimento público. 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 53 Divulgar ou fazer uso de informação privilegiada, em proveito próprio ou de terceiro, obtida em razão das atividades exercidas; Exercer atividade que implique a prestação de serviços ou a manutenção de relação de negócio com pessoa física ou jurídica que tenha interesse em decisão do agente público ou de colegiado do qual este participe; Exercer, direta ou indiretamente, atividade que em razão da sua natureza seja incompatível com as atribuições do cargo ou emprego, considerando-se como tal, inclusive, a atividade desenvolvida em áreas ou matérias correlatas; Atuar, ainda que informalmente, como procurador, consultor, assessor ou intermediário de interesses privados nos órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; Praticar ato em benefício de interesse de pessoa jurídica de que participe o agente público,seu cônjuge, companheiro ou parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, e que possa ser por ele beneficiada ou influir em seus atos de gestão; Receber presente de quem tenha interesse em decisão do agente público ou de colegiado do qual este participe fora dos limites e condições estabelecidos em regulamento; e Prestar serviços, ainda que eventuais, a empresa cuja atividade seja controlada, fiscalizada ou regulada pelo ente ao qual o agente público está vinculado. Todas essas condutas implicam conflito de interesses mesmo que o agente público esteja em gozo de licença ou em período de afastamento (art. 5º, parágrafo único). Ademais, a ocorrência de conflito de interesses independe da existência de lesão ao patrimônio público, bem como do recebimento de qualquer vantagem ou ganho pelo agente público ou por terceiro (art. 4º, §2º). Além das situações que configuram conflito de interesses no exercício do cargo ou emprego, vistas acima, a Lei 12.813 também prevê uma situação de conflito que pode ocorrer mesmo após o exercício do cargo ou emprego, qual seja, divulgar ou fazer uso, a qualquer tempo, de informação privilegiada obtida em razão das atividades exercidas (art. 6º, I). A norma se aplica, por exemplo, a alguém que tenha passado à condição de ex-servidor porque foi exonerado, de ofício ou a pedido, ou à 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 53 situação de inativo em razão de aposentadoria e que faça uso, em proveito pessoal, de informações privilegiadas obtidas quando estava no exercício do cargo ou emprego. No caso de dúvida sobre como prevenir ou impedir situações que configurem conflito de interesses, o agente público deverá consultar a Comissão de Ética Pública, no caso das autoridades da alta Administração Federal (listadas no art. 2º, incisos I a V), ou a Controladoria-Geral da União, no caso dos demais agentes públicos (art. 4º, §1º). CONSEQUÊNCIAS DO CONFLITO DE INTERESSES O agente público que praticar os atos que configuram conflito de interesses incorre em improbidade administrativa, devendo ser punido nos termos da Lei 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa). A princípio, o conflito de interesses é enquadrado como ³DWR� GH� improbidade administrativa que atenta contra os princípios da Administração Pública´�� R� PDLV� OHYH� SUHYLVWR� QD� /HL� GH� ,PSURELGDGH�� Porém, havendo elementos comprobatórios, nada impede que a conduta seja enquadrada como um ato de improbidade mais grave (que acarreta enriquecimento ilícito ou que causa prejuízo ao erário) (art. 12). Sem prejuízo do enquadramento na Lei de Improbidade e da imposição de outras sanções cabíveis, fica o agente público que se encontrar em situação de conflito de interesses sujeito à aplicação da penalidade disciplinar de demissão (prevista no art. 127, III e no art. 132 da Lei 8.112), ou medida equivalente (art. 12, parágrafo único). Conflito de interesses pode acarretar Sanções da Lei de Improbidade Administrativa Demissão ou medida equivalente Outras sanções cabíveis 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 53 DISPOSIÇÕES ESPECÍFICAS PARA A ALTA ADMINISTRAÇÃO As disposições da Lei 12.813 vistas até aqui ± que são as mais importantes da norma ± estendem-se a todos os agentes públicos no âmbito do Poder Executivo Federal, abrangendo servidores estatutários e empregados celetistas. Porém, algumas partes da Lei são aplicáveis apenas a agentes políticos e a autoridades da alta Administração Federal (que são os gentes listados nos quatro primeiros itens abaixo), e também a agentes que tenham acesso a informações privilegiadas (último item), quais sejam:  Ministro de Estado;  Ocupantes de cargos de natureza especial ou equivalentes;  Presidente, vice-presidente e diretor, ou equivalentes, de autarquias, fundações públicas, empresas públicas ou sociedades de economia mista;  Ocupantes de cargos do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 6 e 5 ou equivalentes;  Ocupantes de cargos ou empregos cujo exercício proporcione acesso a informação privilegiada capaz de trazer vantagem econômica ou financeira para o agente público ou para terceiro. Repare que, para ser enquadrado no último item, o servidor ou empregado não precisa, necessariamente, integrar a cúpula da Administração. $� SULPHLUD� QRUPD� HVSHFtILFD� SDUD� HVVHV� ³DOWRV� DJHQWHV´� ou para aqueles que tenham tido acesso a informações privilegiadas é que, após deixarem o cargo ou emprego, também incorrerão em conflito de interesses se, no período de seis meses, contado da data da dispensa, exoneração, destituição, demissão ou aposentadoria (art. 6º, II): Prestarem, direta ou indiretamente, qualquer tipo de serviço a pessoa física ou jurídica com quem tenha estabelecido relacionamento relevante em razão do exercício do cargo ou emprego; Aceitarem cargo de administrador ou conselheiro ou estabelecer vínculo profissional com pessoa física ou jurídica que desempenhe atividade relacionada à área de competência do cargo ou emprego ocupado; Celebrarem com órgãos ou entidades do Poder Executivo federal contratos de serviço, consultoria, assessoramento ou atividades similares, vinculados, ainda que indiretamente, ao órgão ou entidade em que tenha ocupado o cargo ou emprego; ou 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 53 Intervirem, direta ou indiretamente, em favor de interesse privado perante órgão ou entidade em que haja ocupado cargo ou emprego ou com o qual tenha estabelecido relacionamento relevante em razão do exercício do cargo ou emprego. As condutas descritas acima só não serão consideradas conflito de interesses quando expressamente autorizadas, conforme o caso, pela Comissão de Ética Pública (alta Administração) ou pela Controladoria- Geral da União (demais agentes). Havendo a autorização expressa, o ex- agente público não precisará observar o período de impedimento de seis meses. Outra disposição específica aplicável aos agentes da alta Administração, assim como aos que tiveram acesso a informação privilegiada, é que deverão enviar, anualmente, à Comissão de Ética Pública ou à Controladoria-Geral da União, conforme o caso (art. 9º, I): Declaração com informações sobre situação patrimonial, participações societárias, atividades econômicas ou profissionais. Indicação sobre a existência de cônjuge, companheiro ou parente, por consanguinidade ou afinidade, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, no exercício de atividades que possam suscitar conflito de interesses; Além disso, tais agentes deverão comunicar por escrito à Comissão de Ética Pública ou à unidade de recursos humanos do órgão ou entidade respectivo, conforme o caso, o exercício de atividade privada ou o recebimento de propostas de trabalho que pretende aceitar, contrato ou negócio no setor privado, ainda que não vedadas pelas normas vigentes (art. 9º, II) As unidades de recursos humanos, ao receber a comunicação do servidor sobre o exercício de atividade privada, deverão avaliar o caso e verificar se a atividade privada do agente configura ou não potencial conflito de interesses com sua atividade pública. Caso positivo, deverão informar ao servidor e à Controladoria-Geral da União para as medidas cabíveis (art. 9º, parágrafo único). Ressalte-seque a obrigação de comunicar o exercício de atividade privada estende-se pelo período de seis meses após o agente deixar o cargo. Por exemplo, se o agente se aposentou e, no mês seguinte, passou a exercer atividade na iniciativa privada, deverá efetuar a comunicação por escrito, para avaliação da existência de conflito de 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 53 interesses; a obrigação de comunicar só se encerra após o sexto mês (art. 9º, II). Por fim, a Lei 12.813 determina que os agentes públicos da alta Administração deverão divulgar na internet, diariamente, sua agenda de compromissos públicos. Saliente-se que essa obrigação só se aplica aos Ministros de Estado, aos ocupantes de cargos de natureza especial, aos presidentes, vice-presidentes e diretores de entidades da administração indireta e aos detentores de DAS 6 ou 5, não abrangendo aqueles que apenas tiveram acesso a informação privilegiada. FISCALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO CONFLITO DE INTERESSES A fiscalização e a avaliação das situações que envolvem possível conflito de interesses são feitas pela Comissão de Ética Pública e pela Controladoria-Geral da União, às quais compete: Estabelecer normas, procedimentos e mecanismos que objetivem prevenir ou impedir eventual conflito de interesses; Avaliar e fiscalizar a ocorrência de situações que configuram conflito de interesses e determinar medidas para a prevenção ou eliminação do conflito; Orientar e dirimir dúvidas e controvérsias acerca da interpretação das normas que regulam o conflito de interesses; Manifestar-se sobre a existência ou não de conflito de interesses nas consultas a elas submetidas; Autorizar o ocupante de cargo ou emprego no âmbito do Poder Executivo federal a exercer atividade privada, quando verificada a inexistência de conflito de interesses ou sua irrelevância; Dispensar a quem haja ocupado cargo ou emprego no âmbito do Poder Executivo federal de cumprir o período de impedimento de seis meses, quando verificada a inexistência de conflito de interesses ou sua irrelevância; Dispor, em conjunto com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, sobre a comunicação pelos ocupantes de cargo ou emprego no âmbito do Poder Executivo federal de alterações patrimoniais relevantes, exercício de atividade privada ou recebimento de propostas de trabalho, contrato ou negócio no setor privado; e Fiscalizar a divulgação da agenda de compromissos públicos pelas altas autoridades. 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 53 É importante anotar que, para os fins da Lei 12.813, a Comissão de Ética Pública atuará nos casos que envolvam os agentes públicos mencionados nos incisos I a IV do art. 2º (Ministros de Estado, cargos de natureza especial, presidentes e diretores de entidades da administração indireta e detentores de DAS 6 ou 5) e a Controladoria-Geral da União, nos casos que envolvam os demais agentes. RESOLUÇÃO Nº 8/2003 DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA Para finalizar, vamos dar uma olhada no que diz a Resolução nº 8, de 25/9/2003, da Comissão de Ética Pública. Tal norma identifica situações que suscitam conflito de interesses e dispõe sobre o modo de preveni-los. As orientações são autoexplicativas, e ajudam a ilustrar o vimos até aqui. A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com o objetivo de orientar as autoridades submetidas ao Código de Conduta da Alta Administração Federal na identificação de situações que possam suscitar conflito de interesses, esclarece o seguinte: 1. Suscita conflito de interesses o exercício de atividade que: a) em razão da sua natureza, seja incompatível com as atribuições do cargo ou função pública da autoridade, como tal considerada, inclusive, a atividade desenvolvida em áreas ou matérias afins à competência funcional; b) viole o princípio da integral dedicação pelo ocupante de cargo em comissão ou função de confiança, que exige a precedência das atribuições do cargo ou função pública sobre quaisquer outras atividades; c) implique a prestação de serviços a pessoa física ou jurídica ou a manutenção de vínculo de negócio com pessoa física ou jurídica que tenha interesse em decisão individual ou coletiva da autoridade; d) possa, pela sua natureza, implicar o uso de informação à qual a autoridade tenha acesso em razão do cargo e não seja de conhecimento público; e) possa transmitir à opinião pública dúvida a respeito da integridade, moralidade, clareza de posições e decoro da autoridade. 2. A ocorrência de conflito de interesses independe do recebimento de qualquer ganho ou retribuição pela autoridade. 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 53 3. A autoridade poderá prevenir a ocorrência de conflito de interesses ao adotar, conforme o caso, uma ou mais das seguintes providências: a) abrir mão da atividade ou licenciar-se do cargo, enquanto perdurar a situação passível de suscitar conflito de interesses; b) alienar bens e direitos que integram o seu patrimônio e cuja manutenção possa suscitar conflito de interesses; c) transferir a administração dos bens e direitos que possam suscitar conflito de interesses a instituição financeira ou a administradora de carteira de valores mobiliários autorizada a funcionar pelo Banco Central ou pela Comissão de Valores Mobiliários, conforme o caso, mediante instrumento contratual que contenha cláusula que vede a participação da autoridade em qualquer decisão de investimento assim como o seu prévio conhecimento de decisões da instituição administradora quanto à gestão dos bens e direitos; d) na hipótese de conflito de interesses específico e transitório, comunicar sua ocorrência ao superior hierárquico ou aos demais membros de órgão colegiado de que faça parte a autoridade, em se tratando de decisão coletiva, abstendo-se de votar ou participar da discussão do assunto; e) divulgar publicamente sua agenda de compromissos, com identificação das atividades que não sejam decorrência do cargo ou função pública. 4. A Comissão de Ética Pública deverá ser informada pela autoridade e opinará, em cada caso concreto, sobre a suficiência da medida adotada para prevenir situação que possa suscitar conflito de interesses. 5. A participação de autoridade em conselhos de administração e fiscal de empresa privada, da qual a União seja acionista, somente será permitida quando resultar de indicação institucional da autoridade pública competente. Nestes casos, é-lhe vedado participar de deliberação que possa suscitar conflito de interesses com o Poder Público. 6. No trabalho voluntário em organizações do terceiro setor, sem finalidade de lucro, também deverá ser observado o disposto nesta Resolução. 7. As consultas dirigidas à Comissão de Ética Pública deverão estar acompanhadas dos elementos pertinentes à legalidade da situação exposta. 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 53 7. (Cespe ± MDIC 2014) É vedado às autoridades públicas a participação em conselhos de administração e fiscal de empresas privadas, independentemente de a União ser ou não uma de suas acionistas. Comentário: Segundo a Resolução nº 8/2003 da Comissão de Ética Pública: 5. Aparticipação de autoridade em conselhos de administração e fiscal de empresa privada, da qual a União seja acionista, somente será permitida quando resultar de indicação institucional da autoridade pública competente. Nestes casos, é-lhe vedado participar de deliberação que possa suscitar conflito de interesses com o Poder Público. Portanto, as autoridades públicas poderão participar dos conselhos de administração e fiscal de empresas privadas das quais a União seja acionista, desde que por indicação institucional da autoridade pública competente. Gabarito: Errado 8. (Cespe ± AFT 2013) É vedado ao agente público, nos doze meses após desvincular-se de cargo ou emprego no Poder Executivo federal, prestar qualquer tipo de serviço a pessoa física ou jurídica com quem tenha estabelecido relacionamento relevante em razão do exercício do cargo ou emprego. Comentário: Segundo o art. 6º, inciso II da Lei 12.813/2013, o período de impedimento é de seis meses, e não de doze: Art. 6o Configura conflito de interesses após o exercício de cargo ou emprego no âmbito do Poder Executivo federal: II - no período de 6 (seis) meses, contado da data da dispensa, exoneração, destituição, demissão ou aposentadoria, salvo quando expressamente autorizado, conforme o caso, pela Comissão de Ética Pública ou pela Controladoria-Geral da União: a) prestar, direta ou indiretamente, qualquer tipo de serviço a pessoa física ou jurídica com quem tenha estabelecido relacionamento relevante em razão do exercício do cargo ou emprego (...) Gabarito: Errado 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 53 9. (Cespe ± AFT 2013) Conflito de interesses é a situação gerada pelo confronto entre interesses públicos e privados, que possa comprometer o interesse público ou influenciar o desempenho imparcial da função pública. Comentário: A questão transcreve ipsis literis a definição de conflito de interesses presente no art. 3º, I da Lei 12.813/2013. Gabarito: Certo 10. (Cespe ± AFT 2013) A Lei n.o 12.813/2013 introduziu no regime jurídico do servidor público civil o prazo mínimo de desincompatibilização do servidor que se desligar da administração pública, durante o qual o servidor não poderá divulgar ou fazer uso de informação privilegiada obtida em razão das atividades exercidas. Comentário: A Lei 12.813/2013 não estabeleceu um prazo mínimo para que o ex-servidor possa fazer uso de informação privilegiada após deixar o cargo. Ao contrário, a referida lei dispõe que configura conflito de interesses utilizar esse tipo de informação a qualquer tempo, ou seja, jamais o ex-servidor poderá fazer uso, em benefício próprio, de informações privilegiadas que tenha obtido em razão do exercício do cargo ou emprego. Gabarito: Errado 11. (Cespe ± CADE 2014) Se um conselheiro do CADE divulgasse, em conversa informal com empresários, dados sigilosos passíveis de repercussão econômica, embora sem implicações de lesão aos cofres públicos, a situação fática descrita não caracterizaria conflito de interesses por não acarretar comprometimento financeiro do erário. Comentário: Segundo a Lei 12.813/2013, configura conflito de interesses ³GLYXOJDU�RX� ID]HU�XVR�GH� informação privilegiada, em proveito próprio ou de WHUFHLUR��REWLGD�HP�UD]mR�GDV�DWLYLGDGHV�H[HUFLGDV´��DUW�����,�� $�OHL�GHILQH�LQIRUPDomR�SULYLOHJLDGD�FRPR�³D�TXH�GL]�UHVSHLWR�a assuntos sigilosos ou aquela relevante ao processo de decisão no âmbito do Poder Executivo federal que tenha repercussão econômica ou financeira e que não seja de amplo conhecimento público´� Um exemplo de informação privilegiada seria o nome do novo presidente de uma sociedade de economia mista federal, ainda não divulgado para o público. Essa informação possui repercussão econômica, pois pode influenciar a maneira como o mercado avalia a confiabilidade da empresa, com reflexo no valor das suas ações; por isso, o agente público que, em razão do cargo, tiver acesso a essa informação antes que ela seja tornada pública, e fazer uso dela em proveito próprio (por exemplo, comprando ou vendendo ações da empresa ou passando a dica para algum amigo) incorre em conflito 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 53 de interesses. Ressalte-se que a ocorrência de conflito de interesses independe da existência de lesão ao patrimônio público, bem como do recebimento de qualquer vantagem ou ganho pelo agente público ou por terceiro (art. 4º, §2º). Ou seja, a divulgação ou o uso da informação em proveito próprio ou de terceiro, por si só, já caracteriza conflito de interesses. Portanto, o item erra ao afirmar que ³D� VLWXDomR� IiWLFD� GHVFULWD� QmR� caracterizaria conflito de interesses por não acarretar comprometimento ILQDQFHLUR�GR�HUiULR´. Gabarito: Errado 12. (Cespe ± CADE 2014) A consulta formulada por servidor público sobre a existência de conflito de interesses deverá, necessariamente, versar sobre questão concreta, específica e que se relacione com a pessoa do próprio servidor. Comentário: Segundo o art. 4º, §1º da Lei 12.813/2013, no caso de dúvida sobre como prevenir ou impedir situações que configurem conflito de interesses, o agente público deverá consultar a Comissão de Ética Pública, caso seja agente pertencente à alta Administração (ex: Ministro de Estado, presidente de entidades da Administração indireta, etc.), ou a Controladoria- Geral da União (CGU), no caso dos demais servidores e empregados públicos do Poder Executivo. A consulta formulada à CGU pelos servidores e empregados públicos é regulamentada pela Portaria Interministerial 333/2013, a qual dispõe: Art. 2º Para os fins desta Portaria, considera-se: I - consulta sobre a existência de conflito de interesses: instrumento à disposição de servidor ou empregado público pelo qual ele pode solicitar, a qualquer momento, orientação acerca de situação concreta, individualizada, que lhe diga respeito e que possa suscitar dúvidas quanto à ocorrência de conflito de interesses; e II - pedido de autorização para o exercício de atividade privada: instrumento à disposição do servidor ou empregado público pelo qual ele pode solicitar autorização para exercer atividade privada. Portanto, nos termos do inciso I acima, a questão está correta. Gabarito: Certo 13. (Cespe ± CADE 2014) Considere que um ex-servidor administrativo do CADE, aposentado há menos de seis meses, receba convite para trabalhar em sociedade empresária que tenha sido parte em processo administrativo para apuração de infração à ordem econômica. Nesse caso, se a unidade de recursos humanos do CADE atestar a inexistência de potencial conflito de interesses ou a sua irrelevância, 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 53 a contratação será lícita. Comentário: Vamos ver o que prescreve o art. 9º, II da Lei 8.213/2013: Art. 9o Os agentes públicos mencionados no art. 2o desta Lei, inclusive aqueles que se encontram em gozo de licença ou em período de afastamento, deverão: (...) II - comunicar por escrito à Comissão de Ética Pública ou à unidade de recursos humanos do órgão ou entidade respectivo, conforme o caso, o exercício de atividade privada ou o recebimento de propostas de trabalho que pretende aceitar, contrato ou negócio no setor privado, ainda que não vedadas pelas normas vigentes, estendendo-se esta obrigação ao período a que se refere o incisoII do art. 6o. 2V�³DJHQWHV�S~EOLFRV�PHQFLRQDGRV�QR�DUW����GHVWD�/HL´�VmR�RV�DJHQWHV� da alta Administração e aqueles que, em razão do cargo, tiveram acesso a informação privilegiada que possa ter repercussão econômica. Portanto, a rigor, na situação narrada no enunciado, o ex-servidor administrativo do CADE (como não é um agente da alta Administração) só estaria obrigado a consultar a unidade de recursos humanos se tivesse acessado informação privilegiada quando do exercício de suas funções ou, ainda, se tivesse dúvida acerca da ocorrência de conflito de interesses no caso de aceitar o convite de trabalho na iniciativa privada (art. 4º, §1º). A questão não deixa claro em qual situação o ex-servidor se enquadra, mas isso não parece ter sido levado em consideração pela banca, haja vista que o gabarito IRL�³FHUWR´� Por fim, ressalte-se que, nos termos do art. 5º da Portaria Interministerial 333/2013, cabe à unidade de recursos humanos ³DXWRUL]DU� R� VHUYLGRU� RX� empregado público no âmbito do Poder Executivo federal a exercer atividade privada, quando verificada a inexistência de potencial conflito de interesses ou VXD�LUUHOHYkQFLD´. Art. 5º Cabe à unidade de Recursos Humanos: I - receber as consultas sobre a existência de conflito de interesses e os pedidos de autorização para o exercício de atividade privada dos servidores e empregados públicos e comunicar aos interessados o resultado da análise; II - efetuar análise preliminar acerca da existência ou não de potencial conflito de interesses nas consultas a elas submetidas; III - autorizar o servidor ou empregado público no âmbito do Poder Executivo federal a exercer atividade privada, quando verificada a inexistência de potencial conflito de interesses ou sua irrelevância; e IV - informar os servidores ou empregados públicos sobre como prevenir ou impedir possível conflito de interesses e como resguardar informação privilegiada, de acordo com as normas, procedimentos e mecanismos estabelecidos pela CGU. Gabarito: Certo 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 53 14. (Cespe ± CADE 2014) Um servidor que preste serviços a pessoa física ou jurídica interessada em decisão do agente público ao qual o servidor está vinculado só incorrerá em conflito de interesses caso forneça informações privilegiadas a que teve acesso. Comentário: Conforme o art. 5º, II da Lei 12.813/2013, configura conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego no âmbito do Poder Executivo federal Dzexercer atividade que implique a prestação de serviços ou a manutenção de relação de negócio com pessoa física ou jurídica que tenha interesse em decisão do agente público ou de colegiado do qual este participe´. Tal dispositivo se aplica a todo e qualquer agente público do Executivo Federal, e não apenas aos agentes da alta Administração e àqueles que tiveram acesso a informação privilegiada. É o que diz o art. 10 da referida lei: Art. 10. As disposições contidas nos arts. 4o e 5o e no inciso I do art. 6o estendem- se a todos os agentes públicos no âmbito do Poder Executivo federal. Gabarito: Errado 15. (Cespe ± CADE 2014) Um servidor público federal com pretensões de exercer atividade privada que possa suscitar conflito de interesses deverá consultar o órgão público acerca dessa possibilidade, por meio de petição eletrônica que contenha a identificação do interessado e uma descrição genérica da atividade objeto de análise. Comentário: Nos termos do art. 3º da Portaria Interministerial 333/2013, a consulta deverá conter uma ³GHVFULomR� FRQWH[WXDOL]DGD´ dos elementos que suscitam a dúvida, não sendo aceitas consultas genéricas: Art. 3º A consulta sobre a existência de conflito de interesses e o pedido de autorização para o exercício de atividade privada deverão ser formulados mediante petição eletrônica e conter no mínimo os seguintes elementos: I - identificação do interessado; II - referência a objeto determinado e diretamente vinculado ao interessado; e III - descrição contextualizada dos elementos que suscitam a dúvida. Parágrafo único. Não será apreciada a consulta ou o pedido de autorização formulado em tese ou com referência a fato genérico. Gabarito: Errado Pessoal, com isso terminamos a parte teórica da aula de hoje. Vamos agora resolver algumas questões de prova. - 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 53 QUESTÕES DE PROVA 16. (ESAF ± Ministério da Fazenda 2013) A respeito da ética profissional do servidor público civil do poder executivo federal, analise as afirmativas abaixo, classificando-as como verdadeiras (V) ou falsas (F). Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta. ( ) O servidor público deve pautar sua conduta pelo princípio da legalidade, devendo sempre decidir entre o legal e o ilegal, abstendo-se de agir segundo a ponderação entre o honesto e o desonesto. ( ) O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo. ( ) Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da Administração Pública. a) V, V, V b) F, V, V c) F, F, F d) V, F, V e) V, F, F Comentário: Vamos analisar cada assertiva: I) FALSA. Além da legalidade, o servidor também deve ponderar entre o honesto e o desonesto. É o que prevê o Código de Ética do Servidor Público: II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal. II) VERDADEIRA. A ideia de moralidade, segundo o Código de Ética do Servidor Público, possui estreita relação com o atingimento do bem comum: III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo. III) VERDADEIRA. VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corretivo do hábito do erro, da opressão, ou da mentira, que sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação. *DEDULWR��DOWHUQDWLYD�³E´ 60112474403 Direito Administrativo para CGU 2015 Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves ʹ Aula 16 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 53 17. (ESAF ± MTur 2014) As comissões de ética pública, dispostas no Decreto n. 1.171/1994, constituem-se de: I. órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta. II. órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e indireta. III. autarquias e fundações. IV. qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder público. V. órgãos e entidades da Administração Pública e Poder Judiciário. Está correto o que se afirma em: a) I e II apenas. b) II e IV apenas. c) IV e V apenas. d) I, II, III e IV apenas. e) Todas estão corretas. Comentário: A resposta está no
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