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Teoria Geral da Jurisdição - Resumo

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Teoria Geral da Jurisdição e seu estudo 
 
 
1. Conceito 
 
* é função ou atividade desempenhada pelo Estado, por meio do devido 
processo legal, onde o Estado deve buscar de forma imparcial a aplicação do 
direito, resolvendo os casos concretos que lhe são apresentados. 
 
* é atividade estatal com eficácia vinculativa plena, declarando ou realizando 
o direito em concreto. 
 
* Três enfoques - Poder: Emana soberania do Estado (Monopólio estatal) 
 
 - Função: incumbência afeta ao órgão jurisdicional de 
 aplicar a lei aos casos concretos por meio do processo. 
 
 - Atividade: atua por meio de uma sequencia de atos 
 processuais 
 
 
1.1. características 
 
 Atividade Substitutiva: O Estado, com sua atuação coativa, 
substitui a vontade dos indivíduos. Uma vez provocado este e tendo 
havido de sua parte uma decisão que transitou em julgado, os 
litigantes nada podem fazer a não ser acolher a interpretação dada 
por aquele poder; 
 Atividade Instrumental ( Escopo jurídico de atuação do direito): 
Instrumento de atuação do direito material. ADA: O escopo jurídico 
da jurisdição é a atuação ( cumprimento, realização) das normas de 
direito substancial ( material). 
 Atividade declarativa ou executiva: Declara a vontade concreta da 
lei ou executa comando estabelecido na sentença. 
 Atividade desinteressada e provocada: A jurisdição é inerte para 
que prevaleça a imparcialidade do juiz. 
 Definitividade: idéia de coisa julgada ( se torna imutável) em regra. 
 
 
2. Principais Conceitos Teóricos 
 
2.1. Francesco Carnelutti (1879 – 1965) 
 
* Em sede de direito processual sua contribuição mais marcante é o seu 
“Sistema de Direito Processual Civil” que tem como elemento central o 
conceito de lide. 
 
* Ponto central do processo lide. 
 
* Jurisdição atividade do Estado voltada à “justa composição da lide” 
mediante uma sentença de natureza declarativa. 
 
* Crítica: Trata-se de uma ideia sedutora em um primeiro momento. Porém 
o senso comum no caso em tela é traído, eis que a atividade jurisdicional 
pode ser “movimentada” pelas partes interessadas para resolver 
situações não litigiosas, desde que a lei tenha exigido essa participação do 
Estado na administração da vida privada das pessoas (Jurisdição 
voluntária). Ex: separação consensual. 
 
 
2.2. Piero Calamandrei (1889 – 1956) 
 
* Defendia que a jurisdição é a atividade estatal caracterizada por gerar um 
efeito que nenhum outro ato estatal tem capacidade de produzir; A COISA 
JULGADA, ou seja, a imutabilidade do ato decisório jurisdicional, uma 
vez findas as impugnações (recursos) que a lei prevê. 
 
* Crítica: Seria esse, então, o elemento com base no qual se pode 
classificar a jurisdição e distingui-la das demais funções públicas do 
Estado? 
 
A doutrina crítica respondendo que não. Embora somente os atos 
jurisdicionais produzam coisa julgada, nem todos os atos jurisdicionais tem 
essa aptidão, como aqueles que extinguem o processo sem resolução 
do mérito (art. 267 CPC), e os atos decisórios tomados em procedimento 
de jurisdição voluntária (não há lide) 
 
 
2.3. Giuseppe Chiovenda (1872 – 1937) 
 
* Dois objetivos: - exame da norma como vontade abstrata de lei (questão 
de direito); - exame dos fatos que transformam em concreta a vontade da 
lei (questão de fato). 
 
* O resultado da atividade é a atuação da vontade concreta da lei 
(sentença). 
 
* Finalidade da função jurisdicional: Declaração da norma abstrata (lei – 
legislativo) em norma concreta ( sentença – judiciário). 
 
* Assim, para declarar qual a norma jurídica que deve incidir numa situação 
concreta, o exercício da função jurisdicional pressupõe que se reconheça a 
existência de fatos e o seu enquadramento em um esquema abstrato, que 
é a norma jurídica. O órgão jurisdicional, portanto, ao declarar a norma 
concreta, julga os fatos e sua qualificação ou inserção no mundo do direito. 
 
* Exemplificando: Pierre, funcionário público estadual é exonerado de sua 
função, sendo publicado no Diário Oficial o motivo da dispensa, sem que 
se tenha dado a ele o direito de se defender, administrativamente, da 
conduta que lhe foi imputada. Por conta do ocorrido, ajuíza uma ação, em 
que requer a declaração de nulidade do ato de exoneração, com 
consequente volta ao serviço. Ao receber a demanda e julgá-la, o 
magistrado terá de reconhecer a existência dos fatos alegados e seu 
encaixe no direito da seguinte forma: 
 
a) Pierre foi realmente exonerado? O motivo da exoneração foi o 
alegado por ele? Administrativamente, deu-se a chance para que ele 
se defendesse? Supondo que ele tenha sido exonerado, pelo motivo 
alegado, sem chance de defesa, o julgador termina a apreciação 
fática e passa à segunda das análises, que é a do enquadramento 
jurídico dessa situação. 
b) A exoneração sem prévia oportunidade de defesa é juridicamente 
válida ou afronta algum preceito jurídico? Caso afronte, qual é a 
consequência devido a essa afronta? Nos termos do art. 5º, LV da 
Constituição Federal, a atitude do Estado “feriu” o contraditório e 
ampla defesa o que torna nulo, devendo ser esse efeito ( nulidade 
do ato) decretado pelo estado-Juiz. 
 
* Função Jurisdicional enquadramento jurídico dos fatos narrados pelo 
autor à lei norma concreta sentença substitutividade da 
vontade das partes pela vontade do Estado-Juiz 
 
2.4. Elio Fazzalari 
 
* Para Fazzalari a jurisdição somente se legitima pelo processo 
(procedimento em contraditório), ou seja, para se chegar ao provimento 
final (ato final), há a necessidade prévia de um procedimento previsto em 
lei e esse procedimento se realizado em contraditório entre autor e réu se 
transforma em processo. 
 
* Função Jurisdicional Provimento Jurisdicional Só se legitima pelo 
processo (espécie de procedimento realizado em contraditório). 
 
* OBS: essa talvez seja a melhor interpretação para se definir a 
aplicação do direito que se dá por meio do processo. 
 
 
3. Requisitos (Princípios) da Jurisdição 
 
* A apuração dos requisitos para o exercício da atividade jurisdicional é 
indispensável à validade dos atos praticados pelo juiz, porque tais aspectos 
entram na configuração da competência do juiz para dirigir os procedimentos e 
julgar os pedidos conforme a lei. 
 
* Os princípios que direcionam toda a atividade jurisdicional podem ser 
resumidos nos seguintes: 
 
 
 
3.1. Investidura 
 
* O princípio da investidura determina que o Estado, para exercer a jurisdição, 
a faça por pessoas que estejam investidas no exercício da função jurisdicional 
(juiz). 
 
* A investidura se faz no Brasil por meio de concurso público de provas e títulos 
ou pelo sistema do quinto constitucional1 (art. 94 CF/88), ou pela indicação do 
Presidente da República, no caso de Ministros dos Tribunais Superiores. 
 
 
3.2. Inércia 
 
* O juiz não pode iniciar o processo, sem a provocação da parte (art. 262 CPC 
– “o processo inicia-se por iniciativa da parte, mas desenvolve-se por 
impulso oficial). 
 
* Assim, para que haja prestação jurisdicional é necessário que o Judiciário 
seja provocado por meio da dedução da pretensão (petição inicial) e o juiz 
deve conferir andamento aos autos. 
 
* Autor – Dedução da pretensão em juízo (petição inicial) Jurisdição 
(juiz) confere andamento por impulso oficial 
 
* Exceções: Execução trabalhista (art. 878 CLT); Hábeas Corpus de oficio (art. 
654, § 2º CPP). 
 
3.3. Vinculação da atividade jurisdicional ao pedido 
 
* A prestação da atividade jurisdicional está adstrita aos pedidos (art. 128 CPC 
– “O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta,sendo-lhe defeso 
conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da 
parte”.) 
 
* o Juiz não pode “sentenciar”: - Ultra Petita (dar mais que o pedido); - Citra 
Petita (menos que o pedido); Extra Petita (fora do pedido) 
 
 
3.3. Aderência 
 
 
1
 Quinto constitucional é o mecanismo que confere vinte por cento dos assentos existentes nos tribunais 
aos advogados e promotores; portanto, uma de cada cinco vagas nas Cortes de Justiça é reservada para 
profissionais que não se submetem a concurso público de provas e títulos; a Ordem dos Advogados ou o 
Ministério Público, livremente, formam uma lista sêxtupla, remete para os tribunais e estes selecionam 
três, encaminhando para o Executivo que nomeia um desses nomes. Essas indicações são suficientes para 
o advogado ou o promotor deixar suas atividades e iniciar nova carreira, não na condição de juízes de 
primeiro grau, início da carreira, mas já como desembargador ou ministro, degrau mais alto da 
magistratura. 
 
* A atividade jurisdicional não pode ser exercida fora dos limites determinados 
por lei. 
 
* Aderência Territorial vincula a jurisdição a um determinado território 
(comarca, seção, circunscrição) demarca os limites geofísicos de atuação 
dos juízes. 
 
* Ex: TJMG – Comarca de Uberaba -> Uberaba, Água Comprida, Delta, 
Campo Florido e Veríssimo. 
 
TRF: 
 
Distribuição geográfica 
 TRF da 1ª Região - sede em Brasília: compreende as seções judiciárias 
do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, 
Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e 
Tocantins. 
 TRF da 2ª Região - sede no Rio de Janeiro: compreende as seções 
judiciárias do Rio de Janeiro e Espírito Santo. 
 TRF da 3ª Região - sede em São Paulo: compreende as seções 
judiciárias de São Paulo e Mato Grosso do Sul. 
 TRF da 4ª Região - sede em Porto Alegre: compreende as seções 
judiciárias de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 
 TRF da 5ª Região - sede em Recife: compreende as seções judiciárias 
de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e 
Sergipe. 
 
 
3.4. Inafastabilidade, Inevitabilidade e Indelegabilidade 
 
* Dever-função jurisdicional Função inafastável do Estado (Judiciário) 
Art.5º, XXXV da CF/88 + art. 126 CPC. 
 
* Função inafastável (Judiciário) inevitabilidade útil e eficiente 
 
* Pergunta-se: e se a função jurisdicional for ineficiente? “quando o juiz, a 
qualquer pretexto, retarda a prestação jurisdicional, tornando morosa a 
resposta do Estado aos pleitos das partes, deveria ser alvo de representação 
indeclinável do Ministério Público, este, como Instituição Popular essencial à 
eficácia jurisdicional do Estado e defensora permanente da ordem jurídica ( art. 
127 da CF/88), é pessoa legitimada, em primeiríssima qualidade, para 
promover, ex officio, o procedimento disciplinar conforme determina o art. 198 
do CPC. A omissão dos membros do Ministério Público que concorre para 
tornar evitável a jurisdição, por desídia do órgão jurisdicional ou pretexto de 
acúmulo de serviço da magistratura, configura crime contra a Administração 
Pública cuja apuração deveria ocorrer pelo Poder Legislativo ( art. 52, II, CF/88) 
que poderia destituir o Procurador Geral ( arts. 128, § § 2º e 4º da CF/88), caso 
este se revele indiferente às iniciativas legais à responsabilização dos 
prevaricatores.” ( Rosemiro Pereira Leal) 
 
* Indelegabilidade: A atividade jurisdicional é uma atividade exclusiva do 
órgão judiciário. Assim, se a lei disser que a competência para dirimir o conflito 
é desse judiciário, ele e nenhum juiz podem delegar sua atribuição. 
3.5. Juiz (o) natural 
 
* Está positivado no art. 5º, LIII: “Ninguém será processado sem sentenciado 
senão pela autoridade competente”; e no art. 5º, XXXVII da CF/88 que dispõe 
que “não haverá juízo ou tribunal de exceção”. 
 
* Juízo natural estabelecido previamente pela Constituição Federal como 
criação jurídica do Estado -> arts. 92 a 126 da CF/88 -> cria órgãos 
jurisdicionais próprios para o processamento e o julgamento de 
determinadas questões regidas por normas ( materiais) específicas. 
 
Garante a aplicação de direitos fundamentais de liberdade, dignidade e 
ampla defesa Garantias de um Estado Democrático de Direito. 
 
 
3.6. Imparcialidade 
 
* Imparcialidade Dever constitucional do Estado-Juiz (Direito-garantia das 
partes) Assegura legitimidade do ato jurisdicional 
 
* Suspeição e Impedimentos: Arts. 134 e 135 CPC -> institutos que se 
diferenciam de acordo com o nível de comprometimento que o juiz tem com a 
demanda. 
 
* Impedimento -> art. 134 CPC -> presunção absoluta – Questão de direito de 
ordem objetiva 
 
* Suspeição -> art. 135 CPC -> presunção relativa – Questão de direito de 
ordem subjetiva. 
 
* Segundo Pontes de Miranda é uma enumeração taxativa. Calmon de Passos, 
no entanto, entende que o rol de impedimentos não é exaustivo, porque 
engloba toda situação em que haja uma incompatibilidade lógica entre a 
função de julgar e o papel do juiz no processo, mesmo que não prevista 
expressamente naqueles dispositivos. 
* o impedimento é argüível a qualquer tempo, não precluindo (constitui até 
fundamento para rescisória - art. 485 , II , do CPC), pois é matéria de ordem 
pública. Como diz Couture, os cidadãos não têm um direito adquirido quanto à 
sabedoria do juiz, mas têm um direito adquirido quanto à independência, 
autoridade e responsabilidade do juiz. Ademais, é dever do magistrado 
declarar-se impedido ou suspeito, podendo alegar motivos de foro íntimo. Para 
ele não preclui o dever de declarar-se suspeito ou impedido. 
3.7. Motivação, Duplo Grau de Jurisdição e persuasão racional do juiz 
 
* A persuasão2 do juiz, no Estado Democrático de Direito, é construída 
pelos critérios que a lei estabelece para seu convencimento ante os fatos e 
atos examinados. O julgador não pode decidir, assumindo o papel paternalista 
ou do magister em juízos de desvinculada subjetividade3. 
 
* Após as constituições democráticas, aboliram-se os sistemas inquisitório e de 
livre convencimento, porque historicamente assentados em bases autocráticas 
e carismáticas de juízos de arbítrio, discricionariedade, conveniência e 
equidade, sem qualquer suporte no princípio da anterioridade e exterioridade 
normativas4. 
 
* Persuasão racional do juiz Legalidade (Lei) 
 
* Provimento Jurisdicional Fundamentação (Lei) – Motivação (Art. 
93 IX) 
 
* Entrelaça-se aos requisitos analisados o do duplo grau de jurisdição que 
se desponta como dever estatal de permitir a revisibilidade das decisões 
judiciais e, consequentemente, o reexame da motivação legal que 
sustentou o convencimento do juiz para exaração do provimento recorrido5. 
 
4. Jurisdição Contenciosa e Voluntária 
 
* Jurisdição Contenciosa: A pretensão colocada ao judiciário no qual se 
verifica a presença de lide, ou seja, do conflito de interesses. 
 
* Jurisdição Voluntária: pretensão colocada no Judiciário no qual não existe 
lide. Ex: separação judicial consensual; casamento. 
 
 Papel apenas fiscalizatório do judiciário 
 
 
2 Persuasão é uma estratégia de comunicação que consiste em utilizar recursos lógico-racionais ou 
simbólicos para induzir alguém a aceitar uma idéia, uma atitude, ou realizar uma ação. 
É o emprego de argumentos, legítimos ou não, com o propósito de conseguir que outro(s) indivíduo(s) 
adote(m) certa(s) linha(s) de conduta, teoria(s) ou crença(s). 
3
 LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria Geral do Processo: primeirosestudos. 5. ed. rev. e ampl. São Paulo: 
Thomson-IOB, 2004. 312 p. 
4
 LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria Geral do Processo: primeiros estudos. 5. ed. rev. e ampl. São Paulo: 
Thomson-IOB, 2004. 312 p. 
5
 LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria Geral do Processo: primeiros estudos. 5. ed. rev. e ampl. São Paulo: 
Thomson-IOB, 2004. 312 p. 
Cassio Scarpinela Bueno: “ Certo que na chamada “jurisdição voluntária não 
se visa à atuação do direito mas à constituição de situações jurídicas 
novas, não propriamente caráter substitutivo ( a intervenção jurisdicional é 
necessária para dar validade e eficácia a um específico negócio jurídico, não 
para impor um resultado ou uma decisão); não há lide ( não há conflito), 
mas, bem diferentemente, há negócio jurídico privado, há consonância de 
interesses na consecução do negócio jurídico de uma mesma forma, com a 
obtenção de um mesmo resultado, e não há coisa julgada, isto é, o que vier 
a ser estabelecido pelo Estado-Juiz não assume foros de imutabilidade.” 
 
 
5. Jurisdição Comum e Especial 
 
* Art. 92 da CF/88 -> cria órgãos jurisdicionais próprios para o processamento 
e o julgamento de determinadas questões regidas por normas ( materiais) 
específicas. 
 
* Jurisdição especial: 
 Trabalhista ( arts. 111 a 116) 
 Eleitoral ( arts. 118 a 121) 
 Militar ( arts. 122 a 124 e art. 125, § 3º a § 5º 
 
* Jurisdição Comum: Aceita a divisão baseada na competência dos diversos 
órgãos jurisdicionais para julgar determinadas pessoas ou matérias. ( “Justiça 
Comum” e “Justiça Federal”) 
 
 
6. Jurisdição Superior e Inferior 
 
* É da natureza humana o inconformismo perante decisões desfavoráveis: 
Muitas vezes, aquele que sai vencido em um processo quer nova 
oportunidade para demonstrar suas razões e tentar outra vez o ganho de 
causa ( é o princípio do duplo grau de jurisdição) -> possibilidade de um 
mesmo processo, após julgamento pelo juiz inferior perante o qual teve inicio, 
voltar a ser objeto de julgamento, agora por órgãos superiores do Poder 
Judiciário. 
 
* Jurisdição inferior -> aquela exercida pelos juízes que ordinariamente 
conhecem do processo desde seu início ( competência originária): trata-se, na 
Justiça Estadual, dos juízes de direito das comarcas distribuídas por todo o 
Estado, inclusive da comarca da Capital. 
 
* Jurisdição Superior -> exercida pelos órgãos a que cabem os recursos 
contra as decisões proferidas pelos juízes inferiores. OBS: O órgão máximo, 
na organização judiciária brasileira, e que exerce a jurisdição em nível 
superior ao de todos os outros juízes e tribunais é o Supremo Tribunal 
Federal. 
 
* órgãos de primeiro grau de jurisdição: pertencem à primeira instância. 
 
* órgãos de segundo grau de jurisdição: pertencem à segunda instância. 
 
 
 
 
 
 
 
6. Jurisdição Penal ou Civil 
 
* A pretensão em cada processo varia de natureza conforme o direito material 
( objetivo/substantivo) em que se fundamenta. Assim, há causas penais, civis, 
comerciais, administrativas, tributárias, etc. 
* A doutrina majoritária divide a jurisdição em: Penal ( causas penais, 
pretensões punitivas) e jurisdição civil ( por exclusão, causas e pretensões 
não penais). 
 
OBS: a expressão jurisdição civil nessa clássica divisão é empregada em 
sentido bastante amplo, abrangendo toda a jurisdição não penal. 
 
Pergunta-se: a) quem exerce a jurisdição penal? R: juízes estaduais comuns, 
Justiça Militar Estadual, Justiça Militar Federal, Justiça federal e Justiça 
Eleitoral. 
b) Quem exerce a jurisdição civil em sentido amplo? R: Justiça Estadual, 
federal, Trabalhista e Eleitoral. 
 
OBS2: A jurisdição civil em sentido estrito é exercida pela Justiça Federal e 
pela Justiça dos Estados. 
 
 
ÓRGÃOS DA JURISDIÇÃO 
 
* Para efeito de uma racionalização da atividade jurisdicional existem diversos 
órgãos, cada um responsável por dizer determinado direito, para determinadas 
pessoas, em determinadas localidades, segundos critérios de divisão de 
atribuições pela CF/88. 
 
* Garantias dos magistrados: Vitaliciedade; inamovibilidade e irredutibilidade de 
vencimentos (art. 95 e incisos da CF) -> somente a partir dessas garantias 
mínimas o juiz, sentindo-se livre das intempéries externas, terá tranquilidade 
para cumprir adequadamente a sua missão de pacificação social. 
 
* São órgãos da jurisdição: 
a) Supremo Tribunal Federal ( STF); 
b) Superior Tribunal de Justiça ( STJ); 
c) “Justiça Federal” - Tribunais Regionais Federais e juízes federais( TRF’s e 
Juizes Federais); 
d) “Justiça do Trabalho” - Tribunal Superior do Trabalho ( TST), Tribunais 
Regionais do Trabalho ( TRT’s) e Juízes do Trabalho 
e) “Justiça Eleitoral” - Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Tribunais Regionais 
Eleitorais e Juízes eleitorais; 
f) “Justiça Militar” - Tribunais e Juízes Militares; 
g) “Justiça Estadual” - Tribunais e juízes dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Territórios; 
 
 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ( STF) 
 
* Constituição: Art. 101 da CF/88 - 11 (onze) ministros, com idade mínima de 
trinta e cinco e máxima de sessenta e cinco anos. Sua nomeação é feita pelo 
Presidente da República, após aprovação da maioria absoluta do Senado 
Federal. 
 
* Órgão que exerce a jurisdição superior máxima no Brasil. 
 
* STF: a) Competência originária: Enquanto o primeiro e único órgão a julgar 
determinados feitos. Art. 102, I da CF. Ex: Infrações penais comuns do 
Presidente da República; b) Competência recursal: enquanto instância revisora 
de determinadas causas. Art. 102, II. Ex: Habeas Corpus não aceito pelo STJ. 
 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ( STJ) 
 
* Composição: Art. 104 CF/88 - Mínimo de 33 ministros, devendo ser entre 
trinta e cinco e sessenta e cinco anos no momento da sua nomeação. Sua 
nomeação é feita pelo Presidente da República, após aprovação da maioria 
absoluta do Senado Federal. 
 
* Órgão hierarquicamente inferior ao STF no sistema recursal, sendo novidade 
do texto da CF/88, concebido para desafogar o STF. 
 
* STJ: a) competência originária: enquanto julgador primeiro e único de certas 
causas. Art. 105, I da CF/88. Ex: Crimes cometidos pelos governadores. b) 
Competência recursal: enquanto instância revisora de determinadas causas. 
Art. 105, II CF. Ex: Habeas Corpus julgados pelos TRF’s ou TJ’s. 
 
TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E JUÍZES FEDERAIS 
 
* Art. 106 CF/88 -> São órgãos da Justiça Federal: a) Tribunais Regionais 
Federais e Justiça Federal. 
 
* Art. 109 da CF/88 -> Justiça Federal é responsável especialmente por causas 
envolvendo interesses da União, se suas autarquias e empresas públicas. 
Também é competente para julgamento de crimes contra a organização do 
trabalho e disputas indígenas. 
 
* Juizes Federais: 1ª instância; TRF: 2º instância. 
 
* TRF’s: a) competência originária: Art. 108, II da CF/88 – ex: julgamento de 
crimes comuns cometidos por juízes federais; b) Competência recursal: Art. 
108, II da CF/88. 
 
* Composição do TRF: art. 107 CF/88 -> Mínimo de 7 juízes com idade mínima 
de trinta e máxima de sessenta e cinco, sendo compostos de juízes federais de 
1º instância, advogados e membros do MPF. 
 
TRIBUNAIS E JUÍZES DO TRABALHO 
 
* Art. 11 CF/88 : São órgãos da Justiça do Trabalho -> a) Tribunal Superior do 
Trabalho ( TST); b) Tribunais Regionais do Trabalho ( TRT’s) e Juízes do 
Trabalho 
 
 
* Competência: dissídios individuais entre trabalhadores e empregadores ( 
oriundos da relação de trabalho) 
 
* Formação: formado por 27 ministros com idade mínima de 35 e máxima de 
65, nomeados pelo presidente da república após aprovação do Senado 
Federal 
 
 
TRIBUNAIS E JUIZES ELEITORAIS 
 
* Art. 118 -> São órgãos da justiça eleitoral: a) TST; b) TER. c) Juízes 
eleitorais; d) Juntas eleitorais. 
 
* Competência: matéria referente a eleições, partidos, perda de mandato, 
crimes eleitorais.* Composição -> TST: art. 119 CF/88; TRE: art. 120 CF/88 
 
 
TRIBUNAIS E JUIZES MILITARES 
 
* “Justiça Militar” -> a) Superior Tribunal Militar; b) Tribunais Militares 
Regionais; c) Juizes Militares. 
 
* Competência: julgamento dos crimes militares -> art. 124 CF/88 
 
 
TRIBUNAIS E JUIZES DOS ESTADOS 
 
* “Justiça Estadual” -> a) Tribunais dos estados; b) juízes estaduais; 
 
* Competência Residual.

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