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trabalho fisioterapia Parkinson

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Tema: assistência fisioterápica a pacientes com mal de Parkinson 
Tópicos: 
Introdução: Dissertar sobre aspectos bioquímicos da patologia (proteínas envolvidas e erro de enovelamento proteico) 
A Doença de Parkinson foi descrita pela primeira vez em 1817 pelo médico inglês James Parkinson, com o nome de “paralisia agitante” (LAMÔNICA; FUKUSHIRO; MIGUEL, 1997; PEREIRA et al., 2003; REIS, 2004; ANDRÉ, 2004 apud STEIDL, ZIEGLER e FERREIRA, p.116, 2007). 
Neste aspecto, essa doença que mais tarde ganhara o nome de seu descobridor é qualificada pela sua capacidade degenerativa e, além disso, por sua manifestação comumente encontrada na população, deste modo, segundo estudos realizados por Treive o mal de Parkinson esta presente em cerca de 90 a 187 pessoas a cada 100.000 habitantes. Não obstante, a faixa etária que apresenta maior incidência de casos contém entre 50 e 70 anos e, além disso, as pessoas do gênero masculino apresentam maior chance de desenvolver tal doença. (TREIVE, p. 56, 1958; SCHIMITZ, 2004 apud HAASE, et. al., p. 80, 2008). Neste sentido, segundo Treive (p. 56, 1958) citado por Haase, et al. (p. 80, 2008) ela, ora, a doença é caracterizada por apresentar quatro sinais clínicos que são: tremor de repouso, rigidez, bradicinesia e instabilidade postural. Contudo, o mal de Parkinson também exterioriza manifestações secundárias como: incoordenação motora, micrografia, embaçamento da visão, disartria, edema, sialorréia, face em máscara, deformidade de mão e pé, distonia, escoliose, cifose, demência, depressão. 
Além disso, segundo Camargo et al., (2004 )apud Steidl, Ziegler e Ferreira, (p.116, 2007) as complicações decorrentes da evolução da doença provocam sinais e sintomas que envolvem o comprometimento mental/emocional, social e econômico, o que torna o indivíduo extremamente incapacitado.
Neste aspecto, Treive (p. 56, 1958) citado por Haase, et al. (p. 80, 2008) ainda descreve a doença de Parkinson como:
“Uma patologia lenta e crônica do sistema nervoso, onde ocorre uma degenerescência nas células dos gânglios basais ocasionando uma perda ou interferência na ação da dopamina, que é o principal neurotransmissor dos gânglios basais, e eles contribuem para a precisão e a uniformidade dos movimentos e coordenam as mudanças de posição.”
Ainda sobre a bioquímica da doença de Parkinson Lelli (1998) cita a teoria do stress oxidativo que consiste na formação de radicais livres, que são reconhecidas por serem moléculas instáveis que reagem com outras moléculas existentes, dando-se assim, um fenómeno de oxidação. Para diversos elementos da célula, como é o caso de mitocôndrias e membrana celular, este fenómeno é nocivo podendo mesmo levar á morte das próprias células. A produção destes radicais é muitas das vezes provenientes do metabolismo normal do organismo. A dopamina é metabolizada essencialmente no cérebro por acção da enzima monoaminaoxidase (MAO) e catecol-o-aminotransferase (COMT) em ácido homovelínico (HVA) e ácido 3,4-dihidrofenilacético. O metabolismo normal da dopamina produz radicais hidroxilo e peróxido de hidrogénio, os quais na presença de depósitos de ferro no cérebro podem resultar em neurotoxicidade por interferência na cadeia respiratória celular. A degradação da dopamina em ácido 3,4-dihidroxifenilacético pela MAO gera peróxido de hidrogénio, que na presença de Fe2+, abundante nos gânglios da base, pode gerar radicais livres hidroxilo (OH.). Em condições normais o organismo elimina estas moléculas indesejáveis através de defesas antioxidantes que possui, porém, por alguma razão, na Doença de Parkinson, há um acumular destes radicais na substância negra, o que poderá levar a desencadeamento ou agravamento do processo degenerativo.
Além disso, Pereira et al.,(2000) apud Sant (p. 81,2008) afirma que a degeneração do sistema nervoso central leva à falência dos dispositivos neuronais, que, além de serem incapazes de se renovar, são particularmente sensíveis ao envelhecimento. Com a senescência, reduz-se, fisiologicamente, o número de neurônios.
Neste contexto, não poderíamos deixar de falar que a doença de Parkinson é classificada como cosmopolita, ou seja, não apresenta distinção entre as classes sociais, nem entre raças e atinge homens e mulheres (LIMONGI, 2001) apud (STEIDL, ZIEGLER e FERREIRA, p.117, 2007). Ademais, Hall (p. 143, 2005) citado por Haase et al. (p.81, 2008) afirma que a causa da doença de Parkinson é desconhecida, mas existem alguns tipos de Parkinsonismo que são considerados mais frequentes como é o caso do idiopático, grupo que inclui a doença de Parkinson verdadeira, ou paralisia agitante sendo mais habitual em idosos ou pessoas de meia idade. Já o pós-infeccioso, é causado por encefalite viral. O tóxico por sua vez, ocorre em indivíduos expostos a alguns venenos industriais, agentes químicos e algumas drogas, o parkinsonismo arteriosclerótico, é causado pelo infarto do tronco cerebral envolvendo a substância negra, os tratos nigroestriais, ou gânglios de base e por fim, o Parkinsonismo atípico, representa um grupo de várias patologias, onde é muito comum haver uma síndrome Parkinsoniana associada a outras anormalidades neurológicas. 
Dissertar sobre o papel da fisioterapia nos cuidados ao paciente 
Greenberg et al. (2005) e Piemonte (2003) citado por Sant et al (p.87, 2008) dissertam que a fisioterapia direcionada a pacientes parkinsonianos tem a finalidade de reduzir os problemas motores causados tanto pelos sintomas primários da doença quanto pelos secundários, além disso, o tratamento fisioterápico também tem como objetivo ajudar o paciente a manter sua autonomia para realizar as atividades cotidianas e assim, melhorar sua qualidade de vida. 
Neste sentido, o tratamento fisioterápico é de extrema importância para que os pacientes diagnosticados com mal de Parkinson consiga levar uma vida mais tranquila onde possa manter a ação e o desenvolvimento de suas atividades diárias. Para mais, as técnicas intervencionistas introduzidas pela fisioterapia incluem no programa exercícios passivos e ativos, treinamento da caminhada, desenvolvimento de atividades diárias, calor, gelo, estimulação elétrica e hidroterapia.. (CRAM, 2002 apud SANT et al. p.87, 2008)
Diagnostico e tratamento
Para que haja um eficaz tratamento fisioterápico nas pessoas portadoras do mal de Parkinson é necessário no primeiro momento avaliar em qual estágio se encontra a doença. Deste modo, foi desenvolvida uma tabela para classificar os níveis patologia e assim aplicar um melhor método de tratamento: 
Segundo Reis (2004) apud Steidl, Ziegler e Ferreira, (p.121, 2007) a Doença de Parkinson é uma enfermidade incurável e degenerativa, todo o tratamento visa a melhorar seus sintomas e retardar sua progressão. O tratamento estabelecido dependerá da condição em que se encontra o paciente e em que estágio se encontra.
Neste sentido, o tratamento do mal de Parkinson é considerado multidisciplinar, pois conta com a participação de diferentes profissionais da área da saúde como médicos, fisioterapeutas, farmacêuticos, fonodiólogos e psicólogos.
O tratamento clínico-farmacológico da doença visa, principalmente, à reposição da dopamina estriatal e à neuroproteção, sendo utilizado para este fim drogas anticolinérgicas, antidepressivas, amantadina, piribedil, agonistas dopaminérgicos e a levodopa (MATOS et al., 1998).
A abordagem cirúrgica da doença de Parkinson é realizada para tratar tremor, rigidez e bradicinesia, com graus variáveis de sucesso (BITTENCOURT, 2003) O tratamento cirúrgico do parkinsonismo pela talamotomia ou palidotomia com frequência é útil quando os pacientes não são responsivos às medidas farmacológicas ou desenvolvem reações adversas intoleráveis a medicações antiparkinsonismo (GREENBERG et al., 2005; PIEMONTE, 2003 apud SANT, p.86, 2008).
 A fisioterapia voltada para pacientes parkinsonianos tem como objetivo minimizar os problemas motores causados tanto pelos sintomas primários da doença quanto pelos secundários, ajudando o paciente a manter a independênciapara realizar as atividades do dia-a-dia e melhorando sua qualidade de vida, que pode ser por uso de aparelhos auxiliares. Tais aparelhos podem incluir corrimões adicionais colocados de forma estratégica pela casa para suporte adicional, talheres com cabos largos e toalhas de mesa antiderrapantes (GREENBERG et al., 2005; PIEMONTE, 2003 apud SANT, p.86, 2008). 
Além disso, para Cram (2002) citado por Sant et al. (p.87, 2008) “um programa de fisioterapia personalizada para o paciente pode ajudar no controle de problemas posturais, nas deformidades e distúrbios da marcha” . No entanto, apesar da fisioterapia não impedir o avanço da doença ela tem a capacidade manter um estado de funcionamento muscular e osteoarticular profícuo em contrapartida de anos de evolução de rigidez e bradicinesia que produzem alterações patológicas ósseas (osteoporose e artrose) responsáveis por uma incapacidade funcional ainda mais limitante. (BITTENCOURT, 2003). (BITTENCOURT, 2003 apud SANT, p.88, 2008). 
Segundo, Steidl, Ziegler e Ferreira, (p.121, 2007) A reeducação postural e a manutenção da atividade física são os principais focos da atuação fisioterapêutica no tratamento da doença de Parkinson. Os exercícios realizados visam à manutenção da atividade muscular e flexibilidade. Na ausência de exercícios físicos, os músculos se atrofiam, o que a aumenta a rigidez típica do parkinsoniano (BOTTINO, 2005).
Segundo Cardoso e Pereira (2001), a diminuição da amplitude torácica é fator determinante das alterações respiratórias restritivas dos parkinsonianos, limitando a elevação das estruturas do tórax e a expansão pulmonar. Dessa forma, um programa de fisioterapia respiratória direcionado para o aumento da amplitude torácica promove a melhora da função respiratória e da capacidade funcional desses pacientes (SANT et al., 2008; FERREIRA; CIELO; TREVISAN, 2008).
Neste sentido, segundo a obra de Steidl, Ziegler e Ferreira, (p.116, 2007) os recursos mais utilizados pelo fisioterapeuta para tratar o mal de Parkinson são: 1. cinesioterapia – auxilia na realização de movimentos extensores, adutores e rotatórios, 2. bolas Suíça – instrumento desenvolvido na década de 1970 que tem a função de propiciar a reabilitação de posturas anormais e problemas neurológicos (HAASE; MACHADO; OLIVEIRA, 2008), 3. RPG - reeducação postural global, 4. Educação Condutiva 5. Reeducação Neuroproprioceptiva, que consiste num recurso terapêutico cinético que utiliza o estímulo da sensibilidade para aumentar a força, sensibilidade e coordenação - método Kabat (LIMONGI, 2001), 6. Fisioterapia Respiratória – técnica voltada para fortalecer a musculatura do sistema respiratório (PARREIRA et al., 2003) e a hidroterapia é um recurso utilizado para o entrosamento do portador com outras pessoas no intuito de melhorar a autoestima, a confiança, a coordenação motora, melhora do tônus muscular e equilíbrio (CARDOSO; ACIOLY, 2003). 
Conclusão 
A doença de Parkinson pode ser considerada uma patologia bastante agressiva na vida de seus portadores, pois além de delimitar fisicamente o individuo ela pode gerar grandes transtornos socioeconômicos.
Deste modo, a perda na qualidade de vida de tais portadores é evidente e, devido a isto é necessário um maior planejamento voltado a saúde pública já que no futuro a grande maioria da população será composta por pessoas idosas (principais portadores).
No que tange a atuação da fisioterapia, podemos observar que ela é de extrema importância para a manutenção da vida das pessoas que sofrem com mal de Parkinson, pois além de minorar os problemas motores causados pelos sintomas primários e secundários da doença o tratamento fisioterápico também é eficaz para ajudar o paciente a manter sua independência na realização de suas atividades cotidianas. 
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