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Estácio de Sá - Res Mat II – Rubens Mitri 1 IV – Torção IV.1 – Introdução Carregamento e diagrama de esforços Momentos torçores podem ser concentrados ou distribuídos ao longo do eixo da barra, conforme a Figura VI.1. Figura IV.1 – Momentos torçores aplicados Diagramas de momento torçor podem ser constantes ou não conforme exista ou não carregamento distribuído, como ilustra a Figura VI.2a. O momento torçor em uma seção transversal é positivo quando a representação vetorial dos momentos estiver voltada para fora da seção, conforme a Figura VI.2b. Assim, a na Figura IV.2a temos a indicação do sinal positivo. a - Diagrama de momento torçor para t(x) constante b – Convenção para torçor positivo Figura IV.2 – Diagrama de momento torçor Equações de equilíbrio A Figura VI.3a ressalta um segmento de comprimento dx, de uma barra submetida a momentos de torção concentrados nas extremidades e distribuídos ao longo do comprimento. O segmento destacado representa a seção transversal mostrada em perspectiva na Figura IV.3b. Para que a seção esteja em equilíbrio, é preciso que a soma dos momentos em torno do eixo x de ser nula, sou seja: 0xM 0)( TdxdTT t(x) dxdTt(x) (IV.1) z x a\ Ma Mb t(x) b dx dx y t(x) T+dT T aa –– bbaarrrraa ssuubbmmeettiiddaa aa mmoommeennttooss ttoorrççoorreess T + dT dx G G x G t(x) T b – momentos aplicados em uma seção Figura IV.3 – Momentos e esforços torçores aplicados Estácio de Sá - Res Mat II – Rubens Mitri 2 A equação (IV.1) informa que a taxa de variação do momento torçor ao longo de x é determinada pelo momento distribuído t(x). IV.1 – Barras de seção transversal circular Hipóteses básicas Considere uma barra de seção circular submetida a momentos torçores aplicados nas extremidades, como representa a Figura IV.4. A figura procura mostrar que as seções transversais giram em torno do eixo da barra, havendo rotação relativa entre as seções. As linhas da periferia, inicialmente paralelas ao eixo, sofrem deformações como indicado, mas o eixo permanece reto e as seções transversais permanecem planas e normais ao eixo. A barra também não sofre deformações normais (alongamento ou encurtamento) na direção do eixo ou do raio, permanecendo com mesmo comprimento e mesmo diâmetro. Figura IV.4 Barra sob momento torçor: configuração deformada A Figura IV.5 procura mostrar que todos os pontos de cada uma das faces de uma seção transversal sofre uma mesma rotação )(x em torno do eixo da barra, havendo uma defasagem de d entre a duas faces da seção, mas sem que haja deslocamentos relativos entre pontos de uma mesma face. Assim, os pontos inicialmente alinhados na direção do raio permanecem alinhados na direção do raio após a deformação. (a) (b) (c) Figura IV.5 - Deformações em uma barra circular sob torção Estácio de Sá - Res Mat II – Rubens Mitri 3 Distribuição de deformações A Figura V.5c mostra que a rotação relativa d acarreta a deformação angular (deformação de cisalhamento) nos elementos da seção transversal. Conforme a figura, podemos escrever dxdr / )tan( . Se o ângulo for pequeno, então podemos adotar )tan( , ou seja: dx dr (IV.2) Distribuição de tensões Tensões de cisalhamento podem ser obtidas a partir da deformação e do módulo de cisalhamento G, conforme a equação (II.5). Então: dx drGG (IV.3) Note que a deformação e a tensão de cisalhamento dadas pelas equações (IV.2) e (IV.3) variam linearmente na direção do raio, sendo nulas no eixo da barra e máximas junto à periferia da seção. Cálculo de tensões e deformações de cisalhamento A tensão de cisalhamento , que gera a deformação , tem direção sempre perpendicular ao raio, com representa a Figura IV.6a. Consequentemente a força dF que resulta de atuando em uma área elementar dA também é perpendicular ao raio, como representa a Figura IV.6b. A figura indica também que o módulo dessa resultante é dado por dAdF . A resultante dF produz um momento em torno do eixo da barra dado por dArdFrdM x . Então, utilizando a equação (II.19), escrevemos: dAdFrdM r dx dGx 2 (IV.5) a – direção de b – direção de dF Figura IV.6 - Momentos produzidos por tensões de cisalhamento Estácio de Sá - Res Mat II – Rubens Mitri 4 A integral desses momentos elementares ao longo da seção transversal deve ser igual ao momento torçor atuante na seção. Assim, escrevemos: AA x dArdxdGdMT 2 (IV.6) A integral contida na equação (IV.6) representa o momento polar de inércia da seção transversal em relação do eixo da barra, que aqui será denotado como PJ . Assim, a equação (IV.6) pode ser escrita como PJ dx dGT ou ainda : PJG T dx d (IV.7) A equação (IV.7) permite como calcular a taxa de variação do ângulo de torção causada por um momento T, assim como a rotação relativa entre diferentes seções transversais da barra. Substituindo a equação (IV.7) em (IV.3) obtemos: 3 PJ Tr (IV.8) A equação (IV.8) fornece a distribuição de tensões ao longo da seção transversal circular em função do momento torçor atuante, sendo válida também para barra com seção transversal em anel de círculo, com raio constante ou não, como representa a Figura IV.7. Notamos que a distribuição é linear, com tensões nulas no eixo da barra e tensões máximas na sua periferia, onde alcançam o valor: max PJ TR (IV.9) a) barra cilíndrica b) cilíndrica vazada c) barra cônica Figura IV.7 - Tensões devido a torção em seções circulares vazadas ou não Deformações de cisalhamento podem ser calculadas a partir das equações (IV.8) e da Lei de Hooke para cisalhamento, resultando em: PJ Tr GG (IV.10) Estácio de Sá - Res Mat II – Rubens Mitri 5 Rotação das seções transversais As seções transversais de uma barra submetida a torção sofrem rotações , em torno do eixo x, como mostra a Figura IV.5. A equação (IV.7) permite escrever: dxJG Td P (IV.11) A expressão (IV.11) permite calcular a rotação relativa sofrida entre duas seções transversais. Se a extremidade inicial da barra ( 0x ) tiver sofrido uma rotação o , então a rotação de uma seção qualquer, situado a uma distância x do nó inicial, será dada por: x Poxo dxJGTdx 00 )( (IV.12) Na equação (IV.12), a rotação é positiva quando sua representação vetorial tiver a direção de x, e a convenção de sinal para o momento torçor T é aquela estabelecida pela Figura IV.2b. Note que se o momento torçor, a geometria da seção transversal e o m’odulo de cisalhamento forem constante, então a equação (IV.12) toma a forma simplificada: xJG T Po x )( (IV.13) Exemplo IV.1: Uma barra com uma extremidade engastada é submetida a dois momentos concentrados, conforme a Figura IV.8a. A seção transversalé circular de raio igual a 10cm, conforme a Figura IV.8b, e o módulo de cisalhamento do material e o momento polar de inércia são dados na Figura IV.8c. Determiar a rotação na extremidade direita e no meio da barra. a - condições de apoio e momentos aplicados b - seção transversal 28 /10 mKNG 461082.9 mJ P 221082.9 KNmPJG c – Propriedades do material e seção Figura IV.8 Barra subetida a momentos torçores concentrados Solução: Na Figura IV.9a representamos a barra, os momentos aplicados e a reação de apoio na extremidade e, na Figura IV.9b representamos o diagrama de momentos torçores. a - esquema estrutural e reação de apoio b – diagrama de momento torçor Figura IV.9 – Barra sob torção – reação de apoio e diagrama de esforço Estácio de Sá - Res Mat II – Rubens Mitri 6 A extremidade A está engastada, de forma que a rotação ali é nula, e a rotação em B e C podem ser calculadas utilizando-se a equação (IV.12) como: rad.dx PJG Tdx PJG T A 61115506 6 0 21082,9 100 0 6 0 B 01155610 6111550 12 6 21082,9 1006111550 12 6 C ..dx.dx PJG T B Note que poderíamos ter usado a equação (IV.13), pois a seção tranversal e o momento torçor são constantes em cada trecho da barra. Exercícios: Para as barras abaixo com seção tranversal circular, determine: - a tensão de cisalhamento máxima; - a rotação nos pontos onde os momentos externos são aplicados; Lista de exercícios Livro Resistência dos Materiais R.C. Hibbeler, 7ª edição Pearson Exemplos : 5.1 a 5.4 - pg 130 a 132 5.7 a 5.10 – pg 144 a 145 5.11 e 5.12 – pg 151 e 152 Problemas: 5.1 a 5.31 – pg 134 a 137 5.45, 5.47, 5.48 – pg 146 5.50 a 5.52, - pg 147 5.58 a 5.72 – pg 148 a 150 5.73 a 5.87 - pg 153 a 155 Estácio de Sá - Res Mat II – Rubens Mitri 7 IV.2 – Barras maciças de seção não circular O modo de deformação de uma barra de seção não circular é bem diferente do observado em barras cilíndricas, como procura mostrar a Figura IV.10, que representa uma barra prismática, de seção quadrada submetida a um momento torçor T. A Figura IV.10b mostra que na configuração deformada os lados da seção transversal deixam de ser retos, formando ondulações na superfície externa da barra. A mudança da geometria observada agora é muito maior do que aquela que se observa numa barra de seção circular, tal como a barra cilíndrica da Figura IV.4. A de seção quadrada não oferece uma simetria perfeita em relação ao seu eixo, como ocorre para a barra cilíndrica, e pouco devemos antecipar da distribuição de tensões e deformações, podendo-se apenas presumir que as tensões são nulas no eixo da peça. a – configuração indeformada b – configuração deformada Figura IV.10 - Barra prismática torcida A Figura IV.11 procura examinar mais cuidadosamente a distribuição de deformações e tensões ao longo da seção da barra. A Figura IV.11a mostra que a seção transversal deixa de ser plana, o que implica em uma distribuição complexa de deformações e tensões. As Figuras IV.11b e IV.11c procuram analisar as tensões de cisalhamento nos pontos situados no meio do lado e no vértice da seção quadrada. As faces externas da barra estão livres de tensão. Assim, como nos vértices da seção temos duas faces externas (livres de tensão) e, devido à reciprocidade das tensões de cisalhamentos (Figura II.2), podemos afirmar que todas as tensões de cisalhamento são nulas ali, como indicado. Por outro lado, nos pontos situados no meio do lado, temos apenas uma face externa, permitindo que ocorra uma componente de tensão de cisalhante, que assume o valor máximo neste ponto, como indicam as figura. (a) (b) (c) Figura IV.11 - Tensões e deformações em barra de seção quadrada Estácio de Sá - Res Mat II – Rubens Mitri 8 A determinação analítica da intensidade a distribução de tensões em barras de seção não circular é demasiadamente complexa para os propósitos deste curso. Contudo, podemos avaliar o comportamento da barra de forma aproximada fornecida por fórmulas empíricas, obtidas a partir de teorias mais sofisticadas e/ou ensaios experimentais. Por exemplo, para seções retangulares, a tensão cisalhante máxima e a rotação da seção em torno do eixo da barra, de seção transversal constante e submetia a um torçor constante, podem ser obtidas a partir das equações1 (IV.14), onde b e h são os lados da seção, T é o momento torçor aplicado, G é o módulo de cisalhamento L é o comprimento da barra e e são os coeficientes dados na Tabela IV.1. A Figura IV.12 auxilia a utilização da Tabela IV.1, indicando os pontos de tensão máxima e representado linhas de isotensão. 2max bh T (a) ; 3 bhG LT (b) (IV.14) Tabela IV.1 – Coeficientes e para seções retangulares [ref.2] (a) barra sujeita a torção (b) distribuição de tensões na seção transversal Figura IV.12 - Distribuição de tensões em barra com seção retangular sujeitas a torção Fórmulas empíricas para determinar tensões e deformações de barras não circulares oferecen resultados bem diferentes dos que poderíamos intuir a partir do estudo de barras cilíndricas ou cônicas. Essas formulações estão disponíveis em literatura especializada, tais como livros de estruturas metálicas. Na Figura IV.13 apresentamos algumas dessas expressões para seção quadrada, retangular (equilátero) e elíptica2. Os pontos sobre o contorno das seções transversais indicam onde ocorrem as tensões máximas. 3max 81,4 a T 4 1,7 aG LT 3max 02 a T 4 64 aG LT 33max 2 ba T 3 3 )22 ( baG LTba Figura IV.13 - Fórmulas para seções não circulares sob torção 1 A fonte de onde retiramos a equação (IV.14) é a mesma que fornece os coeficientes βα e e que está indicada na legenda da Tabela IV.1 (ref. [2]). Essa equação está de acordo com o do livro texto (ref. [1]), que apresenta resultados para seções não circulares que reproduzidos na Figura (IV.13). 2 Figuras e expressões retiradas do livro texto (ref.[1]). Aqui apresentamos a taxa de rotação dxd / em vez da rotação relativa entre seções )( . Os pontos sobre o contorno das seções indicam onde ocorrem as tensões máximas. Estácio de Sá - Res Mat II – Rubens Mitri 9 II.4.3 – Tubos de paredes finas Considere um tubo de paredes finas tal como o representado na Figura IV.14a. Como o tubo tem peredes finas, o raio interno e externo são semelhantes, não há grande variação de tensão ao longo da espessura. Nestas circunstâncias podemos adotar como simplificação que a tensão de cisalhamento é constante ao longo da espessura, como representa a Figura IV.14b. Note que med é tensão no meio da espessura. A Figura IV.14a mostra também um pequeno segmento, com comprimento S, de uma seçãotransversal. Esse segmento é mostrado em detalhe na Figura IV.14c, que procura mostrar que a espessura do segmento não é constante, assumindo o valor At junto à aresta A, e Bt junto à aresta B. A figura indica ainda que ao longo da espessura At a tensão de cisalhamento assume o valor A e, ao longo da espessura Bt a tensão é B . Devido à reciprocidade das tensões de cisalhamento, as tensões A e B também atuam nas faces ortogonais à seção transversal, como indicado. O segmento isolado na Figura IV.14c está em equilíbrio, e a soma das forças que atuam na direção do eixo do tubo deve ser nula, de forma que podemos escrever: dx dx BBAA tt BBAA tt (IV.15) (a) (b) (c) Figura IV.14 – Tubo de parede fina A equação (IV.15) informa que o produto da tensão pela espessura é constante. Esta grandeza é representada pela letra q e denominada fluxo de cisalhamento, ou seja: tq (IV.16) onde é a tensão de cisalhamento em um ponto quanquer da seção, e t é a espessura do tubo neste ponto. Se for dada em 2/ cmKN e t em cm, então q será dado em KN/cm. Vamos agora avaliar o momento resistido pela tensão de cisalhamento atuando ao longo de um segmento ds da seção transversal, conforme a Figura IV.15a, onde mR indica o raio médio do segmento ds e dF representa a a força resultante que atua no segmento. O momento causado por dF é dado por: t dsmRdAmRdFmRdM (IV.17) Estácio de Sá - Res Mat II – Rubens Mitri 10 (a) (b) Figura IV.15 O momento causado pelas tensões de cialhamento ao longo do tubo deve ser igual ao momento torçor aplicado, ou seja: dsmRtt dsmRdMT (IV.18) Podemos notar que o produto dsmR contido na integral da equação (IV.18) é o dobro da área do triângulo que, na Figura IV.15a, está destacado em cinza escuro, de forma que a integral é o dobro da área mA compreendida pela linha tracejada da Figura IV.15b. Assim escrevemos: mAtT 2 mAt 2 T (IV.19) O fluxo de cisalhamento pode ser calculado como: mA q t 2 T (IV.20) Lista de exercícios Livro:Resistência dos Materiais R.C. Hibbeler, 7ª edição Exemplos : 5.13 a 5.17 Problemas: 5.88 a 5.109 Referências [1] Livro texto: Resistência dos Materiais, R.C. Hibbeler, 7ª edição, Pearson [2] Apostila TORÇÃO PURA em: http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=torcao%2C%20sec%C3%A7%C3%A3o %20quadrada&source=web&cd=1&ved=0CCQQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.uf f.br%2Fpetmec%2Fdownloads%2Fresmat%2FD%2520- %2520Torcao%2520Pura.pdf&ei=ZiA9UPTcGMTj0QHdxIHYCg&usg=AFQjCNHPbb Z6kejWsSWEe3McCj0PVbZmfw
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