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Que cenas!
Acho que você viu as cenas na televisão,deve ter visto.Eram cenas de um cotidiano comum das cidades.As pessoas que iam e vinham,não sentiam emoção,comoção ou, menos ainda,piedade.Uma cena comum:um mendigo dormindo sob uma marquise no centro de Ribeirão Preto,SP.
Em torno do mendigo,três pequenos cães.Um deles dormia sobre a barriga do mendigo.As pessoas passavam,viam a cena, mas não se tocavam,fingiam não vê-lo,afinal,por que perder tempo com mendigos e cães de rua, não é mesmo?
O relógio andou,as pessoas que passaram pelo mendigo de manhã passaram também Poe ela á tarde, e o mendigo lá, dormindo, na mesma posição.E os cãezinhos em torno dele.Um dos cãezinhos demonstrava especial agressividade aos que passavam.Até que alguém se tocou e decidiu acorda o mendigo.Ele estava morto.Morto há muitas horas.Tinha 60 anos e todos o conheciam nas redondezas por viver cuidando de animais de rua.
Durante todo o tempo em que o corpo de mendigo ficou na calçada ,perecendo dormir,um dos cãezinhos ficou sobre a barriga dele,outros se aconchegava junto ao pescoço do mendigo e um terceiro latia furiosamente aos que chegavam perto.O mendigo estava morto e os cãezinhos davam-lhe guarda,”esperavam” que ele acordasse,mas “sabiam” que ele não ia mais acordar...Santo Deus, que cenas, que lindo, que divino, que sublime, que coisa do outro mundo.
Ah, e falta dizer que em uma das mãos do mendigo morto, ele “segurava” um saco plástico com roupas e “ração”para os cãezinhos.Ração,ouviste bem,leitora ração ...O homem devia ser um anjo disfarçado e os cãezinhos seus amigos do céu, todos disfarçados de bichos de rua, bichos sem alma nem valor...Não é assim que pensam os estúpidos da vida sobre os cães de rua? 
Luiz Carlos Prates