Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
v ir .ii Ì ìË : Ì rÉcrurcns DE oBsErnrnçÃo DlREnA E REGISTRO DE COMPORTAMENTO Existem diversas maneiras de se registrar as informa- ções que captanos mediante o uso de observação sistemá- tica. Uma delas, o Registro Cursioo, já foi tratada ao final do Cap. 1. Sabemos que o Registro Cu,rsivo é uma forma de relato do que acontece com o sujeito que observamos, na seqüência em que os fatos se sucedem, cuidando-se de só usar urna linguagem cientÍfica. AnalisâÍ€lrtos, agora, outras técnicas de registro que, dife- rtrrtesrenh do Registro Cursivo, empr€gam não a linguageur mas fonrnas gfáÍicas ou numéricas para reprcsentaÍ os com- portamentoo obe€rvadoo. Entre elae, €o de paÍticular inbres- se a6 Í€gistÍosdeEüento, Duração, hrenralos, Amoetragewr de Tempo e outras que denominarenos Técnicas lústas, trxrÍ com- binarem ekmentoe das que foram citadas. I. REGISIRC' DE EI/ENTO Para se empreg€Í a técnica de Registro de Evento, pri- mefuâmenE'se mlhc um ou mais comlror{amentos a sercm ofsen aaos. DeÉis/"tai6 comportamentoo eão desciüoe ou dc- fnid6, consoanb âs nonrÌâs técnicas dadas no Cap. 2 Aléur das ddinições, coshrnam aer estabelecidoe alguns lritÉtios paÍa E€ COnsldsar çrando o compoúam,ennoldefinido ocoq,e ou nãe..Á"seguit €&h*se umâ a nbgm ih fuqüêneiedr vre eq que o(s) comgrtámenb(s) ecolhido(e) ocone(m). Exeurplo: L Fo/ho de RegisÍro Situnção de obwruação: intervalo de aula, no pátio da faculdade. Sujeito: Carlos (universitário, com cerca de 20 anos). Início:21h15 Térmíno:21t30 Duração:l5min Técnica: Registro de Evento. Data:16/9/2004. Comportamento ob xnt ado : andar. . Defniçao: Considera-se "andal'a locomoção do sujeito, rea- lizada mediante o deslocamento altemado dos pés, no solo. Citéios de oconência: será requerido que o suleito pare no mínimo 3 segundos, para se considerar possível uma nova ocorrência. A menor unidade de ocorrência inclui o desloca- mento de um dos pés, seguido do deslocamento do outro pé (ou seja: o sujeito necessita dar pelo menos um passo para que se diga que ele "andou"). Comportamento Freqüência Total Andar Z f 7 Verifica-se que o sujeito sob observação, durante os quin- ze minutos de duração da sessão, andou 7 vezes. Os critérios estabelecidos são meras convenções. Muitos lìoderiam preferir a utilização de outros critérios em vez desses. Sua utilidade, contudo, parece clara: duas pessoas, tlue observassem o mesmo sujeito, disporiam de elementos objetivos para decidirem quando dizer que está ocorrendo um arnclar rnÍnimo (dar um passo) e quando dizer que vol- tou a autlnr, ou que uma nova ocorrência deve ser registra- cla (bastaria (ìue parasse, no mínimo, durante 3 segundos, como sc convencionou na definição). O uso tlc critérios suplementaÍes contribui para esclarecer a própria dcfinição e, pois, para aumentaÍ a probabilidade de que observadores inclependentes concordem quando dizem que o comportamerìto ocorre ou/ então, que não ocorre. E isso, de modo geÍal, é muito importante em estudos clínicos e em Pes- quisas científicas. No exemplo dado, o critério de parar 3 se- gundos permitiu que o "andar", que pode ser tido como um comportamento contínuo, fosse transformado em unidades dis- cretas, facilitando a contagem de freqüência. Se vários comportamentos estivessem sendo observados ao mesmo tempo, todos eles seriam deÍinidos (incluindo-se o estabelecimento de critérios paÌa ocoÍrência, se fosse o caso) e se reservaria uma linha da Folha de Registro para cada com- portamento*. Por exemplo: Ao término do registro teremos uma inÍormação impor- tante: quantas vezes os comPortamentos previamente defi- nidos ocorreram durante o tempo total em que Íoram obser- vados. Mas apenas isso. r Uma ouba mmeira de praeder paa efehrar Registros de Evento é dada a reguir. Designe cada compo*amento por um código, por exemplo os que são dados no quadro acima. Oboerue o *u suieito e vá asimlmdo cada código, à medida que os comportammtc conepondmEs forem conendo. Finda a ressão de ob*rvação, indique, m repando, a freqü€ncia total de cada um dos códigos. As duas fom de registrâr são equivalmte. DÍerem mqumto a última fornece mis inÍomçõc: o eme de seqüêrciâs comPortammtais. Por exemplo, c dadc do qua- drc, obedcendo à reguda fom de regÈtÍo, poderim rer repremtadc sin a ac aq jo g . l ! r o a o g - !ace ja c c a c Veja, conÍome já etá sublinhado nos dadc, que t (Iaar alguém) *mpre (4 vea) é praedido de c (Convemr) e nmca aparcd sozinho, embora o sujeito ob*ruado tenha convemdo oubas 5 veê *m tcar o interlmtoÍ. Código Comportamento Freqüência Total a Andar Z Í 7 Conversar Z ' 9 t Tocar em alguém tr 4 o Ajeitar os óculos n 3 Í Ajeitar a roupa I 1 l)ode-se, contudo, enriquecer o nosso trabalho, aumentan_ tlo a quantidade de inÍormações possíveis, quer anotando os dados (tal como indicado na nota de rodapé da págira arrterior), quer adotando o Registro de Evento Minuto a Minuto, corno se explicará em Técnicas Mistas, no item 5 deste capítulo. No primeiro caso, a nova forma de efetuar o Registro do Evento nos dará também a informação de como os comporta_ mentos se sequenciam ou se encadeiam. No 2ocaso, saberemos também de que forma os comportamentos se distribuem, mi_ nuto a minuto, ao longo de todo o tempo de observação. 2. REGTSTRO DE DURAçÃO Tal como no Registro de Evento e nas demais técnicas que serão analisadas a seguir, o Registro de Duração requer, inicialmente, a defnição dos comportamentos a serem ob_ servados e, muitas vezes, a indicação de critérios de ocor_ rência. Depois, observa-se e anota-se a duração dos comporta_ rììentos. Para isso, um cronômetro é preferível a um relógio co lnum*. Para exempl i f i car , u t i l i zemos a ca tegor ia cornportamental definida anteriormente:,,Andar,,. Comportamento Duração (segundos) Total Andar 1 0 - 3 3 - ' t 6 - 1 4 73 seg Verifica-se que o sujeito andou 73 segundos, ou s , nuto e 13 segundos, durante o tempo em que esteve sob ob- servação. A maneira como o tempo foi marcado, dando-se a duração de cada ocorrência, permite que se saiba também o número total de ocorrências. Neste exemplo, houve quatro ocorrências. O sujeito, portanto, andou quatro vezes e o Íez durante l" min e 13 seg e o registro utilizado tomou-se uma mistura de Registro de Evento e de Duração. Se o único aspecto que se pretende medir é a duração, u,a maneira mais simples pode ser adotada para se proceder ao registro. Nesse caso é indispensável o uso de um cronômetro, dotado de um ou mais mostradores cumulativos. Bastaria dis- parar o cronômetro no irúcio de uma ocorrência, interrompê- lo ao final da mesma e dispará-lo no início de outra ocorrên- cia. E assim por diante. O mostrador cumulativo indica, ape- nas, o total de todas as ocorrências. No exemplo anterior, o único dado disporúvel seria: "Andar" = 73 segundos. I g*p"rirente realizar um Registro de Duração. provkJen I cie lápis, uma folha preparada como se indica logo a se- guir e um cÍoúmetÍo ou rclógio convencional. Escolha um sujeito e, discretamente, vá anotando a duração de algum comportamento escolhido e deÍinido previamente. para a indicação de tempo, adote uma das três maneiras suge- ridas. Antes de começar, preencha o cabeçalho da Fotha de Registro. Folho de Registro Situação de obseruaSo: Sujeito (* souber, indique o nome do sujeito ou su€ìs iniciais e dê as caracterÍsticas principais, como: sexo, idade, escolarida- de etc): l,O. rtl ,,.' rlrsllr de um relógio convencioml, em vez de cronômetro, u,a mmeira(t. s(' rnor{ dr !r (turil(do de cada monênciâ reria motar, m sua Folha de Registro o fl l::::, l-: ' 1"',,.,,1 ',,nì lx, nìostrado no retógio. Assim, as luuuo=Jiorrencias O e,,andar,, l]ï l '^l ' ] ' l ì i f l- l ' : l , l , l : l( (rÌì. tìoderiam *r indicadas dss foma:10a20;27 a60;Sa2l;{d {{. /\ s.[Ì.r: rì(r lìr i lrì(,rr(r vtz que Andou, o úeito o fez do lf ao 2fregundã, ou ep;10 st1',untlos. t.ì ,rssirrr por tliarite. (Se o relógiJnão drpÃ.iá" pÃt"ro de *gundos,nada í('ito... (ì)nì. s. vtì, tìs vcz.s um caro Ë um belo Ëof"i úì'"À. para ,,nada,,!...) Em conrpt'nsaçâo, cxist(,rtr cronômetros que pemitem medü a duraçáo, em *parado,de mais de urÌ ( 'v(aì(o sinìultaneanÌente. 72 i l t ï I níc i o dn obseruaçõo:.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Término: . . . . . I)ttrttçãototal: Data:........./.......').......'.. poderia ser 2 minutos' adotando-se intervalos de 10 segun-' dos de duração em cada casela.' l'é c nicn de obseroaçao:. Co mpor tamento ob sera ado : Defnifio do comportamento: . .....................:.:....... *t""0"':: i:'i:";"." C r i téio s de ocorrência (caso necessário) : ................. Duracão (sequndos) Total 3. REGISTRO A INTERVAIOS Para efetuar.um Registro a Intervalos, deve-se usar uma folha quadriculada ou uma folha comum dividida em caselas. As caselas indicarão os intervalos de tempo, de duração igual, tlue você escolheu para dividir o tempo de observação. A es- colha da duração de cada intervalo é arbitrária. Intervalos de 5 a 30 segundos são muito usados, sendo mais comuns os de l0 ou 15 segundos. Enr cada casela, anota-se se o comportamento ocorre ou rrão. Note-se que estamos falando de "ocorrência" (o com- portarììr.rlto ocorreu na casela) e "não-oconência" (o compor- tarììerìt() rrào ocorreu) em vez de freqüência absoluta (o com- portanrt 'rr to ocorreu tantas vezes numa mesma casela). Exen'rplifitlut'rnos, reproduzindo parte de uma Folha de Regis- fro de obscrvaç;ro. O comportamento registrado poderia ser o "Andar" (definiclo anteriormente), e o tempo de observação Minuto Interyalos (em segundosl O a 1 0 1 1 a 2 0 2 1 a 3 0 31 e rto 4 1 â 5 0 5 1 a 6 0 1 X X X 2 X X Examinando-se o registro efetuado, constata-se que o nos- so hipotético sujeito andou 5 vezes em dois minutos, três das quais no primeiro minuto. Note-se, novamente, que a indica- ção aqui é de "oconência" e não de "freqüência absoluta". Dessa forma, por exemplo, entre o 11o e o 2(P segundos (se- gunda casela), se o sujeito tivesse andado e parado (conÍorme o critério estabelecido de, no mÍnimo 3 segundos) e voltasse a andar, não se indicaria XX (duas ocorrências), mas aPenas uma, como de fato se anotou. No Registro a lntervalos, o observador olha para o su- jeito durante todo o tempo, só desviando o olhar nos momen- tos de indicar as ocorrências ou as não-ocorrências, cuidan- do com atenção dos limites temporais dos intervalos. Em certas situações, é possÍvel a utilização de um gtavador que, ao final de cada intervalo, transmita um ruído característi- co registrado previamente em uma fita, e, assim, indique ao observador quando termina cada intervalo*. * O uso de grawdor pequmo ou de mini-gnvador pemib mltÁJo com facüdade rc situaçõs de obs€ruação. Nç* caso, um reduido fore de ouúdo conctado ao gravador pemitiria que o ob*ruador ouviss os simis indicativc do émino dG intervalos. n ^ ..E. recomendável que as ,,não_ocorrências,, sejam indícadas explicitamente com um sinal qualquer, por exempÌo, o traçohorizontal (-) que se usou no registro acima. euando não se adota um sinal explícito, deixando_se a casela "L b.*.o,.or_ remos o risco ou de pular alguma casela ou de anotar uma ocorrência em casela errada. I Vamos fazer um Regístro a Intervalos? Apanhe um lápis Ie.papel quadriculado (ou faça caselas ", p"p.iàrrrn, o, l]Fu o espaço já preparadó, rn"i""àì"niuiËütha o com_portamento a ser observado e definao. eácoúãa duraçãodos intervalos a adotar (por exemplo, f S sãgunOosl, inOicando-os acima das caselas. É oom numeraio àmeço oecada linha, para indicar os minutos. Esoolha á rritir"" " ,"robservada. Olhe para ela e a cada f S segunO;faça umamarca em seu registno: ou "X'(oconênciafou :_,,(não-ocor_ rência). "Olho üuc" no seu relogio or, "nEo, p.ç.- a alguémque a cada 15 seo avise_o do término Oe àOã intervalo.como se trata de Jm treino, úã"t.;;;;;;ãçãï.o,",r"1" de 2 a 4 minutrcs. Comece. Folho de Regislro* Situação de obsensação (onde se encãntra o Sujeito e o que faz): Sujcito (nome ou iniciais e características principais): ...... Compor tamento ob serc ado : Definição: Minuto Intervalos (segundos) o-1 5 16-30 31 -45 46-60 1 2 3 ' Ii: c r r i ttr dc ob seraação : f)ttrnção totnl: I Nas.FoÍfa.s de lÌc1;istro ll e III dos Exercícios IV e V, dados no Apêndice 1, v(êencontrará inÍornraç<-res adiciomis pao o pre.chime;;; F"iú de Regisbo, demodo a tonìá-ta nr.is tl. oue uma folha à".;ó;;";,;.,ã*,, "^ aboço derelatório da sessâo d(, ohservacão. 4. REGISTRO POR AMOSTRAGEM DE TEMPO O Registro por Amostragem de Tempo é bem semelhante ao Registro a Intervalos. Diferem enquanto, no Registro porAmostragem, o observador em vez dã observar o sujeito du_ rante o tempo todo de cada intervalo, s6 o Íaz ao fnal dele.Por exemplo,.em vez de ficar olhando o sujeito desde 0 até 15 segundos, deve fazê-lo somente ao final do inãwalo, exata_ mente no'15o segundo*. No tempo restante, o observador faz oque bem entende, menos olhar o sujeito. Se os intervalos adotados forem de 15 em 15 segundos, só olhará no 15o, no3f, no 45o, e assim por diante. A gande vantagem do Registro por Amostragem é libe_ rar o observador para outras atividades, fora dos momentos 1lu d:"" observar e registrar. Assim, um professor, enqu.ìnto dá aulas, pode - por exemplo a cada 10 minutos _ olhar para *.Iroistimos que só olhe o sutíto ao fnar do intervaro e fique con o othar dsviadodele o retanôe do bmpo, âôáo fimláo ir,r"-uio. orç * Àãïïu".** o sujeito otempo todo, e o comportamento 6olhido- o.o*".o úcio ao-[j"ao tof .omporta_ l^"19 .ãr dweú sr rygstrado, no entanto, se 6tava oünndo o sujeito o bmpomeuo, sua memória poderá kaÍ-lo e vtrê viÌ a registrar o qreão deveria. 76 77 o(s) aluno(s) visado(s), verificar se está(ão) apresentando ou não o(s) comportamento(s) de seu interesse e fazer o registro competente. Assim, quase que sem interrupção ele ministra sua aula. Embora a escolha da duração do intervalo seja razoavel_ mente arbitrária, recomenda-se adotar duração úrais culta para os comportamentos que, normalnente, tenham alta fre_ qüência e mais longapara os que apresentem freqüência mais baixa (Bijou, Peterson e Ault, 1968). A razão ésimples. Como em cada intervalo se registra apenas uma ocorrência, a quan- tidade de ocorrências, num certo período de tempo, é deter- minada pela duração dos intervalos adotados. A saber: se fo_ rem usados intervalos de 30 segundos, em L minuto só serão possíveis 2 ocorrências; mas se forem de 5 segundos, no mes_ mo período de 1 minuto poderão ser anotadas L2 ocorrências. Desta forma, para que haja uma boa conespondência entre a quantidade real de ocorrências e aquela que é registrada pelo observador, deve-se adotar intervalos cartos para comporta- mentos cuja freqüência ê alta e intervalos longos para os de freqüência baixa. Outra vantagem do Registro por Amostragem: permi_ tir ao observador ser muitíssimo discreto diante de seu su_ jeito, já que apenas de vez em quando precisa olhar para ele. Imagine-se namorando alguém num jardim público. Se um observador estiver empregando a técnica de Registro por Amostragem para verificar o que você faz, será mais dificilmente notado por você do que se empregasse a téc_ nica de Registro Cursivo ou Registro a Intervalos. Concor_ da? (Sei que concorda, mas tenho a certeza que enquanto namora você não quer nenhum observador bisbilhotando vocês!) Experimente efetuar um registro observacional por Amostragem de Tempo. Proceda como se explicou logo acima. Em vez de olhar o sujeito durante o tempo todo, faça-o somente ao final de cada intervalo. Folho de Regisfro Sifuação de obseruação (onde se enconka o Sujeito e o que ele f.az): ................ Sa7eiÍo (nome ou iniciaise características principais): Duração total: D ata... . . . . . . / . . . . . . . . / . . . . . . . . Comp or tnmento ob sru ado : Defniçio: Minuto Intervalos (em segundos) 1 5 30 45 60 2 3 4 5 5. TECNICAS MISTAS As cinco técnicas que acabamos de descrever são funda- mentais. Costuma-se, no entanto, combiná-las entre si ou com outros elementos, de forma a se obter mais tipos, que chama- remos de "Técnicas Mistas". Veremos três delas. t l it79 REGISTRO CURSIVO MINUTO A MINUTO Uma das Técnicas Mistas é o Registro Cursivo feito em pe- ríodo de tempo estipulado. Assim o observador anota de ma- neira cursiva todos eventos que presencia, só que o faz dividin- do o tempo em intervalos regulares, por exemplo, de L minuto. Nesse caso, a Folha de Registro ficaria disposta desta maneira: Registro Cursivo minuto a minuto REGTSTRO DE EVENTO pOR MTNUTO OU FRAÇÃO DE MTNUTO Outra técnica mista bastante utilizada em psicologia, co- nìum em exercícios de laboratório, combina o Registro de Evento com uma divisão do tempo em intervalos fixos de 1 minuto, ou fração c-lele, por exemplo, 30,20,15 ou 10 segundos. O emprego clesse último tipo é recomendado quando o comportamento costunla ocorrer com runa freqüência relativamente alta. Registro de Evento minuto a minuto Registro de Evento de 1 5 em 1 5 segundos mrn Intervalos (em segundos) 0-1 5 1 6-30 31-45 46-60 Total Total acumulado Z Z I t4 t4 2 Z Z Z l 5 29 A vantagem do Registro de Evento por Minuto (ou fra- ção dele) sobre o simples Registro de Evento é clara: neste só dispomos do total de vezes que o(s) comportamento(s) ocorreu(ram), enquanto que naquele dispomos da preciosa inÍormação de que maneira o(s) comportamento(s) se distri- buem ao longo de todo o tempo de observação. Para a obseruação direta e registro de comportamento, podemos usar as técnicas de ReglsÍro Cursivo, de Even- to, de Duração, a lnterualose po(AffnstagemdeTempo, ou então, de Tecnicas Mistas que ambinam algumas des- sas. O Regístro Cursivo dr'spensa a defìnição prévia dos compoftamentos a serem observados e permite a obser- vação de muitas c/asses de resposfas. As demais tecni- cas requerem defìnição prévia e se presÍam à observa- ção de um número menor de c/asses de resposÍas. Por outro lado, enquanto o Registro Cursivo é uma narração dos faÍos obseruados, usando para isto a linguagem, as demais técnicas quantificam os faÍos obseryados, fazen- do uso de sinais gráficos ou numéricos. Minuto Seqüência dos comportamentos I S (o Suieito) escÍeve. Pára de escrever e pergunta quantas horas são. Carlos diz: "São três horas'. S escÍeve. Desenha uma Í lor . 2 S escreve. Pára de escrever, põe o lápis na boca. Coça a cabe- ça com as unhas da mão direíta. Minuto Freqüência Total Total acumulado 1 Z Z ' ' t 2 " t 2 2 n 3 1 q 80 81 ó. A ESCOLHA DA TÉCNICA APROPRIADA Vimos existirem várias técnicas para observação direta e resìstro de comportamento. A escolha de qual delas deve ser usada depende de aÌguns fatores. Entre eles, os objetioos específi- cos a serem atingidos com os dados resultantes dos registros. Assim, se quero saber o número de vezes que alguém repete de- terminada palavra, um Registro de Evento se mostraria adequa- do. Por outro lado, se o meu interesse é verificar se a mesma pes- soa repete a palavra mais vezes no início de uma conversa - ou seja: de que forma o referido comportamento se distribui ao lon- go tempo - 6fvez o Registro a Intervalos seja mais correto. Outro fator que pode nos ajudar na escolha da técnica a usar ê a naturem do pr@o comportmnento a ser estudado. Por exem- plo, os comportamentos divisíveis em unidades discretas per- mitem a utilização de qualquer das técnicas apontadas, enquanto os que se apresentam como contínuos não se prestam para o Registro de Evento e podem requerer um Registro de Duração. "Falat'', por exemplo, pode ser tido como um comportamento contínuo. Por isso não seria sigrLificativo dizer-se que alguém falou 3 vezes, e que outra pessoa falou 72vezç, dado que a pri- rneira pode ter falado durante meia hora, enquanto que a se- liuncla pode ter falado poucos minutos, embora mais vezes. A, tntureza da sifuação de obseraação também pode influir na escolha da técnica de registro. Durante uma aula expositiva o próprio professor, enquanto leciona, pode usar a técnica de Arnostltrgcrn, para registrar alguns comportamentos de cer- tos alurros, rnas nào a Cursiva. Outros fatores, ainda, contribuem para a escolha da téc- nica clc obscrvtrção e registro. Por exemplo, preferência pessoal do modificaclor cle cornportamento ou pesquisador, maior prtí- tica ou contpctôrtcitt neles etc. A escolha da melhor técnica depende, entre outros fato- res, dos objetivos da observação, da natureza do com- portamento em estudo, da situação em que ele ocoffe, da preferência pessoa/ do pesq uisador, sua maior Nática etc. 7. REGISTRO DE PRODUTOS DE COMPORTAMENTO Algumas vezes pode ser útil ou mesmo necessário que a observação direta seja feita quanto a produtos de comporta- mento, em vez do próprio comportamento. Assim, poderia ser difícil ficar obaervando quantas contas ou operações matemáticas uma criança reabza. Mas seria prático, findo o seu habalho, simplesmerrte contar-se o número de contas que ela realizou numa folha ou cademo. Operações matemáücas, escrita, desenlro, escultura pintura ou obras r€sultanbs do traba- Iho de alguém são exemplos de produtos pernuurerrtes. São ditos "produtos" por resultarem de alguma atividade e "permanen- tes" devido ao seu caráter relativamente duradouro. Uma contagem de freqüência, tal como se faz no Regis- tro de Evento, é adequada para se anotar produtos perma- nentes. Assim, pode-se, constatar quantas palavras alguém escreveu/ quantas blusas fez a costureira, quantas mudas plantou o agricultor ou quantos quadros o artista pintou. I Assinale, na relação abaixo, os itens que se referem a I produtos de comportamento. 1 - Folhas batidas à máquina. 2-Bateràmáquina. 3 - Colocar ladrilhos. 4 - Selos colocados em cartas. 5 - Ladrilhos colocados. I Ì t , l 1 ì 82 6 - Construir ninhos. 7 - Colar selos em cartas. B - Desenhos. 9 - Ninhos construídos. 10 - Desenhar. São prcdúosde comportamentoos itens 1 -4-5-B e9. I Outras formas de produtos permanentes, por vezes de grande interesse do psicólogo, modificador de comportamento ou pesquisador, seriam excreções fecais (fezes) ou urinárias (urina) e secreções glandulares (saliva). Dessa forma, pode- ria ser necessário saber-se quantas vezes, numa semÉÌrìa, uma criança de 6 anos urinou na cama, enquanto dormia - o que é impossível de ser constatado por observação direta do com_ portamento, mas se toma fácil verificar, examinando_se dia_ riamente se o lençol está molhado (lençol molhado = produto do comportamento); ou qual a quantidade de bolos fecais (pelotinhas de coco) excretados por um camundongo, subme_ tido a uma situação estressante de punição com choques; ou então qual o número de gotas salivares produzidas por um cão, submetido a um condicionamento do tipo pavloviano ou responclente. Além da observação direta de comportamento, pode ser útil a contagem de freqüência de produtos permanentes de comportamento. 8. INDICAOÃO DE CIRCUNSTNruCNS DO COMPORTAMENTO A indicação das circunstâncias, relevantes à ocorrência dos comportamentos sob observação, é uma prática que se tem mostrado frutífera em trabalhos observacionais. Dessa forma, qualquer que seja a técnica escolhida pÍua se proceder aos registros, se anota as circunstâncias que pareceram im- portantes para a ocorrência do comportamento. Por exem- plo, se estamos preocupados com a baixa produção de uma seção de determinada indústria, não seria suficiente o regis- tro de quem trabalha e quanto tempo o faz. A indicação de certas circunstâncias, de quando há mais trabalho e quandohá menos trabalho, talvez nos levasse a concluir que os ope- rfuios trabalham mais quando Fulano é seu supervisor e o fazem menos quando Beltrano desempenha tal função. Isso nos levaria a supor que este último está sendo a causa da que- bra de produção. fá existe na literatura específica todo um elaborado siste- ma que permite analisar comportamentos, de forma a idenú- ficar adequadamente os eventos antecedentes e conseqüen- tes e, assim, poder-se detectar com certa precisão as relações de causa e efeito. Dado o caráter introdutório do presente li- vro, remetemos o interessado às fontes apropriadas, poÍ exem- plo, Danna e Matos (2006). A indicação das circunstâncias, que pareçam relevantes para a ocotTência de ceftos compoftamentos, fornece in- dica@es que @ntribuem para o estabelecimento de rela- ções causals, possibilitando melhor compreensão dos @m poft a me nÍos sob esÍudo. ll lr ii I l Ì 84 85
Compartilhar