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1 UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL- FACULDADE DE PSICOLOGIA ANÁLISE APLICADA DO COMPORTAMENTO E PRÁTICAS INTEGRATIVAS OBSERVAÇÃO E REGISTRO DO COMPORTAMENTO TEXTO ADAPTADO PELOS PROFESSORES RESPONSÁVEIS PELA DISCIPLINA A PARTIR DOS TRABALHOS DE DANA (1986), FAGUNDES (1982) e THOMSON (2006). A Observação do comportamento Se quisermos tentar entender as variáveis envolvidas em comportamentos exibidos, devemos observar comportamentos. As informações obtidas através da observação cuidadosa costumam ser mais úteis do que as informações obtidas através da observação do senso comum. Por esse motivo observações de comportamento vêm sendo realizadas em psicologia por inúmeros pesquisadores, de diferentes áreas, interessados em conhecer comportamentos de organismos e as variáveis que sobre eles incidem, como atestam trabalhos antigos de Darwin-1872, Taine-1877, Goudenouch-1931, Thomas, Loomis e Arrigton-1933, sendo os três últimos apontados por Ferreira (1967) apud Fagundes (1982, p. 17). Qualquer pessoa que tente observar comportamentos sabe que essa não é uma tarefa fácil, pois exige muito empenho e cuidados específicos, uma vez que o desconhecimento sobre como relatar o que se vê, ouve, sente, etc., aliado à “fluidez comportamental”, traz dificuldades para o registro fidedigno de dados. Mudamos de atividade e na forma de como nos comportamos continuamente, criando com isso dificuldades a quem tenta acompanhar o que fazemos, quando fazemos e “por que fazemos”. A observação comportamental é reconhecida como instrumento importante em psicologia, pois sem ela, pouco saberíamos objetivamente sobre como se comportam organismos em diferentes situações, dado de fundamental importância para que se compreenda não só o comportamento, mas também a relação entre eventos e comportamentos. Além disso, a observação e registro de dados permite a comparação com os registros de outros observadores ampliando as oportunidades de reflexões sobre a função de determinados comportamentos no repertório comportamental de alguém, o que nos leva a concluir que, se queremos tentar entender os comportamentos, precisamos 2 observa-los cuidadosa e objetivamente para que as informações coletadas não sejam produto de observação do senso comum. Convencionou-se que a observação a ser utilizada em tais situações deve ser a observação sistemática, tipo de observação onde se deve definir clara e objetivamente cada um dos comportamentos que se pretende observar, para que não haja dúvidas posteriores sobre o que se deve registrar ou sobre a validade do que foi registrado pelo observador. Registros sistematizados podem ser compartilhados com outros pesquisadores propiciando oportunidade de reflexões sobre situações de interesses compartilhados e colocando pesquisadores sob a influência do que na realidade acontece, evitando suposições ou interpretações falhas. “O registro sistemático supõe o estabelecimento prévio de definições comportamentais por que facilitam o trabalho do observador e por eliminar as contradições existentes nas noções que cada um tem a respeito dos mesmos comportamentos, permitindo haver maior concordância entre os observadores quanto à ocorrência dos comportamentos sob observação” (FAGUNDES, 1982, p. 41). Segundo o mesmo autor, em tais situações deve-se usar a linguagem científica, ou seja, a definição do comportamento deve ser clara, objetiva, exata, concisa, direta. Em tais situações não podemos utilizar a linguagem coloquial, romanesca, policial, futebolística, gírias, etc. Segue abaixo um exemplo de relato da mesma situação. Um deles é retratado em linguagem romanesca e outro em linguagem científica: Linguagem Romanesca Linguagem coloquial Linguagem científica Paulo está sentado à mesa do bar. Tem a sua frente três garrafas de cerveja vazias e uma quarta ainda pela metade. Ostenta um olhar de profunda melancolia. Não faz nada. Praticamente seu único e repetitivo gesto é o de levar o copo à boca. Às vezes olha o copo para ver se nele ainda há cerveja. As várias pessoas, que se Paulo está sentado na mesa de um bar bebendo cerveja. Está muito triste e olha para as pessoas que estão no bar. Põe o copo na boca repetidamente e várias vezes olha o copo para ver se já está vazio. Nem nota as pessoas que entram ou saem do bar. Paulo está sentado à mesa de um bar. Tem à sua frente quatro garrafas com rótulos de cerveja: Três vazias e uma pela metade, praticamente seu único e repetitivo gesto é levar o copo à boca. Três vezes leva de volta o rosto em direção ao copo. Duas pessoas passam, andando em torno de sua mesa, enquanto 3 movimentam à sua volta, não parecem existir para ele. São agitação de superfície que não perturbam a triste quietude de suas águas profundas. Mas que vejo? Paulo se move! Acompanha atentamente a graciosa criatura que passando perto dele, foi sentar-se à mesa do lado. Algo de inexplicável se deu. Seu olhar agora refulge! É de alegria que brilham seus olhos. Se movem inquietos de um lado para o outro, fitando os mínimos movimentos do rosto da moça encantadora. Na verdade, todo o seu ser parece transformado. Quem será a formosa criatura? Como pode transformá-lo assim, tão abruptamente? ele mantém o rosto e os olhos fixos voltados para o mesmo ponto do espaço. Paulo se move. Seu rosto se volta em direção a uma moça que passando ao lado dele, vai sentar-se à mesa que está ao lado da dele. Seus olhos se movem repetitivamente de um lado a outro, mantendo o rosto orientado para o rosto da moça que se move para um lado e para outro. Deve-se perceber acima que as características de clareza, objetividade, exatidão e precisão foram utilizadas para descrever de forma científica o trecho apresentado. Devemos lembrar que na definição do comportamento observado deve ser usada: a) Linguagem científica: objetiva, clara, exata, concisa e direta; b) Tornar a definição explicita e completa: nada do que é importante deve ficar implícito e subtendido, mas ser explicado de modo que nada lhe falte e a definição se torne completa; c) Empregar elementos pertinentes: apontar só o que realmente faz parte da observação, sem qualquer interpretação; d) Dar denominação apropriada: a definição do comportamento deve requerer cuidado, objetividade e propriedade. Ex.: Comportamento: “sorrir”. A utilização do termo resposta de sorrir é o indicado ao invés de resposta “contentamento”. Poderíamos tornar ainda mais objetiva a descrição. Exemplo: Comportamento de Sorrir: retração dos cantos da boca para os lados e para 4 o alto, podendo haver exposição de dentes da arcada superior e inferior da boca. Comportamento de “apontar para algo”: seria preferível a resposta de estender o dedo indicador ou o polegar em direção a uma pessoa “X” ou objeto. Quando fomos descrever comportamentos, devemos esclarecer o que fazem as pessoas que observamos quando andam, gritam, choram ou qualquer outro comportamento que sejam exibidos por elas. Segundo Danna e Matos (1984), a observação é considerada um instrumento importante para o trabalho do Psicólogo porque por meio dela, coletam-se os dados acerca do comportamento e da situação ambiental que constituem o ponto de partida para o trabalho científico e profissional. A observação científica é uma observação sistemática e objetiva, planejada em função de um objetivo anteriormente definido. Deve se ater aos fatos que sejam visíveis, audíveis, palpáveis, degustáveis, cheiráveis, enfim perceptíveis pelos sentidos. A clareza e precisão da linguagem exige que se obedeça aos critérios de estrutura gramatical do idioma, não sejam usados termos ambíguos, fornecendo referências quantitativas e empíricas. Termos subjetivos como alegre, nervoso,queria, tentou ou que atribua causalidade ou finalidade da ação observada devem ser evitados. Enfim o observador deve utilizar verbos que descrevam a ação observada, termos que identifiquem os objetos ou pessoas presentes e referenciais físicos. Segundo Fagundes (1982), a observação comportamental é importante para os psicólogos e pesquisadores, servindo-lhes como um instrumento de trabalho para a obtenção de dados que, entre outras coisas, aumenta nossa compreensão a respeito do comportamento sob investigação, facilita o levantamento de hipóteses bem como o estabelecimento de diagnósticos, permitindo também acompanhar o desenrolar de uma intervenção ou tratamento e ainda testar seus efeitos e eficácia (p. 21). Quando nos propomos a observar comportamentos, algumas questões gerais vão se apresentando, tais como: • O que os organismos fazem? 5 • Em que circunstâncias ou sob que condições ambientais se comportam de forma específica? • Com quais objetivos iremos observar? Passaremos a apontar agora alguns aspectos importantes quando se trabalha com a Observação Comportamental: 1. Características dos dados coletados através da observação Referem-se aos comportamentos exibidos pelo sujeito: contatos físicos com objetos e pessoas, vocalizações, expressões faciais, movimentos no espaço, posturas e posições do corpo. Referem-se também, à situação ambiental, ou seja, às características do meio físico e social em que o sujeito se encontra, bem como às mudanças que ocorrem no mesmo. Dependem do objetivo para o qual a observação está sendo realizada. 2. Planejamento da Observação A observação científica é sistemática pelo fato de ser organizada e/ou planejada. Planejar uma observação significa estabelecer: ❖ Objetivo: Para que a observação será realizada? ❖ Local e situação: Onde a observação será realizada? ❖ Tempo: Em que momentos a observação será realizada? ❖ Sujeito: Quem será o sujeito observado. ❖ Comportamentos e circunstâncias ambientais: O que será observado? Quais os comportamentos ou circunstâncias ambientais que serão observados? ❖ Técnica de observação: Como a observação será realizada? Qual a técnica de observação e registro que serão utilizados? Ao fazer observações científicas nos defrontamos com dois problemas básicos que ameaçam a validade ou integridade das observações. Um problema tem a ver com a escolha do foco do comportamento a ser observado. Observadores humanos possuem uma capacidade finita para perceber os eventos e raciocinar sobre eles. Como exemplo, podemos citar o fato de que a 6 maioria de nós não pode prestar atenção em 20 comportamentos diferentes ocorrendo ao longo de curtos períodos de tempo e lembrar deles. Desse modo, alguma fronteira na variedade de comportamentos precisa determinar aquilo que planejamos observar. Precisamos escolher os comportamentos essenciais para os problemas que estudamos. O segundo problema diz respeito à reação do participante por estar sendo observado (HANTOWITZ et al., 2006). Em relação aos objetivos da observação, são apontados a seguir os mais comuns: ❖ Para o diagnóstico preliminar da situação-problema: através da observação, o psicólogo faz uma identificação preliminar das deficiências ou interesses de pesquisa existentes, identificando as variáveis que afetam ou se supõe afetar o comportamento e os recursos disponíveis no ambiente para resolver a situação. Exemplo: Identificar as dificuldades de socialização de uma criança em um contexto escolar determinado. ❖ Para decidir quais as técnicas e procedimentos adequados de intervenção/atuação e resolução da situação-problema: através da observação, o psicólogo faz uma identificação dos recursos disponíveis no ambiente para resolver a situação, e seleciona suas estratégias de atuação, assim como as estratégias de atuação de outras pessoas inseridas na situação-problema. Exemplo: Identificar as estratégias que podem ajudar na socialização de uma criança em um contexto escolar determinado. ❖ Para avaliar a eficácia das técnicas e procedimentos de intervenção/atuação utilizados na resolução da situação-problema: através da observação, o psicólogo identifica se através das técnicas e procedimentos de intervenção/atuação utilizados foi possível alcançar o resultado esperado. Exemplo: Identificar se as estratégias de intervenção usadas para ajudar na socialização de uma criança, em um contexto escolar determinado, foram eficazes. 7 ❖ Na Pesquisa Científica: a observação é utilizada de forma especial no contexto da pesquisa científica em todas as áreas da Psicologia tais como: Psicologia Clínica, Psicologia Escolar, Psicologia do Trabalho e Organizacional, Psicologia do Desenvolvimento, etc. 8 TÉCNICAS DE REGISTRO Registro contínuo (ou Registro Cursivo) A técnica de registro contínuo cursivo é uma das técnicas usadas na observação para registrar os comportamentos e circunstâncias ambientais. A técnica de registro contínuo cursivo ou RCC consiste em registrar/descrever os eventos apresentados dentro de um período ininterrupto de tempo de observação, utilizando a linguagem científica (objetiva, clara e precisa) e obedecendo à sequência temporal de ocorrência. Em outras palavras, a técnica de registro contínuo cursivo pode ser considerada como uma “filmagem” ou “gravação” dos acontecimentos em determinada situação, relatando quase tudo o que ocorre. Nesse registro, o observador faz uma narração dos fatos em sequência. O registro é contínuo porque é feito sem parar durante o período em que a observação ocorre, e é cursivo pela forma com que o registro é feito. O registro contínuo cursivo é utilizado para o levantamento inicial do repertório comportamental do sujeito e das circunstâncias ambientais. Com os dados em mãos, é possível selecionar comportamentos para observar separadamente usando outras técnicas posteriormente (conforme o objetivo do estudo de observação). 1. Localização do sujeito no ambiente: indicação do local onde o sujeito se encontra na situação observada. Exemplo: “S se encontra no canto cd (canto formado pelas paredes c e d) do refeitório”. 2. Posição e postura do sujeito: como o sujeito se encontra. Exemplo: Em pé (ereto ou curvo); ajoelhado, agachado, deitado (encolhido ou distendido), etc. 2. 1 Posição: descreve uma relação com o ambiente. O referencial é o ambiente no qual o sujeito se encontra (exemplos: em pé, deitado, etc.). 9 2. 2 Postura: “Disposições espaciais estacionárias de partes do organismo em relação a outras” (CUNHA, 1975). Referencial é o próprio corpo do sujeito observado. Exemplos: curvo, ereto, encolhido, distendido. 2. 3 Eventos comportamentais: descrição das ações do sujeito. As ações a serem registradas são: Comportamento motor a) comportamentos que resultam em contato físico do sujeito com ele mesmo ou com o ambiente; b) comportamentos que mudam o contato físico existente; c) comportamentos que alteram a relação espacial que o sujeito mantém com ele mesmo ou com o ambiente. São considerados como comportamentos motores: - Mudar de postura ou posição: [exemplos] agachar-se, levantar-se, virar a cabeça, erguer o braço, gestos (acenar, entre outros); - Estabelecer e alterar contato físico: contato consigo mesmo ou com ambiente. Exemplos: passar mão no cabelo, colocar dedo no nariz, tirar dedo da boca, chutar a bola, morder coxinha, etc.; - Locomoção: comportamentos que resultam em deslocamento do sujeito, usando como referência pontos fixos no espaço. Exemplos de locomoção: andar, correr, engatinhar, pular. 1. Expressões faciais: modificações que ocorrem no rosto do sujeito (testa, sobrancelhas, olhos, nariz, boca, bochechas e queixo). Exemplos de expressões faciais:enrugar a testa, franzir as sobrancelhas, sorrir, piscar os olhos, olhar para os lados, fixar olhar em uma pessoa, etc. 2. Comportamento vocal: sons produzidos pelo aparelho fonador, articulados ou não. Exemplos de comportamento vocal: fala, canto, assobio, gargalhadas, murmúrios, onomatopeias. 10 3. Eventos ambientais: alterações no ambiente durante a observação. Os eventos ambientais se dividem em dois tipos: eventos físicos e eventos sociais. a) Eventos físicos: alterações no ambiente físico. Exemplos de eventos físicos em uma observação: bola que bate na trave, telefone que toca. b) Eventos sociais: comportamentos de outras pessoas presentes no ambiente da observação. Exemplos de eventos sociais: “O menino joga a bola em direção a S”; “O pai entra na sala e diz – você quer passear?”; “Uma menina se aproxima de S e coloca a mão no ombro de S”. Vantagens da técnica de registro contínuo cursivo: as vantagens da técnica de registro contínuo cursivo na observação psicológica são: ❖ Levantamento dos eventos em sequência temporal; ❖ Referência a muitos comportamentos e eventos ambientais. Dificuldades para empregar a técnica de registro contínuo cursivo Detalhamento: é impossível fazer a observação e registrar tudo com o máximo de detalhes. Para contornar esse problema é possível selecionar determinados eventos em detrimento de outros, por exemplo, se o objetivo do estudo de observação psicológica for “identificar problemas de manipulação motora fina apresentados por uma criança”, o observador focalizará nas posturas, posições e movimentos das mãos. Seleção dos comportamentos a serem observados -> refinamento dos registros -> maior riqueza de detalhes. A seleção de eventos para observação através da técnica de registro contínuo cursivo é feita em função do objetivo do estudo, que determina a variedade e tipo de comportamentos para registro. Possibilidades na utilização da técnica de registro contínuo cursivo ❖ Fazer registro amplo de ações (comportamentos motores, expressões faciais e comportamentos vocais); 11 ❖ Selecionar a classe (ou classes) de comportamento(s) a ser registrada; ❖ Focalizar a observação e registro em determinada parte do corpo (mãos, boca, olhos, etc.). Fatores que influenciam o grau de detalhes do registro contínuo cursivo: ❖ Variedade de tipos de comportamentos (comportamentos motores x expressões faciais x comportamentos vocais); ❖ Velocidade de ocorrência dos eventos: maior morosidade x rapidez (exemplos: um adulto lendo jornal x criança pulando amarelinha); ❖ Grau de treinamento do observador (familiarização com a situação de observação, material utilizado (prancheta, protocolo de observação, cronômetro, gravador) e sistemática de registro; ❖ Sistemática de registro: procedimentos específicos da técnica de registro utilizada + conjunto de convenções adotadas pelo observador. PROCEDIMENTOS: 1. Permanecer a uma distância do sujeito que permita a visualização adequada da situação ou comportamentos observados, de modo que não interfira nas ações do sujeito; 2. Buscar a não interferência na situação, agindo com indiferença ou ‘neutralidade’ a possíveis solicitações do sujeito; 3. Recomenda-se um tempo de ambientação do observador antes de iniciar os registros da observação; 4. Utilizar uma folha em branco e ir anotando o mais fielmente possível os comportamentos exibidos na ordem e na sequência em que eles aconteçam. Exemplos de convenções adotadas em técnicas de registro de observação 1. Aplicar o verbo no tempo presente no registro de eventos (exemplo: Em vez de “o menino caiu”, use “o menino cai”); 2. Indicar em que direção a ação ocorre usando referenciais como partes do corpo do sujeito ou objetos, pessoas e partes do ambiente; 3. Usar o grau normal ao se referir aos objetos; 12 4. Registrar as ações que ocorrer e NÃO registrar as ações que NÃO ocorrem (exemplo de registro de ação que não ocorre: “o menino caiu e NÃO CHOROU”); 5. Relatar apenas informações recebidas pelos sentidos. Evitar interpretações ou impressões pessoais, como sugerir estados subjetivos ao sujeito (triste, bravo, etc.). Como diminuir o tempo gasto na técnica de registro contínuo cursivo ▪ Usar símbolos para se referir a aspectos do ambiente físico, letras minúsculas para paredes ou lados de uma área (a,b,c,d) e letras maiúsculas para pessoas que emitem ações ou são objetos de ações. Especificar tudo na legenda do diagrama; ▪ Sinais ou abreviaturas, por exemplo: Trocar a expressão “em direção a” por → (seta). Especifique também na legenda do diagrama. Técnica de registro contínuo cursivo X Gravações em vídeos: o registro contínuo cursivo tem sido muitas vezes substituído por gravações em vídeo, que apresentam as seguintes vantagens: preservação da situação tal qual observadas infinitas repetições durante o processo de análise. 2. REGISTRO DE EVENTOS Inicialmente escolhe-se um ou mais comportamentos a serem observados. Depois tais comportamentos são descritos ou definidos. Além das definições, costumam ser estabelecidos alguns critérios para se considerar quando o comportamento definido ocorre ou não. A seguir efetua-se uma contagem de frequência das vezes que o(os) comportamento(os) escolhido(s) ocorre(m). ▪ Como fazer registro de evento: 1. Escolher um ou mais comportamentos para observar; 2. Descrever e definir os comportamentos escolhidos para observação (costuma-se estabelecer critérios para considerar a ocorrência ou não do comportamento definido); 3. Contar a frequência de vezes que o comportamento ocorre. 13 Folha de registro de evento • Situação de observação: intervalo de aula, no pátio da faculdade; • Sujeito: Vitor (universitário com aproximadamente 20 anos); • Início: 20h45; • Término: 21h; • Duração: 15 min.; • Técnica de observação: Registro de evento; • Data: 03/05/2016; • Comportamento observado: andar; • Definição: Considera-se “andar” a locomoção do sujeito, realizada mediante o deslocamento alternado dos pés no solo; • Critérios de ocorrência: Uma possível nova ocorrência acontece quando o sujeito para por no mínimo 3 segundos. A menor unidade de ocorrência inclui o deslocamento de um dos pés, seguido do deslocamento do outro pé. Exemplo de registro de evento em uma observação de comportamento Comportamento Frequência Total Andar //// // 7 Nesse exemplo (de registro de eventos), o sujeito andou 7 vezes durante o período de observação. Para que servem os critérios de ocorrência de eventos na observação psicológica: Os critérios são meras convenções, estes foram apenas exemplos. A função dos critérios de ocorrência de eventos é clara: permitir a duas ou mais pessoas que observassem o mesmo sujeito terem os mesmos elementos objetivos para decidirem quando ocorre o comportamento de andar mínimo e quando dizer que o sujeito voltou a andar, ou que uma deve-se registrar uma nova ocorrência (no exemplo de registro de evento dado, a nova ocorrência é definida e registrada quando o sujeito para por 3 segundos, no mínimo). 14 Como fazer registro de eventos com vários comportamentos ao mesmo tempo: ❖ Defina todos os comportamentos (com critérios de ocorrência, se for o caso); ❖ Reserve uma linha da folha de registro de eventos para cada comportamento. CATEGORIAS • Registro a intervalo (ou Registro de intervalos) Registro a intervalos (ou Registro de intervalos) é uma das técnicas de observação e registro do comportamento, assim como o registro de eventos e registro de duração. Para fazer um registro a intervalos deve-se usar uma folha quadriculada ou uma folha comum dividida em caselas, que indicarão os intervalos de tempo (duração sempre igual / intervalos de 10 ou 15 segundos são os mais usados) para dividiro tempo de observação. Em cada casela, anota-se se o comportamento observado ocorre ou não. Aqui apenas anota-se se o comportamento ocorre ou não. Não se anota quantas vezes ele ocorreu. É apenas ocorrência, não frequência. Exemplo de registro a intervalos ❖ Comportamento registrado: andar ❖ Tempo de observação: 2 minutos ❖ Intervalos: 10 segundos ❖ Legenda: X: ocorrência do comportamento (andar) –: não ocorrência (não andou) 1. Criar uma folha quadriculada, conforme modelo abaixo. Em cada casela dessa folha serão rgistrados os itervalos de tempo. A escolha da duração de cada intervalo é arbitrária ficando a critério do observador. Em cada casela se anota se ocorreu ou não o comportamento observado. http://psicoativo.com/2016/05/registro-de-eventos-psicologia.html http://psicoativo.com/2016/05/registro-de-eventos-psicologia.html http://psicoativo.com/2016/05/registro-de-duracao-do-comportamento-na-psicologia.html 15 Min. 1 0-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 Min. 2 - - X - - X Min. 3 - X - X - X 3.Registro de duração do comportamento Registro de duração é uma das técnicas de observação e registro do comportamento. Assim como no registro de evento e em outras técnicas, o registro de duração requer a definição de comportamentos a serem observados, e, muitas vezes, a indicação dos critérios de ocorrência desses comportamentos (o que define se um comportamento ocorre ou não). Então, vamos organizar: Observe atentamente o sujeito, mas seja discreto. Como fazer um registro de duração 1. Definir o comportamento a ser observado; 2. Definir, se for o caso, os critérios de ocorrência do comportamento definido; 3. Observar e anotar a duração dos comportamentos (dê preferência na utilização de um cronômetro); Exemplo de registro de duração de comportamento Categoria comportamental a ser observada: ANDAR Comportamento Duração (segundos) Total Andar 10 – 33 – 16 – 14 73 segundos Nesse registro de duração de comportamento, o sujeito andou 73 segundos durante o tempo que esteve sob observação. Marcar a duração de cada ocorrência permite saber o número total de ocorrências. Nesse exemplo houve 4 ocorrências. O registro desse modo se tornou uma mistura de registro de evento e de duração. Como registrar duração de evento: 1. Use um cronômetro; http://psicoativo.com/2016/05/registro-de-eventos-psicologia.html 16 2. Dispare o cronômetro no início da ocorrência do comportamento; 3. Pause quando o sujeito interromper o comportamento; 4. Dispare de novo assim que ele emitir o comportamento novamente (use o tempo acumulativo, claro); Desse modo o cronômetro mostrará apenas o registro de duração total do comportamento observado. Ex. de Folha registro de duração Situação da observação: ______________________________ Sujeito (se possível indique o nome ou iniciais e as características principais, como: sexo, idade, escolaridade, etc.): ______________________ Início da observação: ______ Término: _____ Duração total: ______ Data: …../…../…… Técnica de observação: _____________________________ Comportamento observado: _________________________ Definição do comportamento: ___________________________________________________ Critérios de ocorrência (caso necessário): ___________________________________________ 4. Registro por amostragem de tempo Bastante semelhante ao registro de intervalos. Difere, entretanto, porque ao invés de se observar aqui a ação do sujeito durante o tempo todo de cada intervalo, só se faz isso ao final dele. Ex.: Ao invés de ficar olhando o sujeito desde 0 até 15 segundos, deve-se fazê-lo somente no final do intervalo, exatamente no 15º segundo. No tempo restante o observador faz o que bem entende menos olhar para o sujeito. Se os intervalos adotados forem de 15 em 15 segundos, só olhará no 15º, no 30º, no 45º segundo e assim por diante. Embora a escolha da duração do intervalo seja razoavelmente arbitrária, recomenda-se adaptar a duração mais curta para os comportamentos que, 17 normalmente tenham alta frequência e mais longa para os que apresentem frequência mais baixa (BIJOU; PATERSON; AULT, 1968). Exemplo de folha de Registro Sujeito (Nome ou iniciais e características principais):__________________ Situação de Observação (onde está e o que faz o sujeito):_________________ Técnica de Observação: Registro por Amostragem de tempo Data: ________ Início:____________ Término: ___________ Duração Total: _____________ Comportamento Observado: _________________________________________ Definição do comportamento: _____________________________________________________________ ___ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ ______ Minutos 0-15 16-30 31-45 46-60 1 2 3 4 5 TÉCNICAS MISTAS 18 As cinco técnicas descritas são as fundamentais. Costuma-se, entretanto, combiná-las entre si ou com outros elementos de forma a se obter tipos que chamaremos de “técnicas mistas”. Registro cursivo minuto a minuto –Ex.: Minuto Sequência dos Comportamentos 1 S (o sujeito) escreve. Para de escrever. Pergunta que horas são. Carlos responde: “São quinze horas.”. S. agradece. Volta a escrever.
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