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EXCELNTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE MANAUS/AM ROBERTA, já devidamente qualificada nos autos da ação nº xxxx, que lhe move a Justiça Publica, por meio de seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), vem à presença de Vossa Excelência apresentar ALEGAÇÕES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS, com fulcro nos artigos 403 § 3º e 404 § único do CPP, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: I – DOS FATOS No dia 23 de fevereiro de 2016, Roberta, 20 anos, encontrava-se em um curso preparatório para concurso na cidade de Manaus/AM. Ao final da aula, resolveu ir comprar um café na cantina do local, tendo deixado seu notebook carregando na tomada. Ao retornar, retirou um notebook da tomada e foi para sua residência. Ao chegar em casa, foi informada de que foi realizado registro de ocorrência na Delegacia em seu desfavor, tendo em vista que as câmeras de segurança da sala de aula captaram o momento em que subtraiu o notebook de Cláudia, sua colega de classe, que havia colocado seu computador para carregar em substituição ao de Roberta, o qual estava ao lado. Sendo Assim, está sendo imputado a Roberta, o crime previsto no art. 155, capu do CP, ou seja, o crime de furto. II- PRELIMINARMENTE - Da Nulidade No presente caso, acarreta-se nulidade do feito, senão vejamos: O crime imputado à ré possui pena de reclusão de 1 a 04 anos, sendo assim, conforme dicção do art. 89 da lei .9.099/1995, “ nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a 01 ano, abrangidos ou não por esta lei, o Ministério Publico ao oferecer a denuncia, poderá propor a suspensão condicional do processo por 2 a 4 anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizem a suspensão condicional da pena ( art.77 do CP)”. Ora Excelência, deveria o Ministério Publico ter oferecido a proposta de suspensão condicional do processo conforme se verifica no artigo acima mencionado, uma vez que o crime imputado à ré possui pena mínima de 01 ano e também pelo fato de a ré preencher os requisitos do art. 77 do CP, pois é primária e de bons antecedentes. Entretanto, diante de tal omissão do “parquet”, conclui-se que deve ser declarada a nulidade do processo, conforme art. 564, inc. IV do CPP, uma vez que o não oferecimento da proposta de suspensão condicional do processo acarreta omissão de formalidade que constitua elemento essencial do processo. II- DO MÉRITO No mérito, deve se observar que embora as câmeras de segurança demonstrem que a ré de fato pegou o notbook de Cláudia, aquela jamais teve a intenção de furtá-lo. É nítido Excelência que a ré só pegou o notbook que Cláudia porque acreditava ser o seu notbook, em nenhum momento agiu com o intuito de subtrair para si o mesmo.. Sendo assim, é evidente e cristalino que a ré agiu em erro sobre elemento constitutivo do tipo conforme dispõe o art. 20 do CP. Ora, segundo tal artigo, o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo se previsto em lei. Como se observa, não existe a previsão legal do crime de furto culposo, não podendo a ré responder nem por crime doloso, pois não teve a intenção de furtar e nem por crime culposo pois o tipo legal não permite. Desta forma, deve a ré ser absolvida nos termos do art. 386, inc. II do CPP, pois o ato praticado pela mesma não pode ser considerado infração penal e art. 386, inciso VI do CPP, pois uma vez que agiu sob erro de tipo, tal circunstancia tem o condão de exclui o crime e isentar o réu da pena. Subsidiariamente, caso assim não entenda Vossa Excelência pela absolvição da ré, requer desde já que caso condenada, seja a pena atenuada em razão da circunstancia atenuante da menoridade relativa, conforme art. 65 I, do CP uma vez que na data dos fatos a ré era menor de 21 anos ou a circunstancia atenuante também prevista no art. 65, inc. II, b do CP, pois a ré reparou o dano, devolvendo o notbook antes do julgamento. Há de se observar também a causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do CP, que diz respeito ao arrependimento posterior, pois antes mesmo de qualquer busca e apreensão do bem, a ré restituiu a coisa subtraída. Sendo assim em caso de condenação, seja a pena reduzida de um a dois terços. Ademias requer que em caso de condenação seja aplicada a pena no seu patamar mínimo legal conforme art. 59 do CP. E ainda, seja convertida a pena privativa de liberdade em restritivas de direito conforme art. 44 do CP. Para além disso, que tenha a ré o direito de cumprir a pena em regime inicial aberto de acordo com o artigo 33, § 2º do CP. III- DO PEDIDO Ante o exposto requer: a) Seja declarada a nulidade do ato instrutório, conforme art. 564, inc. IV do CPP e seja os autos remetidos ao MP para que o mesmo ofereça a proposta de suspensão condicional do processo, conforme ar. 89, lei 9.099/1995; b) Seja a ré absolvida nos termos do art. 386, inciso II ou art. 386, inc. VI do CPP, pois agiu em erro sobre elementar do tipo penal; c) Em caso de condenação, seja a pena atenuada em razão de na época do cometimento dos fatos ser a ré menor de 21 anos, conforme art. 65, inc. I, CP; d) O reconhecimento da atenuante de reparação do dano antes do julgamento, conforme art. 65, inc. II, b, CP; e) O reconhecimento da causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do CP, qual seja, o arrependimento posterior; f) Aplicação da pena no patamar mínimo legal, conforme art. 59 do CP; g) Substituição da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, de acordo com art. 44 do CP; h) Cumprimento de pena em regime inicial aberto, conforme art. 33 § 2º CP. Termos em que, Pede Deferimento Manaus/AM, 29 de agosto de 2016 Advogadoxxx OAB nº xxxx
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