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Apostila Fertilidade do Solo - UFV

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1 
 
 
Universidade Federal de Viçosa 
Centro de Ciências Agrárias 
Departamento de Solos 
 
 
 
 
 
CADERNO DE FERTILIDADE DO SOLO 
 
 
 
 
 
Edson Marcio Mattiello 
Júlio César Lima Neves 
Leonardus Vergutz 
Reinaldo Bertola Cantarutti 
Renildes Ferreira Fontes 
Roberto Ferreira Novais 
Samuel Vasconcelos Valadares 
Victor Hugo Alvarez V. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Viçosa/MG 
Novembro – 2016 
2 
 
 APRESENTAÇÃO 
 
 
 
“Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito, mas um 
hábito.” 
 
Aristóteles 
3 
 
Introdução 
A agricultura constitui um marco na história da humanidade. Ao se tornar sedentário e 
produzir alimentos, o homem alterou o rumo da sociedade que a milhares de anos constituía-
se de caçadores-coletores. A agricultura inicialmente se deu em solos de boa fertilidade, 
normalmente próximos aos rios. Logo percebeu-se que o cultivo sucessivo levava a redução 
da produtividade das culturas e a exaustão dos nutrientes do solo. Surge então o pousio das 
áreas de cultivo. Mais tarde, a adição de estercos de animais, restos de vegetais ou cinzas ao 
solo foi a maneira encontrada pelo homem para a recuperação e manutenção da fertilidade do 
solo-surge então a adubação, que alterou os patamares de produtividades das culturas e 
permitiu o aumento da produção de alimentos e o crescimento da população mundial. 
O manejo nutricional é um dos importantes fatores de produção podendo afetar 
grandemente a produtividade das culturas. A avaliação da fertilidade e o uso eficiente de 
corretivos e fertilizantes, sobretudo em solos pobres, são fundamentais para obtenção de 
maiores produtividades e melhor qualidade dos produtos agrícolas. Portanto, o conhecimento 
e a pesquisa em fertilidade do solo devem ser plenamente usados no manejo dos solos e 
orientação das correções das limitações nutricionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
SOL375-MÓDULO 1 
ABORDAGEM INTRODUTÓRIA À FERTILIDADE DO SOLO 
Propriedades físico-químicas do solo 
Fases do Solo 
Um solo mineral, próximo à superfície, com condições físicas ótimas para o 
crescimento de plantas, apresenta, teoricamente, a seguinte composição volumétrica: 50 % de 
espaço poroso, ocupados por partes iguais de ar e de água, 45–48 % de sólidos minerais e 2 a 
5 % de matéria orgânica (MO). Têm-se, em média, então, 50 % constituídos pela fase sólida, 
25 % pela fase líquida e 25 % pela fase gasosa (Figura 1). 
 
A fase sólida é constituída de agregados que se apresentam, até certo ponto, 
individualizados. Os agregados são formados de partículas unitárias, cimentadas entre si por 
matéria orgânica, óxidos e hidróxidos de Fe e Al, sílica, etc. As partículas individuais são 
obtidas após a dispersão dos agregados. Limites de tamanho definem as partículas como 
pertencentes a diferentes frações (Figura 2). 
 
Argila Silte Areia muito 
fina 
Areia fina Areia média Areia grossa Areia Muito 
grossa 
Cascalho 
0 0,002 0,02 0,05 0,2 0,5 1 2 
Tamanho (mm) 
 
Figura 2. Limites dos tamanhos das partículas dos solos 
Sistema Coloidal 
5 
 
O solo pode ser considerado como um sistema disperso, uma vez que é constituído de 
mais de uma fase, estando a fase sólida em estado de acentuada subdivisão. Há, portanto, um 
sistema coloidal
1
 no solo, constituído de partículas diminutas, de tamanho coloidal, minerais 
ou orgânicas, ou organominerais, como fase dispersa na solução (ou no ar) do solo, como 
meio de dispersão. Nesse sistema, ocorrem muitas das reações químicas, físico-químicas e 
microbianas de maior importância no estudo dos solos. Nessa fase dispersa, é que se 
encontram as argilas. 
A seguir são discutidas algumas propriedades das partículas do sistema coloidal do 
solo: 
a) Superfície específica – refere-se à área por unidade de massa do material e é, 
usualmente, expressa em m
2
/g, porém em desacordo com o sistema internacional de 
unidades (SI), em que dever-se-ia expressar em m
2
/kg, 
A redução do tamanho da partícula aumenta sua área superficial em relação à sua 
massa e, consequentemente, ocorre aumento de sua superfície específica. Em virtude do 
menor tamanho da fração argila do solo em relação às outras frações, ela contribui em maior 
proporção com o valor da superfície específica do solo. Deve-se, portanto, esperar grandes 
variações entre solos quanto às suas superfícies específicas. Dentre os fatores responsáveis 
por essas variações, encontram-se a textura, os tipos de minerais de argila e o teor de matéria 
orgânica. 
Quanto ao tipo de mineral de argila, sabe-se, por exemplo, que a caulinita apresenta 
superfície específica em torno de 10 a 30 m
2
/g (1 a 3 hm
2
/g), os óxidos de Fe de 100 a 400 
m
2
/g, e a montmorilonita, no outro extremo, de 700 a 800 m2/g. É de se esperar, portanto, que 
solos tropicais, que têm nos óxidos e na caulinita os maiores constituintes da fração argila, 
tenham menor superfície específica, em geral, que solos de regiões temperadas, onde há 
predominância de montmorilonita e de outras argilas silicatadas mais ativas. 
A matéria orgânica, embora se apresente teores relativamente baixos na maioria dos 
solos, contribui significativamente para o valor da superfície específica destes, graças ao seu 
alto grau de subdivisão. Assim, um solo com maior teor de matéria orgânica deverá ter maior 
superfície específica que outro com menor teor, se outras características, como tipo e 
 
1 Nos sistemas coloidais, componentes da fase dispersa (a fase constituída pelas partículas) 
apresentam, pelo menos, uma de suas dimensões entre 1 μm e 1 nm (1 nm = 10
-9
 m), e encontram-
se em uma segunda fase, o meio de dispersão (neste caso água ou ar). 
6 
 
quantidade de argila, forem mantidas constantes. 
 
b) Cargas Elétricas- Propriedade muito importante de uma dispersão coloidal é a presença de 
cargas elétricas. As partículas coloidais do solo, as argilas de modo geral, são eletronegativas. 
Porém, em solos muito intemperizados pode-se encontrar maior número de cargas positivas 
do que negativas, principalmente em subsuperfície. Essas cargas elétricas corroboram para a 
adsorção de íons de cargas opostas, retendo-os no solo. 
c) Cinética- As partículas dispersas em meios líquidos apresentam movimentos. O 
movimento browniano é caracterizado pelo movimento brusco e irregular de partículas 
individuais no meio de dispersão. Esse movimento deve-se à energia cinética das partículas. 
Origem das Cargas Elétricas do Solo 
Cargas Negativas 
Em geral, as cargas negativas são predominantes nos solos. Essa predominância é 
expressiva em solos de regiões temperadas, graças à presença de argilas silicatadas mais 
ativas, por conseguinte mais eletronegativas. Por outro lado, nos solos mais intemperizados 
de regiões tropicais, o predomínio de cargas negativas tende a diminuir e, em alguns casos, 
até mesmo inverter com predomínio de cargas positivas. 
As cargas eletronegativas do solo podem ter diferentes origens: 
a) Dissociação de Grupos OH nas Arestas das Argilas Silicatadas 
O grupo OH nas terminações tetraedrais ou octaedrais, em faces quebradas das 
unidades cristalográficas das argilas silicadas, pode-se dissociar, gerando uma carga negativa. 
Verifica-se que com elevação do pH do meio (solo) há a neutralização dos íons H
+ liberados 
na dissociação do grupo OH. Este tipo de cargas dependentes do pH é o tipo predominante 
em argilas1:1, como a caulinita. 
b) Substituição Isomórfica 
Durante a gênese de argilas do tipo 2:1, alguns átomos de Si dos tetraedros podem ter 
sido substituídos por Al, bem como o Al dos octaedros pode ser substituído por Mg ou por 
outros cátions de valência menor que a do Al
3+
 (Figura 2). A substituição do Si
4+
, que se 
encontrava, inicialmente, neutralizando quatro cargas negativas por Al
3+
, irá condicionar 
7 
 
sobra de uma carga negativa. De maneira semelhante, uma carga negativa será gerada pela 
substituição de um Al
3+ de um octaedro por um cátion divalente, como o Mg
2+
. 
Deve-se ressaltar que o número de cargas geradas por este processo não é variável 
com alterações do pH do meio. 
 
Figura 2. Modelo ilustrativo da substituição isomórfica em argilominerais. 
c) Matéria Orgânica 
Na matéria orgânica do solo, as cargas negativas originam-se, principalmente, da 
dissociação de grupos carboxilícos e fenólicos (Figura 3). Quanto maior o pH do solo, mais 
cargas negativas serão disponibilizadas. 
 
Figura 3. Grupamentos fenol e carboxil da matéria orgânica do solo. 
 
Cargas Positivas 
As cargas eletropositivas do solo têm sua origem nos óxidos e hidróxidos (óxidos 
8 
 
hidratados) de Fe e Al, principalmente. Tal situação se dá de maneira mais significativa em 
condições mais ácidas de solo. O esquema abaixo mostra que o hidróxido de Al (gibsita) pode 
dar origem a cargas eletropositivas, eletronegativas ou permanecer com carga neutra na 
superfície, dependendo do pH do solo (Figura 4). 
 
Figura 4. Modelo de geração de cargas em gibsita (Al(OH3)) 
 
De modo geral, o ponto em que o balanço de carga dos óxidos é nula corresponde a 
um valor de pH na faixa alcalina. O PCZ (ponto de carga zero) é o pH em que o solo 
apresenta carga líquida nula. Seu valor é variável de acordo com a natureza dos materiais 
trocadores de íons constituintes do solo. Assim sendo, os óxidos de Fe e Al apresentam cargas 
positivas em solos ácidos. 
Adsorção e troca iônica 
As propriedades de adsorção iônica do solo são devidas, principalmente, aos minerais 
de argila e à matéria orgânica do solo, materiais de elevada superfície específica. Essas 
partículas coloidais do solo são anfóteras, apresentam cargas elétricas negativas e positivas, 
podendo adsorver ou “reter”, tanto cátions como ânions. 
As cargas negativas são neutralizadas por íons eletropositivos, ou seja, pelos cátions, o 
que se denomina adsorção catiônica. Na neutralização de cargas positivas pelos ânions tem-se 
a adsorção aniônica. Os íons envolvidos nesse processo de adsorção ligam-se por 
eletrovalência ou por covalência às partículas coloidais do solo. Os cátions mais envolvidos 
quantitativamente nesse processo são: Ca
2+
, Mg
2+
, Al
3+
, H
+
, K
+
, Na
+ e NH4
+
, sendo o Ca
2+
, 
comumente, o mais abundante em alguns solos, enquanto, em outros, é o Al
3+
. Alguns 
micronutrientes estão, também, sujeitos ao mesmo processo, embora em quantidades muito 
9 
 
pequenas se comparadas aos cátions referidos anteriormente. Os íons adsorvidos às partículas 
coloidais podem ser deslocados e substituídos, estequiometricamente, por outros íons de 
mesmo tipo de carga, dando-se uma troca iônica. 
Como as cargas da fase sólida se manifestam na superfície das partículas coloidais do 
solo, há estreita relação entre o fenômeno de troca e a área superficial dessas partículas. Essa 
área é a superfície específica do solo, expressa em m2/g, conforme mostrado acima. Assim, o 
fenômeno de troca iônica do solo, que é basicamente a expressão de suas propriedades físico-
químicas, depende de sua superfície específica e da densidade de cargas elétricas que se 
manifestam nesta superfície. 
Na solução do solo, que envolve as partículas coloidais, os íons estão se deslocando 
constantemente. Os íons em movimento representam os elementos em estado trocável ou 
disponível. 
Esquematicamente, o fenômeno de adsorção e troca iônica pode ser representado pela 
figura 5. 
 
 
Figura 5. Adsorção e troca iônica em superfície eletronegativa e eletropositiva. 
 
 
10 
 
Capacidade de Troca Catiônica (CTC) 
Representa a quantidade de cargas negativas presentes em determinado solo e, 
portanto, a capacidade deste em adsorver cátions. Assume-se que os cátions adsorvidos na 
CTC do solo encontram-se em uma forma tal que possam ser rapidamente trocados por outros 
cátions introduzidos na solução do solo, que essa reação de troca ocorra rapidamente, de 
forma estequiométrica e que seja reversível. 
Na determinação da CTC do solo é importante considerar o pH em que a troca 
catiônica se verifica. Isto porque, além das cargas negativas permanentes (substituição 
isomórficas) os solos apresentam cargas dependentes de pH (H ligado covalentemente). 
Portanto, quanto maior o pH da solução de medida da CTC, maior será a quantidade de cargas 
negativas encontradas. À CTC medida no pH natural do solo damos o nome de CTC efetiva 
(t), ou seja, aquela que realmente está sendo expressa naquele pH. Adicionalmente, também 
determinados a CTC potencial, ou CTC a pH 7 (T), que é determinada utilizando-se uma 
solução tamponada a pH 7. Essa CTC potencial é uma referência e nos da uma ideia do 
tamponamento do solo e da quantidade de cargas que poderão ser disponibilizadas por 
ocasião da realização da calagem e eventual elevação do pH do solo. 
Dentre os cátions que neutralizam as cargas negativas da CTC efetiva do solo, 
incluem-se, principalmente, os de caráter básico (Ca
2+
, Mg
2+
, K
+
, Na
+ e NH4
+
), os de caráter 
ácido (Al
3+
, principalmente) e, também, cátions H
+ ligados a cargas negativas da CTC de 
caráter eletrovalente. O conjunto dos cátions que estão ocupando a CTC do solo, saturando-a, 
juntamente com as cargas negativas dos colóides é denominado complexo sortivo (ou de 
troca) do solo. 
Quando se usa uma solução salina não tamponada, como KCl 1 mol/L ou CaCl2 0,5 
mol/L , para a determinação da CTC do solo, o valor obtido corresponderá à CTC efetiva. Por 
outro lado, se a solução salina for tamponada a um definido pH, o valor obtido corresponderá 
à CTC potencial do solo naquele pH, englobando a CTC permanente e a CTC dependente do 
pH. Para determinar a CTC a pH 7,0, utiliza-se uma solução tamponada de acetato de cálcio 
0,5 mol/L , ou de acetato de amônio 1 mol/L , a pH 7,0. 
Dessa maneira, conforme citado acima, os princípios que caracterizam a CTC são: 
a) O fenômeno de troca é reversível. Os cátions adsorvidos podem ser deslocados por outros, 
e, assim, sucessivamente. 
b) O fenômeno de troca é uma reação estequiométrica, isto é: um molc de um cátion é trocado 
11 
 
(substituído) por um molc de outro cátion. 
c) É um processo rápido 
Muitas condições do solo têm influência sobre a CTC, dentre as quais: pH, 
características dos cátions trocáveis, como valência e raio iônico hidratado, concentração da 
solução e natureza da fase sólida. 
A natureza dos cátions trocáveis afeta suas trocas no solo. A depender da densidade de 
carga dos cátions, isto é, Z/r (Z = carga do íon e r = raio do íon hidratado) esses elementos 
podem ser mais fortemente retidos no complexo sortivo. Os cátions que têm maior densidade 
de carga são mais retidos nas cargas negativas do solo. Por isso, os cátions polivalentes são 
geralmente mais fortemente retidos no solo. A sequência de preferencialidade de troca de 
cátions para uma mesma concentração foi estabelecida por Hofmeister, sendo conhecida 
como sequência de Hofmeister (Mengel & Kirkby, 1982), ou série liotrópica (Russel & 
Russel,1973). Esta sequência é a seguinte: 
Li
+ <Na
+ <K
+ <Rb
+ <Cs
+<Mg
2+ <Ca
2+ <Sr
2+ <Ba
2+
<Al³
+
 
A diferença na preferencialidade de troca entre cátions da mesma carga se deve à 
diferença entre os raios iônicos hidratados (espessura da camada de hidratação do íon). O 
Al
3+
, sendo trivalente, é mais fortemente retido que os divalentes. O H
+
, em razão de suas 
propriedades específicas, com ligações preferenciais covalentes, não se comporta como 
monovalente quanto à preferencialidade de troca. Seu papel depende, também, da natureza do 
material trocador. 
A concentração dos cátions na solução do solo afeta a preferencialidade de troca, 
interagindo com a carga dos cátions envolvidos. Assim, à medida que se dilui a solução 
mantendo-se constantes as proporções entre os cátions presentes, verifica-se um aumento na 
preferência de troca dos cátions de menor pelos de maior valência. Em razão disso, em solos 
de regiões úmidas, as bases vão sendo lixiviadas e o cátion que acaba predominando no 
complexo é o Al
3+
. Por outro lado, em solos de regiões áridas e semi-áridas, a tendência é de 
acúmulo de cátions monovalentes, principalmente o Na
+
. 
A natureza do material trocador influi, principalmente, na densidade de cargas 
negativas responsáveis pela CTC do solo, que se expressa em cmolc/kg. Em solos de regiões 
tropicais, como na maior parte do território brasileiro, a matéria orgânica apresenta, 
geralmente, maior participação no valor da CTC total. 
Uma idéia da amplitude de variação destas características relacionadas com a CTC do 
solo, bem como a sua divisão em classes, de acordo com a magnitude das mesmas, é dada no 
12 
 
quadro abaixo (Quadro 1). Deve-se salientar que esta classificação é válida para solos de 
regiões tropicais. 
 
Quadro 1. Amplitude e classificação das características relacionadas à CTC dos solos 
tropicais 
 
a) CTC efetiva (t) e Potencial a pH 7,0 (T) 
No pH da solução extratora correspondente ao do solo, tem-se a CTC efetiva (t), que é 
a CTC permanente mais parte da CTC dependente de pH que se manifesta até o pH do solo. 
No pH 7 tamponado (T), além de medir a CTC efetiva adiciona-se a esta as cargas 
dependentes de pH que encontram-se bloqueadas por H covalentemente ligados aos 
grupamentos funcionais dos argilominerais e da matéria orgânica do solo. Portanto, essas 
cargas bloqueadas são aquelas que encontram-se entre o pH do solo e o pH da suspensão, no 
equilíbrio do poder tampão a pH 7. A matéria orgânica do solo é um material que apresenta 
CTC tipicamente dependente de pH. 
b) Soma de bases (SB) 
A soma de bases (SB) é calculada somando-se os teores de Ca
2+
, Mg
2+
, K
+ e, quando 
disponíveis, os teores de Na
+ e NH4
+ trocáveis. Porém, nos solos ácidos de regiões tropicais, 
como a maioria dos solos brasileiros, os teores dos cátions trocáveis Na
+ e NH4
+ geralmente 
têm magnitude desprezível. 
c) Saturação por bases (V) 
A participação das bases no complexo sortivo do solo a pH 7, expressa-se em 
percentagem e é conhecida como saturação por bases (V). Indica a quantidade relativa de 
13 
 
bases com relação à CTC potencial. Ela é calculada pela expressão abaixo. 
 
d) Acidez trocável (Al
3+
) 
A acidez trocável é constituída pelo Al
3+
, o Mn
2+
 e em menor quantidade por Fe
2+
, 
mais os íons de H
+ que fazem parte da CTC efetiva. Como, em geral, a participação do Mn
2+
, 
Fe
2+ 
e do H
+ é pequena em relação à acidez trocável, este valor é representado pelo Al 
trocável (Al
3+
). Cátions de caráter ácido, como o Al
3+
 e o Mn
2+
, são considerados como 
acidez trocável porque, em solução, pela hidrólise da água, geram acidez, de acordo com a 
equação abaixo: 
 
e) Acidez potencial 
A determinação da acidez potencial (a pH 7,0) é feita utilizando-se como extrator uma 
solução tamponada de acetato de cálcio 0,5 mol/L , pH 7,0. Esta acidez inclui tanto o H (H
+ 
trocável e H de ligações covalentes que é dissociado com a elevação do pH) quanto o Al
3+
. 
Por esse motivo é chamada de H + Al. O H covalentemente ligado representa as cargas 
negativas dependentes do pH. Esta fração é chamada acidez dependente do pH. 
f) Saturação pela acidez trocável (m) 
A saturação pela acidez trocável (Al
3+
) representa a quantidade relativa (em termos 
percentuais) da CTC efetiva (t) que está ocupada por Al
3+
. Ela é calculada pela seguinte 
expressão: 
 
Informações sobre os valores de T, SB e V de um solo podem indicar o tipo de 
mineral presente na fração argila e possíveis problemas na sua utilização, bem como sobre o 
procedimento adequado a ser tomado para otimizar sua utilização. 
O solo A (Quadro 6), com valor baixo de T, provavelmente tem sua fração argila 
constituída por caulinita e óxidos de Fe e Al e, ou, o teor de argila do solo é baixo (solo 
arenoso). Outro aspecto provável é a existência de baixo teor de matéria orgânica neste solo. 
14 
 
A adição de matéria orgânica a este solo para aumentar, pelo menos temporariamente, seu 
valor T, poderia ser recomendada. O valor de V é médio e a percentagem de saturação por 
Al
3+ (m) é baixa, em razão dos baixos valores de Al
3+
. 
O solo B (Quadro 6), muito ácido, tem baixo V. Logo, alta participação da acidez 
potencial (H + Al) no complexo de troca, podendo apresentar alta percentagem de saturação 
por Al (m). Para uso agrícola, deverá ter o seu pH elevado por meio de calagem, o que irá 
causar aumento dos valores de SB e V, aumentando, consequentemente, o seu pH e 
diminuindo o valor de Al
3+ e de m. Os valores de T e SB indicam que o material constituinte 
da fração coloidal é mais ativo, provavelmente com teor de matéria orgânica mais elevado 
neste solo, embora apresente poucas bases no seu complexo de troca. 
O solo C (Quadro 2) apresenta-se em boas condições quanto ao seu complexo de troca 
e características a ele relacionadas. 
Quadro 2. Valores de pH, Al
3+
, SB, t, (H + Al), T, V e m de amostras de três solos. 
 
Capacidade de Troca Aniônica 
A capacidade de troca aniônica é definida como o poder do solo de reter ânions na 
fase sólida, numa forma trocável com outros ânions da solução. Entretanto, a manifestação 
desta propriedade não é tão característica quanto a troca catiônica, isto é, nem sempre são 
atendidas as condições de rapidez, reversibilidade e estequiometria. Por esta razão, a troca 
aniônica é mais frequente e convenientemente denominada adsorção aniônica e pode ser 
específica para cada ânion, sugerindo um processo mais complexo do que a simples troca. 
Um aspecto particular do comportamento de certos ânions no solo é a adsorção 
específica. Por este processo os ânions são retidos pela fase sólida, por meio de ligações 
fortes (covalentes), passando a fazer parte da estrutura dos minerais, em sua superfície. Este 
tipo de adsorção é de baixa reversibilidade e é bem conhecido para o P, sendo o principal 
15 
 
responsável pela fixação de P no solo, principalmente nos solos ricos em óxidos e hidróxidos 
de Fe e Al. Uma reação desta natureza é apresentada de forma simplificada na figura 6.: 
 
Figura 6. Esquema ilutrativo da adsorção específica (covalente) do ion fosfato em óxido de 
Fe. 
Os ânions que podem deslocar o P (H2PO4
-
) da fase sólida do solo com maior 
eficiência são flúor (F
-
) e o silicato (H3SiO4
-
), seguido de sulfato (SO4
2-
). O nitrato (NO3
-
) e o 
cloreto (Cl
-
) não têm, praticamente, poder de substituir o fosfato. Pode-se dizer que a retenção 
de nitrato e cloreto no solo se dá por adsorção não-específica, que tem caráter reversível. 
Da mesma forma que a CTC, a capacidade de adsorção de ânions dos solos também 
pode ser determinada em laboratório. Paratanto utilizam-se, usualmente, curvas de adsorção 
conhecidas como “isotermas de adsorção”. Uma das mais utilizadas para ânions do solo, de 
interesse na nutrição das plantas, é a isoterma de Langmuir, a qual permite determinar a 
capacidade máxima de adsorção do ânion em estudo, como por exemplo a capacidade 
máxima de adsorção de P (CMAP) e de sulfato (CMAS). 
A capacidade máxima de adsorção de ânions varia com as características do solo, 
notadamente seu teor e tipo de argila, podendo atingir valores bastante elevados para solos 
muito intemperizados com altos teores de argila. Por exemplo, valores de CMAP variando de 
220 a 1 260 mg/kg de P para Latossolos do Planalto Central do Brasil correspondem a uma 
retenção de, aproximadamente, 1 000 a 5 800 kg ha
-1 de P2O5 na camada arável (20 cm de 
profundidade). De maneira geral, solos com menor teor de argila apresentam valores de 
CMAP e CMAS menores em relação aos mais argilosos. Porém, o tipo de argila também tem 
grande influência. 
 
 
CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FERTILIDADE DO SOLO 
16 
 
 
A fertilidade do solo refere-se à capacidade do solo em suprir elementos essenciais às 
plantas. A boa fertilidade do solo implica em suprir quantidades e proporções adequadas de 
nutrientes para o crescimento e produtividade das plantas. 
Solo produtivo é um solo fértil, ou seja, que contém os nutrientes essenciais em 
quantidades adequadas e balanceadas para o normal crescimento e desenvolvimento das 
plantas cultivadas e que apresenta ainda boas características físicas e biológicas, está livre de 
elementos tóxicos e encontra-se em local com fatores climáticos favoráveis. Assim, um solo 
pode ser fértil sem necessariamente ser produtivo. 
Um solo pode apresentar boa fertilidade natural ou, por meio de correções e do 
manejo adequado de nutrientes, podemos construir fertilidade em solos pobres. No Brasil é 
comum a ocorrência de solos com baixa fertilidade natural, principalmente os Latossolos e 
Argissolos. Destacam-se pela longa gênese do solo e o alto grau de intemperismo como 
principais fatores causadores da baixa fertilidade, particularmente em grande parte das regiões 
tropicais e subtropicais, onde a remoção de nutrientes do solo é mais acelerada, em razão das 
condições de altas temperaturas e precipitações pluviais. 
Da mesma forma, o manejo inadequado do solo pode levar a perda da fertilidade ao 
longo do tempo. Destacam-se a erosão, a redução dos teores de MO, a acidez ou salinidade e 
a exaustão de nutrientes do solo provocada pelas retiradas pelas culturas, maiores que pelas 
adições via adubação, como as principais causas da perda da fertilidade do solo. 
A baixa fertilidade de um solo pode ser expressa pela elevada acidez, toxidez por Al, 
baixa reserva de nutrientes como K, Ca e Mg, elevada adsorção de P e baixos teores de 
matéria orgânica do solo. 
 
Fatores Intensidade, Quantidade e Capacidade Tampão 
As plantas absorvem os nutrientes, na forma de íons, da solução do solo. Por sua vez, 
na fase sólida é que está a reserva desses íons. Estes são repostos para a solução quando sua 
concentração é diminuída, decorrente da absorção pelas plantas ou de algum outro tipo de 
perda. 
É importante, portanto, conhecer o teor de nutrientes em solução, a reserva desse teor 
na fase sólida e o poder de reposição dessa reserva para a solução do solo. Estas três 
grandezas, inter-relacionadas, determinam a disponibilidade dos nutrientes no solo e são 
17 
 
denominadas: 
- Fator quantidade (Q): é a reserva do íon disponível na fase sólida do solo, trocável como o 
Ca
2+
, Mg
2+
, K
+ ou lábil como para P, mas em equilíbrio com sua concentração na solução, 
durante o ciclo de vida das plantas. 
- Fator Intensidade (I): é a concentração, ou, mais precisamente, a atividade do íon na 
solução do solo. 
- Fator capacidade ou capacidade tampão (FC ou CT): é a relação entre os fatores 
quantidade e intensidade, em dada faixa de concentração (atividade) considerada (∆Q/∆I). 
 O esquema abaixo demonstra essa inter-relação entre os fatores Q, I e Q/I: 
 
Da mesma maneira, a figura 7 exemplifica bem essa relação entre os fatores 
quantidade (Q), intensidade (I) e capacidade tampão (CT) de um nutriente no solo, 
comparando dois solos (A e B) hipotéticos. 
 
Figura 7. Relação entre os fatores intensidade (I) e quantidade (Q) para dois solos 
hipotéticos, demonstrando a diferença de capacidade tampão para um dado nutriente. 
 
Observa-se que o solo A tem maior CT (mais tamponado) que o solo B (∆Q/∆I do 
18 
 
solo A > ∆Q/∆I do solo B – Figura 7). Na prática, pode-se dizer que, para a mesma dose de P 
aplicada nos dois solos, o aumento da concentração de P em solução (I) será maior no solo B 
do que no A. 
Uma possibilidade para justificar isto seria o solo A ser mais argiloso que o solo B, 
mantendo-se a mesma qualidade (atividade) de argila para ambos os solos. 
Outra maneira de representar a inter-relação entre os fatores I, Q e CT é por meio de 
um sistema de vasos comunicantes (Figura 8). 
 
Figura 8. Esquema de vasos comunicantes representando os fatores intensidade (I), 
quantidade (Q), o inverso do fator capacidade (∆I/∆Q) e também formas do nutriente em 
estudo que não encontra-se em equilíbrio com I, também conhecido como não-lábil (Ñ-Q). 
 
Verifica-se, nessa representação, que a quantidade trocável ou lábil (adsorvido ou Q), 
do elemento E (um elemento qualquer) está em equilíbrio com a quantidade em solução (I) 
deste elemento. A tubulação que liga esses dois compartimentos representa (∆I/∆Q, ou o 
inverso da CT; logo, quanto maior o diâmetro da tubulação, menor a CT para o elemento 
(caso do solo arenoso) em relação a um menor diâmetro (solo argiloso, como comparação). A 
quantidade total de nutriente no solo disponível à planta é igual a Q+I. Como o valor de I é 
muito menor que o de Q, nas determinações de Ca trocável ou de P-lábil de um solo, que 
representam medidas de Q, a contribuição de I pelo seu valor muito pequeno, não altera para 
fins práticos o valor de Q. 
A quantidade máxima que pode atingir Q, em dado solo, é dada pela CTC desse solo, 
para elementos trocáveis com ligação eletrostática como Ca
2+
, Mg
2+
, K
+
, Na
+ e pela 
capacidade máxima de adsorção do elemento (CMAE) por esse solo, para elementos com 
ligações covalentes (adsorção específica), como o P e Zn, dentre outros. O equilíbrio entre Q 
19 
 
e I indica que, quando o solo tiver seu valor máximo de Q de um elemento, ele terá também 
seu valor máximo de I; logo quando Q tende para zero, I também tende a zero. 
O diâmetro da tubulação da figura acima será muito maior para elementos adsorvidos 
por troca iônica que para aqueles adsorvidos por covalência. O “transporte” indica que, para 
uma planta absorver um nutriente, não basta que o solo seja capaz de cedê-lo; é necessário 
que o nutriente seja transportado desde a solução, próximo às partículas sólidas do solo, até à 
solução junto à raiz. 
Resposta à adubação 
As plantas respondem ao aumento da concentração de nutrientes disponíveis no solo e tal 
aumento é consequência das doses aplicadas de fertilizantes. A resposta à adubação pode ser 
representada nos gráficos A, B ou C da Figura 9. Existe ainda situações em que podemos 
observar a ausência de resposta ou resposta nula à adubação (D). 
(A)
Pr
od
uç
ão
 (k
g/
ha
)
0
200
400
600
800
(B)
(C)
Dose do nutriente (kg/ha)
0 50 100 150 200 250 300
Pr
od
uç
ão
 (k
g/
ha
)
0
200
400
600
800
(D)
Dose do nutriente (kg/ha)
0 50 100 150 200 250 300
 
Figura 9. Resposta das culturas à adubação. A: resposta linear; B: resposta curvilinearplatô; 
C:resposta quadrática e D: resposta nula 
 
20 
 
A análise, interpretação e compreensão da resposta à adubação, baseia-se em princípios que 
são denominados de leis da adubação. 
 
Lei da restituição 
“para manter a fertilidade do solo, deve-se restituir os nutrientes absorvidos pelas plantas e 
exportados com as colheitas mais os perdidos no solo, ou seja, aqueles que não foram 
reciclados” 
Restrição: Eficiente e adequada desde que o solo tenha uma boa fertilidade 
 
Lei do mínimo (Liebig 1862) 
“cada campo pode conter a disponibilidade mínima de um mínimo de um ou mais nutrientes. 
Com esse mínimo, seja calcário, K, N, ácido fosfórico, magnésio ou qualquer outro nutriente, 
as produtividades apresentam uma relação direta com o suprimento deste nutriente em 
menor disponibilidade. Este é o fator que governa e controla ... produtividades. Se o mínimo 
for calcário a produtividade será a mesma e não maior mesmo se as quantidades de K, sílica, 
ácido fosfórico, etc ... sejam aumentados em cem vezes”. 
Os rendimentos das colheitas são proporcionais à disponibilidade do nutriente que se encontra 
em menor quantidade no solo, conforme as necessidades das plantas (Voisin, 1963). 
Conforme a Lei do mínimo a resposta é linear até um ponto onde se alcança um "plateau" 
devido à insuficiência de outro nutriente que, então, se torna o limitante (visão quantitativa) 
representada na figura 10. 
 
Figura 10. Modelo ilustrativo da lei do mínimo 
21 
 
Lei dos incrementos decrescentes (Mitscherlich, 1930) 
“Os aumentos de produção de uma cultura, obtidos pela adição de quantidades crescentes de 
um nutriente, são decrescentes”, conforme ilustra a figura 11 e o quadro 3. 
Dose do nutriente (kg/ha)
0 50 100 150 200 250 300
Pr
od
uç
ão
 (k
g/
ha
)
100
200
300
400
500
600
700
800
dx1 dx2 dx3 dx4 dx5 dx6
dy1
dy2
dy3
dy4
Produtividade de 
máxima eficiência
econômica
dy1 > dy2 > dy3 > dy4
 
Figura 11. Produção em função da dose aplicada do nutriente. Na medida em que se aumenta 
a dose de fertilizante os incrementos de produtividade são cada vez menores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
Quadro 3. Produção de algodão em função da adubação nitrogenada. Resultados médios de 
15 experimentos em Latossolo Vermelho 
 
Incremento 
da dose de N 
Produção de 
algodão 
Aumento 
Incremento da dose de N (kg/ha)
Pr
od
uç
ão
 d
e 
al
go
dã
o 
(k
g/
ha
)
1700
1800
1900
2000
2100
2200
2300
0 10 10 10 10 10 10
 
----------------kg/ha---------------- 
0 1790 - 
+10 1934 144 
+10 2032 98 
+10 2099 67 
+10 2146 47 
+10 2177 31 
+10 2199 22 
 
• Lei da interação/equilíbrio 
“Cada nutriente é mais eficaz quando os outros estão em quantidades mais próximas 
do ótimo”. Ganhos em produtividades poderão ocorrer quando os nutrientes estão em 
quantidades equilibradas no solo (Figura 12). 
Dose de N (kg/ha)
0 10 20 30 40 50 60
Pr
od
uç
ão
 (k
g/
ha
)
1700
1800
1900
2000
2100
2200
2300
Efeito do N
sem P
100 k
g/ha 
P
Interaç
ão NxP
 
23 
 
Figura 12. Modelo ilustrativo da interação N e P e ganho de produtividade. 
 
Lei do máximo 
 “O excesso de um nutriente no solo reduz a eficácia dos outros e, por conseguinte, 
pode diminuir a produção”, conforme demostrado na figura 13. Destaca-se uma região de 
aumento linear (a); de estabilização (b) e de decréscimo da produção (c). 
 
Figura 13. Modelo quadrático de resposta à adubação indicando redução de produtividade nas 
maiores doses do nutriente. 
 
 
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DAS PLANTAS 
Os nutrientes são elementos químicos de específica e essencial função fisiológica no 
metabolismo de plantas (Epstein, 1965; Marschner, 1995). Dezessete elementos são 
considerados essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas: carbono (C), 
hidrogênio (H), oxigênio (O); nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio 
(Mg), enxofre (S), boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio 
24 
 
(Mo), níquel (Ni) e zinco (Zn). Outros elementos são classificados como benéficos para 
algumas plantas, como o sódio (Na), silício (Si), selênio (Se) e cobalto (Co). 
Carbono, H e O 
(3)
 são estudados nas suas múltiplas funções na fisiologia vegetal. Sob 
o ponto de vista da nutrição mineral, os elementos essenciais são classificados em macro e 
micronutrientes, de acordo com as quantidades exigidas pelas plantas. Os macronutrientes (N, 
P, K, Ca, Mg e S)
 (6)
 são exigidos em maiores quantidades (da ordem de g/kg de matéria seca 
da planta). Já os micronutrientes (B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni e Zn)
 (8)
 são absorvidos pelas 
plantas em pequenas quantidades (da ordem de mg/kg de matéria seca da planta). Na figura 
14 são destacados os elementos químicos essências na tabela periódica. 
 
Figura 14. Tabela periódica dos elementos químicos e destaque para os nutrientes para as 
plantas. 
 
Critérios de essencialidade 
Nutrientes são elementos essenciais às plantas. Para que um elemento seja classificado 
como essencial, deve satisfazer alguns critérios (Arnon & Stout, 1939): 
Critério 1: Um elemento é essencial se sua deficiência impede que a planta complete o seu 
ciclo vital; 
Critério 2: Para ser essencial, o elemento não pode ser substituído por outro elemento com 
propriedades similares; 
Critério 3: O elemento deve participar diretamente no metabolismo da planta. 
25 
 
“A presença de elementos químicos nas cinzas de uma planta não é indicador da 
essencialidade dos diferentes elementos para esta planta” 
Resumindo: ainda que um elemento possibilite melhorar o crescimento ou um 
processo fundamental de uma planta, não é considerado como essencial se não atender aos 
três critérios da essencialidade. Todos os 17 elementos apresentados (Quadro 4) cumprem 
estas exigências e devem ser fornecidos às plantas para que estas germinem, cresçam, 
floresçam e produzam sementes. 
Quadro 4. Relação dos elementos essenciais às plantas superiores, com as concentrações 
médias na matéria seca da parte aérea e os respectivos autores que demonstraram a 
essencialidade e o ano em que ocorreu a descoberta 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
As plantas absorvem íons da solução do solo conforme descritos no quadro 5. 
Quadro 5. Nutrientes e as formas químicas como são absorvidas pelas plantas 
Macronutrientes Forma absorvida Micronutriente Forma absorvida 
N NO3
- ou NH4
+ Cu Cu2+ 
P H2PO4
- ou HPO4
2- Mn Mn2+ 
K K+ Zn Zn2+ 
Ca Ca2+ Fe Fe2+, Fe3+, Fe-quelato 
Mg Mg2+ B H3BO3; H2BO3
- 
 Mo MoO4
-2 
S SO4
2- Ni Ni2+ 
 Cl Cl- 
 
Para bom desenvolvimento e crescimento vegetal é necessário que haja 
disponibilidade e absorção dos nutrientes em proporções adequadas. Desequilíbrios em suas 
proporções podem causar deficiência ou excesso de nutrientes, causando limitações ao 
crescimento das plantas ou mesmo sua morte. 
 
Diagnose visual de sintomas de deficiência nutricional 
Os sintomas de deficiência de nutrientes em diferentes espécies podem ser utilizados 
para diagnosticar o estado nutricional das plantas. A essa técnica de diagnóstico dá-se o nome 
de diagnose visual. A observação de sintomas é uma forma rápida e pouco dispendiosa de 
diagnóstico do estado nutricional, porém sua principal limitação refere-se ao fato de que, 
quando há manifestação visível de sintomas de carência ou de excesso, expressiva parte da 
produção das plantas já está comprometida. 
“o aparecimento do sintomarepresenta o estádio tardio de um processo no qual o 
crescimento e a produção podem sofrer perdas irreversíveis”. 
A diagnose visual requer uma análise criteriosa dos fatores bióticos e, ou, abióticos 
que possam alterar o estado nutricional da planta ou induzir padrões de danos similares à 
deficiência ou toxidez de nutrientes. Neste sentido, destacam-se a deficiência ou excesso do 
suprimento de água, variações bruscas de temperatura, textura e compactação do solo, reações 
entre misturas de produtos fitossanitários, toxidez causada por herbicidas, senescência natural 
de folhas, ataque de pragas e doenças, práticas de cultivo inadequadas, dentre outros fatores. 
Na avaliação das desordens nutricionais devem ser observados ao menos três critérios: 
 Evolução no tempo: relaciona-se ao período em que as reservas dos vacúolos estão 
sendo utilizadas 
27 
 
 Evolução no espaço: relaciona-se à mobilidade diferencial dos nutrientes na planta (no 
floema) havendo um gradiente de intensidade das folhas velhas para as jovens em 
caso de nutrientes móveis no floema e, o contrário, para os imóveis. 
 Simetria: tecidos de mesma idade fisiológica devem mostrar o mesmo sintoma, em 
condições de deficiência nutricional 
Esses critérios devem ser utilizados, em conjunto, para melhor discernir se o sintoma é 
devido primariamente à deficiência nutricional ou se deve a outras causas, de natureza não 
nutricional primariamente. 
A seguir, serão descritos os sintomas de deficiência mais comuns relacionados com a 
carência de macro e micronutrientes. 
Nitrogênio 
Sua falta se traduz em plantas pequenas e de crescimento lento. O sintoma típico da 
falta de N é a clorose (amarelecimento) generalizada (uniforme) de folhas. Como é um 
elemento de boa mobilidade no floema, o sintoma aparece primeiro nas folhas mais velhas, 
progredindo, com o tempo, para as mais novas. 
 
Fósforo 
Plantas deficientes apresentam crescimento mais lento e, frequentemente, coloração 
verde escura nas folhas mais velhas. Em muitos casos, o progresso da deficiência leva ao 
surgimento de coloração avermelhada em caules e folhas velhas. Os sintomas progridem das 
folhas mais velhas para as mais novas, porque, assim como o N, o P é um elemento bastante 
móvel no floema. A cor avermelhada é causada pela concentração de antocianina. 
Potássio 
A deficiência de K retarda o crescimento e aumenta a susceptibilidade ao ataque de 
patógenos, havendo retranslocação de K de folhas velhas e caules para as regiões de cresci- 
mento ativo. Os sintomas de carência caracterizam-se por clorose e necrose de bordos 
foliares. Murcha e quebra dos caules também caracterizam a deficiência de K. 
Cálcio 
Seu movimento de ascensão acompanha o fluxo transpiratório pelo xilema. Por ter 
28 
 
funções estruturais, é muito pouco remobilizado no floema para atender à demanda em locais 
de crescimento ativo da parte aérea ou da raiz. O sintoma típico de deficiência de Ca é a má 
formação das paredes celulares e o colapso dos tecidos jovens. 
Magnésio 
Sua deficiência caracteriza-se, tipicamente, por uma clorose internerval das folhas 
totalmente expandidas - mais velhas. 
Enxofre 
Sua carência manifesta-se por clorose generalizada, muito semelhante à que ocorre 
com deficiência de N, porém, iniciando-se em folhas mais jovens. 
Ferro 
Os sintomas de deficiência se manifestam como clorose e, às vezes, assemelha-se à 
deficiência de Mg, com a diferença de que, para o Fe, os sintomas de carência se manifestam 
sempre nas folhas mais novas. De modo geral, as folhas jovens mostram nervuras verdes 
sobre um fundo amarelado. O sintoma evolui para o completo branqueamento das folhas 
jovens, seguindo-se necrose. 
Manganês 
Para dicotiledôneas, a deficiência assemelha-se à de Fe, caracterizando-se por clorose 
internerval de folhas jovens, que se inicia por surgimento de pontuações amareladas. Já nas 
monocotiledôneas, manifesta-se como faixas verdes cinzentas na parte basal das folhas. Pode 
ocorrer em altas concentrações em solos minerais ácidos causando toxidez, que se caracteriza 
por enrugamento de folhas jovens, clorose e pontuações necróticas na lâmina de folhas 
velhas. Os pontos necróticos correspondem a locais de acúmulo do elemento. 
Boro 
Sua deficiência caracteriza-se por crescimento lento e anormal das regiões 
meristemáticas. Em fase avançada, ocorre morte de meristemas apicais, superbrotamento e 
folhas jovens grossas e deformadas, bem como podridão, cavidades e rachaduras em raízes, 
como beterraba e cenoura. Formação de cortiça pode ocorrer em caules de tomate e couve-
flor. A formação de flores e frutos é restrita ou totalmente inibida, havendo também perda da 
29 
 
qualidade. As brássicas são particularmente sensíveis à carência de B. 
Para o B, o limite entre a carência e a toxidez é estreito, e os sintomas de toxidez 
caracterizam-se por amarelecimento das pontas e margens das folhas mais velhas, seguido de 
necrose e queda. 
Cobre 
Os sintomas de deficiência variam bastante entre espécies. As folhas jovens podem 
apresentar-se cloróticas ou verde-azuladas. Devido seu papel na lignificação, em condições de 
deficiência, as cascas das árvores podem apresentar rachaduras com exsudação de goma 
nesses pontos. O florescimento e a frutificação são também diminuídos. Os efeitos tóxicos do 
Cu, por sua vez, parecem relacionar-se com sua capacidade de deslocar outros cátions 
metálicos, especialmente Fe, de sítios fisiologicamente importantes. Assim sendo, clorose que 
lembra deficiência de Fe pode ser sintoma de toxidez de Cu. 
Molibdênio 
A deficiência caracteriza-se por clorose internerval de folhas jovens, semelhante à 
deficiência de Mn. As margens das folhas tendem a enrolar-se ou curvar- se para cima ou 
para baixo. Nas brássicas, a lâmina foliar constitui uma faixa estreita em torno da nervura 
principal, conhecida como “ponta de chicote”. 
Zinco 
A carência do elemento leva a reduções na produção de auxina, responsável pela 
elongação de ramos, sendo as folhas pequenas e a formação de rosetas sintomas típicos da 
carência desse elemento. O florescimento e a frutificação podem ser muito reduzidos em 
condições de deficiência severa de Zn. A toxidez caracteriza-se por redução do crescimento 
de raízes e da expansão foliar, ao que se segue clorose. 
Cloro 
A deficiência de Cl caracteriza-se por murcha, bronzeamento, clorose e necrose, 
porém não tem importância econômica, pois nunca foi observada em campo. Por outro lado, a 
toxidez de Cl pode representar sério problema caracterizado por bronzeamento e necrose de 
pontas e margens de folhas velhas, seguidos de amarelecimento e abscisão prematura. 
30 
 
CONTINUUM SOLO-SOLUÇÃO-PLANTA 
 
Os nutrientes na solução do solo estão em equilíbrio com os colóides do solo, minerais 
e orgânicos, que podem retê-los de forma trocável (CTC e CTA), formas não trocáveis ou não 
lábeis (K fixado em argilas silicatadas 2:1; P fixado em formas não-lábeis, etc.) ou formar 
complexos estáveis com a matéria orgânica do solo. Os nutrientes em concentrações elevadas, 
que ultrapassam o produto de solubilização, podem ser precipitados, a partir de suas formas 
iônicas da solução do solo. Com relação às perdas dos nutrientes da solução do solo elas 
podem ocorrer por meio de erosão, lixiviação e perdas gasosas (desnitrificação e volatilização 
de NH3, por exemplo). As trocas da solução do solo (fase líquida) com a fase sólida (mineral 
e orgânica) e com a planta, e ganhos e perdas de seus componentes estão representados na 
figura 15. 
Os nutrientes na solução do solo poderão ter suas concentrações diminuídas pela 
absorção pelas plantas. Para manter o equilíbrio, ocorrea reposição pela fase sólida. Além 
disso, a solução do solo pode ter ganhos de nutrientes por meio da aplicação de fontes de 
nutrientes, minerais (fertilizantes) ou orgânicos (adubos), fixação livre ou simbiótica do N2 
atmosférico, e pelas chuvas. 
 
31 
 
Figura 15. Modelo do sistema solo-solução-planta 
Mecanismos de transporte de nutrientes na solução do solo 
A absorção de nutrientes pelas plantas exige seu transporte até a superfície radicular 
(Figura 16), com destaque para os mecanismos de fluxo de massa (transporte convectivo) e 
difusão (transporte difusivo) (Fried & Shapiro, 1961). A intercepção radicular, sugerido por 
Barber (1962), tem sido desconsiderada por alguns autores, não sendo considerada por eles 
um mecanismo de transporte de nutrientes até as raízes. 
 
Figura 16. Ilustração do transporte de nutrientes no solo 
 
O fluxo de massa está associado ao gradiente de potencial hídrico que regula o 
movimento da água no sistema solo-planta-atmosfera (Figura 17). Assim, a concentração do 
íon na solução do solo e a taxa de transpiração do vegetal determinam a quantidade de íons 
transportada por meio desse mecanismo (Barber, 1974). Elementos que se encontram em 
maiores concentrações na solução do solo, como Ca, N e mesmo o S são transportados 
predominantemente por fluxo de massa. Matematicamente, o transporte de nutrientes por 
fluxo de massa (FM, kg/dm
-2
/s) é dado pela equação: 
 
qCFM 
 (1) 
em que 
q: fluxo de massa, dm
3 
dm
-2
 s
-1
; e 
32 
 
C: concentração média do soluto, kg dm
-3
 
 
Figura 17. Esquema ilustrativo do transporte de nutrientes por fluxo de massa 
A difusão, por sua vez, se deve ao movimento dos íons em meio líquido em função do 
gradiente de concentração (Figura 18). Esse movimento da maior para a menor concentração 
deve-se à formação de uma zona de depleção do nutriente nas regiões de absorção da raiz. 
Isso ocorre para os nutrientes que encontram-se em baixas concentrações na solução do solo, 
como P, K e Zn. A adaptação das leis de Fick para solos permitiu quantificar o transporte 
difusivo. A primeira lei de Fick pode ser escrita na forma: 
F = - D ∂C/∂x 
em que 
F: fluxo do nutriente, kg dm
-2
 s
-1
; 
D: coeficiente de difusão, dm
2
 s
-1
; e 
∂C/∂x: gradiente de concentração, kg 
dm
-3
 
 
D = D1  f I/Q 
D=coeficiente de difusão (dm
2
 s
-1
) 
D1=coeficiente de difusão do elemento em agua pura 
(dm
2
 s
-1
) 
= conteúdo volumentrico de agua no solo (dm3 dm-3) 
f=fator de impedancia (adimensional) 
I/Q=inverso do fator capacidade 
 
 (2) 
 
33 
 
 
Figura 18. Esquema ilustrativo do transporte de nutrientes por difusão 
A disponibilidade de água no solo afeta grandemente o transporte de nutrientes, seja 
por fluxo de massa ou difusão. A falta de água no solo afeta a aquisição de nutrientes pelas 
raízes e por essa razão os sintomas de deficiência nutricional são mais comuns nos períodos 
secos do ano, diminuindo em intensidade ou desaparecendo durante os períodos chuvosos. 
A figura 19 ilustra o caminho a ser percorrido pelo nutriente conforme o 
preenchimento de água nos poros do solo (mais ou menos água disponível). 
 
Comente: 
a) O caminho pontilhado e contínuo do 
nutriente e as implicações na nutrição da 
planta. 
Figura 19. Modelo ilustrativo do transporte de nutriente por diferentes poros do solo 
 
O fósforo é um nutriente transportado, predominantemente, por difusão e esse 
processo é afetado por diversos fatores. A difusão de P em solos mais intemperizados parece 
ser praticamente interrompida em condições de umidade ainda, aparentemente, elevadas. A 
elevada capacidade de adsorção de P neste tipo de solo, caracterizada por baixo valor de 
I/Q, parece ser a razão, conforme ilustrado pela figura 20. 
34 
 
 
Figura 20. Influência do conteúdo de água sobre a difusão dos nutrientes no solo. 
 
As menores respostas à adubação observadas em nossos solos, com os anos de cultivo, 
seriam, em boa parte, resultantes da degradação das propriedades físicas desses solos, levando 
ao aumento de suas densidades e, como consequência, à retenção com maior energia pelo solo 
de nutrientes com menores coeficientes de difusão. Com a compactação, aumenta a 
participação de microporos; com o aumento da energia de retenção da água no solo, aumenta 
a interação desses íons com os colóides ao longo de sua trajetória de difusão, fazendo com 
que o íon tenha de se difundir cada vez mais próximo de superfícies adsorventes, que os 
retêm. Para que o íon continue chegando até às raízes, doses cada vez maiores terão de ser 
aplicadas, com vistas em aumentar a saturação nessas superfícies adsorventes pelo elemento e 
em manter o fluxo difusivo em níveis pelo menos razoáveis, em termos de demanda da 
planta. A figura 21 ilustra o efeito da compactação no transporte e disponibilidade de P e no 
crescimento da planta. 
 
 
35 
 
Figura 21. Efeito da compactação sobre a difusão e disponibilidade de P no solo. 
D=densidade do solo de 0,9 a 1,3 kg dm
-3
 e mesma dose de P aplicada (450 mg dm
-3
). 
 
Outro aspecto importante relacionado com a mobilidade dos nutrientes no solo diz 
respeito a competição das raízes por nutrientes. Observa-se que, à medida que aumenta a 
densidade de plantio ou população de plantas, a competição pelo nutriente mais móvel 
aumenta grandemente, o que não acontece para o nutriente “ menos móvel no solo” (Figura 
22). A competição pelo “ menos móvel” somente vai existir em pequena ou mínima 
intensidade, uma vez que o transporte desses elementos ocorre predominantemente por 
difusão, que ocorre em curtas distâncias. Assim, apenas naqueles locais onde raízes de duas 
plantas se aproximam muito haverá competição entre elas pelo H2PO4
-
. Como o volume de 
solo explorado pelas raízes de uma planta é, em média, 1 %, o contato de raízes entre plantas 
vizinhas é bastante pequeno. Disso, pode-se dizer que a quantidade de P a ser utilizada em um 
plantio de milho com 40 000 plantas/ha será, basicamente, a mesma a ser utilizada se essa 
população for aumentada para 60 000 plantas/ha, para produtividades semelhantes nas duas 
condições. Para N, esse aumento na densidade de plantio de milho requererá um aumento 
expressivo na sua dose, comparativamente à recomendada para a menor densidade. 
 
Figura 22. Competição entre plantas por nutrientes móveis e imóveis no solo. 
 
 
 
36 
 
Amostragem de solo e planta para fins de avaliação da fertilidade do solo 
 
 O procedimento de amostragem se faz necessário quando da impossibilidade ou 
impraticidade de se medir toda a população. Neste caso, as amostras são tomadas com 
objetivo de representar a população. Se a população em estudo for constituída de indivíduos 
idênticos (totalmente homogênea), bastaria a avaliação de um deles para caracterizá-la. Como 
existem variações entre indivíduos da população, a amostragem deve medir um número 
suficiente de indivíduos que seja representativo da população. Dessa forma, o número de 
amostras (n) depende, fundamentalmente, da variabilidade e não do tamanho da população. 
O valor médio (ȳ) de uma determinada característica de uma amostra é representado pela 
média real ou paramétrica (), mais um erro (ε), conforme a equação: 
ȳ = +ε 
O erro na estimativa da média pode ser devido ao erro de amostragem (εam), por exemplo 
quando é tomado número insuficiente de indivíduos e ao erro analítico (εan), devido ao 
método de medição. Assim, 
ε = εam+ εan 
Em geral, para solos, o erro de amostragem é maior que o erro analítico. Isso torna o processo 
de amostragem muitomais influenciador na exatidão dos valores obtidos. Assim, uma 
amostra não representativa da população não representará  satisfatoriamente, por maior que 
seja a acurácia do método de medição. 
 
Amostragem de solo 
 
A amostragem do solo é a primordial etapa para avaliação da fertilidade do solo e 
recomendação de fertilizantes. O solo é uma população naturalmente heterogênea nas suas 
características e as variações ocorrem intensamente e a curtas distâncias. Essas variações são 
classificadas como macro (> 200 cm); meso (5-200 cm) e microvariações (<5 cm). As 
macrovariações decorrem de processos pedogenéticos, mas podem ser acentuadas pelo 
manejo do solo. Tais variações dependem da topografia, vegetação, textura e mineralogia do 
solo e do tipo de manejo. As meso e microvariações, que também decorrem de fatores de 
formação do solo, são mais intensificadas pelas práticas de manejo, tais como preparo do 
solo, aplicação localizada de fertilizantes, plantio em linhas, etc. As microvariações são 
importantes para culturas de menor extensão do sistema radicular, como aquelas de ciclo 
37 
 
curto, e devem ser pouco relevantes para culturas perenes de porte arbóreo, pela maior 
extensão do sistema radicular. 
A heterogeneidade ocorre também no sentido vertical (profundidade), pela 
organização do solo em horizontes, muitas vezes com transições abruptas. As práticas de 
manejo, como adubação e a localização do sistema radicular das plantas podem acentuar as 
variações entre as camadas do solo. A profundidade de amostragem deve ser definida de 
acordo com a cultura que está sendo ou será cultivada na gleba. Deve-se amostrar a camada 
de solo que será explorada pelo maior volume do sistema radicular da planta que, usualmente, 
é associado à profundidade de preparo do solo. Para plantio de culturas anuais ou de 
estabelecimento de pastagens, amostra-se, geralmente, a camada de 0–20 cm; para pastagens 
já estabelecidas, a amostragem pode ser de 0–10 cm e, para culturas perenes (café, fruteiras, 
essências florestais, etc.), a amostragem deve ser feita por horizontes do solo. Por falta de 
informações de horizontes, usualmente define-se camadas para a amostragem como, por 
exemplo: 0–20, 20–40 e 40–60 cm, constituindo uma amostra composta horizonte ou por 
camada por gleba. Amostras mais profundas podem também contribuir para conhecer 
camadas subsuperficiais de culturas anuais e pastagens, o que muitas vezes é importante em 
algumas tomadas de decisão, como para recomendação de gesso agrícola. 
A variabilidade não é uniforme entre as características do solo. O pH do solo, o teor de 
argila e MOS são características que apresentam menor variabilidade (menor coeficiente de 
variação-CV), comparados aos teores de P, K e Ca, como demostrado no quadro 6. 
Quadro 6. Coeficiente de variação (CV) de características química do solo em três regiões 
distintas 
Local P K Al
3+
 Ca + Mg MO pH 
 -------------------------------------- %--------------------------------------- 
Viçosa-MG 142 5 
P > K > Ca+Mg > Al > MO > pH 
Cascavel-PR
1
 100 7 
P > Ca > Mg > Al > K > MO > pH 
Ponta Grossa-PR
1
 40 7 
P > Mg > K > Ca > Al > MO > pH 
1
Fonte: Alvarez V. & Carraro (1974) 
 
Como princípio, a amostragem visa obter a média da fertilidade do solo de uma determinada 
área ou prover informações da estimativa da variabilidade dos nutrientes. Nesse sentido, o 
esquema de amostragem pode ser dividido em duas categorias: ao acaso e sistematizada. 
 
38 
 
Amostragem ao acaso (sistema convencional) 
1º passo: dividir a área em unidades de amostragem-UA(glebas ou talhões) 
Neste método de amostragem considera-se que os teores dos nutrientes no solo apresentam 
variações aleatórias. Uma etapa importante nesse processo de amostragem é a definição de 
áreas mais homogêneas (glebas) quanto a topografia, cobertura vegetal natural ou uso 
agrícola, textura, cor, condições de drenagem do solo e histórico de manejo. Dentro da gleba, 
a variabilidade é menor e permite a estimativa da fertilidade média do solo com um menor 
número de amostras. A figura 23 demonstra a definição de glebas, de acordo com relevo e a 
alocação dos pontos de forma aleatória, num caminhamento em zig-zag. Isso somente é 
possível em áreas menores, normalmente inferior a 10 ha. Em maiores extensões de terra, 
quando as glebas são também maiores, o uso de ferramentas de geoprocessamento é 
imprescindível. A figura 24 demostra o uso de imagem georreferenciada para definição de 
glebas conforme cobertura vegetal e histórico de uso da área e alocação de pontos de coleta 
para localização com auxílio de GPS. 
 
 
 
 
Figura 23. Exemplo de separação de glebas e caminhamento em zigue-zague para coleta das 
amostras simples. 
39 
 
 
Figura 24. Exemplo de separação de glebas com imagem georreferenciada e alocação de 
pontos de coleta para localização com auxílio de GPS. 
 
Por mais uniforme que seja a gleba, haverá, sempre, a variabilidade intrínseca ao solo 
– meso e microvariações. As características químicas, em especial, têm intensa variabilidade 
a curtas distâncias no solo. Para isso são retiradas várias amostras denominadas “amostras 
simples”, cuja mistura homogênea irá formar a “amostra composta” a ser enviada ao 
laboratório. São condições fundamentais que cada amostra simples tenha o mesmo volume de 
solo e a mistura seja o mais homogênea possível. As amostras simples devem ser colocadas 
em recipientes plásticos, para evitar a contaminação com metais, muito bem homogeneizadas, 
obtendo-se então a “amostra composta”. Uma porção de aproximadamente 0,5 dm3 de solo 
deve ser colocada em sacos plásticos ou caixa de papel, identificada e enviada para o 
laboratório para análise. Caso seja necessário o preparo da amostra antes do envio para o 
laboratório, esta deve ser seca a sombra sobre papel e passada sua totalizada por uma peneira 
com malha de 2 mm para obtenção da terra fina seca ao ar (TFSA). 
O número de amostras simples é definido a priori de acordo com as características de 
maior variabilidade. Alguns trabalhos mostram que são necessárias no mínimo 20 a 40 
amostras simples por gleba para representar a média das características do solo. Esse número 
40 
 
deve aumentar à medida que as condições naturais ou o manejo imprimam maior 
variabilidade nas características do solo, tais como plantio direto (pelo não revolvimento do 
solo), aplicação localizada de corretivos e fertilizantes e da decomposição localizada de 
resíduos orgânicos. 
O número de amostras para representar a média de uma característica com variância 
conhecida (CV) pode ser calculado pela seguinte equação: 
n=(t/2 CV/f)
2
 
em que: 
n=número de amostras simples 
t/2=valor tabelado da distribuição t de students 
CV=coeficiente de variação (%) 
f= variação tolerada em torno da média (%) 
 
Exemplo: utilizando os CV para P (100 %) e pH (7 %) no solo da região de Cascavel-PR 
(Quadro 6), e admitindo uma variação de 25 % em torno da média e um valor de t tabelado 
igual 2, tem-se: 
P  n = (2x 100/25)2 = 64 amostras 
pH  n = (2x 7/25)2 = 1 amostra 
Observa-se que um grande número de amostras (64) deveria ser coletado para caracterizar o 
teor de P do solo (maior variabilidade) e, bastaria uma amostra para caracterizar o seu pH 
(menor variabilidade), para um mesmo limite de variação em torno da média. Sabe-se que o 
erro amostral diminui na medida que se aumenta o número de amostra, conforme demostrado 
na figura 25. 
 
Número de amostras simples/compostas
20 40 60 80 100 120
va
ria
çã
o 
do
s 
er
ro
s 
(%
)
0
10
20
30
40
50
 
Figura 25.Variação do erro amostral em função do número de amostras 
 
41 
 
Uma diferenciação importante no método de amostragem ao acaso tem sido verificada em 
sistemas de plantio direto, onde são observadas maiores variabilidades das características do 
solo pela aplicação localizada de fertilizantes e ao não-revolvimento do solo por meio da 
aração e gradagem. Neste caso, tem sido recomendada a coleta não de um único ponto, mas 
de uma faixa ou vários pontos localizados transversalmente à linha de plantio, de modo a 
representar a média da fertilidade entre a linha de plantio (influência direta da adubação 
anterior) e a metade da entrelinha (pouco influenciada pela adubação anterior), conforme 
ilustra a figura 28. 
A adubação de culturas perenes também implicará num procedimento de amostragem 
apropriado. As amostras simples devem ser coletadas na área sob a projeção da copa (figura 
29), onde, usualmente, são feitas as adubações, há maior crescimento de raízes e maior 
influência da queda de resíduos. 
 
 
 
Figura 28. Amostragem em sistema de plantio direto mostrando a coleta transversal na linha 
de adubação. 
42 
 
 
Figura 28. Amostragem de solo em áreas de culturas perenes e arbóreas. 
 
 
Amostragem sistematizada (Agricultura de Precisão) 
Neste método de amostragem considera-se que os teores dos nutrientes no solo apresentam 
variações espaciais, com gradientes de concentração, e, portanto, busca-se conhecer e corrigir 
diferenciadamente a área de plantio. Para a coleta das amostras de forma sistemática são 
definidos grids (quadrados ou retangulares) em um mapa ou imagem georreferenciada, 
conforme ilustra a figura 29. Os pontos de amostragem dentro de cada grid (malha) podem ser 
definidos previamente ou coletados aleatoriamente. O GPS tem sido ferramenta fundamental 
na identificação dos pontos a serem coletados no campo. Com os resultados de análise de solo 
de cada amostra, são confeccionados mapas da fertilidade do solo (Figura 30) e a aplicação de 
corretivos e fertilizantes passa a ser em dose variável. 
O espaçamento dos grids para amostragens de solo é variável. Normalmente são usadas 
espaçamentos de 60 x 60 m a 150 m x 150 m, dependendo da exatidão desejada e dos custos. 
43 
 
A definição de grids, normalmente grandes, e a coleta de apenas um ponto central (Figura 29 
a), ou poucos pontos próximos a este (Figura 29 b), são insuficientes para conhecer de forma 
confiável a média da fertilidade da área considerada. Assim, poderá existir uma imprecisão na 
estimativa da fertilidade média a qual o grid representa. Por outro lado, a definição de grids 
com menor tamanho e a coleta de um número maior de amostra dentro de cada um deles 
aumenta a exatidão do resultado da análise de solo, com boa representatividade (Figura 29 c), 
da mesma forma que aumenta os custos com a coleta e análise de solo. 
 
Figura 29. Amostragem sistematizada de solo em sistema de “agricultura de precisão”. 
Procedimento de amostragem dentro de cada grade a) baixa representatividade; b) não 
satisfatório; c) boa representatividade. 
 
 
Figura 30. Mapa ilustrativo da fertilidade de P do solo. Os teores de P apresentam variações 
espaciais e não aleatório na área. 
 
Ferramentas para coleta de amostras de solo 
Considerando que se busca estimar a fertilidade média e que esta será obtida de uma amostra 
44 
 
composta, todas as amostras simples devem ter o mesmo volume de solo e coletadas na 
mesma profundidade. Isto é conseguido pelo uso de trados ou sondas específicas para 
amostragem de solo (Figura 31), devendo se evitar enxadão ou pá para este fim. 
 
Figura 31. Exemplos de ferramentas utilizadas para amostragem de solo. Tipos de trados da 
esquerda para direita: tipo rosca, calador, holandês, caneco, sonda. No centro: furadeira 
adaptada para coleta de solo e a direita: Quadriciclo adaptado para coleta de solo. 
 
 
 
 
A interdependência entre resultados analíticos, nível crítico, doses, formas de aplicação e 
amostragem é o ponto chave na avaliação da fertilidade do solo. A forma e a dose aplicada 
poderão alterar o procedimento de amostragem, que irá interferir no resultado e no nível 
crítico do nutriente no solo, que por sua vez se relacionam com as doses recomendadas. 
 Assim sendo, a avaliação adequada da fertilidade do solo e, por conseguinte, das 
recomendações de corretivos e fertilizantes advindas do diagnóstico da fertilidade, depende 
essencialmente de criteriosa amostragem. Isto quer dizer que, a partir de uma amostra não-
representativa de um solo, nunca se terá uma adequada estimativa da fertilidade média, por 
mais exato que seja o método de análise e laboratório. 
 
Amostragem de tecido vegetal (folhas) 
 
45 
 
 
A amostragem de tecido vegetal para diagnose nutricional, normalmente folhas, baseia-se na 
premissa de que existe uma relação entre os teores de nutrientes disponíveis no solo e os 
teores de nutrientes na planta, e que, os aumentos ou decréscimos nas concentrações na folha, 
correspondem aos aumentos ou decréscimos nas produtividades da planta, respectivamente. 
A amostragem de folhas para diagnóstico nutricional deve ser feita em talhões, áreas com 
maior homogeneidade dos plantios, em épocas definidas, coletando-se folhas em posições 
específicas. A diagnose nutricional é feita pela comparação dos teores de nutrientes da 
lavoura em diagnóstico com valores de referência, normas (Figura 32). É fundamental que as 
condições de amostragem (época, parte colhida) sejam as mesmas usadas na elaboração das 
normas. No quadro 7 são apresentadas sugestões para coleta de folhas para algumas culturas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
Figura 32. Distribuição da produtividade de lavouras em função da concentração de nutrientes 
na folha. 
 
Discutir a figura 32. “A boa nutrição é condição necessária, mas não 
suficiente à obtenção de altas produtividades” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 7. Recomendação da amostragem para diagnose foliar 
Cultura Tipo de folha Época de amostragem Quantidade/talhão 
homogêneo 
Cana de açúcar Folha + 3, sendo a folha +1 a 
primeira com bainha visível. 
Coletar os 20 cm centrais sem 
a nervura 
4 – 5 meses de idade 20 – 30 folhas 
Milho Folha oposta e abaixo da 
espiga 
Aparecimento da 
inflorescência (cabelo) 
30 folhas 
Soja 3ª folha a partir do ápice na 
haste principal, com pecíolo 
Florescimento 30 folhas 
Feijão Folhas do terço mediano Florescimento 30 folhas 
Café 3º e 4º pares de folhas, a partir 
do ápice de ramos produtivos, 
em altura mediana na planta 
Estádio de chumbinho 100 folhas, 4/planta 
Mamão Folha F, com a primeira flor 
completamente expandida 
Florescimento 18 folhas 
Tomate Pecíolo da folha oposta ao 3º 
cacho. Limbo foliar da folha 
oposta ao 3º cacho 
Florescimento do 3º 
cacho 
40 folhas 
Eucalipto Folhas recém-maduras de 
ramos primários 
Verão - outono 18 folhas 
47 
 
Pastagem Folhas recém-maduras ou 
retiradas de todas as posições 
na parte aérea 
Primavera - verão 30 folhas 
Fonte:5ªaproximação MG,páginas X 
 
ANÁLISE QUÍMICA DE SOLO 
A determinação da quantidade de nutrientes que se encontram no solo em formas disponíveis para as 
plantas é um dos principais objetivos dos estudos de avaliação da fertilidade do solo. 
Mas, o que é o disponível? 
No conceito realístico: É a quantidade do nutriente no solo que é passível de ser absorvida 
pela planta durante o seu ciclo de vida. 
EX: 50 kg/ha de K 400 kg/ha de Ca 2 kg/ha de Zn 
No conceito operacional: É teor do nutriente recuperado(extraído) por um método de 
extração que se correlaciona estreitamente com a quantidade do nutriente absorvido pela 
planta. 
EX: 70 mg dm
-3
 de K 2 cmolc dm
-3
 de Ca
2+
 1 mg dm
-3
 de Zn 
 
A análise química do solo baseia-se no uso de extratores (químicos ou resinas de troca) para 
determinação da quantidade de nutrientes que se encontram no solo em formas disponíveis 
para as plantas. 
O que é um extrator químico para análise de solo? 
 
Solução composta de água e certa concentração de substâncias químicas (ácidos, bases ou 
sais) que extraem quantidades de nutrientes (NH4
+
, NO3-, K
+
, H2PO4
-
, SO4
2-
, Ca
2+
, Mg
2+
, 
Zn
2+
, Cu
2+
, Fe
2+
, H3BO3) da amostra e que apresentem correlação com a quantidade de 
nutriente absorvida e acumulada (conteúdo) pelas plantas. Os extratores também são usados 
para determinar os teores de elementos potencialmente tóxicos para as plantas, como o Al
3+
 e 
os metais pesados. A figura 33 mostra a correlação (r) entre o teor de P no solo e sua absorção 
pela planta (conteúdo) para dois métodos (extratores). O método A indica baixa correlação 
(r=0,31) entre a quantidade extraída pelo extrator e a quantidade do nutriente acumulada na 
planta (método ruim). Ao contrário, o método B indica alta correlação (0,98) e é eficiente 
para predizer a disponibilidade do nutriente (P) no solo. Dessa forma, vários métodos foram 
selecionados e são usados nas análises de solo para fins de fertilidade. 
48 
 
Teor de P no solo (mg dm
-3
)
0 10 20 30 40 50 60
Co
nte
údo
 de
 P 
 (m
g/p
lan
ta)
0
20
40
60
80
100
método A
r=0,31
Teor de P no solo (mg dm
-3
)
0 10 20 30 40 50 60
0
20
40
60
80
100
r=0,98**
método B
 
Figura 33. Correlação entre o teor de P no solo e o conteúdo do nutriente na planta para dois 
métodos de análises. A (extrator ruim) e B (bom extrator) 
 
A correlação assegura que o extrator estime o nutriente disponível mas não estabelece 
critérios para o diagnóstico da disponibilidade. Para isso, são realizados ensaios de calibração 
do método (extrator) para estabelecer critérios de interpretação e definir doses do nutriente. 
Nos ensaios de calibração são definidas curvas de resposta da planta ao aumento da 
disponibilidade do nutriente no solo (Figura 34), que se dá por meio da aplicação doses de 
fertilizantes, e curvas de recuperação do nutriente com o aumento da sua disponibilidade no 
solo (Figura 35). 
 
 
49 
 
Doses de P (kg/ha P

O
5
)
0 80 160 240 320 400
Pr
od
ut
iv
id
ad
e 
da
 s
oj
a 
(k
g/
ha
)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
3200 kg/ha- produção de MEF
2889 kg/ha- produção de MEE
238 kg/ha 357 kg/ha
 
Doses de P (kg/ha P

O
5
)
0 80 160 240 320 400
T
eo
r 
de
 P
 n
o 
so
lo
 (
m
g 
dm
-3
)
0
5
10
15
20
25
30
35
Nível crítico-NC
18 mg dm
-3
238 kg/ha
 
Figura 34. Produtividade de soja em resposta a 
aplicação de doses P. MEF=máxima eficiência 
física e MEE= máxima eficiência econômica 
Figura 35. Teor de P recuperado pelo extrator em 
função das doses aplicada de P. 
 
 
O nível crítico (NC) do nutriente refere-se ao teor do nutriente no solo, extraído por um método, que 
condiciona a produção de máxima eficiência econômica. Nos trabalhos de calibração tem-se atribuído 
que a produção de MEE corresponde a 90 % da produção de MEF. Na prática, a MEE é variável e 
depende da relação de troca dos insumos (fertilizantes) e do produto agrícola. Em situações em que a 
produção está valorizada (preço alto) em relação aos fertilizantes, a produção de MEE poderá ser 
maior que 90% da produção de MEF, muitas vezes pode atingir até 99 % da produção de MEF, como 
demonstrado para o abacaxi (ref). 
A partir do NC, são definidas as classes de disponibilidade do nutriente no solo (Figura 36), 
considerando a produção relativa, assim constituídas: 
 Muito baixa- teor do nutriente no solo com expectativa de se obter menos que 50 % da 
produção de MEF. 
 Baixa- Faixa do teor do nutriente no solo com expectativa de se obter entre 50 e 70 % 
da produção de MEF. 
 Média- Faixa do teor do nutriente no solo com expectativa de se obter entre 70 e 90 % 
da produção de MEF. 
 Alta- Faixa do teor do nutriente no solo com expectativa de se obter entre 90 e 100 % 
da produção de MEF 
 Muito alta- teor no solo que indica boa reserva ou até excesso do nutriente, com 
expectativa de resposta nula à adubação. 
 
Dessa forma, foram elaboradas tabelas com as classes de disponibilidade de nutrientes para a 
interpretação dos resultados de análise de solo. As tabelas de interpretação são encontradas 
nos manuais de adubação de cada estado/região. Nas tabelas também são informados os NCs 
dos nutrientes. Na 5ª aproximação de MG, os NCs correspondem o limite superior da classe 
de disponibilidade média. 
(ver e discutir tabelas de interpretação dos resultados de análise de solo nos manuais) 
50 
 
 
Exercício. Calcular o ponto de máximo da curva (Figura 34) e encontrar o valor de x e y 
correspondentes a 90 % da produção máxima. Calcular o teor de P no solo associado a 90 % y 
máximo, usando a curva de recuperação do extrator (Figura 35). 
 Passo 1. Encontrar o ponto de máxima da 
curva de produção (Figura 34) 
 
Passo 1. Calcular o teor de P no solo 
associada a 90 % Y máximo, usando a curva 
de recuperação do extrator (Figura 35) 
 
Passo 2. Calcular 90 % da produção máxima, 
substituir Y na equação e calcular o valor de 
X para atingir 90 % de Ymáximo: 
 
 
 
 
51 
 
Doses de P (kg/ha P
2
O
5
)
0 80 160 240 320 400
P
ro
d
u
ti
v
id
a
d
e
 r
e
la
ti
v
a
 (
%
)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
muito
baixa baixa média alta muito alta
91 152 238 357
8 12 18 26
Teor de P no solo (mg dm
-3
)
 
Classe Produção 
relativa (%) 
Classe de 
disponibilidade 
(mg dm
-3
 de P) 
 
Muito 
baixa 
<50 <8 
baixa 50-70 8-12 
média 70-90 12-18 
alta 90-100 18-26 
Muito 
alta 
>100 >26 
 
Figura 36. Definição das classes de disponibilidade de P no solo para o método calibrado 
considerando a produção relativa.

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