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RESENHA As Misérias Do Processo Penal - Francesco Carnelutti

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADORUNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR FACULDADE DE DIREITOFACULDADE DE DIREITO
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
DOCENTE: PROFª. THAIZE DE CARVALHO CORREIA
DISCENTE: ANDRÉ RIBEIRO LEITEDISCENTE: ANDRÉ RIBEIRO LEITE
RESENHA “AS MISÉRIAS DORESENHA “AS MISÉRIAS DOPROCESSOPROCESSO PENAL”PENAL” 
FRANCESCO CARNELUTTI
SALVADOR
2012
 
CARNELUTTI, Francesco. As As misérias misérias do do processo processo penal penal . Tradução de José Antônio
Cardinalli. 1ª ed. Campinas: Conan, 1995.
A obra “As misérias do processo penal” de FRANCESCO CARNELUTTI tem como
objetivo definir as mazelas do processo penal, apresentando, de forma detalhada, qual
seria a realidade da persecutio criminis.
Deinício, CARNELUTTI critica o uso da toga. Qual seria a sua função? Seria a de
manter a tradição. Para ele, a toga seria uma espécie de divisa, comparável aquela dos
militares, onde os magistrados e advogados usam apenas em serviço, particularmente
solenes. Para o autor a divisa é “símbolo da autoridade”. 
Para CARNELUTTI, aqueles que exercem a autoridade devem se distinguir
daqueles sobre os quais deverá ser exercida. A toga desune e une. De fato, distancia os
magistrados e advogados dos leigos e, consequentemente, cria-se uma aproximação
entre os magistrados. Podemos simplificar tal contexto através da ilustre afirmação
apresentada pelos sociólogos BAUMAN e MAY.
Nossa capacidade de fazer diferenciações e divisões no mundo inclui a
distinção entre "nós" e "eles". A primeira categoria refere-se a algum grupo a
que sentimos pertencer e que entendemos. A outra, ao contrário, a grupos a
que não temos acesso nem queremos integrar. (BAUMAN; MAY, 2001).
Contextualizando: “Nós” são os magistrados e os advogados – os togados do júri; “eles”
são os leigos, meros sujeitos desprovidos de um conhecimento técnico e filosófico sobre
o direito, do saber jurídico.
A indiferença e o clamor. CARNELUTTI define que a função judiciária está
comprometida por consequência destes opostos. Indiferença pelos processos pequenos,
e clamor pelos processos célebres. Nos primeiros, a toga aparenta ser um instrumento
desnecessário. Nos últimos, uma veste teatral.
CARNELUTTI critica a publicidade do processo penal, a qual é totalmente
desordenada e estragada. Um dos principais causadores seria a própria imprensa, a qual
se envolve de forma negativa, perseguindo o processo. Poucos juízes são severos o
suficiente para reprimir esta desordem.
 
Estabelece as diversas concepções acerca da definição de ser pobre. para uns,
seria a figura do faminto, outros do vagabundo, outros do enfermo. Para CARNELUTTI, o
mais pobre de todos é o encarcerado.
Para CARNELUTTI, as algemas seriam também um símbolo do direito - ainda
mais expressivo até que os seus símbolos convencionais - já que põe a tona o valor do
homem, quem ele seria realmente. a aparente fera percebida no momento do delito,
passa a ser desconsiderada, tornando-se visível a face humana – o ser que é mal, mas
que também é bom - em consequência do uso das algemas. Do horror, portanto, nasce a
compaixão.
CARNELUTTI afirma que é extremamente difícil dividir, de forma clara, os
homens em bons ou maus. Realmente, a cultura humana tende a não perceber um
mínimo resquício de maldade num indivíduo considerado bom, e um mínimo resquício
de bondade naquele indivíduo considerado mal. Basta tratar o delinquente, considerado
antes uma fera, como um homem, para que se possa ser percebida a sua bondade, a qual
deverá ser fortalecida, a todo o momento.
CARNELUTTI descreve que o que atormenta o cliente é a inimizade, uma vez que
esta resulta em sofrimento, ou ao menos, dano como certos males. Da inimizade,
portanto, surge a necessidade de amizade. Daí a necessidade de aliança, forma
elementar de ajuda em momento de guerra, considerada a raiz da advocacia.
A real necessidade do advogado não ser apenas um prestador de serviços
jurídicos, mas também um companheiro do acusado, aquele que “divide o pão”. Na
maioria das vezes, o acusado sente ter a aversão de muitos, ou até de todos. O advogado
deve ser, portanto, o primeiro a dar um suporte emocional, devendo demonstrar
confiança, tomando como linha a moral do advogado. Para BIELSA, “o atributo do
advogado é a sua moral. É o substratum substratum da profissão. A advocacia é um sacerdócio; a
reputação do advogado se mede por seu talento e pel a sua moral” . Num momento de
fragilidade, é com o advogado que o acusado deve estabelecer uma relação de extremo
companheirismo.
Esta atitude – de estar ao lado do acusado, sobre o último degrau da escada - em
muitas situações, não é compreendida por parte das pessoas, inclusive os juristas; há
desmerecimento, humilhação. Mas a experiência do advogado é resultado do último.
 
Colabora, de forma considerável, para a administração da justiça. Sua posição,
entretanto, é ao lado do acusado. Divide-se com o acusado a necessidade de pedir e de
ser julgado.
Muitos acreditam que o término do processo penal se perfaz com a condenação, e
que o término da pena se perfaz com a saída do cárcere; Concepções equivocadas. A
pena é carregada com o condenado até o último dia da sua vida. O processo penal e a
consequente condenação marcam a vida do indivíduo. Como cita LOPES JR. “o processo
 penal representa a retirada da identidade de uma pessoa e a outorga de outra, degradada,
estigmatizada. Em definitivo, o processo penal é uma clara atividade de etiquetamento”. 
A civilização, humanidade, unidade, significam a mesma coisa, pois estas três têm
como fim alcançar a paz humana. A sociedade como um todo tem a concepção de que os
delinquentes são aqueles que afetam esta paz e trazem perturbações à sociedade. Isso
resulta na divisão entre os civilizados, e os incivilizados. Como se procede esta divisão?
O juízo. Este é capaz de realizar esta distinção, através do processo penal, uma vez que
este é um meio estigmatizador.
A ideia, entretanto, de que dentro da penitenciária apenas estão os canalhas e
fora apenas os honestos é mera ilusão. Não existe indivíduo por todo honesto, ou por
todo canalha. Acreditar nisto é extrema ilusão. O homem é capaz de realizar feitos de
extrema altruística, como também das mais reprováveis.
Conclui-se que o direito, se fosse construído e manobrado da melhor forma
possível, poderia obter o respeito entre os homens.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUMAN, Zygmunt; MAY, Tim. Observação e sustentação de nossas vidas. In: ____________.
 Aprendendo Aprendendo a a pensar pensar com com a a SociologiaSociologia. Tradução de Alexandre Werneck. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2001. p. 54
BIELSA apud NALINI, José Roberto. A ética do advogado. In: __________. Ética Geral eÉtica Geral e
ProfissionalProfissional. 4ª ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004. 
CARNELUTTI, Francesco. As As misérias misérias do do processo processo penal penal . Tradução de José Antônio
Cardinalli. 1ª ed. Campinas: Conan, 1995.
LOPES JR., Aury. Sistemas de Investigação preliminar. In: __________.Direito ProcessualDireito Processual
Penal e a sua conformidade constitucionalPenal e a sua conformidade constitucional.9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 273

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