Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
RELATÓRIO 
UNIDADE 1 – PROBLEMA 1 
“NADA SERÁ COMO ANTES” 
 
 
Tutor: Dr. Manoel Carlos Oliveira e Rezende 
Relatora: Lia Lara Martins Vieira de Carvalho 
Acadêmicos: Amanda Gabrielly Magalhães Miranda 
Ana Carolina Rizzato 
Catherine C de Freitas Soares 
Fabiana Ferreira Rodrigues 
Isadora Godoy Brambilla Bezzan 
Júlia Vilela Rezende 
Lia Lara Martins Vieira de Carvalho 
Moniz Francisco de Paiva Neto 
Revaldo Afonso Silva Júnior 
Sabrina Enzo Alves e Lacerda 
Wanduil Lucas Takagi Frazão 
 
 
Mineiros – GO 
2018/2 
 
2 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
No presente relatório foi explanado o ciclo celular com seus pontos de regulação 
relacionados as neoplasias, e também o desenvolvimento do câncer de colo de útero no 
organismo, como seu diagnóstico, tratamento, acompanhamento e epidemiologia. 
2 OBJETIVO GERAL 
Descrever o ciclo celular, seus pontos de regulação e relação com desenvolvimento de 
neoplasias. 
3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
3.1 DESCREVER O CICLO CELULAR E SEUS PONTOS DE REGULAÇÃO. 
O ciclo celular é dividido em quatro fases principais: fase M (mitose), fase G1 (período 
entre a mitose e a iniciação da replicação de DNA), fase S (síntese de DNA) e fase G2 (período 
entre a conclusão da síntese de DNA e a mitose). As células pós-mitóticas podem “sair” do 
ciclo celular e entrar na assim chamada fase G0, permanecendo nela por dias, semanas ou 
mesmo pelo restante de sua vida, sem proliferar mais. A duração do ciclo celular pode ser 
altamente variável, embora a maioria das células humanas o complete dentro de 24h. 
Durante o ciclo típico, a mitose dura cerca de 30 a 60 min; a fase G1, de 7 a 10h; a fase 
S, 10h, e a fase G2, 5h. em relação ao ciclo celular há três subpopulações de células. 
1. Células terminalmente diferenciadas não podem reentrar no ciclo celular 
2. Células quiescentes (G0) podem entrar no ciclo celular desde que estimuladas de 
maneira apropriada 
3. Células em divisão estão, neste momento, no ciclo celular. 
As hemácias, células musculares estriadas, células musculares lisas uterinas e células 
nervosas são terminalmente diferenciadas. Outras células, como os fibroblastos, saem da fase 
G1 para a G0 e são consideradas como estando fora do ciclo celular. Tais células entram no ciclo 
celular em seguida à exposição a estímulos específicos, como fatores de crescimento e 
hormônios esteroides. Células em divisão são encontradas no sistema gastrintestinal, na pele e 
na cérvice uterina. 
3 
 
 
 
Figura 1: retirada do Robbins. 
Fase G1 
Em resposta a estímulos externos específicos, as células entram no ciclo celular ao 
passarem da fase G0 para a G1. Os processos durante a fase G1 levam à síntese de enzimas e 
proteínas regulatórias necessárias à síntese de DNA durante a fase S, e são regulados, em 
especial, pelos complexos ciclina-quinase dependentes de ciclina da fase G1 (G1CdkC). 
Complexos G1CdkC induzem à degradação de inibidores da fase S na fase G1 tardia. A liberação 
do complexo CdkC da fase S subsequentemente estimula a entrada na fase S. Variações na 
duração da fase G1 do ciclo celular, de menos de 8h a mais de 100h, são responsáveis pelos 
tempos de geração exibidos pelos diferentes tipos de células. 
Fase S 
O conteúdo de DNA nuclear da célula está duplicado durante a fase S do ciclo celular. 
O complexo CdkC da fase S ativa proteínas dos complexos de pré-replicação do DNA, os quais 
são montados nas origens de replicação de DNA, durante a fase G1. O complexo de pré-
replicação ativa a iniciação da replicação do DNA e inibe a montagem de novos complexos de 
pré-replicação. Tal inibição assegura que cada cromossomo seja replicado apenas uma vez 
durante a fase S. 
 Fase G2 
4 
 
 
 As sínteses de RNA e proteína ocorrem durante a fase G2 do ciclo celular. O 
rápido surgimento de atividade biossintética fornece os substratos e as enzimas que atendem às 
necessidades metabólicas de duas células-filhas. Outro evento importante durante a fase G2 do 
ciclo celular é o reparo de erros da replicação do DNA que podem ter sido ocasionados durante 
a fase S. 
 Fase M 
 A divisão nuclear e cromossômica é ocasionada durante a mitose ou fase M, 
quando o DNA celular é distribuído de igual modo a cada uma das células-filhas. A mitose 
fornece complemento diploide de DNA (2n) a cada célula-filha somática. Em seguida à mitose, 
células somáticas humanas contêm DNA diploide, refletindo um cariótipo que inclui 44 
cromossomos autossômicos e um complemento de cromossomos sexuais XX ou XY. Exceções 
ao conteúdo celular diploide incluem os hepatócitos (4n) e o sincício funcional da placenta. 
A mitose é dividida em prófase, metáfase, anáfase e telófase. Os complexos CdkC 
mitóticos induzem a condensação cromossômica durante a prófase, a montagem do aparato do 
fuso mitótico e o alinhamento dos cromossomos durante a metáfase. A ativação do complexo 
promotor da anáfase (CPA) leva à inativação de complexos de proteína que conectam 
cromátides-irmãs durante a metáfase, possibilitando o início da anáfase. Durante a anáfase, 
cromátides-irmãs se segregam para polos opostos do fuso. 
O envelope nuclear se parte em múltiplas vesículas pequenas no início da mitose e é 
reconstruído ao redor dos cromossomos segregados enquanto eles se descondensam durante a 
telófase. A citocinese é o processo de divisão do citoplasma que segrega o reticulo 
endoplasmático e o aparelho de Golgi durante a mitose. Após o término da mitose, as células 
entram na fase G1, podendo reentrar no ciclo celular ou permanecer em G0. 
CONTROLE GENÉTICO DO CICLO CELULAR 
A proliferação celular deve ocorrer para equilibrar a perda de células normais e manter 
a integridade de tecidos e órgãos. Esse processo requer a expressão coordenada de muitos genes 
em períodos determinados durante o ciclo celular. Na ausência de fatores de crescimento, essas 
células quiescentes ultrapassam o chamado ponto de restrição, de 14 a 16h mais tarde, e entram 
na fase S em 6 a 8h a partir daí. 
5 
 
 
O ponto de restrição ou limite G1/S identifica o momento a partir do qual a célula se 
compromete a proliferar. O segundo ponto de controle é o limite G2/M, que identifica o 
momento no qual o reparo de qualquer dano ao DNA deve ser completado. Para que se conclua 
com sucesso o ciclo celular, vários genes do ciclo de divisão celular (CDC) são ativados. 
GENES DO CICLO DE DIVISÃO CELULAR 
Dentre os fatores que regulam os pontos de controle do ciclo celular, proteínas 
codificadas por genes da família CDC2 e proteínas ciclinas parecem desempenhar papeis 
importantes. Células mamíferas estimuladas por fatores de crescimento expressam resposta 
precoce e resposta tardia, dependendo da sequência cronológica do aparecimento de RNA 
específicos. 
Genes de resposta precoce e tardia agem como fatores de transcrição nuclear e 
estimulam a expressão de uma cascata de outros genes. Genes de resposta rápida, como o C-
Jun e o C-Fos, intensificam a transcrição de genes de resposta tardia, como os E2F. Os fatores 
de transcrição de E2F, além de necessários à expressão de vários genes de ciclo celular, são 
regulados, do ponto de vista funcional, pela proteína de retinoblastoma (Rb). 
A ligação de Rb a E2F de um ativador transcricional em repressor da transcrição. A 
fosforilação de Rb inibe sua função repressora e possibilita a ativação mediada por E2F de 
genes necessários à fase S. Complexos Cdk4-ciclina D, Cdk6-ciclina D e Cdk2-ciclina E 
causam fosforilação de Rb, que permanece fosforilado ao longo das fases S, G2, e M do ciclo 
celular. 
Após o termino da mitose, o declínio do nível de Cdk-ciclinas leva à desfosforilação de 
Rb por fosfatases e, consequentemente,à inibição de E2F no início da fase G1. 
Enquanto as células aproximam-se da transição de fase G1-S a síntese de ciclina A é 
indicada. O complexo Cdk2-ciclina A pode levar à iniciação da síntese de DNA, auxiliando o 
complexo pré-replicação. A proteína p34 cdc2 e ciclinas especificas formam um heterodímero 
complexo referido como fator de promoção da mitose (FPM), que catalisa a fosforilação 
proteica e força a célula à mitose. Cdk1 une-se à ciclina A e à ciclina B na fase G2, promovendo 
a atividade do FPM. A mitose é iniciada pela ativação do gene cdc no ponto de controle G2-M. 
6 
 
 
Uma vez que o ponto de controle G2-M tenha saído superado, a célula sofre mitose. Na 
presença de cromossomos replicados de maneira anormal, não ocorre a progressão para além 
do ponto de controle G2-M. 
O gene supressor de tumor p53 participa no controle do ciclo celular. As células 
expostas à terapia por radiação exibem estagnação na fase S, que é acompanhada por elevação 
na expressão de p53. Esse atraso possibilita o reparo de dano ao DNA induzido por radiação. 
Na presença de mutações no p53, não há estagnação na fase S, que, na maioria dos casos, segue 
à terapia por radiação. O tipo selvagem do gene p53 pode ser inativado pela proteína E6 do 
papiloma vírus humano (HPV), impedindo estagnação na fase S em resposta ao dano ao DNA. 
3.2 DESCREVER O MECANISMO DE INFECÇÃO CELULAR DO HPV. 
O vírus infecta as células da camada basal do epitélio escamoso do colo do útero. Neste 
momento, os genes E1, E2, E6, E7 estão em baixo nível de expressão, apenas para manutenção 
viral. Assim, alguns autores dividem a infecção pelo HPV em cinco partes: 1. Infecção, 2. 
Manutenção do genoma, 3. Fase proliferativa, 4. Amplificação genômica, 5. Síntese e liberação 
de novos vírus. Assim, a amplificação do genoma é regulada pelos genes E1, E2, E4 e E5, sendo 
que as montagens dessas partículas ocorrem na região media e superior do epitélio escamoso. 
Mais tarde, os genes L1 e L2 codificam proteínas para o capsídeo viral. Já a montagem do vírus 
e o encapsulamento do DNA ocorrem na camada superficial do epitélio. Por fim, os vírus são 
liberados na superfície sem lise celular. 
As células cancerígenas surgem pela perda da regulação do ciclo celular, fazendo a 
integração do genoma viral ao da célula hospedeira. Nesse processo, o vírus perde os genes E4 
e E2 os quais exercem função na transcrição. Em consequência há expressão dos genes E6 e 
E7, incapacitando que o ciclo viral do HPV continue. Isso causa perda da estrutura do tecido, 
com perda de polaridade e incapacidade de completar o ciclo viral, diferenciando o grau de 
lesão de baixo grau NIC 1 (neoplasia intraepitelial cervical 1) e alto grau NIC 2 e 3. 
3.3 COMPREENDER AS CLASSIFICAÇÕES DAS NEOPLASIAS. 
Neoplasia literalmente significa “novo crescimento”. Diz-se que células neoplásicas são 
transformadas porque continuam a se replicar, aparentemente “desatentas” às influências 
regulatórias que controlam o crescimento celular normal. As neoplasias, portanto, desfrutam de 
certo grau de autonomia e tendem a aumentar de tamanho independentemente de seu ambiente 
7 
 
 
local. Sua autonomia, porém, não é absolutamente completa. Algumas neoplasias requerem 
suporte endócrino, e tais dependências algumas vezes podem ser exploradas terapeuticamente. 
Todas as neoplasias dependem do hospedeiro para sua nutrição e suprimento sanguíneo. 
No uso médico comum, geralmente uma neoplasia é referida como tumor, e o estudo 
dos tumores é chamado de oncologia (de oncos, “tumor”, e logos, “estudo de”). Entre os 
tumores, a divisão de neoplasias em categorias benigna e maligna baseia-se no julgamento do 
comportamento clínico potencial de um tumor. 
Diz-se que um tumor é benigno quando suas características micro e macroscópicas são 
consideradas relativamente inocentes, indicando que permanecerá localizado, e é tratável com 
a remoção cirúrgica; geralmente o paciente sobrevive. Note-se, porém, que os tumores benignos 
podem produzir mais do que massas localizadas e, algumas vezes, são responsáveis por doença 
grave. 
Os tumores malignos são coletivamente referidos como cânceres, termo derivado da 
palavra em latim “caranguejo” — ou seja, eles aderem a qualquer parte onde se agarram e de 
maneira obstinada, semelhante ao comportamento do caranguejo. O termo maligno aplica-se a 
uma neoplasia indicando que a lesão pode invadir e destruir estruturas adjacentes e disseminar-
se para locais distantes (metástases) para causar morte. Nem todos os cânceres prosseguem em 
um curso tão mortal. Os mais agressivos também são alguns dos mais curáveis, mas a 
designação maligno constitui uma bandeira vermelha. 
Tumores Benignos 
Em geral, a designação dos tumores benignos é feita acrescentando-se o sufixo -oma ao 
tipo celular do qual eles surgem. Um tumor benigno que surge em tecido fibroso é um fibroma; 
um tumor benigno cartilaginoso é um condroma. A nomenclatura dos tumores epiteliais 
benignos é mais complexa. Eles são classificados, algumas vezes, com base em seu padrão 
microscópico e, em outras ocasiões, com base em seu padrão macroscópico. Outros são 
classificados por suas células de origem. 
Por exemplo, o termo adenoma é aplicado geralmente a neoplasias benignas epiteliais, 
que produzem padrões glandulares, e a neoplasias derivadas de glândulas, mas que não mostram 
necessariamente padrões glandulares. Uma neoplasia epitelial benigna que surge das células 
tubulares renais e cresce em padrões do tipo glandular é denominada adenoma, como também 
8 
 
 
é uma massa de células epiteliais benignas que não produz padrões glandulares, mas tem sua 
origem no córtex suprarrenal. Os papilomas são neoplasias epiteliais benignas, que crescem em 
qualquer superfície, produzem frondes micro ou macroscópicas semelhantes a dedos. Um 
pólipo é uma massa que se projeta acima de uma superfície mucosa, como no intestino, para 
formar uma estrutura macroscopicamente visível. Embora seja um termo usado com frequência 
para tumores benignos, alguns tumores malignos também podem crescer como pólipos, 
enquanto outros pólipos (como os pólipos nasais) não são neoplásicos, mas têm origem 
inflamatória. Cistadenomas são massas císticas ocas que surgem tipicamente no ovário. 
Tumores Malignos 
A nomenclatura dos tumores malignos segue essencialmente a dos tumores benignos, 
com certos acréscimos e exceções. 
Neoplasias malignas que surgem em tecidos mesenquimais “sólidos” ou seus derivados 
são chamadas de sarcomas, enquanto aquelas surgidas de células mesenquimais sanguíneas são 
chamadas de leucemias ou linfomas. Os sarcomas são designados pelo tipo celular de que são 
compostos, que é presumivelmente sua célula de origem. Assim, um câncer com origem no 
tecido fibroso é um fibrossarcoma, enquanto uma neoplasia maligna composta por condrócitos 
é um condrossarcoma. 
Embora os epitélios do corpo derivem das três camadas germinativas, as neoplasias 
malignas das células epiteliais são chamadas de carcinomas, independentemente do tecido de 
origem. Assim, uma neoplasia maligna que surge no epitélio tubular renal (mesoderma) é um 
carcinoma, como o são os cânceres que surgem na pele (ectoderma) e no epitélio do 
revestimento intestinal (endoderma). Além disso, o mesoderma pode dar origem a carcinomas 
(epiteliais), sarcomas (mesenquimais) e tumores hematolinfoides (leucemias e linfomas). 
Os carcinomas são ainda mais subdivididos. Os carcinomas que crescem em padrão 
glandular são chamados de adenocarcinoma. 
Teratoma é um tipo especial de tumor misto que contém células maduras ou imaturas 
reconhecíveis ou tecidos representativos de mais de uma camada de células germinativas e, 
algumas vezes, de três. Os teratomasoriginam-se de células germinativas totipotentes, como 
aquelas anormalmente presentes em restos embrionários sequestrados da linha média. As 
células germinativas têm capacidade de se diferenciar em quaisquer tipos celulares no corpo 
9 
 
 
adulto; portanto, não surpreende que possam dar origem a neoplasias que simulam, de maneira 
confusa, porções de osso, epitélio, músculo, gordura, nervo e outros tecidos. 
Por seguinte, o estadiamento descreve aspectos do câncer, como localização, se 
disseminou, e se está afetando as funções de outros órgãos do corpo. Conhecer o estágio do 
tumor ajuda na definição do tipo de tratamento e a prever o prognóstico do paciente. Um sistema 
de estadiamento é a maneira simplificada para que todos os membros de uma equipe 
multidisciplinar entendam de imediato a extensão da doença. Os dois sistemas utilizados para 
o estadiamento da maioria dos tipos de câncer do colo de útero, o sistema FIGO 
(InternationalFederationofGynecologyandObstetrics) e o sistema TNM da AJCC (American 
Joint CommitteeonCancer) são muito semelhantes. O sistema FIGO é baseado principalmente 
nos resultados do exame clínico e em alguns exames, como cistoscopia e proctoscopia, não 
sendo baseado em resultados cirúrgicos. 
O sistema TNM da AJCC classifica o câncer de colo do útero com base em 3 fatores: 
• T: Indica o tamanho do tumor primário e se disseminou para outras áreas. 
• N: Descreve se existe disseminação da doença para os linfonodos regionais ou 
se há evidência de metástases em trânsito. 
• M: Indica se existe presença de metástase em outras partes do corpo. 
Tumor: Pelo sistema TNM, o T acompanhado de um número (0 a 4) é usado para 
descrever o tumor primário, particularmente o seu tamanho. Pode também ser atribuída uma 
letra minúscula "a" ou "b" com base na ulceração e taxa mitótica. 
Tumor Primário (T) 
• Tis: Carcinoma in situ. 
• Tx: tumor não pode ser identificado. 
• T1: As células cancerosas cresceram a partir da camada mais superficial do colo 
do útero em direção a tecidos profundos do próprio órgão. 
10 
 
 
• T2: Neste estágio, o tumor cresceu além do colo do útero, mas não se disseminou 
para as paredes da pelve ou parte inferior da vagina. O câncer pode ter crescido para a parte 
superior da vagina. 
• T3: O câncer se disseminou para a parte inferior da vagina ou paredes da pelve; 
e, pode estar bloqueando os ureteres. 
• T4: O câncer se disseminou para a bexiga ou reto ou está se desenvolvendo para 
fora da pelve 
Linfonodo: O N no sistema TNM representa os linfonodos regionais, e também é 
atribuído a ele um número, que indica se a doença disseminou para os gânglios linfáticos. 
Linfonodos Regionais (N) 
• NX: Os linfonodos próximos não podem ser avaliados. 
• N0: Não disseminou para os linfonodos próximos. 
• N1: O câncer disseminou para os linfonodos vizinhos. 
Metástase: O M no sistema TNM indica se a doença se espalhou para outras partes do 
corpo. 
Metástase à Distância (M) 
• M0: O câncer não disseminou para os linfonodos, órgãos ou tecidos distantes. 
• M1: O câncer se disseminou para órgãos distantes (como os pulmões ou fígado), 
gânglios linfáticos do tórax e para o peritônio. 
O quadro a seguir expõe as nomenclaturas citopatológica e histopatológica utilizadas 
desde o início da realização do exame citopatológico para o diagnóstico das lesões cervicais 
escamosas e suas equivalências (Quadro 1). A nomenclatura dos exames citopatológicos 
utilizada no Brasil (INCA, 2006) foi baseada no Sistema Bethesda (2001) e, para os exames 
histopatológicos, é utilizada a nomenclatura de Richart (1965; 1967). As nomenclaturas de 
Papanicolaou, que utilizam classes numéricas, e da Organização Mundial da Saúde (OMS), que 
usam o termo displasia, não devem ser mais usadas, pois diferenciam indevidamente graus de 
11 
 
 
doença pré-invasiva. Para uma descrição completa das categorias diagnósticas atualmente 
utilizadas no Brasil, recomenda-se a consulta à Nomenclatura Brasileira para Laudos Cervicais 
e Condutas Preconizadas (INCA, 2006). 
Quadro 1 – Nomenclaturas citopatológica e histopatológica utilizadas desde o início da 
realização do exame citopatológico para o diagnóstico das lesões cervicais escamosas e suas 
equivalências. 
 
3.4 COMPREENDER A FISIOPATOLOGIA, DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E 
ACOMPANHAMENTO DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO. 
FISIOPATOLOGIA 
Os HPVs infectam as células basais imaturas do epitélio escamoso em áreas de ruptura 
epitelial ou células escamosas metaplásicas imaturas presentes na junção escamocolunares. Os 
HPVs não infectam células superficiais escamosas maduras que recobrem a ectocérvice, a 
vagina e a vulva. O estabelecimento da infecção por HPV nesses locais requer lesão do epitélio 
superficial, permitindo o acesso do vírus às células imaturas da camada basal do epitélio. O 
colo uterino, com suas áreas relativamente grandes de epitélio escamoso metaplásico imaturo, 
é particularmente vulnerável a infecção por HPV, quando comparado, por exemplo com a pele 
e a mucosa da vulva, que são recobertos por células escamosas maduras. 
A capacidade de o HPV agir como carcinógeno depende das proteínas virais E6 e E7, 
que interferem na atividade das proteínas supressoras de tumores, que regulam o crescimento e 
12 
 
 
a sobrevivência das células. Embora o HPV infecte as células escamosas imaturas, a replicação 
viral ocorre a maturação das células mais maduras são obtidas na fase G1 do ciclo celular, mas 
elas continuam a progredir ativamente através do ciclo celular ao serem infectadas com o HPV, 
que usa a maquinaria de síntese de DNA da célula hospedeira para replicar com seu próprio 
genoma. Desse modo, a proteína viral E7 se liga à forma hipofosforilada do RB e promove sua 
degradação através da via do proteossomo, e também se liga e inibe o p21 e p27, dois inibidores 
de cinase dependentes de ciclina. A remoção desses controles não somente aumenta a 
progressão do ciclo celular, mas também atrapalha a capacidade das células de reparar o dano 
ao DNA. Esse defeito na reparação do DNA é exacerbado pelas proteínas E6 dos subtipos de 
alto risco ao HPV, que se ligam à proteínas supressora de tumores p53 e promovem sua 
degradação pelo proteossomo. Além disso, a E6 aumenta a expressão da tolomerase, que leva 
à imortalização celular. O efeito prático é o aumento da proliferação celular com propensão de 
adquirir mutações que podem resultar no desenvolvimento de câncer. Em contraste com os 
HPVs de alto risco, as proteínas E7 com baixo risco de HPV se ligam ao RB com baixa 
afinidade, enquanto as proteínas E6 de HPV de baixo risco não conseguem se ligar 
completamente à p53 e parecem desregular o crescimento e sobrevida ao interferir com a 
sinalização Notch. 
Outro fator que contribui para a transformação maligna pelo HPV é o estado físico do 
vírus. O DNA viral está integrado no genoma da célula hospedeira na maioria dos cânceres. 
Essa configuração aumenta a expressão dos genes E6 e E7, e também pode desregular os 
oncogenes próximos aos locais de inserção viral, com o MYC. Em contraste o DNA viral é 
extracromossômico nas lesões precursoras associadas com os HPVs de alto risco nos 
condilomas associados com HPVs de baixo risco. 
Ainda que o HPV tenha sido estabelecido firmemente como uma causa de câncer 
cervical, não é suficiente para causar câncer. Dessa forma, outros fatores como a exposição a 
cocarcinógenos e o estado imune do hospedeiro influenciam se uma infecção por HPV regride 
ou persiste, e, enfim, evolui para um câncer. 
DIAGNÓSTICO 
• Biopsia Colposcópica 
As biopsias são realizadas sob orientação colposcópica, após localização das áreas de 
maior anormalidade. Recomenda-se que várias biopsiassejam realizadas nas diversas áreas 
13 
 
 
anormais. Geralmente a hemostase aparece de modo espontâneo. Por vezes uma hemorragia 
maior pode exigir compressão, aplicação de solução de Monsel, ou ainda utilização de coagulação 
diatérmica (nestes casos após anestesia local). 
Quando é difícil obter uma biopsia adequada com pinça, a técnica preferida é uma excisão 
limitada com ansa diatérmica. 
• Teste do Ácido Acético 
É a parte fundamental do exame colposcópico. Consiste na aplicação de ácido acético a 
3 ou 5% no cérvix. O ácido acético a 5% tem um efeito mais rápido, mas algumas vezes causa 
sensação de ardência. Esta aplicação não afeta o epitélio escamoso normal, que continua de 
aspecto liso e coloração rosada. No entanto, no epitélio glandular faz aparecer com nitidez as suas 
vilosidades, com aparência em cacho e com discreto esbranquiçado. Entre o epitélio escamoso e 
o cilíndrico aparece uma área de junção, que apresenta um transitório bordo esbranquiçado. Uma 
reação acetobranca também ocorre quando o epitélio escamoso é anormal. O ácido acético 
provoca edema dos tecidos e coagulação superficial das proteínas intracelulares, reduzindo a 
transparência do epitélio. O branqueamento geralmente ocorre passado cerca de um minuto e 
desaparece entre um e dois minutos. Pode ser reproduzido pela aplicação de ácido acético. A sua 
duração e intensidade aumentam com o grau de atipia celular, devido a uma alta concentração 
nuclear e de filamentos queratínicos. A sua tonalidade aumenta com a gravidade das anormalida- 
des epiteliais, indo desde o branco brilhante ao branco opaco acinzentado (muitas vezes descrito 
como branco-ostra). 
O exame colposcópico completo requer a observação do epitélio escamoso original, 
toda a ZT, a junção escamocolunar, e parte do epitélio glandular. A localização da junção 
escamocolunar é o passo diagnóstico mais importante na interpretação colposcópica. Sempre que 
esta seja inteiramente visível e consequentemente toda a ZT, a colposcopia é satisfatória. Quando a 
junção escamocolunar não é visível, ou é visível apenas uma parte (p. ex. caso o limite interno ou 
endocervical dum epitélio escamoso normal ou atípico não seja observável), a colposcopia é 
insatisfatória. 
• Teste de Schiller 
Consiste na aplicação de Lugol (solução iodada a 1%, formada por 2 g de iodo e 4 g de 
iodeto de potássio, diluídos em 200 ml de água destilada). Provoca uma coloração acastanhada 
14 
 
 
escura do epitélio escamoso normal. A intensidade da coloração é proporcional à concentração 
em glicogênio das camadas superficiais da mucosa. A solução de Lugol cora o epitélio escamoso 
maduro, mas não cora as células com pouco ou nenhum glicogênio (p. ex. epitélio escamoso 
atrófico, imaturo, displásico, epitélio glandular, áreas ulceradas sem cobertura por epitélio 
escamoso). A coloração é transitória e desaparece ao fim de 10 minutos. 
O teste de Schiller não é um teste específico. São comuns os falsos positivos e falsos 
negativos. Apesar de tudo, é um bom método para demarcar áreas anormais, particularmente 
quando o colo vai ser submetido a um ato terapêutico. 
TRATAMENTO 
Entre os tratamentos mais comuns para o câncer do colo do útero estão a cirurgia e a 
radioterapia. O tipo de tratamento dependerá do estadiamento da doença, tamanho do tumor e 
fatores pessoais, como idade e desejo de ter filhos. 
Há vantagens no uso da cirurgia em lugar da radioterapia, sobretudo em mulheres 
jovens, nas quais é importante preservar os ovários. Até 8% das pacientes submetidas à 
radioterapia têm problemas vesicais e intestinais crônicos que exigem intervenção clínica ou 
cirúrgica. 
 Em geral, a histerectomia radical é reservada para mulheres em boas condições 
físicas. A idade cronológica avançada não deve ser um impedimento. Com os avanços da 
anestesia, as pacientes idosas resistem à cirurgia radical quase tão bem quanto pacientes jovens 
correspondentes. Não convém operar lesões com diâmetro acima de 4 em, porque será 
necessária a realização de radioterapia pós-operatória. selecionadas dessa maneira, a taxa de 
fístulas urinárias é menor que 2%, e a taxa de mortalidade operatória é menor que 1%. 
 Caso haja necessidade de radioterapia, a transposição dos ovários para fora do 
campo planejado de radioterapia pode preservar a função ovariana. Embora a transposição 
ofereça proteção, estudos sugerem que a função ovariana normal é preservada em menos de 
50% das pacientes. 
ACOMPANHAMENTO 
São solicitados conforme indicações individualizadas. 
15 
 
 
• Exame físico geral. 
• Exame ginecológico, inclusive especular, com coleta de material para exame 
citopatológico. 
• Toques retal e vaginal. 
• Exames laboratoriais e de imagens (RX de tórax, US abdômino-pélvica, TC abdominal 
e pélvica, de acordo com a indicação clínica). Tempo de seguimento: Varia de acordo com o 
tratamento efetuado: 
• Pacientes submetidas à histerectomia total abdominal dos tipos I e II - revisão de 6 em 
6 meses, durante 2 anos, seguindo-se de controle anual, até completar 5 anos, quando é dada 
alta. 
• Pacientes submetidas à histerectomia total abdominal do tipo III, com ou sem RT 
complementar - revisão a cada 6 meses, durante 2 anos, e, depois, anual até 5 anos, quando é 
dada alta. 
• Pacientes submetidas à RT - revisão em 3 meses, seguindo-se de controle a cada 6 
meses, durante 2 anos. Posteriormente, revisão anual até completar 5 anos. 
3.5 DESCREVER A EPIDEMIOLOGIA DO HPV E CÂNCER DE COLO DE ÚTERO. 
Para o Brasil, estimam-se 16.370 casos novos de câncer do colo do útero para cada ano 
do biênio 2018-2019, com um risco estimado de 15,43 casos a cada 100 mil mulheres, ocupando 
a terceira posição5 (Tabela 1). Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer do 
colo do útero é o primeiro mais incidente na Região Norte (25,62/100 mil). Nas Regiões 
Nordeste (20,47/100 mil) e Centro-Oeste (18,32/100 mil), ocupa a segunda posição mais 
frequente; enquanto, nas Regiões Sul (14,07/100 mil) e Sudeste (9,97/100 mil), ocupa a quarta 
posição. 
O câncer do colo do útero ocupa o sétimo lugar no ranking mundial, sendo o quarto tipo 
mais comum na população feminina. Em 2012, para o mundo, estimaram-se 528 mil casos 
novos com uma taxa de incidência de 14/100 mil mulheres e 266 mil mortes por essa neoplasia, 
correspondendo a 7,5% de todas as mortes por câncer em mulheres. Em termos globais, a 
maioria dos casos (70%) ocorre em áreas com menores níveis de desenvolvimento humano. 
Quase nove de cada dez óbitos por câncer do colo do útero ocorrem em Regiões menos 
16 
 
 
desenvolvidas, onde o risco de morrer de câncer cervical antes dos 75 anos é três vezes maior 
(FERLAY et al., 2013). 
As taxas de incidência variam de Região para Região e de país para país, indo de 9,9/100 
mil nas Regiões mais desenvolvidas para 15,7/100 mil nas áreas menos desenvolvidas. Em 
relação às taxas de mortalidade, a variação ocorre de 3,3/100 mil para 8,3/100 mil. Constituem 
Regiões de maior risco a África Oriental (42,7/100 mil), Melanésia (33,3/100 mil), Sul 
(31,5/100 mil) e África do Norte (30,6/100 mil). As Regiões que possuem as menores 
incidências são a Austrália/Nova Zelândia (5,5/100 mil) e a Ásia Ocidental (4,4/100 mil). A 
mortalidade apresenta uma variação maior, de 2/100 mil na Ásia Ocidental, Europa Ocidental 
e Austrália/Nova Zelândia, para acima de 20/100 mil na Malásia, África Central e África 
Oriental (FERLAY et al., 2016). Em 2015, no Brasil, ocorreram 5.727 óbitos por câncer do 
colo do útero (BRASIL, 2017). 
Apesar do aumento no número anual de casos, o câncer cervical saiu do ranking de 
segunda neoplasia mais incidente no mundo, em 1975, para o sétimo lugar, em 2012.Essa 
contradição se deve à redução da incidência nos países em processo de desenvolvimento 
econômico nas últimas décadas, e também pela implantação e implementação de programas de 
prevenção e controle efetivos, como no caso do Brasil. Por outro lado, as taxas estão 
aumentando em países classificados como de maior desenvolvimento humano, como a Europa 
Oriental, o que pode ser à custa das recentes mudanças no comportamento sexual, que elevam 
o risco de infecção pelo papilomavírus humano (HPV) (STEWART; WILD, 2014). Nos 
Estados Unidos, a diminuição na incidência do colo do útero é atribuída, principalmente, ao 
rastreamento por meio do exame Papanicolaou, entretanto as estatísticas apontam uma maior 
incidência e mortalidade em mulheres negras e maior sobrevida em mulheres brancas 
(AMERICAN CANCER SOCIETY, 2017a). 
Há diversos fatores envolvidos na etiologia do câncer do colo do útero, mas as infecções 
persistentes pelo HPV são o principal deles. Entre seus 13 tipos oncogênicos, o HPV16 e 
HPV18 são os mais comumente relacionados com o aparecimento da doença. Nesse sentido, o 
início de atividade sexual com pouca idade, que aumenta a exposição ao risco de infecção por 
HPV, além da imunossupressão, a multiparidade (ter muitos filhos), o tabagismo e o uso 
prolongado de contraceptivos orais (estrogênio) são fatores associados ao desenvolvimento do 
câncer cervical (STEWART; WILD, 2014). 
3.6 DESCREVER AS FORMAS DE PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO DE 
ÚTERO E SEU DIAGNÓSTICO PRECOCE. 
17 
 
 
A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco 
de contágio pelo papilomavírus humano (HPV). A transmissão da infecção pelo HPV ocorre 
por via sexual, presumidamente através de abrasões microscópicas na mucosa ou na pele da 
região anogenital. Consequentemente, o uso de preservativos (camisinha) durante a relação 
sexual com penetração protege parcialmente do contágio pelo HPV, que também pode ocorrer 
através do contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal. 
O Ministério da Saúde programou no calendário vacinal, em 2014, a vacina tetravalente 
contra o HPV para meninas e em 2017, para meninos. Esta vacina protege contra os subtipos 6, 
11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são 
responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. O grupo etário alvo da 
vacina é de 9 a 14 anos, pois esta vacina é mais eficaz se usada antes do início da vida sexual. 
Devem ser tomadas duas doses, com intervalo de seis meses. Grupos especiais, como pessoas 
com imunodeficiência causada pelo HIV, devem seguir orientações específicas. 
Além disso, a adoção das vacinas anti-HPV não substitui o rastreamento pelo exame 
preventivo (Papanicolaou), pois as mesmas não oferecem proteção para 30% dos casos de 
câncer de colo do útero causados por outros subtipos virais oncogênicos. O Ministério da Saúde 
acompanha os estudos em curso e avalia o custo-efetividade da inclusão da vacinação no 
contexto das ações de controle. 
O controle do tabagismo contribui para minimizar o risco de câncer do colo do útero. 
DETECÇÃO PRECOCE 
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as estratégias para a detecção 
precoce são o diagnóstico precoce (abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas da doença) 
e o rastreamento (aplicação de um teste ou exame numa população assintomática, 
aparentemente saudável, com objetivo de identificar lesões sugestivas de câncer e encaminhá-
la para investigação e tratamento). O teste utilizado em rastreamento deve ser seguro, 
relativamente barato e de fácil aceitação pela população, ter sensibilidade e especificidade 
comprovadas, além de relação custo-efetividade favorável (WHO, 2007). 
Tanto a incidência como a mortalidade por câncer do colo do útero podem ser reduzidas 
com programas organizados de rastreamento. Uma expressiva redução na morbimortalidade 
18 
 
 
pela doença foi alcançada nos países desenvolvidos após a implantação de programas de 
rastreamento de base populacional a partir de 1950 e 1960 (WHO, 2008b). 
O rastreamento do câncer do colo do útero se baseia na história natural da doença e no 
reconhecimento de que o câncer invasivo evolui a partir de lesões precursoras (lesões 
intraepiteliais escamosas de alto grau e adenocarcinoma in situ), que podem ser detectadas e 
tratadas adequadamente, impedindo a progressão para o câncer. 
O método principal e mais amplamente utilizado para rastreamento do câncer do colo 
do útero é o teste de Papanicolaou (exame citopatológico do colo do útero). Segundo a OMS, 
com uma cobertura da população-alvo de, no mínimo, 80% e a garantia de diagnóstico e 
tratamento adequados dos casos alterados, é possível reduzir, em média, de 60 a 90% a 
incidência do câncer cervical invasivo (WHO, 2002). A experiência de alguns países 
desenvolvidos mostra que a incidência do câncer do colo do útero foi reduzida em torno de 80% 
onde o rastreamento citológico foi implantado com qualidade, cobertura, tratamento e 
seguimento das mulheres (WHO, 2008b). 
Além dos testes de Schiller, do Ácido Acético já mencionados no item 3.4. 
3.7 QUAIS SÃO AS POLÍTICAS VOLTADAS PARA O CÂNCER DE COLO DE 
ÚTERO. 
O método de rastreamento do câncer do colo do útero no Brasil é o exame citopatológico 
(exame de Papanicolaou), que deve ser oferecido às mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos e 
que já tiveram atividade sexual. 
A priorização desta faixa etária como a população-alvo do Programa justifica-se por ser 
a de maior ocorrência das lesões de alto grau, passíveis de serem tratadas efetivamente para não 
evoluírem para o câncer. Segundo a OMS, a incidência deste câncer aumenta nas mulheres 
entre 30 e 39 anos de idade e atinge seu pico na quinta ou sexta décadas de vida. Antes dos 25 
anos prevalecem as infecções por HPV e as lesões de baixo grau, que regredirão 
espontaneamente na maioria dos casos e, portanto, podem ser apenas acompanhadas conforme 
recomendações clínicas. Após os 65 anos, por outro lado, se a mulher tiver feito os exames 
preventivos regularmente, com resultados normais, o risco de desenvolvimento do 
câncer cervical é reduzido dado a sua lenta evolução. 
19 
 
 
A rotina recomendada para o rastreamento no Brasil é a repetição do exame 
Papanicolaou a cada três anos, após dois exames normais consecutivos realizados com um 
intervalo de um ano. A repetição em um ano após o primeiro teste tem como objetivo reduzir a 
possibilidade de um resultado falso-negativo na primeira rodada do rastreamento. A 
periodicidade de três anos tem como base a recomendação da OMS e as diretrizes da maioria 
dos países com programa de rastreamento organizado. Tais diretrizes justificam-se pela 
ausência de evidências de que o rastreamento anual seja significativamente mais efetivo do que 
se realizado em intervalo de três anos. 
O rastreamento de mulheres portadoras do vírus HIV ou imunodeprimidas constitui uma 
situação especial, pois, em função da defesa imunológica reduzida e, consequentemente, da 
maior vulnerabilidade para as lesões precursoras do câncer do colo do útero, o exame deve ser 
realizado logo após o início da atividade sexual, com periodicidade anual após dois exames 
normais consecutivos realizados com intervalo semestral. Por outro lado, não devem ser 
incluídas no rastreamento mulheres sem história de atividade sexual ou submetidas a 
histerectomia total por outras razões que não o câncer do colo do útero. O êxito das ações de 
rastreamento depende dos seguintes pilares: 
• Informar e mobilizar a população e a sociedade civil organizada; 
• Alcançar a meta de cobertura da população alvo; 
• Garantir acesso a diagnóstico e tratamento;• Garantir a qualidade das ações; 
• Monitorar e gerenciar continuamente as ações. 
É importante destacar que a priorização de uma faixa etária não significa a 
impossibilidade da oferta do exame para as mulheres mais jovens ou mais velhas. Na prática 
assistencial, a anamnese bem realizada e a escuta atenta para reconhecimento dos fatores de 
risco envolvidos e do histórico assistencial da mulher são fundamentais para a indicação do 
exame de rastreamento. 
20 
 
 
As mulheres diagnosticadas com lesões intraepiteliais do colo do útero no rastreamento 
devem ser encaminhadas à unidade secundária para confirmação diagnóstica e tratamento, 
segundo as diretrizes clínicas estabelecidas. 
O Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero - SISCOLO foi desenvolvido 
pelo INCA em 1999, em parceria com o Departamento de Informáticado SUS (Datasus), 
como ferramenta de gerência das ações do programa de controle do câncer de colo do 
útero. Os dados gerados pelo sistema permitem avaliar a cobertura da população-alvo, a 
qualidade dos exames, a prevalência das lesões precursoras, a situação do seguimento das 
mulheres com exames alterados, dentre outras informações relevantes ao acompanhamento e 
melhoria das ações de rastreamento, diagnóstico e tratamento. 
O sistema está implantado nos laboratórios de citopatologia que realizam o exame 
citopatológico do colo do útero pelo Sistema Único de Saúde (módulo do prestador de serviço) 
e nas coordenações estaduais, regionais e municipais de detecção precoce do câncer (módulo 
de coordenação). 
O formulário de requisição do exame citopatológico está disponível nas Unidades de 
Atenção Primária à Saúde e também nas Unidades Secundárias que tratam as lesões 
precursoras. O formulário de requisição de exame histopatológico está disponível nas Unidades 
Secundárias. 
As orientações básicas para uso do sistema pelos laboratórios e pelas coordenações 
podem ser acessadas nos manuais operacional e gerencial disponíveis no site do Datasus. 
Os dados do Siscolo estão disponíveis para consulta pública no tabnet do Sistema no 
Datasus. Alguns indicadores selecionados estão disponíveis no painel de indicadores do Siscolo 
no site do INCA, com finalidade de auxiliar os profissionais de saúde e gestores no 
acompanhamento das ações de rastreamento do câncer do colo do útero e, em especial, dos 
indicadores que fazem parte do Pacto pela Vida. 
Atualmente este sistema está sendo substituído pelo Sistema de Informação do Câncer 
(SISCAN), versão online que integra o SISCOLO e o SISMAMA. 
21 
 
 
A Intensificação do Rastreamento na Região Norte foi uma ação iniciada em 2009, com 
objetivo de reforçar o rastreamento na região Norte, que se destaca pela maior incidência e 
mortalidade da doença no Brasil. 
A Gestão da Qualidade do Exame Citopatológico foi iniciada em 2009 um Projeto com 
o objetivo de impulsionar o monitoramento interno e externo da qualidade dos laboratórios de 
citopatologia (MIQ e MEQ). As ações incluíram a avaliação das diretrizes e construção de 
modelo de monitoramento para o plano de trabalho dos Estados; realização de diagnóstico 
situacional do MIQ e MEQ nos prestadores de serviços ao SUS; acompanhamento e 
monitoramento das atividades em estados–piloto. 
Em 2013 foi publicada a Portaria nº 3388 visando garantir a qualidade do exame 
citopatológicos do colo do útero a partir da implantação do MIQ e MEQ e acompanhamento de 
indicadores de qualidade dos laboratórios de citopatologia ligados ao SUS. 
A portaria nº 189 de 31 de janeiro de 2014 define parâmetros e incentivos financeiros 
de custeio e de investimento para funcionamento de serviços que, integrados à rede de atenção 
a saúde, realizem o diagnóstico e tratamento das lesões precursoras através de colposcopia, 
biópsia e exérese da lesão (EZT). 
Centros Qualificadores de Ginecologistas para Assistência Secundária às Mulheres com 
Lesão Intraepitelial do Colo do Útero é um projeto iniciado em 2008, com objetivo de apoiar a 
ações de capacitação profissional de médicos na atenção secundária à saúde, de forma 
regionalizada, possibilitando a implantação de serviços de referência para o diagnóstico e 
tratamento de lesões precursoras a nível ambulatorial. 
Aperfeiçoamento da Gestão das Ações de Detecção Precoce é o apoio técnico ao 
planejamento e à avaliação das ações de detecção precoce do câncer nos estados. Produção de 
boletins informativos para acompanhamento dos indicadores, difusão de experiências e 
intercâmbio institucional. 
4 CONCLUSÃO 
O fechamento do problema 1 permitiu um maior entendimento sobre as fases do ciclo 
celular e a importância dos seus reguladores, os quais estão relacionados com o surgimento de 
neoplasias. 
22 
 
 
Nesse problema focamos no mecanismo de infecção, na fisiopatologia, tratamento, 
epidemiologia e diagnóstico do câncer de colo de útero e HPV, que acometem 
significativamente as mulheres, tornando eles um problema de saúde pública. 
5 REFERÊNCIAS 
[ROBBINS & COTRAN. Bases Patológicas das Doenças. 9.ed. Elsevier, 2016.] 
 
http://www.inca.gov.br/rbc/n_46/v04/pdf/normas.pdf 
 
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/colo_utero/tratam
ento1 
 
[BEREK & NOVAK - Tratado de Ginecologia. Ed. Guanabara Koogan, 14ª edição, 
2008.]

Mais conteúdos dessa disciplina