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revista cfmv edicao 50

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Prévia do material em texto

R e v i s t a 
Conselho Federal de Medicina Veterinária
CFMVissN 1517-6959
Ano 16/2010 – n°50 – R$ 7,00
Maio/JuNho/Julho/agosto
Cirurgia Cardíaca:
ênfase ao ensino e ao 
treinamento profissional 
Revista CFMv - Brasília/DF - ano Xvi - nº 50 - 2010 1
Revista CFMv. – v.1, n.50 (2010)
 Brasília: Conselho Federal de Medicina veterinária,
 2010 
 
 Quadrimestral
 
 issN 1517 – 6959
 
 1. Medicina veterinária – Brasil – Periódicos.
 i. Conselho Federal de Medicina veterinária.
 
 agRis l70
 CDu619(81)(05)
a Revista CFMV é editada quadrimestralmente pelo Conselho Federal 
de Medicina Veterinária e destina-se à divulgação de trabalhos técnico-
científicos (revisões, artigos de educação continuada, artigos originais) e 
matérias de interesse da Medicina veterinária e da Zootecnia. 
a distribuição é gratuita aos inscritos no sistema CFMv/CRMvs e órgãos 
públicos. Correspondência e solicitações de números avulsos devem ser 
enviadas ao Conselho Federal de Medicina Veterinária no seguinte endereço:
sia – trecho 6 – lote 130 e 140
Brasília – DF – Cep: 71205-060
Fone: (61) 2106-0400 – Fax: (61) 2106-0444
site: www.cfmv.org.br - e-mail: cmfv@cfmv.org.br
a Revista CMFV é indexada na base de dados agRoBase
CFMV
4 Editorial
5 Entrevista | Prof. Dr. Adroaldo José Zanella;
Sumário
CF
M
V12 Cirurgia cardíaca
19 Agrosuinocultura. Solução sustentavel brasileira
23 Suplemento Científico
51 Contenção bovina
59 Carrapaticidas
62 Cetas
65 Ensino de Medicina Veterinária
74 Publicações
76 Agenda
78 Opinião | Dr. Flavio Massone - Reminiscências: Passado, presente e futuro
expressando nosso comprometimento com a 
melhoria constante da Revista CFMv, reafirmando a 
seriedade da publicação e o seu propósito de informar 
e participar da formação de profissionais e estudantes 
da Medicina veterinária e Zootecnia, é com satisfação 
que apresentamos o numero 50. É possível constatar 
que o conteúdo continua de grande importância, mas 
estamos destacando o novo layout e o novo projeto 
gráfico, que se encontra dentro dos padrões gráficos 
atuais e das mais modernas revistas cientificas do 
mundo. a proposta atualizada permitirá maior liber-
dade para a criação gráfica, maior espaço para fotos e 
sintetização do texto para que a informação relevante 
seja divulgada de forma atrativa aos leitores. Como 
resultado esperamos que a publicação se torne mais 
agradável para leitura e com menos blocos de texto, o 
que implicará em maior satisfação de nossos leitores.
outro destaque desta edição é a entrevista com 
o Dr. Zanella, especialista em bem-estar animal, 
que estará participando do ii Congresso Brasileiro 
de Bioética e Bem-estar animal, promovido pela 
respectiva Comissão do CFMv, em agosto, em Belo 
horizonte, Mg.
Dentro da formação continuada destacamos 
nosso assunto de capa no qual o Dr. andré lacerda 
tenta desmistificar a cirurgia cardíaca. também pas-
samos pela agrosuinocultura sustentável, os resídu-
os de medicamentos e a contenção animal. 
uma boa leitura!
ConSELHo FEDERAL DE 
MEDICInA VETERInÁRIA
SIA – Trecho 6 – Lote 130 e 140
Brasília-DF – CEP: 71205-060
Fone: (61) 2106-0400
Fax: (61) 2106-0444
www.cfmv.org.br
cfmv@cfmv.org.br
tiragem: 85.000 exemplares
DIREToRIA EXECUTIVA
PRESIDEnTE
Benedito Fortes de arruda
CRMV-GO nº 0272
VICE-PRESIDEnTE
eduardo luiz silva Costa
CRMV-SE nº 0037
SECRETáRIO - GERAL
Joaquim lair
CRMV-GO nº 0242
TESOuREIRO
amilson Pereira said
CRMV-ES nº 0093
ConSELHEIRoS EFETIVoS
adeilton Ricardo da silva
CRMV-RO nº 0002/Z
oriana Bezerra lima
CRMV-PI nº 0431
Célio Macedo da Fonseca
CRMV-RR nº 0004
José saraiva Neves
CRMV-PB nº 0237
geovane Pacífico vieira
CRMV-AL nº 0250
antônio Felipe Paulino
Figueiredo Wouk
CRMV-PR nº 0850
ConSELHEIRoS SUPLEnTES
Josiane veloso da silva
CRMV-MA nº 0030/Z
luiz Carlos Januário da silva
CRMV-AC nº 0001/Z
Nivaldo de azevêdo Costa
CRMV-PE nº 1051
Raimundo Nonato C. Camargo
Júnior
CRMV-PA nº 1504
Ricardo de Magalhães luz
CRMV-DF nº 0166/Z
ConSELHo EDIToRIAL
PRESIDEnTE
eduardo luiz silva Costa
CRMV-SE nº 0037
Joaquim lair
CRMV-GO nº 0242
amilson Pereira said
CRMV-ES nº 0093
EDIToR
Ricardo Junqueira Del Carlo
CRMV-MG nº 1759
JoRnALISTA RESPonSÁVEL 
Flávia tonin
MTB nº 039263/SP
PRoJETo E DIAgRAMAção
Duo Design Comunicação
IMPRESSão
Gráfica Editora Pallotti
e D i t o R i a l
eXPeD ieNte
Comprometimento com a qualidade
os aRtigos assiNaDos sÃo De iNteiRa ResPoNsaBiliDaDe Dos autoRes, NÃo RePReseNtaNDo, NeCessaRiaMeNte, a oPiNiÃo Do CFMv.
Natural de Paim Filho, na região norte do Estado do Rio Grande do Sul, o Médico Veterinário Za-
nella, formado pela PUCRS de Uruguaiana, fez doutorado na Grã-Bretanha, pós-doutorado na 
Alemanha e, depois, atuou como professor nos Estados Unidos. Atualmente, trabalha na Escola 
Norueguesa de Ciências Veterinárias, motivado pela tradição do país na área em que atua: o 
bem-estar dos animais e, orienta pesquisas com bovinos, ovinos, caprinos e suínos. O Dr Zanella 
será um dos palestrantes do II Congresso Brasileiro de Bioética e Bem-Estar Animal.
1. Com base na sua longa experiência técnico-
científica adquirida tanto na Europa quanto nos 
Estados Unidos, que estratégias podem ser ado-
tadas para se avaliar o bem-estar animal? 
as estratégias para avaliação do bem-estar 
animal podem ser resumidas sucintamente em três 
escolas de pensamento: a) escola que propõe o estu-
do da função biológica para determinação do bem-
estar animal. a mais tradicional escola de pensamen-
to propõe a utilização de indicadores de biologia 
animal para a avaliação do bem-estar. indicadores 
biológicos podem ser representados pela ocorrência 
de doenças, níveis de hormônios de estresse, ganho 
de peso, produção de leite, conversão alimentar, 
produção de fibra, presença de formas anormais de 
comportamento entre outros; b) escola que propõe 
a medida de estado mental (emoções) em animais. 
esta escola defende a hipótese de que o fator mais 
importante para a avaliação do bem-estar animal é 
identificar como eles se sentem: evitar sofrimento e 
propiciar formas positivas de vida. indicadores para 
monitorar preferência ou aversão a certos ambien-
tes tem recebido muita atenção dos pesquisadores. 
técnicas utilizadas na área de economia para men-
surar o “preço” que os animais estão preparados 
para “pagar” para obter certos recursos (ex. Fêmeas 
suínas trabalham para obter material para cons-
truir o ninho antes do parto) ou para evitar certas 
situações (isolamento social, por exemplo) tem sido 
utilizadas. Medidas de ativação de áreas do cérebro 
associadas com emoções negativas como o medo 
e emoções positivas, como alimentação, também 
tem sido investigadas. o meu grupo de trabalho 
tem gerado informações importantes relacionadas 
com consequências de interações positivas e nega-
tivas na organização das emoções e nos processos 
cognitivos de suínos, ovinos e aves e; c ) a terceira 
escola de pensamento advoga que o critério de mo-
nitoramento de bem-estar animal deve ser obtido 
em relação a proximidade e ou distanciamento das 
condições de vida do animal e sua biologia de evo-
lução. Por exemplo, suínos devem ter acesso a ma-
eNtRev i s ta
Professor Adroaldo Zanella
Revista CFMv - Brasília/DF - ano Xvi - nº 50 - 2010 5
terial para fuçar e aves de postura devem ter acesso a 
ninhos para depositar os ovos. 
2. Considerando que existe uma demanda 
crescente dos mercados consumidores, em nível 
mundial, como se pode compatibilizar questões 
de bem-estar animal e econômicas, de forma a 
atender as exigências éticas da sociedade? Qual 
o papel a ser exercido pelo consumidor neste 
contexto? 
as pesquisas de atitude tem oferecido informa-
ções precisas e categóricassobre o comprometimen-
to dos consumidores em relação ao bem-estar ani-
mal. Na união européia os parlamentares recebem 
mais cartas sobre questões relacionadas ao bem-
estar animal do que qualquer outro assunto. uma 
pesquisa recente (eurobarometer) indicou um nível 
muito elevado de preocupação dos consumidores 
europeus com questões sobre o bem-estar animal. 
os consumidores indicaram que os critérios utiliza-
dos para importar produtos de origem animal não 
podem ser diferenciados dos critérios que fazem par-
te da legislação nacional de cada país. o Brasil tem 
respondido de forma efetiva as criticas em relação 
as condições de bem-estar animal. o comitê perma-
nente estabelecido no dia 17 de março de 2008 tem 
oferecido um palco para os debates necessários. a 
pesquisa na área de bem-estar animal também está 
muito avançada no Brasil. eu acredito que o futuro do 
Brasil para responder questões sobre bem-estar ani-
mal é promissor. o consumidor Brasileiro, hoje, tem 
acesso a produtos diferenciados.
3. Os sistemas intensivos de produção têm 
sofrido pressões no sentido de adotar boas prá-
ticas de bem-estar animal. Do ponto de vista dos 
custos de produção, como compará-los com os 
sistemas ditos convencionais?
um dos mitos que precisam ser atacados e resol-
vidos de forma definitiva é o de que a melhoria do 
bem-estar animal está associada com aumento nos 
custos de produção. a questão não é simples assim. 
a grande proporção das melhorias no Brasil, poderão 
ser conduzidas com custo insignificante ou mesmo 
com ganhos de produção. a melhoria do transporte 
de animais para o abate é um dos exemplos. Boas 
práticas de manejo não são onerosas. Regras de aba-
te humanitário também não apresentam custos exa-
gerados. a mão-de-obra no Brasil é um dos tesouros 
que temos. a nossa tradição cultural ligada a produ-
ção animal ainda é viva, pulsante e entusiasmada. 
Precisamos reciclar esta ligação com a produção 
animal para apresentá-la em um contexto que vai va-
lorizar o bem-estar dos animais. eu aprendi uma lição 
belíssima em 1996 quando treinamos funcionários 
de um abatedouro em Campo grande. um funcio-
nário extremamente habilidoso, surdo e mudo, se 
recusou a nos devolver a pistola de atordoamento 
que aprendeu a usar. Naquele período o abatedouro 
utilizava marreta e o funcionário imediatamente se 
deu conta do benefício em utilizar um método que 
hoje faz parte da rotina. o fantasma dos custos tem 
muito mais significado nos países de clima frio que 
precisam adequar as instalações à biologia animal 
para garantir a manutenção de bons índices de bem-
estar animal. o controle e manejo da dor é um dos 
aspectos que precisa ser abordado em animais de 
produção que poderá onerar os custos.
4. Levando em conta os inúmeros estudos 
conduzidos em parceria com grupos de pesqui-
sa de vários países, quais as práticas de manejo 
aplicadas aos animais de produção que considera 
problemáticas sob a ótica do bem-estar? 
eu acredito que alguns problemas são globais 
e exigem atenção imediata. alojamento de porcas 
no período de gestação é um problema sério, cuja 
solução existe. É inaceitável manter um animal com a 
complexidade comportamental como do suíno sem 
possibilidades de exercitar-se. o mesmo é verdadei-
ro para questões relacionadas com o alojamento de 
aves de postura, com a diferença de que soluções 
ainda não são ótimas. Problemas de manqueira 
(claudicação) em várias espécies são muito sérios e 
comprometem o bem-estar. gado leiteiro em espe-
cial apresenta um índice crescente de lesões podais 
em todo mundo. Problemas do aparelho locomotor 
também afetam ovinos, frangos de corte, equinos. 
intervenções cirúrgicas sem controle da dor são ina-
ceitáveis. Poderemos citar castração e caudectomia 
eNtRev i s ta
“Na União Européia os parlamentares recebem mais 
cartas sobre questões relacionadas ao bem-estar 
animal do que qualquer outro assunto”
Revista CFMv - Brasília/DF - ano Xvi - nº 50 - 20106
como exemplos em animais de produção. a legis-
lação da Noruega proíbe a prática da caudectomia. 
Castração e descorna só podem ser conduzidos com 
controle da dor. as práticas de transporte de animais 
para o abate e o manejo pré-abate também ofere-
cem muitas oportunidades para melhoria em todo o 
mundo. o Brasil tem mostrado liderança na área do 
bem-estar no abate de aves, por exemplo. Períodos 
de estresse como desmame, transporte, vacinação 
e outras formas de manejo precisam de estudos que 
indiquem formas de minimizar as consequências 
negativas para os animais. seleção genética dirigida 
a otimizar os processos de adaptação também deve 
ser levadas em consideração.
5. Os países-membros da União Européia têm 
elaborado legislações específicas acerca do bem-
estar animal. Neste sentido, qual a relevância da 
certificação como garantia do bem-estar animal? 
Quais os reflexos destas normativas nos países 
exportadores, dentre os quais se destaca o Brasil? 
esta é uma pergunta difícil de responder. esta 
questão fez parte das reuniões da Wto (World tra-
de organization) que não conseguiu deliberar em 
favor da restrição de comercialização entre países 
com normas nas questões de bem-estar animal. 
eu acredito que o processo natural, com o papel 
de liderança da oie (organização internacional de 
saúde animal), vai fazer com que o assunto pro-
vavelmente volte a mesa de discussões. a deter-
minação dos consumidores europeus é refletida 
nas pesquisas de opinião pública e eventualmente 
soluções precisam ser encontradas. existem pro-
blemas sérios de bem-estar animal em todos os 
países que eu conheço. Não é um problema só do 
Brasil. o Brasil tem recebido muita atenção porque 
é um país de possibilidades inimagináveis. o Brasil 
é o maior competidor mundial na área de bovi-
nos e um dos maiores nas áreas de suínos e aves. 
sem dúvida nenhuma o Brasil vai receber muita 
atenção dos países que competem no mercado 
de produtos de origem animal. as consequências 
de atos isolados não podem ser ignoradas. toda 
a industria pode ser “punida” por situações não 
diretamente relacionadas, eu cito como exemplo 
a questão de transporte marítimo de animais vivos 
por períodos prolongados. 
6. Alguns segmentos da sociedade evidenciam 
a importância da regulamentação pública como 
um instrumento valioso em prol do bem-estar ani-
mal. Qual a sua opinião acerca deste assunto?
eu advogo que a legislação é um instrumento 
importante para garantir os níveis aceitáveis de bem-
estar animal (nada menos do que o estabelecido). 
legislação nunca vai substituir a qualidade de mão-
de-obra e atenção aos animais. No entanto o meu en-
tendimento é que a legislação deve ser desenvolvida 
com base em critérios científicos que contribuam 
para a melhoria do bem-estar animal e também, para 
a sustentação dos sistemas de produção.
7. Qual a tendência mundial acerca das discus-
sões sobre o bem-estar animal? 
eu tenho observado muito investimento em pes-
quisa em várias partes do mundo. a minha cátedra 
de bem-estar animal na escola de veterinária em 
oslo é uma nova posição, criada pelo ministério da 
educação da Noruega. o Brasil tem programas emer-
gentes na área de bem-estar animal e com certeza 
vai tomar um papel de liderança brevemente. Preci-
samos agir com rapidez, investindo principalmente 
na formação profissional.
8. Finalizando, gostaríamos de saber como o 
bem-estar animal deve ser inserido na formação 
acadêmica do Médico Veterinário e do Zootecnista? 
o entendimento do comportamento animal e 
da avaliação do bem-estar animal deve ser parte 
fundamental da formação de profissionais ligados a 
Zootecnia e veterinária. Nas disciplinas tradicionais 
existentes a ênfase deverá ser implementada em 
questões de bem-estar animal, não só em animais de 
produção, mas em animais de laboratório, animais 
selvagens eanimais de companhia. É fundamental 
que profissionais ligados a medicina veterinária e 
zootecnia tomem liderança na área de pesquisa e 
ensino em bem-estar animal. obrigado pela oportu-
nidade em dividir as minhas ideias com profissionais 
ligados a Medicina veterinária e Zootecnia.
”...o Brasil vai receber muita atenção dos 
países que competem no mercado de produtos de 
origem animal.”
Revista CFMv - Brasília/DF - ano Xvi - nº 50 - 2010 7
DestaQues
COMISSãO nACIOnAL DE SAúDE AMBIEnTAL 
é DESIGnADA PELO CFMV 
Para assessoria sobre temas relacio-
nados ao meio ambiente, o Conselho 
Federal de Medicina veterinária (CFMv) 
designou os membros para a Comissão 
Nacional de saúde ambiental (CNsa), 
por meio da Portaria nº. 35, de 31 de 
maio de 2010. 
a Comissão é composta pela Presi-
dente Claudia scholten e pelos mem-
bros Maria izabel Merino de Medeiros, 
luciano Menezes Ferreira, Maria do Ro-
sário lira Castro e por Maria auxiliadora 
gorga luna.
De acordo com a Presidente, Cláudia 
scholten, “é notório o impacto das ati-
vidades humanas sobre o ambiente, a degradação 
progressiva dos ecossistemas e da fauna, a conta-
minação crescente da atmosfera, solo e água, bem 
como o aquecimento global. Nesse contexto, os 
Médicos veterinários e Zootecnistas podem e de-
vem possuir consciência sobre esta nova dinâmica 
que integra a saúde animal, vegetal e humana e 
ampliar sua atuação”.
OFICInA DE SAúDE PúBLICA APRESEnTA PROPOSTAS AO SISTEMA CFMV/CRMV
Com a representação de quinze Conselhos 
Regionais de Medicina veterinária da Federação, a 
ii oficina de trabalho “integrando as Comissões de 
saúde Pública do sistema CFMv/CRMvs elaborou 
uma proposta para ações unificadas de saúde pú-
blica veterinária dentro do sistema CFMv/CRMv. 
o evento foi realizado nos dias 25 e 26 de março, na 
sede do CFMv, em Brasília, DF. 
a oficina definiu três eixos importantes de atu-
ação. Primeiramente, os participantes apoiaram a 
sugestão da Comissão Nacional de saúde Pública 
veterinária (CNsPv) para que existam comissões 
permanentes de saúde pública veterinária nos Con-
selhos Regionais de Medicina veterinária. o segun-
do eixo sugeriu ações para incentivar a formação 
acadêmica na área de saúde pública. Por fim, os par-
ticipantes entenderam que devem ser incentivadas 
ações estratégicas junto aos gestores públicos para 
inserção do Médico veterinário em cargos relaciona-
dos à saúde pública. 
Durante a oficina os participantes apresentaram 
as realidades regionais e experiências para os temas: 
controle de zoonoses; ações para esclarecimentos 
de gestores públicos sobre a atuação do Médico 
veterinário na saúde pública; mobilização para 
inclusão em concursos públicos; conscientização 
da classe; inspeção sanitária e o combate ao abate 
clandestino. o presidente da CNsPv do Conselho 
Federal, Paulo César augusto de souza, avalia que, 
a partir da primeira oficina realizada em 2008, é 
notável a evolução das discussões sobre o tema nos 
Conselhos Regionais. 
Maria Auxiliadora, Maria Izabel (em cima); Cláudia, Ferreira e Maria do Rosário 
integram a Comissão.
Evento recebeu representantes de cinco regiões brasileiras
entre as atividades previstas para discussão 
nesta Comissão está o incentivo à formação 
acadêmica aprofundada sobre temas relaciona-
dos à saúde ambiental; busca de amparo legal 
para que os Médicos veterinários e Zootecnistas 
possam atuar nesta área; ampliação do mercado 
de trabalho; conscientização de atividades de 
pesquisa, entre outros.
Revista CFMv - Brasília/DF - ano Xvi - nº 50 - 20108
SECRETáRIOS MunICIPAIS DE SAúDE SãO 
ESCLARECIDOS SOBRE ATIVIDADES DA 
MEDICInA VETERInáRIA
esclarecer o papel do Médico veterinário em 
benefício da saúde da população e enfatizar a impor-
tância da participação deste profissional nos Núcleos 
de apoio a saúde da Família (NasF) foram os princi-
pais temas defendidos pelos membros da Comissão 
Nacional de saúde Pública veterinária (CNsPv), do 
CFMv, durante o XXvi Congresso Nacional de secre-
tarias Municipais de saúde (CoNaseMs). o evento 
foi realizado em gramado, Rs, de 25 a 28 de maio. 
o CFMv esteve presente com um estande ins-
tuticional que recebeu, entre outras autoridades, 
o Ministro da saúde, José gomes temporão e sua 
comitiva. No total, o evento reuniu cerca de 2.800 
participantes entre secretários municipais de saú-
de, gestores de saúde e demais interessados nas 
políticas de saúde dos municípios. 
Reunião com Secretário – em data anterior, 
dia 24 de março, a CNsPv foi recebida secretário 
Nacional de atenção a saúde, alberto Beltrame, do 
Ministério da saúde. Na reunião, os representantes 
da Comissão explicaram diretamente ao secretá-
rio a importância de que o Médico veterinário 
participe das discussões sobre as políticas rela-
cionadas à saúde da família, especificamente o 
Núcleo de apoio à saúde da Família (NasF). os 
integrantes aproveitaram para reencaminhar 
documentos sobre o tema.
PARTICIPAçãO DA MEDICInA VETERInáRIA EM 
RESIDênCIA MuLTIPROFISSIOnAL nA SAúDE é 
DISCuTIDA COM GOVERnO
 Com objetivo de procurar esclarecimentos 
sobre a Residência Multiprofissional na saúde, 
especificamente sobre a participação da Medicina 
veterinária, representantes da Comissão Nacional 
de Residência em Medicina veterinária (CNRMv), 
do CFMv, se reuniram com o Coordenador geral do 
Departamento de gestão da educação na saúde, 
sigisfredo luis Brenelli, do Ministério da saúde. a 
reunião ocorreu no dia 4 de maio, em Brasília, DF.
 o Presidente da CNRMv, eduardo harry Birgel, 
explicou que atualmente, a Medicina veterinária 
não está inserida nos Programas de Residência 
Multiprofissional, pois nenhum dos Programas de 
Residência em Medicina veterinária existentes, 
avaliados e reconhecidos pela CNRMv apresenta 
vinculação ao sistema Único de saúde (sus) do Mi-
nistério da saúde.
as discussões sobre a Residência Multiprofis-
sional e outros temas relativos aos Programas de 
Residência em Medicina veterinária serão apresen-
tados no ii seminário Brasileiro de Residência 
em Medicina veterinária (foto) que será realizado 
dias 16 e 17 de agosto, em são Paulo, sP. Mais 
informações no site do CFMv (www.cfmv.org.br).
Ministro da saúde visita estande do CFMV
Revista CFMv - Brasília/DF - ano Xvi - nº 50 - 2010 9
DestaQues
CNEZ dirigiu os trabalhos da Reunião
Premiação reconhece trabalho de José Paulo de Oliveira
De 24 a 26 de maio, os coordenadores de 
cursos de Zootecnia, representantes de Co-
missões de ensino da Zootecnia de Conselhos 
Regionais de Medicina veterinária e outros in-
teressados estiveram presentes no Xvi Reunião 
Nacional de ensino da Zootecnia. o evento foi 
realizado pela Comissão Nacional de ensino 
da Zootecnia (CNeZ) do CFMv na universidade 
Federal de tocantins, em Palmas, to, durante o 
Zootec 2010. 
Destacaram-se as palestras e discussões 
que trataram da bioética e bem-estar animal no 
ensino da Zootecnia, a apresentação sobre pa-
tentes e inovação tecnológica, com novidades 
para incentivo ao empreendedorismo e as abor-
dagens de incentivo aos programas de iniciação 
científica.
a reunião contou com cerca de 100 zootec-
nistas, que representaram mais de 20 estados da 
federação.
o Zootecnista e professor, José Paulo de oliveira 
foi homenageado com o “Prêmio Professor octávio 
Domingues”, principal honraria concedida pelo 
CFMv a um Zootecnista. a premiação foi realizada 
durante a abertura do Zootec 2010, que neste ano 
aconteceu em Palmas, to, de 24 a 28 de maio. 
oliveira se graduou na universidade Federal Ru-
ral do Rio de Janeiro (uFRRJ) em 1973, na primeira 
turma de Zootecnia desta universidade. especia-
lizou-se em Metodologia de ensino superior pela 
uFRRJ (1980) e fez mestrado em Zootecnia na área 
de Nutrição animal (1983), pela escola superior de 
agriculturade lavras. tornou-se Doutor em Zoo-
tecnia na Área de Nutrição animal em 2001, pela 
universidade Federal de lavras.
iniciou suas atividades profissionais no ano de 
1974 como professor em Zootecnia, como tam-
bém atuou como extensionista rural. Foi diretor 
do instituto de Zootecnia; membro de Colegiados 
de Cursos de graduação e pós graduação e mem-
bro pioneiro da Zootecnia Brasileira na Comissão 
de especialistas de ensino em Ciências agrárias. 
Publicou trabalhos técnico-científicos na área 
da Zootecnia em diversas revistas, anais de 
Congressos, simpósios e periódicos do País. 
atualmente, entre outras atividades, faz parte 
da Comissão Nacional de ensino de Zootecnia 
do CFMv.
ZOOTECnISTA JOSé PAuLO DE OLIVEIRA 
RECEBE PRêMIO COnCEDIDO PELO CFMV
EVEnTO DISCuTIu EnSInO DA ZOOTECnIA 
E O FuTuRO DA PROFISSãO
Revista CFMv - Brasília/DF - ano Xvi - nº 50 - 201010
Informações detalhadas sobre estas e outras notícias no Portal CFMV (www.cfmv.org.br).
em sua Xviii edição, o seminário Nacional de 
ensino da Medicina veterinária discutiu a impor-
tância de se investir em novas ferramentas para a 
modernização das metodologias de ensino como 
também as diferentes formas de avaliação de cur-
so. o evento foi realizado nos dias 31 de maio e 1 de 
junho, em Brasília, DF. a organização foi da Comissão 
Nacional de ensino da Medicina veterinária (CNeMv) 
do CFMv, com transmissão, em tempo real, pela 
internet.
em seu discurso de abertura, o Presidente do 
CFMv, Benedito Fortes de arruda enfatizou que “pre-
cisamos estar atentos às modernizações para nos 
adaptarmos às novas demandas da sociedade para a 
Medicina veterinária”, lembrando que o mundo pas-
sa por uma era de informação e de transformações. 
em seguida, os palestrantes discutiram a impor-
tância de uma visão humanística e a necessidade 
da um conhecimento generalista. ao apresentar 
a metodologia de ensino em discussão nos esta-
dos unidos para a Medicina veterinária, o diretor 
da associação americana de universidades de 
veterinária (aavMC), Mike Chaddock, comentou a 
necessidade do incentivo de ensino para temas re-
lacionados a liderança e empreendedorismo com a 
mesma preocupação que se tem para a educação 
de assuntos técnicos.
as discussões também convergiram para as di-
ferentes ferramentas de avaliação do ensino. Dentre 
elas, foram abordados o enade 2010, avaliações in 
loco dos cursos de Medicina veterinária e histórico 
sobre o exame Nacional de Certificação Profissional. 
O EnSInO DA MEDICInA VETERInáRIA E A IMPORTânCIA DA 
MODERnIZAçãO PARA A EVOLuçãO DO ESTuDO
Na abertura, Mike Chaddock (AAVMC), Rafael Mondadori (CNEMV), Benedito Arruda (CFMV) e Paulo Wollinger (MEC)
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CIRURGIA 
CARDÍACA EM 
PEQUENOS ANIMAIS 
InTRODuçãO
apesar de ser realizada há aproximadamente 
quatro décadas, a cirurgia cardíaca veterinária 
encontra-se em fase inicial, com a aplicação, a con-
solidação e o desenvolvimento de novas técnicas, 
realizados em alguns centros de cirurgias cardíacas, 
mas de forma incipiente. o interesse e o desenvolvi-
mento desta área da cirurgia têm sido expressivos 
nos últimos anos. No Brasil, alguns serviços despon-
tam, iniciando um ciclo que promete ser próspero.
atualmente os procedimentos podem ser sepa-
rados em dois grupos, o da cirurgia intra-cardíaca e o 
da extra-cardíaca, sendo que no primeiro necessita-
se do suporte da circulação extracorpórea, tornan-
do-o ainda mais restrito. 
a cirurgia intra-cardíaca tem representado um 
desafio, seja por falta de conhecimento técnico 
específico, pelos equipamentos dispendiosos ou 
mesmo pela ausência de equipe apropriadamente 
treinada. Diante de sua longa duração e do alto 
risco, falhas não são admitidas, havendo a neces-
sidade de concentração e planejamento por parte 
do cirurgião e de sua equipe (oliveira et al., 2006a; 
oliveira et al., 2006b). 
são diversas as indicações para as cirurgias 
cardiovasculares, entre elas tetralogia de Falot, 
anomalias de anéis vasculares, comunicação inter-
atrial, comunicação inter-ventricular, dirofilariose, 
persistência do ducto arterioso, doenças valvula-
res, neoplasias, traumas, cardiomiopatia dilatada, 
estenose aórtica e estenose pulmonar (De Boer et 
al., 1992; orton e McCracken, 1995). 
o animal deve ser avaliado minuciosamente 
através de exames clínicos, laboratoriais (hemo-
grama, uréia, creatinina, ast, alt, fosfatase alcalina, 
glicose, cálcio, sódio, potássio e cloretos), radioló-
gicos, eletrocardiograma, holter e ecocardiografia.
Quanto aos materiais cirúrgicos utilizados em Figura 1 - Esternotomia mediana realizada em um cão. 
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prodecimentos desta natureza, além daqueles 
considerados gerais, são necessárias ferramentas 
especiais, como pinças vasculares, serras para es-
ternotomia, afastador de Finochietto, entre outras. 
a máquina de circulação extracorpórea também 
pode ser indicada, assim como equipamentos de 
monitorização especiais (Paschoal, 1996). 
Não menos importante é o apoio da terapia in-
tensiva, essencial para promover a recuperação ade-
quada aos animais submetidos a estas operações.
ACESSOS CIRúRGICOS 
existem dois principais acessos:
esternotomia: é o procedimento de escolha para 
a maioria das cirurgias intra-cardíacas e afecções do 
mediastino. são feitas incisões de pele e de tecido 
subcutâneo na linha média. em seguida realiza-se 
uma incisão na origem dos músculos peitorais em 
toda a extensão do externo e a esternotomia é reali-
zada com o auxilio de uma serra oscilatória ou de um 
costótomo (Figura 1) (Paschoal, 1996). temos utiliza-
do atualmente um costótomo adaptado no intuito 
de minimizar os custos referentes à serra.
toracotomia unilateral: a escolha do espaço 
intercostal é dependente da região que se deseja 
o acesso. a técnica operatória deve ser iniciada 
com incisões de pele e de tecido subcutâneo. No 
primeiro plano muscular procede-se a incisão dos 
músculos grande dorsal e peitoral. em seguida, 
no segundo plano muscular, os músculos serrátil 
ventral e escaleno são seccionados. identifica-
se os músculos intercostais externos e internos 
com sua incisão na sequência. Pode ser realizada 
também a toracotomia unilateral conservadora, 
onde o acesso é realizado pelo deslocamento 
caudal da costela, após sua desarticulação cos-
tocondral. a costela deslocada é fixada caudal-
mente à próxima costela, permitindo o acesso ao 
tórax através da incisão da pleura parietal. a van-
tagem desta técnica sobre a anterior refere-se ao 
amplo acesso proporcionado e à menor dor no 
pós-operatório. apresenta como desvantagem 
a maior dificuldade técnica e o tempo cirúrgico 
prolongado.
CIRuRGIA CARDÍACA
serão descritas algumas técnicas de cirurgia 
cardíaca, relatando a nossa experiência em sua 
execução.
PERICARDIECTOMIA
o pericárdio é um saco fibrótico, avascular, que 
reveste o coração. É composto de duas lâminas: a 
visceral, aderida ao epicárdio e a parietal, composta 
de colágeno e elastina. uma desliza sobre a outra, 
pois entre elas existe uma pequena quantidade de 
líquido seroso. Por ser inelástico, o pericárdio limita 
dilatações cardíacas agudas, porém pode se adap-
tar em longo prazo (godoy et al., 2007).
a pericardiectomia pode ser citada como um 
dos procedimentos mais simples da cirurgia cardía-
ca, mas mesmo assim necessita cuidados referentes 
a execução da técnica e acompanhamento pós-
operatório adequado.
ela está indicada em efusão pericárdica e 
constrição pericárdica. a efusão pericárdica pode 
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ser ocasionada por falência cardí-
aca direita, neoplasias,infecção, 
encarceramento de lobo hepático 
em hérnia peritoneo-pericárdica, 
peritonite infecciosa felina e to-
xoplasmose em gatos. efusões 
idiopáticas também têm sido rela-
tadas, bem como em casos agudos 
de ruptura atrial esquerda secun-
dária à insuficiência mitral crônica 
e devido a coagulopatias.
a pericardiectomia subfrênica 
tem sido utlizada com frequência 
para a correção de diversas afec-
ções. após acesso unilateral, o peri-
cárdio é removido com uma incisão 
ventral ao nervo frênico em direção 
ao ápice do coração. esta incisão é 
prolongada no sentido transversal 
do coração, abaixo do frênico até a 
face contralateral. 
CORREÇÃO DE PERSISTÊNCIA 
DE DUCTO ARTERIOSO
a persistência do ducto arterioso (PDa) é a 
doença cardíaca congênita encontrada com maior 
frequência em cães. a forma mais comum é carac-
terizada pelo desvio sanguíneo da esquerda para 
a direita, embora, mais raramente, presencie-se a 
PDa reversa, ou seja, com inversão do fluxo através 
do ducto (stopiglia et al.,2004).
esta condição leva à dilatação e hipertrofia do 
ventrículo esquerdo, ocasionando uma distensão 
do ânulo da válvula mitral e, consequentemente, 
regurgitação. um PDa não tratado pode levar a 
um fluxo de sangue da direita para a esquerda – 
PDa reverso – podendo desenvolver sintomatolo-
gia mais severa e progressiva falência do coração 
esquerdo. esta condição habitualmente não é 
tratada cirurgicamente. 
o acesso cirúrgico que utilizamos é o unilateral 
esquerdo no quarto espaço intercostal. Devemos 
identificar e dissecar o nervo vago que se localiza 
acima do ducto arterioso, sendo este delicada-
mente afastado com duas fitas cardíacas. o ducto 
também é dissecado, sendo isolado nas suas extre-
midades proximais e distais com pinças vasculares 
em ângulos ou com fitas cardíacas, sendo realiza-
da ligadura dupla do ducto. 
o procedimento cirúrgico para correção do 
PDa é simples, mas deve ser realizado de forma 
cuidadosa. Não se deve, por exemplo, tracionar o 
ducto com muito vigor, já que isto poderia ocasio-
nar a ruptura de uma das artérias.
CORREÇÃO DE ANOMALIAS DE 
ANÉIS VASCULARES
as anomalias dos anéis vasculares são altera-
ções congênitas provocadas por defeitos na em-
briogênese dos arcos aórticos (sturion et al.,2008).
 a persistência do quarto arco aórtico direito, 
a persistência do arco aortico direito com artéria 
subclávia esquerda exuberante, o duplo arco aór-
tico, a persistência do ligamento arterioso direito 
com arco aórtico esquerdo normal e a subclávia 
direita exuberante com arco aórtico normal são as 
anomalias dos anéis vasculares mais observadas 
em cães. Dentre as anomalias de anéis vasculares, 
a mais comum em nossa rotina é a persistência do 
quarto arco aórtico direito (PaD). 
Diante do diagnóstico da PaD, a sua correção 
não deve ser protelada sob pena de resultados 
desfavoráveis. No exame radiográfico contrastado 
observa-se a dilatação do esôfago cranial à base 
do coração. Regurgitação, desnutrição e pneumo-
nia por aspiração são achados comuns.
a anomalia de anel vascular deve ser corrigida 
através de um acesso torácico unilateral esquerdo 
no quarto espaço intercostal. a ligadura e a secção 
do anel vascular devem ser realizadas cuidadosa-
mente. Não raro, a identificação da anomalia só é 
possível durante a operação, com isto exige-se do 
cirurgião um bom conhecimento anatômico. 
Figura 2 - Técnica de Blalock-Taussig para correção de Estenose pulmonar em cão. 
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 uma dilatação severa do esôfago cranial 
à base do coração pode ser um indicativo de 
prognóstico reservado. observamos ainda que a 
presença de dilatação de todo o esôfago torácico 
não deve descartar o diagnóstico de anomalias de 
anéis vasculares, sendo na verdade um indicativo 
de lesão no nervo vago e de hipomotilidade quan-
do confirmada a anomalia de anel vascular, com 
prognóstico reservado. 
Podemos desta maneira afirmar que um diag-
nóstico precoce e sua correção são fatores impor-
tantes para um melhor prognóstico.
TÉCNICA DE BLALOCK-TAUSSIG
em 29 de novembro de 1944, alfred Blalock e 
helen taussig desenvolveram uma técnica cirúrgica 
que iniciou uma nova era, a do tratamento cirúrgico 
para as doenças cianóticas. os resultados iniciais 
foram recebidos com grande simpatia pela comu-
nidade cientifica da época. as complicações não 
tardaram a acontecer, como a trombose, levando ao 
desenvolvimento de instrumentos e da técnica que 
atualmente apresenta algumas variações.
Na medicina veterinária, esta técnica tem 
sido indicada na estenose pulmonar e na tetra-
logia de Fallot e tem por objetivo a construção 
de um shunt aórtico-pulmonar, melhorando a 
oxigenação sanguínea. algumas vantagens são 
descritas com relação a esta cirurgia: proporciona 
uma incidência baixa de insuficiência cardíaca 
congestiva e de doença vascular pulmonar; o seu 
fechamento é simples e não há anormalidades 
tardias após a cirurgia reparadora. 
 o acesso cirúrgico se faz pela toracotomia 
unilateral esquerda no quinto espaço intercostal. 
após a dissecção da subclávia esquerda e ligadu-
ra dos seus ramos, realiza-se a ligadura e a secção 
da subclávia esquerda antes da sua ramificação. 
uma pequena incisão longitudinal é realizada no 
segmento que será anastomosado para alargar 
a subclávia. em seguida, uma anastomose térmi-
no-lateral da subclávia esquerda com a artéria 
pulmonar é feita com padrão de sutura continuo 
e fio de polipropileno ou polidioxonone 5-0 ou 
6-0 (Figura 2). a sutura deve ser meticulosa obe-
decendo as normas básicas de uma anastomose 
vascular, e a anastomose feita do lado oposto do 
arco aórtico para evitar o acotovelamento na ori-
gem da artéria subclávia.
PLICATURA VENTRICULAR
a cardiomiopatia dilatada é um desafio para os 
médicos veterinários e humanos. Na medicina hu-
mana culmina com o transplante cardíaco, que ainda 
não é realizado na rotina da medicina veterinária. o 
remodelamento cardíaco foi descrito na medicina 
humana, mas a técnica de ventriculectomia vem 
caindo em desuso devido aos resultados insatisfató-
rios. Na medicina veterinária o Prof. James andrade 
descreveu uma nova técnica bastante promissora 
em 2001, a plicatura da parede livre do ventrículo 
esquerdo (andrade et al. 2004). esta técnica ainda 
carece de maiores estudos clínicos, mas poderá ser 
no futuro uma alternativa interessante para animais 
com insuficiência cardíaca ocasionada pela cardio-
miopatia dilatada. 
o acesso cirúrgico é realizado por uma toracoto-
mia unilateral esquerda no sexto espaço intercostal. 
Realiza-se a pericardiectomia em t. o coração é mo-
bilizado colocando-se uma compressa umedecida 
no seu lado direito, luxando o coração lateralmente 
com intuito de facilitar a confecção da plicatura. a 
plicatura é realizada com três pontos em u com fios 
de polipropileno 2-0 transfixantes, apoiados em pró-
teses de pericárdio bovino em tiras na parede livre 
do ventrículo esquerdo, do ápice ao seu terço dorsal, 
por baixo do ramo marginal ventricular esquerdo. 
antes do aperto final dos nós, utilizamos o tornique-
te de Rummel para um aperto provisório, com intuito 
de verificar as alterações causadas pela plicatura ven-
tricular (figuras 3). 
Para minimizar a morbidade pós-operatória, o 
pós-operatório deve ser realizado em uma unidade 
de terapia intensiva.
Figura 3 -Plicatura ventricular esquerda para cães com cardio-
miopatia dilatada.
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VALVULOPLASTIA PULMONAR COM ENXERTO
Com o intuito de ampliar o óstio valvar, a cor-
reção definitiva da estenose pulmonar pode ser 
realizada através da valvuloplastiacom uso do 
enxerto de pericárdio bovino ou com politetraflu-
oroetileno (PtFe). É um procedimento laborioso e 
que exige a utilização da circulação extracorpórea 
(CeC) para que possa ser realizado de maneira 
adequada. além da ampliação do óstio valvar 
podemos realizar a reconstrução da válvula com o 
pericárdio. algumas próteses de pericárdio já vem 
com a válvula disponível. entretanto, a recons-
trução valvar não é indispensável, pois o coração 
funciona de forma adequada de maneira trivalvar, 
ou seja, sem a válvula pulmonar. 
animais com hipertrofia infundibular, esteno-
se severa, displasia valvar ou quando não respon-
de à dilatação valvar transventricular (acreditamos 
que esta técnica não oferece resultados satisfató-
rios) são bons candidatos à realização da técnica 
do enxerto. 
após a colocação do animal em CeC faz-se uma 
incisão longitudinal com inicio no átrio direito em 
direção à artéria pulmonar, passando pela válvula 
pulmonar. a região valvar é inspecionada e a vál-
vula pulmonar doente é removida. Modela-se o 
enxerto em formato elipsóide, de forma que este 
se adapte à região operada. Faz-se uma sutura 
contínua, transfixante e com fio de polipropileno 
2-0. Deve-se seguir os princípios da sutura vascu-
lar. uma reposição valvar, caso 
seja necessária, é feita a partir 
de um flap do enxerto, que é 
suturado perpendicularmen-
te ao primeiro enxerto, na re-
gião correspondente da valva 
pulmonar e com tamanho 
adequado ao óstio pulmonar 
operado. Neste caso a válvula 
pulmonar fica reconstruída de 
maneira univalvar (Figura 4).
TÉCNICA DE DE VEGA 
PARA CORREÇÃO DE DIS-
PLASIA DE TRICÚSPIDE
a displasia de tricúspide é 
uma má formação congênita. 
a regurgitação da tricúspide é 
a manifestação mais comum, 
entretanto pode ocorrer tam-
bém a estenose. Com isto 
ocorre a falência do coração 
direito. a técnica cirúrgica adotada por alguns au-
tores é a da anuloplastia por anel ou a substituição 
valvar por uma prótese. Neste último caso, no en-
tanto, além do alto custo, há a necessidade do uso 
de anticoagulantes no pós operatório. Preconiza-
mos a técnica de De vega pela sua simplicidade e 
menor custo em relação às demais.
É necessário que o animal esteja em circula-
ção extracorpórea. um fio de polipropileno 2-0 é 
passado por um pedaço de pericárdio bovino ou 
teflon, e a linha de sutura é iniciada perto da co-
missura entre os folhetos anterior e septal. a sutu-
ra progride lateralmente, paralela ao folheto ante-
rior. Perto da comissura, entre os folhetos septal e 
posterior, ela é passada em outra área do enxerto e 
levada de volta à sua origem. a sutura é finalizada 
por cima do pedaço medial do enxerto e, à medida 
que é apertada, o ânulo da válvula é diminuído (Fi-
gura 5). a competência da válvula é verificada com 
uma injeção de solução salina fisiológica gelada 
dentro do ventrículo direito.
COMISSUROTOMIA PARA CORREÇÃO 
DE DISPLASIA DE TRICÚSPIDE 
a estenose da válvula tricúspide é menos comum, 
entretanto ela pode acontecer em pequenos animais, 
e a sua correção se faz pela comissurotomia da válvula 
tricúspide. a técnica é realizada através de incisões 
nas comissuras, com bisturi, até 3 mm do ânulo. Nor-
malmente não é necessário qualquer tipo de reparo 
Figura 4 - Técnica do Flap para correção de Estenose Pulmonar em cão. 
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nas cordoalhas. o uso de um anel protético pode ser 
necessário para evitar o estreitamento do orifício. 
 CORREÇÃO DE COMUNICAÇÃO 
INTERATRIAL (CIA) E INTERVENTRICULAR (CIV)
a Cia não é um defeito comum em pequenos 
animais. a Civ é um defeito importante por suas 
repercussões clínicas de grande gravidade. Na cor-
reção destes defeitos é importante que a CeC seja 
realizada com a canulação bicaval, pois o acesso é 
feito pelo átrio direito. o reparo do defeito pode 
ser realizado com a sutura de um enxerto autóge-
no de pericárdio ou com a utilização de pericárdio 
bovino.
a Cia foi a primeira cirurgia intracardíaca reali-
zada com sucesso em seres humanos. atualmente 
o índice de sucesso em humanos é próximo a 
100%. existem três tipos de defeitos possíveis, o 
seio venoso (forame oval patente), o ostium pri-
mum e o ostium secundum. a maioria dos defeitos 
são assintomáticos, mas podem causar problema 
respiratórios crônicos, intolerância ao exercício e 
falência cardíaca direita, sendo indicada a cirurgia. 
o Civ pode ocasionar insuficiência cardíaca 
congestiva, infecções pulmonares recorrentes e 
hipertensão pulmonar. o defeito perimembra-
noso é o mais comum em pequenos animais, mas 
também pode ocorrer o supracristal e o defeito do 
septo muscular. No defeito perimembranoso uti-
lizamos a técnica cirúrgica com acesso pelo átrio, 
que é aberto por baixo da auriculeta direita até 
Figura 5 - Visão da válvula tricuspide através de acesso no atrio direito 
para correção de displasia de tricuspide pela técnica de De Vega em cão. 
perto da junção da cava caudal. uma sutura pode 
ser colocada no folheto anterior da válvula tri-
cúspide para melhor exposição da lesão. a sutura 
com fio de polipropileno é iniciada do lado direito 
da borda inferior e é continuada no sentido anti-
horário. a outro lado é levado no sentido horário. a 
porção superior do retalho é então suturada à base 
do folheto septal.
CIRuRGIA DE 
MEDIASTInO E HéRnIAS
 
CIRURGIA DO MEDIASTINO
o timoma é o tumor de mediastino mais comum 
em pequenos animais, é encapsulado e, em geral, 
não invasivo. a metástase é rara. 
Para sua remoção indicamos o acesso por ester-
notomia. apesar de ser mais laborioso, a remoção do 
tumor se torna fácil e com bons resultados. 
uma complicação importante é a mediastinite. 
o tratamento precoce pode minimizar os casos de 
morbidade e mortalidade. a sepse é uma evolução 
comum destes casos. 
o tratamento cirúrgico inclui a drenagem e a irri-
gação do mediastino, assim como o debridamento 
do esterno. Nestes casos pode acontecer a lise do 
esterno dificultando o fechamento do tórax. Quando 
isto acontece podemos utilizar a técnica de Robicsek 
para a síntese da parede. Nesta técnica é preconiza-
do o uso de um trançado com fio de aço paraesternal, 
envolvendo bilateralmente as costelas e que são 
aproximados através de pontos simples 
posicionados transversalmente ao esterno. 
a estabilização do tórax é importante para a 
recuperação do animal.
tumores esofagianos decorrentes de 
Spirocerca sp são frequentes em algumas re-
giões do Brasil. a remoção cirúrgica destes 
tumores deve ser realizada, sendo necessá-
ria uma anastomose do esôfago. operações 
no esôfago podem resultar, com frequên-
cia, em deiscência da sutura. 
HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA 
TRAUMÁTICA 
a hérnia diafragmática traumática é 
uma afecção comum em pequenos animais, 
sendo mais frequente em felinos. o fígado é 
o órgão mais comumente envolvido e pode 
acontecer tanto do lado direito quanto do 
esquerdo. sua correção é feita por acesso to-
rácico ou abdominal. usualmente utilizamos 
o acesso abdominal e comumente a recons-
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Referências Bibliográficas
Dados do autor
André Lacerda de
Abreu Oliveira
Médico veterinário, CRMv-RJ nº 3840, MsC, 
DsC. Professor associado de técnicas Cirúr-
gicas e Cirurgia torácica- ueNF-RJ
Endereço para correspondência:
R. Francisca Carvalho de azevedo 14/202. 
Parque são Caetano- Campos dos goytaca-
zes-RJ cep 28030-355 
e-mail: andrevet@uenf.br 
trução se faz por fechamento direto. 
 o diagnostico precoce e a cirurgia realizada nas 
primeiras 72 horas após o trauma facilita o procedi-
mento operatório. acima deste período podemos nos 
deparar com a ocorrência de aderências que pode-
riam aumentar os casos de morbidade e mortalidade.
HÉRNIA PERITONEOPERICÁRDICA
É uma malformação congênita do pericárdio. 
afeta cães e gatos e é comum na raça Weimeraner e 
em gatos persas. 
a laparotomia mediana pré-umbilical é o aces-
so indicado para a correção cirúrgica. o fígado é o 
órgão mais comumente envolvido, e a sua correção 
é similar ao da hérnia traumática. em alguns casos, 
faz-se necessária uma esternotomia da porção cau-
dal do esterno devido a aderências e dificuldades de 
redução do conteúdo herniário.
PÓS-OPERATÓRIO 
Para a estabilização e a recuperação do paciente 
no período pós-operatório, é imprescindível que 
seja estabelecido um suporte de terapia intensiva, 
com cuidados relativos à reposição de volume, ao 
equilíbrio eletrolítico e ácido-básico, drenagens 
torácicas, identificação de sangramentos, mecânica 
respiratória e controle da dor e dos parâmetros he-
modinâmicos. Podemos afirmar que procedimentos 
de cirurgia intracardíaca somente são possíveis se 
estes cuidados foram tomados nas etapas seguintes.
COnSIDERAçÕES FInAIS
Com o surgimento da especialidade da terapia 
intensiva em nosso meio, um suporte adequado para 
a recuperação dos pacientes em cirurgia torácicas, em 
especial a cardíaca, tornou-se possível. Como conse-
quência, melhores resultados serão alcançados. 
Para o desenvolvimento desta especialidade ci-
rúrgica, é necessário dar ênfase ao ensino e ao treina-
mento de profissionais. Duas âncoras são fundamen-
tais neste processo: as escolas veterinárias, no papel 
de criar condições específicas para este crescimento, 
e os eventos científicos, ao popularizarem o acesso às 
novas informações, fomentando o seu crescimento e 
a difusão do conhecimento.
Na universidade estadual do Norte Fluminense 
Darcy Ribeiro (ueNF) fomentamos este desenvolvi-
mento através do treinamento dos alunos da gradu-
ação das técnicas cirúrgicas básicas concernentes à 
cirurgia torácica e, na pós-graduação, efetuando um 
treinamento de procedimentos avançados. os resul-
tados têm sidos encorajadores. 
 
Revista CFMv - Brasília/DF - ano Xvi - nº 50 - 201018
a criação intensiva de porcos para a produção de 
carne suína é uma das principais atividades agrícolas 
na região sul. No Centro oeste, em particular no es-
tado do Mato grosso do sul, a recente atividade de 
suinocultura vem se desenvolvendo pelo trabalho 
de imigrantes do sul do país. a chegada dessas po-
pulações vem transformando parcela significativa do 
bioma Cerrado em áreas de agricultura com elevado 
uso de insumos e de energia não renováveis. No mu-
nicípio de são gabriel do oeste, a 130 km ao norte de 
Campo grande, a modificação da paisagem em áreas 
agrícolas pode ser constatada ao se trafegar pela BR-
163. a população vivente em são gabriel do oeste é 
hoje estimada em cerca de 20 mil habitantes e pouco 
mais de 40 % da economia local é impulsionada por 
uma cooperativa voltada a produção de ração ani-
mal a base de milho e de carne suína.
o aumento da demanda nacional e internacional 
por carne suína estimula o incremento da produção. 
AGROSUINOCULTURA: 
SOLUÇÃO SUSTENTÁVEL 
BRASILEIRA
ag R o s u i N o C u lt u R a
em um futuro não distante, atendendo a essa deman-
da, municípios com vocação similar ao de são gabriel 
do oeste devem amplificar a produção de carne suína. 
o aumento da produção certamente gera receita e ga-
nhos do ponto de vista social, especialmente quando 
os produtores cooperados fazem parte de assenta-
mentos rurais de reforma agrária. Contudo, uma maior 
produção traz consigo a responsabilidade de gestão 
apropriada dos resíduos gerados na cadeia produ-
tiva (ver revisão apurada sobre o tema em oliveira e 
Nunes, 2002). Na prática, o cooperado produtor de 
porcos deve evitar que os dejetos sejam despejados 
de forma inadequada na natureza. isso pode ser visto 
como um desafio árduo e oneroso pela perspectiva da 
mitigação das externalidades ambientais, tais quais 
a contaminação do solo, dos recursos hídricos e as 
emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, es-
pecialmente Ch4 (metano) e N2o (óxido nitroso), cujos 
potenciais de aquecimento global de uma tonelada 
shutteRstoCK
Revista CFMv - Brasília/DF - ano Xvi - nº 50 - 2010 19
Figura 1. Modelo de uma cadeia não sustentável de produção de carne suína, com baixa 
eficiência no uso dos recursos naturais e de baixa diversidade de produtos. Nesse sistema as 
entradas e as perdas de energia e de materiais são muito elevadas em comparação ao único 
produto gerado (carne suína).
são respectivamente 25 e 298 toneladas de Co2 equi-
valentes para um horizonte de 100 anos (Forster et al., 
2007). No entanto, há espaço para desenvolver solu-
ções interessantes para lidar com os resíduos dos sis-
temas intensivos de criação de porcos, transformando 
as externalidades ambientais em elemento chave 
para uma agricultura brasileira eficiente, diversificada 
e efetivamente sustentável, aqui convencionada de 
agrosuinocultura, que pode alcançar balanços sociais, 
econômicos e ambientais favoráveis, muito além da 
produção de carne suína.
os incrementos de produtividade das últimas dé-
cadas, alicerçadas em pesquisas realizadas por uni-
versidades, institutos de pesquisa e pela embrapa, 
vem permitindo avanços importantes para a conso-
lidação gradual de uma agricultura de base susten-
tável no país. existe, entretanto, um limite planetário 
para a operação segura da agricultura, de modo que 
serviços dos ecossistemas sejam adequadamente 
mantidos no longo prazo e não criem mudanças am-
bientais irreversíveis e altamente danosas à huma-
nidade (Rockström et al., 2009). Quando se fala em 
agricultura sustentável subentende-se i) a inclusão 
social, ii) o uso de energias renováveis na cadeia pro-
dutiva e iii) a manutenção da integridade dos ecos-
sistemas, os quais fornecem fluxos e estoques de bio-
diversidade, água doce e de carbono e nitrogênio 
em níveis seguros (serviços ambientais). em suma, 
a sustentabilidade envolve a dimensão humana na-
turalmente integradaà estrutura e ao funcionamen-
to do ecossistema predominante na escala de bacia 
de drenagem. Por este prisma, o surgimento de uma 
“nova fase da agricultura brasileira”, deve estar neces-
sariamente ligado ao uso eficiente de recursos hu-
manos e de recursos da natureza (agroecossistema), 
com menor dependência de insumos e combustíveis 
(fósseis) não renováveis como fertilizantes químicos, 
gás natural, carvão e diesel.
a Figura 1 descreve esquematicamente um agro-
ecossistema para uma cadeia produtiva tradicional 
de carne suína, sem estratégias ou ações de gestão 
de resíduos e fortemente dependente de insumos e 
energia não renováveis. a produção de carne suína 
é pequena considerando-se o aporte de materiais e 
energia não renováveis. uma fração significativa dos 
materiais e de energia é perdida na forma de gases de 
efeito estufa ou na forma de efluentes líquidos que po-
dem eventualmente contaminar os solos e os recursos 
hídricos superficiais e subterrâneos. além disso, utili-
za-se basicamente água valiosa do aquífero na cadeia 
produtiva, inclusive para a limpeza das granjas.
Por outro lado, a gestão dos resíduos a partir da 
inovação e do uso de novas 
tecnologias pode tornar a ca-
deia produtiva mais eficiente, 
ou seja, menos poluidora e 
muito mais lucrativa. a busca 
pela otimização do uso dos 
recursos naturais é essencial 
nesse contexto. a Figura 2 
apresenta a mesma coopera-
tiva operando de forma mais 
equilibrada em relação ao 
meio ambiente. e a biodiges-
tão anaeróbica desempenha 
um papel fundamental nesse 
processo.
É por meio da biodigestão 
em fluxo contínuo dos deje-
tos das granjas que se inicia a 
sustentabilidade integrada e 
diversificada da agrosuinocul-
tura. a biodigestão controlada 
soluciona, em grande medida, 
a questão do carbono. Na au-
sência de oxigênio, quase todo 
carbono orgânico lábil é con-
vertido a biogás por bactérias 
a g R o s u i N o C u lt u R a
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K
Revista CFMv - Brasília/DF - ano Xvi - nº 50 - 201020
Figura 2. Modelo de uma cadeia sustentável, integrada e diversificada de agrosuinocultura, 
baseada em energia renovável (biogás e eletricidade), aproveitando ao máximo os recursos 
naturais (água e petróleo) para a produção de diversas commodities agrícolas e de eletrici-
dade, minimizando as perdas para a natureza na forma de externalidades ambientais. Note, 
ainda, o maior uso de água de chuva que água do aquífero para a limpeza das granjas e para a 
irrigação de culturas.
metanogênicas. os biodiges-
tores permitem que o biogás 
rico em metano seja recupera-
do para a geração de energia 
mecânica (motobombas) ou 
elétrica (motogeradores). 
Para uma granja de mil suínos 
pode-se produzir em média 
25 m3 de biogás por hora, o 
equivalente em energia de 70 
a 150 kWh por hora, depen-
dendo da eficiência do motor. 
Parte dessa energia pode ser 
usada na propriedade e o 
excedente pode ser eventu-
almente comercializado com 
concessionárias distribuido-
ras de eletricidade, interessa-
das em geração Distribuída. 
as motobombas movidas a 
biogás podem ser usadas na 
fertirrigação de pastagens 
com o uso de carretéis de irri-
gação controlada e automati-
zada. Com esse sistema é possível ajustar com precisão 
a quantidade aspergida de dejetos biodigeridos, isto 
é, de biofertilizante rico em nutrientes (especialmente 
nitrogênio nas formas reduzidas de Nh3 (amônia) e Nh4
+ 
(amônio)) numa dada área agrícola da propriedade.
a embrapa Pantanal e a universidade Federal 
do Mato grosso do sul (uFMs), em parceria com a 
embrapa suínos e aves, a Prefeitura Municipal de 
são gabriel do oeste, a Cooperativa agropecuária de 
são gabriel do oeste, agricultores do assentamento 
Campanário e parceiros privados, vem realizando 
estudos para se determinar a dosagem ideal para o 
tifton, de modo que ocorra o máximo de incremen-
to de produção de fitomassa na 
pastagem e o mínimo de perdas 
de nitrogênio oxidado na forma de 
N2o para a atmosfera e na forma de 
nitrato para o solo e corpos d´água 
superficiais e subterrâneos (Ber-
gier et al., 2008).
No campo, a fer t irr igação 
pode ser feita adotando-se o 
princípio de rotação de parcelas 
ou piquetes, de modo a man-
ter níveis elevados de fitomassa 
para a criação contínua de gado 
semi-confinado. esta é uma das 
propostas do Pisa (Produção 
integrada de sistemas agropecuários), promovido 
pelo Ministério da agricultura, Pecuária e abas-
tecimento (MaPa) e do ilPF (integração lavoura-
Pecuária-Florestas) promovido pela embrapa. o 
gado é rotacionado entre as parcelas em sincronia 
com a fertirrigação mas fora de fase, com diferença 
de dias ou semanas, para que a qualidade da pasta-
gem consumida pelo gado seja a melhor possível. 
esse sistema de produção integrada ainda requer 
estudos e pesquisas para se determinar melhor a 
diferença de fase e a sincronicidade de rotação de 
gado e de fertirrigação. Definidos esses parâmetros, 
a prática integrada e sincronizada em parcelas fer-
Figura 3. Agrosuinocultura no município de São Gabriel do Oeste. A) motobomba que extrai 
biofertilizante (efluente biodigerido) das lagoas e distribui em culturas de forma controla-
da através de um carretel automatizado de irrigação (B) e de um canhão (C) .
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Revista CFMv - Brasília/DF - ano Xvi - nº 50 - 2010 21
tirrigadas com o gado pode viabilizar a produção 
contínua de carne e leite em áreas agrícolas relati-
vamente pequenas, como em assentamentos rurais 
variando de 10 a 20 hectares.
a otimização do uso dos recursos da natureza, 
por meio da suinocultura, da biodigestão e da 
inovação em máquinas e processos (ou seja, pela 
agrosuinocultura), pode também propiciar uma 
restauração indireta de biomas, tendo em vista a 
substituição de sistemas de produção extensiva por 
sistemas de produção intensiva em pequenas áreas. 
Portanto, biomas podem ser restaurados, visando 
fontes de renda adicionais com créditos de carbono 
oriundos do ReDD (sigla em inglês para Redução de 
emissões por Desmatamento e Degradação Flores-
tal) que deverá em breve fazer parte de acordos in-
ternacionais de mitigação de emissões de gases de 
efeito estufa. o mesmo pode ser vislumbrado para 
a produção de madeira e outros produtos florestais 
(papel, carvão vegetal, briquetes, etc), bem como 
para a produção de biofertilizante processado, em 
estado sólido, oriundo do lodo retido no biodiges-
tor (carbono mais refratário rico em nitrogênio) 
e biomassa vegetal pirolisada (combustão na 
ausência de oxigênio para produzir biochar). esses 
estudos, com a biomassa de aguapé cultivado nas 
lagoas de efluentes biodigeridos iniciam em 2010, 
em colaboração com o recém aprovado Macropro-
grama 2 da embrapa “aproveitamento da biomassa 
pirolisada na melhoria da qualidade do solo e da 
produtividade agrícola e na redução da emissão de 
gases de efeito estufa”. este fertilizante sólido, ao ser 
adequadamente processado pode ser (re)utilizado 
na produção de cereais e grãos e até mesmo na pro-
dução de frutas e hortaliças.
a Figura 3 ilustra a agrosuinocultura que vem ga-
nhando força no município de são gabriel do oeste. 
o interessante é que lá a teoria já está se tornando 
realidade e uma referência para o país.
AGRADECIMEnTOS
aos parceiros de trabalho de são gabriel do 
oeste, especialmente Carlos shimata e luiz Rieger. 
ao Ministério da Ciência e tecnologia (MCt), ao Ma-
croprograma 3 da embrapa e à Prefeitura Municipal 
de são gabriel do oeste pelo incentivo e apoio nas 
pesquisas de agrosuinocultura. os mais sinceros 
agradecimentos aos colegas de projeto e às chefias 
geral e de P&Di da embrapa Pantanal (CPaP), bem 
como Paulo armando victoria de oliveira da em-
brapa suínos e aves (CNPsa), giancarlo lastoria esandra gabas da uFMs, e aos palestrantes, colabora-
Bergier, i. et al. Avaliação agrícola e ambiental da 
suinocultura-biofertilização em São Gabriel do 
Oeste (MS). Projeto da embrapa Pantanal. Macropro-
grama 3 / infoseg número 03.08.06.053.00.00. embra-
pa. 17p. 2008.
Forster, P. et al. Changes in Atmospheric Consti-
tuents and in Radiative Forcing. in: iPCC Wg1 aR4 
Report, Cambridge university Press, Cambridge, New 
York, usa. 2007. online: último acesso em 8 de dezem-
bro de 2009 <http://ipcc-wg1.ucar.edu/wg1/Report/
aR4Wg1_Print_Ch02.pdf>.
oliveira, P.a.v. e Nunes, M.l.a. Sustentabilidade 
ambiental da suinocultura. embrapa suinos e aves 
(CNPsa). 16p. 2002. online: último acesso em 8 de 
dezembro de 2009 <http://www.cnpsa.embrapa.br/
down.php?tipo=publicacoes&cod_publicacao=352>
Rockström, J. et al. a safe operating space for humani-
ty. Nature, v.461, p.472-475, 2009.
Referências Bibliográficas
Dados dos autores
Ivan Bergier
Biólogo CRBio nº 20379/01-D, Pesquisador 
Mudanças Climáticas globais – Mecanismo de 
Desenvolvimento limpo, embrapa Pantanal. 
Endereço para correspondência: 
Cx. Postal 109, Corumbá-Ms, Brasil, CeP 
79.320-900, telefone:(67) 3234-5800, 3234-
5900 Fax: (67) 3234-5815
e-mail: ivan@cpap.embrapa.br
João Antonio Rodrigues 
de Almeida
Médico veterinário CRMv-Ms nº 1274, Co-
operativa agropecuária de são gabriel do 
oeste, Ms
e-mail: tecnico.cooasgo@terra.com.br
dores e participantes do Workshop “aproveitamento 
múltiplo da biodigestão na agroindústria e nas cida-
des”, realizado em são gabriel do oeste no dia 16 de 
novembro de 2009. um agradecimento especial ao 
Prof. enrique ortega da unicamp pelos ensinamen-
tos de conceitos de energia.
a g R o s u i N o C u lt u R a
Revista CFMv - Brasília/DF - ano Xvi - nº 50 - 201022
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Revista Do CFMv - Brasília - DF - ano Xvi – N° 50 - 2010
SuplementoCientífico
Pitiose cutânea eqüina no Piaui. Primeiro relato de caso
A leishmaniose tegumentar americana no estado do Amazonas, 
Brasil: Aspectos epidemiológicos da leishmaniose canina
Dor neuropática após amputação de membros: fisiopatologia e 
manifestações clinicas em cães.
José de Ribamar de Souza Rocha / Severino Vicente da Silva
Lucilene da Silva Santos / Lucas Pinheiro Dias
Edílson Páscoa Rodrigues / Dário Magalhães Batista Filho
Francisco Solano Feitosa Júnior / Rosvaldo Duarte Barbosa
Fernando Andrade Souza e outros / Igor Frederico Canisso
Álan Maia Borges / Vicente Ribeiro do Vale Filho
Anali Linhares Lima / Erotides Capistrano da Silva
Sonia Rolim Reis / Antonia Maria Ramos Franco
Roberta Cristina Campos Figueiredo / Karina Velloso Braga Yazbek
O papel do ambiente uterino e do reconhecimento materno da 
gestação na perda embrionária na égua
Revista CFMv - Brasília/DF - ano Xvi - nº 50 - 2010 23
s u P l e M e N t o C i e N t í F i C o
PITIOSE CUTÂNEA EQÜINA. 
PRIMEIRO RELATO DE CASO 
NO PIAUÍ
EquInE CuTAnEOuS PyTHIOSIS In THE PIAuÍ 
STATE, BRAZIL – A CASE REPORT
Resumo
a pitiose é uma enfermidade piogranulomatosa crônica, principalmente do tecido subcutâneo, causada pelo 
fungo zoospórico Pythium insidiosum. atinge várias espécies de animais domésticos e humanos e é muito se-
melhante a outras afecções cutâneas fúngicas e neoplasias. em eqüinos, se caracteriza, principalmente, pelo 
desenvolvimento de lesões subcutâneas ulcerativas e granulomatosas de aspecto tumoral, massas em forma 
de coral amareladas formadas no centro das lesões. um eqüino sRD, macho, 18 meses de idade, apresentou 
uma lesão no membro dianteiro esquerdo com aspecto ulcerativo, granulomatoso e de aparência tumoral. o 
diagnóstico de pitiose foi realizado através dos sinais clínicos e do isolamento e identificação do agente etio-
lógico. a pitiose está relacionada com o contato direto de animais e humanos com águas contaminadas pelo 
agente etiológico. os cavalos são os animais mais atingidos.
Palavras-chave: pitiose, Pythium insidiosum, eqüinos
Abstract
 
Pythiosis is a chronic granulomatous disease, mainly of the subcutaneuos tissue caused by zoosporic fungi 
Pythium insidiosum. the disease affects several domestic animal species and humans. the pytiosis is very like 
another fungic cutaneous infections. the disease in equines characterizes itself mainly for the development 
of ulcerative and granulomatous subcutaneous injuries of tumoral appearance. a male horse indefinite race, 
18 months old, had just one lesion on the left anterior member, with ulcerative, granulomatous and of tumoral 
aspect. the diagnosis of pythiosis was carried through by the clinical signs and the isolation and identification 
of the etiologic agent. epidemiologically pythiosis is related with the direct contact of the animals and human 
with contaminated waters for the etiologic agent. horses are the most affected animals. 
Keywords: pythiosis, Pythium insidiosum, equines
InTRODuçãO
a pitiose é uma doença piogranulomatosa crônica, 
principalmente do tecido subcutâneo, que atinge eqüi-
nos, bovinos, caninos, felinos e humanos, ocorrendo 
em áreas tropicais, subtropicais e temperadas (Meireles 
et al., 1993, Mendoza et al., 1996). a pitiose, nos últimos 
anos, vem paulatinamente a merecer destaque na mi-
cologia clínica tanto veterinária como humana (Bosco 
et al., 2005, santurio et al., 2006). atenção especial deve 
ser dada àquelas pessoas que residem ou trabalham 
em áreas de exposição permanente ao agente etioló-
gico e convivem com animais suscetíveis ou doentes. 
a pitiose é causada por um fungo zoospórico do filo 
s u P l e M e N t o C i e N t í F i C o
Revista CFMv - Brasília/DF - ano Xvi - nº 50 - 201024
oomycota, pertencente ao Reino straminipila, Pythium 
insidiosum (alexopoulos et al., 1996). a doença também 
é conhecida por hifomicose, zigomicose, dermatite 
granular, granuloma ficomitótico, “burstte”, “Florida 
leeches” e “swamp cancer” (Meireles et al., 1993, Chaffin 
et al., 1995). 
o gênero Pythium possui mais de 120 espécies 
distribuídas em todo o planeta, sendo a maioria habi-
tantes do solo, mas freqüentemente encontradas em 
corpos d`água e regiões alagadiças, vivendo saprotro-
ficamente ou como parasitas de plantas (hawksworth 
et al., 1996). Pythium insidiosum é a única espécie do 
gênero patogênica a mamíferos. o ciclo de vida desse 
fungo está relacionado com as mudanças ambientais 
nos ecossistemas. Para haver a produção de zoóspo-
ros, são necessárias temperaturas entre 30 e 40 °C e 
o acúmulo de águas em banhados e lagoas (Miller e 
Campbell, 1982). 
epidemiologicamente, a pitiose está relacionada 
com o contato direto de animais e humanos com água 
contaminada pelo agente etiológico. a forma infecc-
tante de Pythium insidiosum são os zoósporos liberados 
na água para completar seu ciclo de vida (Mendoza et 
al., 1993). a maioria dos casos de pitiose foi observada 
durante ou logo após a estação chuvosa. este agente 
atinge principalmente, as extremidadesdistais dos 
membros e porção ventral da parede tóraco-abdomi-
nal, provavelmente devido ao maior tempo de contato 
com água contaminada com zooósporos (Miller e Cam-
pbell, 1982, Chaffin et al., 1995). 
os eqüinos são os animais mais atingidos pela 
pitiose caracterizada pelo desenvolvimento de lesões 
subcutâneas ulcerativas e granulomatosas de aspecto 
tumoral, com formação de “kunkers”, massas em forma 
de coral amareladas produzidas no centro das lesões. 
o primeiro relato de pitiose eqüina ocorreu no Rio 
grande do sul (santos e londero, 1974). Desde então, 
os relatos de pitiose eqüina no país somam mais de 90 
casos (santurio et al., 2006), sendo descritos em vários 
estados, incluindo o próprio Rio grande do sul (san-
tos et al., 1987, Meireles et al., 1993, sallis et al., 2003), 
Paraná (luvizari et al., 2002, headley e arruda, 2004), 
Pará (túry e Corôa, 1997), Rio de Janeiro (sanavria et 
al., 2000) e são Paulo (Rodrigues e luvizotto; 2000). 
Como em Mato grosso do sul (Monteiro, 1999, leal et 
al., 2001), no pantanal também foram registrados ca-
sos (Carvalho et al., 1984, santurio et al. 1998, leal et al. 
2001). também existe registro de ocorrência da doen-
ça no semi-árido, como na Paraíba foram registrados 
38 casos (tabosa et al. 1999) e no Piauí, diversas espé-
cies de Pythium também já haviam sido registradas no 
semi-árido, mas todas com potencial patogênico para 
plantas (Rocha et al., 2001, Rocha, 2002, 2006). este 
é o primeiro relato de Pythium insidiosum causando 
pitiose cutânea em eqüinos no Piauí, embora já hou-
vesse suspeita da doença em eqüinos atendidos na 
Clínica de grandes animais do hospital veterinário da 
universidade Federal do Piauí, dos quais não se con-
seguiu um diagnóstico definitivo. a enfermidade tem 
características muito semelhantes a diversas outras 
afecções cutâneas fúngicas, havendo a possibilidade 
de em exames superficiais ser confundida.
RELATO DO CASO
um eqüino macho, sem raça definida (sRD), com 
pelagem alazã, 18 meses de idade, pesando 140 kg, 
proveniente de alto longá, Piauí, foi atendido na Clínica 
de grandes animais do hospital veterinário do Centro 
de Ciências agrárias da universidade Federal do Piauí. 
a queixa do proprietário era referente ao surgimento de 
uma lesão no membro anterior esquerdo, a cerca de 60 
dias. o animal era criado em regime extensivo, não era 
vacinado e nem vermifugado. Durante o exame clínico, 
observou-se: FR=16, FC=38 e tR=37,8°C. a auscultação 
do abdômen não revelou nenhuma alteração. o eqüino 
encontrava-se com os pêlos opacos e quebradiços, 
magro e a lesão cinza-avermelhada com secreção sero-
sanguinolenta, de consistência viscosa, aspecto granu-
lomatoso e diâmetro aproximado de 20 cm, atingindo 
a região posterior e lateral da articulação do carpo do 
membro anterior esquerdo (Figura 1). 
os estudos biológicos de Pythium insidiosum fo-
ram realizados no laboratório de Fungos Zoospóricos 
da universidade Federal do Piauí, com o isolamento 
e cultura do patógeno. o diagnóstico diferencial de 
FIGURA 1 - Lesão característica de pitiose eqüina apresentando 
secreção serosanguinolenta de aspecto granulomatoso no mem-
bro anterior esquerdo.
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Revista CFMv - Brasília/DF - ano Xvi - nº 50 - 2010 25
s u P l e M e N t o C i e N t í F i C o
afecções cutâneas fúngicas, como a conidiobolomi-
cose, basidiobolomicose, o granuloma bacteriano, a 
habronemose cutânea, sarcóides e outras neoplasias, 
foi realizado por meio da biopsia, isolamento, cultura 
e identificação do patógeno. o material coletado da 
lesão, “kunkers”, foi dividio em três partes. uma delas 
para o preparo em lâmina pra microscopia. Pois his-
tologicamente, os “kunkers”, apresentam-se como 
coágulos eosinófílicos de tamanho variado e forma 
circular com contornos irregulares. estes coágulos são 
compostos de hifas, colágeno, arteríolas e células in-
flamatórias, especialmente eosinófilos. observam-se 
hifas com paredes espessas, esparsamente septadas, 
irregularmente ramificadas (normalmente em ângulo 
reto) ou unidas formando feixes. 
uma segunda parte dos fragmentos foi previamen-
te lavada em solução contendo antibiótico (penicilina 
200µg/ml), e distribuída diretamente na superfície de 
meio de farelo de milho e ágar (CMa) e, após incubação 
por 96 horas, a 32 °C, houve o desenvolvimento de co-
lônia com micélio submerso de coloração hialina. Para 
a produção de zoosporângios e zoósporos, blocos de 
CMa foram retirados da margem da colônia e transferi-
dos para placas-de-petri com água destilada estéril. 
a terceira porção também foi colocada em placas-
de-petri com água destilada para a produção de Dados dos autores
José de Ribamar de Sousa Rocha
Biólogo, CRB-5 nº. 2.900/5-D. Doutor, professor 
adjunto no Departamento de Biologia, labora-
tório de Fungos Zoospóricos, Centro de Ciências 
da Natureza, uFPi. 
Endereço para correspondência: 
uFPi, CCN, Dep. Biologia, laboratório de Fungos 
Zoospóricos, Campus Ministro Petrônio Portela, 
Bairro ininga, teresina, Piauí CeP: 64049-550. 
e-mail: rrocha@ufpi.br
Severino Vicente da Silva
Médico veterinário, CRMv-Pi nº. 0125. Doutor, 
professor associado do Departamento de Clí-
nica e Cirurgia veterinária, Centro de Ciências 
agrárias, uFPi. 
e-mail:severinovs@yahoo.com.br
Lucilene da Silva Santos 
Médica veterinária CRMv-Pi nº. 0785 graduanda 
em Ciências Biológicas, estagiária no laborató-
rio de Fungos Zoospóricos, Centro de Ciências 
da Natureza, uFPi. 
e-mail: lssvetbio@gmail.com
Lucas Pinheiro Dias 
graduando em Ciências Biológicas, estagiário 
no laboratório de Fungos Zoospóricos, Centro 
de Ciências da Natureza, uFPi. 
e-mail: lpinheirodias@gmail.com
Edílson Páscoa Rodrigues
graduando em Ciências Biológicas, estagiário 
no laboratório de Fungos Zoospóricos, Centro 
de Ciências da Natureza, uFPi.
e-mail: edílson.pascoa@ig.com.br
Dário Magalhães Batista Filho
Médico veterinário CRMv-Pi nº. 0766 Residente 
Centro de Ciências agrárias, uFPi. 
e-mail: veterinario80@yahoo.com.br
Francisco Solano Feitosa Júnior
Médico veterinário CRMv-Pi nº. 0124. Doutor, Pro-
fessor associado Centro de Ciências agrárias, uFPi. 
e-mail: solanofeitosa@bol.com.br
Rosvaldo Duarte Barbosa 
Médico veterinário CRMv-Pi nº. 0211. Centro de 
Ciências agrárias, uFPi .
e-mail: rosvaldovet@yahoo.com.br
FIGURA 2 - Zoósporos dentro de vesícula de liberação na extre-
midade de um zoosporângio filamentoso de Pythium insidio-
sum, produzido por hifas formadas diretamente de “kunkers” 
em água destilada estéril, após incubação por 96 horas, em 
temperatura de 32 °C. 
 a
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Revista CFMv - Brasília/DF - ano Xvi - nº 50 - 201026
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