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Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. APG 05 – “O INIMIGO MORA AO LADO.” Abertura: 16/02/2021 Devolutiva: 19/02/2021. Objetivos: 1. COMPREENDER A EPIDEMIOLOGIA E O CICLO BIOLÓGICO DA DOENÇA DE CHAGAS; 2. IDENTIFICAR OS EXAMES SOROLÓGICOS E RADIOLÓGICOS PARA O DIAGNÓSTICO DA DOENÇA DE CHAGAS; 3. DELINEAR AS MEDIDAS DE PROTEÇÃO E RISCOS RADIOLÓGICOS; 4. EXPLICAR COMO OCORRE A ASSISTÊNCIA DA SAÚDE NA POPULAÇÃO INDÍGENA. EPIDEMIOLOGIA: A doença de Chagas é responsável por uma carga maior de MORBIDADE E MORTALIDADE do que qualquer outra doença parasitária no hemisfério ocidental, incluindo a malária. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA: A doença de Chagas é endêmica em 21 países continentais da América Latina, do sul dos Estados Unidos ao norte da Argentina e Chile. A transmissão vetorial ocorre exclusivamente nas Américas, onde cerca de 6 milhões de pessoas estão infectadas. Historicamente, a doença ocorreu predominantemente em ÁREAS RURAIS da América Latina, onde os moradores de casas infestadas estão continuamente expostos a picadas de vetores. A PREVALÊNCIA do T. cruzi é mais alta na Bolívia, Argentina, Paraguai, Equador, El Salvador e Guatemala. A epidemiologia da doença de Chagas está mudando devido à migração de indivíduos dentro e fora dos países endêmicos, bem como programas bem-sucedidos para reduzir a transmissão em áreas endêmicas. Os seguintes fatores alteraram a epidemiologia da doença de Chagas: • Grande migração rural para urbana na América Latina; • Migração internacional de pessoas de áreas endêmicas da doença de Chagas para a Europa e os Estados Unidos • Aumento da epidemia de HIV • Sucesso do controle de vetores em muitas áreas • Falha no controle de vetores e surgimento de resistência a inseticidas, especialmente no Gran Chaco Existem várias consequências dessas tendências. Centenas de milhares de indivíduos infectados vivem em cidades da América Latina e nos Estados Unidos, Espanha e outros países europeus. Em Santa Cruz (a maior cidade da Bolívia), a infecção por T. cruzi é encontrada em 15 a 20 por cento das mulheres grávidas que se apresentam para o parto e em até 60 por cento dos pacientes com doença cardíaca. ESTIMA-SE QUE CERCA DE 300.000 IMIGRANTES INFECTADOS VIVAM NOS ESTADOS UNIDOS; a prevalência da doença de Chagas entre os residentes nascidos na América Latina do Condado de Los Angeles foi estimada em 1,24 por cento em um estudo. EM ESTUDOS DE IMIGRANTES LATINO-AMERICANOS QUE SE APRESENTAM A CENTROS DE SAÚDE COM DOENÇA CARDÍACA, A PREVALÊNCIA DA INFECÇÃO POR T. CRUZI VARIOU DE 5 A 19 POR CENTO E É MAIS ALTA EM PACIENTES COM CARDIOMIOPATIA DILATADA. Devido à prevalência da infecção e aos padrões de imigração, a infecção pelo T. cruzi nos Estados Unidos é mais comumente encontrada em imigrantes de El Salvador e do México. Pelo menos 40.000 pessoas infectadas vivem na Espanha; o maior grupo afetado são os imigrantes da Bolívia. Em um estudo incluindo mais de 14 milhões de unidades de sangue testadas entre janeiro de 2007 e junho de 2008 nos Estados Unidos, a soroprevalência geral foi de 1: 27.500; as taxas de soroprevalência mais altas foram observadas na Flórida e na Califórnia. • Dos 104 doadores infectados com T. cruzi identificados, 28% nasceram no México, 26% nos Estados Unidos, 16% em El Salvador e 11% na Bolívia; os demais doadores nasceram em outros 9 países da América do Sul e Central. • Entre os doadores infectados nascidos nos Estados Unidos, 37 por cento não relataram fatores de risco específicos para T. cruzi-infecção; todas relataram atividades ao ar livre no sul dos Estados Unidos, Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. sugerindo exposição autóctone ao vetor infectado ou reservatórios de animais. • Um estudo subsequente usando dados de triagem de banco de sangue sugere que 5 a 7 por cento dos doadores de sangue infectados com T. cruzi podem ter sido infectados por transmissão local por vetor nos Estados Unidos. Uma consequência adicional desses padrões de migração é a TRANSMISSÃO CONGÊNITA e derivada de órgãos do T. cruzi em áreas sem TRANSMISSÃO VETORIAL. Infecções congênitas foram detectadas nos Estados Unidos, Espanha e Suíça, e a transmissão por transplante da infecção por T. cruzi ocorreu nos Estados Unidos. O movimento de indivíduos infectados com T. cruzi para as cidades resultou em um aumento na coinfecção por HIV. A reativação da doença de Chagas em pacientes coinfectados com HIV foi descrita no Brasil, Bolívia, Argentina e Estados Unidos. O sucesso do controle de vetores significa que áreas anteriormente endêmicas do Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai e Bolívia não apresentam mais transmissão vetorial doméstica e peridoméstica. • A transmissão congênita, portanto, é responsável por uma proporção maior de novas infecções do que no passado; • em 2015, a Organização Pan-Americana da Saúde estimou que 77 por cento das infecções incidentes são devidas à transmissão vetorial, em comparação com 22 por cento por transmissão congênita. A resistência a inseticidas e a falha dos métodos de controle de vetores na região do Gran Chaco da Bolívia, Argentina e Paraguai significa que essa área ainda apresenta a maior incidência de infecção por T. cruzi. • Em grande parte desta área, mais da metade da população rural está infectada. São necessárias abordagens inovadoras para abordar o controle de vetores, o tratamento etiológico e o manejo da cardiopatia chagásica nessa região. EPIDEMIOLOGIA MOLECULAR: T. cruzi é reconhecido como um complexo de sete linhagens principais (TcI-TcVI e TcBat), com distribuições discretas, mas sobrepostas. TcI é a principal causa da doença de Chagas no México, América Central e norte da América do Sul, enquanto TcII, TcV e TcVI são mais frequentemente isolados de ciclos de transmissão doméstica no sul da América do Sul. Há muito que se observa que a doença de Chagas gastrointestinal ocorre com alguma frequência nos países do Cone Sul, mas muito raramente no México, na América Central e no norte da América do Sul; esta distribuição foi observada para acompanhar de perto com as unidades de TIPAGEM DISCRETA (DTUS) relacionadas TcII, TcV e TcVI versus o TcI mais distantemente relacionado. Nenhum outro resultado clínico foi demonstrado de forma convincente estar associado a diferenças no DTU. A cardiomiopatia ocorre em toda a gama do T. cruzi, e a distribuição dos genótipos em qualquer estudo não difere entre aqueles com e sem cardiomiopatia. DA MESMA FORMA, AS INFECÇÕES CONGÊNITAS REFLETEM A DISTRIBUIÇÃO DOS GENÓTIPOS DETECTADOS ENTRE AS POPULAÇÕES LOCAIS DE ADULTOS. No entanto, os dados são muito mais esparsos de regiões onde predomina o TcI, em comparação com o Cone Sul. Dados adicionais são necessários para determinar se as taxas de doença de Chagas congênita diferem de acordo com a linhagem do parasita. • Um dos maiores desafios para tais estudos é a dificuldade técnica de genotipagem diretamente de espécimes clínicos. • A SOROTIPAGEM TEM SIDO SUGERIDA COMO UMA ALTERNATIVA, E UM TESTE RÁPIDO QUE DETECTA TCII / TCV / TCVI FOI DESENVOLVIDO. • A sensibilidade do teste rápido foi maior entre aqueles com cardiomiopatia em comparação com indivíduos infectados assintomáticos, possivelmente refletindo níveis mais elevados de anticorpos em indivíduos sintomáticos • Não existe uma ferramenta de sorotipagem paralela para TcI, e tanto a sorotipagem quanto a tipagem molecular são aplicáveisapenas como ferramentas de pesquisa. TRANSMISSÃO: A transmissão vetorial por triatomíneos infectados é a principal via de transmissão da doença de Chagas. ✓ A transmissão também pode ocorrer verticalmente da mãe para o feto, via transfusão de HEMOCOMPONENTES INFECTADOS, via transplante de um órgão de um doador infectado, via ingestão de comida ou bebida contaminada ou via exposição em laboratório. ✓ Na ausência de um tratamento antitripanossomal bem- sucedido, a infecção é vitalícia; a cura espontânea é extremamente rara. TRANSMISSÃO VETORIAL E CICLO DE VIDA: A transmissão vetorial por meio de insetos triatomíneos infectados é a principal via de transmissão de Chagas. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. UM VETOR DE INSETOS DE TRIATOMINA INFECTADO (OU INSETO "BEIJANDO") TOMA UMA REFEIÇÃO DE SANGUE E LIBERA TRIPULAÇÕES EM SUAS FEZES PERTO DO LOCAL DA FERIDA DA MORDIDA. Tripulações entram no hospedeiro através da ferida ou através de membranas mucosas intactas, como a conjuntiva 1) As espécies vetoriais de triatomina comuns para tripanosomiasis pertencem aos gêneros Triatoma,Phodinius e Panstrongylus. Dentro do hospedeiro, os trypomastigotes invadem células próximas ao local da inoculação, onde se diferenciam em amastigotes intracelulares 2) Os amastigotes multiplicam-se por fissão binária 3) se diferenciam em tripulações e, em seguida, são liberados na circulação como tripulatórios de fluxo sanguíneo. 4) Tripulações infectam células de uma variedade de tecidos e se transformam em AMASTIGOTES intracelulares em novos locais de infecção. Manifestações clínicas podem resultar desse ciclo infeccioso. Os tripuladores de fluxo sanguíneo não se replicam (diferentes dos tripanossomos africanos). A replicação só é retomada quando os parasitas entram em outra célula ou são ingeridos por outro vetor. O inseto "beijando" torna-se infectado por se alimentar de sangue humano ou animal que contém parasitas circulantes. 5) Os trypomastigotes ingeridos se transformam em epimastigotes no midgut do vetor. 6) Os parasitas se multiplicam e se diferenciam no midgut 7) e se diferenciam em tripalos metacíclicos infecciosos no hindgut. 8) O trypanosoma cruzi também pode ser transmitido através de transfusões de sangue, transplante de órgãos, transplacently e em acidentes laboratoriais. Insetos de triatomina adultos são tipicamente de 0,75 a 1,25 polegadas de comprimento. (A) Rhodnius prolixus adulto com ovos, comumente encontrado na América Central e norte da América do Sul. (B) Triatoma protacta adulto, comumente encontrado na Califórnia e Arizona. (C) Triatoma dimidiata adulto, comumente encontrado na América Central e norte da América do Sul. (D) Triatoma gerstaeckeri adulto, comumente encontrado no Texas. (E) Triatoma sanguisuga adulto, comumente encontrado no sudeste dos Estados Unidos e Texas. A FORMA TRIPOMASTIGOTA INFECCIOSA DO PARASITA T. CRUZI ESTÁ PRESENTE EM GRANDE NÚMERO NAS FEZES DE TRIATOMÍNEOS INFECTADOS. ➔ Durante ou imediatamente após uma refeição de sangue, o inseto triatomíneo defeca na pele do hospedeiro, permitindo que o organismo entre pela picada. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ➔ O organismo também pode entrar pela conjuntiva intacta ou pelas membranas mucosas. ➔ A MAIORIA DAS ESPÉCIES DE TRIATOMÍNEOS DOMÉSTICOS SE ALIMENTAM À NOITE E SÃO CAPAZES DE COMPLETAR SUA REFEIÇÃO DE SANGUE SEM DESPERTAR O HOSPEDEIRO. A EPIDEMIOLOGIA do T. cruzi transmitido por vetores está intimamente ligada às características biológicas e ecológicas dos VETORES TRIATOMÍNEOS E DOS HOSPEDEIROS RESERVATÓRIOS (INCLUINDO MAMÍFEROS DOMÉSTICOS E SILVESTRES). O triatomíneo passa por cinco estágios ninfais; apenas os adultos são alados. Os insetos triatomíneos de ambos os sexos devem se alimentar de sangue para se desenvolverem nos estágios ninfais até os adultos. Além disso, as fêmeas precisam de sangue para botar ovos. Assim, TANTO NINFAS QUANTO ADULTOS PODEM SER INFECTADOS PELO T. CRUZI , MAS AS TAXAS DE INFECÇÃO AUMENTAM COM O ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO E A IDADE. ✓ A INFECÇÃO POR T. CRUZI É TRANSMITIDA A MAMÍFEROS SELVAGENS POR ESPÉCIES DE TRIATOMÍNEOS SILVESTRES; ESSES INSETOS FREQUENTEMENTE COLONIZAM OS NINHOS DE ROEDORES OU HOSPEDEIROS RESERVATÓRIOS MARSUPIAIS. ✓ TRIATOMÍNEOS SILVÁTICOS ADULTOS PODEM VOAR PARA DENTRO DE HABITAÇÕES HUMANAS E CAUSAR INFECÇÕES ESPORÁDICAS EM HUMANOS. A transmissão doméstica ocorre em ambientes onde os vetores triatomíneos se adaptaram para viver em habitações humanas e em recintos de animais próximos. Mamíferos domésticos como cães, gatos e porquinhos- da-índia desempenham papéis importantes como fontes de alimentação de sangue triatomíneo e hospedeiros reservatórios de T. cruzi. Algumas espécies de triatomíneos podem infestar locais domésticos e silvestres. Os triatomíneos também podem se alimentar de sangue de pássaros e répteis, mas esses animais não são suscetíveis à infecção por T. cruzi. Existem mais de 130 espécies de triatomíneos nas Américas, muitas das quais podem transmitir T. cruzi. UM PEQUENO NÚMERO DE VETORES ALTAMENTE DOMICILIADOS SÃO DE IMPORTÂNCIA DESPROPORCIONAL NA EPIDEMIOLOGIA HUMANA DAS DOENÇA. No México, América Central e norte da América do Sul, os principais vetores domésticos e peridomésticos são Rhodnius prolixus e Triatoma dimidiata. No Brasil, na Bolívia e mais ao sul, o principal vetor doméstico é o Triatoma infestans. Panstrongylus megistus é um vetor doméstico importante no Brasil e é encontrado como vetor silvestre na Bolívia, Paraguai e Argentina. Habitações de baixa qualidade com paredes de adobe ou tijolos sem acabamento fornecem fendas e outros esconderijos para insetos triatomíneos. Os telhados de palha são um habitat atraente para várias espécies. As taxas de infestação doméstica em áreas endêmicas podem ser altas (por exemplo, 25 a 100 por cento das casas infestadas). Uma casa e seus arredores imediatos podem conter grandes colônias de insetos juvenis e adultos. Em ambientes endêmicos, a infecção por T. cruzi geralmente é adquirida na infância. A infecção persiste por toda a vida, então a soroprevalência em uma área com transmissão sustentada por vetor aumenta com a idade (refletindo a incidência cumulativa). Antes do controle generalizado do vetor ser instituído no início da década de 1990, mais de 60 por cento dos adultos estavam infectados com T. cruzi em algumas comunidades endêmicas . Levantamentos transversais na comunidade demonstraram que a maioria dos indivíduos infectados é assintomática (tem a forma indeterminada); cerca de 70 a 80 por cento permanecem assintomáticos ao longo de suas vidas. A PREVALÊNCIA DA DOENÇA CLÍNICA AUMENTA COM A IDADE, REFLETINDO O INÍCIO DAS MANIFESTAÇÕES CARDÍACAS E GASTROINTESTINAIS NO INÍCIO DA IDADE ADULTA COM PROGRESSÃO AO LONGO DE UM PERÍODO DE ANOS A DÉCADAS. A região sul dos Estados Unidos estabeleceu ciclos enzoóticos de T. cruzi envolvendo várias espécies de vetores triatomíneos e hospedeiros mamíferos, como guaxinins, gambás, ratazanas e cães domésticos. Infecções autóctones transmitidas por vetores em humanos foram documentadas no Texas, Califórnia, Tennessee, Louisiana, Mississippi, Arizona e Missouri. A raridade da transmissão vetorial nos Estados Unidos tem sido atribuída às condições de moradia que minimizam o contato humano-vetor e reduzem a eficiência de transmissão dos vetoresnorte-americanos. No entanto, casos não detectados de transmissão autóctone por vetores certamente ocorrem. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. TRANSMISSÃO VERTICAL: Estima-se que 22 por cento das novas infecções de Chagas ocorrem por meio da transmissão vertical. A transmissão congênita pode ocorrer por meio de mulheres que foram infectadas congenitamente, perpetuando a doença na ausência do vetor. As taxas de transmissão de mães infectadas para bebês é de aproximadamente 1 a 10 por cento. A BAIXA SENSIBILIDADE DOS TESTES DE TRIAGEM NEONATAL COMBINADA COM BAIXAS TAXAS DE ACOMPANHAMENTO MAIS TARDE NA INFÂNCIA PODE LEVAR A UMA SUBESTIMAÇÃO SUBSTANCIAL DA TAXA DE TRANSMISSÃO; um estudo estimou que apenas metade de todos os bebês infectados são detectados por triagem de rotina. Fatores que aumentam o risco de transmissão congênita incluem alto nível de parasitemia materna (mulheres com resultados negativos da reação em cadeia da polimerase são muito improváveis de transmitir para seus bebês), idade materna mais jovem e infecção por HIV. A transmissão congênita foi relatada nos Estados Unidos e na Europa. TRANSMISSÃO ORAL: A transmissão oral da infecção aguda por T. cruzi PODE OCORRER POR MEIO DA INGESTÃO DE ALIMENTOS OU BEBIDAS CONTAMINADOS POR INSETOS TRIATOMÍNEOS INFECTADOS OU SUAS FEZES. Os veículos de transmissão oral incluem o açaí, o suco de goiaba e o suco preparado a partir da cana-de-açúcar. No entanto, a ingestão de amastigotas de T. cruzi via consumo de carne crua é um modo de transmissão improvável. A morbidade aguda em infecções transmitidas por via oral parece ser mais grave do que entre pacientes com infecção transmitida por vetor, e as taxas de letalidade são mais altas do que entre pacientes com infecção transmitida por vetor TRANSFUSÃO DE SANGUE: As transfusões de plaquetas apresentam um risco de transmissão mais alto do que outros componentes do sangue, como concentrado de hemácias. Em uma análise que rastreou 350 receptores de hemocomponentes de doadores infectados, o risco associado a uma unidade de plaquetas foi estimado em 13% em comparação com 0% para concentrado de hemácias e plasma /crioprecipitado congelado. No início da década de 1990, a prevalência da infecção por T. cruzi em unidades de sangue doadas na América Latina variava de 1 a 60 por cento. A triagem sorológica de hemocomponentes para T. cruzi tornou-se aceita como um importante componente das iniciativas de controle da doença de Chagas e agora é obrigatória em todos os países endêmicos (embora a adesão seja variável). Desde esta intervenção, o risco de transmissão por transfusão de sangue diminuiu muito, mas não foi eliminado; nessas regiões, o risco de transmissão é estimado em 1: 200.000 unidades A transmissão por transfusão foi relatada nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, a triagem voluntária do banco de sangue foi iniciada em 2007 e estima-se que cubra de 75 a 90 por cento do suprimento de sangue. Um pequeno número de instalações realiza testes de triagem apenas para doadores que relatam riscos relevantes, como residência ou viagem para países endêmicos. TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS: Receptores de transplante de órgãos não infectados que recebem um órgão de um doador infectado por T. cruzi podem desenvolver infecção aguda por T. cruzi. As taxas de infecção após o transplante de órgãos de um doador infectado parecem ser menores para receptores de rim (0 a 19 por cento) do que para receptores de fígado (0 a 29 por cento) e receptores de coração (75 a 100 por cento). A transmissão por meio de transplante de sangue do cordão não relacionado também foi relatada Após a identificação de um doador de órgãos infectado, o monitoramento próximo do receptor é garantido. ACIDENTES DE LABORATÓRIO: Laboratório-adquirido T. cruzi infecção raramente ocorreu através de inoculação por picada de agulha ou exposição da membrana mucosa aos cultura parasita, sangue de animais de laboratório infectados, ou de material fecal triatomínica infectada. RISCO PARA VIAJANTES: O risco para viajantes de curto prazo na América Latina é extremamente baixo. A maior parte da transmissão vetorial ocorre entre pessoas que vivem em condições precárias de moradia e após anos de exposição a vetores infectados Os viajantes podem minimizar o risco de infecção evitando acomodações mal construídas, dormindo sob mosquiteiros tratados com inseticida com as laterais dobradas para evitar a entrada de vetores e evitando o consumo de frutas ou sucos de cana potencialmente contaminados, como os de vendedores ambulantes. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. OBJETIVOS E METODOLOGIAS DE CONTROLE: Controle de vetores - O PRIMEIRO PROGRAMA NACIONAL COORDENADO DE CONTROLE DE VETORES COMEÇOU NO BRASIL EM 1983. Entre 1991 e 2004, foram estabelecidos quatro programas de controle sub-regionais, em grande parte financiados pelos governos dos países envolvidos e coordenados pela Organização Pan-Americana da Saúde. Os principais objetivos eram controlar a transmissão por vetores domésticos e prevenir a transmissão sanguínea do T. cruzi . Posteriormente, programas para tratar a infecção congênita por T. cruzi foram adicionados em vários outros países. A transmissão por vetores domésticos foi reduzida através da aplicação residual de inseticidas de longa duração em habitações humanas e estruturas peridomésticas. Melhorar a qualidade das estruturas domésticas também é um mecanismo de controle útil, pois elimina os esconderijos do inseto triatomíneo e diminui a colonização do vetor nas casas. Levantamentos de populações sentinela são usados para monitorar o impacto das iniciativas de controle; tais populações podem incluir crianças <5 anos ou jovens recém-recrutados para o exército. A Iniciativa Cone Sul, o primeiro programa sub-regional de controle a ser estabelecido, levou à eliminação da transmissão do T. cruzi pelo T. infestans no Chile (1999), Uruguai (1997), Brasil (2006) e várias províncias da Argentina e Paraguai. Seu sucesso inspirou o estabelecimento de várias outras iniciativas de controle de Chagas. Posteriormente, a transmissão do T. cruzi por R. prolixus foi interrompida em toda a América Central e sul do México. Apesar desse progresso, os focos de transmissão vetorial persistem na maioria dos países endêmicos da América Latina. O sucesso da Iniciativa do Cone Sul foi desafiado pela reinfestação de colônias de vetores residuais e pelo desenvolvimento de resistência a inseticidas. O Gran Chaco continua sendo uma zona ecológica fortemente infestada, compartilhada pela Argentina, Bolívia e Paraguai TRANSMISSÃO VERTICAL: O determinante mais forte do risco de transmissão vertical é o nível de parasitemia na mãe; as mulheres com resultados negativos da reação em cadeia da polimerase (PCR) têm muito pouca probabilidade de transmitir aos seus filhos. O tratamento de mulheres com BENZNIDAZOL antes da gravidez diminui significativamente a parasitemia e reduz o risco de transmissão congênita em cerca de 95 por cento. Os medicamentos antitripanossomais benznidazol e nifurtimox são contra-indicados na gravidez. A identificação da infecção de Chagas em uma mulher deve exigir o teste de todos os seus filhos; uma mulher com um bebê infectado pode ter um risco maior de transmissão da infecção a filhos subsequentes. A triagem pré-natal para a doença de Chagas é realizada em alguns países. Vários países endêmicostêm programas de rastreamento da doença de Chagas congênita que incluem rastreamento sorológico materno durante o pré-natal, seguido de exame microscópico e / ou PCR de sangue do cordão concentrado de bebês de mães soropositivas. A microscopia tem sensibilidade ≤50 por cento em uma única amostra. Uma amostra infantil adicional testada em 30 dias aumenta a probabilidade de detecção precoce. O acompanhamento até os 9 meses de idade (quando a imunoglobulina [Ig] G materna tiver desaparecido) é necessário para descartar infecção no lactente. Os aspectos mais fracos dos programas de rastreamento atuais são a baixa sensibilidade da microscopia, a falta de disponibilidade de laboratórios moleculares confiáveis em zonas endêmicas e as baixas taxas de acompanhamento (<20%) na visita de 9 a 12 meses; pelo menos metade das infecções congênitas são provavelmente perdidas pela triagem atual. AMAMENTAÇÃO: Em geral, mães com doença de Chagas aguda ou reativada não devem amamentar. A amamentação é razoável para mães com doença de Chagas crônica. No entanto, para mulheres com mamilos fissurados ou sangrando, geralmente é sugerido que a amamentação seja interrompida; uma alternativa razoável é a extração e esterilização do leite materno por pasteurização ou cozimento em microondas. Os dados sobre a transmissão do T. cruzi através da lactação são limitados. Em um estudo com amostras de leite materno de 78 mulheres brasileiras com doença de Chagas crônica, nenhuma amostra infectada foi observada, embora 5 mulheres tivessem parasitemia no momento da coleta do leite TRANSMISSÃO ORAL: O controle da transmissão oral depende do controle sustentado do vetor e da melhoria da higiene na preparação de alimentos e bebidas. TRANSFUSÃO E TRANSMISSÃO DE TRANSPLANTE: Os indivíduos infectados devem ser aconselhados a não doar sangue. OS RECEPTORES DE UM ÓRGÃO OU HEMODERIVADO DE UM DOADOR SABIDAMENTE INFECTADO COM A DOENÇA DE CHAGAS DEVEM SER MONITORADOS QUANTO AO DESENVOLVIMENTO DE INFECÇÃO AGUDA POR T. CRUZI. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ACIDENTES DE LABORATÓRIO: O pessoal do laboratório deve usar equipamento de proteção para evitar picadas de agulha e possível contaminação do rosto, especialmente dos olhos. Os acidentes de alto risco incluem ferimentos com agulhas ou contaminação do olho ou membranas mucosas com sangue de animais de laboratório com infecção conhecida por T. cruzi. INDIVÍDUOS COM EXPOSIÇÕES DE ALTO RISCO DEVEM SER MONITORADOS POR PCR EM AMOSTRAS DE SANGUE SEMANAIS POR QUATRO SEMANAS E SOROLOGIA EM QUATRO E OITO SEMANAS. O tratamento presuntivo geralmente não é recomendado. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) oferece consultoria a prestadores de serviços de saúde em relação à doença de Chagas e atua como um laboratório de referência para sorologia para doença de Chagas e PCR (linha de Consulta Pública da Divisão de Doenças Parasitárias. RESUMO: • A doença de Chagas é causada pela infecção pelo protozoário parasita Trypanosoma cruzi, transmitido principalmente por triatomíneos. A transmissão vetorial em más condições de habitação ocorre exclusivamente nas Américas, onde cerca de 6 a 8 milhões de pessoas estão infectadas. A epidemiologia da doença está mudando devido à redução bem sucedida da transmissão em áreas endêmicas, bem como à migração de indivíduos dentro e fora das áreas endêmicas. Centenas de milhares de indivíduos infectados vivem em cidades da América Latina e nos Estados Unidos, Espanha e outros países europeus. • A forma tripomastigota infecciosa do parasita T. cruzi está presente em grande número nas fezes de triatomíneos infectados. Durante ou imediatamente após uma refeição de sangue, o inseto triatomíneo defeca na pele do hospedeiro, permitindo que o organismo entre pela ferida da picada ou via conjuntiva intacta ou membranas mucosas. O risco de infecção no cenário de exposição de curto prazo é baixo; modelos matemáticos estimam que, em média, são necessários 900 a 4000 contatos com vetores infectados para resultar na infecção. • Em áreas endêmicas, a infecção por T. cruzi geralmente é adquirida na infância e persiste por toda a vida. Portanto, a soroprevalência em uma área com transmissão sustentada por vetor aumenta com a idade (refletindo a incidência cumulativa). Antes de se instituir o controle generalizado do vetor, mais de 60% dos adultos estavam infectados com T. cruzi em algumas comunidades endêmicas. Cerca de 70 a 80 por cento dos indivíduos infectados têm infecção assintomática ao longo da vida. A prevalência da doença clínica aumenta com a idade, refletindo o início das manifestações cardíacas e gastrointestinais no início da idade adulta com progressão ao longo de um período de anos a décadas. • A transmissão da doença de Chagas também pode ocorrer verticalmente da mãe para o feto, por transfusão de hemocomponentes infectados, por transplante de órgãos de um doador infectado, por ingestão de comida ou bebida contaminada ou por exposição em laboratório. Nos Estados Unidos, a triagem voluntária do banco de sangue foi iniciada em 2007 e estima-se que cubra de 75 a 90 por cento do suprimento de sangue. • A maioria dos bebês com infecção congênita é assintomática ou tem sinais inespecíficos; exames laboratoriais específicos são necessários para detectar infecções congênitas em bebês. Vários países endêmicos têm programas de rastreamento da doença de Chagas congênita; entretanto, apenas uma pequena proporção de bebês em risco conclui todas as etapas do algoritmo. • A transmissão por vetores domésticos foi reduzida através da aplicação residual de inseticidas de longa duração em habitações humanas e estruturas peridomésticas. Apesar desse progresso, os focos de transmissão vetorial persistem na maioria dos países endêmicos da América Latina. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. CICLO BIOLÓGICO: CARACTERIZAÇÃO DO PARASITO: Várias espécies de protozoários flagelados parasitam o homem, mas há um grupo que se destaca porque seus membros possuem, além das estruturas celulares habituais, uma organela bastante singular, O CINETOPLASTO. • Este é formado por um segmento de sua longa mitocôndria onde se encontra abundante DNA de tipo especial, o kDNA. • O núcleo é único, havendo também um só flagelo, que nasce do corpúsculo basal ou blefaroplasto, junto ao cinetoplasto. • O grupo constitui a ordem Kinetoplastida, onde a família Trypanosomatidae reúne grande número de espécies parasitas de insetos e de vertebrados. Trypanosoma cruzi apresenta muitas variações morfológicas, fisiológicas e ecológicas, além de variações quanto à sua infectividade e patogenicidade, o que leva os autores a pensar que não se trate de uma espécie bem definida mas sim de um "complexo cruz!"', englobando várias entidades. Mais de 60 linhagens ou cepas já foram descritas por diferentes autores, segundo diferentes critérios. COM BASE NAS INFORMAÇÕES REUNIDAS E NOS ESTUDOS SOBRE O DNA RIBOSSÔMICO, TRÊS GRUPOS DE T. CRUZI FORAM PROPOSTOS RECENTEMENTE NO BRASIL (1999): 1. O grupo 1 é aquele encontrado em animais silvestres e triatomíneos que com eles convivem, particularmente na região amazônica. Esses flagelados mantêm-se no ciclo silvestre e produzem, no homem, infecções esporádicas e assintomáticas. 2. O grupo 2 é o prevalente nas áreas endêmicas da doença humanae tem como principal vetor o Triatoma infestans. Supõe-se que seja originário dos Andes bolivianos, tendo-se adaptado, com este vetor, a um ciclo doméstico nas habitações rústicas das zonas rurais. Acompanhando migrações humanas, propagou- se para os países do sul do Continente e invadiu o Brasil a partir dos estados sulinos. Ele é responsável pelas formas sintomáticas e graves da doença. 3. O grupo 3, de ocorrência mais rara, é também uma zoonose de animais silvestres, a merecer mais estudos para compreensão de seu papel epidemiológico. Os T. cruzi dos grupos 1 e 3 raramente causam infecções (assintomáticas) do homem. Os gêneros e espécies da família Trypanosomatidae, ainda que possuam todos basicamente a mesma organização, exibem morfologia que varia não só de gênero para gênero, ou de espécie para espécie, como também no decorrer do ciclo biológico de cada espécie. As mudanças morfológicas podem estar condicionadas pelo tipo de hospedeiro em que a espécie se encontre (vertebrado ou invertebrado), do tecido que esteja parasitando (sangue, fibras musculares, macrófagos etc.) ou, mesmo, da posição que o parasito esteja ocupando no aparelho digestivo do inseto vetor. Também nos meios de cultura a forma se modifica no decurso do tempo ou devido a outras circunstâncias. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. As formas que o Trypanosoma cruzi pode apresentar, durante seu ciclo vital, são: • AMASTIGOTA. Quando se apresenta como um microrganismo de pequenas dimensões (cerca de 4 µ.m) e contorno aproximadamente circular, ovoide ou fusifonne. Seu corpo é achatado, com pouco citoplasma e com núcleo relativamente grande, redondo e excêntrico. O cinetoplasto de forma discoide é bem visível, porém o flagelo, curtíssimo e incluído em uma invaginação da membrana chamada bolso flagelar, geralmente não é reconhecível nas preparações coradas e examinadas à microscopia óptica, mas sim à microscopia eletrônica. Por não haver a parte externa do flagelo, o amastigota pouco se move. • EPIMASTIGOTA.Caracteriza-se por sua forma alongada (fusifoane) e por ficar o cinetoplasto discoide nas proximidades do núcleo; também, porque o bolso flagelar, sempre estreito, abre-se lateralmente. O flageloemerge, portanto, longe da extremidade anterior, mas mantém-se colado à membrana celular por uma prega da bainha flagelar denominada membrana ondulante, em vista de acompanhar os movimentos flagelares. Só depois de ultrapassar o polo anterior da célula é que o flagelo se torna livre. • TRIPOMASTIGOTA. Forma que apresenta o corpo celular longo e achatado, como nos epimastigotas, porém, tendo o cinetoplasto arredondado e o bolso flagelar deslocados para a região entre o núcleo e a extremidade posterior, não raro muito próximos desta. O flagelo percorre externamente toda a extensão da célula, aderido por sua longa membrana ondulante, CICLO E FORMAS EVOLUTIVAS EM HOSPEDEIROS VERTEBRADOS: TRYPANOSOMA CRUZI INFECTA GRANDE NÚMERO DE MAMÍFEROS E É TRANSMITIDO DE UM HOSPEDEIRO A OUTRO POR INTERMÉDIO DE INSETOS ESTRITAMENTE HEMATÓFAGOS - OS TRIATOMÍNEOS -, que são bemípteros da família Reduvüdae. Na espécie humana, a transmissão pode dar-se também por transfusão de sangue. ➔ NO ORGANISMO DOS VERTEBRADOS (ANIMAIS OU HOMENS), OS PARASITOS ASSUMEM A FORMA DE TRIPOMASTIGOTAS (NO SANGUE) OU DE AMASTIGOTAS (NO INTERIOR DAS CÉLULAS DE DIVERSOS TECIDOS), ENQUANTO NOS INSETOS ENCONTRAM-SE NO TUBO DIGESTIVO PRINCIPALMENTE COMO EPIMASTIGOTAS OU TRIPOMASTIGOTAS. • TRIPOMASTIGOTAS SANGUICOLAS. Nadando no sangue periférico dos mamíferos, o T. cruzi apresenta- se como um microrganismo muito ágil, medindo em média 20 µm de comprimento por 2 µm de largura. Nas amostras de sangue fixadas e coradas, tem a forma de um C, outras vezes a de um S, com extremidades afiladas e um cinetoplasto globoso. Um exame cuidadoso mostra que há nítido polimorfismo entre os tripanossomos sanguícolas. Assim, costuma-se descrever dois tipos morfológicos extremos, entre os quais podem existir todas as formas intermediárias: a) formas finas (com 20 µm de comprimento por 1 µm de largura), sinuosas, com um cinetoplasto afastado da extremidade posterior, que é longa e delgada. A Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. movimentação dessa forma é rápida e direcional, de modo que o parasito atravessa facilmente o campo do microscópio; b) formas largas (que medem até 15 µm de comprimento, por 2 a 4 µm de largura), caracteristicamente recurvadas em C ou U, ou com dupla curvatura em S nas preparações fixadas. O cinetoplasto fica muito próximo da extremidade posterior. Nos exames a fresco, a movimentação mostra-se lenta e não direcional, agitando-se o parasito no campo do microscópio quase sem afastar-se do lugar. O significado dessas diferenças morfológicas não está bem esclarecido. Algumas observações sugerem que após a inoculação em animal de laboratório: I. AS FORMAS DELGADAS DOS TRIPOMASTIGOTAS DESAPARECEM RAPIDAMENTE DA CIRCULAÇÃO, OU POR TEREM PENETRADO EM CÉLULAS DOS TECIDOS DO HOSPEDEIRO (ONDE PASSAM A AMASTIGOTAS), OU POR TEREM SIDO DESTRUÍDAS PELOS PROCESSOS IMUNOLÓGICOS. ELAS PARECEM INCAPAZES DE EVOLUIR NO TUBO DIGESTIVO DOS INSETOS, QUANDO ESTES SE ALIMENTAM DE SANGUE; II. AS FORMAS LARGAS NÃO PENETRAM NAS CÉLULAS DO HOSPEDEIRO VERTEBRADO, MAS PERSISTEM DURANTE MUITO TEMPO NO SANGUE, POIS SÃO MUITO RESISTENTES À AGLUTINAÇÃO OU À LISE PELO SORO DO HOSPEDEIRO IMUNE; ELAS SÃO TAMBÉM POUCO SUJEITAS À FAGOCITOSE PELOS MACRÓFAGOS. ESTAS FORMAS TENDEM, PORTANTO, A SE ACUMULAR NO SANGUE E CARACTERIZAM A PARASITEMIA DOS PERÍODOS CRÔNICOS DA DOENÇA. ELAS SÃO ALTAMENTE INFECTANTES PARA OS TRIATOMÍNEOS. Os tripomastigotas, tanto finos como largos, não se reproduzem no sangue. Não foi possível demonstrar que aí utilizassem glicose, parecendo que dependem de proteínas do soro como única fonte energética. ➢ Amastigotas intracelulares: Nas culturas de tecidos, examinadas ao microscópio e a fresco, pode-se ver a penetração dos tripomastigotas no interior das células. O MECANISMO DE INTERIORIZAÇÃO CORRESPONDE A UM PROCESSO DE FAGOCITOSE INDUZIDA, de que participam tanto o parasito como a célula hospedeira, sendo precedida pela aderência dos tripomastigotas à membrana do macrófago ou de outras células. O parasito fica, pois, contido em um vacúolo digestivo, onde pode ser eventualmente morto e digerido. ESSE DESFECHO É EVITADO PELOS TRIPOMASTIGOTAS AO ESCAPAREM DO VACÚOLO DIGESTIVO E INVADIREM O CITOPLASMA DA CÉLULA PARASITADA, ONDE SOFREM TOTAL REORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL, transformando-se em amastigotas ovoides, que medem apenas 4 µm no maior diâmetro. O cinetoplasto, que é um disco convexo-côncavo, aparece agora à microscopia óptica (coloração pelo Giemsa) como um bastonete curto e encurvado (visão de perfil do cinetoplasto), situado perto do núcleo. FISIOLOGICAMENTE, A CARACTERÍSTICA MAIS IMPORTANTE DOS AMASTIGOTAS É SUA CAPACIDADE DE MULTIPLICAÇÃO. Mediante divisão binária simples, que se repete a cada 12 horas, o amastigota produz um número crescente de elementos-filhos semelhantes, que, pouco a pouco, vão consumindo o citoplasma da célula parasitada, até sofrerem nova transformação: agora no sentido amastigota -+ tripomastigota, algumas horas antes de romperem a célula hospedeira. O ciclo intracelular demora 5 ou 6 dias, ao que parece, e produz cerca de nove gerações de parasitos. O ciclo tripomastigota -+ amastigota -+tripomastigota assegura a continuidade da infecção no hospedeiro vertebrado, bem como a propagação do parasitismo a outros órgãos e tecidos (formação de novos "ninhos de parasitos") e o progresso das lesões devidas diretamente ao parasitismo. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. CICLO E FORMAS EM HOSPEDEIROS INVERTEBRADOS: Quando o triatornineo, ao sugar sangue de um vertebrado infectado, ingere tripanossomos sanguícolas (que, como vimos, não se reproduzem), tem início um ciclo de desenvolvimento característico do T. cruzi na luz do tubo digestivo do inseto: No estômago deste, constatam-se fenômenos regressivos, como se o meio lhes fora inadequado. Os tripomastigotas delgados parecem condenados à destruição. ➢ EPIMASTIGOTAS INTESTINAIS. Mas aqueles flagelados que chegam ao intestino do herniptero encontram, por sua vez, um meio extremamente favorável, onde assumem a forma epimastigota, e SE INSTALAM PERMANENTEMENTE, POIS A INFECÇÃO MANTÉM-SE AÍ DURANTE TODA A VIDA DO INSETO. Esses flagelados apresentam-se com dimensões e aspecto bastante variáveis, citoplasma abundante, cinetoplasto discoide e situado perto do núcleo. Membrana ondulante curta e flagelo livre bem desenvolvido. Muitos deles estão em divisão, pois foi restabelecida sua capacidade reprodutiva, bloqueada durante a fase tripomastigota anterior. A multiplicação no intestino do inseto é muito ativa, realizando-se por divisão binária longitudinal. Os epimastigotas permanecem muitas vezes agrupados, formando enormes rosáceas. Tais formas não são infectantes para hospedeiros vertebrados, constituindo um estádio reprodutor adaptado essencialmente ao aparelho digestivo dos insetos. ➢ TRIPOMASTIGOTAS METACÍCLICOS. Porém, quando os epimastigotas são levados para o segmento posterior do intestino do triatornineo (ou reto), aderem à mucosa pela extremidade do flagelo e sofrem aí nova metamorfose, pela qual retomam a forma tripomastigota. Por constituírem as formas finais do ciclo no inseto, são agora denominados tripomastigotas metacíclicos. Os metacíclicos lembram as formas delgadas dos tripanossomos do sangue. Medem cerca de 17 µ.m de comprimento, sendo finos e muito ativos. Eles são expulsos com as dejeções do inseto, eventualmente durante um repasto sanguíneo, de mistura com um pouco do sangue ingerido. Tendo outra vez suspensa a capacidade de sintetizar DNA e reproduzir-se, esses tripanossomos não podem evoluir se não penetrarem em um hospedeiro vertebrado. Isso é possível por exibirem propriedades que não se encontravam nos epimastigotas: podem viver em temperaturas mais altas (em tomo de 37°C); têm capacidade invasiva para atravessar as mucosas ou a conjuntiva e para penetrar nas células dos vertebrados, transformando-se, de novo, em amastigotas. Dessa maneira, as distintas formas evolutivas adotadas sucessivamente pelo parasito permitem que se feche o ciclo biológico de T. cruzi através de seus hospedeiros vertebrados e invertebrados. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. INFECTIVIDADE: Trypanosoma cruzi é infectante para grande número de hospedeiros. Cerca de uma centena de mamiferos silvestres e domésticos já foram encontrados naturalmente infectados. As outras classes de vertebrados são refratárias a esse parasito. Em relação aos insetos vetores, são triatomíneos dos gêneros Triato ma, Panstrongylus, Rhodnius e Eutriatoma (mais de trinta espécies) que se apresentam naturalmente infectados. VIAS DE PENETRAÇÃO: As formas infectantes, ou seja, os tripomastigotas metacfclicos contidos nas fezes dos insetos, penetram facilmente através das mucosas e das conjuntivas ou de qualquer solução de continuidade da pele. Não atravessam a pele íntegra, mas o próprio local da picada do inseto pode constituir a porta de entrada, se contaminada com as dejeções que esses hemípteros costumam emitir enquanto se alimentam. Feridas ou escoriações causadas pelo coçar (que é motivado pelo prurido resultante da resposta alérgica à saliva do triatomíneo) são outros pontos favoráveis para a invasão A transmissão materno-infantil, por via transplacentária, tem sido comprovada. Outros modos de transmissão possíveis, se bem que raros, são pelo leite materno e pelo coito. PEQUENOS SURTOS EPIDÊMICOS JÁ FORAM REGISTRADOS, APÓS REFEIÇÕES COLETIVAS, EM QUE HOUVE CONTAMINAÇÃO DE ALIMENTOS (TALVEZ POR TRIATOMÍNEOS OU PELAS SECREÇÕES ANAIS DE MARSUPIAIS PARASITADOS). Em zonas endêmicas, ou nos centros para onde afluem indivíduos infectados, as transfusões de sangue constituem sério fator de risco quando não se faz a seleção dos doadores de sangue ou a esterilização das amostras pela violeta-de- genciana. O mesmo pode suceder com transplantes de órgãos. Dispersão e Localização dos Parasitos. NA REGIÃO DO TEGUMENTO ONDE SE DEU A PENETRAÇÃO, OS TRIPOMASTIGOTAS SÃO FAGOCITADOS PELOS MACRÓFAGOS, POR MECANISMO DE ENDOCITOSE MEDIADO POR DETERMINADOS RECEPTORES DE MEMBRANA, E NÃO SÃO DESTRUÍDOS NOS FAGOSSOMOS, MAS SE TRANSFORMAM EM AMASTIGOTAS. ESTES PRODUZEM UMA SUBSTÂNCIA (SEMELHANTE A PERFORINAS) QUE, EM PH ÁCIDO, ROMPE A PAREDE DO VACÕOLO FAGOCITÁRIO ONDE SE ENCONTRAM, INVADEM O CITOPLASMA DAS CÉLULAS HOSPEDEIRAS E AÍ SE MULTIPLICAM ATÉ DESTRUI-LAS COMPLETAMENTE. Recuperam então a forma tripomastigota e saem para os espaços intersticiais. ALGUNS DESSES FLAGELADOS INVADEM NOVAS CÉLULAS DA VIZINHANÇA (UTILIZANDO OS MESMOS MECANISMOS DE PENETRAÇÃO), ENQUANTO OUTROS SÃO DISSEMINADOS PELA CORRENTE CIRCULATÓRIA LINFÁTICA OU SANGUÍNEA (FENÔMENO DITO PARASITEMIA), INDO COLONIZAR OS ÓRGÃOS E TECIDOS MAIS DIVERSOS, EM PONTOS AFASTADOS DO LOCAL DE CONTAMINAÇÃO INICIAL. No sangue, eles podem sobreviver longamente apenas nos períodos iniciais da infecção (FASE AGUDA), antes que se desenvolva a reação imunitária, por volta da quarta ou quinta semana, quando cai rapidamente a parasitemia, pois os tripomastigotas a que se ligam os anticorpos específicos ficam opsonizados, isto é, facilmente fagocitáveis, podendo ser digeridos pelos macrófagos. NA FASE CRÔNICA, a presença de flagelados no sangue é raramente observada, sendo demonstrada apenas por técnicas especiais, como o xenodiagnóstico, pela inoculação do sangue suspeito em animais sensíveis ou pela hemocultura. As localizações preferenciais das formas intracelulares variam consideravelmente com a cepa de T. cruzi em causa. Algumas Linhagens são predominantemente "miotrópicas", isto é, colonizam de preferência as fibras musculares esqueléticas e miocárdicas, sendo pouco encontradas nas células do sistema fagocítico mononuclear (SFM). Outras são "reticulotrópicas", apresentando-se em nõmero considerável no interior de macrófagos do baço, do fígado, da medula óssea etc., que fazem parte desse sistema (outrora conhecido como sistema retfculo- endotelial). Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. RESISTÊNCIA AO PARASITISMO: Depois de superadas as barreiras anatômicas à penetração, representadas pela pele íntegra, a defesa do organismo depende da reação inflamatória local e da fagocitose, ou de substâncias antiparasitárias do soro e dos tecidos. A frequência com que se observam infecções assintomáticas no homem fala a favor de uma resistência natural em muitos indivíduos. EM PACIENTES QUE SE ENCONTRAM NA FASE AGUDA DA DOENÇA, TEM SIDO COMPROVADOUM AUMENTO SIGNIFICATIVO DAS IMUNOGLOBULINAS DO TIPO LGM, ACOMPANHADO DE UMA ELEVAÇÃO DAS IGG . PORÉM, NA FASE CRÔNICA, APENAS AS IGG COSTUMAM ESTAR AUMENTADAS. ENTRETANTO, NA ESPÉCIE HUMANA, A RESISTÊNCIA ADQUIRIDA SÓ PODE SER INFERIDA DE DADOS INDIRETOS E POR ANALOGIA COM O QUE SE OBSERVA EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO. Quando inoculados experimentalmente, estes mostram que as lgM alcançam um máximo por volta da sexta semana e retomam ao normal decorridas umas 20 semanas. No soro dos animais infectados, mas não no humano, pôde-se demonstrar a presença de anticorpos protetores. Quando se injeta na pele de indivíduos com tripanossomíase americana um extrato de T. cruzi, produz-se uma reação intradérmica de hipersensibilidade, caracterizada pela formação de pápula eritematosa, com "pseudópodes". O máximo dessa reação, relacionada com o desenvolvimento da imunidade celular é observado após 24 horas, e sua regressão completa tarda cerca de 5 dias. Diversos experimentos com animais de laboratório acumularam provas de que os mecanismos que habitualmente estimulam a atividade do sistema fagocítico mononuclear contribuem para fazer baixar a parasitemia e diminuem a mortalidade dos animais inoculados, enquanto as condições que reduzem a atividade dos macrófagos levam a infecções mais graves, com elevada mortalidade. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. 1. OBJETIVO 02: IDENTIFICAR OS EXAMES SOROLÓGICOS E RADIOLÓGICOS PARA O DIAGNÓSTICO DA DOENÇA DE CHAGAS; A doença de Chagas (DC) é causada pelo Trypanosoma cruzi, um protozoário parasita que PODE CAUSAR MIOPERICARDITE AGUDA E TAMBÉM MIOCARDITE FIBROSANTE CRÔNICA. A DC é a causa mais comum de cardiomiopatia não isquêmica na América Latina. Principais síndromes clínicas As manifestações clínicas da cardiopatia chagásica crônica (também conhecida como CCC) surgem de quatro tipos principais de distúrbios: IC, arritmias cardíacas, tromboembolismo (sistêmico e pulmonar) e síndrome da dor torácica. Esses distúrbios frequentemente ocorrem simultaneamente. Insuficiência cardíaca IC NA CCC GERALMENTE SE APRESENTA COM EVIDÊNCIAS DE DISFUNÇÃO BIVENTRICULAR, INCLUINDO FADIGA, DOR TORÁCICA E DISPNEIA. As manifestações de insuficiência do lado direito (aumento da pressão venosa jugular, edema periférico, ascite e hepatomegalia) são frequentemente mais pronunciadas do que as da insuficiência do lado esquerdo (dispneia e estertores pulmonares [estertores]). Podem ocorrer disfunções sistólica e diastólica. Disfunção diastólica foi observada na ausência de disfunção sistólica regional ou global do ventrículo esquerdo (VE). Arritmias As arritmias cardíacas são comuns em pacientes com CCC. As arritmias podem ser assintomáticas ou causar palpitações, tonturas, tonturas, dispneia, fraqueza, síncope ou parada cardíaca súbita (AF). Praticamente todos os tipos de arritmias atriais e ventriculares ocorrem, incluindo disfunção do nó sinusal, fibrilação atrial, bloqueio atrioventricular (AV) completo intermitente e arritmias ventriculares complexas. As arritmias ventriculares e o bloqueio AV frequentemente ocorrem simultaneamente. Os achados eletrocardiográficos (ECG) em pacientes com CCC são descritos a seguir ➢ A morte súbita cardíaca (MSC) é responsável por aproximadamente 55 a 65 por cento das mortes em pacientes com CCC. A frequência desta complicação é provavelmente subestimada, particularmente nas áreas rurais. A morte súbita geralmente é precipitada por exercícios e pode ser causada por taquicardia ventricular (TV) ou fibrilação, assistolia ou bloqueio AV completo. A maioria dos pacientes com AF tem doença cardíaca subjacente grave, embora morte súbita tenha sido relatada em pacientes previamente assintomáticos ➢ O bloqueio AV completo pode causar tontura, síncope ou SCD. ➢ A gravidade da arritmia ventricular geralmente se correlaciona com o grau de disfunção do VE, embora alguns pacientes com TV e bloqueio AV completo tenham função ventricular global preservada, geralmente com anormalidades regionais de movimento da parede. ➢ A disfunção autonômica no cenário de DC resulta em anormalidades marcantes na resposta da frequência cardíaca a estímulos, como a manobra de Valsalva, exercícios e mudanças posturais. Há evidências que sugerem que um mecanismo de arritmia ventricular grave está relacionado à fibrose regional e aos circuitos de macro-reentrada. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Em um estudo eletrofisiológico de 56 pacientes com DC e TV, os pacientes com TV sustentada espontânea tiveram uma prevalência maior de anormalidades do movimento da parede nos segmentos inferior e / ou posterolateral do que aqueles sem TV sustentada. A cicatriz nessas regiões era a principal fonte de circuitos de reentrada relacionados ao VT. Um substrato reentrante para o desenvolvimento de TV sustentada existia em pelo menos 50 por cento dos pacientes manifestando apenas TV não sustentada. OUTRO MECANISMO FISIOPATOLÓGICO RELEVANTE DE ARRITMIA VENTRICULAR GRAVE E MORTE SÚBITA NA CCC PODE ESTAR RELACIONADO À EXTENSA DENERVAÇÃO SIMPÁTICA MIOCÁRDICA ENCONTRADA AO NÍVEL VENTRICULAR. Em um estudo envolvendo 26 pacientes chagásicos com disfunção leve de VE, a detecção de TV sustentada foi associada a áreas maiores de miocárdio viável, mas desnervado, identificadas pela cintilografia com iobenguane I-123 (também conhecido como metaiodobenzilguanidina iodo-123) TROMBOEMBOLISMO: Tromboembolismo é uma causa importante de acidente vascular cerebral e outras morbidades em pacientes com CCC. Muitos ou a maioria dos acidentes vasculares cerebrais na CCC são atribuíveis a êmbolos de câmaras cardíacas dilatadas (particularmente aneurisma de VE) e / ou fibrilação atrial, embora aterotrombose e acidentes vasculares cerebrais relacionados com a doença de pequenos vasos também ocorram. A DOENÇA VASCULAR EM PACIENTES COM DC ESTÁ PROVAVELMENTE RELACIONADA AOS FATORES DE RISCO ATEROSCLERÓTICOS TRADICIONAIS. OS ÊMBOLOS PULMONARES SURGEM DE TROMBOS VENOSOS OU DO CORAÇÃO DIREITO. RADIOGRAFIA DO TÓRAX: Cardiomegalia é o achado radiográfico clássico de CCC, mas muitos pacientes com CCC têm uma radiografia de tórax normal. Em muitos casos, a congestão pulmonar está ausente ou leve. O padrão típico de cardiomegalia com campos pulmonares relativamente limpos em pacientes com DC crônica é geralmente devido à disfunção ventricular direita com regurgitação tricúspide. Derrame pericárdico (que contribui para o aparecimento de cardiomegalia) e / ou derrame pleural podem estar presentes. ECG: Anormalidades no ECG são frequentemente o primeiro sinal de CCC, mas os achados não são específicos. As anormalidades de ECG mais comuns são bloqueios intraventriculares, particularmente bloqueio de ramo direito (RBBB) e / ou bloqueio fascicular anterior esquerdo e alterações ST-T difusas ( forma de onda 1). Outros achados típicos são batimentos ventriculares prematuros (VPBs; frequentemente polimórficos), execuções de VT, ondas Q anormais, vários graus de bloqueio AV, eixo da onda T anormal, prolongamento do intervalo QT e variação no intervalo QT (dispersão QT). Praticamente todos os tipos de arritmias atriais e ventriculares ocorrem. Na doença avançada, podem ser observadas fibrilação atrial e baixa voltagem do QRS. DIAGNÓSTICO: A abordagem para o diagnóstico da CCC inclui a identificação de pacientes com risco para doença de Chagas crônica (DC), teste sorológico paraDC crônica e avaliação de sintomas e sinais de doença cardíaca. • IDENTIFICAÇÃO DA DOENÇA DE CHAGAS CRÔNICA - A DC crônica deve ser suspeitada em indivíduos que viveram em países endêmicos da América Latina e filhos de mulheres de países endêmicos. Embora a presença de sintomas cardíacos (ou gastrointestinais) deva levar à avaliação, a maioria dos indivíduos infectados é assintomática. A DC crônica é confirmada por evidências sorológicas de anticorpos IgG para T. cruzi. • AVALIAÇÃO CARDÍACA INICIAL - A avaliação de doença cardíaca em pacientes com DC crônica confirmada deve incluir UMA HISTÓRIA MÉDICA, EXAME FÍSICO E ECG DE 12 DERIVAÇÕES EM REPOUSO, DE PREFERÊNCIA COM UMA TIRA DE RITMO DE DERIVAÇÃO II DE 30 SEGUNDOS, E RADIOGRAFIA DE TÓRAX. Embora a ecocardiografia não seja um componente da avaliação clássica, também realizamos ecocardiografia nesses pacientes. Embora anormalidades no ECG ou na radiografia de tórax possam sugerir doença cardíaca, um ECG e uma Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. radiografia de tórax normais não excluem a cardiomiopatia. QUANDO PROSSEGUIR COM TESTES ADICIONAIS: Quando prosseguir com o monitoramento ambulatorial (Holter) - Se um paciente com DC crônica tem um sintoma ou sinal cardíaco, ou ECG, radiografia de tórax ou achado ecocardiográfico sugestivo de cardiopatia chagásica, avaliação cardíaca adicional é garantido, incluindo monitoramento de ECG ambulatorial de 24 horas (Holter). Quando realizar imagens cardíacas adicionais - Para pacientes com DC crônica com ecocardiograma não diagnóstico, A RESSONÂNCIA MAGNÉTICA CARDIOVASCULAR (RMC) É SUGERIDA PARA AVALIAR A ESTRUTURA E FUNÇÃO VENTRICULAR, BEM COMO A PRESENÇA E O GRAU DE FIBROSE MIOCÁRDICA. A extensão, o padrão e a intensidade da fibrose miocárdica são uma característica marcante da doença. Se a RMC não estiver disponível ou for contra-indicada, A IMAGEM COM RADIONUCLÍDEO PODE SER USADA PARA AVALIAR O TAMANHO E A FUNÇÃO BIVENTRICULAR E A IMAGEM DE PERFUSÃO MIOCÁRDICA COM RADIONUCLÍDEO TAMBÉM PODE AUXILIAR NA DETECÇÃO DE FIBROSE MIOCÁRDICA. Quando realizar o teste de estresse - O teste de estresse é indicado em pacientes selecionados com DC crônica com sintomas e / ou sinais que podem ser causados por doença cardíaca isquêmica ou CCC. Se o teste de estresse for indeterminado, a angiografia coronária é útil para distinguir a doença coronariana epicárdica da CCC. Em pacientes com CCC, as artérias coronárias epicárdicas são comumente angiograficamente normais e a dor torácica pode ser decorrente de disfunção microvascular. Fase indeterminada - Um paciente com evidência sorológica de DC crônica sem sinais ou sintomas cardíacos (ou gastrointestinais) com os testes acima tem a forma indeterminada. A abordagem ideal para monitorar esses pacientes é incerta. Sugerimos o monitoramento clínico em série conforme discutido separadamente. Um diagnóstico de CCC ou suspeita de CCC é feito com base na identificação de uma ou mais anormalidades no ECG, monitoramento ambulatorial de ECG (Holter) ou imagem cardíaca. Exclusão de outras causas - Em pacientes com evidência sorológica de DC crônica com evidência de doença cardíaca, outras causas de doença cardíaca devem ser excluídas. A biópsia endomiocárdica raramente é indicada em pacientes com suspeita de CCC, pois o diagnóstico geralmente é estabelecido por outros testes e os achados da biópsia em pacientes com CCC são geralmente inespecíficos. Diagnóstico de CCC - CCC é diagnosticado ou suspeito em pacientes com DC crônica confirmada com ou sem sintomas cardíacos (por exemplo, dispneia, edema ou dor no peito) com base nos seguintes critérios: Um diagnóstico clínico de CCC é feito quando um ou mais dos seguintes sinais-chave de cardiopatia chagásica estão presentes e outras causas desses sinais (como cardiopatia isquêmica) foram excluídas Anormalidades de ECG e / ou ECG ambulatorial (Holter): bradicardia sinusal com frequência cardíaca <40 batimentos por minuto ou disfunção do nó sinusal sintomático, bloqueio de ramo direito (RBBB) com hemibloqueio anterior esquerdo (LAHB), novo RBBB, VPB prematuro frequente, Ondas Q, bloqueio AV de segundo grau ou bloqueio cardíaco completo ou TV (não sustentado ou sustentado). Imagens cardíacas (ecocardiografia e / ou RMC): disfunção sistólica global ou regional do ventrículo esquerdo e / ou direito, aneurisma ventricular (tipicamente VE apical) ou trombo intracavitário (tipicamente apical). Há suspeita de CCC em pacientes com DC crônica que não possuem todos os achados principais acima, mas apresentam um ou mais dos seguintes achados de ECG: bradicardia sinusal com frequência cardíaca> 40 batimentos por minuto, RBBB incompleto, RBBB (não documentado como novo) sem LAHB , LAHB sem RBBB, tensão de derivação de membro baixa (voltagem <0,5 mV em cada derivação de membro), intervalo PR prolongado (bloqueio AV de primeiro grau) ou alterações de onda ST-T inespecíficas. Principais testes de diagnóstico - Os principais testes de diagnóstico em pacientes com DC crônica em avaliação para CCC são a ecocardiografia e o monitoramento ambulatorial de ECG (Holter). Esses exames também são úteis para o prognóstico. Ecocardiografia - A ecocardiografia é geralmente o principal teste usado para identificar anormalidades estruturais e funcionais cardíacas em pacientes com DC. Anormalidades ecocardiográficas são observadas em pacientes sintomáticos e assintomáticos com DC crônica. A função sistólica de VE e VD varia de normal a gravemente comprometida. Nos estágios iniciais do envolvimento cardíaco, a ecocardiografia pode demonstrar uma ou mais áreas de dissinergia com função Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. sistólica global preservada. Essas anormalidades segmentares leves do movimento da parede do VE podem ser preditores de deterioração da função ventricular subsequente O aneurisma apical do VE é comum em pacientes com insuficiência cardíaca moderada a grave (47 a 64 por cento) e ocorre em até 9 por cento dos pacientes assintomáticos. O aneurisma apical é uma fonte frequente de êmbolos sistêmicos que levam a acidente vascular cerebral e outras manifestações clínicas. Os aneurismas do VD são muito menos frequentes e alguns pacientes têm aneurismas apicais que afetam ambos os ventrículos. Anormalidades regionais de movimento da parede também podem ocorrer em outros lugares, particularmente na parede ínfero-lateral, que é a fonte mais predominante de TV macro-reentrante. A DOENÇA MAIS AVANÇADA É CARACTERIZADA POR DILATAÇÃO VENTRICULAR GLOBAL E HIPOCINESIA DIFUSA, FREQUENTEMENTE ASSOCIADA A REGURGITAÇÃO MITRAL E TRICÚSPIDE. A função sistólica do VD também pode estar prejudicada, mas na maioria dos pacientes essas alterações são avaliadas de forma inadequada ou negligenciadas nas avaliações ecocardiográficas. SE AS IMAGENS ECOCARDIOGRÁFICAS NÃO FOREM DIAGNÓSTICAS, SUGERE-SE A RESSONÂNCIA MAGNÉTICA CARDIOVASCULAR (OU IMAGEM COM RADIONUCLÍDEOS) PARA AVALIAR O TAMANHO E A FUNÇÃO BIVENTRICULAR E A FIBROSE MIOCÁRDICA. MONITORAMENTO AMBULATORIAL DE ECH: O monitoramento ambulatorial contínuo de 24 horas (Holter) também é indicado em pacientes com suspeita de CCC para avaliar a causa da síncope e outros sintomas relacionados e para avaliar o risco de mortalidade usando o escore de Rassi. O monitoramento ambulatorial contínuo de ECG (Holter) pode mostrar uma ampla gama de anormalidades, incluindo disfunção do nó sinusal,vários graus de bloqueio AV (incluindo bloqueio AV de terceiro grau intermitente), fibrilação atrial e arritmias ventriculares complexas. Os achados frequentes são despolarizações ventriculares prematuras, séries de TV não sustentada ou sustentada, fibrilação atrial e distúrbios da condução intraventricular RMC: Se a ecocardiografia for subótima ou não diagnóstica, a imagem RMC é recomendada para avaliação do tamanho e função ventricular e avaliação da presença e extensão da fibrose miocárdica. Fibrose miocárdica detectada por realce tardio de gadolínio parece estar correlacionado com a gravidade da doença. Em uma série de 51 pacientes com DC, a fibrose miocárdica foi evidente em 20 por cento dos pacientes sem envolvimento cardíaco clínico, 85 por cento com envolvimento cardíaco conhecido e 100 por cento com TV . A extensão da fibrose miocárdica aumentou nesses três grupos (porcentagem da massa do VE de 0,9, 16 e 25%, respectivamente). UMA VEZ QUE A RMC É ADEQUADA PARA AVALIAÇÃO DIRETA E PRECISA DAS DIMENSÕES, CONTRATILIDADE E CARACTERIZAÇÃO DO TECIDO, ELA PODE REPRESENTAR A MELHOR ABORDAGEM PARA DETECTAR DISFUNÇÃO DO VD PRECOCE, UM MARCADOR DE MAU PROGNÓSTICO QUE TEM SIDO SUBUTILIZADO NA PRÁTICA CLÍNICA. Na verdade, as investigações usando CMR mostraram que as dimensões e a função do VD não são prontamente avaliadas com abordagens ecocardiográficas de rotina e geralmente requerem técnicas especificamente focadas para serem detectadas em pacientes com DC. https://www.uptodate.com/contents/chronic-chagas-cardiomyopathy-clinical-manifestations-and-diagnosis/abstract/34,35 Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. IMAGEM COM RADIONUCLÍDEOS: A imagem com radionuclídeos não é necessária na maioria dos pacientes com CCC, mas é sugerida quando a ecocardiografia não é diagnóstica e a RMC não é diagnóstica ou não pode ser realizada (devido à falta de disponibilidade ou presença de uma contra-indicação à RMC). A ventriculografia com radionuclídeos (usando imagem planar ou tomográfica SPECT) permite a avaliação do tamanho do VE e VD e da função global e regional. Anormalidades regionais de movimento da parede do VE e / ou disfunção global do VD podem ser detectadas em alguns pacientes nos quais o desempenho geral do VE é preservado. A imagem de perfusão com radionuclídeo em repouso e estresse (usando SPECT-MIBI) também pode fornecer um método alternativo para identificar a presença e extensão da fibrose miocárdica, conforme revelado pelo achado de defeitos de perfusão fixos associados a anormalidades de movimento da parede prejudicadas, particularmente quando não conforme a distribuição coronária TESTE DE ESTRESSE: o teste de estresse é útil em pacientes selecionados com DC crônica com suspeita de doença arterial coronariana epicárdica. Dor torácica é comum com CCC e geralmente atípica, mas ocasionalmente pode mimetizar angina. No entanto, em pacientes com CCC, as alterações de ECG durante o exercício são frequentemente não interpretáveis devido a anormalidades do ECG basal e resultados anormais com imagens de estresse não têm especificidade para doença coronariana epicárdica; assim, a angiografia coronariana é indicada quando os resultados das imagens de estresse são inconclusivos. A imagem de estresse com imagem de perfusão com radionuclídeo ou ecocardiografia pode ser útil em pacientes com alterações de ECG não interpretáveis, mas é necessário cuidado para distinguir defeitos fixos e reversíveis para infarto do miocárdio e isquemia miocárdica. Perfusão fixa e reversível e anormalidades de movimento da parede foram observadas em muitos pacientes com CCC sem doença arterial coronariana epicárdica, conforme ilustrado pelas seguintes observações: Respostas embotadas da frequência cardíaca e respostas contráteis anormais foram observadas em um estudo ecocardiográfico de estresse com dobutamina de 26 pacientes com e sem anormalidades de movimento segmentar da parede subjacentes, mesmo naqueles sem anormalidades basais. Dez pacientes foram submetidos à arteriografia coronária e os resultados foram normais. Alguns pacientes tiveram uma resposta bifásica com melhora na dose baixa e deterioração na dose de pico. Esses achados são semelhantes aos observados em pacientes com doença coronariana, sugerindo que a isquemia pode contribuir para a disfunção do VE na cardiopatia chagásica. Defeitos de perfusão reversíveis, paradoxais e fixos na imagem de perfusão miocárdica com radionuclídeos foram observados em pacientes com CCC com ou sem angina atípica. Os defeitos de perfusão são tipicamente localizados nos segmentos póstero-inferior e apical, onde as anormalidades do movimento da parede também predominam e onde a denervação simpática foi identificada pela captação de MIBG-I. Os defeitos de perfusão corrigidos refletem a fibrose miocárdica regional e correspondem a regiões com movimento da parede prejudicado. Os defeitos de perfusão reversíveis ocorrem na presença de artérias coronárias epicárdicas normais e foram atribuídos a anormalidades da microvasculatura coronária que podem ser devido a alterações inflamatórias subjacentes e / ou regulação anormal da vasomoção coronária. A contribuição da disfunção microvascular para o dano miocárdico na CCC foi ilustrada por um estudo de pacientes com https://www.uptodate.com/contents/dobutamine-drug-information?search=Chronic+Chagas+cardiomyopathy%3A+Clinical+manifestations+and+diagnosis&topicRef=4955&source=see_link Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. DC que se submeteram à cintilografia de perfusão em série por um período de vários anos. A deterioração da função do VE foi temporariamente associada à extensão da isquemia microvascular com evolução para lesões fixas (fibróticas) ao longo do tempo. A eficácia comparativa e a significância relativa da arritmia detectada durante o monitoramento de Holter versus teste de esforço não foi avaliada sistematicamente CATETERISMO CARDÍACO: A doença arterial coronariana pode se apresentar de forma semelhante à DC e também é observada como comorbidade em alguns pacientes com CCC. A angiografia coronária é útil para diagnosticar doença arterial coronariana em pacientes selecionados com suspeita de CCC, incluindo aqueles com resultados de teste de estresse consistentes com CCC ou doença coronariana, bem como em pacientes que têm DC e suspeita de doença coronariana concomitante e indicações padrão para cateterismo cardíaco. Em pacientes com CCC, as artérias coronárias epicárdicas são mais frequentemente angiograficamente normais e a dor no peito pode ser devida a disfunção microvascular. A ventriculografia esquerda com contraste invasivo pode revelar aneurismas característicos, ocasionalmente em vários locais (posterior-lateral, inferior basal ou apical), mas geralmente não é necessário, uma vez que as anormalidades do movimento da parede e os aneurismas ventriculares são geralmente diagnosticados por ecocardiografia (ou RMC ou ventriculografia com radionuclídeo). BIÓPSIA ENDOMIOCÁRDICA: A biópsia endomiocárdica (BEM) geralmente não é necessária em pacientes com CCC, pois o diagnóstico geralmente é estabelecido por outros testes, e os achados da biópsia em pacientes com CCC são geralmente inespecíficos. A EMB raramente é realizada em casos incertos para excluir outras causas de cardiomiopatia com características histológicas diagnósticas. Achados inespecíficos de EMB em pacientes com CCC incluem hipertrofia das células domiocárdio, degeneração das fibras miocárdicas e edema intersticial, fibrose e infiltrado inflamatório. Achados específicos podem incluir o raro achado de ninhos de T. cruzi , ou mesmo antígenos do T. cruzi revelados por testes imunohistoquímicos positivos. Em pacientes com CCC submetidos a transplante cardíaco, a biópsia endomiocárdica é realizada para monitorar a rejeição celular aguda. O exame de cortes histológicos para ninhos de parasitas e evidências imuno-histológicas do antígeno de T. cruzi podem ajudar a distinguir a rejeição celular aguda da miocardite chagásica reativada. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. IMAGENS INVESTIGACIONAIS: Um papel potencial para a imagem SPECT do miocárdio com MIBG-I em pacientes com CCC foi sugerido por estudos em centros especializados. USANDO ESTA TÉCNICA, ÁREAS DE DENERVAÇÃO SIMPÁTICA DO MIOCÁRDIO FORAM DEMONSTRADAS NA MAIORIA DOS PACIENTES COM CCC. Os defeitos do MIBG-I podem ser detectados mesmo em pacientes com função cardíaca normal e ECG normal, e podem preceder o desenvolvimento de anormalidades regionais de movimento da parede. Em uma série, a extensão da denervação miocárdica se correlacionou com a ocorrência de TV sustentada grave. Os resultados sugerem que o desarranjo da inervação autonômica cardíaca é uma característica notável da CCC. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. OBJETIVO 03: DELINEAR AS MEDIDAS DE PROTEÇÃO E RISCOS RADIOLÓGICOS; DEFINIÇÃO DE RADIAÇÃO: A radiação pode ser definida como uma propagação de energia em forma de ondas eletromagnéticas ou de partículas. Vários materiais radioativos estão disponíveis na natureza. Dominamos e começamos a usar as radiações ionizantes em 1895 e, com o desenvolvimento tecnológico, chegamos ao estágio atual, em que a energia atômica é aplicada nos mais diversos setores da economia e da ciência. PRINCIPAIS TIPOS DE RADIAÇÃO: CORPUSCULARES: 1) Alfa (α) 2) Beta (β) 3) Elétron (e) 4) Pósitrons 5) Nêutrons (n) Eletromagnéticas 6) Raios X 7) Radiação gama (γ) PRINCIPAIS ELEMENTOS RADIOATIVOS: 1. Carbono-14 (C14) 2. Césio-137 (Cs137) 3. Cobalto-60 (Co60) 4. Estrôncio-90 (Sr90) 5. Iodo-131 (I131) 6. Plutônio-244 (Pu244) 7. Polônio-210 (Po210) 8. Rádio-226 (Ra226) 9. Radônio-222 (Rn222) 10. Tório-191 (Th191) 11. Urânio-238 (U238) 12. Tecnécio-99m (Tc99m) EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO: Cada especialidade exige Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) de acordo com a nocividade dos procedimentos que são realizados cotidianamente. De maneira geral, os principais EPIs para a área da Radiologia são: 1. AVENTAL; 2. ÓCULOS; 3. LUVAS; 4. PROTETOR DE TIREOIDE; 5. BIOMBO. DOSIMETRIA: O dosímetro é um dispositivo que deve ser usado na altura do tórax, por fora do avental. Serve para medir a exposição de um indivíduo à radiação durante um período de tempo. Mensalmente, o equipamento deve ser enviado para leitura e, caso as doses constatadas estejam acima do limite permitido, o profissional deve ser afastado, até o restabelecimento dos índices normais. SUPERVISÃO PROFISSIONAL: Além de disponibilizar dosímetros e EPIs adequados, cada departamento de Radiologia deve ter um Supervisor das Aplicações das Técnicas Radiológicas (SATR), que é responsável por: 1. Supervisionar e orientar a aplicação das técnicas radiológicas, para garantir a eficiência dos procedimentos, o bom funcionamento do serviço e para assegurar a proteção radiológica de profissionais e de pacientes; 2. Atuar na área de saúde de forma interdisciplinar e multiprofissional, estabelecendo interfaces com os demais profissionais, seguindo princípios éticos e de segurança; 3. Coordenar, supervisionar e gerenciar equipes e processos de trabalho nos serviços de radiologia e diagnóstico por imagem; 4. Conferir as escalas de trabalho, para verificar o cumprimento da jornada especial e para checar se o número de profissionais é suficiente para a operação do serviço; 5. Acompanhar permanentemente as condições dos equipamentos de trabalho e dos equipamentos de proteção radiológica; 6. Analisar o relatório mensal de dosimetria e tomar providências cabíveis em caso de irregularidades ou de anormalidades que coloquem em risco a vida das pessoas; 7. Supervisionar o estágio dos alunos que são aprendizes no departamento; 8. Verificar as condições dos materiais e do espaço físico permanentemente; 9. Orientar e cobrar o uso correto da proteção radiológica APLICAÇÕES DA RADIAÇÃO IONIZANTE: 1. Produção de imagens radiográficas e diagnósticos por imagem; 2. Tratamentos terapêuticos contra o câncer e outras doenças; 3. Produção de radiofármacos e aplicações em Medicina Nuclear; 4. Irradiação de alimentos, obras de arte e insumos diversos; 5. Inspeção de pessoas, bagagens e volumes; 6. Ensaios não-destrutivos na área da indústria. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO RADIOLÓGICA: 1. JUSTIFICAÇÃO: nenhuma prática deve ser autorizada, a menos que produza suficiente benefício para o indivíduo exposto ou para a sociedade, de modo a compensar os efeitos deletérios que possam ser causados pela exposição às radiações ionizantes; 2. OTIMIZAÇÃO: dentro de uma prática, o valor das doses individuais, o número de pessoas expostas e a probabilidade da ocorrência de exposições devem ser mantidas nos níveis mais baixos possíveis , considerando os fatores econômicos e sociais. É o que chamamos de Princípio ALARA (As Low As Reasonably Achievable), que em bom português significa tão baixo quanto razoavelmente exequível; 3. LIMITAÇÃO DA DOSE: as doses individuais de trabalhadores e indivíduos do público não podem ultrapassar os limites primários de doses anuais estabelecidos pela órgãos governamentais; 4. PREVENÇÃO DE ACIDENTES: os profissionais devem minimizar a probabilidade de ocorrência de acidentes e implementar as ações estratégicas para minimizar exposições acidentais. OBJETIVOS DA PROTEÇÃO RADIOLÓGICA: 1. PROTEGER O HOMEM E O MEIO AMBIENTE DOS EFEITOS NOCIVOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES E DAS SUBSTÂNCIAS RADIOATIVAS; 2. PROMOVER UM PADRÃO DE PROTEÇÃO ADEQUADO, AOS INDIVÍDUOS E À HUMANIDADE COMO UM TODO, DOS MALEFÍCIOS CAUSADOS PELA EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE E POSSIBILITAR QUE AS PESSOAS POSSAM DESFRUTAR DOS BENEFÍCIOS QUE PODEM ADVIR DO USO DA ENERGIA ATÔMICA; 3. PREVENÇÃO OU DIMINUIÇÃO DOS EFEITOS SOMÁTICOS DAS RADIAÇÕES E REDUÇÃO DA DETERIORAÇÃO GENÉTICA DAS POPULAÇÕES. CUIDADOS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA: No exercício da profissão, O TRABALHADOR E A TRABALHADORA DEVEM APLICAR TRÊS PRINCÍPIOS BÁSICOS EM TODAS AS OPERAÇÕES: 1. O tempo de exposição está diretamente relacionado com a exposição às radiações. Quanto menor o tempo, menor a dose. Se o tempo for dobrado, a exposição é dobrada. Portanto, permaneça perto das fontes o menor tempo possível; 2. A distância entre a fonte e o sujeito é determinante para o nível de exposição à radiação. O dobro da distância significa reduzir a exposição a 1/4. Portanto, fique o mais longe possível das fontes; 3. A blindagem é determinante para reduzir ainda mais as doses de exposições. Use os equipamentos de proteção e fique atrás do biombo durante os exames UNIDADES E GRANDEZAS 1. Atividade: utilizada para
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