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CONCEITOS BÁSICOS DE AUDITORIA Capítulo I - Introdução Breve Histórico A auditoria interna foi criada e desenvolvida em conseqüência do reconhecimento dos administradores em geral quando aos benefícios de um bom controle interno diante da crescente complexidade dos sistemas operacionais das grandes empresas. A auditoria interna seria, portanto, uma forma de controle sobre todos os outros controles internos de uma empresa. A Auditoria interna surgiu bem depois da auditoria independente. Os problemas de controle que o administrador encontrou com a expansão das empresas, que passaram a empregar milhares de pessoas e a funcionar em diversos localidades, exigiram o aparecimentos do auditor interno. O crescimento no volume de transações tornou-se um obstáculo econômico para o emprego exclusivo da auditoria independente na forma tradicional. A auditoria tem claras vantagens sobre esta última. a) Tempo integral do auditor dedicado ao serviço para uma só empresa; b) Maior conhecimento da auditoria interna quanto aos procedimentos específicos da empresa; c) Trabalho em base contínua em contraposição ao trabalho da auditoria independente que é conduzido uma vez por ano e durante um tempo limitado. As companhias de estrada de ferro foram as primeiras organizações a empregar auditores internos, com a denominação de “auditores viajantes”. Sua função principal era visitar os postos de venda de passagens nas estações e determinar se todos os bilhetes foram devidamente controlados e contabilizados. Como veremos mais adiante, a atividade de auditoria interna desenvolveu-se consideravelmente a partir desse objetivo inicial. Em 1941 apareceu o primeiro tratado formal quanto ás funções da auditoria interna e também naquele ano formou-se um organização nacional, nos Estados Unidos - O Instituto de Auditores Internos. Somente em 1956 aquele Instituto emitiu a declaração que veio definir a extensão das funções e responsabilidades da auditoria interna, segundo um modelo adequado ao desenvolvimento técnico-administrativo atual. Auditoria Interna - Auditoria Independente Antes da expansão de suas atividades, conforme atualmente se conhece, a auditoria interna seguia o modelo da auditoria independente sem, praticamente, qualquer variação dos métodos ou mesmo do escopo de exame. A identificação entre essas duas atividades era, num passado relativamente recente, tão intensa que ainda no presente persiste uma incompreensão geral quanto às diferenças de objetivos e natureza dos serviços prestados pela auditoria interna e a independente. Como podemos ver a seguir, essas diferenças são bastante significativas de forma a tornar teórica e praticamente impossível substituir uma atividade pela outra. AUDITORIA INTERNA AUDITORIA INDEPENDENTE a) A auditoria é realizada por um funcionário da empresa. a) A auditoria é realizada através da contratação de um profissional independente. b) O objetivo principal é atender as necessidades de administração. b) O objetivo principal é atender as necessidades de administração. c) A revisão das operações e do controle interno é principalmente realizado para desenvolver aperfeiçoamento e para induzir ao cumprimento de políticas e normas; sem estar restrito aos assuntos financeiros. c) A revisão das operações e do controle interno é principalmente realizado para determinar a extensão do exame e a fidedignidade das informações contábeis. d) O trabalho é subdividido em relação às áreas operacionais e às linhas de responsabilidade administrativa. d) O trabalho é subdividido em relação às principais contas do balanço e da demonstração de resultado. e) O auditor diretamente se preocupa com a intercepção e prevenção de fraude. e) O auditor incidentalmente se preocupa com a intercepção e prevenção de fraude, a não ser que haja possibilidade de substancialmente afetar as demonstrações contábeis. f) O auditor deve ser independente em relação às pessoas cujo trabalho ele examina, porém subordinado às necessidades e desejos da alta administração. f) O auditor deve ser independente em relação à administração contábeis. g) A revisão das atividades da empresa é contínua. g) O exame das informações comprobatórias das demonstrações é periódica, geralmente anual. Capítulo II - Natureza e Objetivo Natureza A declaração emitida em 1956 pelo Instituto dos Auditores Internos Estados Unidos assim definiu a natureza da auditoria interna: “A Auditoria interna é um atividade de avaliação independente dentro de uma organização para revisar as operações contábeis, financeiras e outros, com a finalidade de prestar serviço à administração. É um controle administrativo cuja função é medir e avaliar a eficiência dos outros controles”. Objetivo e extensão A mesma declaração definiu o objetivo e a extensão dessa atividade; O objetivo geral da auditoria interna consiste em prestar assistência a todos os membros da administração no cumprimento eficiente de suas responsabilidades, proporcionando-lhes análises objetivas, avaliações, recomendações e comentários pertinentes às atividades examinadas. A consecução desse objetivo de prestação de serviço à administração deve envolver atividade tais como: - Revisar e avaliar os controles contábeis, financeiros e operacionais quanto a sua solidez, adequabilidade e aplicabilidade; - Certificar-se quanto à extensão com que as políticas, planos e procedimentos estabelecidos são cumpridos; - Certificar-se quanto ao grau com que os ativos da organização são controlados e salvaguardados contra perdas de qualquer espécie; - Certificar-se quanto a fidedignidade dos dados contábeis e de outras informações geradas dentro da organização; - Avaliar a qualidade do desempenho funcional na execução das responsabilidades atribuídas; Os conceitos contidos nessa definição de responsabilidades receberam ampla adesão dos profissionais, não só dos Estados Unidos como de diversos países. Além de profissionais de auditoria interna, que atuam na área privada, outras instituições adotaram os mesmos conceitos. O “United States General Accouting Office”, o órgão oficial de auditoria do governo americano, em sua definição dos três elementos básicos de uma auditoria governamental, demonstra claramente sua aderência aos modernos conceitos que ampliaram o escopo da auditoria interna: Financeiros e normativos - determina: (a) se as operações financeiras são devidamente conduzidas; (b) se os relatórios financeiros da entidade sob exame estão adequadamente apresentados, e (c) se a entidade vem cumprindo a legislação e regulamentos vigentes. Econômicos e administrativos - determina-se a entidade está administrando e utilizando seus recursos (pessoal, propriedade, espaço, etc.) de modo econômico e eficiente, e identificar as causas das práticas antieconômicas e ineficientes, inclusive aquelas provenientes de deficiências nos sistemas de informação, nos procedimentos administrativos e na estrutura organizacional. Operacionais (resultado de programas) - determina os resultados ou benefícios desejados estão sendo conseguidos; se os objetivos estabelecidos pela legislação e órgãos oficiais estão sendo atingidos; e se a entidade considerou alternativas que poderiam produzir os mesmos resultados a custos mais baixos. Em síntese, pelos conceitos acima expostos, poderíamos identificar três elementos básicos na atividade de auditoria interna; avaliação, cumprimento de normas e verificação, que a seguir examinaremos separadamente. Verificação As atividades do auditor interno, que dizem respeito à verificação, abrangem duas áreas: a) registroscontábeis e relatórios e, b) os ativos. Devido principalmente à separação geográfica entre agências ou filiais e a matriz; a verificação dos registros contábeis e os ativos dessa unidades é essencial. Entre as verificações típicas poderíamos citar como exemplo: contagens de caixas, exame de reconciliações bancárias, confirmação direta dos saldos com terceiros, exame físico do imobilizado, etc. Embora a atuação do auditor interno no início estava principalmente dirigida para as filiais ou agências, não deve ser excluídas a verificação na matriz. Embora não exista o problema da separação, normalmente a administração acha-se afastada das operações dia-a-dia devida à preocupação com problemas de ordem mais geral. Também de grande importância é a verificação dos registros contábeis e, particularmente, os relatórios preparados com base nesses registros. A administração das grandes organizações utiliza em larga escala as informações geradas pelo processo contábil para controle dos resultados operacionais e para a tomada de decisões. Obviamente as decisões administrativas não podem ser melhor do que a qualidade das informações nas quais foram baseadas. Avaliação É o mais dos três objetos e a causa principal do desenvolvimento e mudanças nos conceitos de interna ocorridos nos últimos anos. A partir das recomendações constantes nos relatórios dos auditores internos como resultados da verificação “depois do fato”, com o objetivo de corrigir a causa da ocorrência dos erros, houve um grande desenvolvimentos das atividades estendendo-se além das áreas puramente contábeis O sucesso no desempenho dessas atividades e o reconhecimento da administração quanto aos seus benefícios fizeram com que a auditoria interna moderna incluísse no seu programa normal de trabalho: a) avaliação do sistema de controle interno; b) avaliação da eficiência do pessoal; c) avaliação do desempenho dos departamentos operacionais. O conceito de “Serviço à administração” da auditoria interna, aliada à habilidade analítica de um auditor capaz, constitui a origem do desenvolvimento de suas atividades, que passaram a abranger todas as fases de operação da empresa. Não queremos dizer que o auditor interno deva conhecer detalhadamente todas as implicações técnicas, mas com desenvolvimento de suas capacidade analítica, através da experiência e de treinamento, ele deveria pelo menos reconhecer uma situação em que haja possibilidade de erro e então procurar assistência competente para avaliar os problemas técnicos envolvidos. Cumprimento das Normas Obviamente as normas emanadas da alta administração perdem sua validade se na prática não são observadas. Particularmente, quando a empresa se constitui de unidades geograficamente afastadas da matriz, a atuação do auditor interno nessa área será de suma importância devido à necessidades de assegurar que os procedimentos e controle estão sendo seguidos de acordo com as normas estabelecidas. As técnicas de exames aplicável neste caso envolvem desde observação e indagação até a verificação de registros e relatórios preparado pelas unidades. Capítulo III - O Auditor Interno Posição na Organização A declaração anteriormente mencionada, que define as funções e responsabilidades do auditor interno, do Instituto de Auditores Interno dos Estados Unidos, estabelece: Auditoria Interna é uma função de assessoria em vez de função em linha. Portanto, o auditor interno não exerce autoridade direta sobre os funcionários cujo trabalho ele revisa. O auditor interno deve ter liberdade de revisar e avaliar políticas, planos procedimentos e registros; porém essa revisão ou avaliação de forma alguma isenta as outras pessoas na organização das responsabilidades à elas atribuídas. Independência A Independência é essencial para a eficácia do trabalho da auditoria interna. Essa independência abrange dois aspectos principais: a) O status do auditor interno dentro da organização e o apoio administrativo que lhe é proporcionado são as principais determinantes da amplitude e valor dos serviços que a administração obterá da auditoria interna. O auditor interno deve, portanto prestar contas a um administrador de nível suficientemente alto dentro da organização para, dessa forma, garantir sua ampla atuação, assim como decisões adequadas e ação eficaz com relação aos problemas por ele revelados ou às suas recomendações. b) Devido a que completa objetividade é essencial à função de auditoria, os auditores internos não devem desenvolver ou instalar procedimentos, preparar registros ou engajar-se em qualquer outra atividade a qual normalmente seria objeto de sua revisão e avaliação. Educação e treinamento O apoio da administração, o estabelecimento de diretrizes dentro dos conceitos mais modernos e a visão avançada do chefe da Auditoria interna, em perfeita harmonia com as diretrizes, perdem todo o seu efeito se a qualidade da equipe de auditores não corresponder tecnicamente aos objetivos traçados. A seleção de elementos capazes para integrar o corpo de auditores internos é essencial, pois, como já vimos, a prática de auditoria interna, segundo os padrões modernos, exige uma equipe de profissionais de nível superior. A auditoria interna não é estática. As atividades em geral, objetos de exame do auditor, se desenvolvem e modificam, exigindo que as técnicas de auditoria acompanhem essa transformação. O auditor interno enfraquece o seu potencial de “prestação de serviços à administração”, na medida em que as técnicas não acompanham o desenvolvimento da entidade da qual faz parte. Embora o profissional, em seu próprio interesse seja o responsável pelo seu progresso individual, a organização deve empreender todo o esforço possível para orientá-lo, treiná-lo e promover seu desenvolvimento técnico. Como parte integrante do planejamento das atividades de um corpo de auditoria interna é imprescindível um programa lógico e sistemático de desenvolvimento técnico, incluindo treinamento através de cursos, seminários, palestras, pesquisas, etc. Determinado tipo de treinamento é comum a qualquer órgão de auditoria, por exemplo, auditoria de computador, técnicas de teste por amostragem estatística, relações humanas, sistemas e métodos, redação de relatório, contabilidade, etc. Outros dependerão da entidade da qual o auditor faz parte e dizem respeito às atividades operacionais específicas. Relações Humanas (Atitude do Auditor) O auditor, pela própria natureza de suas atividades e por formação tem normalmente nível pessoal francamente superior. Devido a esse fato o auditor é o primeiro responsável em manter um clima de cordialidade com seus colegas de organização. É responsabilidade do auditor retirar os obstáculos ou barreiras defensivas normalmente formadas pelos auditados. Para conquistar respeito e confiança é essencial que o auditor mantenha relações cordiais com as pessoas cujo trabalho ele examinará. Atitudes negativas, além de dificultar o seu trabalho, em nada auxiliam ao auditor em projetar uma imagem de segurança em relação a seu conhecimento e capacidade para avaliar o desempenho de outras pessoas. Capítulo IV - Planejamento e Controle do Trabalho Introdução A variedade e complexidade dos trabalhos que um órgão de auditoria interna moderno pode executar exige planejamento e controles adequados. Sem planejamento ou controle das atividades, a auditoria interna corre o risco de perder a perspectiva de sua missão e deixar de dar a devida cobertura a áreas prioritárias dentro da empresa. Planejamento a longo prazo O planejamento a longo prazo das atividades da auditoria interna, cobrindo um período de três a cinco anos, constitui um instrumento administrativo indispensável.A seguir explica-se as funções do plano a longo prazo. a) Guia para auditoria - ao demonstrar os trabalhos a serem executados, o plano a longo prazo constitui importante evidência de que a auditoria cobrirá todas as áreas importantes da empresa, a intervalos devidamente planejados e, ao mesmo tempo, orienta o auditor no “que fazer depois”. b) Suporte para orçamento - com base no plano a longo prazo a auditoria interna poderá comprovar a sua necessidade de recursos: pessoal, despesas de viagem, despesas administrativas e custos relacionados. c) Participação administrativa - o plano a longo prazo é meio de fazer a administração, ao aprová-lo, assumir um compromisso com a auditoria, devido a sua participação no estabelecimento das metas. Dessa forma, o auditor deve submeter o plano à administração e aceitar sugestões que venham aperfeiçoá-lo para assim obter todo o apoio possível. d) Estabelecimento de padrões - o indicador dias/auditor permite a análise e comparação do que foi planejado com o que foi realizado. A análise das variações pode ajudar nos planejamentos futuros e também serve para medir a competência do corpo de auditores. e) Controle - a administração cientificamente orientada, da empresa moderna, está imbuída dos conceitos de “gerência por objetivo” e sua expectativa, principalmente em relação à auditoria interna, é de que as atividades sejam adequadamente controladas no que diz respeito ao cumprimento das metas. Um plano bem estruturado, bem estudado, com relatórios de progresso periódicos para demonstrar que o plano não é apenas algo figurativo, mas sim um instrumento gerencial eficiente, é a característica de uma auditoria interna, bem controlada. f) Auditoria interna - o plano a longo prazo tem ainda outro propósito relevante. Demonstrar aos auditores internos o exercício da função importantíssima da auditoria interna como parte do sistema de controle da empresa e, assim sendo, dependendo da cobertura adequada das áreas mais importantes, pode servir de base para um acordo que diretamente influenciaria o estabelecimento dos honorários dos profissionais independentes. Plano Anual Com base no plano a longo prazo é elaborado o plano anual das atividades. O primeiro passo é determinar a disponibilidade total de horas/auditor para a realização de exame no ano específico. O total disponível de horas/auditor será dividido entre atividades planejadas e atividades não planejadas. As horas não planejadas constituem uma reserva para eventualidades, como: exames especiais, solicitações da administração, treinamentos especiais, etc. Devem ser determinadas com base na experiência anterior e nas discussões com a administração. Para estabelecer as horas a serem dedicadas aos exames normais é necessário considerar vários fatores: • atividades da empresa particularmente suscetíveis à concorrência de irregularidades e sujeitas, como conseqüência, a perdas substanciais. • tempo de exame necessário para cada projeto de auditoria. • atividades que necessitam exame com ênfase especial. • solicitações administrativas. Ao elaborar o plano anual, as equipes de auditores já devem ser designadas para os diversos exames. Projetos de auditoria Com a finalidade de estabelecer planos anuais e a longo prazo, compreensíveis e em consonância com os objetivos da empresa, é recomendável classificar as atividades da auditoria em categorias. A seguir é representada uma sugestão para a classificação das atividades da auditoria interna. - auditoria regular: são os exames normalmente feitos pela auditoria segundo critério de prioridades; - auditoria especial: exames necessários devido a ocorrências imprevistas; - solicitações administrativas: serviços prestados à administração para atender solicitações especiais; - acompanhamento subsequente: atividades realizadas com o objetivo de verificar a implantação de recomendações importantes, prestadas como resultado de um exame; - visita de ínterim ou sumária: exame relativamente rápido com a finalidade de auditar áreas críticas ou filiais não cobertas pela auditoria regular; - desenvolvimento: um órgão de auditoria interna não é diferente de qualquer outro, ele pode desenvolver-se ou atrofiar-se. É necessário pesquisa, treinamento, estudos especiais para torná-lo um líder da profissão; expandir os serviços à administração e ajudar o auditor a conseguir maior dimensão e estatura. Com a medida de eficiência administrativa, principalmente para facilitar a referência, os projetos devem ser numerados. As iniciais indicariam a categoria da atividade; os dois dígitos a seguir o número seqüencial correspondente à categoria e ao ano e os dois últimos o respectivo ano. Por exemplo: REG-00/9X projeto de auditoria normal e regular ESP-00/8X projeto de auditoria especial ADM-00/9X projeto por solicitação administrativa ACS-00/9X projeto de acompanhamento subseqüente VIS-00/9X projeto de visita de ínterim ou sumária DVL-00/9X projeto de desenvolvimento. Controle de projetos Cada projeto deve ter uma ficha própria onde são registradas as horas despendidas pela equipe de auditores. Essa ficha é lançada com base no relatório = de horas individualmente preenchidas pelos auditores. O controle das horas despendidas num projeto permite o acompanhamento periódico, necessário para revisar o plano anual e servir de base para o planejamento futuros. Relatório de progresso Periodicamente a auditoria interna deve emitir relatórios à administração que demonstram seu desempenho, esclarecendo as razões dos desvios em relação aos planos. Capítulo V - Execução do Trabalho Natureza O trabalho de campo é a reunião de todos os esforços do auditor em acumular, classificar e avaliar as informações, de modo a possibilitar o desenvolvimento de uma opinião de auditoria e a formular recomendações para melhoramentos. Conforme mencionado, a auditoria interna “... é um controle administrativo cuja função é MEDIR e AVALIAR a eficiência dos outros controles”. Desse modo, o auditor focalizará a atividade, objeto do seu exame, de forma a: - determinar seu tamanho, extensão ou qualquer outro atributo, em termos de unidades mensuráveis ou estabelecidos; - comparar os resultados com os padrões aceitáveis ou estabelecidos. Quando o auditor não pode medir, ele apenas produzirá observação subjetiva, em lugar de opinião objetiva. A avaliação efetua-se através da comparação com os padrões. Deve ser neste ponto lembrado que o fato das padrões terem sido estabelecidos e aprovados não os tornam sagrados. Os padrões estão sujeitos a absolutismo, a interesses próprios objetos da avaliação do auditor. Geralmente a avaliação do auditor é dirigida para três fatores básicos das operações: qualidade, custo e tempestividade. Exame preliminar O exame ou pesquisa preliminar tem como objetivo familiarizar o auditor com o objeto de sua auditoria. Quanto maior a complexidade, maior o tempo necessário a ser dedicado ao exame preliminar. O grau de complexidade envolve vários aspectos: utilização de computadores; técnicas administrativas sofisticadas, circunstâncias externas (restrições legais, ecologia, relacionamento com o público, com o funcionalismo, condições de mercado), etc. Simplificando, o auditor efetuará o exame preliminar para responder as seguintes perguntas: - Qual o trabalho? - Quem executa? - Para quem é feito? - Como é feito? A habilidade com que o auditor conduz o exame preliminar tem grande influência na preparação dos programas e no sucesso de sua auditoria. Os elementos normalmente encontrados num exame preliminar satisfatório serãoa seguir descritos: a) Preparação - é aconselhável a elaboração de um questionário de modo a orientar a pesquisa. Esse questionário pode ser preparado com base em arquivos permanentes, relatórios de auditoria anteriores e nas diretrizes formais para a atividade sob exame. É conveniente lembrar que o auditor na fase de exame preliminar deve preocupar-se com os aspectos gerais mais importantes. Os detalhes, serão abordados durante a execução da auditoria propriamente dita. Também pode ser apresentado ao órgão a ser auditado questionário formal com instruções, para ser devidamente respondido até a chegada da equipe de auditores. Um questionário desse tipo deve instruir um órgão a anexar a documentação ou relatórios necessários para o devido esclarecimento das respostas. b) Reunião preliminar - em reunião com os administradores do órgão a ser examinado o auditor, em tom cordial, e demonstrando suas intenções de cooperar, deve prestar esclarecimentos quanto aos objetivos de seus exame. É recomendável mencionar nessa reunião que as deficiências por acaso reveladas durante a auditoria seriam discutidas antes de formalmente relatadas. c) Obtenção das informações - devem ser obtidas através de entrevistas com o pessoal do órgão, arquivo de correspondência, relatórios, orçamentos, manuais, inspeções físicas, etc. Essas informações devem proporcionar ao auditor suficientes conhecimentos (embora ainda não detalhados) sobre o órgão, objeto de seu exame, em relação a: - diretrizes administrativas; - organização; - aspectos financeiros; - métodos operacionais; - áreas problemáticas; - assuntos de interesse administrativo. d) Fluxogramas - constitui um dos instrumentos mais eficazes para a análise de sistemas. Essa técnica será amplamente abordada em “ Auditoria Analítica “. e) Objetivos - sem uma perfeita identificação dos objetivos da atividade, o exame de auditoria correrá o risco de perder grande parte de seu efeito. O esclarecimento quanto aos verdadeiros objetivos é uma características do auditor profissional, que não se deixa influenciar pelo que está escrito. Os controles aplicáveis a um sistema estão diretamente relacionados com seus objetivos reais. É também necessário fazer distinção entre objetivos (que representa a missão ou propósito da atividade ) e metas ( unidades mensuráveis a serem conseguidas). f) Controle - de todos os instrumentos à disposição do auditor o seu conhecimento sobre controle é mais útil, mais fidedigno e o mais universal. Qualquer atividade gerencial é regida por controles administrativos e, por isso o auditor tem que entendê-los sob todas as suas formas e aspectos. Controle abrange todos os meios estabelecidos para dirigir, restringir, governar e verificar as várias atividades, com o propósito de assegurar a consecução dos objetivos de uma empresa. g) Pessoal - o auditor não pode deixar de considerar o pessoal submetido ao seu exame. Qualquer controle perde o seu efeito se não houver pessoal à altura para exercê-lo. É importante que o auditor, durante o exame preliminar adquira um bom conhecimento sobre o pessoal do órgão ou atividade que irá auditar. h) Riscos - uma das funções mais importantes do exame preliminar é o suprimento de informações para elaboração do programa de auditoria. É necessário, portanto, distinguir as áreas com controles suficientes das áreas com controle deficientes, de modo a preparar um programa racional de auditoria. Programas de auditoria O programa de auditoria é um plano de ação detalhado para orientar o auditor na execução do exame. Existem duas formas de programas: o programa “pré-fabricado”- recomendável quando a empresa é constituída de filiais cujos sistemas e operações sejam padronizadas, ou em caso de departamentos cujos objetivos ou atividades permanecem imutáveis ano após ano. De qualquer forma esse tipo de programa deve ser periodicamente revisado. A outra forma de programa é a individual ou “sob-medida”. O programa individual, deve sempre ser preparado logo após o exame preliminar. Qualquer tipo de programa deve ter a seguinte informação: - definição dos objetivos da atividade sob exame; - uma lista dos controles existentes ou desejáveis; - descrição dos testes; - prazo estimado para completar o segmento da auditoria; - comentários sobre os resultados dos testes. Normalmente os programas individuais, com a finalidade de proporcionar maior flexibilidade ao exame, não descrevem passos detalhados. Os detalhes nesse caso são descritos nos papéis de trabalho, pois, podem surgir muitas condições, não percebidas durante o exame preliminar, que o auditor deixou de incluir nos programas. Testes O processo do teste, constitui o principal instrumento técnico para a obtenção de evidência numa auditoria. O teste não tem como objetivo a descoberta ou revelação de fraudes. Ao realizar um exame, o profissional de auditoria normalmente adota o que se convencionou chamar de “enfoque positivo”, explicado a seguir. Embora exista a tendência generalizada de se pensar nas atividades da auditoria em termos de intercepção de erros e revelação de desfalques habilmente dissimulados, o trabalho do auditor não é essencialmente orientado nesse sentido. Na realidade a linha de raciocínio pode ser colocada da seguinte forma: “Se os procedimentos estão estruturados de modo a conseguir um bom controle interno e se os sistemas de operações estão de fato funcionando conforme planejados e de acordo com as normas, então as demonstrações contábeis e as outras informações produzidas pela unidade deveriam ser plenamente aceitáveis, no sentido de que refletem com fidelidade os resultados alcançados”. Dessa forma o exame do auditor pode ser orientado no sentido de: avaliar a eficiência do sistema de controle interno; certificar-se de que realmente funciona conforme planejado e de acordo com as normas emanadas de superior administração; testar os registros contábeis e as outras informações a fim de verificar se representam fielmente o resultado das operações e podem assim servir de base para medir o desempenho da unidade e o seu esforço para atingir as metas estabelecidas pela alta administração. Ao satisfazer-se de que uma unidade tem sido um bom desempenho, no que diz respeito ao uso e proteção dos recursos da organização, o auditor poderá também afirmar com razoável segurança que nenhum erro ou desfalque de valor substancial escapou a sua atenção, entretanto, isso não significa que suas atividades foram especificamente dirigidas para interceptar tais ocorrências. Embora muitos passos de um programa de auditoria sejam elaborados para testar a exatidão e revelar fraudes dissimuladas através de informações e registros contábeis manipulados, a expectativa usual é, ao aplicar os procedimentos de auditoria, provar que os valores registrados e atuação do pessoal da unidade são aceitáveis, ao invés de assumir que erros ou desfalques inevitavelmente virão à tona. Obviamente tais conceitos não se aplicam quando existe suspeitas de erros ou fraudes. Também o auditor deve estar ciente sobre os métodos de fraudes e dissimulações, de modo a assegurar que os seus testes interceptarão as irregularidades por porventura ocorridas. Forma de trabalho As técnicas de exame: observação, indagação, análise, verificação, investigação e avaliação, podem ser aplicadas sob várias formas de auditoria. Qualquer que seja o objetivo geral de uma auditoria, os resultados finais são os mesmos: a opinião da auditoria e as recomendações por melhoramentos ou aperfeiçoamento. As formas de auditoria são três: a) auditoria funcional; b) auditoria departamental (ou organizacional) e; c) os estudos administrativos.a) Auditoria funcional - nessa forma, o exame acompanha um determinado processo ou transação desde sua origem até o seu final ou destino, cruzando, nesse acompanhamento, um ou mais departamentos da organização. A Auditoria funcional se concentra com maior ênfase nas operações ou processos. Exemplos: - acumulação de sucata, separação e venda; - alterações de um produto; - compra, recebimentos dos materiais e pagamentos; - controle e práticas de segurança; - vendas, contas a receber, recebimentos etc. A auditoria funcional geralmente é ampla e complexa devido ao trabalho desenvolvido, mas apresenta grandes vantagens: - identificação de diferentes pontos de vista entre os diversos departamentos; - exposições de “gargalos”; - reconciliação de objetivos; - revelação de duplicidade. b) Auditoria departamental - nessa forma, o exame não só se concentra nas atividades de um órgão, mas também nos controles administrativos utilizados para assegurar o seu desempenho. Aqui o auditor está interessado em determinar o grau de eficiência com o qual os administradores cumprem os objetivos de um órgão, com os recursos colocados à sua disposição. c) Estudos administrativos - a auditoria funcional e a departamental constituem o trabalho mais comum do auditor. O estudo administrativo é um trabalho de consultoria para a resolução de problemas para a administração. Freqüentemente o auditor é solicitado a prestar esse tipo de serviço, devido ao seu profundo conhecimento sobre as rotinas e operações da empresa, acumulado durante os seus exames de auditoria. Capítulo VI - Processo de Teste Introdução Consideramos nessa seção as principais técnicas usadas pelo auditor em coligir a evidência necessária que lhe servirá de base para formar um opinião e formular suas recomendações a serem expressas no relatório. Testes, em auditoria, compreende o exame de transação ou processos selecionados e a avaliação dos resultados segundo padrões de medidas preestabelecidos Geralmente teste implica no exame de uma amostra das transações ou processos, ou seja, da parte de um todo. De fato, com a complexidade que se observa atualmente nas atividades em geral, seria antieconômico, e algumas vezes mesmo impraticável, examinar completamente o objetivo sob auditoria. Entretanto esse fato não exclui necessariamente o exame total, pois o teste, visto como processo de submeter alguma coisa à prova, constitui o suporte em que a opinião do auditor se fundamenta. Assim, sendo, a extensão do teste depende da evidência que o auditor, como profissional, julga necessária para fundamentar sua opinião. Usualmente as etapas a serem seguidas num processo de teste são: a) Determinação dos padrões; b) Definição do universos (ou população); c) Seleção da amostra de transações ou processos; d) Exame de transações ou processos. a) Determinação dos padrões - sem padrões não pode haver mensuração objetiva, que torna o trabalho do auditor uma conjetura e não um fato. Os padrões podem ser explícitos ou implícitos. É explícito quando está formalmente estabelecido em manuais, regimentos internos, atas de reunião, planos de produção, etc. Quando a administração estabeleceu objetivos e metas, mas ainda não especificamente determinou como seria alcançados, então os padrões são implícitos. Nesse caso o auditor deve consultar a administração e tentar a um acordo sobre o padrão de medida específico da atividade a ser examinada. b) Definição do universos - o universo, ou população, deve ser sempre considerado em consonância com o objetivo específico da auditoria. Se o objetivo é formar uma opinião sobre as transações ocorridas desde a última auditoria, então a totalidade dessas transações constitui o universo. Se o objetivo é afirmar uma opinião sobre a eficiência do sistema de controle em vigor, a população poderá ser bem mais reduzida, pois ao auditor interessa o que está ocorrendo agora. Em qualquer dos casos o auditor determinará a quantidade total de itens do universo. Também deverão ser consideradas as condições nas quais o universo a ser examinado se apresenta, isto é, arquivamento seqüencial, aleatório, métodos de controle de saída e entrada de documentos, etc. c) Seleção de amostra - o método de seleção da amostra de transações ou processo deve seguir um critério de acordo profissional ou pelo método estatístico. Mais adiante esse aspecto será examinado com maiores detalhes. d) Exame das transações ou processos - o exame das transações ou processos selecionados é feito utilizado as diversas técnicas disponíveis. Podemos dividir essas técnica nos seis grupos explicado a seguir: 2 Técnicas de exame - os seis grupos de exame são: a) Observação; b) Indagação; c) Análise; d) Verificação; e) Investigação; f) Avaliação. Os primeiros cinco fazem parte do processo de mensuração e o último é a avaliação dos resultados. a) Observação: Talvez seja a técnica mais difícil, pois constitui um exame visual para medir um processo, com base em padrões mentalizados pelo auditor. Dessa forma o sucesso da observação depende em larga escala da experiência do auditor. Embora a observação seja importante, geralmente caracteriza-se como uma fase preliminar do exame de auditoria. A observação dessa técnica é bastante eficaz em inúmeros casos: dispositivos de segurança, violações de segurança, comportamento do pessoal, condições de perigo, etc. b) Indagação - Pode ser oral ou escrita. a Oral é mais difícil pois constitui uma arte. Para a obtenção da verdade é necessário colocar a pergunta de tal forma que não fira susceptibilidades. Algumas perguntas, pelo modo como são formuladas tendem a provocar uma resposta positiva. Por exemplo: “Você sempre mantém as portas do almoxarifado fechadas?”. Deve ser substituída por: “De que forma você mantém a segurança do almoxarifado?”. As perguntas devem ser sempre confirmadas por uma segunda pessoa. c) Análise - Compreende a divisão de uma entidade complexa para determinar sua verdadeira natureza. A análise envolve a dissecação dos componentes de uma função, atividade ou massa de transações com a finalidade de estabelecer o inter-relacionamento entre as partes individuais. d) Verificação - É o instrumento mais antigo do auditor e significa atestar a veracidade; exatidão, integridade ou autenticidade do objeto sob exame. Sob este grupo podemos incluir a confirmação, que é o processo de atestar um documento ou registro, através da corroboração de terceiros; a conciliação; a contagem física; a conferência de cálculos, etc. Em resumo, em todo exame no qual compara duas fontes de informações independentes, o auditor está verificando. A verificação não só tem qualidade próprias, mas também alguns atributos das outras técnicas de auditoria. e) Investigação - Constitui a técnica de inquisição sistemática e profunda com a intenção de revelar fatos a estabelecer a verdade. Geralmente a investigação ocorre como parte ou conseqüência dos resultados da aplicação das outras técnicas de exame. Ela inclui, porém não está restrita, à apuração de irregularidades. Pode ser simplesmente aplicada para satisfazer a necessidade do auditor em conhecer a verdade sobre uma transação ou uma série de transações. Neste ponto é necessário esclarecer quanto à profundidade de investigação no caso de suspeita de irregularidade. A responsabilidade profissional do auditor na apuração dos fatos deve cessar no momento em que o curso da investigação depende de considerações criminais ou legais. Nessa altura o auditor deve recorrer a pessoas tecnicamente habilitadas. f) Avaliação - Em auditoria significa o ato de desenvolvero julgamento profissional. Após observar, indagar, analisar ou verificar, o auditor avalia os resultados e emite uma opinião. O auditor só pode ser considerado um profissional completo quanto tem a capacidade de avaliar tudo o que examina, no sentido dos objetivos e padrões estabelecidos. Testes e a teoria da probabilidade As técnicas de exame acima descritas raramente são aplicadas para todos os itens de uma classe de registros, transações ou processos a ser examinada. Normalmente a auditoria de todas as transações de uma empresa não só seria impraticável como também desnecessária, se a administração cumpriu devidamente suas responsabilidades básicas de assegurara a exatidão dos registros. Dessa forma, se o auditor obtém evidência adequada de que o controle interno é satisfatório, ele poderá aplicar a técnica de teste por meio de amostragem, cuja aceitação se apoia na teoria da probabilidade. Uma amostra selecionada de uma série de itens tenderá a evidenciar as mesmas características presentes na série completa (população ou universo). Um conceito importante dessa teoria, geralmente interpretada erroneamente, é que a tendência de amostra revela as características do universo aumenta em relação ao aumento da amostra. Freqüentemente tal conceito é deturpado pensando-se que o tamanho da amostra corresponde ao tamanho do universo. Por exemplo: uma amostra de 100 itens retirada de um universo de 5.000 tem o mesmo efeito de uma amostra de 100 retirada de um universo de 1.000 itens, isto é, se no universo existe 2% de erros, cerca de noventa por cento das amostras revelarão entre 1% a 3% de erros, (não menos que 1%, nem mais que 3%). Logicamente uma amostra de 500 itens retirados de um universo de 5.000 será mais exata do que uma de 100 retirada, de um universo de 1.000. Seleção de amostra. Para que uma amostra seja representativa do universo de onde foi retirada, tenha ela sido selecionada por julgamento próprio ou pelo método de amostragem estatística, duas regras fundamentais tem que ser observadas: • As características do universo tem que ser conhecidas pelo auditor, pois a opinião de auditoria só pode ser fundamentada nos itens que compõem a amostra; • Cada item do universo tem que ter a mesma oportunidade de ser selecionado. Os principais tipos de seleção de amostra serão a seguir explicados. a) Seleção de bloco - possível quando o universo obedece uma ordem seqüencial: • por data - dias, semanas ou meses; • alfabética - de A a D ou de R a Z ; • numérica - da conta número 5.000 a 5.999. A desvantagem desse método é que não oferece igual oportunidade de seleção a todos os itens do universo, portanto, a rigor, só se poderia chegar a uma conclusão quanto ao segmento ou bloco retirado para amostra. b) Seleção aleatória - Os estatísticos insistem que o único modo adequado de estimar as características dos universos é selecionar uma amostra representativa do universo inteiro. Para que uma amostra seja representativa, afirmam eles, ela deveria ser selecionada aleatoriamente. • Seleção aleatória pura Cada item do universo que tem que ser numerado e a amostra selecionada de uma tabela estatística de números aleatórios. • Seleção aleatória por intervalo ou sistemática É selecionado cada enésimo item. O enésimo item é determinado pela fórmula: n é igual à quantidade de itens do universo dividido pelo tamanho da amostra. Por exemplo: o auditor determinou que para testar o universo de 1.500 itens (fichas de almoxarifado seria necessário uma amostra de 100 itens, donde n é igual a 15, portanto, ele retiraria cada décima quinta ficha para compor a amostra a ser examinada. c) Seleção por estratificação – É muito comum em auditoria pois oferece grande segurança sobre a exatidão do universo. Por exemplo, o auditor poderá determinar o teste: examinar os vigésimos documentos de pagamento por cada caixa de valor igual ou superior a R$ 1.000,00. Outro tipo daria, por exemplo, o exame de operações de vendas dos maiores clientes de uma empresa. Saldo no valor de Percentual a ser selecionado para teste de 2.000.000 e superiores de 100% dos clientes de 500.000 a 1.999.999 30% dos clientes de 200.000 a 499.999 15% dos clientes de 199.999 a inferiores 3% dos clientes Tamanho da amostra O clássico problema ao se aplicar um teste é considerar qual o tamanho da amostra que satisfará o auditor quanto a suficiência, e competência do material obtido. Quanto maior o tamanho da amostra será o custo do exame. As amostras devem ser sempre de tamanho suficiente, moderadamente selecionadas, de modo a, numa situação onde o universo esteja substancialmente afetado, possibilite uma boa probabilidade de intercepção, de pelo menos, uma transação irregular. A existência de uma só irregularidade ou item duvidoso deve ser objeto de consideração do auditor a fim de estabelecer a natureza de erro. O aparecimento de erros acima da margem tolerável que se admite na amostra deve ser cuidadosamente investigado para assegurar de que não se trata de uma tendência existente no universo. Tradicionalmente o auditor tem usado seu discernimento para seleção do tamanho da amostra, que constitui uma das artes da profissão. Atualmente o auditor tem uma técnica científica para ajudá-lo no exercício dessa arte: a amostragem estatística. Existem três fatores não estatísticos a serem considerados que afetam o tamanho da amostra: relevância (ou materialidade), risco relativo e a fidedignidade da evidência examinada. A combinação desses três fatores na determinação do tamanho da amostra constitui uma verdadeira habilidade profissional, desenvolvida através de treinamento, experiência e troca de idéias com outros colegas auditores. Relevância ( ou materialidade ) O auditor poderá limitar o seu exame onde as conseqüências das irregularidades, porventura existentes, não afetariam substancialmente as operações como um todo. Por exemplo: o tamanho da amostra de teste sobre o almoxarifado poderia ser menor do que na verificação de móveis e máquinas, cujo valor das transações é normalmente bem maior que o primeiro. Entretanto o auditor deve lembrar, conforme anteriormente mencionado, que a qualidade da amostra de ser representativa do universos depende do tamanho absoluto dessa amostra. O tamanho da amostra é determinada proporcionalmente ao tamanho do universo. O fator materialidade tem outras considerações para o auditor além da determinação do tamanho da amostra. A decisão sobre a investigação detalhada de uma irregularidade descoberta deverá levar em conta a relevância do item em particular quanto ao seu valor e possíveis conseqüências. É necessário, entretanto, julgar cada item em relação ao todo devido ao “efeito cumulativo” ou seja, a possibilidade de ocorrência de vários erros cujo valor total seria substancial. Risco relativo Outro fator a considerar na determinação do tamanho da amostra é o risco relativo a que os ativos se encontram expostos. Por exemplo, o disponível de uma empresa, embora normalmente de menor valor, está mais exposto a riscos do que o imobilizado. O sistema de controle interno afeta diretamente o fator de risco relativo e o tamanho da amostra. Vários elementos devem ser considerados ao se avaliar o risco relativo a que as operações estão sujeitas, como por exemplo, mudança de chefia, variações substanciais de valores e outros. Evidência Finalmente o último fator a considerar em termos de efeito sobre a determinação da amostra e o significado das conclusões dela derivadas é a competência ou fidedignidade da evidênciaa ser testada. Se o grau de fidedignidade da evidência é baixo então o auditor deve aumentar sua amostra como compensação parcial, aplicar testes suplementares ou considerar outras formas de evidência relativas ao objeto do exame particular. A seguir estão classificados os vários tipos de evidência de diferente graus de competência ou fidedignidade. Essa classificação á apenas um guia geral pois ao auditor cabe considerar todas as circunstâncias ao determinar o grau de confiança que pode depositar numa evidência. a) Evidência primária - são os relatórios à administração, o balanço, o razão geral, o diário. Aqui o auditor confere somas e concilia os diversos demonstrativos. Logicamente o auditor não tem tempo para somar todos os diários desde a última visita por isso ele faz um teste, tomando sempre em consideração os controles internos. b) Evidência comprobatória. Física ativos tangíveis: móveis e utensílios, dinheiro, estoque etc. Documentada: de origem externa diretamente remetida ao auditor em poder da unidade de origem interna de circulação externa (balanço) de circulação interna (balancete) informações verbais e escritas para confirmar dados obtidos de outras fontes c) Evidência circunstancial - Controle interno: • organização e ordem dos registros; • qualidade do pessoal; • ausência de motivos para desfalques; • tendências normais e avaliações dos valores; • a razoabilidade dos valores registrados em relação à situação econômica geral, tendências de congêneres e às mudanças na organização interna. Avaliação dos resultados Depois que a evidência foi reunida e os testes terminados e resumidos o auditor deve avaliar os resultados. O objetivo da auditoria interna moderna vai além da simples contagem dos erros encontrados ou da soma de seus valores como observava na auditoria interno convencional. O objetivo atual é determinar qual o significado dos erros encontrados, isto é, se estão demonstrando uma falha do sistema; se foram causados por um supervisão deficiente; se estão revelando uma condição adversa ou se estão indicando a possível existência de manipulação. A precisão com que o auditor avalia os resultados de suas descobertas ou revelações é bastante para persuadir os administradores a empreender a ação corretiva. Capítulo VII - Papéis de Trabalho Introdução Os papéis de trabalho constitui o elo entre o trabalho de campo e o relatório de auditoria. Em essência, contém: • o registro do exame preliminar; • o programa de auditoria; • e os resultados do trabalho em campo. Utilidade O corpo de auditoria interna desenvolve e utiliza seus papéis de trabalho: ⇒ Como registro das informações obtidas através de indagações, revisão de instruções e diretrizes administrativas; ⇒ para identificar e documentar as revelações ou descobertas e acumular a evidência necessária a fim de determinar a existência e extensão das condições deficientes; ⇒ para ajudar o auditor a desempenhar seu exame de um modo ordenado. Os papéis de trabalho devem indicar o que foi feito, o que ainda precisa fazer e explicar as razões porque determinados passos do programa não foram feitos; ⇒ para servir de suporte ou municiar o auditor nas discussões com o pessoal auditado; ⇒ como fonte de informação para o relatório de auditoria; ⇒ como material e linha de defesa quando suas recomendações são questionadas; ⇒ como base de revisão, pela chefia ou supervisão sobre o que já foi feito pelo auditor e para determinar em que etapa se encontra o projeto de auditoria; ⇒ como base para auxiliar o desempenho do auditor; ⇒ como registro de dados de consulta para futuros exames. Critérios Devido à importância e utilização, a preparação dos papéis de trabalho deve ser orientada segundo os critérios abaixo descritos: a) Boa apresentação - os papéis de trabalho devem apresentar uma boa distribuição para facilitar a leitura, evitando-se o congestionamento de informações numa mesma folha e a utilização no verso. b) Uniformidade - os formulários, questionários, mapas, etc. devem ser do mesmo tamanho. Quando há necessidade de incluir um documento de menor dimensão, é preferível colocá-lo ou prendê-lo num papel de tamanho normal. c) Concisão - entre os papéis de trabalho só deve ser incluído material informativo, estritamente necessário para a compreensão da atividade examinada e sobre o trabalho feito. Quando apenas uma frase de um regulamento ou de uma lei é suficiente para esclarecer um assunto, o auditor deve transcrevê-la para o papel, em vez de anexar todo o texto do regimento ou da lei. Por outro lado, quando há necessidade de incluir uma extensa relação de itens, o auditor anexará uma fotocópia, evitando a transcrição da listagem. Dentro desse mesmo critério, o auditor só deve escrever o for essencial para completa compreensão de uma matéria. d) Acabamento - devem ser completados todos os passos do programa de auditoria (esclarecendo-se as razões para os que não foram executados). Todos os questionários devem ser devidamente respondidos e nenhuma informação ou dado necessário (data, título, referência, rubrica) deixar de ser registrado. e) Seqüência - é necessário colocar os papéis de trabalho em seqüência lógica para facilitar a revisão e a consulta. Dentro de cada segmento de um projeto de auditoria, a seqüência a observar seria: ⇒ explicações quanto ao objetivo da atividade; ⇒ informações gerais: organização, volumes, etc.; ⇒ descrição do sistema de controle; ⇒ propósito (detalhado) do exame; ⇒ extensão do exame: o que foi ou não abrangido, método de seleção de amostra, tamanho da amostra, etc.; ⇒ registro das revelações: descrição das deficiências de controle e das deficiências de desempenho; ⇒ recomendações; ⇒ folhas de teste: com título descrito, legenda para as marcas de verificação utilizadas, data, rubrica e referência. Referência A adoção de um sistema de referência apresenta as seguintes vantagens: ⇒ simplifica a revisão; ⇒ facilita a consulta para o auditor designado para a próxima auditoria; ⇒ facilita a consulta do auditor que está realizando o trabalho; ⇒ facilita a consulta para a elaboração do relatório da auditoria. Quanto mais simples for o sistema de referência, mais simples será sua utilização. Por exemplo, a referência dos papéis de trabalho de um segmento do projeto de auditoria, poderia ser: - C1, C2, C3, C4... Caso houvesse a necessidade de uma inserção posterior entre o C2 e C3, a referência do C2 seria modificada para C2.1 e a nova folha inserida seria referência C2.2. Para maior destaque, as referências devem ser feitas em lápis vermelho ou qualquer outra cor que se sobressaia. Pasta ou arquivo permanente A pasta permanente reúne os papéis de trabalho com informações gerais, de caráter permanente ou semi-permanente, sobre um determinado órgão ou atividade da empresa. Seu objetivo é proporcionar à equipe de auditores uma rápida familiarização com a entidade a ser examinada. A pasta ou arquivo permanente constitui ainda um valioso subsídio como fonte de informações para o planejamento anual ou a longo prazo. Como sugestão, o arquivo permanente pode conter: • Cópia dos relatórios anteriores com as respectivas respostas dos auditores; • Registros de reuniões com a alta administração; • Registros de revisões pós auditoria, com instruções para o próximo exame; • Comentário dos auditores sobre assuntos importantes, excluídos do programa de auditoria, devido ao objetivo específico do exame; • Indicação das rubricas contábeis e relatórios relacionados com o órgão ou atividade. Essa informação tem o objetivo de assegurarque as operações relativas aos registros contábeis serão devidamente cobertas pelo planejamento a longo prazo; • Diversos organogramas, contratos, fluxogramas, anteriores, informação financeira histórica, resumos de horas despendidas no exame, diretrizes, instruções, atas de reunião, etc. Controle É conveniente lembrar o cuidado que se deve ter com os papéis de trabalho, principalmente quando deixados no local de exame, após o expediente, ou quando o auditor estiver ausente. Todo o esforço do auditor pode resultar inútil, no caso de extravio de seus papéis de trabalho, e esse desperdício é bastante oneroso. Capítulo VIII - Relatórios Introdução Basicamente os relatórios tem duas funções: comunicar e persuadir. Os benefícios resultantes do trabalho do auditor interno são concretizados através dos relatórios sobre suas revelações e recomendações. Conseqüentemente, os relatórios devem ser cuidadosamente preparados, bem escritos e estruturados de modo a chamar a atenção das pessoas a quem estão dirigidos. Critérios Os critérios para elaboração dos relatórios são: Precisão - Todas as declarações, valores e referências tem que ser fundamentadas em sólidas evidências. Clareza - Significa colocar a informação de tal forma que seja compreensível para as pessoas a quem está dirigida. O uso de expressões ou termos próprios de auditoria não é recomendável. Algumas vezes é mais conveniente substituir uma longa narrativa por gráficos, mapas ou outros demonstrativos; Concisão - Significa eliminar o que é supérfluo, irrelevante ou imaterial. Por outro lado a concisão não deve prejudicar o relatório com a insuficiência de informações. Tempestividade - O relatório de auditoria deve atender às necessidades básicas da administração em receber informações correntes, de outra forma perderá seu efeito. Quando há necessidade de ação rápida é recomendável a emissão de um relatório preliminar ou sumário, antes da liberação do relatório final. Tom - o auditor deve sempre considerar o efeito que suas palavras produzirão no pessoal do órgão auditado. Dessa forma é recomendável o uso de um tom cortês. É contra indicado ressaltar defeitos pessoais. A exposição calma, objetiva e desapaixonada atrai o interesse e desperta a confiança do administrador no auditor. Estrutura A estrutura depende da natureza do relatório de auditoria: • formal ou informal • final ou preliminar (sumário) • escrito ou oral • parecer ou recomendações • financeiro ou operacional (compras, vendas, produção, etc.) Os relatórios finais escritos, do tipo formal, geralmente apresentam os seguintes elementos em sua estrutura: Sumário - especialmente destinado às pessoas que não desejam entrar em detalhes. Introdução - identifica o tipo de auditoria (regular, solicitação administrativa, especial, etc.); identifica o órgão examinado e faz referência a exame anteriores; comenta sobre a situação atual das recomendações feitas anteriormente: fornece detalhes para familiarizar ao leitor; descreve brevemente o volume e o valor das transações processadas. Declaração quanto ao objetivo do exame. Declaração quanto a extensão do exame - pode ser conjugada com a declaração de objetivo. Opinião. Revelações - descrever as condições favoráveis ou desfavoráveis reveladas pelo exame. Deve ser feita a distinção entre revelações sobre controles e revelações sobre desempenho. A estrutura da parte do relatório que descreve as revelações ou descobertas depende das condições apresentadas pela atividade sob exame. Condições favoráveis Autorização - especificar a origem da autorização para a atividade ou função examinada (estatutos, leis, regimentos, presidência, gerência, etc.) Objetivos - estabelecida a autorização o relatório deve descrever os objetivos da função ou atividade, classificando-se em termos de economia e eficiência. Condições - no caso favoráveis. No contexto de relatório de auditoria as condições encontradas significam o resultado da avaliação do auditor sobre o processo examinado, portanto, as condições quando favoráveis também devem ser explicadas. Condições desfavoráveis Sumário - pode ser sob a forma de título para preparar o leitor sobre o assunto. Critérios - descrever o padrão que o auditor utilizou para mensurar o fato. Se a violação é de procedimento, então o procedimento é o critério. Fatos - são as condições que o auditor observou. Conseqüências - descreve o que aconteceu de errado ou que poderia acontecer. Causa - explica as razões porque ocorreram as condições. Recomendações - sugere o que deveria ser feito para corrigir a condição. Revisões e discussões Antes de sua emissão os relatórios devem sofrer cuidadosas revisões no órgão de auditoria interna e formalmente discutidos com o pessoal da atividade auditada. A revisão e discussão com o pessoal auditado apresenta muitas vantagens dentre as quais: - Demonstra as pessoas envolvidas que o objetivo do auditor é ajudá-las no aprimoramento do seu trabalho e não simplesmente relatar a administração, como um simples “informante”, os erros cometidos. - As pessoas envolvidas apreciarão conhecer diretamente os problemas através do auditor, e não depois seus superiores, após a emissão formal do relatório. - O auditor terá possibilidade de corrigir os possíveis erros do relatório, não apenas em relação a revelação dos problemas, mas, também, quanto à impraticabilidade de algumas recomendações. - Na discussão com as pessoas envolvidas eles poderão mencionar outras implicações ou mesmo novos problemas omitidos pelo auditor, e também soluções adequadas que poderiam melhorar consideravelmente o seu relatório, além de constituir motivo de satisfação para aquelas pessoas o fato de ver que o auditor está considerando suas idéias para tomada de providências. Respostas É essencial que a auditoria interna faça um acompanhamento subseqüente quanto às providências adotadas como resultado do relatório emitido. Normalmente, após um prazo razoável da entrega do relatório, as pessoas envolvidas emitiriam correspondências relatando quais as providências que foram ou seriam adotadas com referência aos problemas abordados. O relatório permanecerá pendente até o auditor receber uma resposta satisfatória. Se a resposta for considerada insatisfatória, ela deverá ser formalmente rejeitada por escrito. Nesse sentido, é recomendável a instituição formal para encerramento de relatórios.
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