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Filosofia da Educação Matéria Completa (10 aulas) 1º Semestre

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Olá! Bem-vindo(a) à disciplina Filosofia da 
Educação. 
O estudo dessa disciplina pretende abordar os principais aspectos do desenvolvimento do pensamento filosófico, no 
Ocidente, com a preocupação de contextualizar, na história, o pensamento dos filósofos e das escolas ou tradições 
filosóficas. É impossível entender as contribuições das idéias filosóficas para a educação sem levar em consideração 
a historicidade e o contexto de sua produção. Vamos, portanto, estudar um largo período de aproximadamente sete 
séculos, iniciando a nossa trajetória na Grécia Antiga, em IV a.C., até a contemporaneidade. 
Durante boa parte deste período histórico, a Filosofia era a “ciência” que pretendia teorizar as grandes questões do 
homem e do mundo, tendo em vista explicar a realidade, sem mais apelar para causas sobrenaturais ou mítico-
religiosas. 
Mesmo após o aparecimento da ciência nova, a partir do século XVI, a Filosofia continua dando relevantes 
contribuições para a compreensão das grandes questões que, nós, humanos somos desafiados a responder. O 
estudo e a compreensão das doutrinas dos filósofos e de seus sistemas filosóficos pretendem, em primeiro lugar, 
ajudar-nos a também pensar criticamente e a organizar as nossas idéias; em segundo lugar, os temas serão 
apresentados com o objetivo de percebermos as suas interfaces com o campo da educação e das teorias 
pedagógicas. 
Querido aluno, quem estuda filosofia nunca mais é o mesmo. Ao ingressar no mundo da Filosofia, desejamos 
desafiá-lo a caminhar conosco, a fim de encetarmos um lindo percurso ao longo do qual nos tornaremos mais ricos 
pessoal e intelectualmente. 
A Filosofia da Educação é disciplina que envolve a análise, a reflexão e critica de idéias e a discussão dos assuntos 
vinculados ao pensamento e prática de educação. 
Questões como a religião, o conceito do bem e do mal, a política, a ciência, a educação, o conhecimento, a arte etc., 
fazem parte do estudo da filosofia da educação. Tal estudo também enseja a reflexão, a argumentação, a capacidade 
de crítica e de análise das questões propostas, bem como contribui para clarificar uma série de conceitos. Cabe à 
Filosofia examinar a concepção de homem que orienta a ação pedagógica, para que não se eduque a partir de 
noções abstratas. Da mesma forma, não há como definir objetivos educacionais se não temos claro os valores que 
orientam a nossa ação. 
A Filosofia também ensina a pensar de maneira mais lúcida sobre nossas barreiras, diferenças, preconceitos e clarear 
a mente sobre aquilo em que acreditamos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 01 – Do Mito à Razão. 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 Identificar os fatores de ordem cultural, política, econômica e social que contribuíram para o surgimento da 
Filosofia na Grécia Antiga; 
 Explicar a diferença entre o discurso mítico-religioso e o discurso filosófico; 
 Explicar em que sentido o pensamento filosófico rompe com a tradição mítico-religiosa. 
 
Na Grécia Antiga, a religião e o mito eram as fontes originárias de conhecimento. Através deles, os gregos tinham as 
respostas fundamentais para as grandes questões da existência. 
A partir do século VI a.C., no entanto, surgiram alguns sábios que propuseram uma outra forma de pensar e de 
explicar o mundo. Eles passaram a utilizar os argumentos racionais (não mais os religiosos ou míticos) para teorizar a 
realidade a partir de elementos presentes no próprio mundo natural, sem que precisassem apelar a um mundo 
sobrenatural. 
 
Nesse contexto, nasce a Filosofia. A seguir, você entenderá melhor esses acontecimentos: 
O nascimento da polis (cidade), no século VIII a.C., provocou grandes transformações na Grécia Antiga. O saber 
deixou de ser sagrado e tornou-se objeto de discussão. Os cidadãos da polis, passaram a ir à ágora (praça pública) 
para debaterem os problemas de interesse comum e para decidirem os rumos da cidade. 
Tal mentalidade libertou os homens das ideias de pré-determinação e dos desígnios divinos que lhes impunham o 
destino do qual não poderiam escapar. 
A política, por sua vez, permitiu aos cidadãos debaterem e traçarem o seu próprio destino em praça pública. 
A passagem de uma visão mágica, mítica e religiosa do mundo para uma interpretação racional, humana, marca o 
nascimento da Filosofia no Ocidente e o início do período chamado Filosofia Antiga. 
O nascimento da Filosofia ocorreu no século VI a.C., nas colônias gregas da Magna Grécia (sul da Itália) e Jônia (atual 
Turquia). 
A Filosofia, tendo como fundamento a razão (logus), estabeleceu uma nova forma de interpretação da realidade. (Se 
antes os fenômenos eram governados por leis divinas, quase inacessíveis aos humanos, com o pensamento racional, 
foi possível conhecer as causas ou princípios que explicavam o mundo e, com isso, conferir previsibilidade e controle 
sobre os fenômenos da natureza e da sociedade humana. Já não eram mais os deuses que governam o mundo e os 
humanos, mas sim leis intrínsecas às coisas. Tais leis davam-se a conhecer ao espírito humano que se utilizava da 
razão para trazê-las à luz.) 
A Filosofia nasceu fincada no chão da sociedade grega, sob condições políticas, econômicas e culturais que 
determinaram todo o edifício racional (ou seja, seu perfil, suas questões, seu modo de abordar a realidade) que fora 
construído pelos inúmeros pensadores. 
 
Fatores políticos, religiosos e econômicos contribuíram para o surgimento da Filosofia na 
Grécia Antiga. Inicialmente, conheça os fatores políticos: 
As origens da Filosofia vinculam-se ao processo de consolidação da democracia grega em torno da polis. 
A cidade-estado grega era o espaço legítimo e legitimador de sua liberdade, a ponto de o Estado tornar-se horizonte 
ético do homem grego. 
Esta era a base da cidadania grega: os cidadãos são a finalidade última do Estado, o bem do Estado é seu próprio 
bem, sua liberdade, sua grandeza. 
A democracia grega se apoiava em uma concepção de cidadania excludente. Eram considerados cidadãos, apenas os 
homens (varões) que possuíam bens ou riquezas (esse pequeno número de pessoas é que exerciam plenamente os 
seus direitos políticos e cidadãos na praça pública). Portanto, estavam excluídos da cidadania as mulheres, os 
estrangeiros, os escravos e os homens pobres. 
 
Conheça, agora, os fatores religiosos que contribuíram para o surgimento da Filosofia na 
Grécia Antiga: 
Os gregos conseguiram alcançar um patamar de liberdade religiosa muito elevado em relação a outros povos da Ásia 
Menor e do Oriente Próximo. 
Enquanto em outras nações o poder religioso, aliado às monarquias de cunho tributário, servia para legitimar o 
Estado absoluto e o poder do rei, algumas cidades-estado da Grécia construíram uma relativa liberdade, baseada na 
autoridade do Pater Familias (Pai de Família) (eram os donos de terras, casa, bens, escravos e mulher, que 
participava em várias instâncias da vida pública). 
A religião grega não se baseava em um livro Sagrado. Portanto, os gregos não tinham dogmas a serem defendidos, 
ortodoxia (interpretação correta das verdades religiosas), nem heresias (desvios doutrinários), ou uma casta 
sacerdotal. Estava aberto o caminho para o livre pensar. 
 
Veja abaixo os fatores econômicos que contribuíram para o surgimento da Filosofia na 
Grécia Antiga: 
O florescimento das cidades-estado gregas deveu-se principalmente ao desenvolvimento da indústria artesanal e do 
comércio. Antes disso, a Grécia era predominantemente agrária, sendo dominada politicamente por grandes 
proprietários de terras. Neste contexto, é mais compreensível que cultivasse uma visão mítica do mundo, mais ligada 
aos ciclos do clima. 
O crescimento industrial e comercial fez florescerem as cidades-estado, fazendosurgir novos atores sociais (os novos 
comerciantes, por exemplo), que começavam a dominar o cenário político e ameaçar o poder da nobreza fundiária. 
É nessas circunstâncias que a Filosofia nasce, fazendo justificar o poder emergente de comerciantes e artesãos. 
Vale notar que essas mudanças ocorreram primeiro nas colônias gregas da Ásia Menor (em Mileto, principalmente), 
expandido-se, depois, para a região da Itália Meridional, chegando, então, ao centro da Grécia, em Atenas. Isto, 
porque, estando longe do controle central, puderam desenvolver instituições políticas autônomas e desenvolver um 
comércio próprio. 
 
Entenda melhor o discurso mítico-religioso na Grécia Antiga: 
Os gregos cultuavam muitos deuses. Estes múltiplos deuses estavam no mundo e faziam parte dele. Diferente dos 
judeus ou dos cristãos, os gregos não desenvolveram a ideia de um Deus criador, transcendente, absolutamente 
separado do mundo criado, cuja existência deriva e depende inteiramente dele. 
Os deuses gregos nasceram no mundo. A geração dos deuses deu-se ao mesmo tempo da geração do universo. Os 
deuses e o mundo, a partir de uma espécie de caos primordial, foram diferenciando-se, ordenando-se, até tomarem 
a sua forma definitiva de cosmo organizado. 
A gênese dos deuses e do mundo operou-se a partir de potências primordiais, como o Caos e a Gaia (terra), donde 
saíram, ao mesmo tempo e no mesmo movimento, o mundo, tal como pode ser contemplado pelos humanos, e os 
deuses, que presidem a ele invisíveis na sua morada celeste. 
Há, portanto, o divino no mundo, assim como o mundano nas divindades. O homem grego vive num mundo cheio de 
deuses e, por isso, não separa natureza e sobrenatureza, como dois domínios opostos. 
 
Como você viu anteriormente, a religião dos gregos não se apoiava em um Livro sagrado, fonte da revelação divina 
para os humanos, e não havia uma verdade que se encontrasse, de uma vez por todas, vertida em texto. Como 
consequência, também não havia dogma ou ortodoxia, nem profetas ou messias, tampouco uma casta sacerdotal. 
Talvez, por causa destas características da religião dos gregos, vigorava grande liberdade para pensar e para divergir, 
o que é fundamental para a Filosofia. 
Ora, então, qual era a fonte de conhecimento sobre os deuses: seus nomes, suas genealogias, seus atributos, suas 
aventuras, seus respectivos poderes, seu modo de agir, as honras que lhes eram devidas etc.? 
Tais saberes sobre os deuses eram veiculados por narrativas eminentemente orais. Ou seja, por histórias que eram 
transmitidas de boca a ouvido, e que passavam adiante, de boca em boca, através das fábulas contadas pelas 
mulheres às crianças nos lares e das vozes e dos cantos dos poetas ao público em geral. Mais tarde, no século VII 
a.C., esta tradição oral foi escrita por Hesíodo em textos que ficaram conhecidos como Teogonia e Cosmogonia 
(respectivamente, a origem dos deuses e a origem do mundo). Esta tradição de base oral constitui o que chamamos 
de mito (a linguagem mítica se vale de alegoria, metáfora, símbolo e arquétipo). 
 
Compreenda, agora, o discurso filosófico na Grécia Antiga: 
A princípio, os filósofos pré-socráticos [como sugere o nome, os filósofos pré-socráticos são aqueles que antecedem 
a Sócrates. Contudo, essa divisão se dá mais propriamente devido ao objeto de sua filosofia (o interesse pelo estudo 
da natureza) em relação à novidade introduzida por Sócrates, do que em relação à cronologia. Já que, 
temporalmente, alguns dos ditos pré-socráticos são contemporâneos a Sócrates, ou mesmo posteriores a ele (como 
no caso de alguns sofistas).], também chamados de "naturalistas" ou filósofos da physis (Palavra grega que significa 
natureza - entendendo-se este termo não em seu sentido corriqueiro, mas como realidade primeira, originária e 
fundamental, ou como o que é primário, elementar e persistente, em oposição ao que é secundário, derivado e 
transitório.), tinham como escopo especulativo o problema cosmológico, ou cosmo-ontológico, e buscavam o 
princípio (ou arché) (Para os filósofos pré-socráticos, a arché (origem) seria um princípio que deveria estar presente 
em todos os momentos da existência de todas as coisas; no início, no desenvolvimento e no fim de tudo. Princípio 
pelo qual tudo vem a ser.) das coisas. 
Cada um dos filósofos pré-socráticos sugeriu um elemento primordial (princípio) ou causa de todas as coisas que 
compõem a realidade física. 
Exemplos de elementos primordiais sugeridos pelos filósofos pré-socráticos: 
 Tales de Mileto - a água 
 Anaximandro de Mileto - o apeíron 
 Anaxímenes de Mileto - o ar 
 Xenófanes de Cólofon - a terra 
 Heraclito de Éfeso - o fogo 
 Pitágoras de Samos - o número 
 Demócrito de Abdera - o átomo 
 Empédocles de Agrigento - os quatro elementos (terra, água, fogo e ar) 
Em um segundo momento, surge a sofística e o foco da filosofia muda do cosmo para o homem e o problema moral. 
 
Como você deve ter percebido, o pensamento filosófico rompeu com a tradição mítico-
religiosa na Grécia Antiga: 
A grande “sacação” dos gregos pré-socráticos foi a compreensão de que as causas explicativas do mundo estavam 
presente no próprio mundo. Portanto, através dos elementos primordiais (água, terra, fogo, ar etc.) era possível 
explicar a realidade, sem a necessidade de apelo ás forças divinas, sobrenaturais, extra-mundanas. 
 
Síntese da Aula 01 - 
Do Mito à Razão 
Nessa aula, você conheceu o contexto histórico, político, social e cultural da Grécia, no século VI a.C., período em 
que surge uma nova forma de pensar e de conhecer o mundo: a Filosofia. 
Identificou as narrativas míticas e religiosas como forma fundamental de conhecimento do mundo, antes do 
surgimento da Filosofia. 
Percebeu que o discurso filosófico propõe uma ruptura com o mito, na busca de compreender e explicar a realidade 
através da linguagem racional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 02 – Sócrates, Platão e Aristóteles: 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 Compreender o novo marco da Filosofia Antiga iniciada por Sócrates; 
 Identificar as ideias fundamentais dos filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles; 
 Conhecer os conceitos fundamentais da metafísica platônica e aristotélica. 
 
 
Sócrates, Platão e Aristóteles são os mais importantes expoentes da Filosofia grega. As doutrinas desses filósofos 
compõem o período clássico da Filosofia grega, tendo longa vigência nos séculos seguintes. 
Ao longo dessa aula, você conhecerá a transformação filosófica provocada por Sócrates, com ênfase nos temas 
humanísticos; compreenderá o pensamento metafísico de Platão e a sua repercussão para a história do pensamento 
ocidental; e entenderá a solução metafísica dada por Aristóteles ao problema do conhecimento. 
 
Sócrates deu uma nova direção à Filosofia. Enquanto o interesse dos filósofos pré-socráticos recaiu sobre os 
estudos da natureza (physis), Sócrates interessou-se pelas questões humanas, a ética, a política, o conhecimento, a 
educação, entre outros problemas que afetam o homem. 
As fontes mais importantes de informações sobre Sócrates são as escritas por Platão, Xenofonte e Aristóteles. 
Sócrates foi mestre de Platão. 
Alguns historiadores afirmam que só se poder falar de Sócrates como um personagem de Platão, por ele nunca ter 
deixado nada escrito de sua própria autoria. 
A principal preocupação de Sócrates era a de levar os seus concidadãos a pensarem. 
Nos diálogos de Platão, Sócrates é apresentado como homem dotado de uma mente rigorosa, racional e inquisitiva, 
que questionava continuamente as crenças fundamentais das pessoas. O Método Socrático consistia em fazer 
perguntas e desvendar o que estava oculto em cada uma delas, num processo denominado maiêutica. 
Afilosofia de Sócrates exprimia-se por meio de diálogos. Na sua doutrina, a confiança na razão assumia um papel 
central: "ninguém é mau voluntariamente", sendo o mal consequência da ignorância. O grande princípio socrático 
era o conhecimento de si próprio: "Conhece-te a ti mesmo". 
Sócrates desempenhou um papel importante no Estado ateniense, fazendo parte do governo da cidade. Porém, em 
403 a.C., foi acusado e declarado culpado de corromper a juventude ao ensinar doutrinas que feriam as tradições 
religiosas da cidade de Atenas, tendo sido condenado à morte por ingestão de cicuta. Embora pudesse se exilar, 
Sócrates optou por beber tranquilamente o veneno e submeter-se a um fim doloroso. 
 
Platão nasceu em uma família aristocrata de Atenas. Foi brilhante escritor e filósofo e se destacou entre os 
pensadores mais influentes da civilização ocidental. 
Desde jovem, Platão tinha ambições políticas, mas logo se decepcionou com a liderança política de Atenas. Ele se 
tornou discípulo de Sócrates, seguindo sua filosofia e aderindo ao método por ele utilizado: a busca da verdade 
através de perguntas, respostas e mais perguntas. 
Após a morte de Sócrates, Platão abandonou a cidade. As suas viagens levaram-no a lugares como Egito, Cirene e 
Sicília. Quando regressou a Atenas, co-fundou uma escola que ficou conhecida por Academia, situada no Jardim de 
Academos, onde se ensinavam os mais diversos assuntos, desde a Matemática à Biologia, da Filosofia à Astronomia. 
Os ensinamentos de Platão foram escritos em forma de diálogo (aproximadamente trinta), de uma conversa ou um 
debate entre várias pessoas. Seus diálogos são divididos em três fases. A primeira fase é representada com Platão 
tentando comunicar a filosofia de Sócrates. Os diálogos da segunda e terceira fase relatam as próprias ideias de 
Platão, por mais que ele continue a utilizar Sócrates como personagem em seus diálogos. 
Em oposição aos sofistas, Platão propõe um novo método: a dialética (ou arte de pensar), que vai das palavras às 
ideias. Estas constituem a própria essência, fundamento e modelo das coisas sensíveis e individuais. 
 
Entenda a Teoria do Conhecimento de Platão. 
Platão foi o responsável pela formulação de uma nova maneira de pensar e de perceber o mundo. Este ponto 
fundamental consiste na descoberta de uma realidade causal supra-sensível, não-material, eterna e imutável. Tal 
realidade subsistiria num mundo separado do mundo sensível e material: o mundo das formas ou das ideias. 
Platão, portanto, divide o existente em duas partes: o mundo das ideias e o mundo físico em que vivemos. No 
mundo das ideias, tudo é constante e real. Já no mundo físico (ou mundo sensível), tudo está sujeito ao fluxo, à 
mudança, daí seu caráter relativo e aparente. De um lado, o mundo das ideias ou das formas puras e imutáveis, e de 
outro, o mundo das coisas mutáveis. 
Mundo Sensível: O mundo sensível é uma pálida reprodução do mundo inteligível. Trata-se de um mundo de cópias 
imperfeitas das ideias ou formas, constituindo um mundo de sombras, conforme a famosa Alegoria da Caverna. 
Segundo Platão, os sentidos físicos não nos revelam a verdadeira natureza das coisas. Por exemplo, ao observarmos 
algo branco ou belo, jamais chegaremos a ver a brancura ou a beleza plena, embora tragamos, dentro de nós, uma 
ideia do que elas são. 
Assim, as únicas coisas, de fato, permanentes e verdadeiras para Platão, seriam as ideias. Observar o mundo físico 
(tal como a ciência faz hoje em dia) pouco serviria, portanto, para alcançarmos uma compreensão da realidade, 
embora servisse para reconhecermos, ou recordarmos, as ideias perfeitas que traríamos dentro de nós. 
Ideias ou formas são arquétipos imutáveis. De acordo com Platão, só essas ideias/formas são o fundamento do 
verdadeiro conhecimento. Platão distinguiu dois níveis de saber: opinião (afirmações relacionadas com o mundo 
físico, Platão as considerava uma opinião mesmo que estivessem baseadas na lógica ou na ciência) e conhecimento 
(segundo Platão, o conhecimento é derivado da razão e não da experiência. Ele pregava que somente através da 
razão atingimos o conhecimento das formas). 
 
A República é a maior e mais reconhecida obra política de Platão. A obra se foca na questão de justiça: Como é um 
Estado justo? Quem é um individuo justo? 
Segundo Platão, a melhor forma de governo é a aristocracia por mérito. Ele divide o estado ideal em três classes: a 
classe dos comerciantes, a classe dos militares e a classe dos filósofos-reis. As classes não são hereditárias, elas são 
determinadas pelo tipo de educação obtida pela pessoa. Com maior nível de educação, a pessoa pertence à classe 
dos filósofos-reis, que são os encarregados de governar o país. 
A República aborda diversos temas sobre justiça, governo e apresenta um governo utópico. Essa obra vem sendo 
amplamente lida através dos séculos, por mais que suas propostas nunca tenham sido adotas como uma forma de 
governo concreta. 
Na República, também encontramos o famoso Mito da Caverna (ou Alegoria da Caverna). Trata-se de uma metáfora 
da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação 
como forma de superação da ignorância. 
Em outras palavras, podemos dizer que a Alegoria da Caverna trata da passagem gradativa do senso comum, 
enquanto visão de mundo e explicação da realidade, para o conhecimento filosófico (conhecimento racional, 
sistemático e organizado, que busca as respostas não no acaso, mas na causalidade). 
 
Aristóteles é considerado um dos mais fecundos pensadores de todos os tempos. 
Aristóteles nasceu em Estagira, na península macedônica da Calcídica (por isso, ele também é chamado de o 
Estagirita). Era filho de Nicômano, amigo e médico pessoal do rei Amintas 2º, pai de Filipe e avô de Alexandre, o 
Grande. 
Aos 16 ou 17 anos, Aristóteles mudou-se para Atenas (centro intelectual e artístico da Grécia) e estudou na 
Academia de Platão até a morte do mestre, no ano 347 a.C. 
Após a morte de Platão, Aristóteles passou algum tempo em Assos, no litoral da Ásia Menor (atual Turquia), onde 
casou-se com Pítias, a sobrinha do tirano local. Sendo este assassinado, o filósofo fugiu para Mitilene, na ilha de 
Lesbos. Foi depois convidado para a Corte da Macedônia onde, durante três anos, exerceu o cargo de tutor de 
Alexandre, mais tarde “o Grande”. 
Em 355 a.C., Aristóteles voltou a Atenas e fundou uma escola próxima ao templo de Apolo Lício, que recebeu o 
nome de Liceu. O caminho coberto ("peripatos") por onde costumava caminhar enquanto ensinava deu à escola um 
outro nome: Peripatética. A escola se tornaria a rival e ao mesmo tempo a verdadeira herdeira da Academia 
platônica. 
Com a morte de Alexandre, em 323 a.C., o imenso império erguido por ele esfacelou-se. Em Atenas eclodiu um 
movimento que visava a restaurar a independência da cidade-estado. Malvisto pelos atenienses por causa da sua 
origem macedônica, Aristóteles foi acusado de “ateísmo” ou “impiedade”. Para não ter o mesmo fim de Sócrates, 
condenado ao suicídio, exilou-se voluntariamente em Cálcida, na ilha da Eubéia, onde morreu um ano depois. 
As investigações filosóficas de Aristóteles consideraram várias áreas do conhecimento. Podemos citar a Biologia, a 
Zoologia, a Física, a História Natural, a Poética, a Psicologia, sem falar em disciplinas propriamente filosóficas como a 
Ética, a Teoria Política, a Estética e a Metafísica. 
 
A metafísica aristotélica é a ciência que estuda “o ser enquanto ser”, ou os princípios e as causas do ser e de seus 
atributos essenciais. Podemos sintetizar a metafísica aristotélica em quatro questões gerais: potência e ato; matéria 
e forma; particular e universal; e movido e motor. Conheça, inicialmente, duas dessas questões. 
Metafísica Aristotélica: A metafísica aristotélica abrange ainda o ser imóvel e incorpóreo, oprincípio dos movimentos 
e das formas do mundo, bem como o mundo mutável e material em seus aspectos universais e necessários. 
Potência e Ato: A doutrina da potência (significa possibilidade, capacidade de ser, não-ser atual) e do ato (significa 
realidade, perfeição, ser efetivo) é fundamental na metafísica aristotélica. 
Todo ser, que não seja o Ser perfeitíssimo (Deus), é uma síntese (um sínolo), um composto de potência e de ato, em 
diversas proporções, conforme o grau de perfeição, de realidade dos vários seres. 
Um ser desenvolve-se, aperfeiçoa-se, passando da potência ao ato. Esta passagem da potência ao ato é a atualização 
de uma possibilidade, de uma potencialidade anterior. Por exemplo, um ovo está em ato, mas é potência de uma 
ave. A passagem de ovo à ave, explica-se metafisicamente pela passagem da potência (a possibilidade do ovo vir a 
ser algo que ele ainda não é) em algo que ele poderá vir a ser (ave). 
Esta doutrina é aplicada e desenvolvida por Aristóteles, especialmente, quando este trata da doutrina da matéria e 
da forma, que representam a potência e o ato no mundo, na natureza em que vivemos. 
Matéria e Forma: Segundo Aristóteles, o indivíduo é composto por dois elementos: a matéria (é potência, 
possibilidade de assumir várias formas, imperfeição) e a forma (é atualidade, realizadora, especificadora de matéria, 
perfeição, É o ingrediente necessário para a existência da realidade material, causa concomitante de todos os seres 
reais). 
O composto de matéria e forma (o sínolo) constitui a substância. A substância é o substrato imutável, em que se 
sucedem os acidentes, as qualidades acidentais. Dando um exemplo prático, a matéria seria o bronze, e a forma 
seria o formato da estátua de bronze. A matéria sem forma, a pura matéria, chamada matéria-prima, é um mero 
possível, não existe por si, é um absolutamente interminado, em que a forma introduz as determinações. 
A matéria aristotélica, porém, não é o puro não-ser de Platão (mero princípio de decadência), pois esta é também 
condição indispensável para concretizar a forma. 
Então, não existe a forma sem a matéria, ainda que a primeira seja princípio de atuação e determinação da segunda. 
Com respeito à matéria, a forma é, portanto, princípio de ordem e finalidade, racional, inteligível. 
Diversamente da ideia platônica, a forma aristotélica não é separada da matéria, e sim imanente e operante nela. Ao 
contrário, as formas aristotélicas são universais, imutáveis, eternas, como as ideias platônicas. 
Os elementos constitutivos da realidade são, portanto, a forma e a matéria. A realidade, porém, é composta de 
indivíduos, substâncias, que são um composto (um sínolo) de matéria e forma. 
Por consequência, estes dois princípios (ou causas, causa material e causa formal) não são suficientes para explicar o 
surgir das substâncias e dos indivíduos que não podem ser atuados (assim como a matéria não pode ser atuada), a 
não ser por um outro indivíduo, isto é, por uma substância em ato. 
Com isso, existe a necessidade de um terceiro princípio, a causa eficiente, para poder explicar a realidade efetiva das 
coisas. 
A causa eficiente, por sua vez, deve operar para um fim, que é precisamente a síntese da forma e da matéria, 
produzindo esta síntese o indivíduo. 
Daí uma quarta causa, a causa final, que dirige a causa eficiente para a atualização da matéria mediante a forma. 
 
Conheça, agora, as outras duas questões gerais que sintetizam a metafísica aristotélica. 
Particular e Universal: Mediante a doutrina da matéria e da forma, Aristóteles explica o indivíduo, a substância 
física, a única realidade efetiva no mundo, que é precisamente o composto (sínolo) de matéria e de forma. 
A essência, que é igual em todos os indivíduos de uma mesma espécie, deriva da forma. Já a individualidade, pela 
qual toda substância é original e se diferencia de todas as demais, depende da matéria. 
O indivíduo é, portanto, potência realizada, matéria enformada, universal particularizado. 
Mediante a doutrina da matéria e da forma é explicado o problema do universal e do particular, que tanto 
atormenta Platão. Aristóteles faz o primeiro (a ideia) imanente no segundo (a matéria), depois de ter eficazmente 
criticado o dualismo platônico, que fazia os dois elementos transcendentes e exteriores um ao outro. 
Movido e Motor: Da relação entre a potência e o ato, entre a matéria e a forma, surge o movimento, a mudança, o 
vir-a-ser, a que é submetido tudo que tem matéria, potência. A mudança é, portanto, a realização do possível. 
Esta realização do possível, porém, pode ser levada a efeito unicamente por um ser que já está em ato, que possui já 
o que a coisa movida deve vir-a-ser, visto ser impossível que o menos produza o mais, o imperfeito o perfeito, a 
potência o ato, mas vice-versa. 
Mesmo que um ser se mova a si mesmo, aquilo que move deve ser diverso daquilo que é movido, deve ser 
composto de um motor e de uma coisa movida. Por exemplo, a alma é que move o corpo. 
O motor pode ser unicamente ato, forma. A coisa movida, enquanto tal, pode ser unicamente potência, matéria. 
Eis a grande doutrina aristotélica do motor e da coisa movida, doutrina que culmina no motor primeiro, 
absolutamente imóvel, ato puro, isto é, Deus. 
 
Como todo pensamento e todo juízo, a proposição aristotélica está submetida aos três princípios lógicos 
fundamentais, condições de toda verdade: 
Princípio da Identidade - Um ser é sempre idêntico a si mesmo: A é A. 
Princípio da Não-Contradição - É impossível que um ser seja e não seja idêntico a si mesmo ao mesmo tempo e na 
mesma relação. É impossível que A seja A e não-A. 
Princípio do Terceiro Excluído - Dadas duas proposições com o mesmo sujeito e o mesmo predicado, uma afirmativa 
e outra negativa, uma delas é necessariamente verdadeira e a outra necessariamente falsa. A é x ou não-x, não 
havendo terceira possibilidade. 
 
Relembre os principais pontos estudados sobre Aristóteles: 
Como você pôde perceber, o sistema aristotélico invalida o dualismo platônico, representado pela teoria das ideias. 
Ora, a forma aristotélica não existe separada, num mundo inteligível e apartado do mundo das coisas sensíveis e 
materiais. 
A forma, junto com a matéria, constituiria os indivíduos, as substâncias. Portanto, a forma é parte constitutiva das 
coisas e faz parte do único mundo existente. 
Aristóteles, diferente de Platão, valoriza o conhecimento sensível, desvalorizado por Platão, como fonte de erro e de 
engano. 
Ao contrário de Platão, Aristóteles entende que todo o conhecimento possível inicia-se com os sentidos ou a 
sensação. 
Os sentidos, entretanto, são insuficientes, e precisam ser superados por outros graus mais elevados de abstração, 
passando pela memória, a experiência, a arte (téchne) e chegando à teoria (epistemé), grau mais perfeito do 
conhecimento. 
 
Síntese da Aula 02 - Sócrates, Platão e Aristóteles: 
Nessa aula, você estudou as doutrinas dos filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles, incluindo as suas principais ideias 
e os conceitos fundamentais de suas obras. 
Verificou, também, que apesar de Aristóteles ter sido discípulo da Acadêmica de Platão, após a morte do mestre (o 
Estagirita), ele invalidou a doutrina platônica dos dois mundos e apresentou nova doutrina sobre o ser das coisas. 
Além disso, compreendeu conceitos metafísicos fundamentais como ato e potência, matéria e forma, entre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filosofia da Educação – Aula 3. 
 
 
Aula 03 – Filosofia Medieval – Parte I 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 identificar os fatores fundamentais que permitiram a formação do Mundo Ocidental, assim como o 
nascimento da filosofia cristã; 
 analisar a relação entre a filosofia grega pagã e o cristianismo, compreendendo a suaapropriação; 
 conhecer o pensamento de Santo Agostinho e a influencia de Platão no pensamento cristão. 
 
A Filosofia Medieval compreende um período histórico que vai do final do helenismo (séculos IV e V) até o 
Renascimento (final do século XV e início do século XVI). É a maior parte da produção filosófica da Idade Média. 
Possivelmente, você já ouviu falar que a Idade Média apresenta uma imagem negativa. Você sabe o porquê disso? 
A imagem negativa da Idade Média é entendida pela transição entre os clássicos e os novos tempos, movimento que 
culmina no humanismo renascentista, procurando recuperar as glórias da antiguidade greco-romana. 
 
A fase final da Filosofia Medieval (séculos XI e XV) equivale ao desenvolvimento da escolástica (o tremo designa 
todos aqueles que pertencem a uma escola ou se vinculam a uma determinada escola de pensamento e de ensino) e 
a criação das universidades. 
 
Alguns aspectos que caracterizaram o final da Idade Média: 
1 - A filosofia de São Tomás de Aquino, que se aproximou dos textos de Aristóteles, resultou numa nova contribuição 
para o desenvolvimento da escolástica. 
2 – Posições controvertidas que foram assumidas na Filosofia, na Teologia e na Política. 
3 – A presença da tradição aristotélica na Europa ocidental. 
4 – O levantamento de questões que aproximavam a Teologia da Filosofia, investigando racionalmente os 
fundamentos da fé cristã. 
5 – O pensamento de Santo Agostinho. 
6 – A transição do helenismo para o cristianismo. 
 
É no período final da Idade Média que ocorre a transição do helenismo para o cristianismo. A seguir 
alguns fatores históricos que contribuíram para o nascimento da filosofia cristã. 
Número 1 - A religião cristã originária do judaísmo surge e se desenvolve no contexto do helenismo. A cultura 
ocidental da qual somos herdeiros até hoje é a síntese entre o judaísmo, o cristianismo e a cultura grega. 
Número 2 - O helenismo permitiu a aproximação entre a cultura judaica e a filosofia grega, que tornou possível, mais 
tarde, o surgimento de uma filosofia cristã. Em Alexandria, essas culturas conviveram e se integraram, de forma que 
se falavam várias línguas na região. Nessa época, foi possível encontrar uma aproximação entre a cosmologia 
platônica e a narrativa da criação do mundo. 
Número 3 - Inicialmente, o cristianismo não se distinguia claramente do judaísmo. Ele era visto como uma seita 
reformista dentro da religião da cultura judaica. 
Número 4 - Para os gregos, o príncipe divino operava no mundo, essa visão influenciou fortemente o 
desenvolvimento da filosofia cristã. 
Número 5 - É em São Paulo que encontramos a concepção de uma religião universal. Ele defendia a necessidade de 
pregar a todos. Esta é uma diferença básica em relação ao judaísmo e as demais religiões da época. 
 
Mais informações sobre os fatores históricos que contribuíram para o nascimento da filosofia cristã: 
Podemos dizer que a cultura de língua grega hegemônica permitiu a concepção de uma religião universal, que 
corresponde, no plano espiritual e religioso, a concepção de império no plano político e militar. Essa concepção foi 
consolidada com o batismo do imperador Constantino, em 337, e com a institucionalização do cristianismo como 
religião oficial. Entretanto, não havia ainda uma unidade no cristianismo. 
A filosofia grega teve uma importância fundamental no processo de unificação do cristianismo, quando as discussões 
levaram a formulação de uma unidade doutrinária hegemônica, ortodoxa. Os primeiros representantes dessa 
filosofia cristã pertenceram a, assim, chamada escola neoplatônica cristã Alexandria. 
Uma questão que acompanhou todo o pensamento medieval foi o conflito entre razão e fé, que era foco de tensão 
permanente. Diversos concílios fixaram a doutrina considerada legitima e condenaram os que não aceitavam esses 
dogmas expulsando-os da Igreja. 
Podemos dizer que a filosofia grega se incorporou de maneira definitiva à tradição cristã: a lógica e retórica 
forneceram meios de argumentação; e a metafísica de Platão e de Aristóteles forneceu conceitos chaves 
(substâncias, essências e etc.), em função dos quais questões teológicas eram discutidas. 
 
Um dos grandes pensadores cristãos foi Santo Agostinho (sua mãe era cristã, mas seu pai era pagão). A 
sua influência filosófica e teológica se estendeu até o período moderno. Veja abaixo os três aspectos 
fundamentais da contribuição desse pensador para o desenvolvimento da Filosofia. 
A formulação das relações entre Teologia e Filosofia, entre razão e fé. 
A criação da teoria do conhecimento com ênfase na questão da subjetividade e da interioridade. 
A elaboração da teoria da história que foi desenvolvida na monumental cidade de Deus. 
 
Santo Agostinho pode ser considerado o primeiro pensador a desenvolver uma noção de uma interioridade que 
prenuncia o conceito de subjetividade do pensamento moderno. 
Encontramos no pensamento de Santo Agostinho a oposição interior/exterior e a concepção de que a interioridade é 
o lugar da verdade: é olhando para a sua interioridade que o homem descobre a verdade pela iluminação divina. 
A teoria da iluminação divina vem substituir a teoria platônica, explicando o ponto de partida do processo de 
conhecimento e abrindo o caminho para a fé. 
A concepção agostiniana teve uma grande influência no desenvolvimento da noção ocidental de tempo histórico, 
raiz da visão hegeliana. 
Santo Agostinho viveu em tempos conturbados: a ruína do mundo antigo, a decadência do Império Romano, as 
invasões dos bárbaros pagãos. Ele mostrou que os eventos históricos devem ser interpretados à luz da revelação, 
que a cidade divina prevalecerá, já que a história tem uma direção. 
Além de Santo Agostinho, é necessário mencionar Boécio (470-525), como um pensador fundamental para a 
mediação entre na filosofia antiga e a filosofia cristã medieval. 
 
Você já estudou que o termo escolástica designa todos aqueles que pertencem a uma escola ou que se 
vinculam a uma determinada escola de pensamento e de ensino. Conheça, agora, os fatores históricos 
que contribuíram para o seu desenvolvimento. 
As culturas bárbaras que se estabelecem na Europa Ocidental não tinham conhecimento e, nem tampouco, interesse 
pela Filosofia. Só a partir do século IX, cinco séculos após a morte de Santo Agostinho, a situação começa a mudar. 
Em 529, São Bento fundou, na Itália, a ordem monástica beneditina, diferente das ordens monásticas das igrejas 
orientais, que eram exclusivamente contemplativas. Graça aos monges copistas foram preservados os textos da 
antiguidade clássica grego-romana, nas bibliotecas. 
Progressivamente, o mundo europeu ocidental começava a se reestruturar. A primeira grande tentativa de 
reestruturação aconteceu no natal do ano 800, quando o papa Leão III, convidou Carlos Magno para ir à Roma e lá o 
consagrou imperador do sacro império romano germânico. Após a morte de Carlos Magno, seu império foi dividido 
entre o seu filho e os sucessores deste, levando a uma nova fragmentação política, que gerou grandes conflitos. 
É, portanto, em torno dos séculos XI e XII que vamos assistir o surgimento da chamada escolástica. Neste contexto, 
aparece a famosa querela entre a razão e a fé que percorre toda a Filosofia Medieval. No entanto, o 
desenvolvimento da Filosofia torna-se possível devido à difusão de consolidação das escolas nos mosteiros e 
catedrais. 
 
Santo Anselmo é considerado o primeiro grande pensador da escolástica. Ele elaborou sua filosofia buscando 
articular a razão e a revelação, a fé e o entendimento. 
Santo Anselmo deu a sua principal contribuição à Filosofia na formulação do famoso argumento ou prova ontológica, 
como ficou conhecido posteriormente (desde Kant). Trata-se de um dos argumentos mais clássicos da tradição 
filosófica, tendo sido questionado poroutros filósofos na Idade Média, dentre eles São Tomás de Aquino. 
A prova Ontológica concilia razão e fé, aquilo que a fé nos ensina pode ser entendido pela razão e a Filosofia nos 
ajuda a argumentar em favor disso. Esses aspectos caracterizam bem o estilo da escolástica em utilizar a Filosofia. A 
questão retomada por São Tomás, criticada por Kant, admirada por Hegel e discutida por Beltrand Russel, ainda vem 
despertando grande interesse na filosofia contemporânea. Essa questão passa a discutir se Deus existe apenas no 
intelecto como algo que pode ser pensado ou na realidade como algo de fato existente. 
A conclusão de Santo Anselmo é que não se pode pensar a inexistência de um ser do qual nada maior pode ser 
pensado sem contradição. Desse modo, fica provada a existência de Deus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filosofia da Educação – Aula 4. 
 
Aula 04 – Filosofia Medieval – Parte II. 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 Identificar os fatores históricos que contribuíram para a fusão entre a cultura árabe, a filosofia grega e o 
pensamento cristão; 
 Entender o contexto histórico que favoreceu o desenvolvimento da alta escolástica; 
 Conhecer a importância de São Tomás de Aquino e seu papel na escolástica; 
 Entender as ideias de Guilherme de Ockham, que contribuíram para o desmantelamento do grande sistema 
filosófico medieval. 
 
A Filosofia Medieval contou com a valiosa contribuição do pensamento árabe. 
Nessa aula, você conhecerá o rico encontro da filosofia árabe com a filosofia ocidental e como esse encontro 
favoreceu o desenvolvimento da filosofia escolástica. 
Conhecerá também a importância de São Tomás de Aquino e de Guilherme de Ockham para a Filosofia Medieval. 
 
Conheça os fatores históricos que contribuíram para a fusão entre a cultura árabe, a filosofia grega e o pensamento 
cristão: 
Filosofia Grega -> A fusão começa a partir do momento em que Alexandre (século IV a.C.) inicia a expansão (mesmo 
após a morte de Alexandre, a expansão continua por regiões como Egito, Síria, norte da Mesopotâmia e Pérsia) do 
seu Império, levando e difundindo a cultura grega pelo Oriente Médio, conquistando a Índia. 
A partir desse momento, não restou mais dúvida a mistura entre a língua local e a grega com suas ricas tradições, 
formando os principais núcleos de cultura. 
Pensamento Cristão -> No período cristão (IV e V d.C.), outro marco se dará aprofundando essa fusão. Vários cristãos 
foram condenados e buscaram exílio no Oriente, principalmente na Síria e na Mesopotâmia. Esses cristãos, além de 
conhecedores da filosofia e da ciência grega, usavam a língua grega. 
Cultura Árabe -> A fusão também foi influenciada pelo profeta Maomé (570-632), quando este assumiu a liderança 
religiosa do povo árabe, fundando a religião islâmica (toda a expansão do islamismo foi devido à fragilidade dos 
reinos existentes nessa região e da fraqueza militar bizantina). Esse contexto, sem dúvida, favoreceu o encontro 
(esse encontro foi marcado pela valorização de ensinamentos; absorção de cultura e desenvolvimento desta nas 
várias áreas da Ciência e da Filosofia; tradução de inúmeras obras clássicas, algumas delas conhecidas pelos latinos 
justamente por intermédio dos árabes) dos árabes com os núcleos de cultura de origem grega e cristã. Portanto, os 
cristãos da escolástica tiveram o primeiro contato com o pensamento de Aristóteles através desses núcleos de 
cultura. 
 
Como você estudou, os cristãos da escolástica tiveram o primeiro contato com o pensamento de Aristóteles através 
dos núcleos de cultura. Logo, podemos concluir que o grande desenvolvimento da filosofia escolástica, a partir do 
século XIII, foi devido à influência do pensamento árabe. 
Com o desenvolvimento de uma intensa atividade artesanal e comercial, no século XIII, surgiram núcleos urbanos 
importantes que tiveram grande influência no enriquecimento de uma pequena parte da população. 
Consequentemente, houve o rompimento com a ordem econômica (política feudal), dando lugar a um mundo em 
que as relações sociais permitiam a mobilidade social. Além disso, os artesões passaram a se organizar em ligas nas 
cidades, fazendo nascer um novo tipo de convívio social. 
As obras de Aristóteles, com as suas preocupações científicas e empíricas, foram adequadas a esse novo contexto, 
devido a dois fatores fundamentais que são característicos do século XIII: o surgimento das universidades e a criação 
das ordens religiosas (franciscanos e dominicanos). 
 
São Tomás foi um dos grandes pensadores da alta escolástica: 
 Teve uma profunda ligação com as universidades do século XIII, sobretudo a de Paris. 
 Tornou-se um grande pensador com criatividade e originalidade. 
 Desenvolveu uma filosofia própria, tratando praticamente de todas as grandes questões da Filosofia e da 
Teologia de sua época. 
 Teve grande interesse pelas obras de Aristóteles e dos pensadores árabes. 
 Mostrou que a filosofia de Aristóteles era compatível com o cristianismo. 
O tomismo tornou-se uma espécie de representante de “uma filosofia cristã oficial”, isto se deu devido à grandeza 
da obra de São Tomás e da complexidade das questões tratadas. Como exemplo disso, ele desenvolveu as cinco vias 
da prova da existência de Deus. 
 
Guilherme de Ockham foi o maior dos lógicos escolásticos. Ele combinou o racionalismo do pensamento aristotélico 
com a fé revelada do cristianismo. 
Pelas posições que assumiu na Filosofia, na Teologia e na Política, e pelos constantes enfrentamentos com as 
autoridades, Ockham foi perseguido pelo Papa. 
Foi graças as suas ideias, que foram lançadas as sementes que levaram o sistema filosófico medieval à ruína, dando 
lugar ao novo senso de investigação crítica inspirado diretamente dos gregos. 
As bases da Filosofia e da ciência modernas foram lançadas nos séculos XV e XVI, levando ao Renascimento e à 
Reforma. 
Nesse período, em oposição à Escolástica (considerada a integração entre as verdades da razão, campo da Filosofia, 
e as verdades da fé, campo da Teologia), é defendida a separação radical entre os campos da razão e da fé, da 
Filosofia e da Teologia. 
No final do século XIV, a escolástica entrou em crise, porém, isso não significou o seu fim. A filosofia escolástica e o 
tomismo sobrevivem no período moderno, e até hoje encontram adeptos. 
 
Síntese da Aula 04 - Filosofia Medieval - Parte II. 
Nessa aula, você conheceu os fatores fundamentais que permitiram o encontro da filosofia árabe com a filosofia do 
ocidente. 
Conheceu a importância de São Tomás de Aquino, seu papel na escolástica e como a sua teoria mostrou que a 
filosofia de Aristóteles era algo compatível com o cristianismo. 
Entendeu as ideias de Guilherme de Ockham, que contribuíram para o desmantelamento do grande sistema 
filosófico medieval, culminando com o Renascimento. 
Compreendeu o significado da crise da escolástica do século XIV. Esse século traz um pensamento inovador (o 
humanismo renascentista) que, por sua vez, prenuncia o período moderno com suas novas teorias filosóficas e 
científicas, além de profundas transformações no mundo europeu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filosofia da Educação – Aula 5. 
 
Aula 05 – Filosofia Moderna – Parte I 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 Identificar as mudanças profundas que trouxeram a ideia de progresso e valorização do indivíduo na 
modernidade; 
 Conhecer o papel de Lutero como provocador de uma mudança no panorama político e religioso europeu 
alterando profundamente as discussões filosóficas, teológicas e doutrinárias como propulsoras da 
modernidade; 
 Analisar a reação da Igreja Católica à Reforma, identificando as suas consequências; 
 Enumerar e analisar os diferentesfatores que permitiram a revolução científica; 
 Analisar a redescoberta do ceticismo no contexto do início da modernidade e verificar as suas principais 
características. 
 
Nessa aula, você fará uma viagem sobre as origens do pensamento moderno e a ideia de modernidade. 
Conhecerá as condições em que se deram essas mudanças inovadoras que revolucionaram o mundo, contrapondo 
às concepções anteriores predominantemente teológicas da Idade Média e ao espírito autoritário delas decorrentes. 
 
A ideia de modernidade foi sendo construída com o passar dos tempos. 
O termo moderno já era usado na Filosofia Medieval, mas o conceito de modernidade (o conceito de modernidade 
está quase sempre associado a um sentido positivo de mudança, transformação e progresso. No entanto, se tratou 
de um processo lento de transição já que as concepções tradicionalistas ainda continuavam a vigorar. Convêm 
ressaltar que os grandes pensadores do século XVII, considerados revolucionários e inovadores, como Bacon e 
Descartes, jamais se autodenominaram modernos) veio de duas noções fundamentais relacionadas - a ideia de 
progresso e a valorização do indivíduo, que são decorrentes de fatores históricos como: 
 O Humanismo Renascentista (século XV); 
 A Reforma Protestante (século XVI); 
 A Revolução Científica (século XVII); 
 A redescoberta do ceticismo. 
 
O primeiro fator histórico que você conhecerá é o Humanismo Renascentista do século XV. 
O conceito de Renascimento abrange os séculos: XV e XVI, que foi o período histórico intermediário entre o medieval 
e o moderno. Podemos dizer que o traço mais característico desse período foi o humanismo (um dos principais 
pontos de partida do humanismo dói o grande concílio Ecumênico de Florença, em 1413). 
O humanismo teve também uma grande importância na política. As partes centrais do ideário humanista tratam da 
rejeição da tradição escolástica em favor de uma recuperação da natureza humana individual, ponto de partida de 
uma nova ordem. O principal pensador político mais original desse período foi sem dúvida Nicolau Maquiavel (autor 
de O Príncipe, publicado em 1532). 
 
A Reforma Protestante do século XVI também contribuiu para o conceito de 
modernidade. 
Em uma visita a Roma (1510), Lutero ficou chocado com a corrupção da sede da Igreja e começou a defender a 
necessidade de uma reforma. 
Portanto, o marco do início da Reforma Protestante foi a pregação por Lutero das suas 95 teses contra os teólogos 
católicos da universidade e contra o papa Leão X (1517). 
O envolvimento dos papas nas questões políticas da época foi um fator gerador de conflitos. A igreja necessitava de 
grandes recursos financeiros e procurava obtê-los através da venda de indulgências. 
A ideia de reforma foi bastante comum no desenvolvimento do cristianismo. O próprio cristianismo foi uma espécie 
de movimento de reforma do judaísmo. Foram comuns os pregadores em vários países da Europa, defendendo a 
volta de um cristianismo mais simples e mais espiritual, mantendo a necessidade da pobreza do clero e criticando a 
hierarquia eclesiástica. 
A ruptura provocada pela Reforma é um dos fatores propulsores da modernidade, embora Lutero se aproxime mais 
da filosofia medieval agostiniana. 
O protestantismo, o movimento de oposição a Roma, difundiu-se por outros países, a exemplo de Calvino na Suíça, 
em Genebra. 
Com isso, a Igreja Católica inicia uma ofensiva contra o protestantismo. O Concílio de Trento estabeleceu as bases 
doutrinárias e litúrgicas. A Inquisição ganhou nova força e, assim, surgiram novas ordens religiosas como a 
Companhia de Jesus, de caráter militante. 
No século seguinte, a Guerra dos Trinta Anos opõe católicos e protestantes por toda Europa. 
A ética protestante, principalmente calvinista, proporcionou grande desenvolvimento econômico da Europa, 
permitindo a acumulação do capital. 
 
Lutero combateu a escolástica, sua concepção teológica é uma interpretação da doutrina de santo Agostinho sobre a 
luz natural que todo o indivíduo tem em si e que permite entender e aceitar a revelação, não necessitando da 
intermediação da igreja, dos teólogos, da doutrina dos concílios, a fé é suficiente. 
Se a discussão em torno da “regra da fé” abre caminho acerca do livre arbítrio e da salvação. Essa discussão levanta 
questões de natureza moral. 
Para Lutero, a salvação só é possível pela graça divina, dom de Deus que independe do saber adquirido, ou da 
obediência da autoridade eclesiástica, assim rejeita a doutrina ética da escolástica tomista e o esforço humano não 
desempenha nenhum papel na salvação. 
 
Além do Humanismo Renascentista e da Reforma Protestante, a Revolução Científica 
também contribuiu para o conceito de modernidade. 
A Revolução Cientifica moderna teve seu ponto de partida na obra de Nicolau Copérnico, através de cálculos dos 
movimentos por meio dos corpos celestes. 
A obra de Nicolau Copérnico rompeu com o sistema geocêntrico, em que a terra se encontra imóvel no lugar central 
do universo, indo contra uma teoria estabelecida a praticamente vinte séculos. 
Copérnico sacudiu a visão de mundo medieval estática imaginando a terra girando em torno do sol, desenvolvendo 
sua pesquisa propondo a hipótese heliocêntrica. Ele conserva uma concepção de um cosmo fechado, tendo como 
limite a esfera das estrelas fixas, típica da visão antiga. A ideia de um universo infinito foi incorporada 
progressivamente à ciência moderna. 
A revolução científica moderna inspirou-se em Platão, que já havia antecipado o modelo heliocêntrico. 
Em 1609, o astrônomo alemão Johannes Kepler defendeu a ideia de que o universo é regido por leis matemáticas. 
Porém, é na verdade Galileu quem diz “a natureza é um livro escrito em linguagem geométrica”. Esse é o ponto de 
partida do mecanicismo que vê a natureza como um mecanismo, como as engrenagens de um relógio impulsionado 
por uma força externa. 
Galileu ainda postulava a ideia de órbitas circulares. Podemos considerá-lo como ponto de chegada de um processo 
da antiga visão de mundo e de ciência. 
Em Leonardo da Vinci, podemos encontrar um ótimo exemplo de modernidade. 
São duas as grandes transformações científicas: 
 Do ponto de vista da cosmologia - o modelo empreendido por Galileu - universo infinito e movimento dos 
corpos celestes, principalmente da terra; 
 Do ponto de vista da ideia de ciência - a valorização da observação do método experimental que se opõe à 
ciência contemplativa dos antigos. 
 
Outro fator histórico que contribuiu para o conceito de modernidade foi a redescoberta 
do ceticismo. 
O interesse pelo ceticismo antigo é retomado no Renascimento como parte do movimento de volta aos clássicos. 
A Idade Média havia sido, em grande parte, ignorada pelos céticos devido à refutação do ceticismo por santo 
Agostinho. 
Possivelmente, os céticos foram os primeiros filósofos a questionar a possibilidade do conhecimento e a levantar a 
questão sobre os limites da natureza humana do ponto de vista cognitivo, o que será uma das grandes temáticas do 
pensamento moderno até Kant. 
Um dos primeiros a tratar dessa temática argumentou que os limites do nosso entendimento só podem ser 
superados pela fé. A revelação e a fé são as únicas possibilidades de superar a incerteza de uma ciência incapaz de 
alcançar o verdadeiro saber. 
Podemos considerar Michele de Montaigne o filósofo mais importante desse período, quanto à retomada e ao 
desenvolvimento do ceticismo, inclusive devido a sua influência em Descartes. 
A visão cética de Montaigne pode ser considerada um dos pontos de partida do subjetivismo e do individualismo. 
Diante de um mundo de incerteza, mergulhado em guerras e conflitos religiosos e políticos o homem refugia-se 
dentro de si. 
 
Síntese da Aula 04 - Filosofia Moderna - Parte I 
 Nessa aula,você identificou as mudanças profundas que trouxeram a ideia de progresso e valorização do 
indivíduo na modernidade. 
 Conheceu o papel de Lutero como provocador de uma mudança no panorama político e religioso europeu 
alterando profundamente as discussões filosóficas, teológicas e doutrinárias como propulsoras da modernidade. 
 Analisou a reação da Igreja Católica à Reforma, identificando as suas consequências, assim como os diferentes 
fatores que permitiram a revolução científica e a redescoberta do ceticismo no contexto do início da 
modernidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filosofia da Educação – Aula 6. 
 
Aula 06 – Filosofia Moderna – Parte II 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 Identificar o fundamento de Descartes quanto à possibilidade do conhecimento científico encontrando uma 
verdade inquestionável; 
 Analisar e conhecer a adoção da posição racionalista no processo do conhecimento, enfatizada pela 
necessidade do método para bem conduzir a razão; 
 Identificar a importância fundamental da filosofia de Descartes para a aquisição do conhecimento. 
 
Nessa aula, você conhecerá um pouco do contexto do século XVII, preparado pelo humanismo do século XVI 
(Montaigne e outros). 
Entenderá o pensamento e a contribuição de Descartes, que foi considerado o “pai” da Filosofia Moderna, assim 
como a modernidade da qual somos herdeiros até hoje. 
 
Descartes (1596 – 1650) viveu em um tempo de profunda crise da sociedade, tempo de transição entre uma tradição 
que sobrevivia e outra que estava surgindo, resultando em uma nova visão de mundo. Ele acompanhou as grandes 
transformações da sua época. 
 O início das grandes navegações e a descoberta das Américas. 
 As teorias científicas de Copérnico e Galileu, que revolucionaram a maneira de se considerar o mundo físico. 
 A escolástica medieval, que estava longe de desaparecer. 
 A decadência do sistema feudal, substituído por uma nova ordem econômica baseada no comércio livre e no 
individualismo. 
 A Reforma de Lutero, que abalou a autoridade universal da Igreja Católica no Ocidente, e a Contra Reforma, 
reação ao Protestantismo, que teve como consequência a Guerra dos Trinta Anos, na qual o próprio 
Descartes participou. 
 A arte retomando os valores da antiguidade clássica, impondo uma cultura leiga, às vezes, de inspiração 
pagã. 
 
A obra de Descartes é uma longa reflexão e tomada de posição sobre o seu tempo. A crença no poder crítico da 
razão humana individual é traço fundamental da modernidade (é a ruptura com a tradição, a autoridade da fé pela 
razão humana, oposição às instituições) de Descartes. 
O homem da época de Descartes viveu uma grande diversidade de experiências. Devemos compreender o 
pensamento filosófico de Descartes como o resultado da reflexão sobre a experiência de vida. 
É possível considerar Descartes como um dos iniciadores da modernidade, doravante, influenciará o 
desenvolvimento do pensamento filosófico. Com Descartes, a necessidade de contextualização do pensamento e o 
sujeito pensante entram em cena: “terei a satisfação de mostrar os caminhos que segui e apresentar minha vida 
como em um quadro”. 
Descartes sempre escreveu na primeira pessoa do singular. 
Descartes foi excelente aluno, sobretudo interessado pela Matemática; viajou por diversos países da Europa; 
descobriu sua vocação filosófica decidindo dedicar-se a “descobrir os fundamentos dessa ciência admirável”. 
Ele considerou a Matemática como modelo de sua reflexão filosófica e, com isso, pretendia elaborar uma 
matemática universal para todos os assuntos. 
Nesse tempo de conflitos, crises e incertezas, Galileu foi proibido de lecionar. Ao tomar conhecimento da 
condenação de Galileu, Descartes desistiu de publicar a sua obra - O tratado do mundo. 
Em 1637, Descartes publicou, em francês, seus tratados científicos que têm como introdução o discurso do método. 
Descarte adquiriu fama e sua obra foi condenada. 
 
Conheça o projeto filosófico de Descartes. 
Segundo Descartes, se no início do discurso do método, o bom senso (isto é, a racionalidade) é natural ao homem, o 
erro resulta na realidade de mau uso da razão. 
A finalidade do método é: por a razão no bom caminho. Portanto, o método visa o conhecimento, a elaboração de 
uma teoria científica. Este é o sentido das regras que Descartes formula. 
Utilizando esse método saberemos como usar da intuição (a capacidade de compreender uma verdade de estalo, 
sem precisar ficar raciocinando). 
As regras de Descartes se inspiram na geometria, são simples, mas devem ser seguidas à risca. Jamais devemos 
deixar de observá-las. 
1. Jamais aceitar como exata coisa alguma que eu não conheça evidentemente. 
2. Dividir cada dificuldade a ser examinada em tantas partes quantas possíveis e necessárias para resolvê-las. 
3. Impor ordem nos meus pensamentos, começando pelos assuntos mais simples de serem conhecidos. 
4. Fazer para cada caso enumerações tão exatas que esteja certo de não ter esquecido nada, assim nunca se 
confundirá o falso com o verdadeiro, chegando ao verdadeiro conhecimento. 
 
O conflito entre os dois modelos de ciência, o antigo e o moderno, fazia com que alguns pensadores céticos se 
perguntassem se as futuras gerações não descobririam as teorias da ciência nova também de forma errônea. 
Descartes assume, então, a missão de fundamentar e legitimar essa ciência demonstrando de forma conclusiva que 
o homem pode conhecer o real de modo verdadeiro e definitivo. Portanto, Descartes negava o ceticismo. 
Descartes se propõe ainda a encontrar uma certeza básica, imune ás dúvidas céticas. Então, era preciso encontrar o 
ponto de apoio, "ponto arquimediano", que pudesse servir de ponto de partida seguro para o processo de 
conhecimento. 
 
Na época de Descartes, havia uma crise generalizada da autoridade. 
Descartes deixa bem claro que não se pode confiar na tradição, nos ensinamentos do saber adquirido, e constata 
que a tradição, ao contrário do que pretendia, estava muito longe de ter encontrado a verdade e de ter constituído 
um sistema sólido e coerente que lhe desse autoridade. 
A única alternativa possível parecia ser a interioridade, a própria razão humana, a luz natural que o homem possui 
em si mesmo, a sua racionalidade. Portanto, o homem traz dentro de si a possibilidade do conhecimento. 
 
Conheça também o argumento do cogito de Descartes. 
“Penso logo existo”, uma das mais célebres expressões filosóficas que existe. Com esse argumento, Descartes busca 
uma certeza imune ao questionamento cético. 
A etapa inicial da argumentação cartesiana é a formulação de uma dúvida metódica, colocando tudo em questão. 
Começa-se duvidando de tudo: senso comum, argumento de autoridade, testemunho dos sentidos, das informações 
da consciência, da realidade do exterior e do próprio corpo. A cadeia de dúvidas se interrompe diante do seu próprio 
ser que duvida. Se duvido, penso: “Penso logo existo”. 
Assim, Descartes introduz uma grande modificação no pensamento moderno: “ a crença na autonomia do 
pensamento, a ideia de que a razão bem dirigida basta para encontrar a verdade sem precisar dos livros e dos 
“dogmas”. 
Para Descartes, o espírito humano tem em si os meios de alcançar a verdade, se souber cultivar sua independência e 
conduzir-se com método. A certeza é possível porque o espírito humano já possui ideias gerais, claras e distintas que 
são inatas (inerentes à capacidade de pensar), portanto, não estão sujeitas ao erro. A primeira ideia inata é o cogito 
pelo qual nos descobrimos como seres pensantes. 
Mesmo hoje, o argumento do cogito e suas consequências suscitam grandes interesses. 
O objetivo de Descartes, contudo, é fundamental para a possibilidade do conhecimento científico.É necessário, 
portanto, encontrar um caminho de superação desse idealismo radical, no qual a única realidade certa é a existência 
do puro pensamento. 
No entanto, é fundamental encontrar uma ponte entre o pensamento subjetivo e a realidade objetiva. 
 
Síntese da Aula 06 - Filosofia Moderna - Parte II 
Nessa aula, você refletiu sobre a contribuição do grande filósofo Descartes, considerado o “pai” da filosofia 
moderna. 
Analisou e conheceu a adoção da posição racionalista no processo do conhecimento, enfatizada pela necessidade do 
método para bem conduzir a razão. 
Identificou a importância fundamental da filosofia de Descartes para a aquisição do conhecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
Filosofia da Educação – Aula 7. 
 
Aula 07 – Filosofia Moderna – Parte III 
 identificar a tradição empirista; 
 analisar a teoria de Locke e sua crítica ao inatismo; 
 conhecer o conceito de empirismo; 
 identificar a influência de Bacon com seu método experimental; 
 conhecer o pensamento de Hume; 
 conhecer a importância da filosofia política do liberalismo e a tradição Iluminista, assim como a influência de 
Jean Jacques Rousseau. 
 
Nessa aula, você conhecerá o que é o empirismo, a sua origem, e as suas linhas mestras e consequências para a 
educação. 
Conhecerá também a importância da filosofia política do liberalismo, assim como a tradição iluminista e suas 
implicações na sociedade moderna. 
O empirismo e o racionalismo (pensamento cartesiano) constituíram conjuntamente algumas das principais 
correntes do pensamento moderno na sua fase inicial. A corrente empirista desenvolveu-se, sobretudo, na Inglaterra 
e entre os filósofos de língua inglesa, estando diretamente ligada à criação da Real Sociedade de Londres para o 
Progresso do Conhecimento Natural. Essa sociedade foi fundada em 1660 e patrocinada pelos ricos comerciantes de 
Londres, que tinham interesse nas possíveis aplicações técnicas desses conhecimentos, desde as questões de 
navegação até os estudos sobre linguagem que permitiam a comunicação com os povos das novas terras com que 
negociavam. Contudo, o empirismo não se restringiu ao contexto de língua inglesa, encontrando repercussão 
também na França e em outros países. 
A palavra empirismo, deriva da palavra grega “empeiria”, que significa basicamente uma forma de saber derivado da 
experiência sensível, e de informações acumuladas com base nesta experiência, permitindo a realização de fins 
práticos. 
Podemos dizer que o empirismo é a posição filosófica que toma a experiência como guia e critério de validade de 
suas afirmações, especialmente nos campos da teoria do conhecimento e da filosofia da ciência. 
O grito de guerra do empirismo é a frase de inspiração aristotélica: “Nada está no intelecto que não tenha passado 
antes pelos sentidos”. Ou seja, todo conhecimento resulta de uma base empírica, de percepções ou impressões 
sensíveis sobre o real, elaborando-se e desenvolvendo-se a partir desses dados da realidade sensorial. Os empiristas, 
portanto, rejeitam a noção de ideias inatas ou de um conhecimento anterior à experiência ou independente desta. 
A seguir, você conhecerá os três principais pensadores do empirismo clássico: Francis Bacon (1561-1626), John Locke 
(1632-1704), e David Hume (1711-1776). 
 
Bacon e o método experimental: 
Podemos distinguir dois aspectos inter-relacionados da contribuição de filosófica de Bacon: 
1) A concepção de pensamento crítico contida na teoria dos ídolos -> A filosofia de Bacon, assim como a de 
Descartes, caracteriza-se por uma ruptura bastante explícita em relação à tradição anterior, sobretudo a 
escolástica de inspiração aristotélica. 
A preocupação fundamental de Bacon é com formulação de um método que evite o erro e coloque o 
homem no caminho do conhecimento correto (este é um dos sentidos principais do pensamento crítico, que 
marcará fortemente a filosofia moderna, vendo a tarefa da filosofia como a libertação do homem de 
preconceitos, ilusões e superstições). É nesse contexto que encontramos a sua teoria dos ídolos. 
Os ídolos são ilusões ou distorções que, segundo Bacon, “bloqueiam a mente humana”, impedindo o 
verdadeiro conhecimento. Os ídolos podem ser de quatro tipos: ídolos da tribo, ídolos da caverna, ídolos do 
foro e ídolos do teatro. 
2) A defesa do método indutivo no conhecimento científico e de um modelo de ciência antiespeculativo e 
integrado com a técnica -> Bacon propõe um modelo para a nova ciência. Segundo ele, o homem deve 
despir-se de seus preconceitos, tornando-se “uma criança diante da natureza”, somente assim alcançará o 
verdadeiro saber. 
O novo método científico é o da indução que, a partir da observação atenta da natureza, permite formular 
leis científicas que são generalizações indutivas, a partir das quais se pode controlar a natureza e dela tirar 
benefícios para o homem. 
Bacon é um pensador que acredita no progresso. Para ele, o conhecimento se desenvolve na medida em que 
adotamos o método correto e a experiência como guia. Ele teve uma importância fundamental no sentido 
da ruptura com a tradição. 
 
A teoria das ideias de Locke e a crítica ao inatismo: 
Locke vê a filosofia como uma tarefa crítica e preparatória para a construção da ciência. Ele desenvolve um modelo 
empirista, antiespeculativo e antimetafísico de conhecimento. 
Locke afirma que todas as nossas representações do real são derivadas de percepções sensíveis, não havendo outra 
fonte para o conhecimento. Portanto, não existem ideias inatas. Isto é, o conhecimento não é inato, mas resulta da 
maneira como elaboramos os dados que nos vêm da sensibilidade por meio da experiência. 
Para Locke, a mente é como uma folha em branco, a “tábula rasa”, na qual a experiência deixa as suas marcas. Desta 
forma, para processarmos o conhecimento em nossa mente, precisamos da reflexão, assim como distinguir entre as 
qualidades primárias e as secundárias das substâncias. 
Locke é considerado como um dos primeiros filósofos do período moderno a desenvolver uma filosofia da 
linguagem, mais especificamente uma teoria do significado. Ou seja, para esse filósofo, o significado das palavras é a 
ideia correspondente a elas em nossa mente, e é por meio das ideias que as palavras se referem às coisas. Esta é 
para Locke a semântica ideacional. A Linguagem é, assim, a expressão de um pensamento, criado anteriormente à 
linguagem e independente dela. 
 
O ceticismo de David Hume: 
O ceticismo de Hume pode ser interpretado a partir do questionamento que dirige a dois princípios ou pressupostos 
fundamentais da tradição filosófica: a causalidade e a identidade pessoal. David Hume foi, sob muitos aspectos, o 
mais radical dos empiristas, levando essas teses às suas últimas consequências e assumindo uma posição filosófica 
cética. 
Causalidade - Segundo Hume, a causalidade é uma forma nossa (humana) de perceber o real, uma ideia derivada da 
reflexão sobe as operações de nossa própria mente, e não uma conexão necessária entre causa e efeito, uma 
característica do mundo natural. 
Identidade Pessoal - Para Hume, jamais podemos apreender a nós mesmos sem algum tipo de percepção. O “eu” 
(sef) é um feixe de percepções que temos em um determinado momento e que varia na medida em que essas 
percepções variam. Estamos, assim, em constante mudança, pois a cada momento novas percepções são 
acrescentadas ao feixe, e outras empalidecem ou desaparecem. 
A única coisa que assegura o nosso “eu” , o que somos e temos, é a força do hábito, do costume e da memória que 
conseguimos. Portanto, para esse filósofo, jamais temos um conhecimento certo e definitivo; toda a ciência é apenas 
resultado da indução, e o único critério de certeza que podemos ter é a probabilidade. É neste sentido e por esses 
motivos que ele é considerado um cético. 
Por outro lado,Hume também afirma que a maneira pela qual conhecemos e pela qual agimos no real depende 
apenas de nossa natureza, de nossos costumes e de nossos hábitos. Por esta razão ainda não se chegou a definir se 
ele é mais cético ou mais naturalista. 
 
A contribuição valiosa de Jean-Jacques Rousseau: 
Rousseau (1712-78) nasceu em Genebra e foi um dos mais importantes pensadores franceses do século XVIII no 
campo da política, da moral e da educação, influenciando os ideais do Iluminismo e da Revolução Francesa (1789). 
O ponto de partida da filosofia de Rousseau é uma concepção de natureza humana representada pela famosa ideia: 
“O homem nasce bom, a sociedade o corrompe” (Contrato Social, livro I, cap. 1), à qual se acrescenta a ideia de que 
“o homem nasce livre e por toda parte se encontra acorrentado”. Porém, Rousseau não condena toda e qualquer 
sociedade, mas sim aquela que acorrenta e aprisiona o homem. Ele chegou a adotar como modelo de sociedade 
justa e virtuosa a Roma republicana do período anterior aos césares. 
Para Rousseau, é possível, portanto, formular um ideal de sociedade em que os homens sejam livres e iguais, ideal 
este que servirá de inspiração à Revolução Francesa. 
A grande questão para Rousseau consiste em saber como preservar a liberdade natural do homem e ao mesmo 
tempo garantir a segurança e o bem-estar que a vida em sociedade pode lhe oferecer. Sua resposta se encontra 
fundamentalmente no Contrato Social, mas também é possível observá-la em outros textos. 
Segundo a teoria do contrato social, a soberania política pertence ao conjunto dos membros da sociedade. O 
fundamento dessa soberania é a vontade geral, que não resulta apenas na soma da vontade de cada um. 
A vontade particular e individual de cada um diz respeito a seus interesses específicos, porém, enquanto cidadão e 
membro de uma comunidade, o indivíduo deve possuir também uma vontade que se caracteriza pela defesa do 
interesse coletivo, do bem comum. 
 
Segundo a teoria do contrato social, é papel da educação a formação da vontade geral dos membros da sociedade 
transformando, assim, o indivíduo em cidadão, em membro de uma comunidade. 
O processo educativo pressupõe o conhecimento profundo e deve dar a devida importância às leis psicológicas do 
desenvolvimento do educando. Essas leis devem orientar todo o processo educativo, deixando de lado todas as 
especulações teóricas a esse respeito. 
 
Leis psicológicas do desenvolvimento do educando: 
Essas leis podem ser resumidas da seguinte forma: 
 Deve-se observar a natureza e seguir o caminho que ela traçar; 
 As funções, que se exercem numa etapa de vida, afirmam e preparam o surgimento e o desenvolvimento 
das funções posteriores; 
 Mesmo quando uma ação parece ser desinteressada, parece não satisfazer alguma necessidade ou interesse 
funcional, na realidade se trata sempre de uma adaptação funcional; 
 Deve-se respeitar a individualidade de cada educando, pois cada um tem sua forma própria. É em função 
dessa individualidade que ele deve ser orientado. 
 
Na proposta de Rousseau, para que o processo educativo não degenere num exercício estéril e até nocivo, é 
indispensável partir da estrutura específica do educando. Não se deve ver na criança um adulto em miniatura, como 
era costume na época, uma etapa passageira, provisória, da existência humana, pois a criança tem uma existência 
própria e acarreta direitos específicos. 
 
Síntese da Aula 07- Filosofia Moderna - Parte III 
Nessa aula, você refletiu sobre a contribuição da tradição empirista e seus reflexos para a educação. 
Conheceu o método experimental de Bacon, assim como a teoria das ideias e a crítica ao inatismo. 
Conheceu também a contribuição da filosofia política do liberalismo e seus principais filósofos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filosofia da Educação – Aula 8. 
 
Aula 08 – Filosofia Moderna – Parte IV 
 Identificar as características do Iluminismo e seu papel no contexto do século XVIII; 
 Caracterizar o pensamento de Immanuel Kant e sua contribuição na elaboração de uma teoria que investiga 
o valor dos nossos conhecimentos, a partir da crítica das possibilidades e limites da razão; 
 Estabelecer as diferenças entre o empirismo e o racionalismo e suas implicações para o conhecimento, 
segundo Kant. 
 
Nesta aula, veremos sobre o importante papel do Iluminismo a partir da segunda metade do século XVIII, 
caracterizado como um movimento do pensamento europeu basicamente da segunda metade desse século. 
O Iluminismo foi um movimento de grande importância a partir da segunda metade do século XVIII. 
 Abrange não só o pensamento filosófico, mas também as artes, as ciências, a teoria política, as teorias 
pedagógicas e a doutrina jurídica. 
 Reflete a necessidade de tornar transparente à razão. O pressuposto básico do iluminismo afirma, que todos 
os homens são dotados de racionalidade que é uma espécie de luz natural. 
 Possui caráter pedagógico. O pensamento iluminista é fortemente voltado para o laico e o secular. 
 Volta-se contra toda autoridade que não esteja submetida à razão e a experiência. O homem poderá atingir 
o que Kant chama de sua maioridade, quer dizer pensar por si mesmo. Por isso o Iluminismo tem caráter 
ético e emancipador. 
 
O pano de fundo do Iluminismo é a filosofia crítica, que tem como características três pressupostos básicos: a 
liberdade; o individualismo e a igualdade jurídica. 
Nesse sentido a Revolução Francesa (1789) pode ser considerada uma tentativa de concretização desses ideais: 
“Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Os homens nascem e permanecem livres, é o artigo primeiro da Declaração 
dos Direitos do Homem. 
A Enciclopédia é um projeto monumental pedagógico que pretendeu ser uma espécie de grande síntese do saber da 
época, sua publicação teve grande influência na Revolução Francesa e contribuiu para a contestação da monarquia 
absoluta, e do poder da Igreja. 
 
Vamos conhecer as propostas do alemão Immanuel Kant, nosso último expoente deste bloco empírico-racionalista e 
fazer um amálgama entre as duas correntes. 
A obra de Kant pode ser vista como um marco na filosofia moderna e se notabiliza por duas obras clássicas, em 
especial: a “Crítica da Razão Pura”, na qual desenvolve a crítica do conhecimento, e “Crítica da Razão Prática”, em 
que analisa a moralidade. 
Entre os neo-humanistas, foi o principal que proclamou a saída do homem do estado de incapacidade, em que jazia 
sob o peso da tradição da autoridade. Ele desafiou o homem a se atrever servir da razão. 
 
Kant define a filosofia como “a ciência da relação de todo conhecimento e de todo uso da razão com o fim último da 
razão humana”, caracterizando-se pelo tratamento de quatro questões fundamentais. 
O que posso saber? Diz respeito à metafísica, no sentido kantiano de investigação sobre a possibilidade de 
legitimidade do conhecimento. 
O que devo fazer? Cuja resposta é dada pela moral. 
O que posso esperar? O problema da esperança, de que trata a religião. 
O que é o homem? Objeto da antropologia, à qual em última análise se reduzem as outras três e que é na verdade a 
mais importante das quatro. 
Tendo em vista estas questões, o filósofo deve determinar: as fontes do saber humano, a extensão do uso possível e 
útil de todo saber e os limites da razão. 
 
O pensamento de Kant também se insere dentro do movimento de crítica à educação dogmática, aberto pela 
ilustração. 
Embora não concebesse as normas e os modelos conforme a própria existência concreta e variável (mas de um 
sujeito universal), nem por isso admite o modelo tradicional de ideal, que se impôs exteriormente ao indivíduo. 
Para ele, são as leis inflexíveis e universais da razão pura e da razão prática que constroem o conhecimento e

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