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Ascaridiose e toxocariase

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Ascaridiose 
(Ascaris lumbricoides) 
Ascaris lumbricoides 
Linneaus, 1758 
 Nematódeos pertencentes à família Ascarididae 
 Espécies de importância médico-veterinária: 
 Ascaris lumbricoides 
 Ascaris suum 
 Parasitas do intestino delgado (humanos e suínos) 
 Espécies com pequenas diferenças morfológicas e 
biológicas (tamanho, dentículos, quantidade de ovos 
produzidos, etc.) 
 Zoonose (?) 
 
Ascaris lumbricoides 
 Ascaridíase ou ascaridiose - cosmopolita 
 “Lombrigas ou bichas” 
 Maior e mais freqüente dos nematódeos 
 Atinge > 60% da população brasileira! 
 Geo-helmintose 
 Interesse médico-social  retarda o desenvolvimento 
das comunidades (reflete o IDH) 
 Tolerância e indiferença dos serviços de saúde  
quadros graves e fatais 
Habitat e morfologia do A. lumbricoides 
 Habitat: intestino delgado (jejuno e íleo) – presos à 
mucosa 
 Morfologia: 
 1. Formas adultas (machos e fêmeas) 
 Longos, robustos, cilíndricos e de extremidades afiladas 
 Tamanho: dependente do número de exemplares e do 
estado nutricional do hospedeiro (± 20 cm) 
 2. Ovos 
 Férteis: grandes, ovais e cápsula espessa (membrana 
mamilonada) envolvendo as células germinativas 
 Inférteis: alongados, membrana mamilonada mais 
delgada e citoplasma granuloso 
Formas adultas do A. lumbricoides 
Macho e fêmea Fêmea 
Ovo de Ascaris lumbricoides 
www.museudavida.fiocruz.br 
Ovos de Ascaris lumbricoides 
Fértéis 
(comparação com ovos de Trichuris trichiura) 
Infertéis 
Transmissão 
 Ingestão de água ou alimentos contaminados com 
ovos contendo a larva infectante (L3 filarióide) 
 Poeira, aves e insetos (moscas e baratas) são 
capazes de veicular mecanicamente os ovos 
 Contaminação do depósito sub-ungueal com ovos 
viáveis 
Características dos ovos de A. lumbricoides: 
1. grande resistência às condições ambientais 
2. capacidade de aderência às superfícies 
3. resistência à agentes terapêuticos (levamisol, 
cambedazol, pamoato de pirantel, mebendazole, 
etc.) 
Ciclo Biológico 
 Monoxênico 
 Fêmea fecundada elimina > 200.000 ovos não 
embrionados no solo! 
 Temperatura 25 - 30 ºC, umidade >70% e oxigênio  
embrionamento em 15 dias 
 Meio externo (solo) 
 Meio interno (trato digestivo - intestino delgado 
(jejuno e íleo) 
 
 
 Meio externo 
 Ovo embrionado eliminado nas fezes: 
 L1 e L2 (rabditóide)  L3 rabditóide (infectante) 
 Meio interno 
 Passagem pelo estômago (ação de agentes redutores, 
pH, sais, CO2, etc.) 
 Eclosão no intestino delgado 
 Passagem das larvas através da parede intestinal: 
 Fígado  coração direito  pulmão (L4)  alvéolos (L5) 
- árvore brônquica  traquéia e faringe: 
  Expelidas - tosse 
  Deglutidas - intestino delgado (adultos - início da 
 ovoposição) 
Ciclo biológico 
 
Ciclo Biológico do A. lumbricoides 
http://www.cdc.gov 
Aspectos patogênicos 
 Dependentes do número de parasitas, resposta imune e 
estado nutricional do hospedeiro 
 Ação das larvas (migração) 
 Infecção leve: assintomática 
 Infecção maciça: 
 Lesões hepáticas (focos hemorrágicos: inflamação, 
necrose e fibrosamento) 
 Lesões pulmonares (quadro pneumônico – febre, tosse, 
dispnéia e eosinofilia) 
Síndrome de Löeffler: edema dos alvéolos pulmonares, 
manifestações alérgicas, febre, bronquite e pneumonia 
Aspectos patogênicos 
 Ações dos vermes adultos 
 Espoliadora: proteínas, carboidratos, lipídeos, vitaminas 
 (A e C) – sub-nutrição e depauperamento físico e mental 
 Tóxica: reação entre os antígenos parasitários e os 
anticorpos dos pacientes (edema, urticária, convulsões, 
etc.) 
 Mecânica: irritação da parede e enovelamento na luz 
intestinal - obstrução (muito freqüente em crianças!) 
 Localizações ectópicas (ações irritativas sobre o 
parasito: febre, uso inadequado do medicamento, ingestão 
de alimentos condimentados) – “áscaris errático” – 
apendicite 
 e pancreatite aguda, eliminação do verme pelo nariz e 
boca, ouvido, etc. 
Capacidade Obstrutiva do A. lumbricoides 
Grande massa de Ascaris lumbricoides no trato 
intestinal de indivíduo infectado 
Aspectos epidemiológicos 
 Geo-helmintose: infecção adquirida pela ingestão de 
ovos infectantes presentes no solo 
 Helminto mais freqüente nos países pobres 
 Atinge 70 – 90% das crianças (1 -10 anos) - “dirty-eating” 
 Grande resistência e viabilidade dos ovos no ambiente 
(> 01 ano) 
 Embrionamento dos ovos dependente de temperatura, 
umidade, solo, incidência de luz, etc. 
 Alta prevalência em regiões de clima úmido e quente 
 Avalia grau de limpeza e higiene doméstica  medida 
das condições de desenvolvimento sócio-econômicos e 
culturais de uma população 
Controle 
 As geo-helmintoses são resultantes da má qualidade de 
vida e conseqüência direta da inexistência de uma 
política sócio-econômica adequada 
 Principais medidas: 
 Tratamento em massa (drogas ovicidas – 3 anos) 
 Destino adequado para as fezes humanas (fertilizantes) 
 Saneamento básico (construção de redes de esgoto e/ou 
fossas sépticas) 
 Educação para a saúde - melhoria dos hábitos higiênicos 
 Controle difícil e dependente de vontade política ! 
Medidas visam o controle e não a erradicação 
 (re-infecções) 
Diagnóstico 
I - Clínico 
 Infecção difícil de ser diagnosticada (dependente do 
número de parasitas) 
II - Laboratorial 
 Pesquisa de ovos nas fezes: sedimentação 
espontânea ou Kato-Katz (quantitativo – utilizado em 
inquéritos epidemiológicos) 
 Encontro de ovos inférteis: infecções somente com fêmeas 
 Exame sempre negativo: somente com machos 
 Exame do escarro ou lavado gástrico (larvas ou vermes 
adultos) 
 Radiografia abdominal com contraste 
 Hemograma: eosinofilia sangüínea 
Tratamento 
 Visam evitar as complicações graves – migrações 
anômalas – “ascaris errático” 
 Drogas recomendadas pela OMS para controle das geo-
helmintoses: 
I – Benzimidazóis: 
Albendazol (400 mg – dose única – cura: 100%) 
Mebendazol (500 mg – dose única – cura: 90 – 100%) 
 Mecanismos de ação: impede a divisão celular, a 
captação de glicose e formação de ATP 
II – Outras drogas: 
Levamisol, Pamoato de pirantel, Ivermectina 
III – Fitoterápicos: necessidade de confirmação do valor 
terapêutico 
Toxocaríase 
Larva migrans: visceral e ocular 
 Zoonose que raramente afeta os homens 
 Quando ocorre produz doença grave, principalmente em 
crianças 
Hospedeiros de importância: 
 Animais domésticos (cães e gatos jovens): 
transmissão via congênita 
 Infecção humana: ingestão de ovos embrionados 
Embrionamento dos ovos no solo  geohelmintose 
 
 
Toxocaríase 
Larva migrans 
 Síndrome determinada por migrações prolongadas de 
larvas de nematóides comuns de animais, no 
organismo humano 
 Larva migrans visceral (LMV) – larvas permanecem 
nas vísceras (fígado, rins, pulmão, coração, etc.) até 
morrerem, sem atingir o estágio adulto 
 Larva migrans ocular (LMO) – larvas migram para o 
globo ocular (coróide, retina, humor vítreo, etc.) 
Larva migrans visceral (LMV) e ocular (LMO) 
 Principais agentes etiológicos: 
Toxocara canis,T. catis, Ancylostoma caninum, etc. 
 Classificação: 
Filo: Nematoda 
Classe: Secernentea 
Família: Ascarididae 
Gênero: Toxocara 
Morfologia e habitat do T. canis 
Vermes adultos (intestino delgado de cães e gatos) 
 Macho: 4 -10 cm 
 Fêmea: 6 -18 cm (2 milhões  200.000 ovos/dia) 
 Possuem boca provida de 3 lábios e expansões 
cuticulares na região anterior(aletas ou asas 
cefálicas) 
Ovos (fezes  solo) 
 Casca mamilonada sem o envoltório albuminoso 
típico do Ascaris lumbricoides 
Larvas (semelhante ao A. lumbricoides) 
Morfologia: ovos e larvas do T. canis 
Estágio infectante: L3 rabditóide 
Biologia 
 Hospedeiro definitivo: cães e gatos 
 Hospedeiro acidental: homem 
 Transmissão: 
 Cães e gatos: 
 Ingestão de ovos (L3 rabditóide) 
 Ingestão de pequenos roedores infectados (larvas) 
 Via placentária e por amamentação (larvas) 
 Homem 
 Ingestão acidental de ovos (solo ou alimentos 
contaminados com fezes de cães) 
Ciclo biológico 
 No cão*: semelhante ao de A.lumbricoides no homem 
 Ingestão de ovos (L3)  intestino (eclosão) 
fígado  coração  pulmão (L4)  árvore 
brônquica  intestino (verme adulto)  ovos 
(fezes) 
 No homem: larvas migram pelos tecidos sem sofrer 
mudas 
 Ingestão de ovos  intestino (eclosão)  fígado, 
pulmões, coração, gânglios linfáticos, músculos 
estriados, olhos, etc. 
 
 * Imunidade: a partir de 06 meses (L3 permanece nos tecidos) 
 
Toxocaríase humana: 
 manifestações clínicas 
 Assintomática (infecções leves): eosinofilia 
persistente e infecção auto-limitante 
 Forma visceral (LMV): 
 Febre, hepatomegalia, linfadenite, sintomas 
respiratórios, manifestações neurológicas variadas e 
eosinofilia crônica (50%) 
 Forma ocular (LMO): 
 Formação de granulomas, comprometimento visual 
(descolamento de retina e opacificação do humor 
vítreo) e eosinofilia. 
Sinais e sintomas 
 Dependente da intensidade do parasitismo, 
localização, estado geral e resposta imune do 
paciente: 
 Febre 
 Manifestações respiratórias (tosse, dispnéia, asma  
Síndrome de Loeffler) 
 Hepatite 
 Comprometimento nervoso (crises epileptiformes, 
meningite e encefalite) 
 etc. 
 
Diagnóstico 
 Clínico: 
 Difícil (só com biopsia de tecido) 
 Anamnese (idade, geofagia, contato com animais, 
etc.) 
 Laboratorial: 
 Hemograma (eosinofilia persistente) 
 ELISA (anticorpo anti-Toxocara) e Western-blot 
 Obs: exame de fezes é sempre negativo! 
 Diferencial: retinoblastoma (quando LMO) 
 
Diagnóstico laboratorial 
Larva migrans visceral (LMV) 
 Demonstração das larvas nos tecidos: baixa 
sensibilidade 
 Pesquisa de anticorpos anti -T.canis: ELISA e IFI 
Larva migrans ocular (LMO) 
 Detecção de anticorpos no soro: pouco eficiente 
 Detecção de anticorpos no humor aquoso 
Tratamento 
Larva migrans visceral 
 Albendazol 
 Ivermectina 
 Tiabendazol 
Larva migrans ocular 
 Corticosteróides associado com fotocoagulação e 
vitrectomia 
Epidemiologia 
 As síndromes ocorrem sobretudo em crianças expostas 
aos ovos (ausência de saneamento ambiental) 
 Associadas com a presença de cães e gatos 
 Eliminação de grande quantidade de ovos/dia e 
resistência destes ao meio ambiente 
 Larvas: veículo para o vírus da poliomielite (suposição) 
 Prevalência sorológica variada (2 - 80%) em diferentes 
populações 
Profilaxia 
Educação sanitária e saneamento básico 
 
 Evitar o contato de crianças com cães e gatos 
 Evitar o acesso desses animais em locais públicos 
 Redução da população de cães e gatos vadios 
 Diagnóstico e tratamento periódico de cães e gatos 
infectados 
 etc. 
 
Larva migrans cutânea 
Toxocara canis 
 manifestação cutânea

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