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1 2 Saúde da Criança: Desnutrição e anemia 3 SUMÁRIO Introdução ............................................................................................................................................. 4 Desnutrição na Infância ..................................................................................................................... 6 Conceito de desnutrição ................................................................................................................................ 6 Fatores associados à desnutrição .............................................................................................................. 7 Causas da Desnutrição ................................................................................................................................... 7 Classificação........................................................................................................................................................ 8 Consequências da Desnutrição .................................................................................................................. 9 Métodos de Diagnóstico ............................................................................................................................. 11 Critério de Gomez ......................................................................................................................................... 15 Critério de Waterlow ................................................................................................................................... 16 NCHS - National Center for Health Statistic...................................................................................... 17 Formas Clínicas ............................................................................................................................................... 20 Prevenção e Controle da Desnutrição .................................................................................................. 35 Anemia ................................................................................................................................................. 35 Epidemiologia .................................................................................................................................................. 36 Ações do Ministério da Saúde contra anemia .................................................................................... 38 Definição de anemia ..................................................................................................................................... 38 Quadro laboratorial ...................................................................................................................................... 39 Hemácias ........................................................................................................................................................... 39 Classificação..................................................................................................................................................... 41 Alterações laboratoriais nos tipos de anemia .................................................................................... 43 Diagnóstico Clínico ....................................................................................................................................... 43 Tipos de Anemia ............................................................................................................................................. 44 Anemia Ferropriva ........................................................................................................................................ 47 Simulado .............................................................................................................................................. 58 Gabarito ............................................................................................................................................... 68 Referências Bibliográficas ............................................................................................................. 69 4 INTRODUÇÃO Olá Alunos! Nessa aula vamos continuar aprendendo obre o tema Saúde da Criança. Abordaremos desnutrição e anemia que são doenças prevalentes na infância. Vamos inicialmente conceituar esses dois problemas? Para estudar esse assunto analisaremos o Caderno de Atenção Básica n° 33; O Manual de atendimento da criança com desnutrição grave em nível hospitalar e outro Manual do Ministério da Saúde com o título “Obesidade e desnutrição”. Usaremos também uma publicação da Universidade Federal de MG “Saúde da criança e do adolescente - agravos nutricionais”. Vamos nessa? A desnutrição na infância está em diminuição, porém a obesidade está em crescimento nessa faixa etária. A alimentação da população infantil brasileira é inadequada em quantidade e qualidade, fazendo com que a desnutrição conviva junto com a obesidade e acrescido de problemas como a deficiência de vitaminas e minerais. Problemas nutricionais na infância: • Obesidade • Desnutrição • Hipovitaminose • Deficiência de minerais 5 Segundo o Ministério da Saúde (MS), a desnutrição é uma doença de natureza clínico- social multifatorial com causa principal nas situações de pobreza. A desnutrição grave acomete todos os órgãos da criança, tornando-se crônica e levando a óbito, caso não seja tratada adequadamente. Pode começar na vida intrauterina (baixo peso ao nascer) e frequentemente cedo na infância, em decorrência da interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo e da alimentação complementar inadequada nos primeiros 2 anos de vida, associada, muitas vezes, à privação alimentar ao longo da vida e à ocorrência de repetidos episódios de doenças infecciosas (diarreias e respiratórias). Isso gera a desnutrição primária. Outros fatores de risco na gênese da desnutrição incluem problemas familiares relacionados com a situação socioeconômica, precário conhecimento das mães sobre os cuidados com a criança pequena (alimentação, higiene e cuidados com a saúde de modo geral) e o fraco vínculo mãe e filho. Fatores que interferem na desnutrição: • Baixo peso ao nascer • Diarreia e infecções respiratórias • Abandono ao aleitamento materno • Falta de higiene e cuidados adequados da mãe. 6 DESNUTRIÇÃO NA INFÂNCIA Vamos iniciar nosso estudo com o conceito de desnutrição? Conceito de desnutrição 1. A desnutrição pode ser definida como uma condição clínica decorrente de uma deficiência ou excesso, relativo ou absoluto, de um ou mais nutrientes essenciais. 2. A desnutrição grave acomete todos os órgãos da criança, tornando-se crônica e levando a óbito, caso não seja tratada adequadamente. 3. A desnutrição continua a ser uma das causas de morbidade e mortalidade mais comuns entre crianças de todo o mundo. Veja como está na prova! (Instituto Legatus Prefeitura de Angical do Piauí – PI 2016) Qual é a condição conhecida como, em que o corpo não recebe sua cota de nutrientes, ou de inanição, ou como resultado da má absorção: a) Marasmo b) Desnutrição c) Kwashiorkor d) A desnutrição e Marasmo e) Jejum por mais de 12h 7 Comentários: A desnutrição ocorre quando o corpo deixa de receber alimentos ou recebe o alimento, mas não consegue utilizar por má absorção. Resposta Correta: b) DesnutriçãoFatores associados à desnutrição É importante conhecer os fatores de risco para desnutrição com objetivo de identificar crianças nessa situação e atuar na intervenção precoce com a promoção da saúde. Vamos conhecer esses fatores? 1. Baixo nível socioeconômico; 2. Desajustamento familiar; 3. Desnutrição materna; 4. Saneamento básico inadequado; 5. Baixo peso ao nascer; 6. Fraco vínculo mãe-filho; 7. Abandono ao aleitamento materno; 8. Internações hospitalares repetidas; 9. Baixa escolaridade; 10. Baixa renda; 11. Episódios repetidos de diarreia nos primeiros meses de vida; 12. Irmãos falecidos antes de 5 anos; 13. História de maus-tratos na família; 14. Precário conhecimento das mães sobre os cuidados com a criança pequena (alimentação, higiene e cuidados com a saúde de modo geral). Causas da Desnutrição A desnutrição pode apresentar caráter primário ou secundário, dependendo da causa que a promoveu. Causas primárias: A pessoa come pouco ou “mal”. Ou seja, tem uma alimentação quantitativa ou qualitativamente insuficiente em calorias e nutrientes. 8 Causas secundárias: A ingestão de alimentos não é suficiente porque as necessidades energéticas aumentaram ou por qualquer outro fator não relacionado diretamente ao alimento. Além disso, alimentos fornecidos de maneira satisfatória, mas com aproveitamento inadequado. Ex.: vômitos na estenose hipertrófica do piloro, síndrome de má absorção, presença de verminoses, câncer, anorexia, alergia ou intolerância alimentares, digestão e absorção deficiente de nutrientes. A desnutrição ainda pode ter causas mistas que são decorrentes da ação concomitante dos dois processos, uma vez que a desnutrição primária acaba por desencadear uma série de alterações que impedem a ingestão e o aproveitamento do pouco alimento disponível, com o estabelecimento de um círculo vicioso e comprometimento progressivo da saúde do indivíduo. Classificação 1) Específica: Quando falta um nutriente específico. Ex: anemia ferropriva, escorbuto, raquitismo. 9 2) Global: Quando é caracterizada por um déficit proteico e um déficit calórico (energético). Ex: Desnutrição proteico-calórica (marasmo, kwashiorkor). Consequências da Desnutrição A criança desnutrida apresenta atraso do crescimento e desenvolvimento, interferindo em todos os sistemas, acompanhe comigo as consequências na criança desnutrida segundo o MS: 1. Diminuição do peso como resposta inicial à carência proteico-energética. 2. Seguem-se a desaceleração do crescimento, as alterações hormonais, enzimáticas e da resposta imunológica. 3. As crianças desnutridas são mais susceptíveis às infecções, têm dificuldades para absorver certos nutrientes, são mais propensas à diarreia, aos distúrbios hidroeletrolíticos, à hipoglicemia e hipotermia. 4. A anemia não somente é consequência das carências específicas, como também aparece em resposta à baixa demanda de oxigênio pelos tecidos, devida à inatividade física e economia de aminoácidos. 5. A desnutrição em crianças mais jovens acomete o sistema nervoso central, interferindo na mielinização e na produção de neurotransmissores. 10 6. Grande perda muscular e dos depósitos de gordura, provocando debilidade física. 7. Alterações psíquicas e psicológicas: a pessoa fica retraída, apática, estática, triste. 8. Alterações de cabelo e de pele: o cabelo perde a cor (fica mais claro), a pele descasca e fica enrugada. 9. Alterações ósseas, como a má formação. 10. Alterações nos demais órgãos e sistemas respiratório, imunológico, renal, cardíaco, hepático, intestinal etc. A pessoa desnutrida fica mais sujeita a infecções, por causa da perda muscular e, especialmente, da queda nas defesas corporais. Sinais de Alerta: • Hipoglicemia; • Anemia grave; • Desidratação; • Sinais de infecção. • Hipotermia. 11 Métodos de Diagnóstico Existem diversos métodos de diagnosticar a desnutrição. Eles vão desde uma avaliação clínica (observação de características como peso, altura e idade) até uma completa avaliação do estado nutricional do paciente, incluindo, além da análise clínica, dados sobre alimentação, avaliação bioquímica e imunológica, avaliação metabólica e diagnóstico nutricional. Para análise do crescimento e desenvolvimento vamos utilizar as recomendações do CAB 33, esse material nos mostra que o melhor método de acompanhamento do crescimento infantil é o registro periódico do peso, da estatura e do IMC da criança na Caderneta de Saúde da Criança. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam a utilização dos valores de referência para o acompanhamento do crescimento e do ganho de peso das curvas da OMS de 2006 (para crianças menores de 5 anos) e 2007 (para a faixa etária dos 5 aos 19 anos). Em 2006, a OMS apresentou as novas curvas de crescimento infantil, que representam o crescimento infantil sob condições ambientais adequadas. O conjunto das novas curvas da OMS é um instrumento tecnicamente robusto e representa a melhor descrição existente do crescimento físico para crianças menores de 5 anos de idade. Em 2007, a OMS apresentou as novas curvas de crescimento para as crianças dos 5 aos 19 anos. A Caderneta de Saúde da Criança utiliza como parâmetros para avaliação do crescimento de crianças (menores de 10 anos) os seguintes gráficos de: 12 ✓ Perímetro cefálico (de zero a 2 anos); ✓ Peso para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos); ✓ Comprimento/estatura para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos); ✓ Índice de massa corporal (IMC) para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos). A inclusão do IMC como parâmetro de avaliação permite que a criança seja melhor avaliada na sua relação peso versus comprimento (para menores de 2 anos) ou peso versus altura (para maiores de 2 anos). Tal parâmetro auxilia na classificação de crianças que em um determinado período estiveram desnutridas e tiveram o comprometimento de sua estatura, possibilitando uma melhor identificação de crianças com excesso de peso e baixa estatura. Já o peso por idade limita-se a mostrar se a criança está com peso abaixo do recomendado para a sua idade, mas não mostra se a sua estatura já foi comprometida. Fique atento! O MS recomenda o uso do IMC desde o nascimento como parâmetro de avaliação nutricional. As tabelas a seguir apresentam os pontos de corte para a avaliação do crescimento da criança que podem ser avaliados a partir do registro dos dados antropométricos nas curvas disponíveis na Caderneta de Saúde da Criança e pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), do MS. 13 Na desnutrição, o comprometimento do peso ocorre precocemente. O comprometimento da altura ocorre mais tardiamente e indica a cronicidade do processo. As análises dessas tabelas utilizam tanto o parâmetro de percentil como o desvio padrão (escore Z), esse último é o utilizado pela OMS e MS. (Aeronáutica 2013) Avaliando o estado nutricional da criança, observamos o Cartão da Criança, onde consta o gráfico para acompanhamento de crescimento. Diante do gráfico, se o peso da criança estiver entre os percentis 10 e 97, temos: a) peso adequado. b) desnutrição leve. c)desnutrição severa. d) desnutrição moderada. 14 Comentários: Observe na tabela acima que esses parâmetros equivalem a normalidade, peso adequado. Resposta Correta: a) peso adequado. (Aeronáutica 2009) Em relação à desnutrição energético-proteica, marque (V) se verdadeiro, (F) se falso, e assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. ( ) Está relacionada, também, com nível socioeconômico. ( ) Pode advir devido à absorção inadequada dos alimentos oferecidos de forma correta. ( ) Medidas antropométricas não possibilitam discriminar as crianças portadoras de desnutrição. ( ) É uma das maiores causas de morbidade e mortalidade das crianças menores de 5 anos em todo o mundo. a) F - V - F - V b) V - V - F - F c) F - F - V - V d) V - V - F – V Comentários: Item III. Falso. Medidas antropométricas não possibilitam discriminar as crianças portadoras de desnutrição. Resposta Correta: d) V - V - F – V Além da classificação antropométrica da OMS, temos a classificação de Gomez (modificado por Bengoa) e Waterlow (modificado por Batista). 15 Critério de Gomez Classificação Antropométrica 1. Critério de Gomez: Ele é utilizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria- SBP para crianças até 2 anos. Nessa faixa etária, o peso é o parâmetro que tem maior velocidade de crescimento, variando mais em função da idade do que do comprimento da criança, o que o torna mais sensível aos agravos nutricionais, sendo o primeiro a modificar-se nestas circunstâncias. Utilizando a seguinte fórmula: – Índice: peso / peso ideal (P / I); – (P / I): Peso observado x 100 / Peso ideal para a idade (P50 NCHS); Sendo o peso ideal o uso do valor correspondente ao percentil 50 da NCHS (gráfico de peso). Dessa forma, o valor encontrado é classificado em: eutrófico e desnutrido, sendo a desnutrição detalhada em graus: Eutrófico: P / I > 90% do p50; Desnutrição I grau: P / I 76% - 90% (déficit de peso de 10% a 24%); Desnutrição II grau: P / I 60% - 75% (déficit de peso de 25% a 40%); Desnutrição III grau: P / I < 60% (déficit de peso superior a 40%). A presença de edema na criança já leva ao diagnóstico de desnutrição grave ou grau III. Veja essa questão: 16 (FGV 2015) Uma criança atendida em uma unidade de saúde foi classificada com desnutrição de 2º grau, baseado no déficit de peso em relação ao padrão normal para idade. De acordo com essa classificação, a criança apresentou um déficit de peso: a) de 25 a 40%. b) acima de 50%. c) de 15 a 30%. d) acima de 40% e) de 10 a 25%. Comentário: Conforme verificado no critério de Gomez grau 2 equivale a perda de 25 a 40% do peso corporal. Resposta Correta: a) de 25 a 40%. Critério de Waterlow Para as Crianças de 2 a 10 anos a SBP recomenda a aplicação do critério de Waterlow / Batista que é o índice Estatura/Idade (E-I): • (E/I) = Estatura observada x 100 / Estatura ideal para a idade (p50 do NCHS); • P/E Índice Peso/Estatura = Peso observado x 100 / Peso ideal para a estatura encontrada (NCHS). Fazendo a seguinte classificação: Eutrófico: E/I > 95% e P/E > 90% do p50; Desnutrido agudo: E/I > 95% e P/E < 90% do p50; Desnutrido crônico: E/I < 95% e P/E < 90% do p50; Desnutrido pregresso: E/I < 95% e P/E > 90% do p50. Obs: p50 do NCHS (gráfico padrão para idade utilizando o valor do percentil 50. 17 NCHS - National Center for Health Statistic Após análise dos parâmetros antropométricos da criança vamos detalhar a avaliação da história exame físicos e alterações secundárias ao quadro clínico de desnutrição. História e Exame Físico Na avaliação da criança é necessário fazer uma coleta de dados e um exame físico criterioso. Coleta de dados: 1. História da amamentação; 2. Início da introdução de alimentos complementares ao leite materno; 3. Dieta habitual (tipo, frequência e quantidade); 4. Perda de apetite recente; 5. Modificações da alimentação em função da doença da criança; 6. Pessoa que cuida/alimenta a criança; 7. Utensílios utilizados para alimentar a criança (tipo e higienização); 8. Prática de estocagem de alimentos já preparados e sua administração à criança; 9. Prática de administração de sobras/restos de alimentos de uma refeição para outra; 10. Alimentos habitualmente disponíveis no domicílio e utilizados para a alimentação da criança; 11. Alimentos habitualmente consumidos pela família, mas que não são dados à criança e razões para a sua não administração; 12. Alimentos preferidos pela criança. 18 • Peso e estatura da criança ao nascer; • Condições de preenchimento da Caderneta de Saúde da Criança (monitoramento do desenvolvimento e do crescimento, imunização, suplementação vitamínica e/ou mineral); • Marco de desenvolvimento atingido (sentar, ficar em pé, etc); • Doenças e internações anteriores, particularmente por desnutrição e infecções; • Tratamento nutricional recebido, acompanhamento após a alta e reinternações; • Ocorrência de diarreia e vômitos atual • Cor da urina e hora em que urinou pela última vez; Exame Físico • Peso e comprimento ou altura; • Nível de atividade física; • Reação ao exame físico; • Distensão abdominal, movimentos peristálticos intestinais, sinal do piparote; • Panículo adiposo e massa muscular (observar se existe redução, principalmente na região das nádegas e face interna das coxas); • Edema; • Palidez grave; • Aumento ou dor hepática ao toque, icterícia; • Presença de vínculo mãe/criança (olhar, toque, sorriso, fala); • Sinais de colapso circulatório: mãos e pés frios, pulso radial fraco, consciência diminuída; • Temperatura: hipotermia ou febre; • Sede; • Olhos encovados recentemente (examine e pergunte a mãe); • Ouvidos, boca, garganta: evidência de infecção; • Pele: evidência de infecção ou de petéquias e equimoses; • Frequência respiratória e tipos de respiração: sinais de pneumonia ou insuficiência cardíaca; • Aparência das fezes. 19 Alterações Hidroeletrolíticas: – Hipotonicidade extracelular; – Hiponatremia (com aumento do Na intracelular); – Potássio- K sérico normal ou baixo; – Eletrólitos intracelulares: K, Mg e P diminuídos; – Tendência à acidose metabólica, às vezes alcalose metabólica, nas deficiências graves de K. Alterações Imunológicas: – A criança desnutrida terá maior predisposição a infecções devido a: – Redução da imunidade celular; – Alterações dos linfócitos T; – Alterações funcionais das imunoglobulinas; – Deficiência de aminoácidos específicos (arginina e glutamina); – Carência de vitaminas associadas ( A,E,C e B6); Alterações do Sist. Nervoso Central: – Alterações da função cerebral e de aprendizagem; – Privação de estímulos; – Deficiências associadas: Ferro, ác. Graxos essenciais, vit. E. Alterações do Sistema Nervoso Central: – Alterações da função cerebral e de aprendizagem; – Privação de estímulos; – Deficiências associadas: Ferro, ác. Graxos essenciais, vit. E. Alterações Musculares: – Perda de massa muscular; – Alteração permanente da massa muscular; – Dificuldades futuras de recomposição normal da massa muscular. Alterações Endócrinas: – Redução da secreção de insulina; 20 – Aumento da secreção de glucagon e de epinefrina; – Liberação de cortisol;– Resistência periférica à insulina; – Estímulo de secreção do hormônio de crescimento. Alterações Cardiovasculares: – Redução do débito cardíaco; – Redução do volume sistólico; – Alterações da bomba cardíaca pela própria deficiência de vitaminas e de oligoelementos; – Bradicardia, hipotensão; – Insuficiência cardíaca na recuperação nutricional. Avaliação de exames Devem ser solicitados os exames complementares, se a criança apresentar sinais e ou sintomas de outras doenças associadas, tais como anemia, parasitoses intestinais, infecção urinária e outras infecções. O hemograma, exame de urina, parasitológico de fezes e glicemia podem ser úteis para o diagnóstico de doenças concomitantes. Exames solicitados • Hemoglobina e/ou hemograma Avaliação de anemia; • Glicose sanguínea Detectar hipoglicemia; • Exame sumário e cultura de amostra de urina Detectar Infecção do trato urinário; • Exame de fezes Parasitológico. Formas Clínicas A desnutrição grave deve ser avaliada pela presença de edema ou não. A manifestação do edema ocorre pela deficiência de albumina, proteína que é responsável por manter a pressão osmótica dentro do sangue. 21 Para avaliação do edema deve ser feito o exame físico e pesar a criança. (COPESE UFRJ 2009) O edema na desnutrição tem como principal causa: a) a diminuição da secreção de insulina. b) o aumento da albumina sérica. c) o aumento da concentração de sódio sérico. d) o aumento do volume sanguíneo. e) a diminuição da albumina plasmática. Comentários: A deficiência de albumina dentro da luz do vaso sanguíneo acarreta perda de plasma para o terceiro espaço e a manifestação clínica disso é o edema. Muitas questões de concursos utilizam a classificação da desnutrição Proteico-Calórica: – Kwashiorkor; – Marasmo; – Kwashiorkor-Marasmático. 22 Resposta Correta: e) a diminuição da albumina plasmática. Vamos diferenciar essas três formas de apresentação? Kwashiorkor O Kwashiorkor é caracterizado por atrofia muscular marcante, com gordura corporal total normal ou aumentada. Tem como causa a ingesta inadequada de proteínas. A anorexia é quase universal. Os achados de exame físico incluem: peso e altura normal ou quase normal para a idade; anasarca; fascies em lua, edema com cacifo das extremidades e periorbital; pele seca, fina, descamativa, com áreas confluentes de hiperpigmentação e hiperceratose, cabelo seco, hipopigmentado, de queda fácil; hepatomegalia (por esteatose hepática); abdome distendido, com alças intestinais dilatadas. Quadro clínico- Kwashiorkor – Afeta crianças acima de 2 anos (principalmente 2 e 3 anos); – Carência mais proteica do que energética; – Tecido celular subcutâneo preservado; – Apatia mental; – Lesões de pele (seca, fria, áspera, sem brilho, eritema, descamação, fissuras lineares e flexurais); – Grande emagrecimento do tórax e de segmentos proximais e edema dos segmentos distais; – Edema (principal achado); – Alterações dos cabelos: Finos, secos, quebradiços, “sinal da bandeira”(faixas de coloração clara e escura); – Unhas finas, quebradiças, sem brilho; – Mucosas: “Língua careca”, retração das gengivas, lábios rachados; – Hepatomegalia (esteatose hepática); – Hipoalbuminemia 23 – Anorexia, diarreia, infecções e deficiências de micronutrientes (vitamina A, zinco, ferro) Marasmo O marasmo é caracterizado como a perda de massa muscular e a diminuição de lipídeos. É a forma mais comum de desnutrição proteico-energética e é causada pela ingesta inadequada de nutrientes, especialmente calorias totais. Essas crianças demonstram, classicamente, constipação grave e são extremamente famintas quando do início da realimentação. O exame físico vai mostrar: peso e altura diminuídos para a idade, aparência de fraqueza, bradicardia, hipotensão, hipotermia, pele seca e fina, dobras cutâneas redundantes por perda do panículo adiposo, cabelo fino e esparso, de queda fácil. A criança com marasmo é muito magra, com evidente perda de massa muscular, extremidades muito delgadas e abdômen às vezes proeminente. A face tem uma aparência de “velho”. Pregas frouxas da pele podem ser vistas, principalmente nas nádegas. Os principais sinais clínicos são peso muito baixo (peso por idade inferior a 60% do peso previsto para a idade), retardo no crescimento (baixa estatura para a idade) e gordura cutânea escassa ou ausente. Diarreia, infecção respiratória, parasitoses e tuberculose comumente estão presentes, bem como sinais de carências de 24 micronutrientes, como xeroftalmia, deficiência de vitamina B, anemia ferropriva e outras. O estado de ânimo pode ser mais ansioso do que apático. A temperatura corporal tende à hipotermia. Marasmo – Crianças menores de 1 ano (lactentes); – Deficiência de calorias e de proteínas; – Emagrecimento seco; – Fácies senil; – Perda do tecido celular subcutâneo e muscular; – Cabelos escassos e finos; – Ausência de lesões de pele; – Ausência de esteatose hepática; – Albumina geralmente normal. (Marinha 2011) O padrão de vida subumana associado a frequentes e repetidos processos infecciosos são os responsáveis imediatos pelos aumentos do processo de desnutrição infantil grave. Na desnutrição de 3° grau denominada marasmo observa- se: a) presença de tecido celular subcutâneo. b) presença de dermatoses. c) perda de apetite. d) face de lua cheia. e) face senil. Comentários: Como verificado o quadro clínico do marasmo consiste na face senil, as outras características são típicas do Kwashiorkor. Quadro clínico do Kwashiorkor: Descoloração dos cabelos; Abdômen distendido; Pele ressecada; Rosto inchado; Tristeza, irritabilidade e apatia; Fígado edemaciado; edema em região dos tornozelos e pés; Olhos avermelhados. 25 Resposta Correta: e) face senil. Kwashiorkor-marasmático: criança com ingestão inadequada de todos os macronutrientes, que, subsequentemente, desenvolve doenças infecciosas comuns da infância. Nessas circunstâncias, a criança desenvolve hipoalbuminenia e edema, devido à associação da perda aguda de nutrientes com a resposta inflamatória super imposta à depleção crônica de massa lipídica e muscular. – Forma mista; – Crianças entre 1 e 2 anos; – Perda de tecido celular subcutâneo; – Edema de extremidades. Vamos resumir a comparação das formas clínicas da desnutrição pela tabela a seguir: Veja como foi cobrado: (Cetro 2014) Sobre a desnutrição, assinale a alternativa correta. a) O Marasmo é considerado como estágio inicial da caquexia. b) O Marasmo não responde ao tratamento nutricional. c) A desnutrição proteico-calórica mista é uma condição leve, que não exige tratamento imediato. Marasmo Kwashiorko Mista Edema Não Sim Variável Dermatose Não Sim Variável Alt. Cabelo Não Sim Variável Hepatome-galia Não Sim Variável 26 d) Um sinal de Marasmo é a queda de cabelo, fato que não ocorre no Kwashiorkor. e) O Marasmo é de fácil diagnóstico clínico do paciente, que se encontra emagrecido e sem massa gordurosa e muscular, mostrando peso inferior a 80% do ideal. Comentários: O marasmo é uma forma de desnutrição grave em estágio final. Letra B. Errada, o marasmo responde ao tratamento nutricional. Letra C. Errada. A desnutrição mistaé grave. Letra D. Errada. A queda de cabelo é característica do Kwashiorkor. Resposta Correta: e) O Marasmo é de fácil diagnóstico clínico do paciente, que se encontra emagrecido e sem massa gordurosa e muscular, mostrando peso inferior a 80% do ideal. (Aeronáutica 2016) A assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente as lacunas do texto abaixo. A desnutrição, em especial nas crianças menores de dois anos de idade, pode causar danos permanentes irreversíveis no corpo e na mente. A desnutrição do tipo _______________ resulta de uma deficiência global de energia, com déficit de hidratos de carbono, gordura e proteína. A desnutrição do tipo _______________ resulta de uma grave deficiência de proteína e ingestão adequada de calorias. a) Kwashiorkor – Marasmo-Kwashiorkor b) Marasmo – Marasmo-Kwashiorkor c) Marasmo – Kwashiorkor d) Kwashiorkor – Marasmo Comentários: Não esqueça! Deficiência global é característica do marasmo e a deficiência de proteína é do Kwashiorkor. 27 Resposta Correta: c) Marasmo – Kwashiorkor (Marinha 2014) Segundo Lima e Matão (2010), qual das desnutrições abaixo se caracteriza pela carência proteica, sendo mantido relativo aporte calórico, em que a criança apresenta como sinais edema clínico, face de lua cheia e presença de dermatoses? a) Pelagra. b) Marasmo. c) Beribéri. d) Raquitismo. e) Kwashiorkor. Comentários: Falou em edema lembre-se do Kwashiorkor. Resposta Correta: e) Kwashiorkor. Tratamento Vamos analisar as recomendações para a desnutrição pelo CAB 33 de Crescimento e desenvolvimento? Observe as orientações por faixa etária: Magreza ou peso baixo para a idade Para crianças menores de 2 anos: • Investigue possíveis causas, com atenção especial para o desmame. • Oriente a mãe sobre a alimentação complementar adequada para a idade. • Se a criança não ganhar peso, solicite seu acompanhamento no Nasf, se tal possibilidade estiver disponível. • Oriente o retorno da criança no intervalo máximo de 15 dias. 28 Magreza ou peso baixo para a idade Para crianças maiores de 2 anos: • Investigue possíveis causas, com atenção especial para a alimentação, para as intercorrências infecciosas, os cuidados com a criança, o afeto e a higiene. • Trate as intercorrências clínicas, se houver. • Solicite o acompanhamento da criança no Nasf, se tal possibilidade estiver disponível. • Encaminhe a criança para o serviço social, se isso for necessário. • Oriente a família para que a criança realize nova consulta com intervalo máximo de 15 dias. Objetivos do tratamento O tratamento da desnutrição varia de acordo com a gravidade da doença. Os principais objetivos do tratamento são: 1. Recuperar o estado nutricional. 2. Normalizar as alterações orgânicas ocasionadas pela desnutrição. 3. Promover o crescimento (no caso das crianças) e o ganho de peso. Condutas A conduta nas crianças desnutridas vai depender da gravidade e do tipo de desnutrição: 29 Tratamento da desnutrição grave: Segundo o MS, o tratamento da desnutrição grave se baseia em um conjunto de orientações denominado “10 Passos para Recuperação Nutricional da Criança com Desnutrição Grave”. Os 10 passos para a recuperação da criança com desnutrição grave: Passos 1-2: tratar/prevenir hipoglicemia e hipotermia; Passo 3: tratar a desidratação e o choque séptico; Passo 4: corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos; Passo 5: tratar infecção; Passo 6: corrigir as deficiências de micronutrientes; Passo 7: reiniciar a alimentação cautelosamente; Passo 8: reconstruir os tecidos perdidos (fase de reabilitação ou de crescimento rápido); Passo 9: afetividade, estimulação, recreação e cuidado; Passo 10: preparar para a alta e o acompanhamento após a alta Estes passos NÃO são necessariamente subsequentes e, para possibilitar uma melhor visão global de todo o tratamento, são divididos em 3 fases: Fase 1 Inicial - Estabilização: • Tratar os problemas que ocasionem risco de morte (Tratar hipoglicemia; Prevenir/tratar hipotermia; Tratar desidratação, distúrbios hidroeletrolíticos e choque séptico); • Corrigir as deficiências nutricionais específicas- Correção de deficiências de micronutrientes; • Tratar possíveis infecções; • Reverter às anormalidades metabólicas; e • Iniciar a alimentação. • Tratamento dietético; • Estimular vínculo mãe-filho. 30 Fase 2 Reabilitação: • Dar a alimentação intensiva para assegurar o crescimento rápido visando recuperar grande parte do peso perdido; • Fazer estimulação emocional e física; Corrigir deficiência de micronutrientes como Ferro. • Orientar a mãe ou pessoa que cuida da criança para continuar os cuidados em casa e, • Realizar a preparação para a alta da criança Fase 3 Acompanhamento: Após a alta, encaminhar para acompanhamento ambulatório, centro de recuperação nutricional, atenção básica, comunidade/família para prevenir a recaída e assegurar a continuidade do tratamento. Critérios para transferir para um centro de reabilitação: 1. Criança comendo bem; 2. Melhora do estado mental 3. Senta, engatinha, anda (depende da idade); 4. Temperatura normal (36,5-37,0Cº); 5. Sem vômitos ou diarreia; 6. Sem edema; 7. Ganho de peso: >5g/kg de peso por dia por 3 dias sucessivos. 31 (FADESP PM-PA 2010) Foi internada em uma Clínica Pediátrica uma criança de 2 anos de idade, com perda de peso, pele enrugada, atrofia muscular, hipotonia e hipotermia. Após avaliação médica, foi diagnosticado caso de desnutrição grave. Nesse caso, um dos cuidados de enfermagem é: a) adotar medidas de prevenção de complicações e infecções, especialmente das respiratórias, das cutâneas e das do trato gastrointestinal. b) oferecer como alimentação básica inicial uma dieta pobre em carboidratos e sais minerais e rica em proteínas. c) administrar prioritariamente a alimentação por sonda nasoenteral, em quantidades normais, observando sinais de distensão abdominal, em função da digestão e da absorção prejudicadas. d) estimular a administração da dieta em porções únicas, a fim de ser observada imediatamente a intolerância gástrica. Comentários: Letra B. Errada, a dieta inicial deve ser rica em carboidratos (dieta recomendada pelo MS na fase inicial: leite em pó integral, açúcar, óleo vegetal, solução de eletrólitos e minerais e água). Letra C. Errada, a dieta será utilizada por sonda se houver dificuldade de deglutição. A via oral é a preferencial para administrar a alimentação. Letra D. As dietas devem ser fracionadas. Oferecer em pequenos volumes e em intervalos frequentes, de preferência de 2 em 2 horas (dia e noite), principalmente para as crianças com maior risco. As refeições noturnas são muito importantes para a boa evolução da criança. Resposta Correta: a) adotar medidas de prevenção de complicações e infecções, especialmente das respiratórias, das cutâneas e das do trato gastrointestinal. Vamos praticar com a questão a seguir: (AOCP UFC 2014) Sobre a desnutrição grave em crianças, é correto afirmar que: 32 a) a hiperglicemia é uma importante causa de morte da criança com desnutrição grave nos primeiros dias de tratamento. Por isso, o seu risco deve ser sistematicamenteavaliado em toda criança hospitalizada com desnutrição grave. b) a via oral é a preferencial para hidratação da criança com desnutrição grave. Usar a via intravenosa (IV) apenas quando há sinais evidentes de choque. c) considera-se que a criança com desnutrição grave tem hipertermia, que requer conduta clínica específica, quando a temperatura axilar está acima de 35ºC ou a temperatura retal estiver acima de 35,5º C. d) as crianças com desnutrição grave apresentam níveis altos de potássio e baixos de sódio corporal. Portanto, a solução para reidratação oral dessas crianças deve ter mais sódio e menos potássio. e) a amamentação deve ser interrompida durante a reidratação para não causar maiores prejuízos tanto para a mãe quanto para a criança que recebe os primeiros atendimentos. Comentários: A hipoglicemia que leva ao óbito. Vamos analisar a abordagem da hipoglicemia na criança desnutrida pelo Manual do MS? A hipoglicemia é uma importante causa de morte da criança com desnutrição grave nos primeiros dias de tratamento. Por isso, o seu risco deve ser sistematicamente avaliado em toda criança hospitalizada com desnutrição grave. Pode ser causada por infecção sistêmica grave ou período prolongado de jejum (ex: período de 4 ou mais horas decorridos no transporte da criança até o hospital e/ou espera em fila de atendimento). O diagnóstico da hipoglicemia da criança com desnutrição grave é de glicose sanguínea inferior a 54 mg/dl. Assume-se que toda criança com desnutrição grave tem hipoglicemia e deve ser tratada para tal imediatamente e, se for possível, a realizar, de imediato, exame laboratorial específico para investigar a gravidade da situação. 33 O quadro clínico da hipoglicemia na desnutrição grave é inespecífico e, na maioria das vezes, se expressa como: • Baixa temperatura corporal (temperatura axilar <36,5 ºC); • Provável presença de letargia, dificuldades de coordenação motora e perda de consciência; • Sonolência, crises convulsivas e coma são sinais de gravidade que podem levar à morte. Atenção: Sudorese e palidez habitualmente não ocorrem em crianças com desnutrição grave e hipoglicêmicas, como frequentemente ocorre nas crianças eutróficas. Letra C. A criança desnutrida apresenta hipotermia e não hipertermia. Vamos revisar os critérios da hipotermia na criança com desnutrição pelo manual do MS? As crianças com desnutrição grave são altamente susceptíveis a hipotermia que é uma importante causa de morte nessas crianças e, frequentemente, ocorre nas seguintes condições: a) Infecções graves; b) Marasmo; c) Presença de áreas extensas de pele lesada; d) Idade abaixo de 12 meses. Diagnóstico da hipotermia Considera-se que a criança com desnutrição grave tem hipotermia, que requer conduta clínica específica, quando a temperatura axilar está abaixo de 35,0 ºC ou a temperatura retal estiver abaixo de 35,5 ºC. Letra D. Errada. Essa alternativa abordou de forma contrária o distúrbio hidroeletrolítico, a criança com desnutrição apresenta níveis baixos de potássio e alto de sódio. Vamos analisar a recomendação do Manual do MS para a desidratação? DESIDRATAÇÃO Princípios básicos para o tratamento • A via oral é a preferencial para hidratação da criança com desnutrição grave. Usar a via intravenosa (IV) apenas quando há sinais evidentes de choque. Infusão IV na criança com 34 desnutrição grave tem riscos de causar hiperidratação e levar à insuficiência cardíaca congestiva. • As crianças com desnutrição grave apresentam níveis baixos de potássio e altos de sódio corporal. Portanto, a solução para reidratação oral dessas crianças deve ter menos sódio e mais potássio que a solução padrão de reidratação oral preconizada pela OMS e deve estar associada a uma mistura de minerais e eletrólitos. Essa solução é denominada Soro de Reidratação Oral para Crianças com Desnutrição Grave (RESOMAL). O objetivo da composição dessa solução é prover as quantidades adequadas de sódio e potássio e adicionar magnésio, zinco e cobre para corrigir a deficiência desses minerais. Letra E. Errada. A amamentação deve ser mantida, observe a recomendação do MS! A amamentação não deve ser interrompida durante a reidratação. Se a criança for amamentada e estiver sugando sem dificuldade, continue a oferecer o peito normalmente. Mas se a criança não consegue sugar, orientar a mãe para ordenhar o peito e oferecer leite através de sonda nasogástrica o mais rápido possível. Revise comigo os dez passos para a recuperação da criança com desnutrição grave: Passos 1-2: tratar/prevenir hipoglicemia e hipotermia; Passo 3: tratar a desidratação e o choque séptico; Passo 4: corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos; Passo 5: tratar infecção; Passo 6: corrigir as deficiências de micronutrientes; Passo 7: reiniciar a alimentação cautelosamente; Passo 8: reconstruir os tecidos perdidos (fase de reabilitação ou de crescimento rápido); Passo 9: afetividade, estimulação, recreação e cuidado; Passo 10: preparar para a alta e o acompanhamento após a alta Resposta Correta: b) a via oral é a preferencial para hidratação da criança com desnutrição grave. Usar a via intravenosa (IV) apenas quando há sinais evidentes de choque. 35 Prevenção e Controle da Desnutrição Devem-se promover políticas públicas e medidas mais amplas e eficientes de combate à pobreza e a fome e políticas de inclusão social; A prevenção e o controle dos processos infecciosos e infestações parasitárias na criança desnutrida são medidas essenciais para interromper o círculo vicioso que se instala nessas condições. O diagnóstico e as intervenções precoces têm papel decisivo para o sucesso da recuperação. Portanto: - A situação vacinal das crianças deve ser rigorosamente verificada a cada visita à Unidade Básica de Saúde (UBS); - Crianças com parasitoses devem ser tratadas assim que se faça o diagnóstico; - A família e a equipe devem estar atentas aos primeiros sinais de alerta, como febre, gemidos, dificuldade para respirar, tosse, tiragem subcostal, estridor, diarreia, vômito, sinal da prega, olhos fundos e recusa alimentar; - A oferta de alimentos deve ser aumentada nos períodos de convalescença, uma vez que os processos infecciosos aumentam até 30% a necessidade energético-proteica; Devem ser encaminhadas ao serviço de urgência as crianças que apresentarem sinais gerais de perigo. As crianças com desnutrição ficam mais susceptíveis à infecção, diante disso e do risco de infecções cruzadas no hospital a criança com desnutrição grave deve ser isolada. Finalizamos a temática da desnutrição, seguiremos com a anemia que também é um problema nutricional na maioria dos casos. 36 ANEMIA Epidemiologia Segundo o Ministério da Saúde, no CAB 33, estima-se que metade da população de crianças menores de 4 anos, nos países em desenvolvimento, sofra de anemia ferropriva. Na América Latina, a anemia afeta 55% das crianças de 6 a 18 meses e 30% das pré- escolares. Estudos apontam que, em vários locais do Brasil, aproximadamente a metade dos pré-escolares é anêmica, com a prevalência chegando a 67,6% nas idades entre 6 e 24 meses. Conforme a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher - PNDS de 2006, a prevalência de anemia no Brasil em crianças de 6 a 59 anos é de 20,9%. A anemia é um dos fatores mais importantes relacionados ao déficit cognitivo em crianças. A deficiência de ferro é a causa maiscomum de anemia e a carência nutricional específica mais prevalente tanto em países industrializados como nos em desenvolvimento, sendo ainda considerada uma carência em expansão em todos os segmentos sociais. Os estudos na América Latina revelaram prevalências de anemia de 12% a 69% em crianças menores de 5 anos. No Brasil têm sido verificadas elevadas prevalências dessa deficiência, principalmente entre as crianças de 6 a 24 meses, que constituem a faixa de maior risco. Essa é uma das fases do ciclo de vida mais sensível à deficiência de ferro, pois o requerimento natural desse nutriente é mais elevado, mas na maioria das vezes ele se encontra em quantidades insuficientes nas dietas. Nessa idade que ocorre a etapa de maior vulnerabilidade do sistema nervoso central, coincidindo esse período com momentos importantes do desenvolvimento cerebral, como a iniciação de processos motores e mentais fundamentais. 37 O mesmo CAB 33 relata que a utilização de leite de vaca em detrimento de outros alimentos ricos em ferro constitui um risco para o desenvolvimento de anemia, por causa de sua baixa biodisponibilidade e baixa densidade de ferro, além de sua associação com micro hemorragias. Achei muito interessante essa abordagem da falta de correlação nos estudos sobre a relação anemia versus parasitoses, verifique comigo como está descrito no CAB 33. Estudos realizados principalmente com crianças verificaram que parasitose intestinal NÃO pode ser considerada um fator etiopatogênico importante da anemia no Brasil. Em São Paulo, em análise de crianças de diferentes níveis socioeconômicos, verificou-se elevada prevalência de parasitose em menores de 2 anos de baixa renda, sendo a proporção de anêmicos entre os não parasitados significativamente maior do que entre os parasitados. Também se verificou em São Paulo que as parasitoses atingiam frequências mais elevadas em crianças de maior faixa etária, que são justamente as mais protegidas contra anemia. 38 Ações do Ministério da Saúde contra anemia O Programa Nacional de Suplementação de Ferro, do Ministério da Saúde, e a política de fortificação obrigatória das farinhas de trigo, milho com ferro e ácido fólico, além da orientação nutricional constituem o conjunto de estratégias voltadas para o controle e redução da anemia por deficiência de ferro no País. Tais estratégias recomendam a suplementação a todas as crianças de 6 a 18 meses (ou, se não estiverem em período de aleitamento materno exclusivo, a partir dos 4 meses) e mais cedo para as crianças de baixo peso ao nascer e pré-termo (abaixo de 37 semanas). Os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) também sugerem profilaxia a partir dos 6 meses nas crianças que não recebem ferro suficiente por meio da alimentação complementar. A suplementação apresenta algumas dificuldades em relação ao surgimento de efeitos colaterais indesejáveis e à longa duração do tratamento. Em muitos casos, a dificuldade em aderir ao tratamento devido ao surgimento de efeitos adversos é superior às queixas relatadas e relacionadas à própria anemia. Por isso, a falta de motivação para a manutenção do tratamento tem acarretado situações de baixa efetividade deste tipo de terapia medicamentosa. Definição de anemia A anemia, segundo a OMS, é a condição na qual os níveis de hemoglobina circulante estão abaixo dos valores considerados normais para a idade, o sexo, o estado fisiológico e a altitude. Ocorre em consequência de várias situações como infecções crônicas, problemas hereditários sanguíneos, carência de um ou mais nutrientes essenciais, necessários na formação da hemoglobina, como ácido fólico, Vitaminas B12, B6 e C e proteínas. Entretanto, não resta dúvida de que a deficiência de ferro é a responsável pela maior parte das anemias encontradas, sendo denominada de anemia ferropriva. 39 Quadro laboratorial Nos exames laboratoriais é notório a diminuição do hematócrito, hemoglobina e redução do tamanho das hemácias. É importante levar em consideração que o hematócrito e níveis de hemoglobina variam a depender da fase do desenvolvimento, estimulação hormonal, tensão de O₂ no ambiente, idade e sexo. Os valores de normalidade utilizados pelo MS estão no CAB 33, confira comigo? Fonte: WHO/UNICEF/ UNU 1997 apud STOLTZFUS; DREYFUSS, 1998 Hemácias Para caracterizar a anemia ocorre a falta de hemácias pela falta de produção ou excesso de destruição, ou ainda por perdas de sangue por hemorragia. Vamos conhecer um pouco mais sobre essa célula fundamental no desenvolvimento da anemia. As hemácias são unidades morfológicas da série vermelha do sangue, também chamadas de eritrócitos ou glóbulos vermelhos. São formadas por globulina e 40 hemoglobina (composta de 4 moléculas proteicas de estrutura terciária e 4 grupamentos heme que contém o ferro, cada íon ferro é capaz de se ligar a dois átomos de oxigênio, um para cada molécula de hemoglobina), e a sua função é transportar o oxigênio e o gás carbônico (CO2). As hemácias vivem por aproximadamente 120 dias. É importante também saber que as hemácias são formadas pelo estimulo hormonal da eritropoietina produzida no rim. A eritropoietina estimula a medula vermelha dos ossos longos a produção das hemácias. Elas são destruídas no baço quando é liberado os componentes para formar novas hemácias. (AOCP EBSERH 2015) A Eritropoetina, hormônio produzido pelo rim, age ao estimular a medula óssea na produção de hemácias. O enunciado se refere a qual complicação renal? a) Câimbra. b) Hipocalemia. c) Anemia. d) Hipocalcemia. e) Deficiência de Fósforo 41 Comentários: A anemia pode ser causada pela falta de produção da eritropoietina, hormônio responsável pelo estimulo a produção das hemácias. Resposta Correta: c) Anemia. Classificação A anemia pode ser classificada pela causa como: • Diminuição da produção de hemácias; • Aumento da destruição de hemácias; • Perdas hemorrágicas. A diminuição de hemácia pode ocorrer por falta de tecido eritropoiético, invasão de medula óssea por elementos malignos e deficiência de elementos essenciais à formação do eritrócito, como o ferro por exemplo. A destruição aumentada pode ser por agressão ao eritrócito ou até por defeitos do eritrócito, também pode ser por excesso de ação do baço. Resumo de causas de destruição aumentada de hemácias: Agressão ao eritrócito: ✓ Toxinas ✓ Parasitas ✓ Imunológica 42 Defeito do eritrócito: ✓ Arquitetura da membrana ✓ Enzimático ✓ Hemoglobina anormal Hiperesplenismo: As perdas hemorrágicas podem ocorrer de forma aguda como no trauma ou crônica. Perdas Hemorrágicas Agudas: ✓ Traumas; ✓ Cirurgias; ✓ Hemorragias nos tratos gastrintestinal e genital. Perdas Hemorrágicas Crônicas: ✓ Úlceras; ✓ Tumores intestinais; ✓ Parasitas intestinais. A anemia também pode ser classificada pelas alterações que ocorrem nas hemácias, ou seja, pela sua morfologia (tamanho). Nessa classificação teremos as anemias: • Microcítica (hemácias pequenas - comum na anemia ferropriva); • Normocítica (tamanho normal das hemácias); • Macrocítica (hemácias grandes, comum na anemia megaloblástica). As hemácias podem ficar mais claras quando estão com pouca quantidade de ferro chamadade hipocrômica ou com quantidade normal de ferro e cor normal é chamada de normocrômica e se estiver muito escura é chamada de hipercrômica. 43 Alterações laboratoriais nos tipos de anemia I. Anemia hipocrômica microcítica - VCM, HCM e CHCM diminuídos · Anemia por deficiência de ferro ou Anemia por alterações no metabolismo do ferro (anemia sideroblástica) · Alterações na síntese de hemoglobina: talassemias · Anemia de doença crônica II. Anemia normocítica normocrômica - VCM, HCM e CHCM normais · Anemia por diminuição de produção: anemia aplástica · Anemia de doença crônica · Anemia secundária à insuficiência renal crônica · Anemias hemolíticas III. Anemia normocrômica macrocítica - VCM aumentado, HCM e CHCM normais · Anemias megaloblásticas (deficiência de folato e/ou vitamina B12) · Anemia secundária à doença hepática · Anemia secundária ao hipotiroidismo · Anemias hemolíticas Diagnóstico Clínico As manifestações clínicas são decorrentes da redução da capacidade transporte de O₂ no sangue e menor oxigenação dos tecidos (hipóxia) e podem ser percebidas da seguinte forma: - Irritabilidade - Cefaleia - Debilidade física - Dispneia aos esforços - Depressão imunológica - Palidez - Tontura - Astenia - Falta de interesse e atenção - Perversão do apetite e anorexia 44 Tipos de Anemia Nas provas de concursos o tipo de anemia e correlação com sua causa é a parte do assunto mais frequente nas questões, portanto fique ligado nessa parte da aula! Ok? 1. Anemia Falciforme: este tipo de anemia é genética com herança tipo autossômica recessiva. É chamado portador de anemia falciforme o paciente que apresenta o gene da hemoglobina S (HbS) em homozigose e portador do traço falcêmico o indivíduo que apresenta o gene da HbS em heterozigose. Essa doença é caracterizada pela produção anormal de hemoglobinas, entre as quais a mais comum é a forma HbS (de Sickle, foice), que sob determinadas condições de desoxigenação, polimeriza, deformando as hemácias, que assumem uma forma semelhante a foices, causando deficiência no transporte de oxigénio e gás carbónico e outras complicações. É classificada entre as anemias por "defeito da síntese de hemoglobina". 2. Anemia Ferropriva: é causada pelo baixo consumo de alimentos ricos em ferro ou hemorragias, e é identificada num simples hemograma. Seu tratamento consiste na boa alimentação e na suplementação de ferro. 3. Anemia megaloblástica (deficiência da vitamina B 12 ou de folato): 3.1 Deficiência de vitamina B12 (cianocobalamina): dieta deficiente, deficiência de fator intrínseco (anemia perniciosa), gastrectomia total, má absorção seletiva de B12, doenças que afetam o íleo terminal (ileítes regionais). 3.2 Deficiência de folato: dieta deficiente, aumento das necessidades (gravidez, alcoolismo, infância), má absorção, induzida por drogas (anticonvulsivantes, anticoncepcionais), cirurgias com ressecção intestinal extensa. 3.3 Deficiência mista (vitamina B12 e folato): doença celíaca, uso de drogas: antagonistas do folato (metotrexato, trimetropina, pirimetamida), agentes alquilantes (ciclofosfamida, sufassalazina etc.). 45 A anemia Perniciosa é causada pela deficiência de vitamina B12 no organismo e gera, além dos sintomas típicos da anemia, neuropatia e diminuição da concentração de ácido gástrico no estômago. Esta anemia pode resultar em graves danos neurológicos, se não houver o tratamento adequado. 4. Anemia Aplástica: é uma doença autoimune onde a medula óssea diminui a produção de células sanguíneas. Seu tratamento é feito com transplante de medula óssea e transfusão de sangue, quando não é devidamente tratada, pode levar à morte em menos de 1 ano. 5. Anemia Hemolítica: este tipo produz anticorpos que destroem as células sanguíneas. Ela é mais comum em mulheres do que em homens e gera sintomas como palidez, tontura, marcas roxas na pele, pele e olhos secos e outros. Felizmente, ela tem cura e esta pode ser alcançada com medicamentos e, por vezes, é necessária a remoção do baço. Veja no esquema abaixo: Tipo de anemia Fisiopatologia Causa Característica da hemácia Ferropriva Eritropoise insuficiente por falta de ferro Falta de ferro Microcítica (pequena) Hipocrômica (descorada) Aplástica Falta de células da medula óssea (percussoras) Congênita ou adquirida Normocítica e normocrômica Megaloblástica Eritropoiese inficaz Carência de vitamina B12 ou folato Macrocítica (hemácia grande) Hemolítica Destruição acelerada das hemácias Congênita ou adquirida Normocítica Doenças crônicas Deficiência da eritropoietina EPO Doença renal Normocítica e normocrômica 46 Vamos praticar? (IBFC 2013) Considerando a anemia, assinale a alternativa incorreta: a) A Talassemia é um tipo de anemia hemolítica, não hereditária, caracterizada por três tipos de crise na população adulta. A mais comum é a crise anêmica muito dolorosa, que resulta de hipóxia tecidual e necrose em consequência do fluxo sanguíneo inadequado para uma região específica do tecido ou do órgão. b) Um dos possíveis diagnósticos de Enfermagem pode ser a fadiga relacionada com a redução da hemoglobina e a capacidade diminuída de transporte de oxigênio do sangue. c) A anemia é uma condição em que a concentração de hemoglobina é inferior ao normal, refletindo a presença de menos eritrócitos do que o habitual na circulação, consequentemente a quantidade de oxigênio liberada para os tecidos corporais também está diminuída. d) O tratamento da anemia é direcionado para a correção ou o controle de sua causa. Caso a anemia seja grave, os eritrócitos perdidos ou destruídos podem ser substituídos com uma transfusão de concentrado de hemácias. Comentário: A talassemia é uma doença genética. Ocasiona uma malformação da hemoglobina, proteína encontrada nas hemácias. Resposta Correta: a) A Talassemia é um tipo de anemia hemolítica, não hereditária, caracterizada por três tipos de crise na população adulta. A mais comum é a crise anêmica muito dolorosa, que resulta de hipóxia tecidual e necrose em consequência do fluxo sanguíneo inadequado para uma região específica do tecido ou do órgão. 47 Vamos detalhar um pouco mais a anemia ferropriva, pois essa é a mais comum nas crianças. Anemia Ferropriva É a mais frequente (atingindo 40 a 50% das crianças < 5 anos). Deficiência de Ferro • Aumento da necessidade; • Excesso de perda; • Má absorção GI de Fe; • Dieta deficiente em Fe; • Anemia materna; • Hemólise neonatal. Vamos conhecer os tipos de ferro (heme e não heme), qual é mais fácil de ser absorvido e os fatores que interferem na absorção ou não desse nutriente? Para isso usaremos o texto do CAB 33 do MS. É importante conhecer os alimentos que favorecem ou prejudicam a absorção para incluí-los ou não nas refeições ricas em ferro, como o almoço e o jantar. O período de intervalo é de 2 horas, para não haver interferência. Fatores que facilitam a absorção do ferro: • Ácido ascórbico (presente nos sucos cítricos). • Ácidos orgânicos (presentes na casca de feijão, nos cereais crus e nos farelos). Fatores que prejudicam a absorção do ferro: • Cálcio (presente no leite e em seus derivados) = que afeta, também, a forma heme. • Polifenóis (presentes nos chás e na cafeína).48 Recomendações do Ministério da Saúde • A carne deve, sempre que possível, fazer parte da composição das papas. • Deve-se oferecer um pedaço pequeno de fígado de boi uma vez por semana. • Dietas vegetarianas não fortificadas ou não suplementadas não são recomendadas para crianças menores de 2 anos, porque não suprem as necessidades de alguns nutrientes, como ferro, zinco e cálcio. • Deve-se oferecer uma fruta com vitamina C in natura, amassada, após as refeições principais, como o almoço e o jantar. Deve-se preferir a fruta em vez do suco natural. “No entanto, o suco natural (feito na hora) pode ser oferecido, em pequenas quantidades, após as refeições principais”. • Frutas ricas em vitamina C: laranja, limão, caju, lima, acerola, abacaxi, goiaba, tomate etc. Fator facilitador: * As carnes e o fígado, além de conterem ferro orgânico, que é absorvido de forma melhor pelo organismo, também facilitam a absorção do ferro inorgânico presente nos vegetais e em outros alimentos. ** A vitamina A está envolvida no mecanismo de liberação do ferro de depósito. Por essa razão contribui para o melhor aproveitamento do ferro. (Prefeitura de Rio de Janeiro/RJ-2015) Quanto à administração de ferro, por via oral, prescrito à criança com anemia ferropriva, é correto afirmar que: a) a ingestão de vitamina C prejudica sua absorção b) pode ser feito junto com leite e seus derivados c) deve ser feito longe das principais refeições d) não pode ser adicionado a água filtrada Comentário: A suplementação de ferro deve ser feita longe das refeições pode reduzir o apetite da criança. 49 Resposta Correta: c) deve ser feito longe das principais refeições. (FUNCAB 2016) O programa nacional de suplementação de vitamina A busca reduzir e controlar a deficiência nutricional de vitamina A em crianças de 6 a 9 meses de idade. Tal deficiência é a principal causa de: a) raquitismo. b) doenças hemorrágicas. c) anemia. d) obesidade. e) cegueira evitável. Comentário: Conforme informações do CAB 33, a vitamina A está envolvida no mecanismo de liberação do ferro de depósito. Por essa razão contribui para o melhor aproveitamento do ferro. Resposta Correta: e) cegueira evitável. O ferro é importante porque: 1. Participa nos processos de crescimento e desenvolvimento do organismo, principalmente no período da infância e durante a gestação; 2. Contribui para a saúde, mantendo em equilíbrio as funções do organismo; 3. Contribui para melhoria da capacidade física e mental e, consequentemente, da aprendizagem e da capacidade produtiva. Sintomatologia característica: • Sintomas gerais da anemia; • Glossite atrófica; • Perversão alimentar; • Disfagia intensa; • Queda do rendimento intelectual. 50 Diagnóstico Laboratorial da anemia ferropriva: • Hemograma: • ↓ Hb, Ht, VCM, HCM, CHCM; • microcitose e hipocromia; • Ferro Sérico ↓ ; • Transferina ; • Saturação da transferrina ↓; • Ferritina sérica ↓ Tratamento • Correção da causa de espoliação do Fe. • Adequação dietética. • Sais de Fe via oral: dividido em 2 a 3 tomadas, às refeições. Segue uma tabela do MS com a classificação das crianças conforme a idade, a presença de fatores de risco para anemia e a conduta diante da necessidade de suplementação e rastreamento: 51 Veja como esses valores foram cobrados na questão abaixo: (FAUEL FMSF 2015) Estima-se que metade da população de crianças menores de 4 anos, nos países em desenvolvimento, sofra de anemia ferropriva. Na América Latina, a anemia afeta 55% das crianças de 6 a 18 meses e 30% das pré-escolares. Estudos apontam que, em vários locais do Brasil, aproximadamente a metade dos pré-escolares é anêmica, com a prevalência chegando a 67,6% nas idades entre 6 e 24 meses. Sobre as orientações sobre suplementação de ferro para crianças menores de 12 meses, assinale a alternativa em que a coluna 1 está de acordo com a coluna 2: COLUNA 1 A - Crianças em aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida. B - Crianças em uso de fórmulas com leite de vaca não enriquecidas com ferro. C - Prematuros sadios e bebês pequenos para a idade gestacional (PIG). D - Prematuros com história de hemorragia perinatal, gestação múltipla, ferropenia materna grave durante a gestação (Hb < 8), hemorragias uteroplacentárias e hemorragias neonatais (ou múltiplas extrações sanguíneas). COLUNA 2 I – 1 a 2mg/kg/dia de ferro dos 4 aos 18 meses de vida. Se não tiver sido suplementada, solicite hemograma entre 9 e 12 meses de vida. II – 1 a 2mg/kg/dia de ferro dos 6 aos 18 meses de vida. Se não tiver sido suplementada, solicite hemograma entre 9 e 12 meses de vida. III – 2mg/kg/dia após 1 mês de vida por 2 meses. Depois, reduza a dose para 1 a 2mg/kg/dia até os 18 meses de vida. Solicite hemograma aos 15 meses de vida. IV – 2 a 4mg/kg/dia de ferro dos 2 aos 6 meses de vida, quando deve ser solicitado hemograma. Se o resultado do exame for normal, reduza a dose para 1 a 2mg/kg/dia até os 18 meses de vida. Se houver anemia, mantenha a dose de tratamento. Nova pesquisa de anemia deve ser feita aos 15 meses de vida. 52 a) A-I, B-II, C-III, D-IV b) A-II, B-I, C-III, D-IV c) A-I, B-III, C-II, D-IV d) A-III, B-I, C-II, D-IV Resposta Correta: b) A-II, B-I, C-III, D-IV Programa Nacional de Suplementação de Ferro Além da fortificação das farinhas de trigo e de milho e das ações educativas, o Ministério da Saúde desenvolve o Programa Nacional de Suplementação de Ferro. O Programa Nacional de Suplementação de Ferro recomenda suplementação a todas as crianças de 6 a 18 meses (a partir dos 4 meses para as que não estiverem em aleitamento materno exclusivo) e mais cedo para as de baixo peso ao nascer e as prematuras (com menos de 37 semanas). A reconhecida baixa adesão à estratégia de suplementação profilática é hoje questão prioritária a ser superada para que se garanta o controle da anemia por deficiência de ferro. Vamos resolver mais questões? (PRÓ-MUNICÍPIO ISGH 2015) A principal causa de anemia ferropriva em lactente é: a) Deficiência de vitaminas lipossolúveis; b) Uso exagerado de leite de vaca modificado; c) Pouca aceitação de hortaliças; d) Deficiência de vitaminas hidrossolúveis. Comentário: O cálcio do leite atrapalha a absorção do ferro, observe como está no CAB 33: Fatores que prejudicam a absorção do ferro: • Cálcio (presente no leite e em seus derivados) = que afeta, também, a forma heme. 53 Resposta Correta: b) Uso exagerado de leite de vaca modificado. (CESGRANRIO 2008) A anemia é definida como a diminuição do número de glóbulos vermelhos, de hemoglobina ou de hematócrito a níveis inferiores aos padrões de normalidade. A anemia causada por deficiência de vitamina B12 é denominada: a) aplástica. b) hemorrágica. c) perniciosa. d) ferropriva. e) falciforme. Comentários: Aplástica é por alteração na produção (reduz a eritropoiese). Hemorrágica ocorre por perda de volume sanguíneo. Perniciosa é por falta de vitamina B12. Ferropriva deficiência de ferro. Falciforme por alteração genética na formação das hemácias com forma de foice e com dificuldade de transporte de O2 adequadamente. Resposta Correta: c) perniciosa.(FUMARC 2013) uyton & Hall (2006) definem que a anemia designa a deficiência de hemoglobina, que pode ser causada por número deficiente de eritrócitos ou por quantidade insuficiente de hemoglobina nas células. Sobre a anemia, avalie as seguintes afirmativas: I – Anemia Por Perda Sanguínea: na perda crônica de sangue, o indivíduo frequentemente não consegue reabsorver ferro suficiente do intestino para formar hemoglobina na mesma velocidade em que ela é perdida. II – Anemia Aplásica: refere-se à falta de medula óssea funcionante. 54 III – Anemia Megalobástica: os eritroblastos não conseguem proliferar rápido o suficiente para formar número normal de eritrócitos; as células produzidas são, em sua maioria, de grande tamanho, com formas bizarras e membranas frágeis. IV – Anemia Hemolítica: diversas anormalidades dos eritrócitos, muitas das quais são hereditárias, tornam as células frágeis, resultando em sua fácil ruptura à medida que passam pelos capilares, particularmente no baço. Estão CORRETAS as afirmativas: a) I e IV, apenas. b) I, III e IV, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) I, II, III e IV. Comentário: Todas as associações estão corretas. Resposta Correta: d) I, II, III e IV. (CETRO 2014) Assinale a alternativa que não apresenta um fator responsável pela anemia em crianças. a) Baixo peso ao nascer. b) Infestações parasitárias, principalmente ancilostomíase. c) Consumo excessivo de carne ou vitamina C. d) Hemorragia perinatal. e) Aleitamento materno exclusivo além dos seis meses, sem suplementação de ferro. Comentários: Vale destacar que as parasitoses intestinais não são causas diretas da anemia, mas podem piorar as condições de saúde das crianças anêmicas. Por isso, para o melhor controle da anemia, 55 faz-se necessário que, além da suplementação de ferro, sejam implementadas ações para o controle de doenças parasitárias como a ancilostomíase e a esquitossomose. O excesso de vitamina C é um fator de proteção contra anemia visto que a vitamina C ajuda na absorção do ferro. Resposta Correta: c) Consumo excessivo de carne ou vitamina C. (CONSULPLAN Prefeitura de Resende - RJ 2010)Assinale a etiologia mais comum da anemia ferropriva na infância: a) Diarreia. b) Amebíase. c) Gemelaridade. d) Ancilostomíase. e) Ingestão inadequada de ferro. Comentários: A ingestão inadequada de ferro é a causa mais comum da anemia ferropriva. Resposta Correta: e) Ingestão inadequada de ferro. (Prefeitura do RJ 2016) Doença incapacitante, mais comum em pessoas da raça negra, cujos sinais e sintomas incluem icterícia, alargamento dos ossos faciais e cranianos, taquicardia, sopros cardíacos e cardiomegalia, tendo como característica mais importante a dor de forte intensidade, principalmente, nas articulações. Esta sintomatologia refere-se à seguinte doença: a) febre reumática b) leucemia c) anemia falciforme d) esquistossomose 56 Comentários: A dor na anemia falciforme é intensa, pois é uma dor do tipo isquêmica causada pela dificuldade de as hemácias transportar O2 na quantidade adequada. Resposta Correta: c) anemia falciforme (IBFC EBSERH 2017) Assinale a alternativa que contemple a vitamina que é importante no tratamento de anemia perniciosa e para o funcionamento normal do metabolismo das células, principalmente as do trato gastrintestinal, medula óssea e tecido nervoso. Ela é relativamente resistente ao calor e é sensível à luz. a) A b) D c) C d) B₁₂ e) E Comentários: A deficiência da Vitamina B12 ocasiona a anemia perniciosa. Resposta Correta: d) B₁₂ (IBFC EBSERH 2016) Apesar das medidas individuais e populacionais adotadas no Brasil, mantém-se elevada a prevalência de anemia. Sobre os fatores que facilitam ou prejudicam a absorção do ferro, leia as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta. I. O ácido ascórbico facilita a absorção do ferro. II. Os ácidos orgânicos presentes na casca do feijão, nos cerais crus e nos farelos prejudicam a absorção do ferro. III. O cálcio prejudica a absorção do ferro. IV. Os polifenóis facilitam a absorção do ferro. 57 Estão corretas as afirmativas: a) I, II e III, apenas b) I, III e IV, apenas c) I apenas d) I e IV, apenas e) I e III, apenas Comentários: Item II-Errado. Os ácidos orgânicos presentes na casca do feijão, nos cerais crus e nos farelos contribuem para o aumento na absorção do ferro. Item IV- Errado. Segundo o CAB 33 os polifenóis reduzem a absorção de ferro. Resposta Correta: e) I e III, apenas Finalizamos nossa aula sobre desnutrição infantil e anemia e assim terminamos as doenças mais comuns na infância. Fique firme nos estudos que a vitória logo virá. Estude com foco, motivação e determinação! 58 1. (Instituto LegatusPrefeitura de Angical do Piauí – PI 2016) Qual é a condição conhecida como, em que o corpo não recebe sua cota de nutrientes, ou de inanição, ou como resultado da má absorção: a) Marasmo b) Desnutrição c) Kwashiorkor d) A desnutrição e Marasmo e) Jejum por mais de 12h 2. (Aeronática 2013) Avaliando o estado nutricional da criança, observamos o Cartão da Criança, onde consta o gráfico para acompanhamento de crescimento. Diante do gráfico, se o peso da criança estiver entre os percentis 10 e 97, temos: a) peso adequado. b) desnutrição leve. c) desnutrição severa. d) desnutrição moderada. 3. (Aeronáutica 2009) Em relação à desnutrição energético-proteica, marque (V) se verdadeiro, (F) se falso, e assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. ( ) Está relacionada, também, com nível socioeconômico. ( ) Pode advir devido à absorção inadequada dos alimentos oferecidos de forma correta. ( ) Medidas antropométricas não possibilitam discriminar as crianças portadoras de desnutrição. ( ) É uma das maiores causas de morbidade e mortalidade das crianças menores de 5 anos em todo o mundo. a) F - V - F - V b) V - V - F - F c) F - F - V - V d) V - V - F – V 59 4. (FGV 2015) Uma criança atendida em uma unidade de saúde foi classificada com desnutrição de 2º grau, baseado no déficit de peso em relação ao padrão normal para idade. De acordo com essa classificação, a criança apresentou um déficit de peso: a) de 25 a 40%. b) acima de 50%. c) de 15 a 30%. d) acima de 40% e) de 10 a 25%. 5. (COPESE UFRJ 2009) O edema na desnutrição tem como principal causa: a) a diminuição da secreção de insulina. b) o aumento da albumina sérica. c) o aumento da concentração de sódio sérico. d) o aumento do volume sanguíneo. e) a diminuição da albumina plasmática. 6. (Marinha 2011) O padrão de vida subumana associado a frequentes e repetidos processos infecciosos são os responsáveis imediatos pelos aumentos do processo de desnutrição infantil grave. Na desnutrição de 3° grau denominada marasmo observa- se: a) presença de tecido celular subcutâneo. b) presença de dermatoses . c) perda de apetite. d) face de lua cheia. e) face senil. 7. (Cetro 2014) Sobre a desnutrição, assinale a alternativa correta. a) O Marasmo é
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