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9. CARRAPATO

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PROFº DR. GUILHERME COLLARES
CARRAPATO DOS BOVINOS
BIOLOGIA
Características Gerais
 O nome Boo (boi), philus (amigo), micro (pequeno), plus (mais). “O melhor amigo do 
boi”
 O B. microplus é originário da Ásia, notadamente da Índia e da ilha de Java. Em 
função das expedições exploradoras registradas na história, com a movimentação 
de animais e mercadorias, ocorreu a sua expansão e introdução na maioria das 
regiões tropicais e subtropicais: Austrália, México, América Central, América do Sul 
e África, tendo se estabelecido dentro dos climas demarcados pelos paralelos 32°
Norte e 35º Sul;
 Atualmente as espécies pertencem ao gênero Rhipicephalus
 É um carrapato de um só hospedeiro
 No Rio Grande do Sul, o carrapato foi introduzido juntamente com o gado, pelos 
jesuítas ainda no ano de 1634
Ciclo Biológico
 O ciclo de vida parasitária dura cerca de 21 dias
 A duração do ciclo de vida livre varia muito dependendo das condições 
climáticas. Ideal é 27ºC e 80% umidade para o desenvolvimento do ciclo
 Em regiões frias, os carrapatos tendem a adaptar-se às adversidades do 
meio, desenvolvendo o fenômeno denominado diapausa (atrasando o 
ciclo biológico).
ÍNSTARES APARECIMENTO
1º dia Dia modal Último dia
Larva 1 1 3
Metalarva 4 4 7
Ninfa 5 8 13
Metaninfa 9 11 16
Neandro 12 14 15
Gonandro 15 15 39
Neógina 13 15 20
Partenógina 16 18 34
Teleógina 18 21/22 35
Aparecimento e dias modais dos ínstares parasitários do carrapato Boophilus microplus
em bovinos
Fonte: Adaptado de GONZALES (1993)
Ecossistema
 Clima
 Influência direta no Ciclo de Vida Livre
 TºC baixas inibem a ovopostura das teleóginas
 Umidade relativa do ar inferior a 70%, além de inibir a ovopostura das teleóginas, também retarda a eclosão dos ovos
 Períodos de seca promovem grande mortalidade de larvas
 Vegetação
 Quanto mais sujo o campo e mais alta a vegetação, mais propício será o microclima para as fases do Ciclo de Vida Livre
 Predadores
 Garça vaqueira (Egretta ibis), pequenos gaviões (chimango), perdizes, aranhas e formigas
 Fungos como a Beauveria bassiana e bactérias como a Cedecea lapagei
 Raças bovinas
 Bos indicus são mais resistentes aos carrapatos que Bos taurus
 Manejo
 Superpopulação bovina aumenta o número de teleóginas viáveis, aumentando significativamente a contaminação das pastagens
 Trânsito de animais merece cuidado, principalmente em épocas de maior infestação
POPULAÇÃO 
DE 
CARRAPATOS
LOCALIZAÇÃO OU 
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
CLIMA E MICROCLIMA
VEGETAÇÃO E SOLO
MANEJO DOS CAMPOS E DOS 
ANIMAIS
QUIMIOTERÁPICOS
BANHEIROS E MANGUEIRAS
CARRAPATICIDAS
INTERVALOS ENTRE BANHOS
RAÇAS BOVINAS
PARASITAS E PREDADORES
Epidemiologia
 Se distribui entre os paralelos 32 N e 32 S, podendo ser denominada 
região marginal aquela que se situa próxima a estes paralelos
 No Brasil, a variação da incidência estacional do Boophilus é muito 
grande, devido às significativas diferenças climáticas para cada região
 Na Região da Campanha do Rio Grande do Sul, vários experimentos 
demonstraram a ocorrência de três gerações anuais de carrapatos
 São os principais agentes transmissores da Tristeza Parasitária Bovina
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO
Prevalência Estacional do Boophilus microplus
Danos Produzidos Pelo Carrapato
 Hematofagismo
 Cada fêmea, em toda sua vida, pode sugar até 3 ml de sangue
 Os prejuízos causados pelo hematofagismo variam de acordo com a idade do animal, seu 
estado físico, nutrição, raça, tipo de exploração e duração da infestação
 Transmissão de doenças
 TPB (Babesia bovis e bigemina e Anaplasma marginale)
 Lesões no couro
 Em infestações maciças por carrapatos, o couro sofre profundas alterações, prejudiciais a 
seu beneficiamento, ocasionando lesões que podem desvalorizá-lo em 30 – 50 %
Efeitos da picada dos carrapatos:
• Como parte do processo de 
alimentação dos carrapatos, ocorre 
injeção de saliva, com efeito de 
vasodilatação e inibição da hemostasia 
e reação inflamatória local;
• Com isso ocorre transmissão de 
agentes patogênicos juntamente com a 
saliva
Relação entre a quantidade de carrapatos e o 
grau de infestação
Nº TELEÓGINAS / DIA / ANIMAL GRAU DE INFESTAÇÃO
01 – 05 LEVE
05 – 20 MÉDIA
20 – 50 ALTA
> 50 MUITO ALTA
MANEJO 
DEFICIENTE
Desaparecimento de 
gramíneas e 
leguminosas
Surgimento de inços
Fome
Alta morbidade
Baixa Fecundidade e 
Natalidade
Alta mortalidade
Baixo desfrute
Baixa produção
CONTROLE
Métodos de Controle
 A grande maioria dos métodos de controle atuais dos carrapatos 
bovinos são feitos através da ação sobre a fase de vida parasitária, 
consistindo na utilização dos carrapaticidas em forma de:
 Banhos;
 Pulverizações;
 Formulações pour on;
 Produtos sistêmicos.
 Controle fora do hospedeiro
Controle fora do hospedeiro
 Ainda que pouco utilizado, o controle do carrapato fora do animal pode ser realizado por meio de rotação de 
pastejo, introdução de espécies de gramíneas com poder de repelência e ou ação letal ao carrapato, alteração de 
microclima, implantação de lavouras, uso de agentes biológicos etc.
 A rotação de pastejo consiste na retirada dos animais da pastagem, até que todas ou a maioria das larvas sejam 
eliminadas por causas naturais. Um bom descanso seria em torno de 40 dias na primavera/verão e, 60 dias, no 
outono/inverno.
 Algumas espécies de forrageiras têm influência na sobrevivência das larvas nas pastagens, porque, em função da 
forma de crescimento e características específicas de cada uma, há formação de um microambiente, que resulta 
em repelência ou morte das larvas. Dentre estas, destacam-se o capim-gordura, o andropógon, o capim-elefante, 
os estilosantes (Stylosanthes spp.).
 A implantação de lavoura, com o objetivo de recuperação de pastagens, é uma prática que indiretamente auxilia 
o controle do carrapato, pela ausência de animais na área.
 No passado, a queima de pastagens era uma alternativa para o controle do parasito, entretanto, sabe-se hoje 
sobre os malefícios dessa prática à fauna e flora, assim como a aplicação de acaricidas nas pastagens, sendo, 
portanto, práticas não recomendadas, e até mesmo antieconômicas.
 A utilização de agentes biológicos é uma alternativa em estudo ainda não disponível no mercado.
Controle sobre o hospedeiro
 O combate ao carrapato sobre o hospedeiro é feito pelo uso de raças resistentes e de 
químicos (carrapaticidas). Outras formas de controle, como o uso de feromônios
associados a substâncias tóxicas, machos e fêmeas estéreis, mecanismos genéticos, 
estão em fase de experimentação e ainda não constituem alternativas viáveis ao 
controle desse parasito;
 A utilização da resistência natural do bovino ao carrapato tem por base as raças 
resistentes, o cruzamento entre raças e a seleção entre e dentro de raças. Assim, o 
produtor, ao explorar raças taurinas, pode selecionar a mais resistente e/ou os 
animais mais resistentes dentro da mesma raça.
 A vacina disponível no mercado (Gavac) é um antígeno recombinante, com 
resultados satisfatórios na redução de até 65% do número de teleóginas dos 
animais, nas condições brasileiras em campo. A utilização dessa prática é uma 
alternativa viável no combate ao carrapato, garantindo ainda a obtenção de 
alimentos saudáveis, livres de resíduos e a preservação do ambiente.
Controle Químico
 O uso de acaricidas é a principal forma de controle dos carrapatos em rebanho bovino, 
principalmente por meio de aspersão ou banho de solução aquosa, além de sistema dorsal e injetável.
 O extensivo uso de acaricidas leva a um númeroelevado de sérios problemas: custo do manejo, custo 
da dose e período de proteção. Além disso, promove a seleção de linhagens de carrapatos acaricida-
resistentes, diminuindo o período de proteção dos produtos e aumentando o custo de tratamento.
 O controle químico utilizando acaricidas começou no século XX com os compostos arsenicais e, desde 
a década de 30, registram-se casos de resistência a este princípio ativo. Os organoclorados e 
organofosforados começaram a ser usados no início da década de 50. Vinte anos mais tarde iniciou-
se o uso das formamidinas e, logo após, o uso dos piretróides sintéticos;
 Já existem linhagens de carrapatos resistentes tanto às ivermectinas quanto aos piretróides;
 Atualmente estão sendo utilizados os piretróides associados a fosforados para banhos de imersão e 
pulverização, além do fipronil.
Carrapaticidas
 Devem ser:
 Inócuos para os animais e os homens que os manejam;
 Altamente efetivos sobre todos os estágios evolutivos dos parasitas;
 Econômicos nas doses efetivas recomendadas;
 Estáveis e não agressivos ao meio ambiente;
Aplicação correta
 A aplicação correta dos carrapaticidas, quanto à concentração, dose, 
época, intervalo etc., é a única forma capaz de retardar por tempo 
considerável o surgimento de populações de carrapatos resistentes aos 
carrapaticidas;
 O primeiro sinal do aparecimento da resistência é quando um produto, 
aplicado de forma correta, não causa a morte dos carrapatos. 
 Nesse caso, deve-se proceder ao teste de sensibilidade dos carrapatos 
aos carrapaticidas, denominado de "biocarrapaticidograma", para a 
indicação correta de qual produto usar, para evitar, assim, maiores 
prejuízos.
Inibidores de crescimento
 Com os anos começaram a aparecer os inseticidas menos tóxicos e de maior 
eficácia, como os de 3ª geração como as Formamidinas (Amitraz) e 
os Inibidores de Crescimento (IGR) no final da década de 60;
 O fluazuron é utilizado no controle estratégico dos carrapatos dos bovinos, 
protegendo os animais contra o aparecimento de formas adultas durante o 
período de 8 – 12 semanas (conforme o nível de infestação);
 O efeito de longa ação da formulação com fluazuron impede que os 
carrapatos atinjam a fase adulta. A infestação ambiental é reduzida pela 
constante remoção das larvas do pasto e pela ausência de novas ovoposturas, 
formadoras das próximas gerações.
Novas formulações
 Ivermectinas 3,15% + Fluazuron 8%
Controle biológico
 O controle biológico do carrapato por meio da utilização de fungos 
entomopatogênicos (Metarhizium anisopliae, Beauveria bassiana), e plantas 
com poderes acaricidas tem sido foco de pesquisas por todo o Brasil. Os 
fungos estão sendo, inclusive, comercializados, porém, os resultados de 
pesquisa com bovinos estabulados com o Metarhizium indicam uma eficácia 
em torno de 50% (CASTRO et al., 1997).
Os estudos com as plantas ainda estão no início, porém, trabalhos que 
utilizaram óleos essenciais e concentrados emulsionáveis de eucalipto 
(Eucalyptus) e rotenóides extraídos do timbó Derris urucu) mostram-se 
promissores no controle desse ácaro. Já, o Nim (Azadirachta indica), 
propalada planta com ação inseticida, testada na forma de óleo, extrato 
alcoólico ou aquoso, teve baixa ou nenhuma eficácia sobre fêmeas 
ingurgitadas e larvas do carrapato em ensaios de laboratório.
Predadores naturais
 Quanto aos predadores naturais, verifica-se que vários predadores 
vertebrados (aves, ratos, camundongos e sapos) e invertebrados 
(formigas, aranhas, "tesourinhas") foram apontados como predadores 
potenciais de fêmeas, parcial ou totalmente ingurgitadas, e ovos de B. 
microplus. 
 Desses inimigos naturais, destacam-se aves, tais como a "garça 
vaqueira" (Egretta íbis), as galinhas domésticas (Gallus domesticus), o 
gavião chimango (Milvago chimango), além das perdizes.

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