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CHECK LIST – ANEMIA NORMOCÍTICA E NORMOCRÔMICA 1. Anemia hemolítica A anemia hemolítica ocorre quando a medula óssea não é capaz de repor os glóbulos vermelhos que estão sendo destruídos. A anemia hemolítica também tem sua forma autoimune, que ocorre quando o sistema imunológico identifica erroneamente seus próprios glóbulos vermelhos como corpos estranhos, Reticulócitos Ferro sérico Screening para doença endócrina, renal ou hepática Screening negativo Hipotireoidismo Hipertireoidismo Doença de Addison Eunucoidismo Punção e/ou biópsia de medula óssea Anemia de doenças infeciosas Deficiência precoce de ferro Anemia Aplásica Inflamação Anemia diseritropoética Anemia megaloblástica mascarada Anemia mielodisplásica Leucemia Mieloma Mielofibrose Metástase Anemias normocíticas e normocrômicas Eritropoese eficaz Eritropoese ineficaz Anemia hemolítica Anemia pós- hemorrágica Doença endócrina Anemia da doença renal Anemia da doença hepática Normal ou aumentado Baixo desenvolvendo anticorpos que atacam as hemácias, destruindo-as muito prematuramente. O organismo também pode destruir os glóbulos vermelhos devido a certos defeitos genéticos que fazem com que os glóbulos vermelhos assumam formas anormais (como a anemia de células falciformes e anemia hemolítica devido à deficiência de G6PD). Outras possíveis causas são: Coágulos em pequenos vasos sanguíneos Transfusão de sangue de um doador com um tipo sanguíneo que não corresponde ao seu. Os fatores de risco para anemia hemolítica são, em termos gerais: exposição a determinados produtos químicos, drogas e toxinas; infecções. Sintomas É possível que uma pessoa não apresente sintomas se a anemia hemolítica for branda. Se o problema se desenvolver lentamente, os primeiros sintomas podem ser: Mau humor Fraqueza ou cansaço mais frequente que o normal Dor de cabeça Problemas de concentração ou raciocínio. Se a anemia piorar, outros sintomas podem surgir, como: Coloração azul no branco dos olhos Unhas frágeis Tontura leve ao levantar-se Palidez da pele Falta de ar Língua dolorida. Diagnóstico Um hemograma completo pode ajudar a diagnosticar a anemia e oferecer algumas dicas do tipo e da causa do problema. As partes importantes incluem contagem de glóbulos vermelhos (RBC), hemoglobina e hematócrito (HCT). Os seguintes exames podem identificar o tipo de anemia hemolítica: Contagem absoluta de reticulócitos Teste de Coombs direto Teste de Coombs indireto Teste de Donath-Landsteiner Aglutinina febril ou fria Hemoglobina livre no soro ou na urina Hemossiderina na urina Contagem plaquetária Eletroforese protéica sérica Haptoglobina sérica LDH sérica Um exame que mede a longevidade dos glóbulos vermelhos utilizando técnicas de rádio marcação também pode ajudar a diagnosticar a anemia hemolítica. Tratamento O tratamento depende do tipo e da causa da anemia hemolítica. Em casos de emergência, pode ser necessária transfusão sanguínea Para anemia hemolítica causada por doença autoimune, podem ser utilizadas drogas que reprimem o sistema imunológico Quando os glóbulos vermelhos estão sendo destruídos em ritmo acelerado, o organismo pode precisar de ácido fólico extra e suplementos de ferro para repor o que está sendo perdido. Os medicamentos mais usados para o tratamento de anemia hemolítica são: Acetato de Dexametasona Afopic Androcortil Azatioprina Betametasona Celestone Decadron Prednisolona Predsim Noripurum EV Noripurum fólico. Anemia hemolítica Congênita Adquirida 1.1 Defeitos da membrana dos glóbulos vermelhos 1.1.1 Esferocitose hereditária Defeito nas proteínas que participam da interação vertical (espectrina, anquirina, proteína de banda 3 e proteína 4.2), fazendo com que haja perda de lipídeos na membrana e uma consequente redução na área da membrana, fazendo com que o eritrócito passe de uma discoide bicôncava para uma forma esférica. Apresenta uma meia-vida menor, não consegue passar pelo baço e é sequestrado pelos macrófagos, que fazem uma destruição extra vascular com consequente aumento da atividade da medula óssea. Os sintomas variam, o paciente pode apresentar ou não uma anemia discreta ou intensa, icterícia intermitente e esplenomegalia. Anemia moderada: ocorre em 60 a 75% dos casos de esferocitose hereditária, apresenta hemólise crônica, esferócitos vistos no sangue, esplenomegalia e icterícia. Anemia intensa: Hb < 6g/dL, icterícia, esplenomegalia, esferócitos em grande quantidade no sangue. O tratamento é a esplenectomia, retirada do baço, o que não cura o paciente, mas ele deixará de ter hemólise extravascular. A necessidade deve ser avaliada para cada paciente. 1.1.2 Eliptocitose hereditária É uma síndrome que ocorre devido a uma mutação nos genes das proteínas espectrina, proteína 4.1 e glicoforina C. Os eliptócitos formam-se na corrente sanguínea, após saírem da medula óssea. Tem três doenças relacionadas: Eliptocitose hereditária comum: presença de eliptócitos, assintomática, em alguns casos há anemia hemolítica com Hb entre 9 e 12g/dL e reticulócitos entre 20 e 25%. Piropoiquilocitose, presença de esferócitos e fragmentos eritrocitários de forma e tamanho variáveis, anemia hemolítica intensa, VCM muito baixo, Hb entre 5 e 9g/dL, reticulócitos entre 13 e 35%, CHCM normal. Eritrócitos se fragmentam a temperaturas entre 46 e 46º. Eliptocitose esferocítica: associação de eliptócitos e esferócitos. Tem processo hemolítico moderado. No geral, não se faz necessária a realização de tratamento para a eliptocitose hereditária, uma vez que, normalmente, não há manifestações clínicas. Pacientes que apresentam anemia e hemólise crônica podem ser submetidos à ressecção cirúrgica do baço (esplenectomia). No caso da piropoiquilocitose hereditária, a esplenectomia pode ser a única opção. O uso de ácido fólico é indicado em casos acompanhados de anemia hemolítica. 1.1.3 Estomacitose hereditária Doença que causa aumento da permeabilidade da membrana, fazendo com que a concentração intracelular de sódio aumente e a de potássio diminua. Para manter o equilíbrio osmótico há uma entrada maior de água e a célula aumenta de tamanho, virando um estomatócito. Se caracteriza por hemólise crônica, VCM aumentado, CHCM normal ou diminuído. O tratamento envolve transfusões sanguíneas, quando necessário, juntamente com a gestão de litiase biliar e sobrecarga de ferro. Esplenectomia é contraindicada em doentes com OHSt já que pode induzir complicações venosas tromboembólicas. 1.1.4 Acantocitose hereditária Deficiência na abetalipoproteina B, ocorre aumento na deposição de colesterol na membrana eritrocitária, pode ocorrer anemia hemolítica. A ABL/HoFHBL manifesta-se durante o primeiro ano de vida ou infância precoce. Está frequentemente associada a atraso de crescimento, hepatomegalia com esteatose, diarreia com esteatorreia, e má absorção de gordura. Pode ocorrer ataxia espástica, retinite pigmentosa atípica, acantocitose, um baixo nível de vitaminas lipossolúveis, e citólise significativa e até mesmo cirrose. O diagnóstico é baseado na análise lipídica, após12 horas de jejum, realizada nos doentes e nos seus pais para a determinação de LDL (<0.10g/L), triglicerídeos (<0.20 g/L), e apolipoproteina B (<0.10g/L). Podem também ser realizadas identificação de esteatorreia e apolipoproteina B truncada após ingestão oral de lípidos, medição das vitaminas lipossolúveis (A, E, K), teste para acantocitose (em esfregaços sanguíneos), exame neurológico completo, ecografia hepática e exame oftalmológico. A identificação de mutações no gene MTTP ou no gene APOB confirma o diagnóstico. 1.2 Defeitos na produção de hemoglobina 1.2.1 Hemoglobinopatia S (anemia falciforme) Mutação de ponto no DNA que troca uma adenina por timina, o que causa troca de aminoácidos no ácido glutâmico, o que gera uma mudança elétrica na hemoglobina fazendo com que ela sofra focização em baixas tensões de oxigênio. Os sintomas se manifestam entre 10 e 12 semanas após o nascimento. Caracterizada por uma Hb entre 5 e 11g/dL, policromatofilia intensa, presença de eritroblastos em quantidade variável, codócitos, eliptócitos e drepanócitos, reticulócitos elevado, leucócitos entre 12 e 15 mil leucócitos/µl. VCM e HCM baixos. Apesar de não existir cura para as hemoglobinopatias, as medidas de tratamento envolvem o controle da anemia, a prevenção das crises hemolíticas e das infecções. O tratamento dos episódios de dor inclui hidratação, agentes anti-inflamatórios e medicação para dor. Episódios de dor são adicionalmente gerenciados com uma abordagem multimodelo (por exemplo, calor, massagem, distração, acupuntura, biofeedback, auto-hipnose). Febre e suspeita de infecção é tratada com antibióticos apropriados. Complicações graves ou com risco de vida (por exemplo, síndrome torácica aguda grave, crise aplástica e acidente vascular cerebral) são frequentemente tratadas com transfusão de hemácias. A esplenectomia pode ser necessária para o sequestro esplênico. Priapismo grave pode exigir aspiração e irrigação. 1.2.2 Talassemias A beta talassemia ocorre quando há uma redução das cadeias beta da globina que se encontram estruturalmente normais. Esses defeitos levam a reduções variáveis da beta globina, variando de mínimo déficit até ausência completa. Na beta talassemia a síntese da cadeia alfa é normal, gerando um acúmulo de alfa globina não pareada. A anemia é complexa e resultante da combinação da eritropoiese ineficaz, hemólise e redução da síntese de hemoglobina. A herança pode ser de dois alelos, caracterizando a forma mais grave da talassemia (maior), cujos portadores precisam ser submetidos a transfusões de sangue desde cedo para sua sobrevivência. A herança de um alelo é chamado de traço talassemico, cujos portadores são geralmente assintomáticos, caracterizando uma anemia microcítica e hipocrômica. O nível de hemoglobina pode ser muito baixo, é visto microcitose, hipocromia, poiquilocitose, hemácias em alvo, corpúsculos de inclusão, leucocitose, reticulócitos baixos, plaquetas normais. A alfa talassemia é definida como uma baixa produção das cadeias alfa da globina, levando a um aumento das cadeias gama. É dividida em: Alfa talassemia mínima: assintomática, perda de 1 dos 4 genes, leve hipocromia e microcitose, VCM normal. Alfa talassemia menor: perda de 2 dos 4 genes, lembram portadores de beta talassemia, com hipocromia e microcitose, VCM < 80 fl. Doença da hemoglobina H: manifesta-se como uma anemia hemolítica crônica, com hipocromia, microcitose, hepatoesplenomegalia, aumento do HDL, hiperbilirrubinemia indireta e haptoglobina baixa. Talassemia intermédia pode ser tratada com transfusões de sangue e suplementos de ácido fólico. Talassemia grave pode ser tratada com transfusões de sangue, suplemento de ácido fólico e medicamentos que são usados juntamente com a quimioterapia e ajudam o organismo a produzir a hemoglobina normal. Pessoas com talassemia beta menor precisam de transfusão sanguínea. Esse tratamento pode causar sobrecarga de ferro no sangue, o que pode gerar danos em alguns órgãos, sendo necessário o uso de medicamentos, como desferroxamina, para tratar desses sintomas. 1.3 Metabolismo defeituoso dos glóbulos vermelhos 1.3.1 Deficiência de G-6-PD A G-6-PD mantem os níveis da glutationa reduzida elevados, que transforma o H2O2 formado nos eritrócitos em água, evitando assim o estresse oxidativo. É dividida em 5 classes: I – Pacientes apresentam deficiência enzimática grave e anemia hemolítica crônica. II - Pacientes apresentam deficiência enzimática grave e hemólise intermitente. III - Pacientes apresentam deficiência enzimática moderada e hemólise intermitente associada a medicamentos e drogas. IV – Pacientes são mutantes para G-6-PD, mas não têm deficiência enzimática nem hemólise. Assintomático. V – Pacientes apresentam concentração aumentada da enzima. Assintomático. Os pacientes são sintomáticos somente quando Hb entre 3 e 4 g/dL. A anemia apresenta policromatofilia esferócitos e corpos de Heinz. Ao longo da hemólise aguda, o tratamento é de suporte; as transfusões são raramente necessárias. Os pacientes são aconselhados a evitar medicamentos ou substâncias que iniciem a hemólise. 1.3.2 Deficiência da piruvatoquinase (PK) Diminuição da produção de lactato e piruvato, com acúmulo de metabólitos intermediários e consequente diminuição da produção de ATP, o que compromete a bomba de sódio e potássio, fazendo com que a célula se desidrate com a perda de sódio e potássio, alterando sua forma e maleabilidade, fazendo com que a célula seja fagocitada e sofra hemólise. No homozigoto a Hb varia entre 6 e 12 g/dL, reticulocitose e equinócitos. O tratamento principal é transfusão sanguínea e, em casos graves, esplenectomia. Esta última deve ser baseada na capacidade do doente tolerar a anemia. Como resultado da esplenectomia, a contagem dos reticulócitos aumenta na maioria dos casos e a necessidade de transfusões diminui. O transplante de medula óssea pode curar a deficiência de PK mas raramente é realizado. 1.4 Anemia hemolítica autoimune (AHAI) Diminuição da sobrevida das hemácias, mediada direta ou indiretamente por anticorpos, os quais podem ser auto-anticorpos ou aloanticorpos. A classificação baseada nas distintas categorias clínicas é a mais comumente utilizada. Quadro - Classificação baseada nas categorias clínicas A maioria dos casos de anemia hemolítica auto-imune (AHAI) é mediada por auto-anticorpos quentes, na qual a temperatura ótima de reatividade é 37oC e, usualmente, a classe da imunoglobulina é IgG; por outro lado, a síndrome da aglutinina fria é geralmente causada por uma IgM cuja reatividade máxima ocorre a 4oC. A diferenciação entre a AHAI a quente e a frio é essencial, pois o prognóstico e as estratégias terapêuticas são distintos. A AHAI referida como idiopática não é associada a nenhuma doença de base; entretanto, a secundária é geralmente associada à infecção, que desaparece após a resolução do quadro infeccioso. Se os sintomas forem leves ou se a destruição dos glóbulos vermelhos parecer estar diminuindo por si mesma, não é necessário tratamento. Se a destruição dos glóbulos vermelhos estiver aumentando, a primeira escolha de tratamento é um corticosteroide, como a prednisona. De início, são usadas doses elevadas, seguidas de redução gradual da dose no decorrer de várias semanas ou meses. Caso a anemia hemolítica tenha sido causada por medicamento, imunoglobulina administrada via intravenosa também pode ajudar. Quando as pessoas não respondem aos corticosteroides ou quando estes provocam efeitos colateraisintoleráveis, a cirurgia para remover o baço (esplenectomia) é frequentemente o próximo tratamento. O baço é removido porque é um dos lugares onde glóbulos vermelhos revestidos por anticorpos são destruídos. Quando a destruição dos glóbulos vermelhos persiste após a remoção do baço ou quando não podem ser realizadas cirurgias, devem ser usados imunossupressores, como a ciclofosfamida. Quando a destruição de glóbulos vermelhos é grave, transfusões de sangue são às vezes necessárias, mas elas não tratam a causa da anemia e proporcionam somente alívio temporário. 1.4.1 AHAI a quente A incidência é de 1:80.000 indivíduos e representa cerca de 70,3% de todos os casos de AHAI. Ocorre principalmente entre 60 a 70 anos, com discreta predominância no sexo feminino. As manifestações clínicas são variáveis; usualmente, têm início insidioso, febre, dor abdominal e lombar, manifestações de anemia com dispnéia, palpitações, mal-estar geral e hemoglobinúria. Achados clínicos são palidez cutâneo-mucosa, ictérica, hepatopesplenomegalia, linfoadenomegalia e tromboembolismo venoso, sendo responsável por 3 a 10% dos óbitos em pacientes com AHAI. Apresenta anemia leve a grave, alterações morfológicas das hemácias (anisocitose, poiquilocitose, policromasia, esferocitose e, raramente, auto- aglutinação); reticulocitose, porém alguns pacientes apresentam reticulocitopenia. A maioria dos pacientes evolui com leucocitose, hiperplasia da série eritroíde da medula óssea. A urina pode conter pigmentos de bilirrubina ou hemoglobina. Trombocitopenia associada à AHAI caracteriza a síndrome de Evans. 1.4.2 Síndrome da aglutinina fria ou anemia hemolítica a frio A incidência é relativamente incomum; havendo um pico de incidência entre 50 a 60 anos em ambos os sexos. Sintomas de anemia crônica (fadiga, dispnéia aos esforços e fraqueza), urina escura, acrocianose de orelhas, dedos das mãos e dos pés, icterícia, hepatoesplenomegalia e linfadenomegalia. As manifestações clínicas variam entre os pacientes; provavelmente, são dependentes da amplitude térmica do anticorpo frio. A primeira observação que muitas vezes sugere o diagnóstico é auto- aglutinação à baixas temperaturas, da amostra de sangue anticoagulado do paciente, anemia leve a moderada, alterações morfológicas (anisocitose, esferocitose, poiquilocitose e policromasia), reticulocitose, aumento bilirrubinas e hemoglobinúria. Tratamento: raramente são necessárias drogas imunossupressoras ou transfusão de sangue. 1.4.3 Hemoglobinúria paroxística a frio (hpf) É uma anemia hemolítica caracterizada por uma hemolisina bifásica. A destruição dos eritrócitos é causada por um auto-anticorpo frio, conhecido como auto-hemolisina bifásica, que se liga aos eritrócitos do paciente em baixas temperaturas e fixa complemento. A maioria dos casos foi descrita em crianças após infecções virais, como sarampo, caxumba, varicela, mononucleose infecciosa, infecção do trato respiratório superior, e, em adultos, secundária a sífilis. A HPF pode ser classificada em três categorias: sifilítica crônica; crônica não-sifilítica e transitória aguda. Atualmente, a HPF é rara; quase todos os casos são tipo aguda e transitória. Não há particularidade racial. A manifestação típica é a anemia, que aparece entre 1 a 2 semanas após a infecção do trato respiratório superior, febre recorrente, urina escura, dor abdominal, icterícia. Tratamento: o melhor tratamento para a hemoglobinúria paroxística fria é evitar exposição ao frio. Imunossupressores às vezes também são úteis. 1.4.4 Anemia hemolítica mista Tem achados sorológicos característicos de AHAI e aglutinina fria com altos títulos e amplitude térmica, bem como especificidade anticorpo anti-i e teste direto antiglobulina fortemente positivo com anti-IgG e C3. É mais frequente na idade avançada, com predomínio no sexo feminino, associada ao linfoma e lúpus eritematoso sistêmico (LES). 1.4.5 Anemia hemolítica autoimune atípica com teste direto da antiglobulina negativo A incidência exata do TDA negativo em pacientes com AHAI é desconhecida. Algumas vezes, a pequena quantidade de IgG ligada à hemácia pode não ser detectável ou o auto-anticorpo é IgM ou IgA. 1.4.6 Anemia hemolítica induzida por drogas A anemia hemolítica causada por drogas é muito rara, porém é mais frequente com alfa-metil-dopa. A hemólise ocorre devido à destruição imune das hemácias que estão recobertas com anticorpo, anticorpo e complemento ou apenas complemento. Há quatros mecanismos clássicos responsáveis pela hemólise induzida por medicamentos: a formação de complexos imunes; adsorção dos medicamentos; modificação da membrana e formação de auto- anticorpos. No primeiro mecanismo, denominado formação de complexo imune (testemunha inocente), a droga combina-se às proteínas plasmáticas, formando imunógenos. As imunoglobulinas, IgM e IgG, reconhecem determinantes no medicamento. Se o paciente ingerir a droga, pode ocorrer formação de um complexo medicamento/antimedicamento com ativação da cascata do complemento; as hemácias envolvidas nesse processo atuam como testemunhas inocentes, porém podem ser lisadas. O paciente, frequentemente, apresenta hemólise intravascular aguda; entretanto, com a suspensão da medicação, há rápida recuperação. O TDA pode ser negativo, mesmo que o anticorpo seja IgG, pois o complexo medicamento/antimedicamento pode eluir- se da hemácia. Na adsorção de medicamento (penicilina), ele liga-se firmemente às proteínas, inclusive às proteínas da membrana eritrocitária, e não há ativação do complemento; portanto, a destruição celular é predominantemente extravascular. A anemia tem evolução mais branda, sem risco de vida para o paciente. No terceiro mecanismo, ocorre uma modificação da membrana pela adsorção não-imunológica; acredita-se que as cefalosporinas, em especial a cefalotina, atuam sob esse mecanismo. Elas são capazes de modificar as hemácias de tal forma que proteínas plasmáticas, IgG, IgM, IgA, e complemento podem ligar-se à membrana. Cerca de 3% dos pacientes medicados com cefalotina podem apresentar TDA positivo. O último mecanismo proposto é a formação de auto-anticorpos. O alfa- metildopa induz a produção de um auto-anticorpo que reconhece os antígenos eritrocitários. Cerca de 10 a 20% dos pacientes que são medicados com alfa- metildopa apresentam TDA positivo; entretanto, apenas 0,5% a 1% evoluem com anemia hemolítica imune com repercussão clínica. Medicamentos como L-dopa, ácido mefenâmico, diclofenaco também causam o aparecimento de auto- anticorpos. Os achados laboratoriais da anemia hemolítica induzida por alfa- metildopa são semelhantes aos da anemia hemolítica auto-imune idiopática com TDA e eluato positivo. Informações sobre o uso de medicamentos é importante para formular a hipótese de a droga ser o agente causal. O tratamento de escolha é a suspensão da droga; contudo, o TDA permanecerá positivo durante meses. O prognóstico é excelente. 1.4.7 Anemia hemolítica imune induzida por aloanticorpos A presença de aloanticorpos em pacientes cronicamente transfundidos e após a gestação é uma complicação bem conhecida; em contraste, o risco de auto-imunização associada à aloimunização é muito pouco estudada. Em estudos com pacientes politransfundidos, tais como anemia falciforme e talassemia, tem sido descrita a associação entre aloimunização e auto- imunização. Uma das teorias que explica o mecanismo pelo qual a AHAI pode ocorrer concomitantemente ou logo após a transfusão de sangue é o fato de o aloanticorpo se ligar às hemácias transfundidas, alterando a conformação dos epítopos antigênicos, o que leva a produção de auto-anticorpos. O termohemólise bystander é usualmente utilizado quando a AHAI ocorre após a exposição à aloantígenos. O quadro clínico florido de hemólise precede o teste direto de antiglobulina (teste de Coombs) na grande maioria. Há relatos na literatura de resolução espontânea do quadro hemolítico em um curto período (semanas), e outros com evolução fatal. Geralmente, apresenta boa resposta a corticoterapia. 1.5 Hemoglobinúria paroxística noturna Hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) é uma anemia hemolítica crônica adquirida rara, de curso clínico extremamente variável. Apresenta-se freqüentemente com infecções recorrentes, neutropenia e trombocitopenia, e surge em associação com outras doenças hematológicas, especialmente com síndromes de insuficiência medular, como anemia aplásica e síndromes mielodisplásicas1. É considerada ainda um tipo de trombofilia adquirida, apresentandose com tromboses venosas variadas, com especial predileção por trombose de veias hepáticas e intra-abdominais, sua principal causa de mortalidade2, 3. Pela grande variedade de sintomas observados ao longo de seu curso, já foi chamada de “o grande imitador”. A tríade anemia hemolítica, pancitopenia e trombose faz da HPN uma síndrome clínica única, que deixou de ser encarada como uma simples anemia hemolítica adquirida para ser considerada um defeito mutacional clonal da célula-tronco hematopoética4. HPN é causada pela expansão clonal não-maligna de uma ou mais células-tronco hematopoéticas que adquiriram mutação(ões) somática(s) no gene da fosfaditilinositolglicana classe-A (phosphatidyl inositol glycan-class A, PIG-A), localizado no cromossomo X10-12. Estas mutações resultam no bloqueio precoce da síntese de âncoras de glicosil-fosfaditilinositol (GPI), responsáveis por manter aderidas à membrana plasmática dezenas de proteínas com funções específicas2. A falência em sintetizar uma molécula madura de GPI gera ausência de todas as proteínas de superfície normalmente ancoradas por ela (Figura 1)13. Consequentemente, as células sanguíneas advindas do clone HPN têm algum grau de deficiência destas proteínas, que pode ser parcial (células PNH tipo II, com cerca de 10% da expressão normal) ou total (células HPN tipo III, com ausência completa da proteína)10. O tratamento é feito com reposição de ferro e folatos, anticoagulação e transfusão sanguínea. 1.6 Reação transfusional CONCEITOS INCIDENTES TRANSFUSIONAIS - são agravos ocorridos durante ou após a transfusão sangüínea, e a ela relacionados. INCIDENTE TRANSFUSIONAL IMEDIATO - aquele que ocorre durante a transfusão ou em até 24 h após. INCIDENTE TRANSFUSIONAL TARDIO - aquele que ocorre após 24 h da transfusão realizada. REAÇÃO FEBRIL: Reação mais comum na prática hemoterápica está geralmente associada à presença de anticorpos contra os antígenos HLA dos leucócitos e plaquetas do doador. Esta reação geralmente ocorre no final ou 1 a 2 horas após a transfusão. Apresenta febre e ou calafrios. Pode ser acompanhada de dor lombar leve, sensação de morte iminente. Porém a elevação de temperatura durante uma transfusão de sangue pode ser um sinal de reação mais grave como hemólise ou contaminação bacteriana. REAÇÃO HEMOLÍTICA: Quando as hemácias transfundidas são destruídas. Esta reação se divide em dois grupos: Hemólise Intravascular e Hemólise Extravascular. REAÇÃO HEMOLÍTICA INTRAVASCULAR: A principal causa é a incompatibilidade ABO, que resulta quase sempre de erros humanos, tais como, amostras pré transfusionais mal identificadas, erros de identificação da bolsa de sangue após a prova cruzada ou troca no momento da instalação. O receptor geralmente apresenta dor lombar intensa nos primeiros minutos após, instalada a transfusão de sangue. Pode apresentar também: febre (com ou sem calafrios),hipotensão, náuseas, dispnéia e sensação de morte iminente. REAÇÃO HEMOLÍTICA EXTRAVASCULAR: Geralmente a hemólise extravascular se manifesta por febre e dor lombar ou abdominal de intensidade leve a moderada, que surgem geralmente de 30 a 120 minutos depois de iniciada a transfusão. REAÇÃO ALÉRGICA: Dividida em 3 estágios conforme a gravidade das manifestações clínicas: Reação leve: prurido, urticária, placas eritematosas. Reação moderada: edema de glote, edema de Quincke, broncoespasmo. Reação grave: choque anafilático. REAÇÃO POR CONTAMINAÇÃO BACTERIANA: Manifestações: dor abdominal, febre, diarréia, náuseas, vômitos, hipotensão e choque (IRA e CID) SOBRECARGA VOLÊMICA: Pode acometer pacientes cardiopatas, pacientes com anemias crônicas e muito intensas, pacientes idosos com insuficiência renal crônica e recém nascidos. EDEMA PULMONAR NÃO-CARDIOGÊNICO: Lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão. Pode ser moderada a grave e geralmente desenvolve- se de 2 a 6 h após a transfusão. Ocorre devido à transfusão de anticorpos anti- HLA classe I e II presentes no plasma do doador e/ou antígenos específicos granulocíticos. Estes anticorpos ligam-se à antígenos dos leucócitos do receptor, desencadeando eventos imunológicos que aumentam a permeabilidade da microcirculação pulmonar e permitem a passagem de líquido para o alvéolo. É grave, apresenta: dispnéia intensa, hipoxemia, infiltrado pulmonar bilateral (pulmão branco), hipotensão e febre. Diagnóstico diferencial com edema agudo de pulmão. Mortalidade: 6 a 14% HEMÓLISE NÃO IMUNOLÓGICA: Quando há hemólise por outras causas que não imunológicas como citado acima. Pode ocorrer quando: as hemácias são congeladas ou superaquecidas; há administração concomitante de medicações e/ou hidratação (soro glicosado); o sangue é administrado sob pressão (circulação extracorpórea), quando há manipulação violenta da bolsa de sangue, etc.). 1.7 Prótese valvar O surgimento de leak paravalvar é um exemplo clássico de causa de hemólise intravascular. Quando o sangue passa pelo orifício regurgitante a uma alta velocidade costuma haver alguma grau de destruição de hemácias. Quando esta destruição chega a níveis relevantes, podemos ter anemia hemolítica clinicamente relevante. Os principais exames que ajudam no diagnóstico são: Reticulócitos – aumentados em anemias hemolíticas. Bilirrubina total e frações – ocorre aumento de bilirrubina indireta na hemólise. DHL – vai estar aumentado em qualquer tipo de hemólise Hemossiderinúria – presença de hemossiderina na urina sugere o diagnóstico de hemólise intravascular. Haptoglobina – a haptoglobina se liga à hemoglobina livre circulante no sangue e depois este complexo é degradado pelo sistema reticuloendotelial. Ou seja, hemólise causa elevação dos níveis de hemoglobina livre no sangue. Esta se liga à haptoglobina levando à retirada do complexo haptoglobina-hemoglobina livre do sangue. Hemólise = haptoglobina baixa. Teste direto da antiglobulina (ou teste de Coombs direto) – quando aumentado indica a presença de hemólise de causa imune. Quando negativo, fala a favor de outras causas de hemólise, entre as quais a hemólise por ação mecânica vista no leak paravalvar. Resumindo: Coombs direto positivo em paciente com leak paravalvar – o problema não deve ser a prótese. Avaliação de sangue periférico (também chamada ponta de dedo em alguns lugares – basicamente colocar uma gota de sangue do dedo do paciente em um microscópio e avaliar o formato dos componentes do sangue) – a presença de esquizócitos em níveis aumentados (normal – <0,5%) sugere o diagnóstico de hemólise intravascular. Como não há muitas causas de hemólise intravascular, em um paciente com leak paravalvar a presença destes elementos falam fortemente a favor de hemólise pela prótese.2. Anemia pós-hemorrágica A redução do volume de eritrócitos circulantes leva a hipóxia aguda - o aparecimento de dispnéia, palpitações. O desenvolvimento do colapso ou o abaixamento da pressão arterial dentro de níveis seguros causam-se principalmente pela perda de plasma. Durante o sangramento e imediatamente depois, as glândulas supra-renais de catecolaminas e espasmos dos vasos periféricos são observados. Reduzir o volume do leito vascular contribui para a compensação da perda de sangue. No entanto, o espasmo prolongado dos vasos periféricos tem um efeito adverso na microcirculação e pode levar ao desenvolvimento de choque. Um dos mecanismos mais importantes de auto-regulação de um organismo é autohemodilation devido à mobilização de seu próprio líquido intersticial e sua liberação no leito vascular. Se a autohemodiluição é insuficiente ou esgotada, começa a descompensação e, sem o tratamento necessário, o paciente morre. Em conexão com a perda de sangue relacionadas hipoxia, aumenta o conteúdo de eritropoietina resultando num aumento da proliferação de células. Para anemia pós-hemorrágica aguda, os sintomas de colapso são característicos em primeiro lugar. O paciente tem uma fraqueza aguda, tontura, palidez, boca seca, suor frio, vômito. A pressão arterial e venosa diminui, o volume diminuto do coração diminui. O pulso agudamente aumenta, fica fraco. O quadro clínico é determinado pela quantidade de sangue perdido, a taxa de sua expiração, em certa medida e a fonte de perda de sangue. Há evidências de um grau desigual de compensação, dependendo da fonte do sangramento. Para estimar o grau de perda de sangue, recomenda-se a seguinte fórmula: P = K + 44 * lgHI, onde P é a perda de sangue,%; K - coeficiente que a perda de sangue a partir do estômago e intestinos é 27, por hemorragia abdominal - 33, nas feridas das extremidades - células 24 e 22 lesão torácica; SHI é um índice de choque igual à relação entre a taxa de pulso e a pressão sistólica. Grau de anemia não é um indicador da quantidade de sangue perdido. Isso se deve ao fato de que, na perda sangüínea aguda, o tamanho do leito vascular diminui. Com muita perda de sangue nas primeiras horas os níveis de hemoglobina e eritrócitos podem diminuir ligeiramente, o número do hematócrito não muda e apenas um estudo do volume de hemácias circulantes pode revelar uma diminuição significativa nesse índice. Se a hemorragia tiver cessado, a diminuição dos níveis de hemoglobina e eritrócitos começa durante o dia 2-3, principalmente devido à penetração do líquido tissular no sangue. Como resultado, na primeira vez após a perda de sangue, a anemia é normocrômica. O conteúdo de plaquetas no sangue durante o sangramento pode ser reduzido devido a um consumo significativo de plaquetas, mobilizado para parar o sangramento, a ausência de depósitos especiais de plaquetas.Tal trombocitopenia do consumo pode às vezes levar à suposição de que a base do sangramento é a púrpura trombocitopênica. Através de 2-3 dias, o número de plaquetas não só chega ao normal, mas na maioria dos casos o excede. Aumenta o número de células brancas do sangue, existe um deslocamento significativo para a esquerda de granulócitos neutrófilos, polihromaziya não são marcados erythrokaryocytes individuais. Dado que uma grande perda de sangue leva a uma perda significativa de deficiência de ferro desenvolve, embora o teor de ferro no soro dentro de um determinado período de tempo pode ser normal, especialmente à hemorragia maciça em um paciente não tem deficiência de ferro. Diagnóstico laboratorial de anemia pós-hemorrágica aguda é muito difícil. Deve ser lembrado que o diagnóstico da hemorragia grave, oculto para o médico, deve ser baseado não principalmente em dados de laboratório e nos sinais clínicos, apoiada pelos resultados de alguns testes laboratoriais, em particular, a identificação de amostras de benzidina fortemente positivos e reacção de Weber quando estudo fezes paciente no caso de sangramento do estômago e dos intestinos, aumento dos níveis de sangramento de azoto residual a partir das partes superiores do estômago e dos intestinos, devido à absorção de uma quantidade significativa de aminoácidos, pagando que são causados pela desintegração do sangue no estômago e no duodeno. O teor de uréia permanece normal. No caso de perdas grandes ou rápidas de sangue, a fonte da hemorragia precisa ser encontrada e o sangramento interrompido. Pode ser necessária transfusão de glóbulos vermelhos. No caso de perdas de sangue lentas ou pequenas, o corpo pode produzir glóbulos vermelhos suficientes para corrigir a anemia sem a necessidade de transfusões de sangue. Uma vez que, durante uma hemorragia, é perdido ferro, necessário para a produção de glóbulos vermelhos, a maioria das pessoas com anemia resultante de hemorragia precisa tomar suplementos de ferro, em geral em comprimidos, por diversos meses. 3. Doença endócrina A incidência de anemia de doença endócrina é baixa e quando se instala é intensa ou moderada, com morfologia pouco alterada e nenhuma alteração da série branca e plaquetas. No hipotireoidismo a anemia ocorre devido à redução da produção celular e à diminuição da necessidade de oxigenação do organismo. A anemia pode apresentar uma macrocitose discreta, a hemoglobina está raramente abaixo de 8 ou 9 g/dL e presença de acantócitos. A gravidade da anemia é proporcional ao déficit de vitamina B12. No hipertireoidismo a anemia estabelece-se por uma eritropoese ineficaz aumentada, VCM normal ou microcítico. A doença de Addison é um hipoadrenalismo em que há diminuição da produção do cortisol e esta é a causa da anemia. No hipogonadismo, por redução da produção de testosterona, há diminuição da concentração de hemoglobina. As anemias apenas respondem quando a produção hormonal retorna aos níveis normais. 4. Doença renal A anemia se instala pelo déficit da produção de eritropoietina devido à falência renal, que também causa aumento do volume plasmático, e a intensidade é proporcional ao comprometimento renal. A anemia é devido a deficiência de eritropoietina e em parte pelo aumento do volume plasmático, pois com o aumento da concentração de ureia há dimin. Lição da sobrevida eritrocitária. É de instalação lenta que permite adaptação fisiológica que permite chegar a valores abaixo de 5g/dL. Quanto maior a creatinina, menor será a concentração de hemoglobina e mais grave a anemia. O aparecimento e o uso de Agentes Estimuladores da Eritropoiese (AEE) - Epoietina alfa; Epoietina beta; Darbopoietina alfa- no tratamento da anemia associada à Doença Renal Crónica foi a grande revolução terapêutica que permitiu elevar ou manter o valor da hemoglobina e diminuir a necessidade de transfusões. A administração de Ferro sob a forma de comprimidos orais ou administração endovenosa é essencial, pois permite não só prevenir a deficiência de Ferro induzida pelos AEE (quando se inicia o tratamento com AEE o organismo passa a produzir maior numero de glóbulos vermelhos o que leva a um maior consumo de Ferro),como também uma diminuição da dose de AEE de forma a atingir a dose adequada. 5. Doença hepática A anemia é moderada e a hemoglobina geralmente está acima de 7 a 8g/dL. Pode ocorrer neutropenia moderada a grave. No alcoolismo crônico acompanhado de cirrose hepática pode ocorrer deficiência de folato, levando a anemia megaloblástica. O álcool afeta também a função mitocondrial, levando a anemia sideroblástica. 6. Anemia aplástica A anemia aplástica (AA) ou aplasia de medula óssea é uma doença rara, caracterizada por pancitopenia moderada a grave no sangue periférico ehipocelularidade acentuada na medula óssea, sendo a mais frequente das síndromes de falência medular. São classificadas em adquiridas e congênitas. Postula-se que a AA ocorra devido a uma agressão à célula-tronco hematopoiética pluripotente, acarretando sua diminuição em número ou até sua ausência na medula óssea. Anemia aplástica induzida por drogas Benzeno e seus derivados, radiações ionizantes, antimitóticos, certos antibióticos, penicilina, sulfonamidas, inseticidas, corante para cabelo, solventes, bismuto, AAS, dentre outros. Anemia aplástica devida a outros agentes externos Infecções virais (hepatite, vírus da Epstein-Barr, HIV e dengue) e infecções por micobactérias. Anemia aplástica idiopática A causa não é conhecida. Outras anemias aplásticas especificadas Anemia de Fanconi A anemia é caracterizada por pancitopenia no sangue periférico (hemoglobina menor de 10 g/dL, plaquetas abaixo de 50.000/mm3 e neutrófilos abaixo de 1.500/mm3), baixa contagem de reticulócitos (abaixo do limite considerado normal pelo método) e medula óssea hipocelular à biópsia. A Anemia Aplástica pode ser classificada em moderada e grave (12,13), conforme os critérios a seguir: Moderada: medula óssea com menos de 30% de celularidade e presença de pelo menos citopenia em duas séries (hemoglobina menor de 10 g/dL, plaquetas abaixo de 50.000/mm3 ou neutrófilos abaixo de 1.500/mm3), com ausência de pancitopenia grave (definida pela presença de no mínimo dois dos três seguintes critérios: contagens de reticulócitos abaixo de 20.000/mm3, neutrometria abaixo de 500/mm3 e plaquetometria abaixo de 20.000/mm3 ); Grave: medula óssea com menos de 25% de celularidade, ou com menos de 50% de celularidade e em que menos de 30% das células são precursores hematopoiéticos, e presença de no mínimo dois dos três critérios: contagens de reticulócitos abaixo de 20.000/mm3, neutrometria abaixo de 500/mm3 e plaquetometria abaixo de 20.000/mm3 . O número de neutrófilos ao diagnóstico menor do que 200/ mm3 caracteriza a AA como muito grave. O tratamento de AA varia de acordo com a gravidade da doença e com a idade do paciente. Nos casos moderados, estão indicados somente tratamento de suporte, com transfusões de concentrado de hemácias e plaquetas conforme indicações clínicas, e tratamento com antibióticos em casos de infecção. Se houver necessidade transfusional significativa ou uso frequente de antibióticos, pode-se considerar a indicação de terapia imunossupressora combinada. Já nos casos graves e muito graves (definidos como a presença de neutrófilos ao diagnóstico em número menor do que 200/mm3), indica se o transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) alogênico ou terapia imunossupressora combinada. 7. Inflamação 7.1 Leucemias Transformação que ocorre em uma célula que leva à formação de um clone maligno, que perde o controle da divisão celular e tem a capacidade de invadir outros tecidos. São classificadas em aguas e crônicas e subdivididas em mielóides e linfoides. A anemia da Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) pode ser também de cuasa auto-imune. A célula transfomada produz anticorpos contra os próprios eritrócitos e os anticorpos são desenvolvidos contra os antígenos do sistema Rh. A hemolítica caracteriza-se por mostrar reticulocitose, policromatofilia, esferócitos e teste de Coombs direto positivo. Além disso ocorre neutropenia e trombocitopenia. O tratamento precoce não aumenta a sobrevida, e como o tratamento pode provocar efeitos colaterais, os médicos geralmente aconselham a esperar até que a doença esteja em estágio mais avançado ou o paciente esteja com sintomas, para iniciar o tratamento. A anemia da Leucemia Mieloide Crônica (LMC), quando na fase crônica, é variável, geralmente com intensidade proporcional ao aumento do número de leucócitos e podendo ser visto eritroblastos no sangue periférico. Na fase avançada a anemia torna-se mais intensa e associada a pecilocitose, anisocitose, policromatofilia e o número de eritroblastos no sangue pode aumentar. O tratamento compreende os inibidores da tirosina quinase, também chamados de terapia alvo, os quais apresentam resultados cada vez mais promissores, pois combatem apenas as células doentes e proporcionam uma vida normal aos pacientes, com poucos (ou sem) efeitos colaterais; o imunomodulador, também chamado por modulador da resposta citogenética, é uma proteína existente em nosso organismo com o objetivo de combater doenças, e foram recriadas em laboratório com a mesma finalidade; quimioterapia; radioterapia e transplante de medula óssea. A anemia da Leucemia Mieloide Aguda ocorre devido ao comprometimento da produção normal de eritrócitos. Ocorre eritroblastos no sangue periférico e trombocitopenia. A anemia da Leucemia Linfocítica Aguda ocorre junto com a neutropenia e a trombocitopenia, que é proporcional ao número de blastos circulantes. Para as leucemias agudas o tratamento é feito em várias fases. A primeira tem a finalidade de atingir a remissão completa, ou seja, um estado de aparente normalidade que se obtém após a poliquimioterapia. Esse resultado é conseguido entre um e dois meses após o início do tratamento (fase de indução de remissão), quando os exames não mais evidenciam células leucêmicas. Isso ocorre quando os exames de sangue e da medula óssea (remissão morfológica) e o exame físico (remissão clínica) não demonstram mais anormalidades. Entretanto, as pesquisas comprovam que ainda restam no organismo muitas células leucêmicas (doença residual), o que obriga a continuação do tratamento para não haver recaída da doença. Nas etapas seguintes, o tratamento varia de acordo com o tipo de leucemia (linfóide ou mielóide), podendo durar mais de dois anos nas linfóides e menos de um ano nas mielóides. São três fases: consolidação (tratamento intensivo com substâncias não empregadas anteriormente); reindução (repetição dos medicamentos usados na fase de indução da remissão) e manutenção (o tratamento é mais brando e contínuo por vários meses). Por ser uma poliquimioterapia agressiva, pode ser necessária a internação do paciente nos casos de infecção decorrente da queda dos glóbulos brancos normais pelo próprio tratamento. 7.2 Mieloma Ocorre devido a transformação maligna de uma célula plasmática na medula óssea, que leva à formação de um tumor. A intensidade da anemia é variável e resulta de uma resposta inapropriada a eritropoietina e agrava-se pela insuficiência renal. A hemoglobina fica entre 7 e 12 g/dL, há formação de roleaux eritrocirátio, leucopenia, neutropenia, trombocitopenia e hemorragia branda, e alteração nos fatores de coagulação. As principais terapias químicas para tratamento do mieloma múltiplo podem incluir: quimioterapia, corticoesteroides, agentes imunomoduladores, Inibidores do Proteassoma, Inibidores de histona-desacetilase, Anticorpos Monoclonais e Bisfosfonatos para Doença Óssea. 7.3 Mielofibrose Refere-se a deposição excessiva de colágeno na medula óssea. A anemia tem hemoglobina abaixo de 10g/dL, podendo ser hemolítica, há presença de dacriócitos, neutrófilos imaturos, plaquetas aumentadas, esquizócitos, codócitos, eritrócitos policromatófilos e reitculocitose, resultado da hematopoese alterada com liberação de células jovens da medula óssea. Pode ocorrer deficiência de folato e ferro e a classificação mudar para microcítica e hipocrômica. O Ruxolitinib, inibidor do gene JAK2, é a principal indicação, pois combate especificamente a mutação deste gene, e apresenta resultados positivos. Também são utilizados:Eritropoetina, Prednisona, Danazol e Hidroxiureia. 7.4 Metástase A causa mais comum de anemia nesse cenário é conhecida como anemia da doença crônica. Nela, substâncias pró-inflamatórias são produzidas pelo tumor e impedem o funcionamento normal da medula óssea, grande produtora de glóbulos vermelhos. O tratamento é direcionado para o tumor, no entanto, às vezes o uso de estimuladores da medula (eritropoietina) auxiliam o manejo. Além disso, naqueles pacientes que estão recebendo quimioterapia é muito comum o surgimento de anemia como uma forma de toxicidade devida ao tratamento. Os quimioterápicos citotóxicos, por atuarem em células em multiplicação, acabam agindo de forma adversa na produção de hemácias na medula óssea. Alguns quimioterápicos podem causar dano à medula óssea, prejudicando sua capacidade de produzir glóbulos vermelhos. Os cânceres que afetam diretamente a medula óssea ou que provocam metástase óssea podem comprimir as células normais da medula óssea, incluindo os glóbulos vermelhos. O tratamento quimioterápico com cisplatina e carboplatina podem prejudicar os rins, diminuindo a produção do hormônio eritropoético. O tratamento radioterápico em grandes regiões do corpo, como região pélvica, pernas, ou abdome pode causar danos na medula óssea. Náuseas, vômitos e perda de apetite podem levar à falta de nutrientes necessários para produção dos glóbulos vermelhos, como ferro, vitamina B12 e ácido fólico. Sangramento, em consequência da cirurgia, ou um tumor causando hemorragia interna pode levar à anemia se a perda das hemácias for maior que a capacidade de reposição. A resposta do sistema imunológico às células cancerosas pode causar anemia, neste caso, denominada anemia de doença crônica. Pode ser tratado com a radioterapia, a cirurgia, a quimioterapia, a terapia biológica, a terapia hormonal ou uma combinação destes. A escolha do tratamento depende geralmente dos fatores como: tamanho e lugar da metástase ou do tumor secundário, saúde geral e idade do paciente, tipos de tratamentos oferecidos previamente e suas resposta e/ou resistência no paciente, a escolha pessoal do paciente. 8. Anemia Diseritropoética É uma doença genética associada a uma mutação no gene que regula a proliferação, maturação e divisão dos eritroblastos. Devido à sua raridade e apesar das crianças apresentarem sintomas, o diagnóstico correto é feito tardiamente, na maior parte dos casos, já na idade adulta. Apenas é produzida uma pequena quantidade de glóbulos vermelhos normais e, em alguns casos, a semivida destas células, que normalmente é de 110 dias, também está reduzida. Estes fatores contribuem para que haja anemia, cuja severidade é heterogénea. Nas formas com anemia severa, os doentes podem necessitar de transfusões regulares de glóbulos vermelhos na infância. Na maioria destes casos, à medida que os doentes vão entrando na adolescência e na idade adulta, a anemia vai sendo menos severa e as transfusões deixam de ser necessárias. Quase todos os indivíduos afetados tem uma anemia crónica moderada, que não diminui a esperança média de vida, mas pode afetar a atividade física. Em alguns doentes, a qualidade de vida e a capacidade funcional, vão diminuindo à medida que vão envelhecendo, sobretudo quando as funções cardíaca e pulmonar são afetadas. Outro sintoma frequentemente associado à doença é a coloração amarela dos olhos e, por vezes, da pele. O baço vai aumentando, mas muitas vezes sem sintomatologia associada. Outras complicações possíveis são as úlceras de perna e o aparecimento, na coluna vertebral, de massas de tecido eritropoiético extramedular, que são visíveis no Rx do tórax e que colocam problemas de diagnóstico. Na maioria dos doentes há um aumento da absorção do ferro, que se acumula progressivamente e vai lesando diversos órgãos, como o fígado ou o coração. É imprescindível um controlo regular dos níveis de ferro no organismo. Em muitos casos, não é necessário nenhum tratamento em específico. O tratamento deve ser instaurado nos casos em que são necessárias transfusões regulares, ou nos casos em que a qualidade de vida e capacidade de realização das atividades da vida diárias estão comprometidas. Nenhum fármaco é eficaz. A eritropoietina, hormona que estimula a produção de glóbulos vermelhos em indivíduos saudáveis (usada ilegalmente como doping) e em alguns tipos de anemia, não é útil nesta doença e o seu uso não é recomendado, devido aos efeitos secundários. A única possibilidade de melhorar a anemia, nos casos severos, é a remoção cirúrgica do baço. Não obstante, uma vez que o baço tem funções imunitárias importantes, a decisão da sua remoção deve ser ponderada por um especialista em Hematologia. Devem ser tomadas medidas para minimizar o risco de infecção bacteriana e, todos os doentes sem baço funcional devem estar conscientes dos riscos e trazer consigo um cartão que alerte os médicos para a necessidade de iniciarem tratamento antibiótico de imediato caso haja suspeita de infecção. Nestes doentes a remoção cirúrgica do baço não impede a sobrecarga de ferro. 9. Anemia Mielodisplásica São doenças clonais que apresentam displasias em mais de uma linhagem e hematopoese ineficaz, que estão associadas ao risco de se transformarem em leucemia aguda. A anemia tem baixo reticulócitos, presença de macroovalócitos, eliptócitos, dacriócitos, esquizócitos, estomatócitos e acantócitos, podendo haver neutropenia, trombocitopenia e dimorfismo eritrocitário. Dentre as principais opções para o tratamento estão: transplante de medula óssea, terapias biológicas, quimioterapia e transfusão de sangue. 10. Anemia megaloblástica mascarada Ocorre devido a deficiência de vitamina B12 ou de ácido fólico, o que ocasiona uma formação defeituosa do DNA, gerando o megaloblasto. A anemia é macrocítica, há leucopenia, trombocitopenia, acompanhados de anisocitose, macrocitose com macroovalócitos, poiquilocitose, e granulócitos polissegmentados. A contagem de reticulócitos é normal ou baixa, mas o cálculo do índice de reticulócitos corrigido indica anemia hipoproliferativa. Em resumo, tem-se como manifestação uma pancitopenia associada à macrocitose. No entanto, a macrocitose pode estar mascarada pela coexistência de carência de ferro, talassemia ou anemia de doença crônica, que são doenças que produzem microcitose e hipocromia, e nesses casos pode-se observar anemia dimórfica, com duas populações de células. As principais alterações morfológicas no esfregaço do sangue periférico são: a) eritrócitos: macroovalócitos, poiquilocitose com esquistócitos, dacriócitos, corpúsculos de Howell-Jolly, anel de Cabot, eritroblastos, e até megaloblastos; b) granulócitos: hipersegmentação nuclear, com presença de neutrófilos polissegmentados reconhecidos por no mínimo 5% de neutrófilos com cinco lobos (regra dos 5) ou um neutrófilo com seis ou mais lobos; c) leucócitos: leucopenia com neutropenia, podendo os leucócitos chegar até infecções graves; d) plaquetas: trombocitopenia com 30.000 a 100.000 11. Anemia por deficiência precoce de ferro A anemia é definida por valores de hemoglobina (Hb) no sangue abaixo do normal para idade e gênero. A prevalência de anemia por DF (ADF) aumenta em populações com carências nutricionais; com ingestão ou absorção inadequada de ferro; hábitos vegetarianos; dietas com muito chá ou café, que inibem a absorção de ferro, ou sem vitamina C (frutas cítricas), que favorece a sua absorção; baixo nível sócio-econômico e educacional; presença de infestações endêmicas (malária, ascaridíase, helmintoses, protozoosesintestinais); estado nutricional influenciado pelo baixo peso, principalmente de mulheres em idade gestacional, associado à multiparidade e não uso de suplementação de ferro na gestação. Além disto, a ADF pode ser causada por hemorragias diversas, como as devidas a traumas ou por melena, hematêmese, hemoptise, menstruações, partos ou por múltiplas gestações. Pode também apontar para uma doença grave subjacente com sangramento oculto, que deve ser afastada com investigação adequada em homens e mulheres na pós- menopausa, principalmente no que diz respeito ao diagnóstico precoce da doença maligna colorretal. Independente da etiologia, quando o sangue tem células vermelhas insuficientes ou estas carregam hemoglobina insuficiente para entregar oxigênio adequadamente para os tecidos significa que houve falha na produção das hemácias e sobrevém anemia, muitas vezes multifatorial num mesmo indivíduo e por isto uma síndrome complexa para avaliação e estabelecimento da conduta a adotar. Os sintomas usuais da ADF incluem fraqueza, cefaleia, irritabilidade, síndrome das pernas inquietas e vários graus de fadiga e intolerância aos exercícios ou pica (apetite pervertido por barro ou terra, papeis, amido). Pode ainda ocorrer pica por gelo, que é considerada bastante específica para DF. No entanto, muitos pacientes são assintomáticos, sem clínica típica e só reconhecem os sintomas retrospectivamente, após o tratamento. Pacientes com ferritina baixa e sem anemia podem ter os mesmos sintomas. Idosos costumam apresentar início insidioso com sintomas relacionados à exacerbação de suas comorbidades subjacentes (piora da angina, aumento da confusão mental, dispneia). Alguns pacientes com DF, com ou sem anemia, podem se queixar de dor na língua, diminuição do fluxo salivar com boca seca e atrofia das papilas linguais e, ocasionalmente, de alopecia. O tratamento preventivo e sustentável da DF inclui, primordialmente, a garantia do aporte nutricional necessário de ferro para a população vulnerável. Para melhorar a absorção do ferro, recomenda-se a ingestão de alimentos ricos em vitamina C, disponível nas frutas cítricas, como laranja, acerola e limão, evitando-se excessos de chá ou café, que dificultam esta absorção. A escolha da preparação de ferro vai depender da gravidade da doença e da tolerância do paciente ao ferro oral que, por ser eficaz e barato, é considerado a primeira linha de tratamento. No entanto, existem indicações para o uso parenteral de ferro atualmente, cujas preparações se tornaram mais eficazes e seguras. * Anemia por doenças crônicas Mundialmente, a anemia da doença crônica é a segunda anemia mais comum. No começo, os eritrócitos são normocíticos e com o tempo se tornam microcíticos. A principal questão é que a massa eritroide medular não consegue se expandir apropriadamente em resposta à anemia. Acreditava-se que esse tipo de anemia ocorresse como parte de um distúrbio crônico, mais frequentemente infecção, doença inflamatória (em especial artrite reumatoide) ou câncer; no entanto, o mesmo processo parece começar de forma aguda praticamente durante qualquer infecção ou inflamação. Três mecanismos fisiopatológicos podem ser identificados: Leve diminuição da sobrevida dos eritrócitos que ocorre por meio de mecanismos desconhecidos em pacientes com câncer ou infecção granulotomatosa crônica. A eritropoese é insuficiente em decorrência da diminuição tanto da produção da EPO quanto da falta de resposta da medula à EPO. O metabolismo férrico intracelular é insuficiente. As células reticuloendoteliais retêm ferro dos eritrócitos senescentes, deixando o ferro indisponível para a síntese de Hb. Há, dessa maneira, uma falha em compensar a anemia com o aumento da produção de eritrócitos. Citocinas derivadas dos macrófagos (p. ex., IL-1beta, fator de necrose tumoral alfa, interferon-beta) em pacientes com infecções, estados inflamatórios e câncer causam ou contribuem para a redução da produção de EPO e comprometem o metabolismo do ferro. O diagnóstico é feito através de: Sinais e sintomas de distúrbio adjacente Hemograma e ferro sérico, ferritina, transferrina e receptor da transferrina Os achados clínicos são normalmente aqueles referentes às doenças de base (infecção, inflamação ou câncer). Suspeita-se de anemia da doença crônica em pacientes com anemia microcítica ou normocítica marginal com infecção crônica, inflamação ou câncer. Se houver suspeita de anemia da doença crônica, são obtidos ferro sérico, transferrina e receptor da transferrina e ferritina sérica. A Hb é quase sempre > 8 g/dL, a menos que um mecanismo adicional contribua para a anemia. Se houver infecção, inflamação ou câncer, um nível sérico de ferritina levemente < 100 ng/mL sugere que a deficiência de ferro está sobreposta à anemia da doença crônica. Mas como a ferritina sérica pode estar falsamente elevada como reação de fase aguda, o receptor da transferrina sérica pode diferenciar melhor a anemia por deficiência de ferro daquela da doença crônica quando a ferritina sérica for > 100 ng/mL. O tratamento é feito da seguinte maneira: Tratamento da doença subjacente EPO recombinante e suplementos de ferro Tratar a doença de base é o mais importante. Como a anemia em geral é leve, as transfusões não são normalmente necessárias e EPO recombinante pode ser oferecida. Como há redução da produção de EPO e aumento da resistência medular a esta, a dose de EPO pode atingir 150 a 300 U/kg, subcutânea (SC), três vezes/semana. Boa resposta seria certamente se, após duas semanas de terapia, a Hb tivesse aumentado > 0,5 g/dL e a ferritina sérica fosse < 400 ng/mL. Os suplementos de ferro são necessários para assegurar resposta adequada à EPO. Todavia, o monitoramento cuidadoso da resposta de Hb é necessário porque os efeitos adversos (p. ex., tromboembolismo venoso, IM, morte) podem ocorrer quando Hb alcança > 12 g/dL.
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