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Raphaela Faria Medicina XXIX A n e m i a s O termo “anemia” indica qualquer doença em que há uma redução da massa (ou quantidade) total de glóbulos vermelhos em um indivíduo. Na prática, a massa de glóbulos vermelhos é medida através da dosagem de uma proteína chamada hemoglobina. Embora a consequência mais conhecida das anemias seja a coloração pálida da pele, a consequência mais problemática tem relação com a função dos glóbulos vermelhos. Como estas células são responsáveis pelo transporte do oxigênio para os tecidos, esta redução leva a uma menor liberação de oxigênio para todos os órgãos. • Nível de hemoglobina <13,5 g/dl em homens (hematócrito menor que 41% ) • <12 g/dl em mulheres (HCT menor que 36%) O impacto da anemia varia (i) conforme a necessidade de oxigênio de cada órgão; (ii) conforme a velocidade em que redução de glóbulos vermelhos ocorre; (iii) e à magnitude desta redução. O valor de referência da hemoglobina depende da idade, sexo e etnia do paciente; cada labora tório tem alguns parâmetros um pouco diferentes. A diminuição da hemoglobina promove, fisiologicamente, um a resposta do corpo, com o aumento da eritropoetina pelos rins. Então, se você tem uma diminuição da hemoglobina, você carregaria menos oxigênio (condição de hipóxia maior) e nos rins, as células são capazes de produzir eritropoetina (hormônio e fator de crescimento para os eritrócitos ) que, por sua vez, de maneira compensatória, na medula óssea, vai favorecer o aumento da eritropoiese . O mecanismo da formação do eritrócito, a eritropoese, ocorre no ambiente específico da medula óssea. Após a perda do núcleo picnótico, a hemácia é liberada em circulação com sua forma característica de disco bicôncavo, e sobrevive, em média, por 120 dias. Durante esse período, percorre uma distância de aproximadamente 200 quilômetros e enfrenta a turbulência da bomba cardíaca mais de 500 mil vezes. Portanto, é previsível que a hemácia seja uma célula metabolicamente ativa e necessite de suprimento adequado de glicose para produção de energia. Também é comum, nos pacientes que tem anemia, aumentar o número de reticulócitos (hemácias ainda imaturas – jovens). A contagem de reticulócitos é um indicador indireto da atividade eritropoiética da medula óssea. Gráfico: Relação inversa entre a produção de eritropoetina e a concentração de hemoglobina. Quando menos hemoglobina, maior a produção de eritropoetina. Quando mais hemoglobina, menos EPO. Obs. Nem todas as formas de anemia levam a um aumento do número de reticulócitos, porque existem as anemias por carência de ferro, ou anemias decorrentes de alterações na própria medula óssea , que incapacita a produção de hemácias. Nesse caso, a anemia não cursa com aumento do número de reticulócitos. Raphaela Faria Medicina XXIX TIPOS DE ANEMIAS Reticulócitos > 2 ANEMIA POR HEMORRAGIA A apresentação clínica varia dependendo do local, gravidade e rapidez da hemorragia. Em extremos opostos estão os sangramentos fulminantes agudo produzindo choque hipovolêmico e a perda oculta crônica de sangue que leva à anemia ferropriva. Tanto na perda aguda quanto na perda crônica, a contagem de plaquetas é frequentemente aumentada, principalmente se o paciente apresenta deficiência de ferro. PERDA AGUDA DE SANGUE Pacientes que tiveram uma hemorragia súbita se apresentam com achados clínicos secundários à hipovolemia e hipóxia. Os sinais e sintomas dependem da gravidade do processo. O paciente pode apresentar fraqueza, fadiga, sensação de desfalecimento ou estupor e pode parecer pálido, diaforético e irritável. Os sinais vitais refletem compensação cardiovascular para a perda aguda de sangue. O grau de hipotensão e taquicardia depende da extensão da hemorragia. Após uma hemorragia aguda, a massa e o volume plasmático de eritrócitos são diminuídos em paralelo, portanto, pode não apresentar uma diminuição importante no nível de hemoglobina ou hematócrito no início. Este estresse induz uma leucocitose moderada e um desvio à esquerda na contagem diferencial de leucócitos. Durante os primeiros dias após a perda de sangue os reticulócitos aumentam. A hipóxia grave pode desencadear a liberação de eritrócitos nucleados da MO para o sangue periférico. Os eritrócitos jovens são maiores que os velhos, o VCM geralmente se eleva ligeiramente. Se a perda significativa de sangue continuar, a reticulocitose irá persistir até que as reservas de ferro se esgotem. Os pacientes com perda aguda grave de sangue precisam de transfusão de concentrados de eritrócitos, com monitoramento central da quantidade apropriada de reposição de volume. O local de sangramento deve ser identificado com urgência e controlado. Além disso, deve-se obter um coagulograma de emergência. PERDA CRÔNICA DE SANGUE Geralmente é causada por lesões no TGI ou no útero. Os testes de amostras de fezes para sangue oculto são fundamentais. Às vezes, é necessário examinar amostras seriadas durante um período prolongado, pois o sangramento gastrointestinal pode ser intermitente. As manifestações hematológicas de uma perda crônica de sangue são às de anemia ferropriva. ANEMIAS HEMOLÍTICAS No final do ciclo normal de vida (cerca de 120 dias), os eritrócitos são removidos da circulação. A hemólise é definida como destruição prematura : um ciclo de vida mais curto dos eritrócitos (< 120 dias). A anemia acontece quando a produção da medula óssea não consegue mais compensar a diminuição da sobrevida dos eritrócitos; essa doença é chamada de anemia hemolítica. Se a medula puder compensar, a condição passa a ser chamada anemia hemolítica compensada. Normocítica, normocrônica Policromasia (diversidade no tamanho das hemácias) Medula óssea hipercelular, com reticulócitos Aumento de bilirrubina indireta (protoporfirina → biliverdina → bilirrubina indireta) Raphaela Faria Medicina XXIX Hemólise extravascular: A maior parte da hemólise patológica é extravascular e ocorre quando eritrócitos defeituosos ou anômalos são retirados da circulação pelo baço e pelo fígado. O esfregaço de sangue periférico mostrará microesferócitos ou aglutininas frias e aglutinação de eritrócitos se o sangue não for aquecido após a coleta. Hemólise intravascular: É uma razão importante para destruição dos eritrócitos e quase sempre ocorre quando a membrana da célula foi gravemente lesionada por diferentes mecanismos. ▪ Fenômenos autoimunes ▪ Trauma direto (p. ex., hemoglobinúria da marcha) ▪ Tensão de cisalhamento (p. ex., valvas cardíacas com defeito mecânico) ▪ Coagulação intravascular disseminada (CID) ▪ Toxinas (p. ex., toxinas clostridiais, mordida de cobra venenosa) Imuno-mediadas Aglutitinas frias (IgM): (hemoglobinúria paroxística noturna; anemia hemolítica pós microplasma) Aglutininas mornas(IgG): (induzidas por droga; anemia hemolítica autoimune; reação transfusional) Não imuno-mediadas Extra corpusculares: macrocirculatórias (hiperesplenismo; circulação extracorpórea) e microcirculatórias (coagulação intravascular disseminada; púrpura trombocitopênica-plaquetas baixas; síndrome hemolítico-urêmica) Intracorpusculares (Parede celular: defeitos celulares ou de membrana). Os indivíduos com vários tipos de anemia hemolítica muitas vezes apresentam esplenomegalia, o que significa o local primário de destruição eritrocitária aumentado. Além disso, os pacientes com hemólise moderada ou grave podem ter icterícia devido a uma elevação da bilirrubinanão conjugada (indireta). OBS.: A hiperbilirrubinemia não conjugada (indireta) e a icterícia acontecem quando a conversão da hemoglobina em bilirrubina excede a capacidade do fígado de conjugar e excretar a bilirrubina . O catabolismo da bilirrubina causa aumento de estercobilina nas fezes e urobilinogênio na urina e, às vezes, colelitíase. A medula óssea responde à perda excessiva de eritrócitos, acelerando a produção e a liberação de eritrócitos, resultando em reticulocitose e por causa da maior produção de eritropoietina pelo rim em resposta à anemia subsequente. Diagnóstico: a contagem de reticulócitos é o procedimento mais simples e mais custo/efetivo para distinguir entre as anemias hemolíticas e aquelas devido à diminuição da produção eritrocitária. Esse teste é um índice confiável da produção eritrocitária. Assim, em pacientes com anemia hemolítica, a medula óssea quase sempre exibe hiperplasia eritroides. A concentração sérica de bilirrubina não conjugada é elevada em proporção à gravidade da hemólise. Estes pacientes apresentam urina vermelha ou marrom. Esplenectomia: Sua eficácia se correlaciona com o grau em que os eritrócitos anormais ou defeituosos são destruídos ou sequestrado no baço. A esplenectomia é curativa em quase todo os pacientes com esferocitose hereditária. A cirurgia também pode ser benéfica em pacientes selecionados com anemia imuno-hemolítica, esplenomegalia congestiva, anemia de células em esporão e determinadas hemoglobinopatias e enzimopatias. REAÇÃO CONTRA O SISTEMA RH: Hemólise extravascular, palidez, icterícia, esplenomegalia (80%) e hepatomegalia. Hemólise primeiramente intravascular, palidez, fadiga e insuficiência cardíaca; esplenomegalia menos frequente. Raphaela Faria Medicina XXIX ANEMIA FALCIFORME A anemia falciforme é uma anormalidade da hemoglobina, herdada geneticamente, caracterizada por glóbulos vermelhos em forma de foice (meia-lua) e anemia crônica causada por destruição excessiva de glóbulos vermelhos anormais. Na anemia falciforme, os glóbulos vermelhos contêm uma forma anormal da hemoglobina (a proteína transportadora do oxigênio). A hemoglobina anormal é chamada hemoglobina S (troca do ácido glutâmico pela valina na cadeia beta da hemoglobina). TRAÇO FALCÊMICO → heterozigose S. Quando os glóbulos vermelhos contêm uma grande quantidade de hemoglobina S, eles podem se deformar e assumir um formato de foice e ser menos flexíveis. *Nem todos os glóbulos vermelhos assumem formato de foice*. As células com formato de foice se tornam mais numerosas quando as pessoas têm infecções ou baixos níveis de oxigênio no sangue. Além disso, como as células em forma de foice são rígidas, elas têm dificuldade para fluir pelos vasos sanguíneos menores (capilares). Isso bloqueia o fluxo sanguíneo e reduz o fornecimento de oxigênio para tecidos nas áreas nas quais os capilares estão bloqueados. O bloqueio do fluxo sanguíneo pode causar dor e, com o tempo, lesões no baço, rins, cérebro, ossos e outros órgãos. Pode ocorrer insuficiência renal e insuficiência cardíaca. Manifestações clínicas: Primeiras manifestações ocorrem até os 3 anos de idade: síndrome mão-pé → dor, isquemia periosteal e dactilite(dedo em salsicha/edema difuso dos dedos) Crescimento: crise óssea → isquemia intramedular em ossos longos Além disso, qualquer coisa que reduza a quantidade de oxigênio no sangue, como exercícios vigorosos, escalada, voar a altitudes elevadas sem oxigênio suficiente, ou uma doença, pode ocasionar uma crise falciforme : um episódio de exacerbação de sintomas e pode consistir em piora súbita da anemia, dores (com frequência no abdômen ou nos ossos longos dos braços e das pernas), febre e, às vezes, falta de ar. A dor abdominal pode ser intensa e podem ocorrer vômitos. Às vezes, uma crise de dor vem acompanhada de mais complicações, como: Crise aplásica: a produção de glóbulos vermelhos na medula óssea para durante a infecção por alguns vírus; Crise abdominal (isquemia mesentérica); Síndrome torácica aguda: causada pelo bloqueio de capilares nos pulmões (maior causa de morte no adulto) Sequestro hepático (fígado) ou esplênico agudo (um grande acúmulo de células em um órgão): Aumento rápido do volume do baço ou do fígado. Reticulócitos < 2 ANEMIAS MICROLÍTICAS ANEMIA MICROCÍTICA: Disponibilidade do ferro diminuída (não necessariamente ferro diminuído – pode ser problema no transporte ) VCM < 80 fl A hemoglobina é composta por subunidades de globina onde o heme é inserido. O heme é produzido pela inserção de um átomo de ferro na porfirina (protoporfirina). Um defeito em Raphaela Faria Medicina XXIX qualquer um desses três componentes fundamentais pode causar a anemia microcítica. A quantidade de hemoglobina dos eritrócitos é determinada pela produção coordenada da proteína globina, do anel porfirínico do heme e pela disponibilidade do ferro. A deficiência de um desses três componentes fundamentais da hemoglobina causa anemia hipocrômica e/ou microcítica. Em geral, a anemia microcítica é detectada inicialmente pelos índices hematimétricos obtidos por processo automatizado. O diagnóstico da anemia hipocrômica e microcítica é confirmado pelo exame do esfregaço do sangue periférico. OBS.: Os distúrbios que afetam a produção da proteína globina geralmente produzem microcitose, mas não hipocromia. ANEMIA FERROPRIVA A deficiência de ferro é a causa mais comum de anemia no mundo inteiro e está entre os problemas médicos mais frequentes vistos pelos médicos da atenção primária. As taxas de prevalência são particularmente elevadas nos países em desenvolvimento (carência alimentar e as parasitoses intestinais). Fisiopatologia: a maior parte de ferro do corpo humano adulto está incorporado à hemoglobina nos eritrócitos e à mioglobina nos músculos. O restante está principalmente nos depósitos de ferro do fígado e no interior dos macrófagos do sistema mononuclear afagocitário da medula óssea e do baço. Apenas uma pequena quantidade de ferro circula livremente no plasma ligada à transferrina, mas esse é cineticamente muito ativo, renovando- se a cada 3 ou 4 horas. A transferrina é a principal proteína associada ao ferro plasmático circulante, e a ferritina é a principal proteína associada ao ferro armazenado no interior das células, tanto no citoplasma quanto nas mitocôndrias. Como a taxa normal de perda de ferro é baixa, apenas cerca de 1 a 2mg/dia de ferro dietético são necessários para manter a homeostase. O controle da absorção do ferro pelas células das criptas duodenais é crucial, uma vez que não há um mecanismo fisiológico regulável para a excreção do ferro. Como consequência, a ingestão excessiva de ferro pode levar uma sobrecarga de ferro deletéria com concomitante lesão de órgãos. Após sofrer redução ao estado ferroso pela ferroredutase, o ferro atravessa a membrana apical das células das criptas. Uma vez no interior da célula absortiva intestinal, o ferro é armazenado ligado à ferritina. O ferro plasmático circulante está ligado à proteína transportadora de ferro que é a transferrina. O complexo transferrina-ferro é então captado pelos precursores eritroides via receptor de transferrina. Dessa forma, a ANEMIA FERROPRIVA resulta de um desequilíbrio entre a quantidade de ferro corporal disponível para a produção de hemoglobina e as quantidades mínimas necessárias para manter a produção normal de hemoglobina durante a eritropoiese. Em razão da eficácia combinada existente entre a absorção de ferro da dieta e a retenção desse metal sob circunstâncias normais, na maioria das vezes esse desequilíbrio resulta de uma perda de sangue, sendo o TGI o local mais comum. Emborana maioria das vezes o ferro seja prontamente absorvido, em especial no duodeno, há estados patológicos capazes de prejudicar esse processo. Entre eles estão a má absorção intestinal generalizada e a gastrite atrófica, acompanhada de acloridria, além das cirurgias gástricas extensas. Manifestações clínicas: Devido os mecanismos fisiológicos compensatórios, os pacientes com anemia ferropriva de grau leve podem ser assintomáticos. A deficiência de ferro desses pacientes pode ser identificada durante a avaliação de um processo patológico subjacente ou durante exames laboratoriais de rotina. A anemia ferropriva, como outras anemias, manifesta-se por meio de sintomas específicos como fraqueza, palidez, tontura, diminuição da tolerância aos exercícios físicos e irritabilidade. Hipocromia, microcitose, aumento do RDW e piequetose. Ferritina sérica reduzida Ferro sérico reduzido Transferrina aumentada e com baixa saturação Raphaela Faria Medicina XXIX Obs.: A pica é uma manifestação clínica exclusiva da deficiência de ferro e consiste em um desejo intenso e incomum de comer determinadas substâncias não nutricionais, como um forte desejo de comer gelo (pagofagia) ou, com menor frequência, terra (geofagia) ou amido (amilofagia). Os achados físicos que podem estar associados ao estado ferroprivo incluem a glossite e a estomatite angular. Outros achados menos comuns, porém, altamente específicos são a presença de curvatura côncava nas unhas das mãos e dos pés (coiloníquia) e de tonalidade azul nas escleras. Diagnóstico: é feito por meio de exame laboratorial. Uma vez que a presença de eritrócitos microcíticos e hipocrômicos é uma condição característica desse tipo de anemia, os exames laboratoriais iniciais consistem na determinação dos níveis de hemoglobina, do volume corpuscular médio, da concentração de hemoglobina corpuscular e do número de reticulócitos. Em mãos experientes, um esfregaço de sangue periférico é um excelente indicador de anemia ferropriva. Na anemia ferropriva, a maioria dos eritrócitos têm um diâmetro menor que o núcleo de um linfócito típico, e a área da região central pálida é maior que a metade do diâmetro total do eritrócito. A variabilidade do tamanho de eritrócitos distingue a anemia ferropriva de outras condições que causam microcitose. O diagnóstico definitivo da anemia ferropriva é feito por meio de exames que quantificam as reservas de ferro total do organismo: a ausência de reservas de ferro é exclusiva dessa anemia microcítica e hipocrômica. O nível sérico de ferritina é o indicador mais confiável, menos invasivo e com melhor relação custo-benefício que está disponível para uso rotineiro na maioria dos laboratórios clínicos. Tratamento: consiste na restauração das reservas de ferro do organismo. Entretanto, a causa subjacente sempre deve ser investigada antes de iniciar o tratamento, pois em muitos casos trata-se de lesão no TGI corrigível e potencialmente fatal. Administração oral: a via de administração de ferro preferida é a oral. Administração parenteral: é um tratamento alternativo eficaz para as situações nas quais não se consegue controlar a perda de sangue primária, ou o ferro não é absorvido por causa de uma má absorção acentuada, ou o ferro administrado oralmente não é bem tolerado, apesar dos esforços concentrados para minimizar seus efeitos colaterais. Em geral, a resposta à terapia de reposição do ferro é bastante rápida, sendo os sintomas eliminados em alguns dias. Prognóstico: na maioria dos casos, a anemia por deficiência de ferro pode ser corrigida rapidamente pela reposição oral ou parenteral, mas o prognóstico a longo prazo depende essencialmente do curso clínico da causa subjacente. OBS.: A síndrome de Plummer-Vinson (SPV), também conhecida como síndrome de Paterson- Kelly ou disfagia sideropênica, é conhecida pela presença da tríade clássica de disfagia cervical, anemia ferropriva e membrana no esôfago superior= associada glossite atrófica e queilite angular . ANEMIA DE DOENÇA CRÔNICA E INFLAMAÇÃO É a anemia que ocorre nos estados patológicos crônicos, geralmente naqueles associados a níveis elevados de citocinas inflamatórias. Por causa dessa relação, a condição também é denominada como anemia da inflamação. Embora a anemia da inflamação crônica se manifeste em geral como um processo normocrômico e normocítico, em 20% a 50% dos casos os índices hematimétricos revelam microcitose. A anemia é geralmente de grau leve/moderado e assintomática. Fisiopatologia: Três mecanismos principais responsáveis pela anemia de inflamação crônica resultam dos efeitos causados pelos níveis anormais de citocinas inflamatórias. 1. A homeostase desregulada do ferro, manifestada por baixos níveis séricos de ferro (hipoferremia) Baixo ferro sérico, aumento do ferro no sistema reticuloendotelial (depósitos) e diminuição da absorção intestinal. Normocítica ou microcítica Hipocromia discreta Raphaela Faria Medicina XXIX na presença de níveis séricos normais ou elevados de ferritina e de reservas abundantes de ferro no interior dos macrófagos do sistema mononuclear fagocitário. A consequência funcional é uma disponibilidade limitada na quantidade de ferro destinado às células progenitores da linhagem eritroides e a resultante restrição da eritropoiese. 2. As concentrações elevadas de hepcidina urinária correlacionam-se com os níveis de ferritina nos pacientes com anemia da inflamação, sobrecarga de ferro e deficiência de ferro. 3. A inibição da expansão do pool de células progenitoras da linhagem eritroides. Manifestações clínicas: são geralmente dominadas pelo processo patológico subjacente. Na maioria das vezes, essa anemia é leve, e os níveis de hemoglobina permanecem no intervalo de 8 a 10g/dl. Contudo, uma perda de sangue intercorrente, a deficiência absoluta de ferro ou outros fatores agravantes podem provocar uma anemia potencialmente fatal. Mesmo a anemia de grau leve a moderado acentua os efeitos debilitantes da doença subjacente, afetando negativamente o estado geral e a qualidade de vida do paciente. Além disso, a presença da anemia está associada a um pior prognóstico global em muitas doenças crônicas subjacentes. Diagnóstico: diagnóstico clínico é de exclusão e se baseia no encontro de nível sérico baixo de ferro na presença de reservas normais ou aumentadas de ferro total do organismo. A ferritina sérica é o melhor marcador laboratorial para avaliar o armazenamento de ferro e está quase invariavelmente normal ou elevada na anemia da doença crônica. Se o ferro sérico e a saturação da transferrina estiverem reduzidos, refletindo uma desregulação na homeostase do ferro, o diagnóstico de anemia da doença crônica poderá ser feito dentro do contexto clínico apropriado após a exclusão de outras causas de anemia, como perda de sangue coexistente, talassemia e supressão da eritropoiese induzida por drogas. O encontro de um nível sérico baixo de eritropoietina também é útil para corroborar o diagnóstico de anemia da inflamação crônica. O tratamento mais eficaz é tratar a doença subjacente. Ainda que o tratamento definitivo não seja possível, a qualidade de vida do paciente e talvez o prognóstico da doença de base poderão melhorar se a anemia sintomática receber um tratamento específico. Transfusão de sangue: leva à resolução imediata da anemia, mas é indicada principalmente quando a anemia é uma ameaça à vida ou limita seriamente o funcionamento do paciente. Terapia intravenosa com ferro e eritropoietina: se na anemia da inflamação crônica a reposição de ferro for necessária, o reabastecimento das reservas de ferro é feito em geral por meio da administração parenteral desse metal emrazão do bloqueio da absorção intestinal. Nos pacientes sob hemodiálise que recebem eritropoietina, a reposição intravenosa de ferro melhora a anemia, entretanto, quando essa reposição eleva a saturação da transferrina para mais de 20%, parece haver um risco maior de bacteremia, ressaltando a complexa relação existente entre a homeostase do ferro e a imunidade. Prognóstico: é determinado quase exclusivamente pelo curso da doença subjacente. Já se sabe que o grau da anemia se correlaciona bem com a gravidade do processo patológico subjacente e, portanto, com os níveis das citocinas inflamatórias. Na ausência de processo intercorrente, a anemia da inflamação crônica não ameaça a vida do paciente. TALASSEMIAS É uma doença hereditária, caracterizado por um defeito na síntese de globina-alfa e beta – que podem manifestar-se nas seguintes formas: menor, intermediária e maior. A forma menor, ou traço talassêmico, produz um grau de anemia leve, assintomático e que pode passar totalmente despercebido. Na forma intermediária, a deficiência da síntese de hemoglobina é moderada e as consequências menos graves. Na talassemia maior, ou anemia Diminuição de VCM Aumento de HCM Diagnóstico: eletroforese de Hb Célula GOTA DE IPAGRIMA(altera a conformação) Raphaela Faria Medicina XXIX de Cooley, é a forma grave da doença, causada pela transmissão de dois genes defeituosos, um do pai e outro da mãe. Na Talassemia maior, os principais sinais e sintomas apresentados, se o paciente não recebe o tratamento adequado são: Anemia intensa; esplenomegalia (aumento do baço); hepatomegalia (aumento do fígado); atraso no crescimento e desenvolvimento e alterações ósseas. ANEMIAS SIDEROBLÁSTICAS Distinguem das demais pela presença de grandes quantidades de ferro no interior das mitocôndrias dos eritoblastos. Evidenciam-se pelo encontro de sideroblastos em anel, repletos de ferro, na medula óssea associado a anemia de grau moderado a intenso. Esses distúrbios resultam de defeitos na biossíntese do anel porfirínico do heme ou no metabolismo do ferro que ocorrem no interior das mitocôndrias. *Embora esses distúrbios se manifestem frequentemente como anemia microcítica e às vezes hipocrômica também, os pacientes acometidos podem exibir eritrócitos normocrômico e normocíticos. • Fatores genéticos: as duas principais formas de anemia sideroblástica hereditária ligada ao X foram descritas, e ambas resultam de defeitos na síntese do heme. Também já foram descritas formas autossômicas dominantes e recessivas da anemia sideroblástica hereditária. Acredita-se os outros tipos de anemia sideroblástica hereditária resultem de mutações que afetam o genoma das mitocôndrias, e não os genes nucleares. • Exposição a drogas ou toxinas: sobretudo ao álcool, que inibe diretamente a eritropoiese. Outros casos que estão associados a drogas incluem a exposição à isoniazida, e pirazinamida. • Formas idiopáticas: a causa mais importante está associada a síndromes mielodisplásicas. Umas das formas, a anemia refratária com sideroblastos em anel, caracteriza-se pelo encontro de anormalidades nas três linhagens de células hematopoiéticas, além da presença de sideroblastos em anel. Manifestações clínicas: variam de acordo com a causa fisiopatológica subjacente. Na maioria das vezes, essa anemia é moderada a grave, e os níveis de hemoglobina permanecem no intervalo de 4 a 10g/dl. Frequentemente, o esfregaço de sangue periférico revela hipocromia, muitas vezes com pontilhados basófilos. Diagnóstico: o exame laboratorial mais útil é a análise da morfologia da medula óssea com o uso do corante azul da Prússia, que evidencia o ferro. Essa coloração revela a presença de siderossomos verde-azulados anormalmente grandes e numerosos no interior de no mínimo 15% dos eritroblastos, o que dá a essas células a aparência características em anel. Os exames que quantificam o ferro geralmente revelam a presença de depósitos normais desse metal ou evidências de sobrecarga de ferro, causada pela eritropoiese ineficaz que ocorre na anemia sideroblástica e também pela terapia transfusional frequentemente necessária para o seu tratamento. •Tratamento da doença subjacente: a maioria das formas de anemia sideroblástica não possui um tratamento específico. As exceções são aqueles tipos causadas pelo álcool ou por drogas, para as quais a remoção do agente agressor geralmente leva à resolução, ou pelo menos à melhora, da anemia. Transfusão: são as bases do tratamento, porém por causa dos riscos da terapia transfusional a longo prazo, esse tratamento deve visar à obtenção de um bom estado geral, e não de um nível de hemoglobina específico predeterminado. Prognóstico: é muito variável. As formas secundárias adquiridas da doença resultantes da exposição ao álcool ou a toxinas respondem bem à retirada do agente agressor, com normalização rápida e frequentemente completa da eritropoiese. As outras anemias sideroblásticas vinculadas a mielodisplasias geralmente têm um prognóstico ruim por causa da coexistência frequente de pancitopenia e da Raphaela Faria Medicina XXIX incidência relativamente elevada de progressão para leucemia aguda. ANEMIAS MACROCÍTICAS • VCM > 100 fl e aumento do tamanho dos eritrócitos • Megaloblástica (megaloblastos: VCM>120fl) Metabolismo do ácido nucleico, Insuficiencia de B12 Insuficiência de folato Fator intrínseco • Não megaloblástica: Maturação anormal de GV Mielodisplasia • Etilismo, hepatopatia, drogas ANEMIA MEGALOBLÁSTICA Deficiência de vitamina B12 (cobalamina) ou Ácido A hematopoiese megaloblástica se expressa com anemia, a manifestação mais facilmente reconhecida de um defeito mais global na síntese de DNA em todas as células em proliferação (especialmente dos tratos gastrointestinais e reprodutivo). Uma vez que a reposição vitamínica é curativa, identificação da deficiência vitamínica é essencial. INSUFICIÊNCIA DE Ácido Fólico (folatos). A deficiência de folato ou de cobalamina gera uma característica bioquímica comum de defeito na síntese de DNA, com menor alteração na produção de RNA ou proteínas, que leva a um estado de crescimento celular desequilibrado e de divisão celular prejudicada. Isto é morfologicamente expresso através de núcleos “imaturos” maiores do que os normais, com cromatina finamente particulada, enquanto a síntese relativamente não prejudicada de RNA e proteínas leva ao surgimento de células grandes, com citoplasmas “maduros” maiores e aumento de volume celular. A aparência microscópica desta assincronia (ou dissociação) núcleo-citoplasmática é morfologicamente descrita como megaloblástica. O nível sérico normal de folato é mantido por sua ingestão dietética e pela eficiente circulação entero- hepática. A deficiência de folato pode ser resultante da diminuição do suprimento (ingestão, absorção, transporte ou utilização reduzidos) ou do aumento do requerimento (consumo metabólico, da destruição ou da excreção). Além disso, consumo excessivo de álcool, associado a uma dieta não balanceada, pode causar deficiência de folato. INSUFICIÊNCIA DE Cobalamina (B12): vitamina de coloração avermelhada, solúvel em água. É produzida na natureza apenas por microrganismos e os seres humanos a recebem somente da dieta. Geralmente está presente nos alimentos sob a forma de coenzimas e ligada a proteínas. No estômago, a digestão peptídica em baixo PH é um pré-requisito para a liberação da cobalamina da proteína alimentar. Uma liberada pela proteólise, a cobalamina se liga a proteína R, que é secretada na saliva e no suco gástrico. Estes complexos de cobalamina-proteína R, juntamente com o fator intrínseco livre, que éproduzido pelas células parietais gástricas, passam pela segunda parte do duodeno, no qual as proteases pancreáticas degradam as proteínas R. Isto permite a transferência da cobalamina para o fator intrínseco, formando um complexo estável fator intrínseco- cobalamina que passa então do jejuno para o íleo, onde se liga a receptores presentes nos microvilos das células da mucosa ileal. Dentro dos enterócitos, a cobalamina é transferida e, finalmente, se liga aos receptores de transcobalamina II encontrados nas superfícies celulares, o qual se liga a enzimas intracelulares como a metilmalonil-coenzima A (CoA) mutase e a metionina sintase. Anemia macrocítica Megaloblastos na medula óssea(VCM > 120 fl) Reticulócitos normais ou baixos (anemia hipoproliferativa) Pancitopenia (Diminuição do número de eritrócitos, leucócitos e plaquetas no sangue) Macrocitose Anisocitose (RDW se encontra aumentado, podendo ser visto no esfregaço sanguíneo uma grande variação de tamanho entre as hemácias. Raphaela Faria Medicina XXIX Deficiência de Cobalamina por deficiência nutricional: se destaca a presença do vegetarianismo e o semivegetarianismo induzido pela pobreza. Dissociação inadequada de Cobalamina da proteína alimentar: está ligado a dificuldades na liberação da cobalamina dietética das proteínas alimentares, apesar da presença de fator intrínseco. Cobalamina: pode acarretar um processo de desmielinização de distribuição irregular, que é expresso clinicamente como anomalias cerebrais e degeneração combinada subaguda da medula espinal. Esta desmielinização disseminada se inicia na coluna dorsal, nos segmentos torácicos do cordão espinhal, e daí se espalha contiguamente para envolver os tratos corticoespinhais e, mais tarde, os tratos espinotalâmico e espinocerebelares. As manifestações hematológicas e/ou neurológicas podem dominar o quadro clínico. Diagnóstico: é necessário reconhecer se a anemia megaloblástica está presente, a seguir determinar se a anemia é causada por deficiência de folato e/ou cobalamina, e, finalmente, deve-se diagnosticar a causa de base e o mecanismo responsável pela deficiência. Uma vez que a síntese anormal de DNA por qualquer causa resulta na megaloblastose das células precursoras presentes na medula óssea, os eritrócitos liberados na circulação possuem um VCM maior e no esfregaço de sangue periférico, essas grandes células têm formato ovalado (macroovalócitos). Quando comparados com os eritrócitos maduros, que têm área de palidez central. A avaliação da contagem corrigida de reticulócitos é um bom ponto de partida para distinguir as condições nas quais os macrócitos não são acompanhados de megaloblastose na medula óssea. Para estabelecer o diagnóstico de megaloblastose, a avaliação é iniciada pela obtenção de hemograma completo, VCM (que frequentemente revela um aumento constante durante um período de muitos meses ou anos), esfregaço de sangue periférico e contagem de reticulócitos , uma contagem baixa de reticulócitos com macroovalócitos sugere anemia megaloblástica subjacente. A megaloblastose clássica causada pela deficiência de cobalamina ou folato pode ser acompanhada por taxa de hemoglobina inferior a 5g/dl. A avaliação laboratorial das suspeitas de deficiências de cobalamina ou folato é iniciada pela medida dos níveis séricos destas vitaminas e então progride para os exames confirmatórios. O uso das informações clínicas pode melhorar a probabilidade pré-exame dos níveis séricos de folato e cobalamina. •Profilaxia com cobalamina ou folato: a cobalamina deve ser administrada em bebês de mães que apresentam esta deficiência vitamínica, assim como em todos os pacientes que sofrem gastrectomia total. Nos vegetarianos, alimentos enriquecidos com cobalamina ou comprimidos de cobalamina devem ser suficientes. Para aqueles com má absorção da cobalamina por qualquer outro mecanismo, a reposição de cobalamina e obtida com comprimidos por via oral. OBS.: A suplementação periconcepção com folato em todas as mulheres (400ug/dia de ácido fólico) e em mulheres que anteriormente deram à luz um bebê com defeito no tubo neural (4mg/dia de ácido fólico) é agora padrão e previne quase três quartos dos defeitos no tubo neural. A suplementação com folato durante a gravidez também previne o nascimento prematuro de bebês com baixo peso e é recomendada em neonatos prematuros e em mães em lactação. SECREÇÃO AUSENTE DE ÁCIDO E FATOR INTRÍNSECO: deficiência de fator intrínseco resultante da atrofia das células parietais gástricas está associada à secreção insuficiente de ácido clorídrico e pode ser causada por gastrectomia total ou parcial, destruição autoimune (gastrite atrófica crônica), como a encontrada na anemia perniciosa clássica, ou destruição da mucosa gástrica pela ingestão de substâncias cáusticas. Na anemia perniciosa, o evento primário é a destruição autoimune e a atrofia das células da mucosa parietal gástrica, o que leva à ausência de fator intrínseco e ácido clorídrico, causando grave má absorção e deficiência de cobalamina. Raphaela Faria Medicina XXIX ANEMIAS NORMOCÍTICAS ANEMIA DA DOENÇA RENAL Embora o nível de hemoglobina seja altamente variável, a gravidade da anemia é aproximadamente proporcional ao grau de comprometimento da função renal. Em contraste com as anemias associadas a outros distúrbios crônicos, a anemia da uremia pode ser muito grave, com níveis de hemoglobina inferiores a 4g/dl. A principal base para a anemia é a incapacidade dos rins doentes de secretarem quantidades adequadas de eritropoietina. ANEMIA DA HIPOFUNÇÃO ENDÓCRINA Anemia normocítica leve a moderada geralmente acompanha as condições de deficiência endócrina, incluindo hipotireoidismo, doença de Addison, hipogonadismo e pan- hipopituitarismo. Na anemia do hipotireoidismo, a eritropoiese é suprimida e o tempo de vida dos eritrócitos é normal. Uma minoria de pacientes apresenta eritrócitos macrocíticos, frequentemente devido à deficiência de cobalamina. Os pacientes com hipotireoidismo possuem uma incidência aumentada de anemia perniciosa. A testosterona influencia a eritropoiese de uma forma fisiológica. As anemias secundárias à insuficiência endócrina são rapidamente corrigidas quando a reposição hormonal adequada é administrada. ANEMIA DA DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA A morfologia dos eritrócitos é normal, exceto pela presença de células-alvo e estomatócitos ocasionais que apresentam uma área em fenda em vez de uma área circular de palidez central. A eritropoiese não consegue compensar um encurtamento moderado do tempo de vida dos eritrócitos. Em geral, a anemia é corrigida, se o paciente retornar à função hepática normal. Em pacientes com doença hepática alcoólica, a situação é muito mais complexa. Muitos fatores podem contribuir para o desenvolvimento de anemia. O álcool em altas doses não apenas suprime a eritropoiese, como também a produção dos neutrófilos e das plaquetas. A deficiência de ácido fólico é comum em alcoólatras devido a uma dieta abaixo do ideal e comprometimento da utilização de folato. Além disso, a anemia em alcoólatras é frequentemente complicada por hemorragia gastrointestinal como resultado de erosões gástricas, úlceras duodenais ou varizes esofágicas. ANEMIA DO IDOSO À medida que os indivíduos envelhecem, há uma leve e gradual queda nos níveis de hemoglobina e hematócrito. Os indivíduos idosos cujos valores caem abaixo de dois desvios padrão do normal apresentam morbidade e mortalidade significativamente reforçada. Com a idade, há também um aumento na incidência de câncer, mielodisplasia, insuficiência renal e distúrbios inflamatórios crônicos que podem suprimir a produçãoeritrocitária. Normocrônica e normocítica Contagem de reticulócitos baixa Hipoproliferação eritropoiética e hemólise Raphaela Faria Medicina XXIX CASOS CLÍNICOS Caso clínico I: Homem, 65 anos, com fadiga há 3 meses, previamente hígido, fraqueza difusa e dificuldade de subir escadas. E.F.: palidez, fezes guaiaco-positivas: reage com guaiaco (sangue oculto nas fezes) 1. Qual tipo mais provável de anemia: Ferropriva. 2. Qual causa mais provável: Cancer de colo de intestino, perda aguda de sangue (hemorragia) 3. Como deve estar o hemograma: Baixa contagem de glóbulos vermelhos (Hemacia microcítica) Hemoglobina menor que 13,5 g/Dl 4. Exames complementares: Ferro sérico (baixo), ferritina (baixa) OBS.: A constipação intestinal no paciente, a longo prazo, é um fator de risco do câncer de colo intestinal. Caso clinico 02: Os pacientes com perda aguda grave de sangue precisam de transfusão de concentrados de eritrócitos, com monitoramento central da quantidade apropriada de reposição de volume. O local de sangramento deve ser identificado com urgência e controlado. Além disso, deve-se obter um coagulograma de emergência. Primeiro, necessário focar na hemorragia causada pelo acidente, depois tratar as causas da anemia que a paciente já tinha, por deficiência de B12 ou acido fólico Liberação de reticulócitos, devido sangramento agudo Exames: contagem de reticulócitos, B12 Caso 03. Criança de 3 anos descorado e ictérico (aumento na produção de bilirrubina pelo fígado -conjugada e não conjugada ligação ao transportador ALBUMINA-) Nega colúria e acolia, descartando alterações no fígado. (Colúria- bilirrubina na urina/verde escuro quase preto. Acolia- fezes brancas ) Esplenomegalia ao exame físico (alteração no baço) Crises de dores de membros (formato em foice das células aumenta a probabilidade de formação de trombos). Retardo do crescimento e infecções respiratórias recorrentes- anemia falciforme Isquemia intramedular em ossos(mesentérica) 1. Como estará o hemograma Hemoglobina baixa, < 12, vcm possivelmente baixo 2. Outros exames necessários Perfil do ferro, eletroforese de hemoglobina (na eletroforese, é usada uma corrente elétrica para separar os diferentes tipos de hemoglobina e detectar, assim, hemoglobina anormal.). Além disso, em alguns países, os recém-nascidos são rotineiramente examinados mediante exames de sangue; além de serem feitos exames de sangue em parentes de pessoas com o distúrbio porque eles também podem ter anemia ou traço falciforme. Descobrir o traço nas pessoas pode ser importante para o planejamento familiar, para determinar o risco de se ter um filho com anemia falciforme. OBS.: Podem ser feitos exames durante o início da gravidez para analisar o feto e permitir o aconselhamento pré-natal para casais com risco de ter filhos com anemia falciforme. São testadas células fetais obtidas através de amniocentese ou amostras de vilosidades coriônicas em busca da presença do gene falciforme. Glóbulos vermelhos com forma de foice e fragmentos de glóbulos vermelhos destruídos podem ser vistos em amostras de sangue examinadas ao microscópio. OBS.: Hipocoloração das mucosas (palidez) é diferente de cianose.
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