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2017 PROVA EM ESPE´CIES ftc

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PROCESSO PENAL I
PROF. CLODOVIL MOREIRA 
SOARES
TEMA 7: DAS 
PROVAS 
(ESPÉCIES)
1.Noções Preliminares: 
● A perícia é um exame realizado por quem 
tem conhecimento técnico, científico ou 
artístico, e que serve ao convencimento do 
juiz. 
● Os peritos devem expor ao juiz não só as 
observações de seus sentidos e suas 
impressões pessoais, senão também as 
induções que se devem tirar objetivamente 
dos fatos observados ou que se lhes dêem 
por existentes.
A- EXAME DE CORPO DE DELITO E PERÍCIAS 
EM GERAL
2. O Exame de Corpo de Delito é o exame pericial obrigatório, 
destinado a comprovar a materialidade das infrações penais que 
deixam vestígios, isto é, infrações não transeuntes. Podendo ser 
direito ou indireto. (Art. 158) 
• Crimes de Fatos Permanentes, que são os crimes 
que deixam vestígios, em relação ao quais é 
indispensável o Exame de Corpo de Delito.
• Crimes de Fatos Transeuntes, que são os crimes 
que não deixam vestígios, como, por exemplo, os 
Crimes Contra Honra, quando praticado oralmente, 
assim, como a ameaça verbal, não se pode nestes 
crimes cogitar de Exame de Corpos de Delito. 
3. Classificações das perícias: 
I – Quanto ao objeto: Intrínseca ( o objeto é o 
corpo de delito) e extrínseca (o objeto são pessoas 
e coisas que servem á prova do crime). 
 II – Quanto á atividade do perito: Perícia 
percipiendi (o perito se limita a indicar as 
percepções colhidas, descrevendo o objeto)e 
Perícia deducendi (é chamado a apreciar 
cientificamente).
4. PERITOS
● Existem peritos oficiais e peritos louvados; 
( Art. 159, §1º e §2º) 
● Impedimentos e suspeições impõem-se aos 
peritos; 
● Exigência de dois peritos não existe mais. 
(N.R art. 159 do CPP, Lei 11.690: “O exame de 
corpo de delito e outras perícias serão 
realizados por perito oficial,portador de 
diploma de curso superior) 
5. CORPO DE DELITO E EXAME DE CORPO 
DE DELITO
● Não se deve confundir o Exame de Corpo de Delito 
com o Corpo de Delito. O Exame de Corpo de Delito 
consiste na perícia do Corpo do Delito, ou seja, meio de 
prova. Já o Corpo de Delito, por definição Doutrinária, é 
o conjunto de vestígios materiais deixados pelo fato 
criminoso.
O STF, reformulando sua orientação sobre este tema, passou 
a decidir que se os vestígios deixados pelo crime 
desaparecerem, impossibilitando a realização do Exame de 
Corpo de Delito, qualquer prova Licita (idônea) e não apenas 
a Prova Testemunhal, poderá servir de base para o 
reconhecimento da existência material do fato criminoso. 
ATENÇÃO:
Qual é a conseqüência da falta do Exame de Corpo de 
Delito, quando possível sua realização, ou seja, quando 
houver vestígios a serem periciados? De acordo com o 
art. 564, III, “b” do CPP, a falta de Exame de Corpo de 
Delito, se o crime tiver deixado vestígios, é causa de 
Nulidade do Processo. 
A Doutrina moderna defende que não há que ser falar em 
Nulidade do Processo, por virtude da falta de Exame de 
Corpo de Delito, pois a falta de prova acerca da 
materialidade delitiva impõe a Absolvição do Réu. 
Mas se no lugar do crime não houver perito 
oficial, quem elaborará o Exame de Corpo de 
Delito Direto, feito por perito não oficial? Não 
havendo perito oficial, o exame será realizado 
por duas pessoas idôneas, portadoras de 
diploma de curso superior, preferencialmente na 
área específica, dentre as que tiverem 
habilitação técnica relacionada à natureza do 
exame (art. 159 § 1º do CPP). Trata-se de 
Exame de Corpo de Delito Direto, embora feito 
por peritos não oficiais.
ATENÇÃO:
Interrogatório é o ato processual por meio do 
qual o acusado é ouvido pelo juiz. Envolve o 
direito de presença e o direito de audiência.
1ª Orientação –Meio de Prova, pois está inserido no CPP, 
entre os meios de provas, topograficamente.
6. INTERROGATÓRIO DO RÉU:
 2ª Orientação – Predominante no STF, sustenta que o 
Interrogatório é um Meio de Defesa, sobretudo porque o réu 
pode recusar-se a responder as perguntas feitas pelo Juiz, 
ou seja, o réu pode permanecer em silêncio (art. 5º LXIII). 
Não deixa de ser fonte de prova.
A. Natureza Jurídica do Interrogatório 
3ª Orientação – Esta fala que o Interrogatório é de natureza 
Híbrida (Mista), ou seja, é Meio de Defesa e Meio de Prova. 
CARACTRÍSITCAS DO 
INTERROGATÓRIO
A. ATO PERSONALÍSSIMO: só podendo ser praticado 
pelo acusado, que não pode se fazer representar por 
procurador ou preposto.
B. JUDICIALIDADE: É tipicamente judicial, só o juiz pode 
interrogar o acusado, nos moldes atuais é facultado ás 
partes fazer perguntas. Durante o I.P. ocorre a oitiva do 
acusado, mas nos moldes do interrogatório.
C. ORALIDADE: É ato oral, salvo nos caso dos surdos 
(Art. 192 e Art. 193).
D. ATEMPORAL: Pode ser realizado a qualquer momento, 
o juiz pode realizar interrogatório e novo interrogatório.
E. OBRIGATÓRIO: não há necessidade de ser requerido, é 
um dever judicial.
NO SISTEMA DO CPP, ANTES DA LEI 11.900/09, O 
INTERROGATÓRIO DO RÉU PRESENTE ERA 
INDISPENSÁVEL, ABRIU-SE A EXCEÇÃO. MAS ONTINUA 
SENDO IMPRESCINDÍVEL, SUA FALTA É CAUSA DE 
NULIDADE DO PROCESSO, INVALIDA A RELAÇÃO 
PROCESSUAL, DE ACORDO COM O ART. 564, III “E” DO 
CPP. 
● Análise do art. 185 do CPP (modificado pela Lei 11.900) 
INTERROGATÓRIO JUDICIAL EM 
ESTABELECIMENTO PRISIONAL 
CPPB, Art. 185, § 1º : O interrogatório do réu preso 
será realizado, em sala própria, no estabelecimento 
em que estiver recolhido, desde que estejam 
garantidas a segurança do juiz, do membro do 
Ministério Público e dos auxiliares bem como a 
presença do defensor e a publicidade do ato.
ATENÇÃO:
INTERROGATÓRIO POR VIDEOCONFERÊNCIA 
CPPB, Art. 185, § 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de 
ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu 
preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de 
transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja 
necessária para atender a uma das seguintes finalidades: 
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada 
suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, 
por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; 
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, 
quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em 
juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; 
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da 
vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas 
por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; 
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.
EXTENSÃO DO INTERROGATÓRIO POR VIDEOCONFERÊNCIA 
PARA OUTRAS PROVAS EM ESPÉCIE 
CPPB, Art. 185, § 8º Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o 
deste artigo, no que couber, à realização de outros atos 
processuais que dependam da participação de pessoa que esteja 
presa, como acareação, reconhecimento de pessoas e coisas, e 
inquirição de testemunha ou tomada de declarações do ofendido.
OUTRAS MODIFICAÇÕES DE LEI 11.900/09 
1º) 10 DIAS PARA INTIMAR AS PARTES DA DECISÃO 
PELO INTERROGATÓRIO POR VIDEOCONFERÊNCIA; 
2º) ACOMPANHAMENTO DO PRESO DA AUDIÊNCIA DE 
INSTRUÇÃO (ART. 400, 411 E 531) PELO MESMO 
SISTEMA; 
3º) DIREITO DE ENTREVISTA PRÉVIA E RESERVADA COM 
O SEU DEFENSOR E CANAL DE COMUNICAÇÃO EM CASO 
DE VIDEO CONFERÊNCIA;
EXCEÇÕES A IMPRESCINDIBILIDADE DO 
INTERROGATÓRIO: 
a) Nos Processos por CRIME DA LEI DE IMPRENSA 
(Lei n° 5250/67), o acusado somente será 
interrogado se o requerer, ou seja, só haverá 
interrogatório a requerimento do próprio acusado 
(art. 45, III da 5250/67). Tal Lei teve os seus 
preceitos julgados inconstitucionais pelo STF. 
b) E nos CRIMES ELEITORAIS não há a fase 
própria do Interrogatório, e de acordo como STF 
a inexistência de previsão de interrogatório no 
Processo Penal Eleitoral não viola a CRFB,ou 
seja não ofende o Principio Constitucional do 
Processo, porque nos termos do Código Eleitoral 
a defesa do réu será ou poderá ser exercida 
amplamente por escrito.
E no caso do Interrogatório On Line, ou seja, no 
interrogatório com a utilização de sistema de vídeo 
conferência? O STF firmou Jurisprudência, dizendo 
que o interrogatório On Line é ilegal, não podendo ser 
admitido, por violar o PRINCIPIO DA IMEDIATIDADE, 
ou seja, o Principio do Contato Imediato entre o Juiz e 
o réu, quando do Interrogatório. 
O interrogatório on line ainda é visto com cautelas, 
pois o interrogado pode estar sofrendo algum tipo 
de coação que o juiz pode não perceber. A 
jurisprudência já aceitou, excepcionalmente.
Questão de concursos e Exame da 
OAB
7. CONFISSÃO
 CONCEITO: “Confessar, no âmbito do processo penal, é 
admitir contra si, por quem seja suspeito ou acusado de 
um crime, tendo pleno discernimento, voluntária, 
expressa e pessoalmente, diante da autoridade 
competente, em ato solene e público, reduzido a termo, a 
prática de alguma ato criminoso...” (NUCCI)
 “O ATO PRECISA SER SOLENE, PÚBLICO E REDUZIDO A 
TERMO, JUSTAMENTE PORQUE O INTERROGATÓRIO É O 
MOMENTO IDEAL PARA SUA OCORRÊNCIA, O QUE SE FAZ 
RESPEITADAS AS FORMALIDADES LEGAIS”(NUCCI) 
SÓ NESTE TERMOS APROVEITA-SE COMO ATENUNANTE
7.1. CARACTRÍSITCAS DA CONFISSÃO
A confissão é uma declaração formal, expressa, 
personalíssima, voluntária, espontânea, divisível (o juiz 
não é obrigado a acatar a confissão como um todo, 
podendo acatá-la parcialmente) e retratável.
7.2. NATUREZA JURÍDICA DA CONFISSÃO
Nucci segue o CPP e aponta a confissão como meio de prova. A 
maior parte da doutrina afirma que a confissão não é meio de 
prova, mas o resultado, eventual, do interrogatório.
7.3. CLASSIFICAÇÃO DA CONFISSÃO
A. QUANTO AO CONTEÚDO 
● Simples: que é a Confissão Propriamente dita, o seja, o 
confitente admite a autoria da prática delituosa, em fato único; 
● Complexa: o confitente reconhece, de forma simples, várias 
imputações; 
● Qualificada: o réu admite autoria dos fatos a ele imputados, 
mas expõe fato impeditivo ou modificativo em seu benefício; 
B. QUANTO A FORMA 
● Judicial: feita em Juízo, diante de uma acusação específica, 
surgirá no interrogatório ou será tomada por termo nos autos; 
● Extrajudicial: qualquer confissão feita fora do Juízo, no 
Inquérito Policial, processo administrativo, em sindicância etc. É 
introduzida no processo através de um documento.
Qual é o valor probatório da Confissão? A Confissão no 
Sistema do Livre Convencimento dotado pelo CPP tem 
valor Relativo, assim como os demais meios de provas, 
não há graduação entre os meios de prova – Principio da 
Relatividade das Provas (STJ /H.C. 50.304 art. 197 do 
CPP).
Às vezes o réu além de confessar, aponta terceira pessoa 
como co-autora ou participe do delito, fala-se neste caso, em 
Delação ou Chamada de Co-Réu ou ainda Chamamento de 
Co-Réu, expressões esta que se valem Doutrina e 
Jurisprudência, para designar esse meio de prova atípico, 
inominado. A Delação não esta regulamentada no CPP, por 
isso se diz que a delação é uma prova Atípica Inominada. 
7.4. DELAÇÃO OU CHAMADA DE CO-RÉU
REQUISITOS: 1º) O co-réu que fez a delação tenha 
confessado sua participação no crime; 2º) a delação 
encontre amparo em outros elementos de prova existentes 
nos autos; 3º) no caso de delação extrajudicial, que tenha 
sido confirmada em juízo.
8. DECLARAÇÕES DO OFENDIDO
É o sujeito passivo do delito, só será parte na ação privada. Não é 
testemunha, pois tem interesse no resultado do processo. Presta 
declarações na qualidade de ofendido. Não presta compromisso de 
falar a verdade. Assim, não se deve confundir Ofendido e 
Testemunha. O ofendido presta declaração (Art. 201, caput, CPP), 
enquanto a testemunha presta depoimento. Não integra o número 
legal das testemunhas
● Limitação do conteúdo das declarações do ofendido: 1º) as 
circunstâncias da infração; 2º) Quem seja ou presuma ser o 
autor da infração e 3º) As provas que possa indicar. 
Qual é o valor probatório das Declarações do Ofendido? As 
Declarações do Ofendido, a exemplo dos demais meios de prova, 
tem valor Relativo – Princípio da Relatividade das Provas. 
Toda via, em relação a certos crimes, crimes rotineiramente 
praticados as escondidas, sobre tudo nos crimes Contra à 
Dignidade Sexual, a palavra da vítima assume especial relevância. 
Diz-se que nestes processos a palavra da vítima é o vértice da 
prova, ou seja, tudo gira em torno da palavra da vítima. 
8. DECLARAÇÕES DO OFENDIDO 
(alterações da Lei 11.690/08)
● Comunicação dos atos processuais que indiquem o 
ingresso e a saída do acusado da prisão (Art. 201, § 2º 
e 3º); 
● Sala separada e audiência separada para o ofendido 
(Art. 201, § 4º ); 
● Atendimento multidisciplinar para o ofendido (Art. 
201, § 5º ); 
● Preservação do ofendido e segredo de justiça (Art. 
201, § 6º ). 
9. PROVA TESTEMUNHAL 
 CONCEITO DE TESTEMUNHA: “É O INDIVÍDUO QUE, NÃO 
SENDO PARTE NEM SUJEITO INTERESSADO, DEPÕE 
PERANTE JUIZ, SOBRE FATOS PRETÉRITOS 
RELEVANTES PARA O PROCESSO E QUE TENHAM SIDO 
PERCEBIDOS PELOS SEUS SENTIDOS”. (Badaró) 
9. 1. CARACTERÍSTICAS DA PROVA TESTEMUNHAL 
● Judicialidade: tecnicamente só é prova testemunhal aquela 
produzida perante o juiz, em contraditório; 
● Oralidade: o testemunho, em regra é oral. Admite-se por 
escrito: surdo-mudo ( CPP, Art. 223, § único, c.c. Art. 192, 
caput) e Presidente, Vice-Presidente, Presidentes do Senado, 
da Câmara Federal e do STF ; 
● Objetividade: as testemunhas devem limitar-se aos fatos e 
não externar opiniões; 
● Retrospectividade: a testemunha é chamada a depor sobre 
fatos passados, reproduzindo o que já ocorreu e foi apreendido 
por seus sentidos.
9. 2. CLASSIFICAÇÃO DAS TESTEMUNHAS 
● DIRETA OU DE VISU: depõe sobre os fatos que 
presenciou – teve contato direto; 
● INDIRETA OU DE AUDITO: depõe sobre os fatos que 
tomou conhecimento por terceiros – ouviu dizer; 
● PRÓPRIA: presta depoimento acerca do tema probandu, 
do fato objeto da prova; 
● IMPRÓPRIA OU INSTRUMENTÁRIA: é a testemunha 
chamada a presenciar a prática de atos processuais ou 
pré-processuais; 
● REFERIDA: são aquelas citadas no depoimento de outra 
testemunha; serão ouvidas como testemunhas do Juízo; 
INFORMANTE: são as testemunhas que não prestam 
compromisso; 
● NUMERÁRIA: testemunha que entra no cômputo legal; 
● EXTRA-NUMERÁRIA: não entra no cômputo legal. São 
as referidas, informantes, testemunhas que nada souberam 
a respeito dos fatos.
9.3. DEVER DE DEPOR, PROIBIÇÃO DE DEPOR E 
DISPENSA DE DEPOR 
 EM REGRA: toda pessoa pode servir como testemunha (Art. 
202), e tem o dever de depor (art. 2006, 1ª. parte). 
DISPENSADAS DO DEVER DE DEPOR: Ascendente ou 
descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que 
desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado 
(mediante recusa). (CPP, Art. 206) – Não havendo outro meio de 
obter ou integrar a prova cai a recusa. 
● Diplomatas podem recusar-se de depor (Convenção de Viena 
Art. 31, § º).
PROIBIDAS DE DEPOR: Há certas pessoas que estão proibidas 
de depor, ou seja, pessoas que não podem testemunhar, pois se o 
fizerem incorrerão nas penas do crime do art. 153 do CP. São as 
pessoas referidas no art. 207 do CPP, são as chamadas 
Sigilatárias, ou seja, pessoas que estão obrigadas a preservar 
aquilo que lhes tiver sido confidenciado.
 DEVERES DA TESTEMUNHA: Comparecer e Depor e dizendo a 
verdade sobre o que souber e lhe for perguntado. 
9.4. OUTRAS QUESTÕES SOBRE A PROVA 
TESTEMUNHAL
● Na fase do Inquérito Policial, que é o procedimento preparatório 
da AçãoPenal, pode a Autoridade Policial (Delegado) mandar 
conduzir a Testemunha Faltosa a sua presença? 
● E a Testemunha que residir fora da Jurisdição do Juiz do 
Processo, também tem este dever de comparecimento? (Art. 221 e 
Art. 222 do CPP).
●Qual o sistema de inquirição de testemunhas adotado pelo CPP? 
(art. 212 do CPP).
9.4. MOMENTO PARA ARROLAR TESTEMUNHAS
PROCEDIMENTO COMUM
1. MP: Se o quiser, quando do 
Oferecimento da Denúncia, sob 
pena de preclusão (art. 41 do CPP).
2. DEFESA: Se o quiser,quando 
das alegações preliminares 
(Defesa prévia), sob pena de 
preclusão (art. 41 do CPP). 
TRIBUNAL DO JÚRI
1. MP: Denúncia/Libelo (art. 417, § 
2º. do CPP).
2. DEFESA: Defesa prévia/ 
Contrariedade do libelo (art. 421, § 
único do CPP). 
 QUANTAS TESTEMUNHAS PODERÃO SER ARROLADAS? 
Depende do Procedimento que deva ser a dotado no processo e 
julgamento da Ação Penal: 
● NO PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO, que é o Procedimento Regra, 
para os crimes punidos com Reclusão, MP e Defesa, cada qual poderão 
arrolar até 8 testemunhas. 
● NO PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO, que é o Procedimento Regra, 
para os crimes punidos com Detenção, MP e Defesa, cada qual poderão 
arrolar até 5 testemunhas. 
● NO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI, que é bifásico, MP e 
Defesa, cada qual poderão arrolar até 8 testemunhas, na 1ª fase do 
Procedimento, já na 2ª fase do procedimento, o MP quando da 
apresentação do Libelo poderá arrolar até 5 testemunhas (art. 417 § 2 º do 
CPP) e a Defesa poderá igualmente arrolar até 5 testemunhas na 
Contrariedade ao Libelo. 
● NO PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL, a lei não define 
o numero máximo deste procedimento, sendo assim, diante do silencio da 
lei, surgiram três orientações na doutrina e na Jurisprudência:
9. DEPOIMENTO DAS TESTEMUNHAS 
(alterações da Lei 11.690/08)
● Incomunicabilidade entre as testemunhas 
(Art. 210, § único); 
●Mudança do sistema de inquirição: do sistema 
presidencialista para o sistema de inquirição –
cross examination (Art. 212, § 4º ); 
● Complementaridade judicial da inquirição 
(Art. 212, §único); 
● Inquirição por videoconferência e retirada do 
réu da sala de audiências (Art. 217, § único).
10. RECONHECIMENTO DE PESSOAS E 
COISAS
 É o ato pelo qual uma pessoa admite e afirma como certa a 
identidade de outra ou a qualidade de uma coisa. 
Admite-se o reconhecimento fotográfico. É considerada 
uma prova indireta, ou seja, mero indício. 
Deve ser observada a formalidade do art. 226 do CPP. 
11. ACAREAÇÃO:
 CONCEITO: Ato de colocação face a face de duas ou mais 
pessoas que fizeram declarações distintas acerca de um 
mesmo fato. 
- Deve ser reduzido a termo; 
 - Pode ser feita de ofício ou a requerimento das partes; 
 - Pode ser determinada pelo juiz ou delegado; 
 - As pessoas que serão acareadas devem ter sido 
previamente ouvidas e deve existir um ponto divergente. 
 - Pode ser feita por precatória. 
12. DA BUSCA E DA APREENSÃO:
A busca e apreensão não é propriamente um meio de prova, 
apesar de inserida entre os meios de provas, mas sim um 
meio de obtenção da prova. O resultado da diligência é que 
constitui a prova, como por exemplo a apreensão de uma 
prova documental.
A busca consiste em um ato de procura de pessoa ou coisa. 
Já a apreensão é medida assecuratória que toma algo 
(pessoas ou coisas) de alguém ou de alguma lugar, com a 
finalidade de produzir prova ou preservar direitos. 
12.1. DA BUSCA DOMICILIAR:
 ● EXIGÊNCIAS CONSTITUCIONAIS: 1ª - A Busca deve ser 
precedida de Autorização Judicial, ou seja, antes de realizar a 
diligência a Autoridade Policial tem que obter autorização do Juiz 
competente para efetivá-la. 
2ª - A Busca, nestes casos, feita mediante Autorização Judicial, terá 
que ser realizada durante o dia, sob pena da prova ser taxada como 
Prova Ilícita.
O QUE SE ENTENDE POR CASA? Diz o art. 5º XI da CRFB, 
que a Casa é asilo inviolável do individuo. O conceito de 
Casa, para fins penais, esta contido na norma penal 
explicativa do art. 150 § 4º do CP, ao qual tipifica o crime de 
violação de domicilio, e o seu parágrafo 4º define o conceito 
de Casa. 
Mas Busca pode ser feita para a Apreensão de Cartas, ou a 
CRFB teria garantido em termos absolutos o sigilo da 
correspondência por carta (Epistolar)? 
12.2. DA BUSCA PESSOAL:
A Busca Pessoal abrange o corpo, as vestes, os objetos que 
estejam em contato com o corpo. Podendo recair sobre suspeito, 
indiciado, acusado, a vítima e até terceiras pessoas.
FINALIDADE DA BUSCA PESSOAL – Art. 240, § 2º, CPP. 
Independe de mandado quando feita no curso de prisão em 
flagrante ou de prisão por mandado, independerá ainda, quando 
for feita durante Busca Domiciliar, ou seja, a Busca nas pessoas 
que se encontrem no local da Busca Domiciliar. 
13. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
● O TEMA LIGA-SE A LIBERDADE DE COMUNICAÇÃO. 
INICIALMENTE DEVE-SE DISTINGUIR A CONVERSA ENTRE 
PRESENTES DA COMUNICAÇÃO QUE SE DÁ POR VIA 
TELEFÔNICA.
DAÍ DISTINGUE-SE CINCO POSSIBILIDADES: 
1ª. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA: comunicação por via 
telefônica, com interferência de 3º, sem o conhecimento dos 
interlocutores. 
2ª. ESCUTA TELEFÔNICA: comunicação por via telefônica, com 
interferência de 3º, com o conhecimento dos interlocutores. 
3ª. GRAVAÇÕES TELEFÔNICA CLANDESTINA: comunicação por via 
telefônica gravada por um dos interlocutores, sem a ciência da outra 
parte. 
4ª. INTERCEPTAÇÃO AMBIENTAL: conversa entre presentes, 
interceptada por 3º não participante, sem o conhecimento dos 
interlocutores. 
5ª. GRAVAÇÃO AMBIENTAL: conversa entre presentes, gravada por 
um dos interlocutores, sem o consentimento do outro. 
 
13.1. TRATAMENTO CONSTITUCIONAL 
CRF Art. 5º. (...) XII - é inviolável o sigilo da correspondência e 
das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal;
O Supremo Tribunal Federal está acenando para outro 
posicionamento, segundo o qual a exceção constitucional 
ao sigilo abrangeria não apenas as comunicações 
telefônicas, mas também o de dados: (...)
A quem defenda que: o dispositivo constitucional está 
dividido em dois grupos, a saber: 1º grupo: sigilo da 
correspondência e das comunicações telegráficas; 2º 
grupo: de dados e das comunicações telefônicas. (Rangel)
A DOUTRINA MODERNA E O CRITÉRIO DA 
INSTANTANEIDADE: 
Quando os dados informáticos repousarem em bancos 
de dados, a sua comunicação não poderá ser objeto de 
interceptação, pois assim estaria sendo violada a 
Constituição. Porém, interpretada sistemática e 
teleologicamente não haverá contraste com a norma 
de garantia a interceptação determinada à luz do due 
process of law, para fins de instrução criminal ou 
investigação da mesma natureza, se se tratar de dados 
transmissíveis de modo a não repousarem em banco 
de dados ou forma similar, que permita a apreensão. 
(Geraldo Prado)
13.2. A DISCIPLINA DA INTERCEPTAÇÃO 
TELEFÔNICA NA LEI 9.296/96. 
Art. 1º. (...) Parágrafo único. O disposto nesta Lei 
aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações 
em sistemas de informática e telemática. (grifei) 
A informática tem por objeto o tratamento da informação através do 
uso de equipamentos e procedimentos da área de processamento 
de dados. Já a telemática versa sobre a manipulação e utilização 
da informação através do uso combinado do computador e meios 
de telecomunicação, de modo que aqui se tem uma comunicação 
do fluxo de dados via telefone.
13.3. REQUISITOS PARA A DECRETAÇÃO DA 
MEDIDA. 
É MEDIDA CAUTELAR CONSISTENTE NA OBTENÇÃO DOS 
MEIOS DE PROVA.
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações 
telefônicas quandoocorrer qualquer das seguintes hipóteses: 
 I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em 
infração penal; (grau de probabilidade) 
 II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;(ultima 
ratio) 
 III - o fato investigado constituir infração penal punida, no 
máximo, com pena de detenção. (crimes punidos com reclusão)
13.4. DESCRIÇÃO DO OBJETO DA INVESTIGAÇÃO 
E DESCOBERTA FORTUITA. 
Art. 2° (...) Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita 
com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a 
indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade 
manifesta, devidamente justificada. 
 
CONTROVÉRSIA DA DOUTRINA – 1º. A favor: Geraldo Prado, 
Scarance e Grinover,desde que seja crime punido com 
reclusão. 2º. A favor: Gomes e Greco, desde que haja 
conexão e continência com o crime originário. 3º. Contrário: 
Damásio.
13.5. LEGITIMIDADE PARA REQUERER A MEDIDA
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser 
determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: 
 I - da autoridade policial, na investigação criminal; 
 II - do representante do Ministério Público, na investigação 
criminal e na instrução processual penal.
13.6. PROCEDIMENTO DA MEDIDA DE 
INTERCEPTAÇÃO
● Pedido escrito e excepcionalmente oral: 
Art. 4. (...) § 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o 
pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes 
os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a 
concessão será condicionada à sua redução a termo. 
● Conteúdo do pedido : 
Art. 4. O pedido de interceptação de comunicação telefônica 
conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à 
apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem 
empregados. 
● Prazo para decidir o pedido : 
Art. 4. (...) § 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, 
decidirá sobre o pedido. 
● A decisão motivada : Art. 5° A decisão será fundamentada, 
sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução da 
diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, 
renovável por igual tempo uma vez comprovada a 
indispensabilidade do meio de prova. (grifei)
● Execução da Diligência de interceptação: 
Art. 6. Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os 
procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério 
Público, que poderá acompanhar a sua realização. 
● Gravação impõe transcrição: 
Art. 6. (...) § 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da 
comunicação interceptada, será determinada a sua transcrição. 
( A transcrição é condição de validade da prova). 
Questão:Mas, na hipótese de a gravação não ter 
acompanhado a interceptação, será admissível outra 
prova - como a testemunhal - sobre a realização da 
conversa?
● Auto circunstanciado : Art. 6°. (...) § 2° Cumprida a 
diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da 
interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que 
deverá conter o resumo das operações realizadas. 
● Prazo da interceptação: 
15 prorrogáveis. Quantas vezes? Comprovada a 
indispensabilidade.
Os arts.8º e 9º da lei tratam dos incidentes relativos à 
introdução da prova no processo. O primeiro diz respeito 
ao apensamento, o segundo à inutilização de trechos de 
conversa.
● Apensamento : Art. 8°. A interceptação de comunicação 
telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados, 
apensados aos autos do inquérito policial ou do processo 
criminal, preservando-se o sigilo das diligências, gravações e 
transcrições respectivas. 
● Inutilização de trechos : Art. 9°. A gravação que não 
interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o 
inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de 
requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. 
● Contraditório Diferido: Apesar da lei não mencionar é 
evidente que o incidente relativo à introdução do resultado da 
interceptação , em autos apartados, apensados aos do inquérito 
ou do processo, deverá ser necessariamente conduzido em 
contraditório, nos termos do disposto no art.5º, inc.LV da 
Constituição.Contraditório diferido, em face da natureza cautelar 
(assecuratória da prova) da ordem de interceptação, não 
importando em prejuízo ao prosseguimento das investigações.
13.7. NATUREZA JURÍDICA DA DECISÃO QUE 
CONCEDE OU 
NÃO A INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E RECURSO 
CABÍVEL.
 ● Tratando-se de medida cautelar preparatória, portanto concedida na fase do inquérito policial ou da investigação criminal 
o teor da decisão, não obstante provir do órgão judiciário é decisão 
judicial administrativa. Porém, tratando-se de medida cautelar 
incidental, portanto concedida na fase da instrução criminal trata-se 
de decisão interlocutória. 
 ● Recurso Mandado de Segurança só para o M.P.
● Finalmente, o art.10 da lei tipifica como crime duas 
condutas: a) realizar interceptação de comunicações 
telefônicas, de informática ou telemática sem autorização 
judicial ou com objetivos não autorizados em lei; b) quebrar 
segredo de justiça. A pena, para ambos, é de reclusão, de 
dois a quatro anos, e multa.
13.8. Tipo penal:
BADARÓ, Gustavo H. Righi Ivahy. Ônus da Prova no Processo 
Penal.São Paulo. RT, 2003. 
JARDIM, Afrânio Silva. Direito processual penal - estudos e 
pareceres. Rio de Janeiro: Forense, 2002. 
GRINOVER, Ada P., FERNANDES, Antônio Scarance, GOMES FILHO, 
Antônio Magalhães. As Nulidades no Processo Penal. São Paulo: Ed. 
RT, 6ª ed.,1998. 
MIRABETE, Julio Fabbrini. Código de Processo Penal 
Interpretado: referências doutrinárias, indicações legais e resenha 
jurisprudencial. São Paulo: Atlas S.A. 
POLASTRI LIMA, Marcellus. Manual de Processo Penal, Rio de 
Janeiro: Editora: Lumen Juris. 2007 
 RANGEL, Paulo. Direito Processual 
 Penal. 12.ª edição – 884 páginas. 
 Editora: Lumen Juris. 2007. 
 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. 
 Processo Penal. São Paulo: Ed. 
 Saraiva, 21ª ed., 1999. 3° Vol.
BIBLIOGRAFIA

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