Buscar

O PRINCÍPIO DA IGUALDADE FRENTE ÀS AÇÕES AFIRMATIVAS

Prévia do material em texto

O PRINCÍPIO DA IGUALDADE FRENTE ÀS AÇÕES AFIRMATIVAS
-IGUALDADE FORMAL X MATERIAL:
	A igualdade formal é aquela presente no ordenamento jurídico, que confere ao indivíduo tratamento equânime, o subordina, sem distinção, ao crivo da lei. Surge com a Revolução Francesa, em seu aspecto negativo, pois submetia todos ao domínio da lei. Todavia, torna-se insuficiente, visto que, não observa as desigualdades no plano fático, ao passo que a falta de distinção pode gerar desigualdades. 
Já a igualdade material busca igualar os indivíduos que são essencialmente desiguais, através de uma atuação estatal positiva. Sabe-se que o Direito regula as relações sociais de determinado Estado, e como tal deve acompanhar o rito dessas relações, e são evidentes as desigualdades sob as mais diversas perspectivas, assim como a existência de indivíduos e grupos historicamente mais vulneráveis, mesmo com a presença da igualdade formal. E é por conta disso que é necessário tratamento diferenciado, tanto pelo legislador, quanto pelo aplicador do Direito.
-EVOLUÇÃO HISTÓRICA MUNDIAL:
1ª FASE: A desigualdade era fundamentada na lei, pois na época a desigualdade entre as diversas classes dentro de uma sociedade eram interpretadas como meras diferenças, e os privilégios dos poderosos eram aceitos normalmente, assim como a existência da escravidão não era contestada. Essa primeira fase atinge seu ápice no período da Idade Média, onde a sociedade feudal era composta por dois grupos sociais com status fixo: senhores feudais e servos. Além de serem legitimadas pela lei, as desigualdades eram acolhidas também pelo pensamento filosófico da época.
2ª FASE: Surge com a concepção da ideia de Estado Moderno. Estabelece-se, então, um Direito que se afirma fundado no reconhecimento da igualdade dos homens, igualdade em sua dignidade, em sua condição essencial de ser humano. Positiva-se o princípio da igualdade. A lei, diz-se então, será aplicada igualmente a quem sobre ela se encontre submetido. Preceitua-se o princípio da igualdade perante a lei. Vale ressaltar que a burguesia, classe que lutara anteriormente pela liberdade e pelo combate às desigualdades, ciente de suas de seus privilégios, nada faz para tornar a igualdade material, haja vista que, essa igualdade iria contra seus interesses. Contudo, mesmo sem a materialidade da isonomia, foi um grande avanço para a efetivação da igualdade.
3ª FASE: Desponta no final do século XVIII, principalmente na França e nas colônias inglesas, onde houve a difusão das ideias a cerca da igualdade e a normatização do princípio da isonomia em diversas Constituições. Como a Constituição de Virgínia de 12 de junho de 1776, que elencou em seu art. 1º que "todos os homens são, por natureza, igualmente livres e independentes", e Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 26 de agosto de 1789, realizada na França, em seu art.1º cunhou o princípio de que os homens nascem e permanecem iguais em direito, e, também Declaração Universal dos Direitos Humanos, que difunde seus preceitos a inúmeras nações desde o preâmbulo até o bojo de seus artigos. 
-EVOLUÇÃO NO BRASIL:
1964: toda distinção, exclusão ou preferência, com base em raça, cor, sexo, religião, opinião política, nacionalidade ou origem social, que tenha o efeito de anular a igualdade de oportunidade ou de tratamento em emprego ou profissão.
1969: proclamou apenas que não seria tolerada a discriminação.
AÇÕES AFIRMATIVAS
-EVOLUÇÃO DAS AÇÕES AFIRMATIVAS:
1996: Marcha Zumbi - para denunciar o preconceito, o racismo e a ausência de políticas públicas para a população negra. A manifestação aconteceu no aniversário de 300 anos da morte de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência escravista e da consciência negra no Brasil. 
-MANIFESTAÇÃO DAS AÇÕES AFIRMATIVAS:
	LEGAIS E INFRALEGAIS: Não pode ser norma constitucional, devido seu caráter temporário, contudo, pode ter a previsão expressa de sua edição na Constituição. E por consequência podem ser editadas em nível legal, ou ainda em nível infralegal, que servem para regulamentar as Leis. Isto significa que estas normas vão especificar e detalhar o que a Lei determinou. 
	FORMAL E MATERIAL: A formal é aquela que combate qualquer discriminação que se dê em função de uma norma, uma regulamentação ou qualquer comando rígido com caráter de regra, de origem pública ou privada. Já a material eliminam as formas de discriminação material.
-PRINCÍPIOS:
	TEMPORARIEDAE: 
	BIPARTIÇÃO: A ação ao mesmo tempo em que a ação deve fazer cessar a discriminação, ela tem que cuidar para que no futuro não haja um retrocesso, e tais discriminações voltem a ocorrer.
	DANO ATUAL: O único dano a ser observado, para a atuação e o limite dos efeitos produzidos por tais ações, é o dano sofrido atualmente, mesmo que esse grupo tenha sido discriminado no passado, tal discriminação não há de ser objeto de ações, pois não tem natureza indenizatória, mas proporcionadora de justiça social.
	EQUIVALÊNCIA DO DANO E DA REPARAÇÃO: A compensação proporcionada pelas ações deve seguir a natureza do evento discriminatório danoso.
COTAS
No Brasil, no inicio do século XXI, passou a vigorar em algumas universidades públicas o sistema de cotas (que são ações afirmativas). O objetivo seria corrigir injustiças históricas causadas pela escravidão.
Decreto: Internalizou a Convenção Internacional sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial. Permite o uso da discriminação positiva para assegurar o progresso de certos grupos sociais, étnicos, ou indivíduos que necessitem de proteção. 
Decreto: Primeiro Plano Nacional de Direitos Humanos, FHC, incluiu as questões de políticas afirmativas;
Declaração: Conferência Mundial contra Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e intolerância correlatada.
Autonomia universitária: Um dos argumentos mais comuns utilizados em recursos, que tratam deste assunto, é que as universidades não tem legitimidade para legislar acerca de matérias relativas às diretrizes e bases da educação nacional, pois tal matéria é de competência exclusiva da união, segundo art. 22, XXIV, CRFB. Contudo, tal afirmativa se mostra errônea, pois o art. 53, incisos IV, e V, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n° 9.394/96, confere o poder às universidades de fixarem o número de vagas e elaborar seus estatutos e regimentos, ou seja, as universidades podem e devem estabelecer o número de vagas reservadas para cada grupo de estudantes, principalmente quando estabelecem o número de vagas disponibilizadas para a ação afirmativa de cotas raciais, pois assim além de cumprir a declaração de Durban, da qual o Brasil é um dos signatários, também está cumprindo os objetivos fundamentais da República, elencados no art. 3°, incisos II e III.
Discriminação: Decreto n° 65.810/69

Continue navegando