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HUMANÍSTICA_PONTO1

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1 Introdução à sociologia da administração judiciária. Aspectos gerenciais da atividade judiciária (administração e economia). Gestão. Gestão de pessoas. 
O sociólogo português Boaventura de Souza Santos elenca condições teóricas e sociais para o surgimento da chamada Sociologia dos Tribunais, que pode ser entendida como subdivisão da Sociologia do Direito: a) o desenvolvimento da “sociologia das organizações” (Max Weber), a qual se preocupa em analisar a forma, a estrutura e o funcionamento da organização judiciária e dos tribunais; b) o estudo da ciência política dos tribunais como instâncias de decisão e de poder, que traz subsídios para o debate sobre a imparcialidade dos juízes; c) a virada da antropologia e da etnologia, que voltam-se para o estudo dos litígios sociais e os seus mecanismos de prevenção e resolução, o que envolve uma discussão acerca do monopólio da jurisdição na resolução de conflitos; d) lutas sociais de ação coletiva do segundo pós-guerra (mulheres, negros e estudantes passam a reivindicar direitos coletivamente), que geram a ampliação da gama de direitos sociais pelo Estado de Bem-Estar Social (Welfare State), os quais passam a ser válidos e acessíveis para 
todos; e) crise da administração da justiça, ocasionada pela mencionada ampliação constitucional de direitos sociais: o Estado ampliou os direitos sociais, mas não consegue efetivá-los, gerando o aumento de litígios, para o qual a estrutura judiciária não estava preparada; f) redução drástica dos 
investimentos na estrutura judiciária oriunda da recessão econômica da década de 70. 
As pesquisas sociológicas sobre o Poder Judiciário podem ser classificadas em três temas centrais: 
a) análises funcionais (tratam dos problemas de infraestrutura e de gestão do órgão): 
Diante das constatações dessas pesquisas, a tendência atual é dar mais poder ao juiz na condução do processo, aumentando a oralidade, a concentração dos atos processuais e a mediação; privilegiar a participação ativa das partes, privilegiando a conciliação; ampliação dos legitimados a pleitear direitos difusos; a consagração da figura do juiz-gestor (além de julgar, preza pela excelência dos serviços). 
b) análises estruturais (relações entre os jurisdicionados e o órgão judiciário); 
Diante das constatações dessas pesquisas, a tendência atual é ampliar o acesso à justiça, com a criação de juizados especializados, a maior oferta de serviços gratuitos de assistência judiciária, a promoção de ações educativas que melhorem a consciência geral sobre os direitos e seus instrumentos de defesa, o estímulo aos métodos alternativos de resolução de conflitos, a popularização das ações coletivas e a simplificação dos ato processuais. 
c) análises de cultura institucional (formação dos juízes e seu recrutamento). 
Após o segundo pós-guerra deu-se o enfraquecimento do positivismo jurídico, o que possibilitou o surgimento de teorias axiológicas (baseada nos valores sociais) e as teorias do realismo jurídico (baseadas nas decisões judiciais). As variáveis extrajurídicas, principalmente as oriundas da moral e dos costumes éticos e sociais, ganham uma explicação dentro da Teoria do Direito e são incorporadas aos processos de aplicação jurídica como variáveis internas do sistema. Dá-se a 
primazia do estudo da hermenêutica jurídica. 
2 Relações sociais e relações jurídicas. Controle social e o Direito. Transformações sociais e Direito. 
O controle social existe na medida em que é possível a instituições determinar e condicionar comportamentos individuais, inclusive em nível coletivo. As principais instituições de controle social são a família, a escola, a igreja, o Estado e a sociedade. 
O Direito, como produto de decisões do Estado é instrumento de controle social, pois, ao estabilizar certas expectativas, reduz a complexidade social e se torna fator de integração institucional. O controle social por meio do Direito apresenta características especiais, segundo Sabadell: a) formalização em normas dotadas de generalidade e publicidade; b) sanções certas, exatas e pré- estabelecidas; c) institucionalização, pois o Direito é aplicável somente por meio de agentes oficiais; d) exigibilidade; e) generalidade; f) expansão normativa contínua. 
Assim, o Direito, como mecanismo formal de controle social, pode ser trabalhado em dois vieses:o da imposição e o da aceitabilidade racional a normas. Do ponto de vista da imposição, o Direito é coercitivo e age como controle formal. Do ponto de vista da aceitabilidade racional, o controle é subliminar e é potencializado em sociedades industriais e pós-industriais no contexto dos regimes democráticos. 
No que se refere à teoria da transformação social (antagônica ou complementar à teoria do controle social), Marx introduziu os conceitos de infraestrutura e de superestrutura e sua relação como explicação da sociedade. A infraestrutura alia força produtiva e relações de produção, sendo possível nela identificar a formação de condições materiais de produção sobre as quais todas as instituições são erguidas. Já a superestrutura conjuga produtos imateriais da sociedade, instituições 
que reproduzem valores sociais vigentes, mas que dependem das condições sociais de produção, ou seja, da infraestrutura. O Direito, um destes sistemas de valores sociais, é, portanto, reflexo da infraestrutura, consagrando as relações de produção vigentes. Portanto, as ideias se desenvolvem e se transformam na medida em que a produção material e as relações materiais o fazem, e não o 
contrário, como sugere a teoria do controle social. 
*Direito e Revolução: Para Marx, o Direito tem um papel muito limitado na dialética da mudança social, pois o Direito só se transforma pós-revolução, como toda superestrutura. 
*Direito e Desobediência Civil (Habermas): A justificação da desobediência civil (vista aqui como o questionamento de preceitos normativos ou políticas governamentais frente a um sistema jurídico constitucional legítimo) apóia-se numa compreensão dinâmica da Constituição, que é vista como um projeto inacabado. Nesta ótica de longo alcance, o Estado Democrático de Direito não se apresenta como uma configuração pronta, e sim, como um empreendimento arriscado, delicado e, especialmente, falível e carente de revisão. 
3 Direito, Comunicação Social e opinião pública. 
A Sociologia do Direito pode colaborar decisivamente através da utilização racional das pesquisas de opinião pública lastreadas em critérios científicos. Pode colaborar com a identificação de problemas de efetividade e com a elaboração de novos instrumentos normativos. A partir das pesquisas de opinião pública, o sociólogo do direito pode formular novas políticas públicas. As pesquisas podem colaborar decisivamente para que os poderes públicos formulem novos modelos normativos condizentes com os anseios sociais. Por outro, não se pode substituir a ciência do Direito por manifestações irrefletidas e emocionais oriundas da opinião pública, vez que esta, muitas vezes é uma construção da mídia, do poderio dos meios de comunicação em massa. 
4 Conflitos sociais e mecanismos de resolução. Sistemas não judiciais de composição de litígios. 
No novo paradigma de conflitos sociais os protagonistas são coletividades que se unem como um propósito, em formas heterogêneas e difusas na ação coletiva. O advento de novos paradigmas de 
conflito social afeta diretamente o modo de sua resolução. Neste novo paradigma, questiona-se o monopólio Estatal na resolução de conflitos, frente a padrões paralelos de resolução de conflitos. 
Estes se caracterizam por serem informais, rápidos e contarem com a participação da comunidade. 
Surge, assim, a necessidade de reformas fora da estrutura judiciária e para a potencialização de programas desprofissionalizados, baratos, gratuitos e que compartilhem com o Poder Judiciário a tarefa de resolver conflitos sociais. Há, também, a necessidade de se proceder a reformas dentro do próprio Poder Judiciário, para adaptar suasrotinas às novas demandas sociais, utilizando-se da 
oralidade, da informalidade, da desburocratização. 
*Arbitragem: As partes elegem um terceiro com autoridade para julgar a controvérsia. A Lei 9307/96 outorgou às decisões arbitrais força de sentença judicial. 
*Mediação: Processo que busca a resolução das situações de conflito, através do qual uma terceira 
pessoa, neutra, auxilia as partes a resgatarem o diálogo e construirem uma solução. O mediador é 
mero facilitador. 
*Conciliação: Apoiada na figura do conciliador (imparcial), que induz as partes a comporem a solução propondo sugestões para o acordo, indicando mútuas concessões. 
PSICOLOGIA JUDICIÁRIA: 
1 Psicologia e Comunicação: relacionamento interpessoal, relacionamento do magistrado com a sociedade e a mídia. 
O magistrado deve estar preparado para lidar com pessoas de todas as origens, pois a decisão judicial, de acordo com os princípios da nova hermenêutica, é construída a partir da composição da 
melhor decisão em conjunto com as partes. O magistrado deve se valer de técnicas de interdiscursividade de pautadas na dialética. Além de saber ouvir as teses e antíteses trazidas pelas 
partes, o juiz deve se fazer compreender. O linguajar técnico-jurídico é dispensável ao se tratar com 
a parte. 
A relação do magistrado com a mídia tem suas restrições. Caso haja uma uma exposição do juiz na 
mídia, não poderá proceder a qualquer juízo de valor antecipado, momente na esfera criminal, na qual vigem os princípios da presunção de inocência e do in dubio pro reo. Outro princípio a ser observado é o da imparcialidade, o qual impede que o juiz se manifeste tendenciosamente a uma das partes. O art. 36, III, da LOMAN traz limitação expressa ao relacionamento do magistrado com 
a mídia: “Art. 36 -É vedado ao magistrado: (...) III -manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério.” Nada impede, porém, que o juiz manifeste seus pontos de vista sobre os mais variados temas, desde que mantenha-se cuidadoso com suas opiniões. O juiz pode contribuir positivamente com o desenvolvimento e a formação da opinião pública, desempenhando o papel de formador de cidadania. 
2 Problemas atuais da psicologia com reflexos no direito: assédio moral e assédio sexual. 
*Assédio Moral: É a comunicação hostil e antiética no ambiente de trabalho, dirigida de forma sistemática, por superiores hierárquicos contra um subalterno. O assédio moral tende a minar a saúde mental da vítima, aos poucos e de maneira continuada. Configurado o assédio moral, tem a vítima o direito de ser indenizada por danos morais. O dano moral é gênero, do qual o assédio moral 
é espécie. 
*Assédio Sexual: O assédio sexual está tipificado como crime no art. 216-A do Código Penal: “Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o 
agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, 
cargo ou função. Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.” Insta salientar que as relações afetivas 
sempre estarão presentes nas relações de trabalho. Portanto, é preciso distinguir a aproximação romântica do assédio sexual, sob pena de utilizar-se do instituto do assédio sexual como instrumento de retaliação por uma desilusão havida em uma relação íntima consensual. 
3 Teoria do conflito e os mecanismos autocompositivos. Técnicas de negociação e mediação. Procedimentos, posturas, condutas e mecanismos aptos a obter a solução conciliada dos conflitos. 
Hobbes: Em estado de natureza, tudo é permitido a todos, portanto há o caos, visto que cada ser humano busca o seu objetivo sem se importar com o querer do outro. 
Rousseau: A única forma de apaziguar os conflitos entre a vontade geral (interesse público) e a vontade de todos (somatório de vontades individuais) é utilizando-se do pacto social. 
Marx: Os detentores dos meios de produção almejam manter seus privilégios, em conflito com o proletariado. 
A solução trazida pelo Judiciário deve ser construída com as partes, e não simplesmente expedida. 
Nessa construção, o conflito é discutido pelas partes, que em conjunto com o juiz passam a compor 
a melhor solução. 
*Mediação: Técnica de solução de conflitos pela qual ocorre a atuação de um terceiro (mediador), que tem por função, segundo Fiorelli, o realinhamento das divergências entre as partes. O mediador, 
portanto, coopera com a solução pacífica do conflito e orienta as partes, sem, contudo, interferir ou 
sugestionar. 
*Conciliação: O conciliador imparcial intervém na demanda, questionando e sugerindo soluções para o conflito. O conciliador intervém na proposição da solução. 
Nos mecanismos autocompositivos, deve-se buscar o meio termo para as partes, mediante concessões recíprocas. A negociação dá suporte aos métodos de conciliação e mediação. 
*Três Técnicas Básicas de Negociação da Escola de Harvard: 
a) Integrativa: Busca-se ampliar o campo reconhecido como de interesses comuns. 
b) Distributiva: Busca-se dividir ou trocar entre as partes o campo de interesse em disputa. 
c) Apoiada em Terceiro: Busca-se o terceiro, o mediador de confiança que possa mediar a solução. 
*Qualidades essenciais a um conciliador ou mediador: capacidade de prestar as devidas informações sobre a demanda; criar mecanismos que gerem entendimento, confiança e vínculo entre o mediador e as partes; demonstrar empatia; escutar ativamente; demonstrar atitude cooperativa; equidistar-se das partes; promover o reconhecimento recíproco entre as partes; aperfeiçoar conhecimento sobre vínculos familiares; demonstrar conhecer aspectos jurídicos em mediação. 
4 O processo psicológico e a obtenção da verdade judicial. O comportamento de partes e testemunhas. 
O Poder Judiciário lida com as pessoas, e para tanto é imprescindível que seja avaliado o comportamento humano. A história de vida do indivíduo, o meio social em que está inserido e suas 
motivações devem ser avaliados pelo magistrado. 
*Sintonia Emocional: É uma interação entre entrevistador e entrevistado por meio da qual o entrevistador consegue compreender a natureza das emoções que agem sobre o entrevistado. Há fatores que podem vir a prejudicar a sintonia emocional: cansaço físico por parte do entrevistado, devido ao prolongamento da audiência ou inquirição; crenças preconcebidas do entrevistador; mecanismos psicológicos de defesa por parte do entrevistador. 
*Obtenção da Verdade Judicial: É interessante fazer a distinção entre verdade formal e verdade real. A verdade formal advém de provas trazidas ao processo pelas partes, enquanto a verdade real advém da análise dos fatos, e não do que se presume deles. Nem sempre se chega à verdade real 
nos processos judiciais, mas tal busca deve ser feita. 
Ainda que detectar mentiras e simulações não seja uma das principais atribuições dos magistrados, 
o conhecimento de técnicas de detecção de mentiras pode melhorar sensivelmente o desempenho de sua função. Segundo Griesel e Yullie, o depoimento de um suspeito ou de uma testemunha pode ser classificado em três categorias: a) informações corretas baseadas na memória do indivíduo [podendo conter alguns erros]; b) depoimento enganoso [relato de informações inverídicas com a intenção de induzir o entrevistador a erro]; c) narrativa equivocada, mas subjetivamente verdadeira 
[sem a intenção de induzir o entrevistador a erro]. 
*Sinais inconscientes que indicam mentira por parte do entrevistado: a) as expressões são limitadas a movimentos da boca (o rosto como um todo não está expressando aquela emoção); b) o mentiroso tem dificuldade em informar a ordem dos acontecimentos narrados; c) enquanto mente, o sujeito tende a aumentar a pausa entre as palavras; d) movimentos como o piscar de olhose o movimento das mãos tendem a diminuir em meio a um relato mentiroso. 
TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA: 
1 Direito objetivo e direito subjetivo. 
O Direito objetivo (law) é, em poucas palavras, o ordenamento jurídico objetivamente válido. 
Já o direito subjetivo indica uma situação particular da pessoa em relação ao ordenamento jurídico, o qual lhe confere um direito. 
Segundo a teoria da vontade (Windscheid), o direito subjetivo é o poder que o indivíduo tem de manifestar sua vontade, conferido pelo ordenamento jurídico. 
Para a teoria do interesse (Ihering), o direito subjetivo é um interesse (utilidade proporcionada pelo Direito) juridicamente protegido. 
Segundo os partiários da teoria da garantia, o direito subjetivo tem por base a possibilidade de fazer 
a garantia da ordem jurídica tornar efetiva a proteção judicial do Direito. 
Para a teoria da pretensão (Miguel Reale), direito subjetivo é a possibilidade de exigir-se, de maneira garantida, aquilo que as normas de Direito atribuem a alguém como próprio. 
De acordo com a teoria do direito subjetivo como mero “direito reflexo” (Kelsen), apenas quando um indivíduo é juridicamente obrigado a uma determinada conduta em face de outro indivíduo existe direito subjetivo. 
Por fim, a teoria do “direito subjetivo em sentido técnico” (Kelsen) informa que direito subjetivo é apenas uma técnica particular de que se vale o direito objetivo para conferir a um indivíduo o poder jurídico de pôr em movimento um processo, por meio de uma ação, para alcançar uma decisão judicial que aplique uma sanção concreta como reação à violação de um dever. 
2 Fontes do Direito objetivo. Princípios gerais de Direito. Jurisprudência. Súmula vinculante. *Fontes do Direito objetivo: 
a) Lei: É a fonte primária do Direito nos países de tradição romano-germânica (civil law). É norma jurídica escrita, geral (quanto aos destinatários) e abstrata (quanto à conduta nela prevista). Diz-se lei em sentido material em virtude de sua essência, qual seja, a produção solene e institucionalizada 
de normas gerais. Já a lei em sentido formal se caracteriza pela obediência aos procedimentos de produção que lhe são próprios. OBS: As espécies normativas primárias (leis em sentido amplo) estão dispostas no art. 59 da CRFB/88. 
b) Costume: É a prática suficientemente prolongada e mais ou menos reiterada de certos atos, reconhecida pela coletividade como se lei fosse. A convicção de sua obrigatoriedade advém do fato 
de que o Poder Público pode aplicá-los coercivamente, como se houvessem sido formulados pelo legislador. 
*Costume Secundum Legem: Presta-se a auxiliar a interpretação de conceitos indeterminados ou não definidos tecnicamente, previstos em textos legais. Ex: “repouso noturno” no art. 155, §1o, do CP; art. 615 do CC; art. 1.297 do CC. 
*Costume Praeter Legem: É o que se destina a complementar as lacunas da lei. Está previsto expressamente no art. 4o da LINDB. 
*Costume Contra Legem: Não é admitido nos países de tradição romano-germânica (civil law),por 
afrontar o princípio da legalidade (vide STF RE 153531). OBS: Excepcionalmente pode ser admitido por meio de interpretação teleológica ou em homenagem a um princípio jurídico de hierarquia superior. 
c) Princípios Gerais do Direito: “São todas as normas jurídicas consideradas como determinantes de outras que lhe são subordinadas, que as pressupõem, desenvolvendo e especificando ulteriormente o preceito em direções mais particulares.” (Crisafulli) São características dos princípios a generalidade, a alta fecundidade e a baixa densidade normativa. Uma das marcas da nova hermenêutica constitucional que a contrapõe à velha hermenêutica jurídica é justamente a assunção 
da normatividade imediata dos princípios. Um dos símbolos do pós-positivismo é o reconhecimento da normatividade dos princípios. Segundo Luís Roberto Barroso, “princípios são normas que veiculam determinados valores ou indicam fins públicos a serem realizados por diferentes meios”. 
Segundo Robert Alexy, enquanto regras conflitam, princípios colidem. O conflito de regras se resolve no plano da validade, pela aplicação das máximas da hierarquia, da cronologia e da especialidade. Já a colisão dos princípios se resolve na dimensão do valor (do peso), pelo sopesamento das circunstâncias em questão. Sopesar não significa preferir isto ou aquilo, mas observar a preponderância de um princípio frente a outro em determinado caso concreto. Não se trabalha com a lógica do tudo ou nada, mas sim com a ideia de balanceamento. 
d) Jurisprudência e Súmula Vinculante: Jurisprudência é o conjunto de decisões uniformes e constantes dos tribunais, resultantes da aplicação de normas a casos semelhantes, constituindo uma norma geral aplicável a todas as hipóteses similares ou idênticas. Possui, em regra, valor meramente persuasivo. 
Nos países de tradição consuetudinária, os precedentes judiciais vinculam as decisões, segundo o 
princípio do stare decisis et quieta non movere (mantenha-se a decisão e não perturbe o que foi decidido). 
Já no sistema romano-germânico (ex: Brasil), não há vinculação dos juízes aos tribunais superiores. 
Por tal razão, a doutrina clássica nega à jurisprudência o caráter de fonte do Direito objetivo. Contudo, no séc. XX surge uma tendência de fusão dos sistemas romano-germânico e consuetudinário. Ex: art. 557 do CPC (súmula impeditiva de recurso). 
A EC 45/2004 institutiu as Súmulas Vinculantes no sistema jurídico brasileiro, e foi regulamentada pela Lei 11.417/06. A positivação das SV´s é a manifestação mais evidente de adaptação do sistema 
de common law ao civil law adotado no Brasil. A SV tem natureza de norma jurídica dotada de obrigatoriedade abstrata, mas restrita aos órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública. Diante do descumprimento de enunciado de SV, cabe reclamação ao STF. 
e) Fontes Negociais: São expressão da autonomia privada que estabelecem normas individuais vinculantes e que podem criar situações não previstas em lei, desde que obedecidos três preceitos 
básicos: sujeito capaz, objeto lícito e possível e forma prescrita ou não defesa em lei. Hoje contudo, o Direito Privado encontra-se repleto de normas de ordem pública que limitam a autonomia privada 
em prol da igualdade material (ex: CDC) e causam o enfraquecimento da tradicional dicotomia entre Direito Público e Direito Privado. 
f) Doutrina: São os estudos realizados pelos juristas acerca do Direito. Reale diz que apesar de não 
ser fonte formal do Direito, a doutrina não deixa de ser uma mola propulsora do ordenamento jurídico. 
3 Eficácia da lei no tempo. Conflito de normas jurídicas no tempo e o Direito brasileiro: Direito Penal, Direito Civil, Direito Constitucional e Direito do Trabalho. O princípio que rege a dimensão temporal da eficácia no Direito brasileiro é o da irretroatividade das leis, a consagrar a segurança jurídica. O princípio da irretroatividade está previsto no art. 5o, XXXVI , da CRFB/88 e no art. 6o e §§ da LINDB. 
A irretroatividade não é absoluta, mas na hipótese de retração, a lei deverá resguardar o ato jurídico 
perfeito (já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou), o direito adquirido (aquele cuja titularidade permite seu exercício, ainda que este não tenha ocorrido, e que se estende 
com o advento de uma nova lei) e a coisa julgada (é a decisão ou caso julgado sobre a qual não cabe mais recurso). 
O conflito de leis no tempo gera antinomias (contradições normativas). São três as regras fundamentais para a solução de antinomias: critério cronológico, critério hierárquico e critério da especialidade. As regras básicas para a solução de antinomias estão dispostas no art. 2o e §§ da LINDB. 
A revogação pode ser expressa ou tácita, total (ab-rogação) ou parcial (derrogação). O Direito brasileiro não admite a repristinação, salvo quando consagrada expressamente no texto legal. 
*Direito Constitucional: 
O princípio da irretroatividadenão condiciona o poder constituinte originário, pois este é ilimitado. Não obstante, normalmente a Constituição não atenta contra situações jurídicas já consolidadas na 
ordem jurídica anterior. 
Não há que se falar em inconstitucionalidade de norma anterior à nova Constituição. As normas com elas incompatíveis são consideradas não recepcionadas. Isso ocorre porque o parâmetro de controle de constitucionalidade é sempre a Constituição vigente ao tempo da produção da norma infraconstitucional cuja constitucionalidade seja questionada através dos mecanismos de controle. Já as normas anteriores compatíveis com a nova Constituição são consideradas recepcionadas, em 
obediência ao princípio da continuidade da ordem jurídica. 
Em sede de controle de constitucionalidade admite-se o efeito repristinatório tácito: é a restauração da aplicabilidade de uma lei que fora revogada pela lei declarada inconstitucional. 
*Direito Penal: 
Art. 5, XL, da CRFB/88. Arts. 1o a 4o do CP. 
O princípio da extratividade da lei mais benigna é composto da retroatividade e da ultratividade. O 
princípio da não extratividade da lei mais gravosa é composto da irretroatividade e da não ultratividade. 
OBS: Vedação à lex tertia: A criação da lex tertia ocorre quando da construção de uma terceira norma no momento de aplicação de normas penais veiculadas em duas leis diversas. Não pode o intérprete proceder dessa forma, sob pena de violar o princípio da separação dos poderes (STF RE 
596152). 
* Direito Civil: 
Além do princípio da irretroatividade, tal como trazido pelo art. 6o da LINDB, o CC traz uma série de regras de direito intertemporal para a aplicação específica de seus institutos (arts. 2028 a 2043). 
OBS: Teoria do Diálogo das Fontes: É uma exceção ao princípio da especialidade. Propõe-se a aplicação conjugada da norma especial posterior com a norma geral posterior, no sentido de uma interpretação conforme os valores constitucionais, notadamente a igualdade material (ex: aplicação, a relação de consumo, de normas previstas no CC que sejam mais favoráveis ao consumidor do que as normas previstas no CDC).
4 O conceito de Política. Política e Direito. 
A política é um processo social que possui quatro características principais: sua sede é o Estado; influencia a tomada de decisões por meio de ações coletivas; objetiva transformar relações sociais; constitui uma atividade racional, e, em geral, pacífica, mas sem excluir o confronto e a violência. Questões políticas são aquelas publicamente discutidas e consideradas dependentes de uma decisão coletiva. O campo de atuação da política é constituído pelos assuntos que podem ser decididos por meio de uma escolha pública entre várias opções possíveis. 
A criação do Direito é um assunto eminentemente político. Todas as decisões sobre a criação ou modificação de normas jurídicas dependem de avaliações políticas, de ideologias e de interesses expressos pelos partidos políticos. Nesse sentido, o Direito é produto da política. Contudo, o Direito deve limitar a política. Os “políticos” devem respeito ao Direito, que impõe o princípio da probidade administrativa, pune a corrupção e dá primazia ao interesse público. Dessa forma, o Direito aparece como um instrumento mais poderoso do que a vontade política. 
5 Ideologias. 
Ideologia é o conjunto de ideias, valores, maneiras de sentir e pensar de pessoas ou grupos. A ideologia influencia o surgimento de um novo Direito e de uma nova concepção teórica sobre ele. 
6 A Declaração Universal dos Direitos do Homem (ONU). 
*Características da DUDH: 
a) Amplitude: A declaração universal dos direitos humanos procura uma dimensão ampla, para que o ser humano possa se desenvolver plenamente. Basta ser pessoa para ter a proteção (antes só havia proteção aos cidadãos de determinado estado nacional). 
b) Universalidade: É aplicável a todas as pessoas, independentemente de raça, sexo, identidade sexual, religião. 
c) O individuo é considerado sujeito imediato do direito internacional: A declaração aborda o individuo como cidadão de seu país, mas também trata o individuo como cidadão do mundo, de uma ordem internacional. 
d) Indivisibilidade dos direitos humanos: Os direitos de primeira dimensão estão intimamente relacionados com os direitos de segunda dimensão, eles não podem ser separados. As gerações formam unidades indivisíveis. 
FILOSOFIA DO DIREITO: 
1 O conceito de Justiça. Sentido lato de Justiça, como valor universal. Sentido estrito de Justiça, como valor jurídico-político. Divergências sobre o conteúdo do conceito. 
*Justiça como Valor Universal: 
a) Platão: Justiça é a imperativa adequação da conduta humana à ordem do cosmos, é uma virtude a guiar a sociedade organizada como Estado. 
b) Aristóteles: A justiça é uma virtude social, pela qual evita-se os extremos, buscando-se sempre o meio termo. A Justiça é uma virtude cujo cerne/ponto principal é a igualdade.Há dois sentidos para a Justiça: b.1) Justiça Universal ou Justiça (ou em sentido amplo): Justiça é cumprir a lei. A obediência às Leis é aquilo que garante o bem comum do indivíduo, porque a vida na pólis é uma vida muito melhor do que a vida dos bárbaros, que não viviam na cidade grega. b.2) Justiça Particular (ou em sentido estrito): Justiça é distribuição justa. É aquela justiça que lida com a distribuição dos recursos limitados que existem na sociedade. Há duas espécies do gênero Justiça 
particular: b.2.1) Justiça Comutativa ou Corretiva: A virtude é o meio termo entre o ganho e a perda. 
Ex: se alguém danifica o bem de outrem, deve haver a reparação do dano. Nesse sentido a Justiça é o meio termo entre o ganho e a perda. É uma justiça típica das relações privadas, de indivíduo para indivíduo, é a justiça dos contratos. Na justiça comutativa temos uma igualdade simples, aritmética. b.2.2) Justiça Distributiva: Exige-se que os desiguais recebam coisas desiguais, proporcionalmenteà sua desigualdade, conforme suas necessidades e méritos. É a justiça típica das relações públicas, que envolvem particular e Estado. Na justiça distributiva temos uma igualdade proporcional ou geométrica. 
OBS: Aristóteles completa seu conceito de justiça o elemento da Equidade, que é uma ideia de acabamento final da Justiça, sem a qual o que se entende por Justiça não estaria completo. A Equidade, nessa concepção aristotélica, é uma flexibilização da lei. Agir com equidade é moldar alei ao caso concreto. É aplicar a lei tendo em vista o caso concreto. É o justo na concretude, porque é aplicação da Justiça tendo em vista a realidade, o caso concreto. 
c) São Tomás de Aquino: Justiça é dar a cada um o que é seu, ou dar a cada um o que lhe é devido. 
Direito associado à Justiça. Direito é sinônimo de Justiça. Direito anda junto com Justiça, pois quem 
estabelece o que é de cada um é o Direito. Não obstante, a lei humana, para ser justa, há de seguir a lei natural, o que lhe determina o valor moral. 
d) Immanuel Kant: A justiça se impõe como um imperativo da razão, segundo duas regras que se complementam: age de modo a tratar a humanidade, na sua como na pessoa de outrem, sempre como fim, jamais como simples meio, e age segundo uma máxima que possa valer ao mesmo tempo 
como lei de sentido universal. Para Kant, ação justa é aquela que permite à liberdade do arbítrio de 
cada um coexistir com com a liberdade de qualquer outro, segundo uma lei universal. 
e) Hartmann: Enquanto valor moral, a justiça é um valor de ação da pessoa, que faz o certo ou tem a intenção de fazê-lo e que vê ou trata os semelhantes à luz da igualdade requerida. 
*Justiça como Valor Jurídico-Político (Sentido Estrito): 
a) Ulpiano: justiça é a vontade constante e perpétua de atribuir a cada um o seu direito. 
b) Doutrina do direito natural: O direito natural é um direito que transcende e dá sentido de justiça ao Direito criado pelo Estado. O direito natural sobrepõe-se, por sua força intrínseca e universalidade, ao artificial, legal.c) Positivismo jurídico ideológico: A justiça das normas se reduz ao fato de que elas são fixadas por quem tem a força para fazê-las respeitar. 
d) Positivismo jurídico lógico (Kelsen): O problema da justiça é uma questão ética, que não diz respeito ao Direito. Ao Direito cabe abordar a validade das normas jurídicas. 
*Divergências sobre o conceito de justiça: 
a) A historicidade do valor da justiça (Miguel Reale): Cada ciclo ou conjuntura histórico-cultural possui a sua experiência da justiça, a sua maneira própria de realizá-la in concreto como equidade, o que leva a maioria dos pesquisadores a concluir que, ao invés de indagar de uma ideia universal de justiça, melhor será tentar configurar no plano concreto da ação o que sejam atos justos. 
b) Autolegislação (Jurgen Habermas): A “autolegislação” é efetiva participação dos cidadãos, através do discurso e do consenso, no processo legislativo. A conseqüência inalienável da auto- legislação, segundo a teoria habermasiana, é, justamente, a legitimação do Direito, uma vez que, se produzido pelos próprios cidadãos, em consenso, de comum acordo, em condições justas e de 
efetiva igualdade, certamente, será por eles aceito e aplicado. Eis a realização da justiça. 
c) A versão procedimental da justiça (John Rawls): Ao invés de elaborar critérios que garantiriam uma decisão justa (justiça finalista ou de resultado), objetiva-se encontrar os procedimentos mais adequados para se chegar a uma conclusão justa (sem que isto garanta que o resultado será justo). O maior obstáculo é a falta de neutralidade dos debatedores, ou seja, a existência de interesses e posições ideológicas diferentes. Segundo Rawls, para superar esse problema é necessário que as 
pessoas desconsiderem suas respectivas posições sociais ao discutir sobre os problemas da sociedade. Só assim pode ser atingida a justiça. 
d) O direito dúctil (Gustavo Zagrebelsky): Os grandes problemas jurídicos não se resolvem simplesmente com a aplicação do direito positivo. O direito dúctil é o direito flexível, ponderável, no qual o operador do direito pondera, tempera e molda as normas jurídicas aos meandros das cirucunstâncias, em busca da justiça. 
e) Pós-Positivismo e Neoconstitucionalismo: O marco filosófico do novo Direito Constitucional é o Pós-Positivismo. O debate acerca de sua caracterização reside na confluência, no segundo pós- guerra, de duas correntes de pensamento opostas, quais sejam, jusnaturalismo e positivismo jurídico. 
Características do pós-positivismo: busca de um direito positivo para além da legalidade estrita; 
leitura moral do Direito, de viés histórico-axiológico; forte inspiração em teorias de justiça no plano
de interpretação e aplicação do Direito; atribuição de normatividade aos princípios; reabilitação da
razão prática e da argumentação jurídica; reaprozimação entre ética e direito; reaproximação entre 
Direito e Filosofia; reaproximação entre Direito e Moral; desenvolvimento de uma teoria dos direitos fundamentais; nova hermenêutica constitucional; Constituição como um sistema aberto de regras e princípios; o juiz como figura criadora do Direito. 
Inspirado nas bases filosóficas kantianas, o Neoconstitucionalismo tem por fim último a realização da dignidade da pessoa humana pela efetivação dos direitos fundamentais declarados. 
f) Construtivismo Judicial: A quase totalidade do pensamento jurídico contemporâneo entende a função jurisdicional como essencialmente criadora. A atividade do órgão jurisdicional traz sempre, em maior ou menor medida, um aspecto novo, não contido na norma geral. Se a sentença se limitasse a uma mera atividade mecânica, seria desnecessária a intervenção do órgão jurisdicional. 
Vide STF RE 3510. 
2 O conceito de Direito. Equidade. Direito e Moral. 
a) Direito como Direito Positivo: É aquele posto pela vontade do Estado. É o direito objetivo, visto que está fora da vontade do sujeito destinatário. Pode ser escrito ou não escrito. 
b) Direito como Direito Subjetivo: Já analisado na dicotomia direito objetivo x direito subjetivo. 
c) Direito como valor: Incorpora o valor da justiça, já analisado acima. 
d) Direito como fato social: É o direito como mecanismo regulador do meio social, como abordado 
pela Sociologia Jurídica. 
e) Direito como fenômeno normativo objetivo: É a abordagem da Filosofia do Direito. 
f) Direito como Ciência do Direito: 
f.1) Normativismo Jurídico (Kelsen): O objeto de estudo da Ciência do Direito é a norma. O Direito é um conjunto de normas. As normas são apreciadas em si mesmas, desconsiderando os fatos que as põem e a eficácia delas sobre a realidade. 
f.2) Realismo Jurídico: É a tomada do sistema normativo no plano da eficácia, ou do que realmente 
é o Direito, como ele se perfaz, se manifesta, se constrói na realidade. O Direito só passa a existir quando exarada decisão judicial. O Direito efetivo é o construído pelo Judiciário. 
f.3) Tridimensionalismo Jurídico (Miguel Reale): Define o fenômeno jurídico em três perspectivas, quais sejam, fato, valor e norma. Estes são três elementos primordiais do Direito, que se implicam e se estruturam numa conexão necessária e dinâmica, que só pode ser conhecida por um processo 
dialético de investigação. O Direito é um processo que segue a dialética de complementaridade, cujos elementos são fato (plano do ser), valor (plano do querer ser) e norma (plano do dever ser). Não se trata de abordagens de perspectivas complementares, mas de faces complementares de uma mesma realidade. A Ciência do Direito continua a ser uma ciência normativa, mas o conceito de norma muda, deixando de ser meramente lógico para ser fático-axiológico. 
*Equidade: É a suavização do rigor da norma abstrata, tendo em vista as circunstâncias específicas 
do caso concreto posto a exame judicial. A lei regula uma situação tipo, construindo regra fundada 
nos elementos mais globalizantes dessa situação: o intérprete, pela equidade, mediatiza, adequando o comando abstrato, ao torná-lo concreto. No ordenamento jurídico há diversas previsões expressas de atuação por equidade por parte do juiz (ex: art. 20, §4o, do CPC; art. 413 do CC; art. 738, PU, do CC; art. 928, PU, do CC; asrt. 944 do CC; art. 953, PU, do CC; art. 7o do CDC; art. 6o da Lei 9099/95), que configuram hipóteses de “equidade judicial”. Já a “equidade legal” é aquela em que o texto normativo traz diversas espécies de solução, cujo enquadramento jurídico será feito a critério do magistrado (sem prever expressamente sua atuação por equidade) – há um apelo implícito à utilização da equidade pelo magistrado. 
OBS: O conceito de equidade foi de certo modo reformulado como princípio da proporcionalidade, que é concebido principalmente pela nova hermenêutica como vetor na aplicação de direitos e penalidades, visando à realização de uma justiça razoável. 
*Direito e Moral: 
a) Reações entre Moral e Direito: Segundo a teoria do mínimo ético (Jellinek), as normas jurídicas são aquelas normas morais que tem por propósito regular tão somente o mínimo ético absolutamente indispensável à conservação da sociedade. Para esta teoria, o Direito está contido na Moral, mas a recíproca não é verdadeira, pois há normas morais que não são normas jurídicas (teoria dos círculos concêntricos). Já a teoria dos círculos secantes (Reale) reza que há uma intersecção entre normas morais e jurídicas, mas há normas jurídicas que não são normas morais e vice-versa. Para esta corrente, o Direito não está contido na Moral. 
*Distinção entre normas jurídicas e normas morais: A distinção mais adequada é aquela trazida por Reale: normas jurídicas e normas morais são dotadas de bilateralidade (se destinam a regular a relação entre duas ou mais pessoas), porém somente as normas jurídicas são dotadas de bilateralidade-atributiva (a atributividade gera para o sujeito ativo da relação a exigibilidade, pretensão a ser exercida por via de ação, justificando a coercibilidade). 
OBS: O pós-positivismo retoma a moral comoplano de fundo e referência decisional do direito, em contraposição ao positivismo jurídico. Vide teorias da justiça. 
3 A interpretação do Direito. Métodos de interpretação. 
*Métodos Clássicos de Interpretação: 
a) Método Literal: Consiste em ocupar-se em primeiro lugar das questões léxicas da norma, isto é, do conjunto de palavras de um idioma por meio das quais evidentemente as leis são manifestas em 
forma escrita. 
b) Método Lógico: Examina-se as proposições enunciadas, de modo a ter em foco o pensamento exato do preceito, mediante a análise de seu todo, segundo o sentido lógico da oração que o manifesta; discrimina-se os termos da oração e sua ordem direta ou indireta; verifica-se se se o texto 
contém uma oração autônoma ou subordinada; se a oração examinada depende de outra etc. 
c) Método Sistemático: Este critério funciona a partir de conexões entre dispositivos, que podem não vir positivados em um mesmo texto, mas que se conectam por afinidade em um sistema complexo. 
d) Método Teleológico: Visa buscar a razão de ser da norma (seu propósito). Está previsto no art. 5º da LINDB: “Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.” 
e) Método Histórico-Evolutivo (histórico + sociológico): O método histórico conduz à investigação das condições presentes no momento de produção da norma, buscando-se encontrar a vontade do 
legislador. Trata-se de uma ficção argumentativa, pois não existe uma vontade real do legislador que possa ser encontrada em momento passado. Daí ser imprescindível o método sociológico, que 
consiste no levantamento das questões atuais que devem levar o intérprete a verificar as funções do comportamento e das instituições sociais no contexto social em que ocorrem. Como não é possível separar os momentos de produção e de aplicação da norma, prefere-se falar em uma interpretação histórico-evolutiva. 
*A reviravolta hermenêutica: A grande falácia da Hermenêutica Jurídica é supor que o juiz seja um autômato de métodos por ela ofertados para a melhor fixação de sentido dos textos legais, para que 
deles extraia a melhor compreensão e a mais justa decisão. Antes de se deixar conduzir por métodos, o juiz já está compreendendo o texto da lei, pois o texto normativo foi produzido por pares, que compartilham o mesmo contexto no qual se encontram todos imersos. O que se exige, em verdade, é a fundamentação das decisões judiciais (art. 93, IX, da CRFB/88). 
*A Nova Hermenêutica: Complementarmente à hermenêutica tradicional (cujos métodos tendiam a 
neutralizar o intérprete), surge uma nova hermenêutica constitucional, com possibilidades de interpretação mais aberta e menos técnica, assumindo a importância das normas-princípio e objetivando a efetivação de valores como fim que se sobrepõe à antiga técnica de subsunção imediata e pouco refletida de fatos a normas. 
*Método de Interpretação pela Lógica do Razoável (Recasén Siches): Siches diz ser um falseamento da realidade as teses doutrinárias que consideravam a aplicação do Direito uma mera subsunção por acoplamento de fatos a normas, como se nesse processo de adaptação não estivessem presentes os juízos de valor do julgador, promovendo estimativas, isto é, avaliações sobre de que modo, com quais consequências, sob que valores se fixam o conteúdo das normas e o seu alcance. 
Isto ocorre de forma tão natural que o julgador, diante do caso concreto, acresce perspectivas não previstas expressamente nos termos genéricos do texto legislado, sob pena de não ter elementos para solucionar o caso. O exercício da lógica do razoável supera a antiga pluralidade de métodos. Diante de qualquer caso, há que se proceder razoavelmente, percebendo a realidade e o sentido dos fatos, as valorações em que se inspira a ordem jurídica e as complementações que se fazem 
necessárias, para se chegar à conclusão satisfatória. 
ÉTICA E ESTATUTO JURÍDICO DA MAGISTRATURA NACIONAL: 
1 Regime jurídico da magistratura nacional: carreiras, ingresso, promoções, remoções. 
A LOMAN (LC 35/79) foi parcialmente recepcionada pela CRFB/88, fazendo às vezes de Estatuto da Magistratura. Até a edição do novo Estatuto da Magistratura, a ser editado em estrita observância 
aos princípios do art. 93 da CRFB/88, a LOMAN continuará a reger a carreira de forma pormenorizada. 
*Ingresso: 
a) Por concurso público (art. 93, I, CRFB/88 / arts. 78 e 79 da LOMAN): 
art. 93 (...) I -ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; 
Art. 78 -O ingresso na Magistratura de carreira dar-se-á mediante nomeação, após concurso público de provas e títulos, organizado e realizado com a participação do Conselho Secional da Ordem dos Advogados do Brasil. § 1º -A lei pode exigir dos candidatos, para a inscrição no concurso, título de habilitação em curso oficial de preparação para a Magistratura. § 2º -Os candidatos serão submetidos a investigação relativa aos aspectos moral e social, e a exame de sanidade física e mental, conforme dispuser a lei. § 3º -Serão indicados para nomeação, pela ordem de classificação, 
candidatos em número correspondente às vagas, mais dois, para cada vaga, sempre que possível. 
Art. 79 -O Juiz, no ato da posse, deverá apresentar a declaração pública de seus bens, e prestará o compromisso de desempenhar com retidão as funções do cargo, cumprindo a Constituição e as leis. 
OBS: O §1o do art. 78 da LOMAN não foi recepcionado pela CRFB/88. 
OBS: Com fundamento no art. 103-B, §4o, I, o CNJ editou a Res. 75/09, que dispõe sobre os concursos públicos para ingresso na carreira da magistratura. 
b) Pelo quinto constitucional (arts. 94, 111-A e 115 da CRFB/88): 
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. 
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação. 
OBS: O STJ não segue as regras do quinto constitucional (vide art. 104, PU, da CRFB/88). 
OBS: O ingresso na Justiça Eleitoral é peculiar, nos termos dos arts. 119 e 120 da CRFB/88. 
*Carreira e Promoções (arts. 95, I e art. 93, II e III, da CRFB/88): 
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: 
I -vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; 
Art. 93 (...) 
II -promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antigüidade e merecimento, atendidas as seguintes normas: 
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento; 
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antigüidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago; 
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela freqüência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
d) na apuração de antigüidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentadode dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
III -o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antigüidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
OBS: O CNJ regulamentou o art. 93, II, c, por meio da Res. 106/2010 e o art. 93, III, por meio da 
Res. 126/11. 
OBS: Atenção ao recentíssimos STF MS 30585 e MS 30585 ED. 
*Remoções: 
a) Remoção a pedido (art. 93, VIII-A, da CRFB/88; arts. 80 e 81 da LOMAN – Justiça Estadual; art. 5o da Lei 5677/71 e art. 4o da Lei 8535/92 – Justiça Federal) 
Ar. 93 (…) 
Art. 80 -A lei regulará o processo de promoção, prescrevendo a observância dos critérios ele antigüidade e de merecimento, alternadamente, e o da indicação dos candidatos à promoção por merecimento, em lista tríplice, sempre que possível.
 § 1º - Na Justiça dos Estados:
 I -apurar-se-ão na entrância a antigüidade e o merecimento, este em lista tríplice, sendo obrigatória a promoção do Juiz que figurar pela quinta vez consecutiva em lista de merecimento; havendo empate na antigüidade, terá precedência o Juiz mais antigo na carreira; 
II -para efeito da composição da lista tríplice, o merecimento será apurado na entrância e aferido com prevalência de critérios de ordem objetiva, na forma do Regulamento baixado pelo Tribunal de Justiça, tendo-se em conta a conduta do Juiz, sua operosidade no exercício do cargo, número de vezes que tenha figurado na lista, tanto para entrância a VIII-A -a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de comarca de igual entrância atenderá, no que couber, ao disposto nas alíneas a , b , c e e do inciso II; prover, como para as anteriores, bem como o aproveitamento em cursos de aperfeiçoamento; 
III -no caso de antigüidade, o Tribunal de Justiça, ou seu órgão especial, somente poderá recusar o Juiz mais antigo pelo voto da maioria absoluta do seus membros, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; 
IV -somente após dois anos de exercício na entrância, poderá o Juiz ser promovido, salvo se não houver, com tal requisito, quem aceite o lugar vago, ou se forem recusados, pela maioria absoluta dos membros do Tribunal de Justiça, ou de seu órgão especial, candidatos que hajam completado o período.
 § 2º -Aplica-se, no que couber, aos Juízes togados da Justiça do Trabalho, o disposto no parágrafo anterior. 
Art. 81 -Na Magistratura de carreira dos Estados, ao provimento inicial e à promoção por merecimento precederá a remoção. 
§ 1º -A remoção far-se-á mediante escolha pelo Poder Executivo, sempre que possível, de nome constante de lista tríplice, organizada pelo Tribunal de Justiça e contendo os nomes dos candidatos com mais de dois anos de efetivo exercício na entrância. 
§ 2º -A juízo do Tribunal de Justiça, ou de seu órgão especial, poderá, ainda, ser provida, pelo mesmo critério fixado no parágrafo anterior vaga decorrente de remoção, destinando-se a seguinte, obrigatoriamente, ao provimento por promoção. 
Art. 5º Os juízes Federais poderão solicitar permuta ou remoção de uma para outra Vara, da mesma ou de outra Seção, e os Juízes Federais Substitutos, de uma para outra Região, mediante requerimento dirigido ao Ministro Presidente do Tribunal Federal de Recursos, que nos dez primeiros dias úteis seguintes à sua recepção, ouvido o Tribunal, o encaminhará ao Presidente da República, por intermédio do Ministro da Justiça, devidamente informado, para decisão. 
(Redação dada pela Lei nº 6044,de 1974) 
Parágrafo único. Os pedidos de remoção deverão formular-se, por escrito, no prazo de 20 (vinte) dias, contados da publicação, pelo Conselho da Justiça Federal, do edital que comunicar a vacância do cargo, cujo provimento não se fará enquanto não se decidirem. 
Art. 4° Os Juízes Federais e os Juízes Federais Substitutos poderão solicitar permuta ou remoção de uma para outra Vara, na mesma Seção ou Região, mediante requerimento dirigido ao Juiz Presidente do Tribunal, que submeterá o pedido à apreciação do Plenário, nos termos do que dispuser o regimento interno. 
b) Remoção pena (art. 93, VIII, da CRFB/88) 
VIII -o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa; 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
2 Direitos e deveres funcionais da magistratura. 
*Garantias da Magistratura (art. 95 da CRFB/88): 
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: 
I-vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; 
II -inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII; 
III -irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. 
OBS: O membro do MP e o advogado que ingressarem na magistratura por meio do quinto constitucional tornam-se vitalícios com a posse no tribunal. 
OBS: O inc. II do art. 26 da LOMAN, que previa a pena administrativa de demissão para o magistrado vitalício, não foi recepcionada. Hoje a pena administrativa máxima cabível ao magistrado é a aposentadoria compulsória (art. 93, VIII, da CRFB/88). 
OBS: Atenção ao STF MS 27958: MANDADO DE SEGURANÇA. ATO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA QUE CONSIDEROU A INAMOVIBILIDADE GARANTIA APENAS DE JUIZ TITULAR. INCONSTITUCIONALIDADE. A INAMOVIBILIDADE É GARANTIA DE TODA A MAGISTRATURA, INCLUINDO O JUIZ TITULAR E O SUBSTITUTO. CONCESSÃO DA SEGURANÇA. I – A inamovibilidade é, nos termos do art. 95, II, da Constituição Federal, garantia de toda a magistratura, alcançando não apenas o juiz titular, como também o substituto. II -O magistrado só poderá ser removido por designação, para responder por determinada vara ou comarca ou para prestar auxílio, com o seu consentimento, ou, ainda, se o interesse público o exigir, nos termos do inciso VIII do art. 93 do Texto Constitucional. III – Segurança concedida. (MS 27958, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/05/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-170 DIVULG 28-08-2012 PUBLIC 29-08-2012) 
*Exemplos de outros direitos dos magistrados: 
a) exercer um cargo ou uma função de magistério (art. 95, PU, I, da CRFB/88) – vide STF ADI 3126; 
b) ser ouvido como testemunha em local,, dia e hora previamente ajustados; 
c) não ser preso senão por ordem escrita e fundamentada do tribunal a que está submetido 
criminalmente ou de tribunal superior (exceto flagrante de crime inafiançável) 
d) em caso de prisãoo cautelar, ser recolhido à prisão especial ou sala de Estado Maior; 
e) portar arma de defesa pessoal; 
f) independência no exercício da função 
*Vedações aos magistrados (art. 95, PU, da CRFB/88 e art. 36 da LOMAN): 
Art. 95 (...) 
Parágrafo único. Aos juízes é vedado: 
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; 
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; 
III - dedicar-se à atividade político-partidária. 
IV -receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
V -exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargopor aposentadoria ou exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
Art. 36 - É vedado ao magistrado: 
I -exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista, exceto como acionista ou quotista; 
II -exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, e sem remuneração; 
III -manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério. 
*Deveres dos magistrados (art. 35 da LOMAN): 
I - Cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as disposições legais e os atos de ofício;
Art. 35 - São deveres do magistrado: 
II - não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar; 
III - determinar as providências necessárias para que os atos processuais se realizem nos prazos legais; 
IV -tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério Público, os advogados, as testemunhas, os funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que o procurarem, a qualquer momento, quanto se trate de providência que reclame e possibilite solução de urgência. 
V - residir na sede da Comarca salvo autorização do órgão disciplinar a que estiver subordinado; 
VI -comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão, e não se ausentar injustificadamente antes de seu término; 
VIl -exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que se refere à cobrança de custas e emolumentos, embora não haja reclamação das partes; 
VIII - manter conduta irrepreensível na vida pública e particular.
3 Código de Ética da Magistratura Nacional (aprovado na 68a Sessão Ordinária do CNJ). 
OBS: Ler a íntegra do Código de Ética da Magistratura Nacional. 
Segundo o Código de Ética da Magistratura Nacional, em alguma medida os magistrados devem ter 
uma ética superior do que os demais grupos sociais. Devem ter um comportamento irrepreensível. 
O Código de Ética da Magistratura Nacional foi baixado pelo CNJ e estabelece uma série de condutas a serem observadas pelo magistrado. 
O Código de Ética da Magistratura Nacional é um desdobramento de 2 artigos da LOMAN: art. 35, 
VIII da LOMAN (manter conduta irrepreensível na vida pública e particular) e art. 56, II, da LOMAN (procedimento incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de suas funções). Estes artigos contém cláusulas abertas que necessitam de uma interpretação unificadora, pois a moralpode ser diferente conforme os locais sejam distintos. O Código de Ética da Magistratura Nacional veio para delimitar tais dispositivos, para unificar a interpretação de tais dispositivos. Como os arts. 35 e 56 da LOMAN dispõem sobre a conduta do magistrado e estabelecem que a conduta do magistrado que não observar os deveres estabelecidos na LOMAN estão sujeitos a sançãodisciplinar, o magistrado que pratica uma conduta antiética do ponto de vista do Código de Ética, está sujeito às sanções previstas na LOMAN. Assim, percebe-se que o Código busca a virtude comportamental, não estando sujeito a tempo e espaço. Seu conteúdo ético é aplicável em qualquer região. Além do conteúdo ético, tem conteúdo jurídico, pois sua inobservância gerará a aplicação de sanção. 
4 Sistemas de controle interno do Poder Judiciário: Corregedorias, Ouvidorias, Conselhos Superiores e Conselho Nacional de Justiça 
*Corregedorias: São órgãos dentro da estrutura interna dos tribunais. São disciplinadas nos Regimentos Internos (norma geral do Tribunal) e nas leis de organização judiciária. A Corregedoria 
tem por função primordial a fiscalização, a orientação e o controle normativo. OBS: A Corregedoria-Geral da Justiça Federal tem outra estrutura: é um órgão integrante do Conselho de Justiça Federal, que é um órgão de fiscalização da Justiça Federal no âmbito do STJ (art. 6º, IV, Conselho da Justiça Federal). O Corregedor-Geral da Justiça Federal é o membro mais antigo do Conselho de Justiça Federal. A corregedoria-geral da Justiça Federal é um órgão autônomo (autonomia institucional), tendo estrutura necessária para fiscalização (art. 14 do Regimento do CJF). 
*Ouvidorias: As ouvidorias são um mecanismo de comunicação entre os cidadãos e o Poder Judiciário. Não tem atividades de fiscalização. Estão previstas no art. 130-B, §7º da CRFB/88 e na 
Res. 103/2010 do CNJ. 
*Conselhos Superiores: 
a) Conselho da Magistratura (Justiça Estadual) 
Art. 104 da LOMAN: Art. 104 -Haverá nos Tribunais de Justiça um Conselho da Magistratura, com função disciplinar, do qual serão membros natos o Presidente, o Vice-Presidente e o Corregedor, não devendo, tanto quanto possível, seus demais integrantes ser escolhidos dentre os outros do respectivo órgão especial, onde houver. A composição, a competência e o funcionamento desse Conselho, que terá como órgão superior o Tribunal Pleno ou o órgão especial, serão estabelecidos no Regimento Interno. 
b) Conselho da Justiça Federal 
Art. 105, PU, II, da CRFB/88: Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: II –o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) *Conselho Nacional de Justiça (art. 103-B da CR/88): 
OBS: Ler a íntegra do art. 103-B da CRFB/88, devido à riqueza do tema. 
O STF reconheceu a constitucionalidade do CNJ na ADI 3367, sob o fundamento de que o CNJ foi inserido como órgão do Poder Judiciário na CRFB/1988 -art. 92, II, “a”. É órgão de controle interno do Poder Judiciário e não dos Tribunais. Está administrativamente acima dos Tribunais, com exceção do STF. 
OBS: Julgado importantíssimo acerca das atribuições correicionais do CNJ: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=199645&caixaBusca=N (ADI 
4638 Referendo-MC/DF). 
OBS: Vide STF MS 28102/DF, também acerca das atribuições correicionais do CNJ. 
5 Responsabilidade administrativa, civil e criminal dos magistrados. 
*Responsabilidade Administrativa dos Magistrados:
 - CRFB/88 – art. 103-B, §4o, da CRFB/88 (controle administrativo e disciplinar do CNJ) 
- LOMAN (com aplicação subsidiária da Leii 8.112/90 e da Lei 9784/99) 
-Res. 135/2010 CNJ (uniformização de normas relativas ao procedimento administrativo 
disciplinar) 
OBS: Vide novamente a ADI 4638 Referendo-MC/DF e o STF MS 28102/DF. 
*Responsabilidade Civil dos Magistrados (relativa ao exercício da função): 
-Art. 49 da LOMAN e Art. 133 do CPC (somente por atos dolosos) 
OBS: Embora a doutrina majoritária entenda pela possibilidade da aplicação do art. 37, §6o da CRFB/88 em relação aos atos jurisdicionais, a jurisprudência tende a adotar o princípio da irresponsabilidade do Estado por atos jurisdicionais, ressalvados os casos previstos expressamente 
na própria CRFB/88 ou na lei. Vide STF RE 505393. 
*Responsabilidade Criminal dos Magistrados: 
Há a previsão de certas garantias, que são inerentes ao cargo: direito à prisão especial em caso de prisão cautelar; a prisão deve ser veiculada por ordem escrita do tribunal que lhe seja superior; a comunicação da prisão deve ser feita de imediato ao tribunal, em caso de flagrante de crime inafiançável; a competência para processar e julgar a ação penal é sempre do grau jurisdicional superior (foro por prerrogativa de função). 
OBS: Ver regras constitucionais de competência penal originária dos tribunais para processar e julgar magistrados (foro por prerrogativa de função). 
OBS: O art. 33, PU, da LOMAN prevê a figura do inquérito “judicial”: Quando, no curso de investigação, houver indício daprática de crime por parte do magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá os respectivos autos ao Tribunal ou órgão especial competente para o julgamento, a fim de que prossiga na investigação. A presidência do inquérito caberá a um relator sorteado. 
FONTES:
 - Magistratura: Noções Gerais de Direito e Formação Humanística (Mariá Brochado) 
- Manual de Introdução ao Estudo do Direito (Dimitri Dimoulis) 
- LFG

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