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DIREITO ECONÔMICO E DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR – Modalidades de intervenção do Estado brasileiro na ordem econômica. Intervenção direta. Entidades estatais. Monopólio estatal. Empresas estatais prestadoras de serviços públicos. Intervenção indireta. Agente normativo. Fiscalização estatal. Incentivo estatal. Contribuição de intervenção no domínio econômico. Exploração de recursos naturais. Parcerias público-privadas.
Intervenção do Estado no Domínio Econômico:
I – Classificação:
Segundo Eros Roberto Grau, o Estado pode intervir na economia por meio das seguintes formas: 
Absorção: ocorre quando o Estado atua em regime de monopólio, avocando para si a iniciativa de exploração de determinada atividade econômica;
Participação: dá-se quando o Estado atua paralelamente aos particulares, empreendendo atividades econômicas ou, ainda, prestando serviço público economicamente explorável, concomitantemente com a iniciativa privada;
Direção: verifica-se quando o Estado atua na economia por meio de instrumentos normativos de pressão, seja por edição de leis ou de atos normativos;
Indução: ocorre quando o Estado incentiva, por meio de benesses creditícias, a prática de determinados setores econômicos, seja por intermédio de benefícios fiscais, de abertura de linhas de crédito para fins de incentivo de determinadas atividades, de instituições financeiras privadas ou oficiais de fomento.
Observação: O ex-Ministro Eros Grau ainda trata da figura do privilégio, que consiste na possibilidade de o Estado afastar o particular na prestação de serviços públicos de sua titularidade, ainda que explorados sob a forma de atividade econômica com finalidade lucrativa. Foi no julgamento da ADPF 146 que o Ministro fez a diferenciação entre as figuras do privilégio e do monopólio. Confira: 
EMENTA: ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. EMPRESA PÚBLICA DE CORREIOS E TELEGRÁFOS. PRIVILÉGIO DE ENTREGA DE CORRESPONDÊNCIAS. SERVIÇO POSTAL. CONTROVÉRSIA REFERENTE À LEI FEDERAL 6.538, DE 22 DE JUNHO DE 1978. ATO NORMATIVO QUE REGULA DIREITOS E OBRIGAÇÕES CONCERNENTES AO SERVIÇO POSTAL. PREVISÃO DE SANÇÕES NAS HIPÓTESES DE VIOLAÇÃO DO PRIVILÉGIO POSTAL. COMPATIBILIDADE COM O SISTEMA CONSTITUCIONAL VIGENTE. ALEGAÇÃO DE AFRONTA AO DISPOSTO NOS ARTIGOS 1º, INCISO IV; 5º, INCISO XIII, 170, CAPUT, INCISO IV E PARÁGRAFO ÚNICO, E 173 DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA LIVRE CONCORRÊNCIA E LIVRE INICIATIVA. NÃO-CARACTERIZAÇÃO. ARGUIÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE. INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO CONFERIDA AO ARTIGO 42 DA LEI N. 6.538, QUE ESTABELECE SANÇÃO, SE CONFIGURADA A VIOLAÇÃO DO PRIVILÉGIO POSTAL DA UNIÃO. APLICAÇÃO ÀS ATIVIDADES POSTAIS DESCRITAS NO ARTIGO 9º, DA LEI. 1. O serviço postal --- conjunto de atividades que torna possível o envio de correspondência, ou objeto postal, de um remetente para endereço final e determinado --- não consubstancia atividade econômica em sentido estrito. Serviço postal é serviço público. 2. A atividade econômica em sentido amplo é gênero que compreende duas espécies, o serviço público e a atividade econômica em sentido estrito. Monopólio é de atividade econômica em sentido estrito, empreendida por agentes econômicos privados. A exclusividade da prestação dos serviços públicos é expressão de uma situação de privilégio. Monopólio e privilégio são distintos entre si; não se os deve confundir no âmbito da linguagem jurídica, qual ocorre no vocabulário vulgar. 3. A Constituição do Brasil confere à União, em caráter exclusivo, a exploração do serviço postal e o correio aéreo nacional [artigo 20, inciso X]. 4. O serviço postal é prestado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, empresa pública, entidade da Administração Indireta da União, criada pelo decreto-lei n. 509, de 10 de março de 1.969. 5. É imprescindível distinguirmos o regime de privilégio, que diz com a prestação dos serviços públicos, do regime de monopólio sob o qual, algumas vezes, a exploração de atividade econômica em sentido estrito é empreendida pelo Estado. 6. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos deve atuar em regime de exclusividade na prestação dos serviços que lhe incumbem em situação de privilégio, o privilégio postal. 7. Os regimes jurídicos sob os quais em regra são prestados os serviços públicos importam em que essa atividade seja desenvolvida sob privilégio, inclusive, em regra, o da exclusividade. 8. Argüição de descumprimento de preceito fundamental julgada improcedente por maioria. O Tribunal deu interpretação conforme à Constituição ao artigo 42 da Lei n. 6.538 para restringir a sua aplicação às atividades postais descritas no artigo 9º desse ato normativo.
ASSIM: ATIVIDADE ECONÔMICA – SERVIÇO PÚBLICO – PRIVILÉGIO 
	 ATIVIDADE ECONÔMICA – ATIV. ECON. EM SENTIDO ESTRITO – MONOPÓLIO.
Para Diogo de Figueiredo Moreira Neto, existem quatro modalidades de intervenção do Estado no domínio econômico:
Regulatória: por meio de leis e normas de cunho setorial, o Estado atua disciplinando a ordem econômica de forma genérica e abstrata;
Concorrencial: nos casos expressos e autorizados, o estado atua em regime de igualdade com o particular na exploração de atividade econômica;
Monopolista: o Estado reserva para si a exploração de determinada atividade econômica;
Sancionatória: o Estado pune e reprime abusos econômicos, no exercício de suas atividades de polícia administrativa
Diante do processo de desestatização da economia, Marcos Juruena Villela Souto prevê como formas de intervenção do Estado:
Planejamento: elaboração de plano de desenvolvimento econômico para identificar e implementar as ações necessárias a propiciar o bem-estar coletivo;
Incentivo: fomento à iniciativa privada para aderir ao plano;
Repressão: coibição ao abuso do poder econômico, proteção ao consumidor e ao meio ambiente;
Regulação: o Estado controla, normatiza e fiscaliza as atividades econômicas e de relevante interesse coletivo;
Exploração direta: intervenção estatal em caráter excepcional em atividades econômicas que envolvam importante interesse coletivo ou segurança nacional (art. 173 CF);
Desestatização: forma de redução da intervenção do Estado no domínio econômico, no qual há transferência de atividade explorada pelo Poder Público ao particular. Se dá por meio da privatização, terceirização, concessão e permissão e gestão associada (celebração de convênios, consórcios, contratos de gestão e acordos de programa).
II – Intervenção indireta do Estado na ordem econômica:
- ocorre quando o Estado se limita a condicionar o exercício da exploração da atividade econômica, sem assumir a posição de agente econômico ativo. São formas de intervenção de indução e direção segundo o Ministro Eros. Estão previstas no art. 174 da CF:
Art. 174 – Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado
AGENTE NORMATIVO E REGULADOR
A intervenção indireta, por via de regulação da atividade econômica, surgiu como pressão do Estado sobre a economia para devolvê-lo à normalidade, isto é, para garantir um regime de livre concorrência, evitando-se que práticas abusivas perpetradas pelos agentes economicamente mais fortes em face dos mais fracos atuem em detrimento do mercado e, por consequência, de toda a sociedade.
A regulação no Brasil seguiu, inicialmente, o modelo norte-americano, por ocasião da modernização jurídico-econômica de nosso Sistema Financeiro Nacional (lei 4595/64). Posteriormente, quando da desestatização da nossa Ordem Econômica, adotamos o modelo europeu (Lei nº 8031/1991), notadamente o da Inglaterra.
O que é regulação?
Vital Moreira: “o estabelecimento e a implementação de regras para a atividade econômica, destinadas a garantir o seu funcionamento equilibrado, de acordo com determinados objetivos públicos”;
Para Canotilho, o Estado assume umapostura de regulador de atividades econômicas, podendo, inclusive, delegar a regulação a entidades administrativas independentes, não diretamente subordinadas ao poder político governamental. O que se fundamenta na verificação de que a execução de muitas competências e atribuições estatais necessita de recursos, conhecimentos, experiências técnicas e profissionais que se encontram, por vezes, fora do aparelhamento estatal;
Marçal Justen Filho: “A regulação econômico-social consiste na atividade estatal de intervenção indireta sobre a conduta dos sujeitos públicos e privados, de modo permanente e sistemático, para implementar as políticas de governo e a realização dos direitos fundamentais”.
Leonardo Vizeu Figueiredo: “Objetivamente, pode-se conceituar a regulação como o conjunto de atos e medidas estatais que tem por fim garantir a observância dos princípios norteadores da ordem econômica no mercado, bem como a devida e correta prestação de serviços públicos, além do incentivo e fomento para a implementação das políticas públicas respectivas, para cada nicho da economia. Sob um aspecto subjetivo, pode-se conceituar a regulação como processo estatal de normatização, de fiscalização, de incentivo, de planejamento e de mediação da atividade econômica dos particulares, conjugando os interesses privados destes com os interesses público e coletivo envolvidos no ciclo econômico do respectivo mercado.”
É importante lembrar que o modelo econômico estatal de regulamentação rege-se pelo princípio da subsidiariedade, ou seja, somente haverá motivo para a regulamentação se estiver presente alguma das falhas de mercado, dentre as quais temos: deficiência na concorrência (sobreposição arbitrária dos interesses privados do agentes sobre os interesses coletivos dos consumidores e sobre o interesse público), externalidades (efeitos sobre uma terceira pessoa derivados de uma transação econômica sobre a qual a terceira parte não tem controle, ex: poluição), assimetria informativa, poderio e desequilíbrio no mercado. Tudo isso aliado a uma situação sócio-política insustentável, geradora de repercussão inaceitável para a coletividade, implica a necessidade de regulação.
Assim, é certo que somente haverá regulação estatal (heterorregulação ou regulação pública) onde o mercado privado, por si, não conseguir regular-se (auto-regulação ou regulação privada).
A auto-regulação é a regra e baseia-se na teoria clássica do liberalismo econômico de Adam Smith, pela qual a regência da economia se dá por meio da mão invisível que a conduz, sendo que a persecução dos objetivos individuais leva ao atingimento dos interesses coletivos. Como exemplos de mercados auto-regulados, temos o setor de telefonia móvel e o setor de planos e seguros privados de saúde coletivos, nos quais os entes reguladores (ANATEL e ANS) limitam-se ao seu monitoramento. Em razão do princípio da subsidiariedade, não há intervenção estatal nos mercados capazes de se auto-regularem. Na auto-regulação, a atuação do Poder Público faz-se necessária de forma preventiva, mediante a análise dos atos empresariais dos agentes econômicos por parte das autoridades antitrustes, responsáveis pela defesa concorrencial.
A heterorregulação não precisa, necessariamente, ser feita por agência reguladora, pode ser feita por qualquer órgão ou integrante da Administração Pública. Exemplos: ANAC e Banco Central do Brasil, responsável pela normatização do Sistema Financeiro Nacional.
FISCALIZAÇÃO ECONÔMICA
Traduz-se em controle da juridicidade do exercício da liberdade de iniciativa pelos particulares. A fiscalização dos agentes econômicos implementa-se de modo a perceber se há adequação de sua conduta às normas jurídicas de conteúdo econômico editadas pelo Estado. A fiscalização estatal pode ir desde a mera observação, passando pela censura, podendo, nos casos mais extremos, chegar à interdição e ao encerramento da atividade, quando se fizer necessário para a defesa do interesse coletivo envolvido, dentro dos limites legais, previamente estabelecidos.
INCENTIVO ECONÔMICO
 É o auxílio prestado pelo Poder Público para o fomento, a implementação ou o desenvolvimento de determinadas atividades econômicas, a serem exploradas pelo particular. Esta atividade de incentivo estatal é fundamental para diminuir as desigualdades regionais. Ex: benefícios fiscais. Estes benefícios não podem violar o princípio da isonomia, isto é, não podem representar subsídios injustificáveis para determinados agentes econômicos.
Lembre que a redução das desigualdades sociais e regionais é um dos princípios da Ordem Econômica brasileira (art. 170, VII), bem como um dos objetivos fundamentais da República (art. 3º, III).
PLANEJAMENTO ECONÔMICO
É o conjunto de políticas públicas estabelecidas pelo legislador, seja constituinte, seja infraconstitucional, como metas a serem alcançadas pelo Estado, no que tange à consecução de seus objetivos econômicos e sociais, dentro de um período pré-fixado. Para José Afonso da Silva, o planejamento econômico consiste num processo de intervenção estatal no domínio econômico com o fim de organizar as atividades econômicas para obter resultados previamente colimados.
Há controvérsia doutrinária a respeito da natureza jurídica do planejamento econômico:
Doutrina francesa – ato jurídico e dado seu caráter cogente, vincularia a Administração Pública, o que implicaria até a responsabilização do Estado, no caso de descumprimento;
Natureza de ato meramente político – não há, portanto, cogência na sua observância em relação ao Poder Público, uma vez que será lei em caráter meramente formal, não quanto ao seu conteúdo material.
Para Celso Ribeiro Bastos, o plano constitui ato jurídico e, nesse caso, só vincula o setor público. Tanto que, atualmente, o planejamento estatal, dentro do ordenamento constitucional vigente, tem caráter meramente indicativo para o setor privado, sendo de observância obrigatória (determinante) para o setor público. É exemplo de política pública de planejamento estatal, a Lei nº 8031/1990 que instituiu o Programa Nacional de Desestatização da economia brasileira.
A respeito da intervenção do Estado, confira-se o seguinte trecho de julgado do STJ:
“A tutela da indústria nacional é consectário do próprio desenvolvimento da nação, tanto mais que a Constituição regula a livre iniciativa dentro de nosso país, a concorrência dentro de nosso território, razão pela qual a própria lei nº 8.884/94 determina a sua imperiosa aplicação mesmo que haja tratados internacionais em contrário, postura legítima diante da natureza hierárquica dos documentos transacionais em confronto com as leis federais.; art. 2º verbis: ‘Aplica-se esta Lei, sem prejuízo de convenções e tratados de que seja signatário o Brasil, às práticas cometidas no todo ou em parte no território nacional ou que nele produzam ou possam produzir efeitos’” (MS 200601063146. MS 11862; Relatora Eliana Calmon, DJ: 25/05/2009).
Observação: 
Os investimentos estrangeiros:
Art. 172 CF. A lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros. 
As remessas de lucros feitas para o exterior sujeitam-se a registro público;
Por razões estratégicas, seja de segurança nacional ou de interesse coletivo, a própria Constituição da República torna limitada ou mesmo defesa a participação de investimentos estrangeiros em alguns setores da nossa Ordem Econômica (art. 192, §3º do art. 199 e §§1º e 4º do art. 222)
Art. 199. §3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no país, salvo nos casos previstos em lei.
Art. 222 – A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.
Observação: O Investimento Direto Estrangeiro- IDE
Os investimentos estrangeiros podem ser efetuados sob a forma de investimentos diretos ou de investimentos em carteira.O investimento direto é constituído quando o investidor detém 10% ou mais das ações ordinárias ou do direito a voto numa empresa; e considera-se como investimento em carteira quando ele for inferior a 10%.O investimento direto está divido em duas modalidades: participação no capital e empréstimos intercompanhias. A participação no capital compreende os ingressos de recursos de bens, moeda e as conversões externas em investimento estrangeiro direto, incluindo os valores destinados ao programa de privatizações, relacionados com a aquisição/subscrição/aumento de capital, total ou parcial do capital social de empresas residentes.Os empréstimos intercompanhias compreendem os créditos concedidos pelas matrizes, sediadas no exterior, a suas subsidiárias ou filiais estabelecidas no país.O investimento direto difere do intercâmbio de bens e serviços por vários fatores. Primeiro, não tem liquidez imediata (pagamento à vista) ou diferida (crédito comercial). Segundo, tem uma dimensão intertemporal, pois os investimentos são seguidos pelos fluxos de produção, venda e lucros, com um certo atraso. Terceiro, implica em transferências de direitos patrimoniais. Quarto, decorre de uma estratégia que resulta do processo da empresa tentar antecipar a ação de suas concorrentes.
III – Intervenção Direta do Estado na Economia:
Art. 173
Art. 175
Art. 177
Dado o descrédito no potencial empresarial do Estado, somente lhe é permitido o exercício de atividade econômica em situações excepcionais, quais sejam: 
Quando necessária aos imperativos de segurança nacional;
Em casos de relevante interesse coletivo.
As atividades econômicas são os empreendimentos envidados no sentido de produzir, circular ou consumir bens, a fim de atender as necessidades coletivas e individuais da sociedade. Podem ser classificadas em:
Atividade econômica em sentido estrito – atividades típicas de mercado, sempre regidas pelo direito privado, ainda que exercidas pelo Poder Público. A teor do art. 173, são exploradas precipuamente pelo particular e subsidiariamente pelo Poder Público, somente nas hipóteses e exceções constitucionalmente previstas: imperativos de segurança nacional e relevante interesse coletivo;
Serviços públicos – toda atividade prestada para atendimento das necessidades do Estado ou da sociedade, sempre regidas sob regime de direito público, ainda que prestadas por particulares. Nos termos do art. 175 da CF, os serviços públicos são precipuamente prestados pela Administração Pública (privilégio), cabendo, todavia, sua delegação a particulares, por via de concessão ou permissão, precedida, obrigatoriamente, de licitação.
Obs:
Lembre o que o STF já decidiu em voto conduzido pelo Min. Eros Grau na ADPF 46:
MONOPÓLIO – ATIVIDADE ECONÔMICA – DIREITO PRIVADO
EXCLUSIVIDADE – SERVIÇOS PÚBLICOS – PRIVILÉGIO – DIREITO PÚBLICO.
O Desembargador Rogerio Fialho também já decidiu assim. Confira ementa de acórdão de sua relatoria (Apelação / Reexame Necessário - APELREEX5845/SE):
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. EMPRESA DE SANEAMENTO. ENTREGA DAS FATURAS DE ÁGUA E ESGOTO DIRETAMENTE A SEUS CLIENTES. SERVIÇO POSTAL. JULGAMENTO DA ADPF 46 PELO STF. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. PRIVILÉGIO DE ENTREGA DE CORRESPONDÊNCIA À EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT. EXCEÇÃO AO MONOPÓLIO POSTAL PREVISTA NO DECRETO N.º 83.858/79 REVOGADA PELO DECRETO SEM NÚMERO DE 15.02.91.
1. Cuida-se de apelação da sentença que julgou improcedente o pedido que objetiva a concessão de tutela antecipada e, em caráter definitivo, a interrupção da distribuição de contas/faturas de água e esgoto pela empresa demandada aos consumidores, determinando ainda a manutenção do monopólio postal em favor da ECT.
2. O STF, no julgamento da ADPF de nº 46, após fazer a distinção entre o regime de privilégio a que se reveste a prestação de serviços públicos do regime de monopólio, decidiu que a prestação de serviços públicos se desenvolve sob privilégios, dentre os quais está o da exclusividade na exploração da atividade econômica em sentido amplo, afirmando, na mesma decisão que a prestação do serviço postal por empresa privada só seria possível se a CF estabelecesse que esse serviço fosse livre à iniciativa privada, como assim o fez em relação à educação e a saúde. A mesma decisão deixou patente, contudo, que os serviços de entrega de encomendas e impressos estão excluídos do conceito de serviço postal.
3. O art. 17, alínea "n", do Decreto n.º 83.858/79, regulamentador da Lei n.º 6.538/78, que excluía do monopólio postal "o transporte e a entrega de aviso de cobrança relativo ao consumo de água, de energia elétrica, ou de gás, quando realizados pelo concessionário do respectivo serviço público", foi revogado pelo Decreto sem número de 15.02.91.
4. A empresa apelada, ao efetuar, diretamente, a entrega das faturas de água e esgoto por ela emitidas a seus clientes está prestando serviços reconhecidos como serviços postais, estando essa prática em desacordo com o entendimento da Corte Suprema, a impor a sua paralisação quanto a esses serviços. Deve a parte ré se abster de entregar diretamente e/ou contratar qualquer pessoa jurídica diversa da ECT, serviços postais de exclusividade desta, o que se justifica em razão do privilégio postal da União.
5. Apelação e remessa oficial providas para julgar procedente o pedido, condenando a parte sucumbente, no pagamento de honorários advocatícios arbitrados em R$ 1.000,00 (um mil reais) e nas custas processuais.
A exploração direta da atividade econômica:
É vedada ao Estado a exploração da atividade econômica, salvo nos casos de : casos em que a exploração da atividade econômica for necessária por imperativos de segurança nacional e nos casos de relevante interesse coletivo.
Segurança nacional e interesse coletivo são conceitos jurídicos indeterminados, mas pode-se dizer que a segurança nacional abrange todas as situações em que se compromete a integridade federativa da República, bem como a própria razão de ser do Estado. Por outro lado, há interesse coletivo nas situações em que há risco à incolumidade da sociedade brasileira, quanto à coletividade transindividual que é.
Pelo princípio da subsidiariedade, a exploração pelo estado somente se dará quando a exploração pelo particular não se mostrar satisfatória ao interesse coletivo. Vale dizer: o fundamento econômico da livre iniciativa se aplica tão-somente ao particular que explore atividade econômica, e não ao poder público. Mais: o Estado deverá estar previamente autorizado por lei de iniciativa do Poder Executivo e, necessariamente, constituir pessoa jurídica de direito privado, a saber, empresa pública ou sociedade de economia mista, Sempre em regime concorrencial com os demais agentes competidores do mercado. Neste ponto, faz-se imperioso lembrar que as empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade econômica estão excluídas do regime da lei de Falências. 
Observações:
As empresas públicas e sociedades de economia mista que exercem atividade econômica devem realizar licitação e devem contratar pessoal por concurso público (STF. AI 680.939);
Às empresas públicas e sociedades de economia mista que prestem serviços públicos podem ser dados privilégios fiscais não extensivos às pessoas jurídicas de direito privado que prestem serviços públicos por concessão ou permissão (exemplo: ECT. STF. ACO 765) 
A prestação de serviços públicos:
A melhor noção de serviço público não se vincula à essência da atividade per si, mas decorre de uma necessidade pontual e historicamente determinada de maior intervenção a ser feita pelo Estado em certa esfera da economia.
Pode-se conceituar serviços públicos como sendo toda atividade prestada pelo Estado, diretamente ou por meio de seus delegatários, sob as normas de Direito Público,que objetivam as necessidades da coletividade, ou, ainda, as do próprio Poder Público. Todo serviço público deve objetivar o atendimento de interesse coletivo, para satisfação de necessidades primárias (essenciais) ou secundárias (não essenciais).
Hely Lopes Meirelles propõe a seguinte classificação dos serviços públicos:
Quanto à extensão:
a.1) Serviços públicos propriamente ditos (pró-comunidade) – são aqueles prestados diretamente pelo Poder Público à comunidade, por seu caráter nitidamente essencial, uma vez que são imprescindíveis para a sobrevivência da sociedade. Via de regra, tais serviços não admitem delegação, uma vez que são prestados no exercício do jus imperium, devendo ser remunerados de forma módica ou prestados gratuitamente, a fim de fiquem ao alcance de todos os membros da coletividade. Ex: vigilância sanitária, segurança pública e defesa nacional.
a.2) Serviços de utilidade pública (pró-cidadão) – são aqueles que visam à conveniência da sociedade, isto é, são postos à disposição pelo Poder Público para a sociedade com o fito de torna-la mais aprazível e confortável, não tendo um caráter essencial podendo assim ser delegados a terceiros, que são remunerados diretamente por seus usuários Ex: telefonia, abastecimento, transporte coletivo, etc. 
 b) Quanto à natureza: 
 b.1) Serviços próprios do Estado – Está relacionado com os serviços públicos propriamente ditos. Com os serviços típicos do Estado;
 b.2) Serviços impróprios do Estado – afetam as necessidades pessoais do cidadão, mas não são afetos aos interesses coletivos da comunidade. Está relacionado com os serviços de utilidade pública.
 c) Quanto à finalidade:
 c.1) Serviços Administrativos – prestados com o fim de atender as necessidades internas da Administração Pública ou com o fim de viabilizar a prestação futura de serviços que serão prestados ao público (ex: Imprensa oficial);
 c.2) Serviços Industriais – são os que visam a produção de lucro e dividendos para quem os presta, sendo remunerados pelos usuários mediante tarifa ou preço público, seja por prestação direta ou delegada.
 d) Quanto à possibilidade de individualização: 
 d.1) Serviços gerais ou uti universi – Remunerados via imposto. Serviços que prestados pelo Poder Público não podem ser individualizados em relação aos que dele usufruem, isto é, os usuários não podem ser individualmente determinados (Ex: Segurança Pública e Defesa nacional) 
 d.2) Serviços individuais ou uti singuli – remunerados via taxa ou preço público. São todos os serviços públicos prestados que podem ser individualmente especificados em relação aos seus respectivos usuários, isto é, são aqueles cuja utilização se pode aquilatar e mensurar em relação a cada indivíduo (Ex: captação de esgoto, abastecimento de água, gás, energia elétrica, etc.)
Quando o serviço for de caráter obrigatório, sua remuneração será feita por taxa, cujo inadimplemento acarreta, tão-somente, inscrição em dívida e ajuizamento de execução. Por sua vez, se o serviço é facultativo, o inadimplemento pode acarretar sua suspensão, mediante aviso prévio do prestador.
Observação:
	 Taxas
	 Preços Públicos 
	Regime jurídico de direito público
	Regime jurídico de direito privado
	O vínculo obrigacional é de natureza tributária (legal), não admitindo rescisão
	O vínculo obrigacional é de natureza contratual, admitindo rescisão. Ex: serviços de água e esgoto.
	O Sujeito ativo é pessoa jurídica de direito público
	O sujeito ativo é pessoa jurídica de direito público ou de direito privado
	O vínculo nasce independentemente de manifestação de vontade. É compulsório
	Há necessidade de válida manifestação de vontade para surgimento do vínculo. É facultativo
	Pode ser cobrada em virtude de utilização efetiva ou potencial do serviço público
	Somente pode ser cobrada em virtude de utilização efetiva do serviço público
	A receita arrecadada é derivada, já que tributária
	A receita arrecadada é originária
	Sujeita-se aos princípios tributários: legalidade, anterioridade, noventena, etc.
	Não se sujeita aos princípios tributários
O Supremo Tribunal Federal já fez a seguinte divisão de serviços públicos, quando do julgamento do RE 209365-3, de Relatoria do Ministro Carlos Velloso: 
“1. Serviços públicos propriamente estatais, em cuja prestação o Estado atue no exercício de sua soberania, visualizada sob o ponto de vista interno e externo; esses serviços são indelegáveis, porque somente o Estado pode prestá-los; São remunerados, por isso mesmo, mediante taxa. Exemplos: a emissão de passaportes e o serviço jurisdicional;
2.Serviços públicos essenciais ao interesse público: são os serviços prestados no interesse da comunidade. São remunerados mediante taxa. E porque as atividades remuneradas são essenciais ao interesse público, à comunidade ou à coletividade, a taxa incidirá sobre a utilização efetiva ou potencial do serviço. Exemplos: os serviços de coleta de lixo e de sepultamento.
3. Serviços públicos não essenciais e que, quando não utilizados, disso não resulta prejuízo ou dano para a coletividade ou para o interesse público. Esses serviços são, em regra, delegáveis, vale dizer, podem ser concedidos e podem ser remunerados mediante preço público. Exemplos: o serviço postal, os serviços telefônicos, de distribuição de energia, gás, etc.”
A regulamentação do serviço público cabe ao ente federado que tem competência para a prestação do serviço, sendo atribuição inerente ao Poder Regulamentar Administrativo de cada entidade.
A prestação de serviços públicos norteia-se em quatro princípios básicos, a saber:
Generalidade: o serviço deve ser prestado a todo e qualquer usuário que dele necessite, sem qualquer discriminação;
Continuidade: representa a impossibilidade de suspensão na prestação dos serviços públicos, isto é, os serviços devem ser prestados de forma contínua e ininterrupta. Observe que se a prestação do serviço for facultativa, i.e, se a fruição se der por livre opção do usuário, o serviço poderá ser suspenso. Se a sua prestação ao usuário for compulsória, como serviço coercitivamente imposto pelo Estado, não será lícito interrompê-lo. Assim, temos que somente os serviços remunerados por preços públicos (facultativos) estão sujeitos a suspensão. Ex: energia elétrica, água, etc.
Observação: Jurisprudência TRF 5 sobre a continuidade e interrupção dos serviços públicos:
ADMINISTRATIVO. MANDANDO DE SEGURANÇA. REMESSA OBRIGATÓRIA. FORNECIMENTO DE ENERGIAELÉTRICA. SUSPENSÃO POR SUSPEITA DE FRAUDE NO MEDIDOR. IMPOSSIBILIDADE. JURISPRUDÊNCIA DO EG. STJ.
"1. "É ilegítimo o corte administrativo no fornecimento de energia elétrica quando o débito decorrer de suposta fraude no medidor de consumo de energia, apurada unilateralmente pela concessionária. Precedentes do STJ". Excerto da ementa do AgRg no REsp 1016486/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/11/2008, DJe 17/03/2009.
2. "É assente nesta Corte de Justiça a orientação de que não é devida a interrupção do fornecimento de energia elétrica, para fins de recuperação de consumo, após a constatação da existência de irregularidade no medidor".Trecho da ementa do AgRg no Ag 1031388/MS, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/10/2008, DJe 12/11/2008. 3. Sentença confirmada. 4. Remessa oficial improvida." (grifei)
(REO 200880000049625, Desembargador Federal Francisco de Barros e Silva, TRF5 - Primeira Turma, 14/08/2009)
- Remessa improvida.
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. FORNECIMENTO DE ENERGIAELÉTRICA. SUSPENSÃO. FRAUDE NO MEDIDOR. IMPOSSIBILIDADE. DÉBITOS ANTIGOS. RECUPERAÇÃO DE CONSUMO NÃO FATURADO. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA DO STJ. SENTENÇA CONFIRMADA.
1. É de ser rejeitada a preliminar de não demonstração do direito líquido e certo, por confundir-se com o próprio mérito da demanda.
2. "É ilegítima a interrupção do serviçose o débito decorrer de irregularidade no hidrômetro ou no medidor de energia elétrica, apurada unilateralmente pela concessionária" (STJ, AgRg no Ag 1381452/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/04/2011, DJe 04/05/2011).
3. "É firme a jurisprudência desta Corte Superior de Justiça no sentido da impossibilidade de suspensão de serviços essenciais, tais como o fornecimento de energiaelétrica e água, em função da cobrança de débitos pretéritos." (STJ, AgRg nos EDcl no Ag 1373829/RS, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 12/04/2011, DJe 25/04/2011).
4. Precedente desta egrégia Primeira Turma: AMS 200482020027142, Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira, 29/05/2009.
5. Apelação e remessa oficial improvidas.
ADMINISTRATIVO. FORNECIMENTO DE ENERGIAELÉTRICA. TRANSFERÊNCIA DA PROPRIEDADE. DÉBITO POSTERIOR. ARTIGO 4º, PARÁGRAFO 2º, DA RESOLUÇÃO Nº 456/00, DA ANEEL.
I - Ocorrendo alteração na titularidade da unidade consumidora, mediante transferência de propriedade, com a mudança da pessoa responsável pela quitação do preço do fornecimento da energiaelétrica, não se mostra pertinente a religação pleiteada para o acesso à prestação do serviço público de abastecimento, diante da existência de débito relativo a período posterior à referida compra e venda, uma vez que a adquirente do imóvel é a sócia administradora da empresa consumidora, guardando responsabilidade com, ao menos, parte da dívida pendente.
II - A interrupção do fornecimento de energia tem disciplina legal específica na Lei 8.987/95, que admite tal providência no caso de inadimplemento do usuário e mediante aviso prévio. Nesse sentido, a empresa pode suspender os serviços de energiaelétrica ao usuário, respeitado o devido processo legal.
III - O artigo 4º, parágrafo 2º, da Resolução nº 456/00, da ANEEL, apenas ressalva que a ligação de unidade consumidora não poderá ser condicionada ao pagamento de débito de terceiros, o que não é o caso dos autos.
IV - Apelação improvida. (relatora: margarida Cantarelli)
ADMINISTRATIVO. FORNECIMENTO DE ENERGIAELÉTRICA PARA SEDE DA POLICIA FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE DE SUSPENSÃO POR INADIMPLEMENTO. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.
1. A exegese do art. 6º, parágrafo 3º, II da Lei nº 8.987/95 que prevê a possibilidade de interrupção do fornecimento de energia elétrica quando, após aviso, permanecer inadimplente o usuário, ainda que seja prestador de serviço público deve ser obtemperada considerando as unidades públicas essenciais.
2. Devem ser entendidos como serviços públicos essenciais aqueles que atinjam necessidades inadiáveis da comunidade, por analogia à Lei de Greve "aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população" (art. 11, parágrafo único, da Lei n.º 7.783/89).
3. A atividade da Polícia Federal é de indispensável importância para a segurança, de modo que a interrupção no fornecimento de energiaelétrica, refletiria diretamente na ordem social, o que acarreta a impossibilidade de suspensão do fornecimento de energiaelétrica do referido órgão de segurança.
4. Apelação improvida.
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. SUSPENSÃO EM FACE DA INADIMPLÊNCIA DO ESTABELECIMENTO HOSPITALAR. IMPOSSIBILIDADE. SERVIÇO PÚBLICO ESSENCIAL. PRESTAÇÃO DE FORMA CONTÍNUA. ART. 22 DO CDC. INTERRUPÇÃO DAS ATIVIDADES DE ENTIDADE PRESTADORA DE SERVIÇOS DE SAÚDE CONVENIADA AO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS. AFRONTA AO DIREITO À SAÚDE. ARTS. 5º E 6º DA CARTA MAGNA. APELO DA IMPETRADA IMPROVIDO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM SEDE DE MANDAMUS OF WRIT. DESCABIMENTO. SÚMULAS 512/STF E 105/STJ. RECURSO ADESIVO NÃO PROVIDO. PRECEDENTES.
1. Pretende a SAELPA a reforma do julgado prolatado pelo Juízo de origem que concedeu em parte a segurança requestada, determinando o restabelecimento do fornecimento de energiaelétrica pela entidade impetrada, a despeito do inadimplemento da respectiva tarifa pelo ente impetrante.
2. O impetrante interpôs recurso adesivo, pleiteando a modificação do julgado no que tange à ausência de condenação da promovida no pagamento de verba honorária.
3. A suspensão do fornecimento de energia elétrica não se apresenta como meio juridicamente legal e adequado para compelir o pagamento das tarifas em atraso, à vista da necessidade de continuidade do serviço público de natureza essencial, conforme preconiza o art. 22 da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor).
4. Ressalte-se, por oportuno, que a unidade hospitalar impetrante está submetida ao programa do Ministério da Saúde denominado GPSM - Gestão Plena do Sistema Municipal, que tem por objetivo a realização de ações de saúde, mediante intervenções de média complexidade, exclusivamente ao SUS - Sistema Único de Saúde, para a população da cidade de Santa Rita/PB, pelo que se conclui que a suspensão do fornecimento de energia elétrica ao hospital ora apelado inviabilizaria a prestação de serviços de saúde aos habitantes daquela localidade, em flagrante afronta aos arts. 5º e 6º da Carta Magna.
5. A jurisprudência pátria já se encontra sedimentada no entendimento de que não cabe condenação em verba honorária em sede mandado de segurança.
6. Apelo e recurso adesivo improvidos. Precedentes colacionados.
A lei 8987/1995 prevê a possibilidade de corte no fornecimento de energia, mas como visto nas decisões acima, a interrupção do serviço deve ser observada com parcimônia. É que, nos casos dos serviços essenciais, deve prevalecer o interesse da comunidade, não se admitindo o corte. Veja o que diz o art. 6º da Lei 8987:
Art. 6º - Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários (...)
(...)§3º - não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso quando:
Motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações e;
Por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.
Nestes casos de inadimplemento do usuário, lembre que o corte deve ser precedido de prévia notificação, senão, vejamos:
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO CONTRA DIRIGENTE DE CONCESSIONÁRIA DE ENERGIAELÉTRICA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. PRECEDENTES DO STJ. CORTE DO FORNECIMENTO DE ENERGIAELETRICA. AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA.
1. Remessa oficial em face de sentença proferida pelo MM. Juiz Federal da 8ª Vara da Seção Judiciária da Paraíba, que concedeu a segurança pleiteada, para determinar à autoridade impetrada que procedesse a religação da energia elétrica do imóvel da parte impetrante.
2. Conforme já se posicionou o STJ, compete à Justiça Federal o julgamento de mandado de segurança impetrado contra ato de dirigente de empresa concessionária de serviço público federal, quando esteja atuando investido de função federal delegada (CC 54.854/SP, Rel. Ministro José Delgado, Primeira Seção, julgado em 22/02/2006, DJ 13/03/2006, p. 172; CC 54140/PB, Primeira Seção, Relatora Ministra Eliana Calmon, julgado em 12/12/2005, DJ 02/05/2006, p. 238).
3. De acordo com a Lei nº 8.987/95, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando houver inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.
4. Ademais, conforme preceituam o art. 17 da Lei nº 9.427/1996 e o art. 91 da Resolução nº 456/2000 da ANEEL, a suspensão do fornecimento de energia elétrica por falta de pagamento deve ser antecedida de notificação expressa e com antecedência de 15 dias, o que não ocorreu no caso dos autos.
5. Remessa oficial improvida.
Eficiência – busca-se alcançar o máximo resultado do interesse público, com o emprego mínimo de recursos possíveis, dentro da razoabilidade necessária para tanto;
Modicidade – os serviços públicos devem ser prestadosa valores acessíveis para toda a população, a fim de garantir a generalidade da prestação.
Atualmente, o direito de reclamação do usuário em relação ao serviço público possui expressa previsão legal. Confira-se:
“Art. 37 – (...) 
§3º - A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente:
I – as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços.” 
O art. 175 da CF dispõe que a execução do serviço público compete, precipuamente, ao Estado, que deverá prestá-lo diretamente, por meio de seus órgãos de execução, ou indiretamente, por meio da descentralização administrativa, outorgando-o legalmente às autarquias e fundações públicas. Excepcionalmente, caberá delegar ao particular, por meio de celebração de contratos de concessão ou permissão, sempre precedida de licitação. Daí temos que são as seguintes as formas de execução dos serviços públicos:
Serviço centralizado: prestado diretamente pelo Poder Público, por intermédio de seus órgãos, em seu nome e sob sua exclusiva responsabilidade;
Serviço descentralizado: é aquele no qual o Poder Público transfere sua titularidade ou sua execução, por meio de outorga (mediante criação de entidade para tanto) ou delegação (transferência contratual – concessão; ou o ato unilateral – permissão ou autorização) a autarquias, fundações, empresas estatais, empresas privadas ou a particulares.
Serviço desconcentrado: é todo serviço prestado diretamente pelo Poder público, todavia, distribuído aos respectivos órgãos;
Dadas as novas configurações do estado regulador, bem como da necessidade de se atender as novas demandas sociais, a prestação de serviços públicos pode se dar em regime de parceria do Poder Público com agentes privados, das seguintes formas:
Serviços desestatizados: (art. 2º, §1º, b, Lei nº 9491/97): trata-se da transferência da execução de determinado serviço público para a iniciativa privada mediante concessão ou permissão;
Serviços sob gestão associada (art. 241 CF, Lei nº 11.107/2005): a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos;
Serviços em regime de parceria: trata-se da associação celebrada entre o estado e o particular para realizar atividades de relevante interesse coletivo;
c.1) Convênio administrativo – construção doutrinária para a realização de atividades de pesquisa, desenvolvimento social e/ou tecnológico;
c.2) Contrato de gestão (lei nº 9637/98): o Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos na lei, mediante celebração de contrato de gestão
c.3) Gestão por colaboração (Lei nº 9790/1999): podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) , as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, desde que os objetivos sociais e as normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos em lei, mediante ato administrativo vinculado para realização de atividades de relevante interesse coletivo, em caráter universal e filantrópico.
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino entendem que são modalidades de intervenção do Estado no domínio econômico:
monopólio;
repressão ao abuso do poder econômico;
controle de abastecimento;
tabelamento de preços;
criação de empresas estatais
Monopólio:
É a exploração exclusiva de determinada atividade econômica por um único agente, não se admitindo outros competidores. Enquanto o monopólio privado, não admitido constitucionalmente, tem por fim o aumento dos lucros e o interesse privado, o monopólio estatal tem sempre por intuito a proteção do interesse público e somente é permitido nas hipóteses constitucionalmente enumeradas, a exemplo do art. 177, do inciso XXIII do art. 21 e do §2º do art. 25, todos da CF (ver). O monopólio pode ser:
Natural- é o decorrente da impossibilidade física da mesma atividade econômica ser realizada por mais de um agente. Pode decorrer do direito à exploração patenteada e exclusiva de determinado fator de produção, bem como da maior eficiência competitiva de determinado agente em face de seus demais competidores. Não é ilícito: “a conquista de mercado resultante de processo natural fundado na maior eficiência de agente econômico em relação a seus competidores não caracteriza o ilícito previsto no inciso II (dominar mercado relevante)” art. 20, §1º Lei 8884 ;
Convencional – decorrente de práticas abusivas dos agentes econômicos, bem como de acordos e contratos estabelecidos por dois ou mais agentes. É proibido pelos arts. 20 e 21 da Lei nº 8.884/94;
Estatal – exclusividade de exploração de atividade econômica estabelecida pelo Poder Público para si ou para terceiros, por meio da edição de atos normativos. No Brasil, somente se admite nos casos expressamente previstos na Constituição, não cabendo ao legislador ordinário ampliar tais hipóteses pois o estado brasileiro funda-se na livre iniciativa.
O julgamento das ADIs 3.273 e 3.366 trouxe importantes conclusões acerca do monopólio:
“ O conceito de atividade econômica enquanto atividade empresarial, prescinde da propriedade dos bens de produção. (...) A distinção entre atividade e propriedade permite que o domínio do resultado da lavra das jazidas de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos possa ser atribuída a terceiros pela União, sem qualquer ofensa à reserva de monopólio. A propriedade dos produtos ou serviços da atividade não pode ser tida como abrangida pelo monopólio do desenvolvimento de determinadas atividades econômicas. (...) A propriedade sobre o produto da exploração é plena, desde que exista concessão de lavra regularmente outorgada. (...) Tanto as atividades previstas no art. 176, quanto as contratações de empresas estatais ou privadas, nos termos do disposto no §1º do art. 177 da CF, seriam materialmente impossíveis se os concessionários e contratados, respectivamente, não pudessem apropriar-se, direta ou indiretamente, do produto da exploração das jazidas” 
Observação: 
Exploração de recursos naturais – segundo o art. 176 da CF, a propriedade dos recursos naturais é da União, todavia, é garantido ao concessionário a propriedade do produto da lavra, uma vez que este arca com o risco financeiro de sua exploração. Nesse sentido, apesar de haver controvérsia, o STF, no julgamento da ADI 3273 reconheceu a constitucionalidade da Lei do Petróleo que atribui a propriedade do petróleo bruto extraído ao explorador concessionário.
Royalties – é o termo utilizado para designar a importância paga ao detentor ou proprietário de recurso natural, produto, marca ou patente de produto, processo de produção, ou obra original, pelos direitos de exploração, uso, distribuição ou comercialização do referido produto ou tecnologia. Constituem, na verdade, a compensação financeira em favor do Poder Público, face ao aproveitamento dos recursos naturais de sua propriedade e, aqui, são assegurados nos termos do §1º do art. 20 da CF. Por fim, registre-se que, embora os recursos naturais da plataforma continental e os recursos minerais sejam de propriedade da União, os royalties pagos aos Estados, Distrito Federal e Municípios são considerados receitas originárias destes últimos.
Quanto ao controle de preços, veja o que decidiu o TRF 5:
Classe: Apelação Civel - AC397972/PE
Número do Processo: 200605000584099
Datado Julgamento: 10/08/2010
Órgão Julgador: Segunda Turma
Relator: Desembargador Federal Paulo Gadelha 
Diário da Justiça Eletrônico TRF5 (DJE) - 19/08/2010 - Página 426
DIREITO ADMINISTRATIVO. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA. SETOR SUCROALCOOLEIRO. CONTROLE DE PREÇOS. COMERCIALIZAÇÃO DE ÁLCOOL HIDRATADO PARA FINS CARBURANTES. LEGALIDADE. PREVALÊNCIA DO INTERESSE COLETIVO SOBRE O INTERESSE INDIVIDUAL.
- As normas que impõem controle de preços e disciplinam a forma de comercialização do álcool carburante não ofendem o princípio da liberdade de iniciativa, diante da prevalência do interesse coletivo em confronto com o interesse individual, de molde à preservação da ordem social e jurídica. Precedentes: TRF - 3ª Região; APELREE 200003990014548; APELREE - APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO - 562636; Relator JUIZ MAIRAN MAIA; SEXTA TURMA; DJF3 CJ1 DATA:26/10/2009; TRF - 5ª Região; AC 299055/PE; Primeira Turma; Desembargador Federal EDÍLSON NOBRE (Substituto); Data Julgamento 11/03/2004.
- Apelação improvida.
Origem: Tribunal Regional Federal - 5ª Região
Classe: Apelação Civel - AC461300/PE
Número do Processo: 200805001088740
Código do Documento: 198951
Data do Julgamento: 30/07/2009
Órgão Julgador: Primeira Turma
Relator: Desembargador Federal Francisco Cavalcanti 
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ART. 37, PARÁGRAFO 6º, DA CF/1988. PREÇO DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL. APURAÇÃO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO. LEI Nº 4.870, DE 01.12.1965. DISSONÂNCIA ENTRE OS PREÇOS FIXADOS PARA OS PRODUTOS DO SETOR SUCRO-ALCOOLEIRO PELA UNIÃO E OS VALORES DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO APURADOS PELA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. PREÇOS DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL DEFINIDOS AQUÉM DOS MONTANTES CONCERNENTES AOS CUSTOS COM A PRODUÇÃO. PREJUÍZOS SOFRIDOS PELA USINA, DECORRENTES DA POLÍTICA DE PREÇOS DO GOVERNO. NÃO COMPROVAÇÃO. INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO. CONJUGAÇÃO, PARA FINS DE APURAÇÃO DOS PREÇOS, DE CRITÉRIOS TÉCNICOS E DE CONSIDERAÇÕES-MACRO RELACIONADAS AO CONJUNTO DA ECONOMIA PÚBLICA. INDENIZAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA.
1. Pretende a autora - ora apelante -, nos termos do petitório inicial, indenização pelos "danos patrimoniais sofridos em razão da fixação de preços em dimensão inferior àquela resultante dos critérios legalmente estabelecidos, de dezembro de 1987 a dezembro de 1992 e a declaração do direito de não recolher os tributos federais, "suspendendo-se qualquer execução fiscal, enquanto a autora não for integralmente indenizada dos prejuízos sofridos pela iníqua prática de preços".
2. Inexiste nos autos qualquer demonstrativo de que os custos de produção da autora tenham sido inferiores, ou superiores, aos preços praticados do açúcar e do álcool. Não há, outrossim, qualquer especificação de valores, quer em moeda nacional, quer em moeda estrangeira, que permita definir quais foram os valores do açúcar e do álcool vendidos no período apontado. Não é possível alegar prejuízo, quando não se declara nem mesmo o valor das vendas em relação às quais teria se concretizado o alegado dano. Isso porque, prejuízo, faturamento e custos são fatos a serem provados pela requerente, quando representarem o fundamento e o suporte fático do direito perseguido. Nada disso há nos autos. Nos termos da postulação, o custo teria sido superior à receita, o que denotaria o dano. Então, qual foi a receita do período? Qual foi o total gasto para a produção no período? Demais disso, não se pode esquecer que o setor sucro-alcooleiro é notória e significativamente subsidiado pelo Estado, não havendo, entretanto, nos autos menção aos reflexos patrimoniais resultantes de eventuais subsídios repassados pelo Governo.
3. Não restou evidenciada a relação preço e receita líquida e custo de produção, tendo-se partido da pressuposição de existência de perdas frente à dissonância entre os preços apontados como definidos pelo Governo e os valores a que teria chegado à Fundação Getúlio Vargas.
4. Não se pode olvidar que, no [e em razão do] exercício de suas atividades de intervenção na economia -como a relativa ao controle de preços no setor sucro-alcooleiro-, o Estado age não apenas de conformidade com especificações técnicas, mas também, com sensibilidade para outros dados relevantes do contexto da economia pública. Consequentemente, não se sustenta a tese de que o Estado estaria necessariamente vinculado, para fins de definição de preços, aos valores apurados pela Fundação Getúlio Vargas.
5. Precedentes da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (RESP 79937/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. em 06.02.2001), da Segunda Turma do TRF/5a Região (AC 67960/RN, Rel. Desembargador Federal Araken Mariz, j. em 01.08.1995 e AC 343088/SE, Rel. Juiz Francisco Cavalcanti, j. em 21/09/2004).
6. Pelo não provimento da apelação.
O STJ tem posicionamento de 2006 em sentido contrário: comprovado o dano, o Estado tem o dever de indenizar. (Resp 744077 – ver material de adm)
- Contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE): sua instituição não está sujeita a reserva de lei complementar. São tributos extrafiscais (cuja finalidade precípua não é arrecadar, mas sim intervir numa situação social ou econômica). Nas CIDE, a intervenção ocorre pela destinação do produto da arrecadação a uma determinada atividade que se tem por incentivada. Ex: Lei 10.168/2000 (Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para Apoio à Inovação – CIDE-royalties. Ex²: CIDE - Combustíveis (inciso II, § 4º, art. 177, CF: “os recursos arrecadados serão destinados: a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes. 
	Contribuições de intervenção no domínio econômico
A Constituição Federal, no art. 149, faz apenas uma previsão genérica da competência da União para instituir contribuições de intervenção no domínio econômico. Não traz, porém, o delineamento dos fatos geradores.
Há, porém, um único fato gerador de CIDE na Constituição: o da CIDE-combustíveis, no art. 177. É um instrumento de atuação da União na Ordem Econômica, logo deve ser observado os princípios do art. 170 da CF.
As CIDE não exigem lei complementar para instituição.
Exemplo de contribuições de intervenção no domínio econômico: SEBRAE, CIDE, AFRMM, ATP (adicional de tarifa portuária).
Todas as CIDE’s, sem exceção, são de competência da União. Em regra, estão sujeitas, a todos os princípios tributários, exceto a CIDE- Combustível que, em relação à legalidade e à anterioridade do exercício financeiro, podem ser suas alíquotas diminuídas e restabelecidas por ato do Executivo.
Há imunidade de CIDE sobre receita de exportação (art. 149, §2º da CF), o que não ocorre com Importação de produtos estrangeiro ou serviço.
Podem ter alíquota especifica ou ad valorem (149,§2,III da CF)., e podem incidir uma única vez consoante definição legal.
b)	CIDE
CIDE, na verdade, é uma expressão genérica para contribuições de intervenção no domínio econômico. Mas, como já foi visto, algumas não levam essa denominação, como a contribuição para o SEBRAE. Com o nome de CIDE mesmo, há atualmente duas contribuições:
CIDE COMBUSTÍVEIS
Instituída pela Lei 10.336/2001, com base no § 4º. art. 177, da CF/88.
Fato gerador: importação e comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível.
Sujeito Passivo: é o produtor, o formulador (ex.: refinaria) ou o importador.
Base de Cálculo: é por unidade de medida, já que a alíquota é específica (ex.: m³ de gasolina, tonelada, etc).
Alíquotas: são específicas e não ad valorem (ex.: R$ 500,00 por m³ de gasolina) e podem ser diferenciadas por produto ou uso.
Destinação da receita: a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; b) ao financiamentode projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes. 
É não cumulativa.
O Executivo pode alterar alíquotas, mas apenas para restabelecer as que tenham sido reduzidas por ato seu.
Está sujeita apenas à anterioridade dos 90 dias.
Repartição das receitas: do total arrecadado, 29% serão repassados pela União, aos Estados e DF. Os Estados devem repassar 25% do que receberem da União aos seus Municípios. Os recursos recebidos pelos Estados devem ser destinados ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes.
Como visto acima possui exceção a anterioridade e à legalidade no que toca a restabelecimento de alíquota, o que pode ser feito por ato do Executivo.
CIDE ROYALTIES
Foi instituída pela Lei 10.168/2000.
Fato gerador: pagamento de direitos de licença e royalties a pessoas domiciliadas no exterior; pagamento pela prestação de serviços técnicos e de assistência administrativa prestados por residentes no exterior.Base de cálculo: é o valor pago pelos direitos, royalties ou serviços.
Alíquota: 10%.
Destinação: FNDCT – Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (estímulo ao desenvolvimento tecnológico e à pesquisa científica).
	EXPLORAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS
	Fundamentos
	Delimitação da expressão “Recursos Naturais”: recursos minerais, petróleo e gás.
Características marcantes: rigidez locacional, recurso não renovável, alto risco/longo prazo/ intensivo em capital
Conteúdo econômico, político/estratégico, social
Interesse Nacional: valor da indústria mineral e do petróleo, dimensão estatal, viabilizar/exigir a exploração: art. 176, §1º da Constituição; art. 1º, I da lei 9.478/1997
Preponderância do interesse público sobre o interesse privado: atividades conflitantes, projeção coletiva: art. 27 do Código de Mineração (Decreto-lei 227/1967); atividades conflitantes que representem interesses públicos distintos: art. 42 do Código de Mineração. Utilidade pública (Decreto-lei 3.365/1941, Lei 12.651/2012).
Soberania permanente sobre os recursos naturais: contexto histórico, Resoluções 523 e 626 (1952) da Assembleia Geral das Nações Unidas (decidir quanto ao uso, desenvolvimento econômico, interesses nacionais, impedimento contra atos contrários à soberania), Resolução 1803 (1962) (soberania sobre recursos naturais deve ser usada no interesse do desenvolvimento nacional e bem estar, exploração e investimento estrangeiro em conformidade com entendimentos do País/povo, livre uso da soberania sobre recursos naturais ampliado pelo respeito mútuo dos Estados com base em suas respectivas soberanias); incorporação nos Pactos Internacionais sobre os Direitos Civis e Políticos e Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – componente da autodeterminação; Resolução 41/128 da Assembleia Geral das Nações Unidas (1986) sobre Direito ao Desenvolvimento refere-se ao exercício da soberania permanente sobre recursos naturais e autodeterminação dos povos. Soberania permanente; inalienável e inescusável; condições para acesso e exploração; componente do desenvolvimento.
Dualidade da propriedade: parte do pressuposto de diferenciação da propriedade do solo e dos recursos minerais. Regime regaliano, regime da acessão, regime dominial. Justiça distributiva (corrige distribuição irregular dos recursos minerais pelo território nacional).
Compatibilidade ambiental: a exploração de recursos minerais, petróleo e gás não é incompatível aprioristicamente com proteção ao meio ambiente. Aproveitamento racional, redução/mitigação do impacto, aplicação da precaução e prevenção, evitar comprometimento ambiental a gerações futuras.
Função social da propriedade mineral: uso dos recursos em face do bem geral, abandona-se concepção individualista e reconhece-se a atividade como meio para se atingir o bem estar social. Promover a exploração, transformar potencialidade em riqueza, atuar como elemento catalisador. Sustentabilidade de benefícios. Responsabilidade intergeracional.
	- Características: rigidez locacional, recurso não renovável
- Interesse nacional: dimensão estatal, viabilizar e exigir exploração
- Preponderância do interesse público da exploração de recursos minerais sobre o interesse privado
	- - Soberania permanente sobre os recursos naturais
- Separação entre a propriedade do solo e a propriedade dos recursos minerais
	- Compatibilidade ambiental: a exploração de recursos minerais, petróleo e gás não é incompatível aprioristicamente com proteção ao meio ambiente
- Função social da propriedade mineral
- Transformação de potencialidade em riqueza, sustentabilidade de benefícios da exploração de recursos minerais
	Mineração e Petróleo na Constituição 
	Evolução da legislação que trata de mineração e petróleo e gás: as Ordenações e o regime regaliano
A Constituição de 1824 e a analogia aos direitos relacionados a invenções/descobertas (art. 179, inciso XXVI).
A Constituição Republicana de 1891 e a introdução do regime da acessão: subsolo e suas riquezas seguem a sorte do solo (art. 72, item 17). Reflexo do individualismo e federalismo. Possibilidade de existência de minas privadas, minas públicas federais e minas públicas estaduais.
A Constituição de 1934 e o regime dominial (separação entre propriedade do solo e riquezas do subsolo – art. 118). Exigência de título federal: autorização ou concessão (art. 119). Preferência ao proprietário do solo ou co-participação nos lucros (art. 119 § 1º). Regime de certa forma replicado nas Constituições de 1937 e 1946.
Em 1938, há reforma legislativa pela qual o petróleo passa a estar sujeito a lei própria, e não mais ao Código de Minas.
Em 1953, entra em vigor a Lei 2.004/1953, que institui o monopólio da União sobre a exploração e produção de petróleo.
A Constituição de 1967 elevou o monopólio da União sobre a exploração e produção de petróleo ao patamar constitucional (art. 162), ao passo em que substituiu a preferência do proprietário do solo para explorar recursos em suas terras por uma participação nos resultados da lavra (art. 161 §§ 2º e 3º).
A Constituição de 1988 apresenta o seguinte regime jurídico:
dominialidade - a União como proprietária dos recursos minerais (art. 20 inciso IX, art. 176)
participações governamentais (art. 20, § 1o.)
o interesse nacional (art. 176)
a inserção das atividades de exploração mineral e de petróleo e gás no capítulo constitucional da ordem econômica
a necessidade de autorização e concessão para a pesquisa e lavra de recursos minerais (art. 176 §1º)
garantia ao concessionário da propriedade do produto da lavra (art. 176)
o monopólio sobre as atividades relacionadas ao petróleo e gás (art. 177)
participação do proprietário do solo nos resultados da lavra (art. 176, § 2o)
a recuperação de áreas degradadas (art. 225 §2º)
a exploração em terras indígenas (art. 231 §3o)
As reformas setoriais em 1995: Emendas Constitucionais nºs 6 e 9: abertura do setor mineral para o capital estrangeiro; mitigação do monopólio do petróleo.
A relação entre os arts. 176 e 177 da Constituição: entendimento do Supremo no julgamento da ADI 3273.
	- Regime regaliano, regime de acessão e regime dominial
- As Constituições de 1891 e 1934 e a separação legal entre recursos minerais e petróleo em 1938
- Monopólio legal do petróleo em 1953 e constitucional em 1967
	Regime Jurídico da Mineração 
	A existência de diferentes regimes para a exploração mineral: variações quanto ao tipo de substância e seu uso e quanto ao titular.
A obtenção de direitos minerários: sistemática da prioridade (art. 11 alínea a do Decreto-lei 227/1967 – Código de Mineração). Possibilidade de competição, informações geológicas disponíveis, iniciativa de se obter direitos minerários. Processo competitivo no caso de áreas desoneradas.
Regimes de autorização e concessão. Autorização para pesquisa e concessão para lavra. Prazo deaté três anos para pesquisa, renovável por igual período (art. 22 inciso III Decreto-lei 227/1967). Prazo até o esgotamento das reservas no caso da concessão de lavra. Fase de transição. Direito de ingressar em terras públicas e privadas, e contrapartidas financeiras: renda e indenização (art. 27 do Decreto-lei 227/1967). Participação do proprietário do solo nos resultados da lavra (art. 176 parágrafo 2o. Da Constituição Federal; art. 11 alínea b do Decreto-lei 227/1967).
Regime de registro de licença (art. 1o da Lei 6.567/1978). Substâncias de aproveitamento imediato na construção civil, que independem de pesquisa prévia. Necessidade de autorização do proprietário do solo (art. 2o da Lei 6.567/1978). Licença outorgada pelo Município e levada a registro no Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM (art. 3o da Lei 6.567/1978).
Regime de permissão de lavra garimpeira, destinada a brasileiros e cooperativas de garimpeiros (art. 5o da Lei 7.805/1989). Aplica-se a jazimentos que por sua natureza, dimensão, localização e utilização econômica independem de pesquisa prévia (art. 1o da Lei 7.805/1989). Geralmente utilizado para substâncias encontradas em aluvião.
Regime de registro de extração para substâncias de emprego imediato em obras públicas. Restrito à administração pública direta e autárquica, sendo vedada a comercialização do material extraído (art. 2o parágrafo único do Decreto-lei 227/1967).
Regime de monopólio para minerais nucleares (art. 177, inciso V da Constituição Federal).
	- A sistemática da prioridade para obter direitos minerários
- Regimes de autorização e concessão
	- Prazos e direitos do titular de autorização e de concessão
- Regime de registro de licença
	- Regime de permissão de lavra garimpeira
- Regime de registro de extração
- Regime de monopólio
	Regime Jurídico do Petróleo 
	O monopólio constitucional relacionado ao petróleo e sua flexibilização pela Emenda Constitucional 9/1995.
O regime de concessão: fundamentos; Lei 9.478/1997; propriedade do petróleo extraído (art. 26 da Lei 9.478/1997); participações governamentais. O contrato de concessão: leilões e rodadas da ANP; blocos; etapas (exploração e produção); descoberta e declaração de comercialidade; desenvolvimento e produção; prazos; consórcio e operador; conteúdo local; acordos de individualização de produção.
O regime de partilha: a Resolução CNPE 6/2007; fundamentos; Lei 12.351/2010; definição de pré-sal; área do pré-sal e áreas estratégicas (art. 2o incisos IV e V da Lei 12.351/2010); a partilha de produção, o custo em óleo e o excedente em óleo (art. 2o incisos II e III da Lei 12.351/2010); participações governamentais; a estrutura do consórcio e o comitê operacional. 
Papel da Petrobras: contratação direta, dispensada a licitação (art. 12 da Lei 12.351/2010), contratação direta para atividades de avaliação (art. 38 da Lei 12.351/2010), operadora obrigatória (art. 4o da Lei 12.351/2010), participação de pelo menos 30% no consórcio (arts. 4o e 10, inciso III, alínea c da Lei 12.351/2010).
Papel da PPSA (autorização para criação pela Lei 12.304/2010): gerir contratos (art. 8o da Lei 12.351/2010), participante obrigatória do consórcio (arts. 19 e 20 da Lei 12.351/2010), representar os interesses da União (art. 21 da Lei 12.351/2010), indicar metade dos integrantes do comitê operacional e seu presidente, com poder de veto e voto de qualidade (art. 23 da Lei 12.351/2010), agente comercializador do petróleo partilhado e recebido pela União (art. 45 parágrafo único da Lei 12.351/2010).
O regime de cessão onerosa: Lei 12.276/2010; capitalização da Petrobras; limite de produção (5 bilhões de barris – art. 1o par. 2o da Lei 12.276/2010) e prazo do contrato (40 anos).
O Fundo Social do Pré-Sal (art. 47 da Lei 12.351/2010).
	- Monopólio do petróleo e sua flexibilização
- Regime de concessão
	- Monopólio do petróleo e sua flexibilização
- Regime de concessão
- Regime de partilha e definição de pré-sal
- Papel da Petrobras e da PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A.)
- Regime de cessão onerosa
- Fundo Social do Pré-Sal
	
Participações Governamentais (“Royalties”)
	Fundamentos para a cobrança de participações governamentais pela exploração mineral e de petróleo. Diferentes formas de cálculo de royalties (por unidade, ad valorem, pela lucratividade).
Base constitucional das participações governamentais (art. 20, parágrafo 1o da Constituição Federal). Análise do Supremo Tribunal Federal: Recurso Extraordinário 228.800 e Mandado de Segurança 24.312.
Participações governamentais na mineração: a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem). Base legal: Leis 7.990/1989 e 8.001/1990, e Decreto 1/1991. Base de cálculo: (i) faturamento advindo da venda do produto mineral, excluídos tributos incidentes na venda (ICMS/PIS/Cofins), transporte e seguro; (ii) no caso de industrialização do produto mineral, custos e despesas até a última etapa anterior ao início da industrialização ou descaracterização mineralógica. Alíquotas variáveis conforme o produto. Distribuição da Cfem. Taxas estaduais de fiscalização sobre a produção de recursos minerais.
Participações governamentais no petróleo (Lei 9.478/1997, art. 45): bônus de assinatura; pagamento pela ocupação ou retenção de área; royalties; participação especial. Distribuição dos royalties e da participação especial. Estados e Municípios nos quais não haja produção e sua participação na divisão dos royalties.
Outras participações: taxa anual por hectare na mineração e pagamento pela ocupação ou retenção de área no petróleo. Bônus de assinatura no petróleo.
	- Fundamentos para o cobrança de participações governamentais
- Diferentes formas de cálculo de royalties
- Fundamento constitucional e interpretações do STF
- Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem)
- Royalties do petróleo e participação especial
- Bônus de assinatura e cobranças pela ocupação 
PARCERIAS PUBLICO-PRIVADO:
As Parcerias Público-Privadas têm origem na Inglaterra, na época do Governo da Margareth Tatcher. Constituem-se num instrumento a favor do Neoliberalismo, recomendável aos Países Subdesenvolvidos.
São as DELEGAÇÕES ESPECIAIS.
Natureza jurídica: a lei diz que é uma concessão especial, então, trata-se de um CONTRATO DE PARCERIA; é um CONTRATO (interesses divergentes) ou é uma PARCERIA (interesses convergentes)? A natureza é de contrato, o nome de parceria foi somente para enfeitar.
É a lei que diferencia as CONCESSÕES em COMUNS E ESPECIAIS. A LEI 11.079/2004 é uma LEI FEDERAL. 
Legislação: Em alguns aspectos, a lei é NACIONAL? O artigo 22, XXVII, CR/88, estabelece que é competência da União para legislar sobre normas gerais aplicáveis a todos os entes da Federação, mas todos os entes podem legislar sobre normas específicas. Com a lei 11.079, a União disciplinou regras gerais e em determinados pontos ressaltou que as regras seriam aplicáveis somente à União (artigo 14 a 22). Assim, os artigos 1o. ao 13 são aplicáveis a todos os entes públicos. 
A lei já foi regulamentada pelo Decreto no 5.385, de 04.03.05 - Institui o Comitê Gestor de Parceria Público- Privada Federal - CGP e dá outras providências.
Conceito de parceria: há dois significados doutrinários diferentes, com dois conceitos:
1) parceria em sentido amplo: há reconhecimento de que se trata de toda a relação constituída entre o poder público e o particular, para a realização de um interesse público, seja fomentando ou prestando serviços ou de qualquer outra forma, seja via convênio, contrato, cooperação; sempre para a perseguição do interesse público.
2) parceria em sentido restrito: significa a relação entre o público e o particular, na qual há a busca de interesses CONVERGENTES, ou seja, INTERESSES COMUNS. Não se admite que uma parte tenha um interesse e a outra outro.
A Lei 11.079/04 (dezembro de 2004) traz um novo conceito de parceria, que trata de relações entre asempresas, trata-se de um NOVO CONCEITO distinto dos conceitos anteriores (sentido amplo e sentido restrito).
Objetivos:
1) Angariar ou arrecadar investimentos do particular.
2) A iniciativa privada é mais eficiente, por isso será transferido o serviço para ganhar a eficiência da iniciativa privada.
A PPP já vem sendo utilizada em outros países e funciona muito bem. Tem como objetivo a eficiência do serviço público, o particular coloca o dinheiro e a administração vai pagando aos poucos, ou seja, o particular é um financiador do poder público, que prestará o serviço público e com os valores recebidos remunerará o particular.
O instituto é bom, mas, a principal crítica é quanto à sua implantação.
Conceito de PPP: um acordo firmado entre a Administração Pública e pessoa do setor privado com o objetivo de implantação ou gestão de serviços públicos, com eventual execução de obras ou fornecimento de bens, mediante financiamento do contratado, contraprestação pecuniária do Poder Público e compartilhamento dos riscos e dos ganhos entre os pactuantes caracterizando responsabilidade solidária.
Modalidades:
a) Concessão patrocinada: é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei no 8.987/95, quando envolver, adicionalmente duas fontes de recursos: 
a) tarifa cobrada dos usuários;
b) contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
O poder público transfere o serviço; as formas de pagamento serão: TARIFA DO USUÁRIO e obrigatoriamente RECURSOS PÚBLICOS. Se não existir recurso público, a concessão será a concessão comum. 
b) Concessão administrativa: é o contrato de prestação de serviços em que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta,ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.
O particular presta o serviço à própria administração, não há prestação de serviço a usuários, a própria administração é o usuário. Entretanto, a lei diz que a administração é usuária de forma DIRETA ou INDIRETA (ninguém sabe o que é ser usuário indireto). Por enquanto, a doutrina não especificou o que é concessão indireta; alguns que vêm arriscando dizem que indiretamente pode ser a coletividade, mas, o correto é esperar. Se o particular presta o serviço para a própria administração, porque isso é uma concessão? Na lei 8666, há a previsão de serviços que são prestados para a própria administração em nome da própria administração, qual é a diferença entre a PPP e os contratos comuns? A diferença é tênue e consiste no alto custo do investimento, o que não é comum para um contrato regido pelo artigo 6o da Lei 8666. CRÍTICA: na verdade, é um contrato comum. Não há especificação dos serviços, podem ser prestados quaisquer serviços, no projeto, havia a restrição, mas, isso não foi aprovado no texto final da lei. Somente alguns artigos da lei 8987 serão aplicados ao instituto, então a aplicação é SUPLEMENTAR: artigos 21, 23, 25, 27 a 39. O artigo 31 da lei 9074/95 (quem faz o projeto básico executivo pode participar da licitação, ou seja, pode ser vencedor) também tem aplicação suplementar.
A aplicação da Lei 8987 é SUBSIDIÁRIA. A lei fala (sem especificar quais) que outras leis podem ser aplicadas subsidiariamente
Características:
1) financiamento pelo particular: a lei não define os critérios (prazo, índices), assim, a licitação irá estabelecer tudo. O poder público não irá desembolsar todo o dinheiro, parte necessariamente vem do particular.
2) responsabilidade solidária: os riscos são compartilhados entre o poder público e o particular. Por isso, o projeto deve ser muito bem escolhido, já que no final das contas quem vai se responsabilizar pelos riscos é o contribuinte.
3) pluralidade da remuneração: há uma pluralidade compensatória; a lei ainda não definiu como será feita a contraprestação, mas, citou algumas possibilidades: i. ordem bancária; ii. fixação de créditos não-tributários, ou seja, cessão de créditos não-tributários; iii. outras formas de cessão de direitos (EXEMPLO: outorga onerosa, Lei 10.257/01, limites para a construção vertical podem ser desrespeitados desde que haja o pagamento da outorga onerosa); iv. Direitos decorrentes dos bens dominicais; v. outros meios permitidos em lei.
Cláusulas do contrato:
I – CLÁUSULAS ESSENCIAIS: se não estiverem previstas ou escritas, o contrato não será válido. São duas listas de cláusulas essenciais: i. artigo 23 da lei 8987/95; ii. artigo 5o., Lei 11.079. CONCURSO: garantia. REGRAS: 
a) os limites da garantia são os previstos no artigo 56 da lei 8666, até 5%, exceto, nos contratos de risco e de grande vulto e complexidade o valor vai até 10%;
b) formas de garantia (artigo 8o., 11.079): é possível a vinculação de receita que vai entrar como garantia do contrato, seguro garantia, garantia prestada por organismo internacional, fundo especial, fundos ou empresas garantidoras (criados somente para isso, como terão dinheiro? Será que o poder público vai transferir?); além de outras previstas na lei.
Vedações: Não pode ser feita PPP:
1) quanto ao valor: contrato não pode ser inferior a 20 milhões de reais;
2) quanto ao prazo ou tempo: contrato não pode ser inferior a 05 anos e não poder ser superior a 35 anos; a regra de prorrogação é a mesma, ou seja, pode ser prorrogado até que ao final tenha o limite máximo de 35 anos
3) quanto ao objeto: não pode ser contrato só de obra, ou só de serviço, ou só de fornecimento. É preciso misturar pelo menos dois elementos, sob pena de tornar-se um contrato comum.
O parceiro do poder público não é nada mais do que uma concessionária de serviço público, ou seja, visa ao lucro. A concessionária entra na PPP para obtenção de lucro, muda somente o nome, trata-se de uma concessionária. O parceiro quer um retorno lucrativo.
PPP é um contrato constituído entre a administração e um particular (financiador e prestador do serviço público). O poder público é RESPONSÁVEL SOLIDÁRIO por essa relação. Se houver prejuízo, o Poder Público entra no risco junto com o parceiro. Quem explora e quem faz a gestão é o particular, assim, se for desastrosa a gestão, o poder público paga.
Diretrizes para o estabelecimento da PPP:
1) eficiência;
2) transparência;
3) perseguição do interesse público;
4) indelegabilidade de atividade jurisdicional (por texto expresso da lei, que não se refere à atividade legislativa);
5) indelegabilidade de atividade de regulação (agências);
6) indelegabilidade de poder de polícia;
7) cabe responsabilidade fiscal, ou seja, as PPP estão submetidas à LC 101;
8) partilhadas as vantagens e os riscos.
Está submetida à licitação na modalidade da CONCORRÊNCIA, a lei diz que a concorrência pode ser invertida, ou seja, pode ter o procedimento invertido como no pregão, ou seja, começa pelo julgamento para fazer depois a habilitação, trata-se de uma FACULDADE DO ADMINISTRADOR.
Como se trata de concessão, é necessária a autorização legislativa específica.
Sociedades De Propósitos Específicos: com a finalidade de controlar a PPP, é formada pelo poder público e pelo parceiro particular.
Apesar de ainda não ter tido pronunciamento do STF neste sentido, a doutrina indica as possíveis inconstitucionalidades da lei 11.079/2004:
a) possibilidade de vinculação de receitas para fins de garantia das obrigações decorrentes da PPP. Fere o art. 167, IV da CR (proibição de vinculação das receitas, salvo nos casos expressamente estabelecidos pela própria CR)
b) possibilidade de criação de fundos para garantir o pagamento das obrigações derivadas das PPP. Burla o sistema dos precatórios previsto no art. 100 da CR; viola os princípios da igualdade e moralidade; não existe a LC que fala o art. 165, § 9º, II da CR; viola o princípio da especialidade.
c) em relação às garantias. É o caso de criação de empresa estatal garantidora das obrigações. A CR/1988, em seu art. 173 não fez previsão de empresa estatal com a finalidade de prestar garantias.
d) permissão para instituição

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