Buscar

PSICOLOGIA GERAL 7

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Cap. 4 . — FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DO COMPORTAMENTO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Depois de estudar este capítulo, você deverá ser capaz de:
— justificar a necessidade de estudar as influências sociais para se entender o comportamento;
— conceituar Psicologia Social, “interação social” e “comportamento inter- pessoal “;
— explicar por que alguns estudiosos afirmam que toda a Psicologia é Psicologia Social;
— estabelecer distinção entre os estudos da Psicologia Social a nível do indivíduo e a nível de grupo;
— conceituar “socialização”, argumentar a respeito da sua importância para a Psicologia e dar exemplos de fatores socializantes, explicando sua influ ência no comportamento;
— conceituar “percepção social”, descrever o fenômeno da “primeira impressão” e sua importância e justificar a necessidade de estudo do processo
da percepção social;
— conceituar “atitude” e oferecer exemplos, mostrar que atitude e comportamento não são sinônimos; apontar os tipos de objetos a respeito dos quais não temos atitudes; relacionar mudança e desenvolvimento das ati tudes e argumentar a respeito da importância da compreensão das atitudes para a Psicologia;
— explicar e exemplificar os conceitos de “grupo”, “grupo primário e secun dário “posição”, “status” e “papel”;
— justificar a importância do conceito de “papel” para se compreender o comportamento humano;
— caracterizar liderança como um fenômeno grupal, referindo-se aos atributos “emergencial” e “situacional”; explicar o que se entende por líder for mal e informal; caracterizar a liderança autocrática, “laissez-faire” e democrática referindo-se ao comportamento do líder e às conseqüências sobre as relações interpessoais e a produtividade.
59
INTRODUÇÃO
O homem, assim como os Outros animais, vive associado a outros indivíduos da sua espécie.
Todas as notícias que recebemos da história e da pré-história nos fa lam de agregados humanos.
O eremita é uma “excessão à regra” bastante rara e Robinson Crusoé apenas uma figura literária.
O homem isolado e,’na verdade, uma ficção.
Desde o nascimento, os seres humanos vivem num processo de in teração com os semelhantes.
Quem pretender estudar e compreender o comportamento, pois, não pode deixar de considerar o ambiente social em que ele ocorre.
A Psicologia Social é o ramo da Psicologia que estuda os comporta mentos resultantes da interação entre os indivíduos.
Entende-se por interação social o processo que se dá entre dois ou mais indivíduos, em que a ação de um deles é, ao mesmo tempo, res posta a outro indivíduo e estímulo para as ações deste, ou, em outras palavras, as ações de um são, simultaneamente, um resultado e uma causa das ações do outro.
Estes comportamentos, chamados interpessoais, ou sociais, podem se dar de muitas formas diferentes. Por exemplo, podem ser movimen tos físicos como um sôco, um abraço, uma expressão facial, ou podem ser palavras proferidas oralmente ou escritas.
E preciso fazer notar que um comportamento interpessoal não neces sariamente se dá apenas quando estão juntos dois ou mais indivíduos. Quando o adolescente, na solidão de seu quarto, se apronta esmerada- mente para o encontro que terá, no mesmo dia, com a namorada, está oferecendo um exemplo de comportamento interpessoal porque se comporta com referência a outra pessoa, na expectativa de uma inte ração.
Quando este mesmo adolescente dá um pontapé raivoso numa pe dra, numa rua deserta, expressando sua frustração porque o encontro não transcorreu como ele desejava, também está respondendo a estí mulos de uma interação já ocorrida, por isso pode-se classificar este comportamento de social ou interpessoal.
Sendo assim, é fácil verificar que praticamente todos os comporta mentos humanos são resultantes da convivência com os demais.
Por isso, muitos estudiosos insistem que, na verdade, toda Psicolo gia é Psicologia Social.
Apesar da conceituação da Psicologia Social como “o estudo dos comportamentos resultantes da interação social” ser bastante ampla e
pouco esclarecedora (já que quase todos os comportamentos são resul tantes do processo de interação), ela serve para distinguir a Psicolo gia Social de outros campos de estudo da Psicologia, como, por exem plo, da Psicologia Fisiológica.
Não há, entretanto, fronteiras delimitadas entre a Psicologia Social e outros campos da Psicologia, assim como não as há entre a Psicologia Social e outras disciplinas, especialmente a Sociologia.
Para concluir, o comportamento humano se dá num ambiente social, é decorrência dele, ao mesmo tempo que o determina.
Sendo o objeto de estudo da Psicologia o comportamento e estando o comportamento tão estreitamente vinculado ao meio social, é eviden te a importância do estudo da influência social sobre o comportamento.
O COMPORTAMENTO SOCIAL DO INDIVIDUO
Numa tentativa de estruturar o vasto campo de interesse da Psicolo gia Social, alguns estudiosos dividem-no em dois níveis, o do indivíduo e o do grupo.
Há estudos em Psicologia Social que se interessam pelo comporta mento social individual, como é o caso dos estudos sobre processos de socialização, percepção social e atitudes sociais. Outros buscam com preender processos basicamente grupais como o desempenho de papéis, liderança e outros, investigando as influências do grupo sobre o indiví duo e vice-versa.
claro que esta divisão em níveis pretende apenas facilitar a compre ensão do amplo campo de estudo da Psicologia Social, porque para se entender o comportamento social é preciso tanto estudar os proces sos individuais quanto os grupais, basicamente interdependentes.
Não se pode pretender, num livro de introdução à Psicologia, o exa me extenso e detalhado de todos os temas da Psicologia Social, por isso o resto deste capítulo pretende apenas oferecer alguns dados sobre tópicos bastante estudados em Psicologia Social.
Socialização
Chama-se socialização o processo pelo qual o indivíduo adquire os padrões de comportamento que são habituais e aceitáveis nos seus grupos sociais. Este processo de aprender a ser um membro de uma família, de uma comunidade, de um grupo maior, começa na infância e perdura por toda a vida, fazendo com que as pessoas atuem, sintam e pensem de forma muito semelhante aos demais com quem convivem.
A influência da cultura (conhecimentos, maneiras características de
60
61
pensar e sentir, hábitos, metas, ideais, etc.) da sociedade em que vive um indivíduo é enorme na formação da sua personalidade.
Por exemplo, nas sociedade ocidentais em geral, a competição é valorizada e as crianças são recompensadas pelos comportamentos de competição. Entre os índios Zunis (do Novo México, estudados pela antropóloga Ruth Benedict) ou nos “kibbutzim” israelenses, pelo contrário, a cooperação constitui-se num valor realçado de forma que as crianças que terminam suas tarefas mais rapidamente são con tidas para que não provoquem constrangimento nas outras. Estas cri anças aprenderão a preferir manter-se iguais, e não superiores, aos seus companheiros.
Assim, a cultura do meio social de um indivíduo influencia marcan temente suas características de personalidade, seus motivos, atitudes e valores. As prescrições culturais são ensinadas à criança, inicialmente, pela família.
A família se constitui no maior agente socializante, isto é, as expe riências da criança na família, particularmente com a mãe, são da maior importância para determinar seu comportamento em relação aos ou tros.
E a mãe, em geral, que satisfaz as necessidades básicas da criança, alimentando-a, aquecendo-a, livrando-a de dores, etc. No caso das pri meiras interações com a mãe serem gratificantes, a criança passará a confiar nela e, por generalização, a confiar nos outros; se ocorrer o contrário, isto é, se a criança não puder contar com a mãe sempre que houver uma necessidade a ser satisfeita ou se a mãe não suprir satisfatoriamente suas necessidades, desenvolver-se-á um sentimento de desconfiança que serágeneralizado aos outros.
As reações costumeiras dos pais aos comportamentos exploratórios e independentes dos filhos pequenos se constituem, também, num exemplo de fator de socialização.
De maneira geral, pais tolerantes que recompensam e encorajam a conduta independente e a curiosidade, terão filhos mais ativos, confi antes em si mesmos, com desejos de domínio sobre o meio. Em contras te, os pais que restringem a atividade exploratória e liberdade de movi mentos de seus filhos, ou para superprotegê-los ou apenas para con seguir manter o controle sobre eles, terão filhos submissos, retraídos nas situações sociais e sem confiança em si próprios.
Foram oferecidos, neste item, alguns exemplos de como o meio so cial em geral e o meio familiar em particular influem no processo de socialização do indivíduo.
No entanto, não se deve perder de vista que é grande o número
de fatores e agentes socializantes, tornando extremamente complexo o processo de socialização.
Percepção Social
Chama-se percepção social ao processo pelo qual formamos impres sões a respeito de uma outra pessoa ou grupo de pessoas.
Sobre as pessoas nunca temos percepções desconexas ou isola das, mas sempre integramos observações numa impressão unificada e coerente, mesmo que para isso precisemos “inventar” ou “distorcer” características percebidas.
Já se estudou bastante a respeito das “primeiras impressões” e da sua importância. Resumidamente, nós todos temos a tendência de fazer julgamentos bastante complexos a respeito dos outros, com base em bem poucas informações. As primeiras impressões determinam em mui to o nosso comportamento em relação às pessoas e têm probabilidade de se tornarem estáveis, talvez pela tendência dos seres humanos de cor responderem às expectativas a seu respeito.
Um experimento que ilustra a influência da primeira impressão na formação de juízo sobre as pessoas, e também a tendência de julgar a partir de poucos dados, é o realizado por Kelley em 1950.
Nesse experimento, anunciou-se a um grupo de estudantes univer sitários que teriam uma palestra com um professor visitante. Antes da palestra foram distribuídas folhas mimeografadas com uma descrição do palestrante. Metade dos alunos receberam folhas onde se dizia que ele era uma pessoa “fria, trabalhadora, crítica, prática e decidida”. Para a outra metade dos alunos, a descrição diferia apenas numa pala vra, o palestrante era descrito como “afetuoso, trabalhador, crítico, prático e decidido”. A seguir, o “professor visitante” (na verdade, um cúmplice do experimentador) era introduzido na sala e conduzia um debate de vinte minutos.
Solicitações a avaliar o palestrante, os alunos que receberam a descrição do professor como “frio” diziam que ele era egocêntrico, cerimonioso, pouco sociável e sem graça. Os outros, que receberam a des crição do professor como “afetuoso” tenderam a avaliá-lo como atencioso, sem cerimônia, sociável, benquisto e engraçado.
Pode-se observar, então, que a partir apenas de uma descrição sus cinta e de um contato de vinte minutos, se formaram juízos complexos e coerentes. Além disso, apesar de todos terem observado a mesma pes soa, na mesma situação, chegaram a conclusões bem diferentes sobre ela, apenas a partir de uma primeira impressão diferente, induzida pela
63
62
informação inicial que tiveram sobre ela. O comportamento dos alunos, durante os vinte minutos de debate, também foi diferente, com muito maior participação daqueles que o acreditavam “afetuoso”.
claro que, muitas vezes, mudamos, após alguma convivência, a nossa impressão inicial de uma pessoa, mas isto não invalida a consta tação sobre a tendência de a primeira impressão de ser duradoura.
O processo global pelo qual formamos impressões dos outros é bastante complexo e as pesquisas mostram que está sujeito a mui tos erros, como aqueles em que atribui’mos aos outros, de forma incons ciente ou,quaSe,aS nossas próprias tendências, desejos ou motivações.
Dado que as relações entre as pessoas dependerão muito das impres sões que formam umas das outras, a compreensão do processo de per cepção social é muito importante em Psicologia Social.
Atitudes
Entende-se por atitude a maneira, em geral organizada e coerente, de pensar, sentir e reagir a um determinado objeto que pode ser uma pessoa, um grupo de pessoas, uma questão social, um acontecimento, enfim, qualquer evento, coisa, pessoa, idéia, etc.
As atitudes podem ser positivas ou negativas e são, invariavelmente, aprendidas.
Quando uma pessoa pensa, por exemplo, que a democracia é a me lhor forma de governo, gosta das pessoas ou situações que de certa forma a representem e apoia regimes democráticos ,através de palavras e outras ações, oferece um exemplo de atitudes positivas em relação ao objeto que, neste caso, é a democracia.
Um exemplo de atitude negativa poderia ser dado pela pessoa que percebe os negros como preguiçosos e relaxados, não gosta deles e pro cura evitá-los ou prejudicá-los.
As atitudes têm, assim, três componentes: um componente cog nitivo, formado pelos pensamentos e crenças a respeito do objeto:
um componente afetivo, isto é, os sentimentos de atração ou repulsão em relação a ele e um componente comportamen tal, representado pela tendência de reação da pessoa em relação ao objeto da atitude.
Na ausência de qualquer um destes componentes, ou na ausência de um objeto, não se pode falar legitimamente em atitude.
preciso fazer notar, no entanto, que destes três componentes, apenas um é observável diretamente: o comportamento. Os outros dois (pensamentos e sentimentos) são inferidos a partir dele. Assim, se uma pessoa coleciona artigos sobre os Beatles, compra todos os seus discos e procura assistir a todos os seus filmes, é razoável acreditar
que também gosta deles e que pensa a seu respeito coisas muito positi vas.
Não se deve concluir, porém, que atitude seja sinônimo de com portamento, porque) muitas vezes, o comportamento de alguém, numa determinada situação, não é coerente com a sua atitude. Um rapaz que afirma à sua namorada que gosta muito da mãe dela, não necessariamente tem, mesmo, atitude positiva em relação à provável futura sogra. Somente a observação do comportamento global e costumeiro do rapaz em relação à mãe da moça, durante um certo período de tempo, poderá responder à questão.
Temos atitudes em relação a quase tudo, exceto em relação a dois tipos de objetos: os que não conhecemos e os que são de pouca ou nenhuma importância para nós. Por exemplo, é de se supor que poucos brasileiros tenham alguma atitude em relação à política interna do governo finlandês ou à cor da borracha usada pelos escolares.
A importância das atitudes reside no fato do comportamento ser, em geral, gerado pelo conjunto de conhecimentos e sentimentos. As sim sendo, conhecendo-se as atitudes de alguém, pode-se, com alguma segurança, prever o seu comportamento; além disso, se se pretender mudar o comportamento das pessoas, deve-se procurar formar atitudes nelas ou alterar as já existentes.
Muitos comerciais da televisão procuram ensinar atitudes positivas em relação a determinados produtos (porque o comportamento correspondente será comprá-los) e muito esforço já foi empregado na tentativa de acabar com o preconceito racial.
Uma característica importante das atitudes, entretanto, é a tendência para serem muito resistentes à mudança, isto é, depois de adqui ridas,’ as atituaes são difíceis de serem mudadas. O preconceito racial permanece bastante vigorosos apesar das inúmeras campanhas anti-se gregacionistas (um preconceito é uma atitude negativa extrema contra o “outro” esteriotipado).
A explicação para isto talvez esteja no processo de desenvolvimento das atitudes.
Nossas atitudes mais básicas (e que vão, portanto, influenciar na aquisição de outras) são aprendidas na infância, através da interação com os pais.
Geralmente, os pais são objetos de atitudes muito positivas da cri ança, já que eles atendem às suas necessidades,proporcionando-lhe bem-estar. Assim, tornam-se os principais modelos a serem imitados em suas atitudes. Além disso, mostrar atitudes iguais às dos pais é cos tumeiramente reforçado.
Não é verdade, entretanto, que as pessoas tenham as mesmas ati 
65
64
tudes que seus pais em relação a tudo. Ocorre que muitas outras influências se apresentam a medida que a criança cresce. Aprendemos atitudes com nossos amigos, escola, igreja, etc.
As influências culturais na formação de atitudes são múltiplas, constantes e às vezes contraditórias. Grupos sociais diversos, organismos estatais e particulares, todos procuram fazer com que as pessoas passem a agir da forma que eles propõem. Nem sempre nos damos conta destas tentativas de influência , assim como também não percebemos sempre as nossas próprias tentativas de mudar ou formar as atitudes dos outros.
A mudança numa atitude tem maior ou menor probabilidade de ocorrer dependendo de seu grau de extremismo, dentre outros fatores. Uma atitude extrema, como a de ser radicalmente contra a pesquisa nuclear, tem menos chance de ser alterada do que uma atitude pouco extrema (ser moderadamente contra ou a favor).
As atitudes são mensuradas através, principalmente, de escalas de atitude, mas são usados, também, os levantamentos, a entrevista e a observação do comportamento costumeiro da pessoa.
A importância atribui’da às atitudes se reflete no número de pesquisas efetuadas sobre o tema, tornando-o, provavelmente, o tópico mais estudado em Psicologia Social.
O COMPORTAMENTO DO GRUPO
Certos fenômenos, como o da liderança, desempenho de papel e outros, só existem porque existe um grupo. Apenas quando as pes soas vivem em grupos é que a liderança, por exemplo, pode aparecer em forma de comportamento.
Além disso, o grupo exerce influências importantes no comportamento humano em geral, por isso é que o comportamento do grupo, em si, merece ser estudado. Este campo de estudo que investiga os fenômenos grupais é, muitas vezes, chamado de dinâmica de grupo.
Grupo, Posição, Status e Papel
O que é um grupo? A platéia de um cinema, os metalúrgicos de uma cidade e as pessoas que aguardam o ônibus numa esquina, são exemplos de grupo?
Olmsted (1970, p. 12), depois de revisar a literatura psicológica e sociológica, define grupo como “uma pluralidade de indivíduos que estão em contato uns com os outros, que se consideram mutuamente e que estão conscientes de que têm algo significativamente importante em comum”. Interesses, crenças, tarefas, características pessoais e outras coisas podem ser este “algo em comum”.
Observa-se, no entanto, que nem a simples existência de interesses ou atividades comuns (como “ver o filme”, “trabalhar em metalurgia” ou “tomar o ônibus”) e nem a vizinhança física (como na platéia do cinema ou na parada da esquina), fazem um grupo.
Para que um conjunto de pessoas possa ser chamado de grupo, é preciso que atenda, ao mesmo tempo, aos três critérios: estar em contato, considerar-se mutuamente como membros de um grupo e ter al go importante em comum.
Assim, nem a platéia do cinema, nem os metalúrgicos e nem os que aguardam o ônibus, constituem um grupo.
Grupo primário é aquele que, além de satisfazer os critérios de “grupo”, caracteriza-se pela existência de laços afetivos íntimos e pessoais unindo seus membros. Em geral é pequeno, face a face, com comportamento interpessoal informal, espontâneo e os fins comuns não precisam, necessariamente, estar explícitos ou fora da própria convivência grupal. A família e a turma de amigos são exemplos de grupo primário.
A importância dos grupos primários reside principalmente no fato de se constituírem na fonte básica de aprendizagem de atitudes e da formação total da nossa personalidade.
Nos grupos secundários, as relações são mais formais e impessoais, o grupo não é um fim em si mesmo, mas um meio para que seus componentes atinjam fins externos ao grupo. No momento em que o grupo deixar de ser um instrumento útil para que estes fins sejam atingidos, ele se dissolverá. O grupo secundário pode ser pequeno ou grande.
Pode-se apontar como exemplos de grupos secundários: uma sala de aula, as pessoas que trabalham num escritório e uma equipe de cientistas que busca a cura do câncer.
Em geral, todos nós participamos de vários grupos, alguns primários e muitos secundários.
Dentro de cada grupo ou instituição, cada membro possui uma posição, um status e um papel.
De maneira geral, a posição é definida pelo conjunto de direitos e deveres do indivíduo no grupo. Há no grupo familiar, por exemplo, a posição de pai, cujos deveres são prover o sustento da família, dar aos filhos formação geral, etc, e tem direitos como o de ser obedecido, respeitado, e outros. Ainda na família, há a posição de mãe, de filho, e outras. Numa indústria, uma posição pode ser a de operário, outra a
66
67
de chefe de secção e outra a de gerente geral. Os direitos e deveres de cada um são bastante diferentes.
Existem também posições formais, como a de diretor de uma em presa, e informais como a do operário mais antigo que, apesar de não constar em nenhum regulamento, tem direitos e deveres diferentes dos de seus colegas.
Status é um conceito bastante relacionado com o de posição, tanto que alguns autores usam-nos como sinônimos. Pode-se estabelecer uma diferença entre eles dizendo que status se refere mais ao valor diferencial de cada posição dentro do grupo ou instituição.
A importância atribuída a cada posição é indicada por símbolos de status, tanto nas sociedades mais desenvolvidas como nas primitivas e mesmo nas sociedades animais. Um escritório mais espaçoso, com ar condicionado em geral simboliza a maior importância atribuída à posição de diretor geral, numa empresa. As medalhas e os galões são símbolos de status na hierarquia militar. A própria linguagem que usamos nos dirigir às pessoas indica o status que atribuí mos a elas (“Sr.”, “Excelência”, “você”, etc.}.
O conceito de papel é um dos mais importantes em Psicologia Social e está, também, relacionado aos anteriores.
“Papel” pode ser entendido como o comportamento esperado da pessoa que ocupa determinada posição com determinado status.
O papel existe independentemente do indivíduo que o desempenha. O desempenho do papel faz muito pela relativa uniformidade e coerência da maioria dos processos sociais.
Espera-se que um pai ou um dirigente político aja de determinada maneira e se isto não ocorrer, as pessoas que ocupam estas posições estão sujeitas aos mais variados tipos de sansões sociais. Dependendo do grau de desvio do comportamento esperado, pode receber desde “caras feias”, multas, demissão do cargo, até sansões mais sérias como prisão ou pena de morte.
O conceito de papel pode ser mais facilmente compreendido se o associarmos ao papel de um ator de cinema, teatro ou TV. Cada artista tem a liberdade de introduzir algumas variações no papel que representa, mas estas variações têm um limite. O ator precisa conservar os traços essenciais do papel.
O meio social pode ser comparado com um teatro onde a “peça” a ser representada muda, quando estamos fazendo parte de um ou de outro grupo. Neste sentido, somos todos bons artistas porque passa mos a “representar” papéis bem diferentes de um momento para o outro. Uma universitária, por exemplo, assume o papel de aluna na sala de aula (senta, escreve, pergunta), ao chegar em casa, passa a de 
68
sempenhar o papel de mãe (prepara o almoço, atende aos filhos) e ao chegar no escritório onde trabalha, passa a desempenhar o papel de secretária-executiva (decide, dá ordens, controla o trabalho dos demais).
E freqüente o conflito de papéis, como no exemplo acima, onde numa determinada atividade,se espera da pessoa comportamentos submissos, dependentes e servis e,noutro, a pessoa deve ser autoritária, decidida e independente.
O conceito de papel é importante para se compreender o comportamento, porque todos nós temos tendência para corresponder àsexpectativas dos outros a nosso respeito (mesmo às negativas). Assim sendo, conhecendo-se o papel que será desempenhado por uma pes soa, pode-se, até certo ponto, prever e compreender o seu compor ta mento.
Além disso, papéis que desempenhamos por longos períodos de tempo,deixam sua “marca” em nossa personalidade As pessoas que es tiveram em cargos de chefia por muitos anos, tendem a adotar comportamentos autoritários,mesmo em outros grupos ou outros trabalhos.
Um estudo interessante em Psicologia Social é sobre os papéis sexuais. As diferenças biológicas entre os sexos são genéticas mas parece que os papéis adequados para cada sexo são ditados pela sociedade. As sim espera-se que o menino seja mais ativo, independente e dominador do que a menina. natural, pois, que, correspondendo às expectativas sociais, no nosso meio, as mulheres se tornem mais passivas, submissas e dependentes.
Comparações entre culturas ou épocas diferentes mostram que os papéis sexuais são arbitrários e o comportamento julgado adequado pa ra cada sexo é bastante diferente.
Liderança
De maneira geral, entende-se por liderança à influência que certos membros de um grupo exercem sobre os demais.
Durante muito tempo tratou-se a liderança corno uma característica individual e, por isso, um debate interessante era a questão da liderança inata X aprendida.
Hoje esta questão não tem mais sentido, já que ninguém é líder, mas apenas atua como líder em determinadas situações. Em outras palavras, só existe um líder, se existir um grupo e uma pessoa será líder de um grupo ,apenas enquanto o grupo assim o quiser enquanto ela auxiliar o grupo a atingir os seus objetivos.
Hoje, entende-se a liderança como emergencial, isto é, o líder surge
69
de dentro do grupo e como situacional, isto é, alguém pode ser escolhi do 1 (der para um tipo de tarefa grupal e não para outro.
Algumas características de personalidade, no entanto, tornam mais provável que um indivíduo seja escolhido como líder em grande número de situações. o caso, por exemplo de um indivíduo ativo e o nível de atividade tem muito a ver com hereditariedade.
No entanto, muitas vezes a palavra liderança é usada com o sentido de “chefia”. Quando uma pessoa é designada “de cima” para coordenar as atividades de um grupo ou instituição, fala-se de liderança formal, em contraste com a liderança informal, exercida pela pessoa com grande in fluência sobre os membros do grupo sem ter sido formalmente designa da para isso.
Muitos estudos já puderam constatar a importância da liderança informal e os conflitos que podem surgir quando os dois tipos de líderes atuam para objetivos opostos.
Um conhecido estudo sobre liderança (Lippit e White, 1943) buscou investigar sobre estilos de liderança e usou como sujeitos meninos de 10 a 11 anos, durante um acampamento de verão. Foram treinados líderes adultos para dirigir grupos de meninos.
Deste estudo surgiram as denominações e a caracterização da lide rança autocrática, “laissez-fai re” e democrática.
O líder autocrático é aquele que determina toda a atividade do grupo, é o que acredita que, pelo simples fato de ser investido de autoridade, todos lhe obedecerão, independentemente da justiça ou injustiça, acerto ou desacerto, viabilidade ou não de suas determinações. Neste contexto, as relações interpessoais sofrem palpável deterioração. Os subordinados manifestam revolta, hostilidade, retração, resistência passiva ainda que veladamente. O absenteísmo é outra conseqüência comum num grupo assim liderado.
O líder “laissez-faire” é o que faculta ao grupo completa liberdade de ação e, na verdade, não atua como líder. Este tipo de liderança é fonte de atritos e desorganização, anarquia, balbúrdia; a produção costuma ser muito baixa.
O líder democrático é o que dirige um grupo social qualquer com o apoio e colaboração espontânea e consciente de seus membros componentes, interpretando e sintetizando o pensamento e os anseios do grupo. As pessoas lideradas democraticamente integram-se no trabalho livremente, com otimismo, confiança e o rendimento é, em geral, elevado.
Apesar da liderança democrática ser o tipo ideal de liderança na maioria das situações grupais, isto não é sempre verdade.
70
Em situações em que o grupo precisa efetuar uma tarefa com urgên cia, ou em que as tarefas sejam manuais e rotineiras, é provável que a li derança autocrática consiga maior produtividade.
Quando o grupo é composto de pessoas altamente responsáveis e a tarefa for essencialmente criativa (como a de uma equipe de cientistas ou artistas), a liderança “laissez-faire” pode ser a mais indicada.
Nas situações reais, o que se verifica é a inexistência de tipos puros de líderes, parece mais comum que os chefes sejam uma composição de tipos.
QUESTÕES
1. Por que é importante o estudo das influências sociais para se Compreender o comportamento?
2. O que estuda a Psicologia Social?
3. O que é “interação social”? E “comportamento interpessoal”? Exemplificar a resposta.
4. Por que alguns estudiosos consideram toda a Psicologia como Psicologia Social?
5. Como se costuma dividir os estudos da Psicologia Social? Explicar a resposta.
6. O que se entende por “socialização”? Dar exemplos que envolvem a cultura e a família como agentes socializantes.
7. O que é “percepção social”? E “primeira impressão”? Qual a importância destes conceitos na compreendo comportamento?
8. Explicar o que é “atitude” e oferecer exemplos que destaquem os componentes da atitude.
9. Atitude é sinônimo de comportamento? Por que?
10. Quais s os objetos a respeito dos quais n temos atitudes? Exemplificar a
resposta.
11.	Onde e como, principalmente, adquirimos nossas atitudes mais básicas?
12.	As atitudes podem ser mudadas? Explicar a resposta.
13. Por que é tão importante a compreensão do tópico “atitudes” para se entender o Comportamento?
14. O que se entende, em Psicologia, por “grupo”, “grupo primário e secundário”, “Posição “status” e “papel”? Ilustrar a resposta com exemplos.
15. Explicar o que é e como se desenvolve o papel sexual.
16. Justificar a importância atribuída ao conceito de “papel” em Psicologia.
17. O que é “liderança”? O que significa liderança “emergencial” e “situacional”?
18. Qual a diferença entre os conceitos de l(der formal e informal?
19. Caracterizar liderança autocrática, “laissez-faire” e democrática e descrever as conseqüências de cada estilo de liderança sobre as relações interpessoais e produtividade.
72

Continue navegando