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P á g i n a | 1 DIREITO FALIMENTAR – PRIMEIRO SEMESTRE 1. O pedido de falência é uma ação coletiva pela qual se visa, em regra, busca a satisfação do crédito no patrimônio do devedor. 2. Diante do caráter coletivo, haverá concurso de credores, observando a ordem preferencial dos créditos. 3. Vale mencionar que o autor do pedido de falência não tem qualquer preferência em receber. 4. A falência é forma de constrição/execução coletiva, sendo o modo de proceder à liquidação dos bens do devedor para satisfazer os créditos dos credores. 5. Uma vez decreta a falência, todo patrimônio existente vai para a massa falida a fim de quitar os créditos existentes. 6. A falência é a solução jurídica do devedor na qualidade de empresário ou de sociedade empresária que deixa de pagar no vencimento uma dívida líquida, certa e exigível. 7. A falência é um procedimento drástico e muitos credores requerem a falência como forma de execução forçada, pois o devedor no processo de falência poderá pagar o valor da dívida. 8. Falência é a liquidação judicial da situação jurídica do empresário impontual. 9. Falência é o processo através do qual se apreende o patrimônio do executado para extrair um valor econômico para se pagar os créditos. 10. O Estado como credor, em tese, pode pedir a falência de determinada empresa, mas o ato seria imoral, pois a função do Estado tange a preservação da empresa e de sua função social. Pode receber por meio da execução fiscal. 11. O poder público pode se habilitar nos autos da falência. 12. Princípio do par conditio creditorum: tal princípio, originário do direito romano, estabelece igualdade de condições para satisfação do crédito, de modo que todos os credores receberão o valor equivalente e proporcional, no caso de insuficiência patrimonial para quitação dos créditos de determinada categoria. Trata-se da possibilidade de participação equalizada perante os créditos existentes. 13. Existem alguns títulos que não se admitem o pedido de falência, como os créditos decorrentes de obrigação alimentar. 14. Recuperação judicial: visa trazer uma vinculação maior entre o devedor e seus credores, além de dar o poder de decisão definitiva ao juiz de direito. Compete à assembleia de credores autorizarem, como voto de confiança, a recuperação judicial, pois a falência não traz benefício a ninguém. Tem-se base na preservação da empresa pautada na boa fé, na confiança e continuidade do negócio. 15. Não se sujeitam à falência (mas, sim, à insolvência civil): a. Cooperativa; Declarada a falência ou a insolvência civil, ficará o devedor obrigado, por 5 anos, aos débitos remanescentes. b. Sociedades não empresárias; c. Associação; d. Fundação; e. Entidade religiosa; f. Sociedade simples; g. Autônomo; h. Profissional liberal. P á g i n a | 2 16. INSOLVÊNCIA LATO SENSU Insolvência econômica (insolvabilidade) Consiste no estado econômico em que a pessoa não pode satisfazer as dívidas, uma vez que o ativo é menor que o passivo. Insolvência jurídica Consiste no inadimplemento qualificado pela falta de razão de direitos. Não se liga à condição econômica. Decorre do descumprimento de dever legal. De tal modo, a pessoa jurídica está sujeita tanto à insolvência econômica quanto à insolvência jurídica, denominando-se simplesmente por falência; enquanto a pessoa natural está sujeita apenas à insolvência econômica, a qual se denomina insolvência civil. SUJEITOS DA FALÊNCIA E DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL Nos termos da lei 11.101/05, somente empresário e sociedade empresária reconhecidos como devedores são sujeitos de falência. Para tanto, deve haver regular inscrição na Junta Comercial, elaborando escrituração contábil e balaços anuais de patrimônio e resultado econômico, sob pena de não concessão da recuperação judicial, decretação da falência e eventual responsabilidade por crime falimentar. Sujeitam-se à falência (lei de falência) Não estão sujeitas à disciplina da lei 11.101/05 (lei de falência) 1. Microempresário; 1. Empresas públicas; Nessas, o poder público poderá intervir para proceder à liquidação da sociedade. 2. Microempreendedor; 2. Sociedade de economia mista; 3. Empresário de pequeno porte; 3. Instituições financeiras públicas e privadas; Essas têm supervisão pelo Banco Central e são regidas pela lei 6.024/74 que disciplina a liquidação judicial e extrajudicial. A ideia principal passe pela recuperação da instituição financeira por meio da intervenção do Banco Central, ao passo que este nomeia um interventor para que assuma a gestão da instituição financeira, afastando- se os diretores. O interventor tem 6 meses para averiguar a situação e regularizá-la. Notada a impossibilidade de recuperação pelo Banco Central, este determinará a liquidação da instituição financeira. Ocorrida a liquidação, aplicam-se, no que for pertinente, a regras da lei de falência. 4. Sociedade em nome coletivo; 4. Cooperativas de Crédito; 5. Sociedade em comandita simples; 5. Consórcios de sociedades; Regido pela lei 6.404/76, é constituído por uma pluralidade de empresas, públicas ou privadas, que se une para atender uma atividade que por si só a empresa não tem capacidade de realizar. Não possui, todavia, personalidade jurídica própria, de modo a utilizar-se da personalidade jurídica das empresas que a formam. Cada empresa consorciada tem suas responsabilidades, podendo ela ser objeto de falência, mas não o consórcio em si. Uma vez falida, o poder público pode exigir que outra empresa ingresse para substituir a falida ou então o consórcio, se possível continuará com as empresas remanescentes. P á g i n a | 3 6. Sociedade limitada; 6. Consórcios de bens; Aplica-se a lei de falência somente no que se refere à liquidação, tendo em vista que neste caso também há a intervenção do Banco Central, pela lei 5.768/71. 7. Sociedade anônima; 7. Entidades de previdência complementar Regulada pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar. 8. Sociedade em comandita por ação; 8. Seguradoras Tem como interventora a SUSEP, competente a nomear interventor, afastar diretores e tentar a recuperação. 9. EIRELI 9. Prestadoras de Plano de Saúde Regulada pela ANS que pode intervir e liquidar. Ademais, os médicos cooperados poderão ter seus indisponíveis e executados, em caso de fraude. Pode a ANS determinar que outra seguradora encampe os segurados a seguradora a falir. 10. Sociedades de capitalização É regulada pelo decreto-lei 261/67. DE TAL SORTE, a lei de falência restringe sua aplicação apenas a alguns sujeitos e esses sujeitos de direito devem estar regularmente regularizados, isto é: devem ser registrados na Junta Comercial e ter sua escrituração em dia, bem como a elaboração de balanços patrimoniais e econômicos, sob pena de ser responsabilizadas por crimes falimentares, sem prejuízo de não poder requerer sua autofalência ou a falência de seus devedores. FALÊNCIA NA LEI 11.101/05 A falência tem por finalidade afastar o devedor de suas atividades empresariais, visando a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens ativos recursos produtivos tangíveis e intangíveis da empresa. O processo falimentar tem por ideia paralisar a atividade da empresa que não deu certo, evitando-se maiores prejuízos, bem como levantar os valores para saldar as dívidas. - Princípios do processo de falência: ❖ Celeridade; ❖ Economia processual; ❖ Par conditio creditorum.- Juízo competente para a falência e a recuperação judicial: processam-se na justiça especial localizada no foro central os pedidos relativos à falência, recuperação judicial e homologação de recuperação extrajudicial. Caso não haja vara especializada, processar-se-ão nas varas empresariais ou varas cíveis comuns. O juízo da falência é denominado juízo universal, pois é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido. Logo, proposta a falência, juízo torna-se prevento às demais ações relativas à sociedade empresária ou empresário. São exceções ao juízo universal: ➢ Justiça do trabalho; ➢ Lides de natureza fiscal; ➢ Ações em que o réu no pedido de falência figurar como autor ou litisconsorte ativo. - Administrador judicial: a partir do momento que houver a decretação da falência, o juiz de Direito nomeará o seu auxiliar, denominado administrador judicial. Este passará a representar o falido em todos processos em seja este réu ou autor. P á g i n a | 4 - Competência territorial: art. 3º da lei 11.101/95: competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. Entende-se como local do principal estabelecimento aquele em que se encontra a gestão/atuação da atividade empresarial, sendo, em regra, a matriz. Já se a empresa for estrangeira e tiver várias filiar no Brasil, será o local da principal filial (sucursal). - Distribuição e prevenção: fixada a competência em uma das varas em razão da distribuição, todos os processos já existentes em outras varas ou que virem a ser propostos serão atraídos ao juízo universal. - Habilitação: decretada a falência, o credor deve habilitar seu crédito na falência. Isso porque a partir do momento que cada credor possui um título líquido, certo e exigível, ele deve habilitar tal no processo de falência. Caso o credor já tivesse habilitado o seu crédito na recuperação judicial e por sua vez a recuperação judicial convolou-se em falência, tal crédito já ficará habilitado na falência. 10. EFEITOS DA CONDENAÇÃO a) A partir do momento que ocorre a decretação da falência, todos os contratos e obrigações terão os seus vencimentos antecipados e os juros contratuais deverão ser ajustados até o momento do vencimento. b) Se a sociedade for de responsabilidade ilimitada, os efeitos da falência recairão também contra os seus sócios, vencendo antecipadamente os contratos firmados na pessoa física dos sócios. c) Os contratos de câmbio celebrados em moeda estrangeira, com a decretação da falência, rescindem-se convertendo o crédito em moeda nacional, pelo câmbio do dia da decisão judicial. d) A decisão que decreta a falência da sociedade com responsabilidade ilimitada também alcança a pessoa física do sócio, falindo-o, de modo que se os bens da empresa forem insuficientes, responderão os bens do sócio. Nota: são sociedades de responsabilidade ilimitada: i. em nome coletivo; ii. comandita simples; iii. comandita por ações. e) atingirá também ao sócio que tenha sido excluído ou se retirado da sociedade a menos de 2 anos da decretação da falência quanto às dívidas existentes na data do arquivamento da alteração contratual, se estas dívidas pretéritas não foram solvidas até a data da decretação da falência. - Responsabilidade: sócio e diretores Ilimitada Nome coletivo Todos sócios respondem de modo ilimitado e solidário. Comandita simples Os sócios comanditados têm responsabilidade ilimitada e solidária. Comandita por ação Os sócios diretores respondem limitada e solidariamente. Limitada LTDA O sócio responde apenas pela integralização do capital social. S/A O acionista responde apenas pelo valor da subscrição ou integralização das ações. Instituição financeira e seguradoras Os diretores terão seus bens indisponíveis até apurar sua eventual responsabilidade na insolvência. Caso reste configurada a responsabilidade, o patrimônio do diretor deverá arcar com eventuais indenizações. A responsabilidade será apurada no próprio juízo de falência, cujos processos deverão apurar as eventuais responsabilidades independentemente se o patrimônio da sociedade falida era suficiente ou não para cobrir todas as despesas da massa falida. O prazo prescricional para se promover a ação de responsabilidade dos sócios é de 2 anos, contados do trânsito em julgado da sentença de encerramento da falência. P á g i n a | 5 Indisponibilidade: o juiz de direito da falência poderá de ofício, ou a pedido da parte interessada ordenar a indisponibilidade dos bens dos sócios, bens estes particulares em quantidade que seja compatível com o dano provocado. Os bens poderão ficar indisponíveis até o julgamento definitivo da ação de responsabilidade dos sócios. 11. PROCEDIMENTOS DO PEDIDO DE AÇÃO DE FALÊNCIA Art. 94, I: insolvência jurídica em razão da impontualidade do pagamento Requerida pelo credor diante da impontualidade do pagamento, isso porque o credor que possui qualquer título executivo cuja soma seja superior a 40 salários mínimos vigentes na data do pedido de falência pode proceder ao protesto especial no Cartório de Protestos a fim de extrair certidão para o pedido judicial de falência. Art. 94, II: execução frustrada Trata-se de hipótese de execução proposta pelo credor. Ficando inerte o devedor depois da regular citação, poderá o credor-exequente requerer uma certidão de objeto e pé, comprovando a inércia a fim de possibilitar o pedido de falência. Art. 94, III: atos de falência Consiste na hipótese da ocorrência de diversas condutas praticadas pelo devedor que por se tratarem de fraude ou de condutas que possam dar ensejo a uma confusão patrimonial, a falência poderá ser decretada. Insolvência jurídica em razão da impontualidade do pagamento Nessa modalidade de pedido de falência, requer-se protesto cambial no Cartório de Protestos, significa que o credor deverá solicitar expressamente ao Cartório de Protestos para que seja intimado o devedor pessoalmente para que pague o título (hipótese em que o protesto não será realizado, haja vista a quitação da obrigação) ou justifique o porquê do não pagamento. Concluído o protesto sem o recebimento do crédito, viabiliza-se a propositura de ação de pedido de falência. A jurisprudência tem admitido o protesto cambial comum, isto é: sem ter sido para fins falimentares, caso a pessoa tenha sido intimada pessoalmente, aproveitando-se do ato, quer seja para proceder à execução do título, quer seja para pedir a falência. Afastamento do protesto: o devedor em vez de efetuar o pagamento, poderá ingressar com uma medida judicial requerendo tutela antecipada para que não se efetive o protesto, justificando o porquê do não pagamento, como falsidade do título ou quitação. Caso já tenha sido efetivamente protestado, poderá requerer, judicialmente, o cancelamento por motivo justificado. Execução frustrada Proposta ação de execução contra o devedor e este fincando inerte após a regular citação, poderá o credor prosseguir na execução ou requerer a expedição de certidão de objeto e pé a fim de requerer a falência do devedor. (A certidão de objeto e pé é o instrumento jurídico hábil para requer a falência). Atos de falência Os atos de falência consistem em diversas condutas praticadas pelo devedor que possam levar à fraude da lei ou à confusão patrimonial. Aqui, não existe a possibilidade de depósito elisivo. De modo que a defesa reside na demonstração da inexistência de fraude. A decretação da falência nessa modalidade depende de um processode conhecimento, uma vez que se faz necessária apresentação de prova cabal de uma prática violadora da lei, independentemente se a pessoa está ou não deficitária quanto ao patrimônio. P á g i n a | 6 Hipóteses de atos de falência: Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial: a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial. Nota: Se o devedor não cumprir os termos do plano de recuperação judicial nos 2 primeiros anos, a recuperação judicial convola-se em falência. Nota: as dívidas surgidas após o plano de recuperação judicial não o integra, podendo haver pedido de falência quanto a elas. 11. LEGITIMIDADE PARA PEDIR A FALÊNCIA 1. Credor: o credor tem interesse em receber seu crédito e ver punido seu inadimplente. O credor estrangeiro pode vir a pedir a falência, mas nesse caso terá que apresentar caução, como forma de garantia que o pedido de falência não é fraudulento e que não tenha a intenção de prejudicar o devedor. Para que peça a falência, o credor deve estar devidamente regularizado, isto é: deve estar com seus constitutivos em dia, registrados na Junta Comercial, bem como ter sua contabilidade em ordem, inclusive demonstrando o crédito que possui perante o devedor, sob pena de não legitimidade para propor a ação. 2. Litisconsórcio de credores: nada impede que diversos credores possam se unir a fim de alcançar a totalidade de crédito de 40 salários mínimos exigidos pela lei. 3. Autofalência: pode o próprio devedor, seu cônjuge ou herdeiro, bem como o inventariante ou qualquer sócio minoritário requerer a autofalência, diante da ciência acerca da impossibilidade de se manter no mercado. P á g i n a | 7 12. PROCEDIMENTO DO PEDIDO DE FALÊNCIA (Insolvência jurídica em razão da impontualidade do pagamento ou execução frustrada): 1. O pedido de falência deve ser instruído com título de executivo, devendo haver protesto especial para fins falimentares. 2. Distribuído no juízo competente (competente é o juízo do local da sede, da matriz do devedor), analisar-se-á os requisitos de admissibilidade da petição inicial e mandará citar o devedor. 3. Citado, têm-se o prazo de 10 dias para: ✓ Contestar Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, não será decretada se o requerido provar: I – Falsidade de título; II – Prescrição; III – nulidade de obrigação ou de título; IV – Pagamento da dívida; V – Qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a cobrança de título; VI – Vício em protesto ou em seu instrumento; VII – apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, observados os requisitos do art. 51 desta Lei; VIII – cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não prevalecerá contraprova de exercício posterior ao ato registrado. ✓ Requerer a recuperação judicial; ✓ Oferecer e proceder ao depósito elisivo; ou ✓ Ficar inerte. Depósito elisivo: é o depósito procedido pelo devedor no processo de falência a ser feito no prazo de sua defesa, cuja finalidade é elidir os efeitos do pedido de falência, uma vez que se quita a obrigação. Aqui, o processo de falência perde o objeto em razão do depósito do valor principal atualizado e somado ao valore de todas as custas extra e judiciais, além de 10% de honorários advocatícios de sucumbência. Feito o depósito e anuindo o credor, o juiz determinará que o credor levante o valor depositado, julgando-se o processo de falência procedente sem ser decretada a falência. 4. Pela lei, o procedimento não tem fase de instrução, pois versa matéria de direito. Logo, não se produz provas. 5. Pode, porém, haver réplica para impugnar o alegado na contestação ou o valor do depósito elisivo. 6. A sentença que decreta a falência tem natureza declaratória e constitutiva. 7. Se o depósito elisivo não for feito no valor correto ou ocorrer a revelia do réu, decretar-se-á a falência. 13. PROCEDIMENTO DO PEDIDO DE FALÊNCIA (atos de falência) 1. Qualquer pessoa interessada na proteção de seu crédito poderá requerê-la. 2. O procedimento seguirá o rito comum, não cabendo depósito elisivo. 3. Se o pedido de falência for feito de má fé ou inapropriadamente, o réu poderá ingressar com ação de indenização por perdas e danos materiais e morais. 4. A falência será decretada pela má conduta do réu, não se atrelando a sua saúde financeira. P á g i n a | 8 14. SENTENÇA NA AÇÃO DE FALÊNCIA a) A sentença de falência é considerada como decisão interlocutória, quando julgada procedente, pois finda apenas uma fase do processo. De tal modo, desafiará recurso de agravo, podendo ser requerido o efeito suspensivo. b) Mas, se a sentença for de improcedência, caberá apelação. c) A sentença de falência tem natureza declaratória e constitutiva, pois ao mesmo tempo em que declara a falência, também constitui o devedor às obrigações decorrentes da quebrar. d) Termo de falência: o juiz ao proferir a sentença, irá considerar um prazo em que será considerada suspeitas as atividades do devedor. Isto é: todos os atos praticados dentro de determinado período poderão ser considerados inválidos, pois estaria afetos de dilapidação do patrimônio em detrimento da massa falida. e) Retroação: o juiz pode retrotrair os efeitos da falência até 90 dias a contar do pedido de falência, do pedido da recuperação judicial ou do primeiro protesto não pago. f) Além da necessidade de conter os elementos básicos (relatório, fundamentação e parte dispositiva), a sentença deverá observar os pontos expostos no art. 99 da lei de falência. Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: I – Conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse tempo seus administradores; II – Fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados; III – ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de desobediência; IV – Explicitará o prazopara as habilitações de crédito, observado o disposto no § 1o do art. 7o desta Lei; V – Ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1o e 2o do art. 6o desta Lei; VI – Proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido, submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados os bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor se autorizada a continuação provisória nos termos do inciso XI do caput deste artigo; VII – determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores quando requerida com fundamento em provas da prática de crime definido nesta Lei; VIII – ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência no registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da decretação da falência e a inabilitação de que trata o art. 102 desta Lei; IX – Nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei; X – Determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras entidades para que informem a existência de bens e direitos do falido; XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o administrador judicial ou da P á g i n a | 9 lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta Lei; XII – determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembleia-geral de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência; XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência. FALTEI (...) PROCESSO DE FALÊNCIA ➢ Procedimento 1. Publicada a sentença de falência, será expedido edital com todos os termos da falência a fim de dar publicidade a todos interessados. No momento da publicação será também apresentada uma relação de credores que já são de conhecimento do Poder Judiciário para que eles retifiquem seus créditos, habilitando-os, ou impugnem o valor. 2. A sentença de falência desafia recurso de agravo de instrumento sem efeito suspensivo. Pode, porém, o recorrente pedir o efeito suspensivo mediante liminar, hipótese em que não haverá o imediato efeito da falência, mantendo-se os sócios na administração e não nomeando administrador judicial até o final do julgamento do agravo. P á g i n a | 10 3. Se provido o agravo de instrumento, não será declarada a falência, retornando ao status quo. De modo que se o pedido de falência for feito indevidamente (dolo ou fraude), o requerente deverá indenizar eventuais prejuízos experimentados pela empresa e terceiros. 4. Confirmada a sentença de falência deve ser nomeado um administrador judicial – principal auxiliar do juiz. 5. Decretada a falência, 6. Deve haver habilitação dos créditos a fim de verificar o quadro geral de credores e no fim fazer o pagamento dos créditos respeitando a ordem de preferência. 7. Se o juiz autorizar a continuidade da empresa falida, o administrador judicial a administrará. 8. O juiz determinará na sentença sobre a viabilidade da constituição da Assembleia Geral de Credores – órgão auxiliar do juiz – sendo dela criado o Comitê de Credores. 9. A Assembleia Geral de Credores tem por finalidade a fiscalização das atividades realizadas pelo Administrador Judicial. Sendo o Comitê de Credores um órgão temático, na medida em que se divide em trabalhista, quirografário, etc. 10. O Ministério Público atuará como fiscal da ordem jurídica, elaborando pareceres sobre tudo que ocorre no processo. 11. Considera-se massa falida todo conjunto de patrimônio da pessoa falida. Não há personalidade jurídica e é gerida pelo administrador judicial. Habilitação do Crédito 1. Habilitado o crédito, os processos de execução contra a empresa falida serão suspensos, bem como o curso da prescrição com relação ao direito de seus credores; 2. As obrigações ilíquidas deverão ser propostas no juízo falimentar. Com exceção das ações trabalhistas, fiscais e criminais, bem como as de competência da justiça federal, cujos processos deverão ser ajuizados de acordo com suas competências. Somente após a efetiva apuração/liquidação do crédito que os credores poderão habilitá-los na Vara Falimentar, como incidente ao processo de falência. 3. Pode o credor precaver-se diante da possível demora à liquidação do crédito na ação proposta, requer ao Juízo da Falência que reserve valor estimado para futura habilitação e pagamento. Ordem de pagamento na lei 11.101/05 1º: Créditos extraconcursais: decorrem das obrigações que foram contraídas na recuperação judicial pelo recuperando, e esses créditos surgem após a decretação da falência, os credores detentores dessa espécie de créditos têm prioridade na ordem de pagamento, e por isso serão pagos antes dos créditos concursais. 2º: Créditos concursais: decorrem das obrigações que foram assumidas antes da declaração da falência empresarial. Serão pagos na seguinte ordem: 1. Créditos trabalhistas até 150 salários mínimos; 2. Créditos com garantia real; 3. Créditos tributários; 4. Créditos com privilégio especial; 5. Créditos com privilégio geral; 6. Créditos quirografários; 7. Créditos de multas tributárias; 8. Créditos subordinados. Nota: deve ser respeitado o princípio do par conditio creditorum sob pena de anulação do pagamento; Nota: os créditos trabalhistas que excederem 150 salários mínimos serão considerados créditos quirografários. P á g i n a | 11 Nota: caso os bens da massa falida sejam insuficientes ao pagamento dos créditos tributários, o artigo 135 do CTN admite a responsabilidade pessoal dos sócios e administradores (desde que comprovada culpa ou dolo na constituição da dívida) perante as dívidas tributárias. De modo a poder continuar a execução – na Vara de Execução Fiscal – contra os sócios e administradores. Verificação do Crédito O administrador judicial após ser nomeado pelo juiz de Direito, terá obrigação de receber os livros contábeis e todos os documentos comerciais e fiscais do devedor, documentos estes que vão auxiliar o administrador judicial a elaborar a relação inicial dos credores do falido. Logo, o falido tem obrigação de entregar todos os livros e balanços, sob pena de responder por crime falimentar. Feita a lista de créditos e credores, estes poderão ratificá-la (apresentando habilitação) ou impugná-la. O administrador judicial poderá solicitar a nomeação de profissionais habilitados à verificação dos créditos. Pedido de habilitação de crédito É o pedido feito por meio de petição inicial endereçada ao juízo da falência, constando quem é o credor, qual a relação jurídica que possui com o falido, qual o título a ser habilitado, qual a natureza do crédito, bem como o valor. Tal petição deverá vir acompanhada de documentos comprobatórios. Será juntada ao processo incidental da falência. Se apresentada tempestivamente (15 dias após a publicação do edital de decretação da falência) ficará o credor isento de custas. Caso não seja observado o prazo, o credor deverá arcar com as custas processuais e a habilitação será aceita como habilitação de crédito retardatário, hipótese em que, casoo juízo tenha autorizado o pagamento do crédito daquela natureza de forma antecipada, o retardatário não gozará de tal benefício. Impugnação do crédito Se a habilitação é apresentada ou então o crédito já fora inserido pelo administrador judicial, no prazo de 10 dias contados da publicação da relação de créditos aprovados, caberá ao Comitê de Credores, a qualquer credor, ao devedor falido, a qualquer sócio da sociedade falida ou até mesmo ao Ministério Público apresentar impugnação contra a relação de credores, apontando eventual irregularidade quanto a presença ou ausência de um crédito. A impugnação será dirigida ao juiz de direito por meio de petição instruída com documentos hábeis a demonstrar a incorreção da relação de créditos aprovados. Será processada em autos em apartado, mas se houver mais de uma impugnação referente ao mesmo fato, serão autuadas no mesmo processo. Recebida a impugnação, o juiz abrirá prazo de 5 dias para que o impugnado apresente sua defesa. Oferecida a defesa, o juiz abrirá novo prazo de 5 dias para que qualquer interessado se manifeste. Cessado o prazo, deverá o juiz proferir sentença para: a) reconhecer a impugnação para aceitar o crédito reivindicado, mandando incluí-lo no quadro geral de credores; b) reconhecer a impugnação para excluir o crédito contestado, ou então se houver ponto controvertido, determinar a produção de provas. Nota: enquanto não se resolve a impugnação do crédito, o juiz poderá determinar que o valor discutido seja reservado para futuro pagamento a quem de direito. P á g i n a | 12 Quadro Geral de Credores: é obrigação do administrador judicial relacionar todos os credores, obedecendo a classificação dos créditos, depois de serem apresentadas as habilitações. ❖ AUXILIARES DOS JUÍZO Administradores judicial: será nomeado pelo juiz de direito da falência, devendo ser pessoa física ou jurídica idônea e preferencialmente com conhecimento técnico na área de falência. Fica responsável por organizar as atividades da empresa. 1. O administrador pode continuar na gestão da empresa falida, se o juiz entender que a sociedade falida deva permanecer em atividade até sua total liquidação. 2. O administrador judicial será fiscalizado tanto pelo próprio juiz, quanto pelo Comitê de Credores, supervisionando sua conduta. 3. São atribuições do administrador judicial na falência: a) Sempre agir de forma lícita, buscando os interesses da massa falida. b) Encaminhar correspondência aos credores, informando sobre a falência. c) Colocar-se à disposição de todos os credores para prestar informação de interesse destes. d) Dar extratos dos livros do devedor e fornecer aos credores para que possam requerer suas habilitações e promover as impugnações que acharem pertinentes. e) Elaborar um relatório a fim de demonstrar as causas circunstâncias da falência e todos os detalhes oriundos dela, no prazo de 40 dias (prorrogável) após a aceitação do termo de nomeação. Tal relatório deve descrever o porquê ocorreu a falência e apontar eventual responsabilidade civil e criminal dos administradores. O Ministério Público poderá oferecer denúncia por crime falimentar com base no relatório elaborado, ou pode requerer a instauração de inquérito policial para apurar eventuais condutas criminosas. f) Exigir de qualquer dos credores informações que sejam relevantes para o processo de falência. g) Elaborar a relação de credores e consolidar o denominado quadro geral de credores, observando o princípio do par conditio creditorum. h) Requer a convocação da Assembleia Geral de Credores; i) Contratar profissionais ou empresas especializadas para auxiliá-lo nas atividades falimentares. j) Arrecadar todos os bens do devedor e elaborar o auto de arrecadação, procedendo o inventário e avaliação desses bens. O patrimônio arrecadado ficará na posse do administrador judicial, trazendo segurança jurídica para o processo, pois se evita dilapidação por parte dos sócios. Na arrecadação, caso algum bem de terceiro seja incluído, este poderá requerê-lo por meio de ação de arrecadação de bem – é ação incidental que visa provar se o bem é de terceiro ou é da massa falida. k) Realizar o ativo (vender) da melhor forma possível os bens a fim de quitar as dívidas. Pode proceder à venda antecipada de bens, desde que haja prévia autorização judicial. l) Prestar constas e elaborar demais relatórios no curso da falência, sob pena de não receber a totalidade de seus honorários. - Notas: i. O administrador judicial pode ser substituído, destituído ou renunciar ao cargo, devendo prestar contas antes de sair; P á g i n a | 13 ii. A remuneração do administrador judicial deverá ser fixada pelo próprio juiz de direito, observando a atividade e a complexidade do trabalho. Não poderá exceder 5% do valor dos bens vendidos, sendo, todavia, observada a proporcionalidade. iii. O administrador judicial pode exercer a atividade em vários processos concomitantemente. iv. Se a massa falida tiver dinheiro, poderá pagar até 60% dos honorários do administrador judicial antecipadamente, ficando o restante para serem pagos após a feitura do relatório final e prestação de contas. v. Os honorários têm natureza extraconcursal. Assembleia Geral de Credores: é o órgão cuja função é constituir o Comitê de Credores, bem como buscar sempre os interesses dos credores, supervisionando a conduta do administrador judicial. Comitê de Credores: terá em sua composição um credor trabalhista, outro representante indicado pelos credores com garantia real ou com privilégio especial e outro representante indicado pelos credores quirografários ou com privilégio geral. - Função do Comitê de Credores: a) Fiscalizar a atividade do administrador judicial; b) Fiscalizar as contas elaboradas pelo administrador judicial; c) Representar os demais credores; d) Pleitear em juízo assuntos do interesse dos credores. Ministério Público: tem a função de elaborar pareceres em prol da massa falida. Mas é autor na ação penal, quando houver crime falimentar. DIREITO EMPRESARIAL III – 2º SEMESTRE AUTOFALÊNCIA (ART. 105, LEI DE FALÊNCIA) Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, [...] (a) Versa a possibilidade de o próprio empresário ou acionista pedir sua falência, quando constatada impossibilidade de manter o negócio pela frágil saúde financeira do empreendimento. (b) O pedido de autofalência é interessante para fazer cessar as dívidas, evitando-se prejuízos maiores. (c) Muito embora seja possível, o mais usual é a deliberação dos sócios para ingressarem com pedido de recuperação judicial ou extrajudicial; (d) Se o pedido de recuperação judicial for urgente, os administradores podem requerê-lo e, posteriormente, ratificar em assembleia; (e) O pedido de autofalência justifica-se quando a contabilidade está em dia, devendo antes o empresário fazer a análise de eventual responsabilidade criminal. (f) Legitimidade: poderá requerer a autofalência o próprio empresário, os sócios, o cônjuge, os herdeiros ou inventariante; (g) A morte dos administradores cessa a responsabilidade por eventuais crimes falimentares, facilitando o pedido de autofalência; ● Petição inicial do pedido de autofalência: deverá conter (Art. 105 da LFR): I - demonstrações contábeis referentes aos 3 últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislaçãosocietária aplicável e compostas obrigatoriamente de: a) balanço patrimonial; b) demonstração de resultados acumulados; c) demonstração do resultado desde o último exercício social; d) relatório do fluxo de caixa; II – relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos; III – relação dos bens e direitos que compõem o ativo, com a respectiva estimativa de valor e documentos comprobatórios de propriedade; IV – prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor ou, se não houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus bens pessoais; V – os livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exigidos por lei; VI – relação de seus administradores nos últimos 5 (cinco) anos, com os respectivos endereços, suas funções e participação societária. Nota: caso o autor não observe algum dos requisitos, o juiz poderá conceder prazo para emendar a petição inicial. ● Procedência do pedido: decretação da falência: com a decretação da falência, haverá: (a) Nomeação de administrador judicial; (b) Arrecadação dos bens; (c) Avaliação dos bens; (d) Liquidação. Nota: há a possibilidade de terceiro interessado interpor com agravo de instrumento para alegar que não seria caso de autofalência. INABILITAÇÃO DO EMPRESÁRIO (a) A sentença de falência tem por efeito a inabilitação do falido, ficando impedido de exercer qualquer atividade empresarial. A sentença deverá ser averbada na Junta Comercial a fim de dar a necessário publicidade; (b) Caso o empresário falido tenha outras empresas, poderá exercer a atividade naquelas, desde que não seja administrador. (c) A inabilitação dura até o fim de todas as obrigações falimentares, de modo que uma vez extinta as obrigações, deverá o empresário requer sua reabilitação, em processo incidental. Estará o empresário reabilitado a partir do trânsito em julgado da sentença do processo de reabilitação e seu registro na Junta Comercial. FALÊNCIA, INDISPONIBILIDADE DE BENS E OBRIGAÇÕES (a) O falido não terá mais a possibilidade de dispor e administrar os seus bens, que passarão a ser da massa falida; (b) Para a segurança jurídica do processo falimentar, na iminência de suposição de fraude, o juiz pode determinar que os bens pessoais do falido se tornem indisponíveis. Tal prática é comum nos casos de falência de instituição financeira, seguradoras e atividades correlatas; (c) O falido pode fiscalizar a administração da falência, inclusive auxiliar na arrecadação dos bens e eventual conservação; (d) O falido pode ser manter na posse de bem determinado da massa falida até que seja vendido, desde que seja observada sua pertinência; (e) Os bens do falido poderão ser locados ou arrendados, sendo os valores de tais negócios jurídicos depositados em conta judicial em nome da massa falida. (f) A falência impõe ao falido: a) O comparecimento em juízo para prestar esclarecimentos requeridos pelo juiz, administrador judicial, credores e Ministério Público, sob pena de crime de desobediência; b) A entrega os bens em favor da massa falida; e c) O depósito em Cartório todos os documentos fiscais, contábeis e livros; sob pena de crime falimentar por falta de contabilidade; (g) O falido não poderá se ausentar de seu domicílio e de onde se processa a falência, salvo se houver autorização judicial; (h) O falido deve auxiliar o administrador judicial e fiscalizar e examinar as habilitações de crédito apresentadas pelo credor para verificar se há fraude. Além de examinar e dar pareceres sobre as contas do administrador judicial. EFEITOS DA FALÊNCIA SOBRE AS OBRIGAÇÕES DO DEVEDOR (ART. 115 A 128 DA LFR) (a) Os credores, após a decretação da falência terão direito de crédito sobre os bens do falido ou da sociedade falida, bem como sobre os bens do sócio, se se tratar de sociedade de responsabilidade ilimitada, quer seja solidária ou subsidiária; (b) O falido perderá os direitos que lhe eram assegurados na sua qualidade de sócio, suspendendo-se o direito de retenção de bens, bem como não terá mais qualquer direito ao recebimento de lucros e dividendos, em razão de sua participação societária; (c) Os contratos bilaterais serão rescindidos em razão da falência, salvo se houver interesse da própria massa falida na continuidade; (d) Assim, o contrante que firmou negócios com a massa falida deverá notificar o administrador judicial para que se resolva se o contrato continuará ou não vigorando; (e) Quando se tratar de contratos unilaterais (mútuo, transporte, depósito, doação), o administrador judicial poderá optar pela rescisão ou não, a depender da circunstância, levando em conta a redução dos custos da falência; PEDIDO DE RESTITUIÇÃO Do Pedido de Restituição Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre em poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir sua restituição. Parágrafo único. Também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a crédito e entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não alienada. Art. 87. O pedido de restituição deverá ser fundamentado e descreverá a coisa reclamada. § 1oO juiz mandará autuar em separado o requerimento com os documentos que o instruírem e determinará a intimação do falido, do Comitê, dos credores e do administrador judicial para que, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, se manifestem, valendo como contestação a manifestação contrária à restituição. § 2o Contestado o pedido e deferidas as provas porventura requeridas, o juiz designará audiência de instrução e julgamento, se necessária. § 3o Não havendo provas a realizar, os autos serão conclusos para sentença. Art. 88. A sentença que reconhecer o direito do requerente determinará a entrega da coisa no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. Parágrafo único. Caso não haja contestação, a massa não será condenada ao pagamento de honorários advocatícios. Art. 89. A sentença que negar a restituição, quando for o caso, incluirá o requerente no quadro geral de credores, na classificação que lhe couber, na forma desta Lei. Art. 91. O pedido de restituição suspende a disponibilidade da coisa até o trânsito em julgado. Parágrafo único. Quando diversos requerentes houverem de ser satisfeitos em dinheiro e não existir saldo suficiente para o pagamento integral, far-se-á rateio proporcional entre eles. Art. 92. O requerente que tiver obtido êxito no seu pedido ressarcirá a massa falida ou a quem tiver suportado as despesas de conservação da coisa reclamada. Art. 93. Nos casos em que não couber pedido de restituição, fica resguardado o direito dos credores de propor embargos de terceiros, observada a legislação processual civil. Legitimidade ativa: a ação poderá ser intentada pelo titular da mercadoria ou titular de um direito prejudicado, devendo, para tanto, comprovar a titularidade. Objeto: visa-se reaver bem indevidamente arrecadado no processo de falência ou que permanece na posse do falido após a decretação da falência. • Importante: as mercadorias vendidas e entregues em até 15 dias da decretação da falência, quando vendidas a crédito, poderão ser restituídas, não incorporando a massa falida. Passado tal prazo, poderá o fornecedor habilitar o crédito como credor quirografário. Art. 85. Parágrafo único. Também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a crédito e entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não alienada. Restituição em dinheiro: caso o bem não mais exista no acervo da massa falida, a restituição deverá ser feita em dinheiro, no valor correspondente. Art. 86. Proceder-se-á à restituição em dinheiro: I – se a coisanão mais existir ao tempo do pedido de restituição, hipótese em que o requerente receberá o valor da avaliação do bem, ou, no caso de ter ocorrido sua venda, o respectivo preço, em ambos os casos no valor atualizado; II – da importância entregue ao devedor, em moeda corrente nacional, decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para exportação, na forma do art. 75, §§ 3o e 4 o , da Lei n o 4.728, de 14 de julho de 1965, desde que o prazo total da operação, inclusive eventuais prorrogações, não exceda o previsto nas normas específicas da autoridade competente; III – dos valores entregues ao devedor pelo contratante de boa-fé na hipótese de revogação ou ineficácia do contrato, conforme disposto no art. 136 desta Lei. Parágrafo único. As restituições de que trata este artigo somente serão efetuadas após o pagamento previsto no art. 151 desta Lei. ( ● Logo, serão considerados créditos extraconcursais, devendo ser pago após a antecipação do pagamento dos créditos trabalhistas. Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa Procedimento: (a) Propositura da ação com prova da titularidade do bem; (b) Autuação em apartado dos autos falência; (c) Intimação do falido, do administrador judicial e do Comitê de Credores para manifestação em 5 dias; (d) As partes intimadas são: falido, administrador judicial, credores do Comitê. (e) Não havendo manifestação contrária à restituição, julgar-se-á procedente a demanda, determinando a entrega do bem em 48 horas; hipótese em que a massa falida não será condenada em custas processuais e honorários advocatícios; (f) Havendo contestação, determinar-se-á a apresentação de réplica em 15 dias úteis. (g) Designação de audiência de instrução e julgamento, como tentativa de conciliação; Decisão: 1. Improcedência: reconhece-se que a titularidade do bem é da massa falida, condenando-se o autor em custas e honorários sucumbenciais; 2. Procedência: reconhece a arrecadação indevida do bem e a titularidade do autor da ação, determinando-se a restituição em 48 horas da prolação da sentença. Recurso: Art. 90. Da sentença que julgar o pedido de restituição caberá apelação sem efeito suspensivo. Parágrafo único. O autor do pedido de restituição que pretender receber o bem ou a quantia reclamada antes do trânsito em julgado da sentença prestará caução. Nota: é possível à massa falida requerer que autor da ação reembolse as despesas que a massa falida teve com a guarda e conservação do bem. INEFICÁCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO 1. A ineficácia de um ato pode ser declarada de ofício ou a pedido de qualquer credor ou do Ministério Público, nos próprios autos da falência; em ação própria ou, eventualmente, por meio de um incidente processual. 2. Aqui, não se fala em nulidade, pois o ato preenche os requisitos do campo da validade, porém não tem aptidão de produzir efeitos. 3. A análise da ineficácia independe se o ato foi praticado com dolo ou culpa. ● Hipóteses de ineficácia: Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores: I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio título; II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato; III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada; IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação da falência; V – a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação da falência; VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e documentos; VII – os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação anterior. Nota: o ato não será ineficaz quando o acordo ou pagamento realizado entre as partes, for decorrente de uma composição aprovada na recuperação judicial. AÇÃO REVOCATÓRIA Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar credores, provando-se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo sofrido pela massa falida. Art. 131. Nenhum dos atos referidos nos incisos I a III e VI do art. 129 desta Lei que tenham sido previstos e realizados na forma definida no plano de recuperação judicial será declarado ineficaz ou revogado. Art. 132. A ação revocatória, de que trata o art. 130 desta Lei, deverá ser proposta pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público no prazo de 3 (três) anos contado da decretação da falência. Art. 133. A ação revocatória pode ser promovida: I – contra todos os que figuraram no ato ou que por efeito dele foram pagos, garantidos ou beneficiados; II – contra os terceiros adquirentes, se tiveram conhecimento, ao se criar o direito, da intenção do devedor de prejudicar os credores; III – contra os herdeiros ou legatários das pessoas indicadas nos incisos I e II do caput deste artigo. Art. 134. A ação revocatória correrá perante o juízo da falência e obedecerá ao procedimento ordinário previsto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Art. 135. A sentença que julgar procedente a ação revocatória determinará o retorno dos bens à massa falida em espécie, com todos os acessórios, ou o valor de mercado, acrescidos das perdas e danos. Parágrafo único. Da sentença cabe apelação. Art. 136. Reconhecida a ineficácia ou julgada procedente a ação revocatória, as partes retornarão ao estado anterior, e o contratante de boa-fé terá direito à restituição dos bens ou valores entregues ao devedor. §1o Na hipótese de securitização de créditos do devedor, não será declarada a ineficácia ou revogado o ato de cessão em prejuízo dos direitos dos portadores de valores mobiliários emitidos pelo securitizador. §2o É garantido ao terceiro de boa-fé, a qualquer tempo, propor ação por perdas e danos contra o devedor ou seus garantes. Art. 137. O juiz poderá, a requerimento do autor da ação revocatória, ordenar, como medida preventiva, na forma da lei processual civil, o sequestro dos bens retirados do patrimônio do devedor que estejam em poder de terceiros. Art. 138. O ato pode ser declarado ineficaz ou revogado, ainda que praticado com base em decisão judicial, observado o disposto no art. 131 desta Lei. Parágrafo único. Revogado o ato ou declarada sua ineficácia, ficará rescindida a sentença que o motivou. (a) A ação revocatória se aproxima da ação aquiliana do direito civil, uma vez que sua finalidade é a revogação de um ato/negócio jurídico; (b) A ação revocatória atacará negócios jurídicos oriundos de fraude prejudiciais aos credores da massa falida;(c) Logo, dependerá de provas hábeis a demonstrar o conluio fraudulento entre o devedor (massa falida) e o terceiro, com o qual foi formalizado o negócio jurídico; (d) Deve-se, igualmente, provar o prejuízo que o negócio jurídico acarretou à massa falida; • Legitimidade ativa: poderá propor a ação o administrador judicial, qualquer credor ou o Ministério Público; • Legitimidade passiva: poderá figurar no polo passivo, aquele que celebrou o negócio jurídico, o terceiro que adquiriu o bem, qualquer herdeiro ou legatário desse terceiro. • Prazo para propositura: prazo decadencial de 3 anos a contar da decretação da falência; • Terceiro de boa-fé: aquele que perdeu o bem, quando de boa-fé, tornar-se-á credor quirografário, do mesmo modo daquele que perdeu por ineficácia do negócio jurídico. • Recurso: da sentença na ação revocatória, caberá apelação. • Cautelaridade: poderá haver o deferimento de tutela antecipada determinando o sequestro, arresto ou bloqueio de bens a fim de evitar a dilapidação. ARRECADAÇÃO E CUSTÓDIA DE BENS (a) Todos os bens da atividade falida deverão ser arrecadados pelo administrador judicial, inclusive os bens que estiverem em poder de terceiros deverão ser entregues à massa falida; (b) Incumbe ao administrador judicial fazer o auto de arrecadação, inventário e avaliação dos bens; (c) A avaliação se dará por meio de laudos técnicos, sendo os custos arcados pela massa falida; (d) Os bens de terceiros que foram de forma indevida arrecadados devem ser restituídos a seu proprietário, pois não podem responder pela dívida da massa falida; (e) Caso haja a recusa de devolução do bem de terceiro, caberá ação de restituição de bem, em processo incidente ao processo de falência; (f) Caso o falido fique em poder de algum bem da massa falida, assumirá a condição de fiel depositário; (g) Faz-se possível a venda antecipada de determinados bens para evitar o perecimento ou maior desvalorização; (h) O administrador judicial deverá liberar os bens que são impenhoráveis e os que sejam de propriedade particular do falido; (i) O patrimônio da massa falida será lacrado até que seja efetivamente vendido. Porém, se for conveniente, o juiz poderá autorizar a continuidade da atividade até que a alienação dos bens se concretize, de modo a conservar o estado dos bens. (j) Os bens poderão ser vendidos de forma individual ou coletiva pelo valor da avaliação; (k) O administrador judicial poderá ajuizar ações em nome da massa falido a fim de salvaguardar seus direitos; Os honorários advocatícios serão créditos extraconcursais; REALIZAÇÃO DO ATIVO Após a arrecadação de todo o patrimônio e sua efetiva avaliação, o administrador judicial deverá requerer ao juiz que proceda à venda do patrimônio, ou seja: a venda da massa falida para pagamento de seus credores; Art. 139. Logo após a arrecadação dos bens, com a juntada do respectivo auto ao processo de falência, será iniciada a realização do ativo. Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata este artigo: I – todos os credores, observada a ordem de preferência definida no art. 83 desta Lei, sub-rogam-se no produto da realização do ativo; II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho. § 1o O disposto no inciso II do caput deste artigo não se aplica quando o arrematante for: I – sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido; II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consanguíneo ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; ou III – identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a sucessão. § 2o Empregados do devedor contratados pelo arrematante serão admitidos mediante novos contratos de trabalho e o arrematante não responde por obrigações decorrentes do contrato anterior ● Formas de realização do ativo Art. 140. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, observada a seguinte ordem de preferência: I – alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco; II – alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas isoladamente; III – alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor; IV – alienação dos bens individualmente considerados. § 1o Se convier à realização do ativo, ou em razão de oportunidade, podem ser adotadas mais de uma forma de alienação. § 2o A realização do ativo terá início independentemente da formação do quadro geral de credores. §3o A alienação da empresa terá por objeto o conjunto de determinados bens necessários à operação rentável da unidade de produção, que poderá compreender a transferência de contratos específicos. §4o Nas transmissões de bens alienados na forma deste artigo que dependam de registro público, a este servirá como título aquisitivo suficiente o mandado judicial respectivo. Nota: juiz pode adotar mais de uma forma de realização do ativo, buscando o melhor interesse da massa falida. Poderá vendar entes da formação do quadro geral de credores. ● Modalidade para alienação e realização do ativo Art. 142. O juiz, ouvido o administrador judicial e atendendo à orientação do Comitê, se houver, ordenará que se proceda à alienação do ativo em uma das seguintes MODALIDADES: ● Notas prévias: § 1o A realização da alienação em quaisquer das modalidades de que trata a este artigo será antecedida por publicação de anúncio em jornal de ampla circulação, com 15 (quinze) dias de antecedência, em se tratando de bens móveis, e com 30 dias na alienação da empresa ou de bens imóveis, facultada a divulgação por outros meios que contribuam para o amplo conhecimento da venda. §2o A alienação dar-se-á pelo maior valor oferecido, ainda que seja inferior ao valor de avaliação. §7o Em qualquer modalidade de alienação, o Ministério Público será intimado pessoalmente, sob pena de nulidade. ● MODALIDADES: I – leilão, por lances orais; (a) Deverá ser lançado um edital com a descrição do procedimento; (b) Adquirirá aquele que der o maior lance, não se observando o preço vil na falência, pois a necessidade de liquidar o patrimônio é mais importante; (c) Logo, o valor para arrematação pode ser menor do que o da avaliação; (d) O arrematante fica obrigado a pagar o valor da arrematação, bem como aos demais encargos relativos aos negócios jurídicos, e caso não cumpra será condenado a pagar multa decorrente de ato atentatório à dignidade da justiça, além de pagar a comissão do leiloeiro. II – propostas fechadas; O juiz anunciará por edital que os bens serão vendidos, de modo que os interessados enviarão por carta registrada as propostas fechadas. A melhor proposta a arrematará os bens. § 4o A alienação por propostas fechadas ocorrerá mediante a entrega, em cartório e sob recibo, de envelopes lacrados, a serem abertos pelo juiz, no dia, hora e local designados no edital, lavrando o escrivão o auto respectivo, assinado pelos presentes, e juntando as propostas aos autos da falência. III – pregão. §5o A venda por pregão constitui modalidade híbrida das anteriores, comportando 2 (duas) fases: I – recebimento de propostas, na forma do § 3o deste artigo; II – leilão por lances orais, de que participarão somente aqueles que apresentarem propostas não inferiores a 90% (noventa por cento) da maior proposta ofertada, na forma do § 2o deste artigo. (a) Os interessados encaminharão as propostas fechados para o Cartório da Vara em que corre o processo de falência; (b) O juiz abrirátodas as propostas e convocará a realização de um leilão por lances orais que somente poderão participar os licitantes que apresentaram propostas não inferiores a 90% da maior proposta ofertada. (c) O leilão será aberto com a maior proposta fechada. Adquira o bem quem a superar. Caso todos mantenham as propostas, a maior proposta fechada arremata os bens. ● Não comparecimento daquele que deu o maior lance: caso não compareça ao leilão o ofertante da maior proposta e não seja dado lance igual ou superior ao valor por ele ofertado, fica obrigado a prestar a diferença verificada, constituindo a respectiva certidão do juízo título executivo para a cobrança dos valores pelo administrador judicial. (§ 6o, III). Trata-se de punição àquele que ofereceu o maior lance e abandonou o procedimento. Caso não pague a diferença, será executado. Nota: todos os valores decorrentes de arrematação dos bens deverão ficar depositados em favor da massa falida; Nota: nada impede que o juiz possa criar outras modalidades de realização do ativo, desde que tenha sido aprovada pela Assembleia de Credores e pelo administrador judicial. Nota: todas as vendas devem ser incluídas no relatório do administrador judicial. Nota: um grupo de empregados do falido poderão constituir empresa ou cooperativa para adquirir ou arrematar bens da massa falida. IMPUGNAÇÃO DA REALIZAÇÃO DO ATIVO (a) Após qualquer uma das modalidades da realização do ativo, os credores, o Ministério Público ou o próprio devedor falido poderá, no prazo de 48 horas, após a realização da arrematação, oferecer impugnação para anular a venda. (b) Havendo a impugnação, o juiz decidirá pela sua procedência ou não. Caso improcedente, o bem será entregue ao arrematante, caso procedente: será anulada a arrematação; PAGAMENTO DOS CREDORES (a) Após realizado todos os ativos, o administrador judicial deverá pagar os credores e demais encargos da massa falida; na seguinte ordem: 1. Valores decorrentes da restituição de bens; 2. Créditos extraconcursais; Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a: I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência; II – quantias fornecidas à massa pelos credores; III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, bem como custas do processo de falência; IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido vencida; V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei. 3. Crédito concursais Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: I – os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; III – créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias; IV – créditos com privilégio especial, [...] V – créditos com privilégio geral, [...] VI – créditos quirografários, […] VII – as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias; VIII – créditos subordinados, [...] PROCEDIMENTOS FINAIS E EXTINÇÃO DA FALÊNCIA (a) Ocorrendo o pagamento total dos credores, extingue-se a falência; (b) O administrador judicial deverá prestar contas e elaborar o último relatório; As contas apresentadas devem ser dadas como boa para extinguir sua obrigação. (c) Caso sobre patrimônio após o pagamento dos credores, deverá ser distribuído entre os sócios na proporção de suas quotas. (d) O administrador judicial somente recebe a totalidade de seus honorários depois de prestar todas as contas e apresentar o relatório. Nota: o administrador judicial pode ter somente até 60% de seus honorários pagos antecipadamente. (e) Se o administrador judicial não apresentar as contas corretamente ou se se descobrir falhas/fraudes, poderá ser responsabilizado pessoalmente para arcar com os valores não comprovados. (f) O administrador judicial poderá ser substituído do cargo e nessa hipótese terá o direito a receber proporcionalmente seus honorários pelo trabalho realizado. Todavia, caso seja destituído do cargo (por agir com dolo ou culpa), deverá devolver o valor recebido a título de honorários sem prejuízo de perdas e danos e responsabilidade criminal. ● Sentença de extinção das obrigações da falência e reabilitação (a) Caso haja o pagamento integral das dívidas, extinta a falência, o empresário poderá imediatamente pedir sua reabilitação. Nesse caso, o juiz determinará a publicação de edital para que qualquer credor no prazo de 30 dias se manifeste sobre a reabilitação. Findo o prazo, se houver manifestação, o juiz decidirá se houve ou não extinção integral das obrigações; Caso entenda pela extinção das obrigações, a sentença será de encerramento da falência e reabilitação do falido. Encerrando-se, por completo, o processo falimentar. (b) Caso o patrimônio arrecadado pegue até os créditos quirografários em mais de 50%, extinguir-se-á a falência e os devedores poderão imediatamente entrar com pedido de reabilitação; (c) Caso o patrimônio arrecadado não pegue os créditos tributários ou não seja suficiente para pagar qualquer dos credores, extinguir-se-á o processo de falência. Mas, os devedores deverão esperar 5 anos a contar da sentença de extinção para requerer a reabilitação. (d) Independentemente de pagamento ou não dos credores, sendo os empresários ou sócios falidos condenados por crime falimentar, sem prejuízo do cumprimento da sanção penal, somente poderão requerer a reabilitação após 10 naos contados da sentença que extinguiu o processo falimentar. RECUPERAÇÃO JUDICIAL ➢ Histórico: antes do advento da recuperação judicial, havia o processo de concordata preventiva ou suspensiva. A primeira era medida judicial requerida pelo comerciante ou sociedade comercial, requerendo ao juiz uma moratória para que os créditos quirografários vencidos pudessem ser pagos em um prazo de até 2 anos. Já a concordata suspensiva era a última possibilidade de o falido retomar a empresa, pois o processo de falência já estava em curso, de modo que permitia ao falido fazer uma proposta consistente em pagar parte da dívida para reaver a empresa, suspendendo-se a falência. ● Hoje, Vige o instituto da recuperação judicial que é regida pelo princípio da preservação da empresa, viabilizando meios para que a atividade econômica supera a crime, de modo a evitar a falência. Isso pois, a continuidade da empresa cumpre importante função social, ao passo que fomenta a atividade econômica; contribui na arrecadação de tributos e gera empregos. Nota: diferentemente da concordata em que poder de decisão pertencia ao juiz, na recuperação judicial, quem a aprova é a Assembleia Geral de Credores, cabendo ao juiz apenas a homologação. Nota: a Assembleia Geral de Credores analisará se o plano de recuperação judicial é satisfatório ou não. Nota: ainda que seja concedida a recuperação judicial, os credores do devedor poderão continuar executando os coobrigados (fiadores e avalistas) em processos autônomos. ● Sujeitos da recuperação judicial:o empresário ou a sociedade empresária, somente. Nota: somente o devedor pode pedir a recuperação judicial. O credor pode pedir somente falência. Nota: na ausência do devedor principal, o cônjuge sobrevivente, o inventariante, os herdeiros ou o sócio remanescente poderão pedir a recuperação judicial. Nota: as pessoas previstas no artigo segundo da lei não podem ser sujeitos de recuperação judicial. Art. 2o Esta Lei não se aplica a: I – empresa pública e sociedade de economia mista; II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. ● Foro competente Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. ● Requisitos para o pedido de recuperação judicial 1. Registro regular na Junta Comercial: somente os sujeitos que exercem a mais de 2 anos sua atividade regularizada poderão pedir a recuperação judicial. 2. Não ser falido ou se falido, provar a reabilitação; 3. Não ter usufruído de outra recuperação judicial a pelo menos 5 anos; Exceção: quando se tratar de ME e EPP, não poderá ter obtido a concessão de outra recuperação judicial a pelo menos 8 anos. 4. Não ter sido condenado por crime falimentar. ● Crédito objeto da recuperação judicial Admitidos Diferentemente da concordata que somente admitia os créditos quirografários, a recuperação judicial admite todos os créditos vencidos ou vincendos no momento do pedido. De modo que estes comporão a tentativa de alongamento do prazo para pagamento em favor dos credores. Excluídos Não se admite recuperação judicial sobre: 1) Créditos tributários: a empresa deve fazer refinanciamento perante o ente público credor; 2) Créditos decorrentes de alienação fiduciária, que seja de bens móveis ou imóveis; Nota: a jurisprudência tem suspendido a exigibilidade, pois pode levar à falência, prejudicando o plano de recuperação judicial. 3) Decorrente de arrendamento mercantil; Nota: a jurisprudência tem suspendido a exigibilidade por 180 dias para verificar a viabilidade do plano de recuperação judicial. 4) Decorrente de contrato com cláusula de irrevogabilidade e irretratabilidade; 5) Decorrente de contratos imobiliários com reserva de domínio. Nota: os débitos supervenientes ao pedido de recuperação judicial não entram na recuperação de modo a serem exigíveis pelos credores. Podem inclusive pedir a falência em razão destes. ● Petição inicial Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com: I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise econômico-financeira; (deve demonstrar a regularidade na Junta Comercial e atividade por mais de 2 anos) II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: a) balanço patrimonial; b) demonstração de resultados acumulados; c) demonstração do resultado desde o último exercício social; d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; III – a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente; IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento; V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores; VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor; VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras; VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial; IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados. § 1oOs documentos de escrituração contábil e demais relatórios auxiliares, na forma e no suporte previstos em lei, permanecerão à disposição do juízo, do administrador judicial e, mediante autorização judicial, de qualquer interessado. § 2o Com relação à exigência prevista no inciso II do caput deste artigo, as microempresas e empresas de pequeno porte poderão apresentar livros e escrituração contábil simplificados nos termos da legislação específica. § 3o O juiz poderá determinar o depósito em cartório dos documentos a que se referem os §§ 1o e 2o deste artigo ou de cópia destes. ● Procedimento (a) Recebida a petição inicial, o juiz poderá: determinar a emenda ou deferir o processamento do pedido; (b) Deferido o processamento, nomear-se-á o administrador judicial, nos mesmos moldes da falência. (c) Será determinada a dispensa das certidões negativas para que o devedor possa exercer suas atividades sem restrições (certidão positiva com efeito negativo). (d) O juiz determinará que todas as ações de cobrança e execuções contra o devedor fiquem suspensas por 180 dias; (e) O juiz pode determinar que sejam apresentadas as contas mensais da pessoa em recuperação judicial, sob pena de destituição do administrador judicial e de seus administradores. (f) O processamento do pedido de recuperação judicial deve ser averbado na Junta Comercial; (g) Devem ser intimados o Ministério Público e as Fazendas Públicas; (h) Será publicado edital, demonstrando o resumo do pedido, bem como a relação de credores, as espécies e valores dos créditos; (i) Os credores têm 30 dias a contar da publicação do edital para apresentar objeções ao plano de recuperação judicial; (j) Deferido o processamento da recuperação judicial, o devedor não mais poderá desistir do pedido, salvo se houver concordância da Assembleia Geral de Credores. (k) Deferido o processamento, o devedor deverá apresentar o PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL, no prazo improrrogável de 60 dias a contar do momento do deferimento, sob pena de decretação de falência (convolação em falência) (l) O plano deverá demonstrar sia viabilidade econômica e sua sustentabilidade; (m) Apresentando o plano, os créditos trabalhistas e decorrente de acidente de trabalho devem ser pagos em até 1 ano da data do pedido de recuperação judicial. (n) O devedor deverá prever no plano que para cada empregado será pago até 30 dias após o deferimento e homologação do plano de recuperação judicial, o limite de 5 salários mínimos por trabalhador, nos créditos estritamente salariais, decorrentes dos três últimos meses anteriores ao pedido de recuperação. ● Meios de recuperação judicial Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros: I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas; II – cisão, incorporação,
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